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Terapia

Ocupacional
metodologia e Prática

2ª Ediçào

Claudia Pedral I Patrícia Bastos

N.Cham. 615 .8515 S474t 2 .ed .

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Sumário

...... ...... ........ ......... .... ................ ..... ... ....... ........ ................ ················ .. ········· ··············· ······· ····· ·· ························· ··••··········

Capítulo 1 Coisas que Gostaríamos de Saber Sobre o Mito da "Atividade


Humana " e não Tivemos a Oportunidade de ... (Faça sua
escolha) , 7

Capítul.o 2 Teoria de Rui Chamone, 77

Câ~ 3') Análise de Atividades - Como Compreender uma Incrível


'----...:______ _- -- Trama , 31

Capítulo 4 A Importância do Pensar Teórico, 41

Capítulo 5 Relações do Pensar Teórico da Análise de Atividades, 71

Capítulo 6 Aplicação da Análise de Atividades, 7O1

Capítulo 7 Objeto Concreto, 15 7

Capítulo 8 Praxiterapia - Um Capítulo à Parte, 187

Capítulo 9 Uma Abordagem Sobre Atividades da Vida Diária, 27 5

Capítulo 10 Terapia Ocupacional - Uma Possibilidade de Psicoterapia 7, 239


Capítulo 11 Quebra -Cabeça - Uma Análise de Atividades Intrincadas, 269

Capítulo 12 Análises Prontas de Materiais e Ferramentas, 30 7

Capítulo 13 Glossário, 327

Índice Remissivo, 339


Capítulo 1

Coisas que Gostaríamos de Saber


Sobre o Mito da "Atividade Humana"
e não Tive.mos a Oportun.idade de ...
(Faça stta Escolha)

"O !>l'I hu,11 ,1110 e~ c.ip,11. de! n1url ;Jr o mundo pcl riJ ml'lhor, ,e po<i~ívr ·I, 0 c.fo
rn ucfor ,1 !,i mesmo p,1r,1 melhor, ,e necessário." '

·······... . .. ... .,, .. ....... ,,,, ,, , , .. ..... ..,, .. , ... ..... .. .. .,, , .................. ............. ,, ..................................... ...... ... .... .....
, , , , ···· ·· .. ....... •· ..... .

Da Fenon1enologia a Terapia Ocupacional:


Contextualização do Sujeito em um Mundo
de Conceitos
·· ··· ·· ·· ·············· ······················ ··· ··················· ··· •········ ························· ·
A fenomenolog ia, enquanto estudo das essências, e sendo a atividade humana
uma essência, aponta que se deve buscar de maneira explícita e fixar, por meio
de conceitos, o conteúdo da ideia da real idade humana . Essa ideia, que não
seria um conceito empírico (os fatos empíricos são reações do sujeito contra
o mundo e pressupõem, portanto, o sujeito e o mundo), produto das gene-
ralizações históricas, indica , pelo contrário, a essência a priori do ser humano.
Além da situação do sujeito no mundo, essa essência se encontra na cons-
ciência transcendental e constitutiva : toda consciência existe na medida exata
em que é consciência de existir. A fenomenologia se volta ao estudo da rea -
lidade humana como puro fenômeno transcendental, a fim de esclarecer a·
essência organizadora do que somos nós mesmos.
Precisamente para a realidade humana, existir é sempre ser responsável por
si próprio. Como a realidade humana é, por essência, a sua própria possibili-
dade, o homem pode escolher a si próprio, pode ganhar-se, pode perder-se.
Esse ato de assumi r o ser caracteriza a realidade e implica uma compreen -
são da realidade humana por ela própria . A compreensão não é uma qua-
lidade externa à real idade das pessoas: é a sua própria maneira de existir. A
realidade, assim, assume o seu próprio ser, compreendendo-o . Sou , portanto,
antes de qualquer coisa , um ser que compreende de modo um pouco obs-
curo a minha realidade de homem, o que significa que me faço homem ao
compreender-me como tal.
··· · · · ·· · ... .
· ··· ···

r: ntre os nossos atos, não há um sequer que, ao criar o homem q d


L . ue eso.
jamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do sujeito como jul a -
. . , b, 9 mos
q ue deve ser. Esco lher ser isso ou aqui 1o e tam em afirmar O valor do que
e-scolhemos. porque nunca podemos escolher o mal. O que escolhemos é
sempre o bem , e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos.
Contudo, se a existência precede a essência , se quisermos existir ao mesmo
tempo em que constru ímos nossa imagem , precisamos validá -la para todos e
para a nossa epoca .
É a próp ria liberdade que restitui ao sujeito o poder de dizer não e sim, 0
poder de produzir, de criar dentro da vi são de pessoa que se destaca da mas-
5a , não porque a massa sej a má em si , mas porque tende a reduz ir a pessoa
a uma coisa , a um objeto .
A fenom enolog ia que estuda as estruturas da existência descobre que os
prim eiros fatos da existência não são os sociais , são os da consciência. Ao
confirm ar a especifi cidade do ato humano, de aceitar que o sujeito é o simples
resultado das cond ições materiais, biológicas e sociais, reconhece que o su-
j eito e um conjunto de ações que formam , em sua consciência, um indivíduo
ou um gru po humano.
Ao relacio narm os a Terapia Ocupacional, enquanto ciência da saúde, com
o sujeito e sua atividade, é importante percebermos que o ser humano é o
centro de t oda uma refl exão fil osófica que responde pela arte do bem viver
no aq ui-e-agora .
Em bo ra a origem do homem seja explicada a partir de diversas teorias, nos-
so interesse se direciona à racionalidade humana quando observamos que 0
sujeit o não se apresenta como um ser completo; suas limitações e deficiências
nos surpreendem . No patamar do mundo animal , o homem não é aquele que
possui a melhor organização sensorial : não é o que vê, sente ou ou ve melhor.
Todavia, o homem é o único an imal que, a partir da postura ereta, tem
liberadas as mãos, que especializam o que é desespecializado em suas multi-
funções, além de sua raci ona lidade, que o diferencia de outros an imais.
A racionalidade humana é m an ifestada pelo fazer, pois o sujeito , como um
ser fazedar, constrói instrumentos para o dom ínio da natureza para sat isfa zer
suas necessidades, sejam sociais ou de exi stência . Esse fa zer, sempre por meio
d~ tra balho, seja mental ou físico , cria instrumentos que aperfeiçoam as fun-
çoes de seu corpo .
O n.o.n , - que
,-,~ .. sar e uma das ma iores grandezas do ser humano e uma açao
o_ destaca
_
na es 1 · l .
ca a an im a . Ao pensar, o homem faz , reali za , tran
sforn1a.
autodetermin - se - - olhas e
~ a- • usa a 11berdade para real izar as suas próprias esc
assume a respon sabilidade de seus atos.
O homem, por . . . d ecessi-
d d ., ser raci ona l, tem condições de relacionar a to a n
a e mannestada . . , . - de u111a
. uma ativi dade para correspondê-la . E a sat1sfaçao
necessidade que o su · . ti/11,, rd
• _ _ .. Jeito busca sempre e, por sua natureza , ele se u -
ce :>Uas habilidades e - . · f =..o
potenoalidades para obter ma is e melhor sat,s aço ·
Coisas que GosT.a n"amos de Saber Sob, I'' ..
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . -· · •••-•••-. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ -e o \1to da At,v1dade Hum:ma" 3
· · ·-·········· · ···· ·· · ··· ··· ··
··········· · ······················ ....... .. ~ . ' .......... .

O su jeito , porém , para concretizar seus objet ivos, precis.a planejar, proj etar.
enfim , pensar, para que por meio d f - ·
• _ · _ e suas unçoes intelect ivas, possa tornar
aplas
• _ suas construçoes _ , ao satisfazer suas nec ess,·d.a d es, tanto para a sobrev1
•-
ven cIa como para a vi da .
Afin al, se considerarmos que O pensar e· an terior
·
ao fazer, como o homen,
consegue
. perceber e
. compreende d
r o mun o em que vive · e, ao mesmo t empo ,
satisfazer as suas d rversas necessidades em raza- 0 d e sua re 1açao
- com e1e?

Podemos partir de três conceit os importantes : pensam ento, consc iência e


conheciment o . O pensament o , seg undo alguns fil ósofos, é a capacidade de
sa irmos de
_ nós mesmos , sem sa ·irmos d e nosso Intenor,
· · · e· a capac ·i-
ou seJa,
dade ~e, isentos de qualquer prejul ga mento, coletar dados ou informações e,
a partir deles. sermos capazes de d issecá -los em todas as suas facetas e chegar
a conclusões ou rede de sign ificações .

A consciência é " a capacidade humana pa ra conhecer, para saber que co-


n hece e para saber o que sabe que conhece. A co nsciência é um conhecimen -
to (das coisas e de si) e um con hecimento desse conhecimento (reflexão)" .=
Não percebemos as coisas como elas são, mas co mo nós estamos.3
Parece que só consegu im os enxergar como as coisas são devi do ao esta-
do em que nos encontramos . O con heciment o tem o importante papel de
conduzir o sujeito ao máximo de sua sa tisfação; é a partir dele que o sujeito
se inte ri oriza na busca de descobrir em sua realidade os seus lim ites de liber-
dade e poder. Ao considerarmos o conheciment o co mo um saber, podemos
entender o que Francis Bacon (apud Girard i, 1988)"' queria dizer com " saber
é poder" . A vida humana é puramente ação . Se con hecer é um fazer humano
e o conhecimento é um fa t or determ in ante da " plen itude " do suj eito, tudo o
que é vi sto e sentido pela intenciona li dade da mente se toma conhecimento;
mas só tem sentido se gerar uma ação .
Então, pensar é uma forma de conhecer, e é por meio do pensamento que
o sujeito exercita sua condição de ser livre. Sendo livre, pode se apossar do
objeto percebido , decompondo-o em suas propriedades para conhecê- lo, e
ter consciência dele e de si . A partir d isso , e so mente então , seu pensamento
o leva à compreensão da real idade dessa relação entre si. o objeto e o mundo .
No momento em que pensamos em algo, tomamos consciência de nós
mesmos . Apesar de reconhecermos que todas as nossas relações com o mun-
do e com as coisas não podem ser merament e externas, sabemos que elas
dependem do que percebermos em nossos próprios pensamentos e na inten -
cionalidade do nosso fazer.
À med ida que conhecemos os conteúdos presentes no corpo , podemos
redimensionar atitudes, reconhecer necessidades, explorar novas percepções
e transformar a qualidade da própria vida . at itudes que, quando integrada s
ao cotidiano da pessoa , fornecem novos níveis de sensib ilid ade, percepção e
consciência .5
4 Terapia Ocupac,onal - Metodologia e P~ _t'. c~ __
······· ···· ··· ······ · · · ····· ··· · ········· ··· ······.

Contextualização do Homem em um ~1undo de


Relações com sua Ação
· ·· ······ · ·········· · ·········· .... . .... •fi·-··· ..... .

Atualmente, podemos observar que a globa li zação é o fator c 2 :2"~ ~~--~


nas relações do sujeito e e no S&; : : c- :.r:i-~
seu traba lho, na sua educação
tamento social . É responsável pela interação entre o homem e a 5_ 3 sa ~
A tecnologia em voga não é um fim em si, mas serve pa ra ga,r:: · ~e -.-:·
qualidade de vi da : a tecnolog ia elim ina ca nsaço e sofrimer: to .
Com frequência , estamos diante da busca de man&ras r.ia s 2::~~::cs
para manter-nos saudáveis no trabalho . Procura mos identifcar os ~ 5~~-~
recursos de lazer, utilizamos alternativas que garantam o lado práuco e.a ,·:::
na tentativa de, a qualquer custo, cumpri r com efi cácia os comora-,r-~~ ::
cotidiano . Entretanto, é pouco provável que cheguemos ao núdeo ce 3 r :_:~
questionamentos e incertezas, quando a relação do homem CO'"'l e s~2 c: ·,·-
dade não é bem conceituada .
Quando uma pessoa está apta para at ender às ex.igencias da g ~ oo -.:c:;i:·
Quando ela pode responder às demandas da sociedade? Quardo 2-2 :~
competência para ag ir, interag ir e reagir a todas as situaçâ€s ine-r-di~s s, ~ -
O que vem a ser esse leque de atividades, se não a própria arr.~il:=~~ -_.
mana7
Todos nós sabemos que o sujeito pensa , prog rid e e pode ag , ,- , cr-~~~
Entretanto, tende a negar o que é invisível ou o que não e p21c:'o~c ::i2.=::
sensações . O homem não percebe que sua existéncia està na coriscé;:2 ~
uma consciência intencional , uma vez que a intenciona lidade d2 co.~ .::2-:-::
significa que toda consciência não é so mente co nsciencia rnas a"''bcr ::
entendimento de alguma co isa , e isso implica uma relc:çãc n (n~ a :: -
o objeto .
Para Bastos (20 03), õ a consciencia e o sustentacu lo das opera-;õ-õ ', :.=. 5 .::
homem ; por isso ele consegue viver, sentir, loco mm er- se e en ter .Jê' é ~ -·.::
realidade que subs iste por si so, imaterial e espiri tual e que rre<:255' ::1 .:,;2

uma causa que ex.plique essencialmente a existência do homcr-- ~3 ' .::a__.SJ ··J~·
deve ser algo simplesmente acidenta l ou superficial pois o sen!'r' 2.,,:.:- 3 ' _- - -
tade e a inteligência são realidades profund as que ca racteri za m e s2' "" ... - ·.:.~ _-
como uma criatura pecu liar, especial.
Pensar em Terap ia Ocupaciona l é, antes de tudo, defin ir nos.s.a "· s..L ~Cf , _...

mem , o que representa uma tare fa que exige co nhecimento j.a q 0 -c J ...., -:-.:

mais os homens conhecem o sujeito , ma is temeraria se tom.a 2. ter·:.i~ ,J ,·e


defin ição .

A Te_r~pia Ocupac ional é uma ciencia na qu al se processa m .:i =~ a-.-= 5--2


apli_cabilidade da ativ idade huma na , com O objetivo de prt?\e-r.çã0 e,c .., l~: -'-_
taçao do homem nas 1 - • , ,,.
re açoes consigo mesmo e com o m unoo . ~ r._ -
,-t~·-:--
um modo de tratar q 1 · , . : .. ..... _;
• . ue envo ve ativamente o su1ei to em um a r i: ,::;)_; ... -~
peut,ca com seu fazer.
5

Pr n'>iJr 11,J r1l1V11J,1dr: li11rr1m1;1 (, íJ"tl' H ,,,n tr il ill ·, t .1


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. O único rJ1ofi / ,ÍUrtíl l Cil,fm ; dr: trat,11 w rri a í.iplíc,wjJ(J da ;,tivkfo,k tr:rFJ ptiu
t,ca é o ter;:ipeut;:i ocupa,,1un,1I, VÍ',lrJ qu,: fHJ':,1 ií r,1J11hr:d rnr:nt() r.ífmtíf1rn par;i
?Jná li.,e da íltivkJad!. : h urnü 11;J ,
/~ íntervenção da Ter;ipía ücurm, ÍfJr,al , umu!í t.ua lrwmtr:, 1rnplír)l ;i utíliza
çao ob rí gatóría cfo urrw ;:i tívíd;.:Hfo qw! nlJ<J 'JÓ rr;prr;·,r!ntr~0 <fr,c,HAJ do 5uíeít<J,
ma s também a retJ líu .1 çãu dr! uma ídr:íá, por rrH:Í() rJ;, ,_c1nhr:c:i<fa t.rfade u::ra
r,euta versus ativídad(: vr::r5ub r,lí1:nll:.
Entretanto, esse· pro(us.c.,u tc:!r;J r,{)utirn '; r: voltJJ p~ra ,J tramfo mvK,f o do
sujeito, rnedíante a claboréJç~:ío co nu?itual d<! ',1J ;:,i-; relaçõ0., com o m~ndo e
consigo . O sujeíto p<:!rcebe a existéncía da int,:ncicmalid~de r:rn todos os s,Jus
movimentos, sejam mentai:: e/ou motoro.'.l, co rno rw,u lt.acJo da relaçao entre a
vontad e e a liberd ad e d~ ser e faz er,
É a partír daquilo que é vivido que se possibílita Q co nhecí mC?nto, a condi -
ção de co ncretude dr1 existência humana .
Na Terapia Ocupacional, a subjetividade dos conflitos ou de disfun ções
internalizados é expressa de modo gradatívo, nr.1 medída em que o sujeíto
conc retiza e externaliza a sua intenção por meío do fazer.
Sendo a vida peculiar a cada sujeito, é de sua inteira responsabilidade en-
contrar em si próprio o sentido que pretende dar á vída . É o sujeito quem jul -
ga e quem estabelece seus valores, Pod e-se observar, assim, que o sujeito tem
uma tendência natural para bu sca r concretizar suas ideia s co mo manifestação
de sua rea lidade.
Somente a partir dessa cond uta, o sujeito pa ssa a tomar consciéncia daqu i-
lo que pensa de si e daquílo qu e consegue construir, co nfigurando sua própria
crítica de ser.
Chamone (1990)7 amplia o objeto de estudo da Terapia Ocupaci onal quan-
do analisa a transformação da condição do homem em atividade para a do
sujeito conscientemente ativo, mediante a riquíssi ma faculdad e de pensar, um
movimento anterior a sentir, agir ou falar.
O uso da atividade representa parte de uma composição triádica , na qual
existe um movimento gestáltico entre terapeuta versus paci ente versus ativi -
dade. Essa é a única condição que possibilita qu e uma atividade seja conside-
rada terapêutica, em um processo ou relação terapêutico-ocupacional .
Ativid ade é vida (como dizíam alguns acadêmicos entusiastas!), é projeção
de todo um pensa r envolvido pela liberdade, intencionalidade e vontade de
ser. Apenas dessa maneira a relação triádica poderá projetar a transformação
de co nteú dos internos em material externo .
Entendemos que ser terapeuta ocupacional é saber lidar com todas as
ro ssi bilidad es e diversi dades da expressão humana associadas ao seu pro-
cedimento, a análise de atividades . Isso não só envolve os materiais e as
rr ....
Tera piJ O curx icion,tl Mc loclo l1-;i•,1,1 ,~ 1J, ,í I ir ,1
6 , .. ' .. , ' ..... . . ' .. ' ' . ' . .... ' ' ', ...... ' ... '''.' ... ' , ' ' ' ' ' ' ' ' . ' ' ' ' ' ' ' .. '•

ferramentas utilizados, ma s também o ,JrYl~Jiu,1 (/, ,i •, ,, :Lu, j( -· .


, - , 1 i, ,j i f 1t •f f I
as habilidades, os sentimentos, as açoc\ c• nf1rn, ,-J rr~l,J1/ i<i 1
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11 11
J,., fi'/ 1•.
11 1 1 1,tr,
essência e a existência humana s. ' • ,,
As atividades estão no centro das inll~rv< 1 nçõr>•, d,i /r-r ;Jfií,, r ;< i
Consequentemente, a capac,'dade de ana11
·s,H ;i
·
;:it,vídadr> r, IJ ·
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. .' . , . , ,1( •1 d!J/11J,..,J,
terapeut1camente está no centro d a 11rát1ca da r0rap1 -1 Or.ur1;Jr.iciriíJ Je · ·

p osto de que o suj.~íto ~m ativic!~<fr: f: o <ilw, 1, 1 d<: ,..-,1 ,


Partindo _do pressu _
1
do da Terapia Ocupacional e de qu e a util, zaçao da Al1111 tfrJ d1• (, íJ r 1 r· <1 /
• · ·' " <•r1·,t1,
central da nossa profissão, torna -se, portanto, 11crtín <:nt0 r; u mh,:r.,rr,,-rii, , ,/
atividade humana e de sua dimen sã o , a fím de contcxt.ualí;uu <:':, íJ r, -1 ,v ., ,,
,-'1 / / 1,i
Terap ia Ocupacional.
Não basta simplesmente qu e haja um objetivo tcrapf:u tír.<1 (M .:, IJ , 1,_ . _
1
transforme qualquer atividad e em terapêutica . A ssim , C<Jíl',id<:rar ;, :11ui(j 0 ,J,.
pura e simplesmente, é suficiente para desco hrir sua dím<!m a<; t<:r,,pi:1JlJr;, ,.,:
processo da Terapia Ocupacional? O qu e é, afína l, a ;, tívídad e da r11 J,JI ,1 . f,,l,,
em Terap ia Ocupac ional? Qual a importância da ativídadi: hurnan:i rir; r:0n1,~1
to da Terap ia Ocupacional? O que torna uma ativícfad r: ter,ipf:1Jtír/J? (JtJ:,I ,1
real sentido da anál ise de atividad es?
O que devemos analisar: a atividad e, o materi al, a fcrram r: rit.a , <; pr rJ d 1; tr11

Qual a importância da interação do suj eito fren te a determín;id;i at,vida<Jr: ':rr1


um contexto singular?

Não f)Od emos edu ca r r c,::;oa·) rnr: r1wl1 r1°r1t 1: ,j,p -r ,11--,, ,

f)ara adqu irirem índ c pend i:ncía, a n;j rJ ',(•r d1r •r:1<1r1:ir,,Jr1 1 ·,•1 ,,

atenção f)ara tarefas qu e l 0nharn ·,<!r1tid(J larnf/'frl r ,,(1 v,


demos rno li vrl r as r e·)sua c, p;ira ,Jdq1; 1n r1 -rn <J, ,1, ,rrri1 r1-11k, 11 '
pacidad es, rl não ser ch:irn.'J r1dr1 ·,ud .,t 1 · r1~rJ(J r,-ir., ,,·. ,, b·~·-
a serem executada s.''

A Atividade Humana e a Contextualização cic.t Ativíci adt


como Recurso Terapêutico
A Terapía Ocupacional está centrada na s di sfunções ocuracíonéJi'i do mtidi;,:
0
no do sujeito, sendo então possível 11en sa rm0 ~) , a partír cJ cissa vertr:ntr:, qlJ':
ocupação é o núcl eo de sua intervenção .
Para Ferrari (1990) , a ocupação é con sid erada
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exr r o rac,.'J o '-' ~j() d orn 111 10 dr, ·,r:u ,',jrn 11(:í l , , 1 p•
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ler, cc m e ;J', n<:((:',·,1d,idr:·, r1< •·; ,<1d l', ,J, , , JIJ J "
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Portanto, toda oc upação é ticJ a co rn o urn i.l<;,pec to cr ntral dcJ ex:r_r:n _- Jr;
huma na . A ss,m - h rota dr:: um a tend énCJ,;J .inat J r> ~ ', fJ<Jn 1ancJ
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sistema hum ano, na ân,;ía de cxµ lorar e dornm;i r O -1rnh1e nt 0.
Coisas que Gosl,1 rí;1mos de Saber So'-r'•
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As ocupações são con si deradas papéis que a pessoa dc,ernpenha no seu


cotidiano . Para que esses papéis sejarn desenvolvidos, a pessoa rreci\ a exe
cutar diversas atividades, por meio d e atos motores e mentai~ (a tividade hu
mana) .

A atividade humana está relacionada as atividades co tidianas, que são ro-


tencializadas e contextual izadas pela Terapia Ocupaciona l. Ê a atividade da
consciência, resultado da relação entre a refl exao e a ação, mediada por in-
tencionalidade, vontade e liberdade.

1 .. J a atividade humana, 1 .. j objeto de e~tudo e pe~qu1,a,


1.. 1 só pode ser compreend ida e u til izada com o conheci-
mento dos aspectos: ant ropológ1co, filosó f1co, hioló91co e:
psicológico da práxi,;_ Dessa form a, podern os compre~n dE-r
11
a co ncepção do homem com o um ser práx1co

A atividade é algo fundamental na vida da pessoa e, na su a rea lização,


tanto o processo de execução como o seu resultado final têm diferentes graus
e valores. A atividade é o princípio que rege tanto a vida corporal como a
mental, dado que a pessoa nunca permanece sem fazer nada .
A vida humana é essencialmente ação. A ação é sempre criadora, e isso
significa que, pela ação, nos superamos e tornamos a realidade diferente.
O pensamento é cond icionado pela ação.
No momento em que pensa, o sujeito faz , planeja , transforma , busca sen-
t ido para sua existência .
A atividade é uma ferramenta que compõe um processo de aprendiza -
gem, formador da consciência da capacidade, da competência, da estima e
do autocontrole.
O valor da atividade é reconhecido a partir dos diversos níveis de potencia-
lidades nela existentes para satisfazer as necessidades do sujeito . As atividades
devem ser estruturadas, graduadas e adaptadas conforme seu propósito .
As atividades para a Terapia Ocupacional são identificadas de acordo com
a função de suas metas e de processos básicos a que se destinam na relação
com os aspectos sociais, de trabalho e pessoais da vida diária. Assim, o instru -
mento de trabalho é a atividade humana nos seus diferentes aspectos, desde
ações diárias de higiene e vestuário até práticas de lazer e trabalho .
Os elementos situacionais de uma atividade se combinam para gerar res-
postas subjetivas, afetivas, cognitivas ou perceptivas. Embora a natu reza da
atividade seja individual , suas respostas podem ser potencializadas para me-
lhor corresponder aos elementos situacionais.
As atividades são os meios pelos qua is o sujeito participa do processo de
interação com o outro.
O homem, a partir de sua prática , se antecipa a ela , prevê, planeja sua ação
e a modifica no contato direto de sua ação sobre a realidade material. Ao final
desse processo prático-reflexivo-prático, o homem modifica seu próprio plano
1
Tera pia Ocu pacional - Me_t_~~~-1?~~ª -:. -~-~~-i~~-..... .
8 ··· ······ ·· ·· ·· · ·· ···
····· ········ ···· ···· ···· ···· ··· ······

. ·pora os dados adquiridos na experiência prática 0


e 1ncor . , u melho
·dade materi al (o qu e é dado) pod e ter sido tran sformad r, tanto
rea l1 . , • a, quant 0 a
ções sociais, as concepções ou ainda o propno homem." us rela

Análise de Atividades, Materiais e Ferramentas


e O Objeto Concreto
A análise das relações entre , . e o objeto dnos oferece du plo aspeq
. o sujeito
um subjetivo, no qual o objeto so existe corno pro uto do sujeito; e outrO- G
·etivo , no qual o sujeito tenta captá -lo corno ele é em si , independenterneob.
nt
J 13
de qualquer relação com ele . e
~ Sob essa perspectiva , a análise de
. atividades representa
_ um imp OrtantP
rocedimento do terapeuta ocupacional, . na .cornpreensao
, das partes consI1-.
P
tu intes da atividade e de suas caractenst,cas 1ntnnsecas para o processo terd-_
pêutico ocupacional.
Esse procedimento, inerente à prática do terapeuta ocupacional, de fa toe
de direito, representa a seleção da atividade com a finalidade de promover 0
desempenho de habilidades cognitivas, sensório-motoras e/ou psicossociais,
que perm itirá o desenvolvimento do sentido de competência, de orientação
0
à real idade, além do aumento da responsab ilidade.
A anál ise de atividades é um processo lóg ico e simpl ificador, por meio
do qual a atividade é examinada de modo detalhado, em seus componentes
específicos, para identificação e estabelecimento de características que res-
pondam às demandas.
A anál ise de atividades é um proced imento próprio e exclusivo do terapeu-
ta ocupacional , que avalia o movimento humano nas suas diversas maneiras
de expressão . Ainda anal isa os aspectos da vida cotidiana de uma pessoa e
a complexidade das atividades e suas especific idades, tanto nos contextos de
saúde, educação e pesqu isa como nos aspectos de organização empresarial
e social.
Quando se identifica uma atividade, deve-se garantir o acesso a uma série
de materia is e ferramentas que fac ilitem sua descrição, a identificação de suas
, ' 1
caractensticas e a percepção das demandas requeridas e de seu potencia
adaptativo (Tabela 1. 1).
· · faz parte de determ inado contexto e seria contrassenso não
l 0 d0 suieito
considerá -lo assim • E
' 1
·mport an t e .d
I entr.f.1car as caractenst1
' , .cas do me·10 ao qual
eStá inserido, examinar as diversas demandas objetivas e subjetivas desse arn·
biente
. . '.
assim com 0 o grau de ·inter-relações com a pessoa . Tam b,em devemos
1dent1f1car os elem en t os que interagem
• na funcionalidade ocupac1 ·ona 1· tanto
nos
_ aspectos . que I icultam a real ização de determinadas tarefas, asª Itera·
d·t· .
çoes ou aqu1s1ções de novos pa d roes,
- quanto na adequação cot1.d·iana.
Esse procedimento é 0 " . ocupacional
da atividade. que garante o valor terapeut1co
/lllftlfttlJI-IIMI:---=·- ~---- -

Coisas que Gosta6amos de Saber Sobre o Mito da "Atividade Humana" ... 9


. .. ..... ······ . . ...... .... .
· ·· ·· ··· ·

a
Tabela 1.1 Relações conceituais de atividades
• ...,. - • .. ... ,,. ..,.f ~ ' . . "5' - • ~y..:":' ,A

Ativida~e ".'º.consenso geral Atividad~ pa_ra a r,rapi~ ·o~~~~cl~Eal, _,


Conceito Atos ou conjunto de atos em virtude Ação que, por seus conteúdos subjetivo e
dos quais um sujeito ativo (agente) psíquico, objetiva-se materialmente
modifica determinada matéria-prima
Agente Físico, biológico ou humano Humano
Matéria-prima Não discriminado Vivências ps íquicas, o grupo, relação social e
instituição
Tipo de atos Não discriminado Psíquicos ou sociais

Produto Ocorre em diversos níveis Novo agente: o sujeito transformado


7
Fonte: adaptada de Chamone, 1999.

O sujeito é um ser pensante, cocriador e transformador de sua real idade .


Portanto, o homem se comporta a partir da racional idade, o que lhe permite
ser livre e a condição de autodeterm inação para ser livre . Entretanto, essa
liberdade está cond icionada a um processo de maturação, no qual sua mani -
festação é exercida gradativamente, conforme o desenvolvimento da razão .
É por meio do pensamento que o sujeito faz, real iza , transforma e busca
um rompimento com aquilo que traz em si. O pensamento é condicionado
pela ação, pois a vida não consiste apenas em pensar de maneira lógica , mas
também em agir.
Quando o sujeito desperta para o conhecimento, passa a construir uma tri -
lha infinita, voltando-se para a sua interioridade, com o objetivo de se desven -
dar, e para a exterioridade, a fim de se relacionar com a real idade circundante,
integrando-se a ela e à realidade do seu ser.
O sujeito percebe que os horizontes de sua liberdade dependem dos hori -
zontes do seu conhecimento .
A vida humana é essencialmente ação . Toda ação é efeito . O ato de refletir
está relacionado ao ato de pensar. De fato, é a atitude pensada que qualifica
o conhecimento, e não a simples e consequente ação motora .
Nesses termos, podemos considerar a atividade humana quando os atos
dirigidos a um objeto para transformá -lo visam a um resultado ideal ou a uma
finalidade e terminam com um produto real.
A atividade age transportando o sujeito para outro momento de sua vida,
permitindo-lhe relacionar experiências e objetos que já foram vivenciados,
para além do seu caráter subjetivo e psíquico; caracteriza -se materialmente
não pelo "que se faz ", mas por " como se faz" . O fazer é posterior ao pensar
e sentir. A atividade em si nada representa sem a interação do movimento
mental (pensar e sentir) com o movimento motor (fazer) .
Não havendo limite de expressão, pois o pensar é livre, anterior ao fazer e
gerador de consciência, é necessário envolver outros elementos nesse proces-
so terapêutico ocupacional a fim de facilitar a construção de novos conceitos
de realidade, ou seja, material, ferramentas e objeto concreto .

b
1 1
TerJpicl Ocup,1cionc1I 1"!:.l.~~~~-I~~'.ª. ~-_~ .·~_L_
i~'.-'..... ... ' .... ...
10 . ·· ··· ... ... . . . . .. ' . ... ' .... ' .. . ' ' .
,
.'
·· ··• ·· ····· ····· · ·· ···

De acordo com alguns au tores, três elementos sã o con sid .


_, . . . . er c1dos ,,
mas ern si" .' E e dessa maneira que o su1e1lo con seg uirá elab Prohle.
- -r·1 f . d orar con .
q ue representarao seu novo_peI 1 cr tIco e ser e ,sua. construr,ao -
Pessoal
ceita\
o s elementos que compoem o processo terapeut1co ocu,..,a . _ ·
. ,, c1onal sao
■ Material : a matéria -prima para a construção do objeto ·
. . concreto
pode ser sensível, concreto, externo e interno (sentimentos e . : que
. 1 . , . v1venc1a,
particulares) . O matena possui caractenst1cas próprias c )
. . , orno Peso
densidade, temperatura (naturalidade), assim como O valor dado ·
( . 1
·d d ) O t . . - · d·
sujeito matena I a e . s ma ena1s sao o in 1cativo da constru ã Pelo
. a possI'b'l'd
objeto concreto , pois 11 ad e d e h umanIzar
· ç O fdo
a matéria bruta
com que se conciliem, em um objeto concreto, potencialidades e limit:sz
■ Ferramenta : é um prolongamento e aperfeiçoamento do corpo. A me-
lhor ferramenta é o próprio corpo, pois amplia a capacidade de ação
do sujeito no mundo e, consequentemente, na construção do objeto
concreto . Segundo Chamone (1995), "é a especialização do corpo hu-
mano" , submetendo-se às leis da natureza para melhor dom iná-la .14
• Objeto concreto : entendido como o problema a ser resolvido , é cons-
truído a partir dos materiais e das ferramentas . O sujeito constrói sua
realidade a partir do que percebe em sua internalidade.

De acordo com Chamone (1990) ,7

[.. l objeto da Terapia Ocupacional é a consc iência de [. \;


a especif icidade da Terap ia Ocupacional reside no uso de
atividad es d e form a livre e criativa e na compreensão de que
esta ação é geradora d e reconh ecimento e, portanto, de um
novo sujeito .

Torna -se necessário reun ir esses elementos por meio da tríade terapêutica
ocupacional , além de ser um procedimento inerente ao terapeuta ocupacio-
nal. Este é o ún ico profissional capaz e habil itado , de fato e de direito , para
real izar a anál ise de atividades. Na prática , o terapeuta ocupacional é quern
deve prescrever ou ind icar a atividade, possibilitando a construção de urn
conhecimento singular : ser-no-mundo . .
, funcionali-
1 Portanto , a cada encontro a pessoa é reavaliada quanto a sua . ,,

. • 0 pac1ona , 1
' 1
dade ocupacional , por meio do " mecanismo de cura da Terapia cu .
- . • . . . d De maneira
na relaçao dinam1ca terapeuta versus paciente versus at1v1da e.
didática , esse procedimento avaliativo acompanha a segu inte 0rd em : _ de
- . • · t nalizaçao
• Ordenaçao (ou seleção) : representa para o su1eIto a 1n er cio-
• t'co
1 ocupa
um conceito abstrato , do pensar. Para o processo terapeu
nal , representa a seleção da atividade/material/objeto . •ei-
. orno o suJ
• Configuração (ou preparação) : diz respeito à maneira c de
. as etapas
to aborda o objeto selecionado . Engloba a metodologia , . .éo
. - paciente,
real 1zaçao , o comportamento na relação terapeuta versus
início da fase do fazer.

Ira.
Coisas que G ost aríarno s de Saber Sob re o M ito da " A t ividad e Humana" .... 11
,, ... ··· ·· ········ ········' .... .... , .. .. ... . ····················· ....... ··············· ······· ········ ······ ..... ··········· ···· ·· ··•····
'

······ ···••'

• Representação (ou produção) : é o mecanismo que dá formas e es-


truturação , que produz percepção/vivência da manipulação dos objetos
disponíveis, uma direção, uma destruição, uma construção .
• Elaboração (ou insight) : está relacionada à elaboração e à simboliza -
ção . É a fase do realismo , da elaboração de uma realidade, das necessi-
dades emocionais e dos sentimentos como raiva , medo, tristeza, alegria ,
ciúme, inveja , culpa , em suas relações e em seu momento terapêutico
ocupacional.

Na visão de Ostrower (1984) , nossos movimentos são impregnados de


formas :

Observar as pessoa s e as casas, notar a claridad e do dia, o


calor, refl exos, cores, son s, cheiros, lembrar-se do que se in-
t encionava fazer, de comprom issos a cumprir, gostando ou
detestando o preciso instante e aind a associando a outros
- tudo isso são forma s em qu e as co isas se configuram para
nós. De inúmeros estímulos que recebemos a cada instante,
relacionamos algun s e os percebemos em relacionam entos
que se torn am orden ações . 15

Pensar projeta o futuro no presente e revive o passado . "Enquanto identifi-


camos algo, algo também se esclarece para nós e em nós; algo se estrutura . " 15
Ao fazer (configurar uma matéria), o· próprio sujeito com isso se configura .
O homem estrutura a matéria e, dentro de si , também se estrutura - recria-se.
Faz sentir sua ação simból ica e deixa sua marca como forma de linguagem .
O sujeito fala sobre si, sobre sua vida , sobre seus valores.
Para De Cario e cols. (2001 ), as atividades são constituídas por um conjun -
to de ações que apresentam qual idades, demandam capacidades, material i-
dades e estabelecem mecan ismos internos para sua real ização .

A linguagem da ação é um dos modos de co nhecer a si mes-


mo , de conhecer o outro , [ ... ] darão forma e estrutu ra ao fa -
zer dos sujeitos, [ ... ] estabelecendo um sistema de relações
que envolve a con stru çã o da qualidad e de vida cot idiana . 16

Uma das características mais importantes da Terapia Ocupacional , confor-


me o citado autor, está na condição de possibilitar ao cliente a chance de
decidir e escolher, de " intervir na realidade externa segundo sua intenção,
vontade e com liberdade" . A partir dessa conduta ou relação, o sujeito passa
a adquirir consciência , na medida em que concretiza algo, ou seja , adqu ire
consciência daquilo que passa a conhecer, "a partir do que[ .. .] pensa de si , e a
partir disso, como faz para construir um conceito ou concretiza sua expressão
frente a sua própria crítica e a de terceiros" .
A Terapia Ocupacional , manifestada pelo terapeuta ocupacional, precisa
expressar essa realidade . É a atividade humana e a consciência de saber fazer
ional - Metodologia e Práti ca
12 Terapia Ocupac
' ....... . . ' .... . .
.. .............. .. .. . . . . . . . ----• •.. •. .. .. . . .. . .. . .. . ..
..,, .. ..

. t ·f·cam a ação p ara qu e possa intervir, estabelecendo cond · _


qu e JU S 1 1 e . . . _ 1çoes de
relações soc ia is mai s Justa s e assegurando, por m eto de suas açoes, qualidade
de vid a para o sujeito .

o Maravilhoso Encontro da Relação Entre Terapeuta


e Paciente
. ........ ' .. ............ ... ....... ....... ····· ·· ........... .. ... ...... .. ·· ·· ·· ·······
········
O homem é um ser pensante, cocriador e transformador de sua realidad e. 0
autoconhecimento é possível a partir da convivência com o outro, pois viver é
radicalmente conviver. Viver é ser para o outro e com o outro .
A liberdade, aquela que captamos em nós, é a consciência da ação exer-
cida por uma ideia , a saber, a ideia do máximo de independência que, sob
a dupla relação da causalidade e da finalidade, pode atingir o eu que con -
cebe o un iversal. A liberdade é a imunidade de vínculos ou marcas. Pode
ser física , quando d irigida aos movimentos e deslocamentos; moral, quando
envolve questões legais; e psicológica ou pessoal , também chamada de livre-
arbítrio , quando permite a tomada de decisões ou escolhas, conforme sua
vontade, inteligência e intencionalidade.
Pensando , o sujeito faz , real iza , transforma e busca um rompimento com
aquilo que traz em si, abrindo-se para a transcendência .
O ato de refletir e o valor do conhecimento são legitimados por meio da
at itude . Toda ação é efeito , então, de um ato de reflexão . Assim , é a atitude
pen sada que, de fato , qual if ica o conhecimento , e não a simples e consequen-
t e ação motora .
O ser humano desenvolve sua vida em plenitude por meio da ação. O
conh ec imento só tem razão de ser na medida em que estimula a atividade, a
açã o , na linh a da utilidade .
" Vid a é at ividade ", princípio que rege tanto a vida corporal como a mental,
visto qu e a pessoa nunca permanece sem fazer nada ; " se não faz algo u· til '
·

faz algo inútil ". Segundo Francisco (1988) , 17 é possível entender que
sujeito O

e· d otad o de uma natureza ocupacional que o caracteriza potenciam


· 1 enre
co mo con strutor e transformador de sua real idade. Portanto, qualquer
rnu-
dan ça ou si tuação que venha trazer algum prejuízo ou disfunção ao sujeito
d · - · nto de
po e ser con siderada consequência da ausência ou do comprornetime
· ·d - . traba-
uma ativi ade ou ocupaçao, por meio das atividades relacionadas ao
1 1
lho, à vida diária , à vida prática e ao lazer.
1
\ 1

O que Significa ser Terapeuta? E qual a Extensão


de sê-lo?
O t · relacio-
ermo terapeuta vem do grego therapeutai' de thérapeuein , e eSt a •
dO . . , etários
na ª servir, cuidar e significa servidores de Deus ou curandeiros . Os se
Coisas que Gos t,llt ,rn . . . . .
:- ele Sc1 bc1 Soi)l'c• n M110 (d
........................ . ......... .. .. • · ·······•• ..o:,..... 1 " nlA . 1 I· 1 " 13
,,,, ' .., . '' .. , . , ', . , ' , , ' ..... .
lYl( ,l l l' ll11 1l illld
' ' ,, ' . ,,., .. , . ' ' ' ' ' ' ' , , ' , , ' ,,' ,, , , ' ' ' ' , ,, , '' ,,, '' ' . ''.

judeus contemporâneos de C . 1 .
dria no Egito tinha ri s o, es tal>elcc1dos pri11cip;1lrnc11lc cm Al cxc1 n•
' ' m uma grnn de semelhanr ·1 - .•
vamos mesmos princíp ' "' co m os cssôn1 0s, e pro lessc:1
ias, entrega ndo se 3 q ~t' i .J
filósofo judeu platô · d . - · ' t r, ica e e toua s as vir tu des. Ffl on,
. rnco e Alexa ndria, fo i o prin _. I" .
tas considerando -os b leira que ,~ lou dos lcrnpeu-
, mem ro s de uma seita ju dc1 ·
outros mestres da Igreja Cat ,
E ·éb'
ica . us · 10 , ao Jerôn imo e
.
s·· .
1
Fossem J·udeus ou . t- o i~a pensavam qu e os terapeulé.1s erc1m cris tãos .
cn s aos, é evid ente . d .
eles formavam tra ço d .- · qu e, 0 mesmo modo que os essêrn os,
O
, e uniao entre O Judalsmo e o Cristia nismo.
Seculos passaram e na atu alid d
dos e estabelecidos na ,ten . e a e, no~mas e reg.ulamen los foram elabora-
t t ,, E tativa de orga ni za r a prática daqueles que "cuidam/
ral ~m- . sose assunt_o apresenta múlt ipl as facetas, é complexo e mu itas vezes
po em 1co . . exerclc10 profissi on aI es tabe1ec1'd o e reconheci do do terapeuta
focupacional
. _
- formação ' fund amentaçao - teóri.co -prática, regulamentaçã o e
isca 1iz~çao ,- necessariamente passa pela égi de da lei . Sob essa lu z se e~con -
tram nao, so o terapeuta ocup aciona
· 1 como tambérn os dema is profissionais

de saude e de outras áreas .


. ~ terap ia sign ifica tratamento . No minimo sign ifica algo que envolve o
sujeito com sua participa çã o ativa . Sua ação é dirigida a uma espécie de en -
contro em q~e se faz necessária a relação , o que produ z mudanças de pensa -
m~ntos, sentimentos e comportamentos (não necessariamente nessa ordem) ,
seJa qual for o aspecto em que se pretenda intervir. É possível ainda se pensar
que, em todo ato ou atividade, faz -se imprescindível a presença da intenção,
da vontade e da liberdade, para que se possa estabelecer um grau de recipro-
cidade entre os elementos envolvidos nesse "encontro " .
O terapeuta se ocupa em habilita r, capacitar e realçar questões, mas nunca
pode impor ou exig ir soluções . Para tanto, emprega uma exclusiva comb ina -
ção de vivência profissional , conhecimento científico, habilidades e sistemas
de crenças ou valores para formar sua prática profissional.

Terapeuta versus Paciente


A atividade tem em si a qualidade de algo ativo que intervém antes no sujeito e
depois no mundo por meio da ação modificada do homem . Por isso, a ativida-
de pode ser considerada um recurso terapêutico que se realiza em um tempo
determinado , com material específico e um objetivo preciso, cuja final idade é
uma conclusão . O recurso terapêutico promove mudanças em uma real idade
objetiva ou em uma experiência subjetiva para que, efetivamente, seja alcan-
çado o intercâmbio necessário do experimentar e modificar a situação, seja no
desempenho de uma tarefa , nas inter-relações e/ou na execução de papéis.
Não podemos pensar na relação terapeuta versus paciente sem envolver
análise de atividades e atividade terapêutica , procedimento e recurso, meio
e fim , pares inseparáveis que estabelecem e/ou convalidam uma fonte de
conhecimento, uma prática eminentemente científica ; enfim , um modo críti -
co-laborat ivo das relações humanas.
14
··· ······· ···· . ...

Na rel ação terapeuta versus paciente, de maneira didátic


a, Pod emo
belecer dois momentos : sesta.
■ Primeiro : caracterizado pela unidade terapêutica que
1 promove a . . 1 (

Ção da identidade pro f IssIona o pape de ser terape t rela.


.. _ . u a ocu ·
e a ident1f1caçao de ferramentas e material, estabelecend Pa,cional)
o o in1c10 do
processo .
■ Segundo: representa o uso de ferramentas e material a pa t· d
. . , r ir os qua
toda forma dada e todo obJeto formado significam a mater· . _ 15
, . . _ 1a1Izaçao de
um conteudo interno; portanto, a external1zaçao do eu . Todo ma .
. d . . b. tenal
é o meio de discurso o suJeIto , e o o Jeto plasmado é a projeção con -
creta de sua percepção .

Em qualquer situação , segundo Chamone (1990),7 quem faz sempre verba-


liza algo , sempre " fala " de alguma coisa e/ou de si , e todo objeto materializa-
do ou concretizado pode negar, confirmar ou complementar um pensamento,
um sentimento ou uma emoção . Trata -se de uma expressão objetiva de neces-
sidades internas de quem está na relação direta com a atividade.
O que se pretende com a Terap ia Ocupacional é que o sujeito assuma uma
determ inada atitude que o d istanc iará dos sintomas ps icopatológ icos, psicos-
somáticos ou das d isfunções ocupaciona is, dando -lhe cond ições para decidir
qual conduta adotar. Com a chance de perceber, o sujeito capta de maneira
objet iva seus problemas e busca superá - los a part ir da transcendência.
Para Chamone (1990) ,7 existem relações constantes entre os elementos
existentes na Terap ia Ocupacional : o pac iente, o terapeuta , os materiais, as
f erramentas e os objetos concretos, com maior enfoque nos três últimos, pois
são os que real izam a verdadeira interação entre os primeiros.
Em sua definição, Chamone (1990) cons idera a Terapia Ocupacion~I um
, d d . , 1 por meio de
m€to o e intervenção que perm ite a construção de vIncu os _
at 1
·v·1d d " - 1· · · d . · d
a es ou ocupa çoes Ivres e criat ivas " con IcIona as a os elementos rna
. . .,, Dessa for·
ten a1 s, ferramentas, objetos concretos , como " problemas em 51 · modo
ma , " um método crít ico -laborativo das relações humanas; portanto,
psicoterap êutico " .7 _ d
Çao e
A t· d · • a constru
par ir essa perspect iva entre a capac idade humana e , do dis·
· . · onteudo
co nceitos surge uma nova modalidade ep istemológica , CUJO c fala e
, bre o que
curso e composto por: " como saber de quem fala e faz, so artir do
fa z, d e como fala e faz " e do resultado desse novo conhecimento ª p
" fa zer-sa ber-falar " .

Considerações Finais .... •·· ·· ..


na visªº
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Uma d , . • o paci ona ' de


as caracterist1ca s mais importantes da Terap ia cu ch ance
de Cha ( . ..
mon e 1990), 7 está na condição de poss1bil1tar ao
cl iente ª
a inteíl çặ
d .d . do su
ec, ir, de escolher, de " intervir na real idade externa segun

~ /
Coisas qu e Gosta ríamos de Sabe r Sobre o Mito da "Atividade Hu mana" .... 15
··· · ····· · ········ · · ······· · ····· · · . . ...... ·· ·· ·· ..... ···· ·· ····· ..... . ···· · ·· · ·· ····· · ·•·· ·· ··· · ········· · ·

vontade e com liberdade" _& A partir dessa conduta ou relação , o sujeito passa
a adquirir consciênc ia na medida em que concretiza algo . O sujeito adquire
consciência daquilo que passa a conhecer, "a partir do que( ... ) pensa de si , e
a partir daí, como faz para constru ir um conceito ou concretizar sua expressão
frente a sua própria crítica e a de terceiros " .
Essa cond ição da Terapia Ocupacional que possibil ita ao sujeito relações de
construção de " objetos voltados à sensibilidade" representa um dos diversos
mecan ismos fac ilitadores da expressão e da reflexão . Ao facilitar a compreen -
são do problema que o sujeito tem diante de si, por meio do uso da atividade,
a Terap ia Ocupacional leva o sujeito a projetar-se, refletindo na concretização
desse pensar em um fazer, em uma ação, em vida .
Diante desse panorama cinético-ocupacional , busca -se possibilitar a ex-
pressão livre e criativa do sujeito . Facilita -se, a partir da tomada de consciên -
cia, a construção de uma nova real idade. O sujeito se identifica com o exterior,
refletido no seu conteúdo interno, ao perceber sua intenção, vontade e liber-
dade na transformação de si mesmo e do mundo onde vive, estabelecendo o
real sentido existente em sua vida .

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Terapi a
Ocupa cional
metodologia e Prática

2ª Edição

Claudia Pedral \ Patrícia Bastos

, .n,tun. 6 15.85 1) S474t 1.ed .


A ulOr: Sena. Clóud1a Pedral "',rn1p.1in de
r iw.lo: l'crapia ocupacional : met0do lo~
r.
u
11111111111
12~6603 Ac IQl lJ)
JtUBIO
;-.:• Pal l W74
Capítulo 2

~rcoria de l{ui Charnonc

............ ... ... ........ ........... .... ..... ................ .

Influências da Teoria ele Chamone

PJ r,1 inicia rmo s a co nstru çã o desse processo de aprend izagem será necessá -
rio seg ui rmos, passo a passo, a con strução de uma teoria que teve origem
no Brasil , mais precisa mente em Belo Horizonte. Essa teoria, conceituada ,
fundd mentada e qu e estabelece linguagem própria, fo i desenvolvida pelo
profcssor Ru i Chamone Jorge, mineiro , formado em Terap ia Ocupacional pela
rac ulda rl e de Ciência s Médicas de M inas Gera is da Un iversi dade Federal de
Mina.-, Gerais (U FMG), em 1969.
Com urna ca rreira voltada para os estudos e aprofundamentos na área,
Chamonc lançou seu primeiro livro em 1981 , Chance para uma Esquizofrêni-
CJ, da ndo marg em para outras publ ica ções qu e hoje norteiam esse trabalho .
r: m 1988 , fundou o Grupo de Estudos em Terap ia Ocupacional (GES .TO) , com
o obJ etivo de divulgar pesqu isas e publicar textos ligados à profissão . Ao fa le-
ce r, cm 1995, Ch amone deixou como legado a cont inuidade de seus estud os.
co n.,ol1dado s até aqui com a visão mais natural do sujei to e de sua evolução
no mu ndo por meio do fa ze r humano .
E. rri vI \ la de tud o iss o, é importante trazermos a defini çã o do professor
/J<Hd o conce ito pad rão para sal/d e mental. Chamone dedicou a essa área boa
partr' cJ c, '.> un vi da, embora seus es tudos es tivessem voltados à co mpreensão
cJo obir10 e j especdi ci c.J ade da Terapia Ocupa cio nal. Em es tudo escri to por clr
crn 1990, enco ntramos a seg uinte dei ini çã o:

M(·1odo ri r' p r0vr' 11 çc1 0 , t1 a tam C' 11l 0 , lll lcl e 1('a t-)il 1t,1( ,10 <7 t r 1

c1p1ox11na o éiJ uclc1d o1 rio r1 1u dado c:1 l1avc~ ri<' o, up.i~or', \' r,' 1
1

1, rn,;i t,vas . ._,a l,rntando qu e r-lC' nc1 0 pod e)''' co rn ri ,rc r1d ,1 k1
l' n1 'P < om1 cJ ~1,ir ,l ':. U)IS2l 5 q ue 11,1pliccJ rn ,1t<' ri ,il . f011.111 H·11t 1
18
Ter..::p c1 O cuo.wo ndi f" letodo log1,1 e Pral icc1
. . . .. . . ··· ··
·· ·····

o bJ C\l)S con creto s co mo p, olJ lema s cm '.,r Sc·ri-\r


.J ' J 'I ) 'I
lllC' lod o cr 1l1co -labo rê1t1vo CJas 1clc1 coc) hu n·ianJ
), po, t,;, ·r~
metodo µs1 cot eráp1co '

A Terap ia Ocupacional , nesse ponto, surge como um m étodo, um cam inho


para at1ng1 r um obJe t1 vo , suficientemente bom em si e com uma abord agern
t écn ica . o rneca ni smo de identificação do cliente em rela çã o ao s materia is
e às ferra m entas reproduz o problema em si , por meio de um senso crit ico.
labo rat ivo , tendo como consequência a possibilidade do confrontar-se com
ele m esmo , a partir da tomada de consciência e da transforma ção de s, e do
mundo , o que vem a ser a realização do objeto concreto .
Nesses ter mos, admitimos que toda atividade humana é simbólica , dotada
de s1g nif1caçõ es e singularidades Entretanto , é importante falar da s d1feren -
c1ações en tre os objetos construídos no setting terapêutico e dos obj etos de
arte . Podemos dar como exemplo o pensamento de alguns estudio sos de arte
que afirmam que, na arte , se busca o universal .
Hebert Read (1981 ), 2 em seus estudos sobre a arte, é enfático . Junta men-
te com vá rios autores , afirma reconhecer arte como função de educação ou
como " a ciência do conhecimento sensível " . Autores e teóricos como Hegel
t ambém falam da arte como representação da verdade .
Os estudos de Chamone buscaram a compreensão da utilidade de mate-
riais e ferramentas que apresentavam um h istórico cultural artístico e o enten-
dimento sobre a arte e a função do trabalho . De acordo com esses estudos
e pesquisas , na visão de teóricos como Karl Marx (apud Vazquez , 1977),'
enco nt ramos a segu inte afirmativa sobre a importância do trabalho
O processo do trabalho é:

1. l atividade del ibe rada [ . ] para a adaptação da s substàn ·


cias natura is aos dese10s human os ; é a co nd ição geril l ne·
cessá ria para que se efetue um intercâ mb io entre horn eill e
na tureza ; é a cond ição perman ente imposta pel a na tu,ezJ A
vi da huma na e, por conseguint e, ind ep end e d as fo r,nilS d.:i
vida soc ial . ou melh or, é comum a todas as forma s soc,a'> ·

A pa rt ir dessa perspect iva , Charnone afirma , respaldado em seus estud os


so bre as artes e sobre o trabalho , as funções e perspectiva s na atividJci e lw
mana c.iu c ª Terap ia Ocupac ional utiliza como at ividades livres e cr ia tiva s qut'
visa m ao pa rti cul ar ao s·I1... 1 ,. . ,
, ' 9 u ar, sern ser dado a crIt1cas ou iu1 zos
Com ba s_e _ni sso , ele ap resenta um quadro exp licativo em sua publ ic,1çj o1
Museu O,da t,co de Im agen s livres - e Cn.a t ,vas
. no qua po den1 . 1 0s v1su,1i 1zJ
bern essa co mr)ararã 0 A · t s sud
" pesa r de u sar m a teriai s bruto s e ferramen ª '
util1 cJ ad
,
e. e 5Pus ohjel1vo s es tào enu
,,
idistant e '.> em seu s s1g 111·f 1
·c..,do
u
s, artís11co:i ~
!erapeut 1co s (Tabe la 2 . 1).

O obietivo do professor Chamone é estabelecer um conteúdo Cient ifico:


es pec,f,ca r a at1v1dacJ e como mobilizadora e transfom1adora do sujeito , se nd
·-- ·---
.. : c·_o n,1 c.Jc l~u1 Chc1mnnc 19
···· ·••' ..

Tabela 2 . 1 Estudo comparJtivo cntr·c ;1tividades ;i r ti'st ic---s e t cr;1pcut1


~ ' ·•
· .G1 s

~;ry,1tCJ!i$ffi! 1

dvdlf. _· ,
São express ivo s São express ivos

Impulso criado r se lecionado Impul so oricnt;ido pela intuiçào. Dirigido il ~c ns 1b1lid.idc

Apelos incelectu:m e técn ico s Busca da verdade pess oal

Objetivo exposições públic as Objetivo: sigilo das circunstância s geradora s do ob1ero

Busc.1111 ;i urn versa lid ade humana Buscam os apelos da universalidade humana

lnstght publico Construção pessoal

Não se des tin am a interp reta ções Configuram conflitos pessoais


psico lógicas Presta -se a interpretações ps icológic as

Há maior contato do artista com a obra O objetivo sa i da imediacic idade e é levado à cons c1ênc 1,1
como um conce ito para quem o fez

Fonte: adapca da de Chamone. 1977.4

assim um recu rso terap êut ico idôneo e viável na sua utilização, com possibili-
da de de lei tura própria e eficaz .
Para ta nto , Chamone criou uma série de pressupostos que aco mpanh am e
enriquecem seu pensamento . Antes de tudo, buscou na Filosofia e na Sociolo-
gia o enten dimento do conceito de at ividade para o homem e para o mundo .
A segui r, enco ntramos todo esse trajeto e, posteriormente, o desmembram en-
to de ca da item refe rente à sua teoria.

Ati vidad e do Ponto de Vista de Chamone


A at1v1dade é um do s conceitos mais discutidos por Chamone, qu e, em suas
obras, afirm a ser o ve rdadeiro recurso terap êutico da Terap ia Ocu pac io nal
No in ício des te livro , foram esc larecidas dúvidas acerca da util 1zaçáo da Jti
I11 da de como recurso da Terapia Ocupac iona l Bu scou -se ent end er a atividad e
pu ramente como açã o, des mi stifi cando decadas de co ncei to s e viabil ,zc1mJo
um olha r c.J 1ferenc1 ad o para essa si tu ação , o qu e não e uma coisa tão lácil .
7
Entret anto. esse é o prim ei m pa sso para compreender com o a ação hurn, nJ ,
O
que mocJ if1cou e mod1f1ca o sujeito até o s dias de hoJ e, garante que futu ro
rJe)se:- rnuncJ o não e, ai nda , claro a lu z da c1ênc1a .
No ent anto , diferent emente do que aprendemos , rucJo qu e nos cei ca e
5111
fruto un icam en te de nossa força de transform ,1ção , de nossc.1s entranh ,is, ª
lizado pela s nossas necess idades e v1ab il,za do pelas nossds m;ios Isso mesmo .
ela , . - . f crram ent:.1 s e rcspo ns,wi:>1-:,
P , no ..,sas mao'>, po is elas sã o nossas ma 101es e _ ,
O
po r todas essas mudan ças De aco rdo corll Fi sc her ( i 9SJ) .· ",, mdo r or
gão essencial da cultura o iniciador da human izaçã o " Por isso K1c lh ofncr
lapud Ferrari , 1991 )/ ' e~ sua teo ria c.Ja ocupa çã o hum ana. ad mite o hom em
com d ·t a ;ibert o no qu ,11 touo seu
0 e na tureza ocupac1onal , como um s1s em ,,
Te1·..=i.p1a Ocupa ci onéll - M etodolo gia e -~1-·at_1ca_
. . . . . . . . . . .. . . .. . 20 . . . .. . ....... . ... . . . .
. ·· · ··

d ese nvolvim ento objetiva levá -lo ao complexo sistema da ocupaçã


o, como
rea li zador de si mesmo
De acordo com O Novo Dicionário Aurélio (2000) , at ividade é: " qual id
de ativo ; substantivo empregado como sinônimo de ocupação/trabalho;
tém O se ntido original d e qualidade de ativo ; aquilo que se opõe a pa ssivo " ,
m:~~
As ocupações são vistas como uma maneira ativa de o sujeito intervi r no
mundo , de esta r ativamente consigo e com os outros, o que torna possível
no uso de atividades livres e criativas , a consciên cia de si pel a obra , qu e é~
o utro -- ele próprio , adqu irido pela atividade reflexionante do pensamento
Todavia , como podemos identificar que as atividades são terapêuticas)
Cha mone responde a isso de maneira simples . Além de deixar claro o ca ráter
transformador da atividade, esclarece que todo processo terapêutico é inicia-
do , vivenciado e finalizado em uma sessão terapêutica ocupacional , o que
significa dizer que, em um setting terapêutico ocupacional , den tro de um pro-
cesso triád ico , materiais e ferramentas para expressão e formação dos concei-
to s de sua real idade ind ividual devem estar sempre à disposição dos pac ientes
Para efeito didático , encontramos classificações diversificadas de ativida-
des nas áreas de atuação , conhecidas com as mais variadas nomencla turas .
Contudo , todas essas at ividades só são de fato real izadas com o au xílio de
ferramentas e materiais próprios ao manuseio e objetivo de cada uma .
• Atividades da vida diária (AVD) : toda e qualquer atividade que obje-
tiva a higiene pessoal , a autoestima e o autocuidado .
• Atividades da vida prática (AVP) : toda e qualquer atividade com
final idade prático-ocupac ional , em termos de afazeres do lar e trabal hos
práticos do dia a dia .
• Atividades motoras : relacionadas aos aspectos motores, como equ ili-
brio , coordenação manual , coordenação visuomanual etc.
• Atividades cognitivas : destinadas ao estímulo da área do aprend iza -
do ou intelectiva , para apropriação de conceitos básicos .
• Atividades plásticas/expressivas : voltadas aos aspectos artí5licos.
para o processo de expressão e criatividade .
• Atividades profissionais : apresentam caráter econômico e de in ser-
ção socia l.

• Atividades estimulantes : envolvem aspectos motivadores e rela,an


l es , intervindo nas áreas de autoestima e de mais -valia .
5
,v,
• At · 'd ª d es d e lazer: objetivam qualidade de vida e d e clLlt oc ui d1clo
'"
• At' 'd d · · · rerpreta
,v, a es prax1teráp1cas/criativas : fr eque ntem ente mal -in sasi-
da <, o u d i.., torcid a<,, poi s aprese ntam aparente co nt eúdo artesanal .
Cdrn ente, apresentJm conteúdo util1t,1 rio .
ser
Tod as as ativi<.J ad cs cJ 11teriorm ent e relacionod as/c lassificadas devem ,n·
U'>ac.J as em esca la cJ . t" ·d d . .. . ·ndo o pr
, _ e a 1v1 a es livres ou d1rig1das, sempre segu i e 011
c1p1O transfo rin ado fl · . Cha íl1
r 0 re ex1onante do encontro consigo mesm 0 ·
'
l'
' . .. ..Teona de Ru i C harn onc
· · ··········· · 21
· ······ ·· · · · . . . .. .... .. .

rcg ic,t1 ou essas at1v1rl ad<:s 110 seu (j ráf,rn do McccJni smo
.
,J
u0
eura d a Terap, a
Ocupaci onal ou vet or D. refl etind o t1 co nsc iênci,1 de si rn es rno fal ar
A "e9 u1r (F 1gur(1 2. 1), procur.-Hnos cx pl iclH o qu e o aut or con sid erou como
w tor e O ciuc ele procuro u cquac1on c1 1 corno f0I rn c1 de c'sclarecim~nto sob rr
0 l\lh'C,HW,1110 ele Cw .:~ da forap1a Ocupacional , fazendo uma relação r. ntre 0
ri , o Hu, ,zontJI de Hab ilid ades (AB) e o eixo Verti ca l de Poss,bilidad<.'", (AC) ,
rt'sultando no vetor D, que representa a consciênci a de que algo exi stP - pora
.. _
sei. cn1 ,~o. tra tado

e D

J f-- - - - -- - _..,,

2 3 4 5 6

Figura 2 . 1 Gráfico do mecanismo de cura da Terapia Ocupacional


Fonte: adaptada de Read . 1981 .1

Ao ultrapa ssar os lim ites físicos das atividades concretas , o sujeito, por
pensa r e por ser dotado de consciência, é capaz de criar, para si e para o mun -
do, pela s vi as mentais. Dotado de consciênc ia, coloca -se, de maneira geral e
em particular, frente ao seu fazer, plasmado , materializado, em um contexto
comp lexo de objetos/produtos e ações/atitudes, para si e para contemplar-se
nessa rep resenta çã o de si mesmo .
Preci sa mente por ser dotado de consci ência , o sujeito estabelece, com o
mundo exterior, relações objetivas que o levam a transformar e modificá -lo .
Por con segu inte, o sujeito imprime a marca de sua personalidade nos objetos
concretos, reconhecendo -se pela capacidade reflexionante do espírito .
Nesse sentido, as atividades livres e criativas são profundamente racionais .
Apesar de direcionadas , antes, à sensibilidade, oferecem ao sujeito oportuni -
dad es para se integrar interior/exteriormente e expor à contemplaç ão a cons-
ciência que possui , pois o pensa mento precisa se confrontar concretamente
com a razã o e a verdade .
A especificidade da atividade criativa existe não só pela exis tência concreta
do obi elo, ma s ta mbém em razão de se dirig ir antes à sen sib ilidade do que ao
22

p(
, , , ,c·n to
ll , .-, 11'
"º 11or c<.,p ,II I0 t.'n lr nd cmO '> ,1c, rclc1 c; <1 C' ', InIIrna ,, 0 nti·c, .
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r· el a c.o n<:.ciênciJ (' ,; fl l (\ l1,

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11 ,10 podc>m '> C'r rn tend 1cl o'.> co mo mero'; envelope,; Dr ilC0 I do com Chc1rn onr,

0 tr)•mo
· r.rwclore
· s1~11 1/icJ umo al1v1dad e d1ng1d c1 no
_ se nt ido de· rri cirn
, 1n11ac1.1
e )'>'.:>''ílrda
( . ' .
em su,1 total idade, pelo lerêlpeuto , ndo se ndo v,s t,1 co mr) ; Jfn,1
,c,ll za cao ou aç;JO 11t Iva do pac iente, mas apcnJ s como uma at ivi cl ,,cle C')n
c()· tu al, uma atual 1z acc:10 de imag ens do pen<;Jm e:,nto no mundo cJ ,1s co i·,;is
/\ ,11)orcJa9em terr1pcut 1co ocupac 1onêll . po r def1111ç,10. 1mp l1c,1 e obi iu-1
0
tic,o dr at 1v dadfls como cond1c;ao sine qua non pêl r,1 uma intervençc1o tr r,lPt'u
1

1·e,.1 C\í)r>c:1f.ca. que pode ser vista por meio el e dua s ve rlentec,
• Primeira qu Jndo o terapeuta ocupa cional d1agnost1 ca ,:i s c,1rcnci,1s cJr
qtJ r. padece seu clie nt e, 1nd 1ca materiais e o qu e Íc1ze r dele<:. E qua ndo
se p11vdeg 1a a fa la em detrimento da ocupa ção . O terapeuta 1ncl 1cr1 L1mr1
c1 t1v1cJacie. quan do a fala se vê cortada ou insufi ciente Nesse ca'>o. 0
cl1cn1 e C?xecuta o qu e lhe mandam fazer. Su a práti ca é uma c1 tucl çc1o
(acttng -m) . e o objeto concreto pla smado nessa qu alidad e de respostr1 ('
entend 1cio co mo um mero envelope, pois perman ece alheio ao conceito
de quem fez . Ass im, o objeto concreto e a at ividad e são meios, posto
qu e o objeto interno relaciona -se de modo subj etivo com o ex terno. po,s
a ideia do cliente vê-se pro ibida de ag ir como uma totalidade.
• Segunda : qu ando o terapeuta ocupacional e se u clie nte iden tificam
as carências existentes, juntos escolhem o material e o qu e fazer dele
Assi m, o cl iente rea liza a sua ideia, e o objeto plasmado se torna uma
atua lização do obJeto interno, posto que se relaciona com o primeiro
de modo objetivo . A ideia se vê autorizada e estimulada a mani festar -se
na sua total idade . Sendo a prática do cl iente uma açã o, a at ivi dade e o
ob1e to co ncreto são um fim em si mesmo .

Por tanto , envelope (dad o bruto da experiência) sign ifica a correspondcnc .1 1

'> UbJet1vc1 da represent açã o do objeto interno com o ex terno . em fun ção de '.ler
uma simples execu ção da ind icação do terapeuta . O co nce ito so se real 1Ztl ck
íato na correspondénc 1a obietiva do objeto interno com o ex tern o Ess-1 co:
rcspond encra. qu e cha mamo s de atual iz açã o (obieto mesmo da expt'ricn, ..i
~ a rea l,zaçao da 1de1a do paciente.

A', at1v1cJr:1 drs sa o propm tas técn icas elo terapeut a que pocll'rll ) L' 1 ,c•.il i
i a dd ·, rwlo pcJc Ic•11l0 co m l1bercJ acl e so bre materi ,1I <, pl iF,lico<. t·' lt"r t,iri1t·111•1'
/~lJcJJ1U() !":. IP cJ dCj t1 l r (, CUll',( l(' r)(i,l el e 'il , cio ll1lli1cl o (' d e '> l lrl 'i 1l'l,H,Ot''>
l)r,,,,,d Í() rr n.1. nz1 lc•r,.1111a Oc L1p ,1c 10 11.il o '> l tJ C'l !L) U ld obJL' lü'- l('l,l Li,Hl,Hk,,
,) ',('(i',dJil iddd(• jl.l l d , por ll l( 'I () d(• ll1 !1 ,) l (''> j Hl ', I,) m o ll lid C''<. pl t'\\ cll 'll' , l' l)LII
rn" 11 J rir · u 11 1<1 rt", f 10', l i1 li H' ril , il . frnrnr1 1 ',<'
\1 ri1 ull <l l H',h t' <0 11 c o n u l , lfll L''> , C'\~, i ~

í(:'> P U', ld', ((J,HJU 1lcJ t r1 1cl r •1 ,1'. 11 ,l <l ll tcl lirl,)d("' r
fl(jll clntO j)l' ff)).}l) C'(C' (.' J)) 111 111 1·
0 pt:n', drr 11 •11l cJ ri d o p,'l '>'> cl dC' 1dc'r il 1d.icl c• r, .io <,C' dcJ r 11CJ rx tcrio ,, ,il cLin Ç,l
a rC'ri l1dc1d C'

h,,
Teori,:1 de Ru i Chamone 23
·· · ··· · ·· ·· ···· ···

Não se pode, portanto , entend er <,e rnpre e a prio ri as Jlividaci es co mo


meca nismos de subl imaçâo e cJ lív10 de angú stia pura 0 simp lesmente, sem se
co nhecer o modo de abord ag em do prof issiona l. 1

Especificando a Teoria de Chan1one


Pa rd ent endermos melhor toda essa linguagem e a relevânc ia desses concei-
tos , é necessá rio, antes de tudo , entrarmos em contato direto com a teor ia
de Chamone.

Teoria
Em um dos últimos cadernos do GES .TO,8 algumas publ icações fazem refe-
rência à necessidade relevante e à importância cada vez ma ior da apl icação da
teoria do professor Ru i Chamone. Em uma atitude de comprom isso e serieda -
de em relação à obra desse autor, os atua is responsáveis pelo grupo expõem
dúvidas e confirmações acerca do assunto .
No texto Relato de uma Experiência - Pensando a Teoria Chamoneana ,
Carolina Couto da Mata (2007) 9 expõe de forma mu ito clara esse reconhe -
cimento quando busca dissecar a defin ição de Chamone acerca da Terap ia
Ocupacional.
O autor define a Terap ia Ocupacional como um modo psicoterapêut ico ,
uma abordagem crít ico-laborativa das relações humanas no mundo , na cul -
tura e na sociedade. Nessa abordagem estão envolvidos cinco elementos o
terapeuta , o paciente, os materiais, as ferramentas e os objetos concretos .
Com os materia is e as ferramentas , o sujeito-cl iente constró i objetos con -
cretos . Encontrar-se com os materiais é estar frente a frente com o mundo e
ser humanizado . Com o auxílio das ferramentas , busca -se dom inar melhor a
concretude bruta desse mundo a ser constru ído. Envolver-se nesse proc esso é
colocar-se diante de um espelho, onde encontra um outro eu , que me perm ite
sa ber de si e das suas relações .
O sujeito que se torna um cl iente pela perda da capac idade de lutar pelo
que acred ita busca outro sujeito, o terapeuta , para ajudá -lo . O terapeuta ,
então, lhe proporciona a oportun idade de resgatar a capac idade de lutar em
prol de si mesmo .9
Da Mata (2007) fundamenta a afirmação de Chamone, o qual concebe
"a ut ilização do processo natural do homem em obter conhec imento para
tratá -lo" 9 A autora afi rma qu e Chamone leg itima a Ep is temolog ia · e a Onto -
log ia.. para a compreensão do sujeito e de como o conhecemo s. Cha mo -
ne norteou todo o seu tra balho na concepção sis tema tiza da por Hegel ,· ..

·crw,tcrno ic)(j 1a - cl isci pli na filosó f1cil qu e estuda a co nstr uçã o do conh ec 1rno11to cienti fico
" On 1olog 1a -disciplina qu e se rderc à comp reen são da de fi11 1c;ào de homem
· ·Hcq,_,I 11 970 - 183 1) fil oso fo. principal expoente do 1dea l1 smo Jlern ão
24

as

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6
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'.::u r,s:;,,..,.-,e ~:o :o r-._.a ,ece~ac OS 'êC- ·ses ~


o •r~C'3SO 0 ':: C!:V S:' -çâ ~ IJO CO.--

. ~~çá: :~'a:.::_.:.2 . 2'.:-': ::2~~r:e ✓e rsus a:: . aaoe '""º O"ocesso ~2 '"â~~--:~:
·--~-- --------
Teorid de Ru, Chamone 25

Da Mata (2 00 7)" destaca as d d


- d . uv, as de muito s, quando en foca o pro cesso
de pro t eçao o c1,ente qur1nto ao _ , .
contun d ente em sua resposta .
ªº
que E'S t t: n quer mostrar. O pro fessor é
· como era nJ vid J r naciu il o que acrerl ,tava

IS\n nélo l t'1n J m c ,1 0I import,,nc, ,~1 E'> qu c~à ,,\n 1 O qu e ~r•


con hece é o 1nd iv,uu
,J
o veia ,
co m o e qu e '>C' t r> rn con ,e,{ 11
c, a ) Eu tenl
· ,o · ·
consc ,enc 1a a partir· ci o qu e eu penso d r m im
Do ci ue eu penso . eu faço o ob1eto. que exponho a m1nhét
crit ica e à do o u t ro E isso o qu e importa, po is o suie, to co -
nh ece o qu e não q uer mostra r (sua pr ópria doença) e d ev(:'
ter esse d1re1to , ma s ,s so não anula as afirm ações fe11as. O
que se vê no obieto do 1nd 1víduo é o próprio 1nd 1v1duo . isso
se conteúdo e forma fo rem sin ôn imos Sou o qu e faço , o
que faço sou eu . E isso que você vai observa r. Se a relação
fo i montada no deseJo do pac iente e na sua intenção . tudo
o que ele fizer será ele Se a relação fo i montada em cima d o
deseJo do te rapeuta , tudo o que o pac iente fizer d irá respei -
to ao terapeuta e à qual idade de sua rel ação com o mesmo .·

Procuraremos sintetizar, na medida do possível , a teoria constru ída por


Cham on e, facilitando o seu entendimento . Em seu livro Terap ia Ocupaciona l
Ps iqU/á trlca - Aperfeiçoamento ,' 1 publicado em 1984, o autor expõe toda a
sua traj etória de pesquisa , pois não é possível a formulação de tal abordag em
sem um profundo conhecimento do homem , comentado por filósofo s, soció-
logos e outros estudiosos .
Então , reconhecemos o sujeito como um ser em ação no mundo , dotad o
de um inconsciente, que se expõe no momento em que manipula materiais
externos, que traduzem o seu mundo interno, trazem à tona seus aspectos
mais internos . Todos os seus aspectos mais interiores e íntimos são consta -
tados , in loco , pela ação da Terapia Ocupacional , no uso da ati vidade como
fim em si mesma , de uma forma crítico-laborativa das relações humanas no
mund o e, portanto, de modo psicoterapêutico .
Até aqu i procuramos descrever os aspectos ma,s importantes do pensamen -
to de Chamone e das vertentes de sua teoria . Não perdemos de vista o uso de
materiais e ferramenta s, elementos básicos que compõem essa teoria e têm
um significado importante no processo metod ológico desen volvido neste livro .
Importante cita r, também , o processo da tríade terapêutica , que existe
apenas no processo da Terapia Ocupacion al , composta pelos elementos : te-
rapeuta , paciente e atividade . As atribuições de cada elemento dessa triade
estão bem definidas e distribu íd as . O terapeuta assume o papel de mediador
e atua com os s1gnifi can tes/s ignif1cados do cliente na identificação e concei-
t•Jação dos símbolos plasmados du rante as sessões terapêu ti cas , em forma de
leitura do produto . Reafirma , assim , a importânc ia do papel de mediador do
tera peuta ocupacional durante o desenrolar do processo da relação terapeuta
versu s pacien te e pa ciente versus atividade .
26

rlcJ er as es pec1 f1c 1d ades do objeto co ncreto ten1 un,


Con h ece- r e enle - Va e
s,o n,ficat 1\ 0 para o apre nd izad o , pa ra a ap l1ca çao e pa ra o ente nd imento c.ic,
- · 1 posta po r Chamom:i .
oue e a Tera pi a Ocupac1ona pro
· /.\te aqu i o o bJE- t IV O fo i esclarecer a ideia ce n tral d a relaçao te rapêut ica G: L,

pac ,o nal Aoor


.;) a , vamos dis correr sobre o s outro s elem ento s, t ão irnport an te)_
quar~o esses

MaLeria is
.'..l.com pa nhan do a teori a cJe Chamone , o ma te rial es tá sempre pr esen te no
proce sso de t ransfo rmação do cl ient e, pois é a maté ria - prima para a constru-
ção do obJeto concreto . No material é plasmado e gravado o qu e o clien te
pe nsa de si mesmo .
Nes'.">a pe rspectiva, Vazquez (1 977) 3 traz com muita proemin ênc ia os as -
pectos da teo ria ma rxi sta , comungados pelo professor, quanto às concep çôe-;
de matér ia- pri ma . M arx propõe que o sujeito que transforma a mat ér ia-prima
bruta está . na verd ade, t ransformando o mundo . E que esse potenci al equa -
cionari a a socied ade de maneira ma is justa e com complexos processos de
trocas e ma is-valias ao material transformado e agora útil ao sujeito . É co m
muita propried ade que ele demonstra como os materiais influenciam em todo
aspect o hum ano modificando comportamentos e costumes .
Para Ostro w er (1984) , ' 2 o homem dotado de condições naturais experi -
menta e t radu z todo o seu potencial na transformação de materiai s bru tos
Na teo ria de Chamone , exi stem dois tipo s de materiais . Um é externo,
con creto , ru de, grosseiro ; o outro é denominado material interno , abstra to .
decorrente da capac idade de construir-se a si , ao mundo , e de expl ica r as
rel ações ent re ambos _

Os mate riais externos exercem importante papel na rela ção terap êutica
ocupac iona l quanto ao s se ntimentos que traduzem o material intern o, que
emerge tant o no clie nte quanto no te rapeuta . As significações que recebem
de um e de o utro são os m d d · • • . , .
e ia ores 1nic1a 1s da relação terapeut1ca
_Deixamos pa ra fala r so bre materiai s mais adiante quando abordarmos J
ana lt 5.e d e mate rial no deco rrer cJ es ta obra . ,

Ferramentas
Sab'::' sr: qu e a me lho r ferr am t> · , . ·J ,e
_ - n ta c.iu e se tem e o p rópri o corp o , o t1ma Pª '
rJrG d uz ,r ·, e e manter-se Sa b , a,s
, e -se l amb em qu e o h omem e o anim al co m 111
1
r;r ,r~d inf,.rn c,a df- rnc11o r cJ - ren1
, ., ' epend en cia e fr ag il1cJ ad e Enláo , antes d e se
/1 ,la, rumr1 UíTtc) Cí ldÇc1(J ::i lh ' I f ,-nen
,,
l c,, pu,us11rn \(·( e ornp ,
' d
~ ª nü co rpo e as sun s n eces s1clad es , as erra
e
r.., r rc.: en itl c.1 s co m o u n1 a cx tf~n sâ o p ara êlprimoramento
,1,r.:_ 1c1 l11 t:JÇuü d v mc><. mo
(y., '-'.1u do ', so tm- fc-rr - tu
d _ J cJ - dITiPn t d<, ta rnb é_. m se es tend em à Filosofia e aos cs
v, e ú l"',0n·1olv 1m(}n to ,--, d a f -
' un ça o d é.l a rte .
27

l)c a( o,ci o corn 1 1... ( IH' r (l CJiU ), o IHJ1 11 c' 1n '><' 1o rn ot J h o rn C'rn c· rn l un ç;w
de')<;(', 111·, l1t11nc,nl o'> , l,l / (' 11d o w C' pr ocltJ ll nd o <,(' ,1 ' " rnr:", fn<J O ~iulo r (j (' f1n('
Íl'ri.1in c nl t1 ( oinü lii1 1, 1 toI ... ,1 u l1 11m c. urnpl C'xo d<· <(J l'>.l', q 11<· o 1,,1b <1lh tJ do,
colc11,1 c' 11 !1 c ">I e ,3 111,1 tc'> 11c1 '-U hr c ,·, qu ,1 1ele c x0ru-! -i<·u 1r,1hcJ lh o .
11-,l·I 1c r ( 1983 ) c1 f Ir lll cl q ll í' ,1 íc.•r r J nw n ld u Ili 1zr1d,) , l'X ter,o r au or<J ,H11c,mo ,
pode '-1..'r t1oc.idJ po 1 ou 11 ª" mtJ1 s cf,cazcs, mas qu e, cm tocJ a sua (.',<l r: ns,j o,
tc, t' o , 1i;J('rll J pJr tir clc:1 nC'ccss1d acJ c do sujei to r refl ete c,e u prórrio ca ráter
DP~"C' modo e:, qu e o cJ rvão , e por extensão a ca neta, especia liza as ponl as
do ':> dedo-; 11a escr it.1. A fac a e o garfo es peciJ l1z am oc, dentes . A enxada alon·
g,:i ,1 ,, lava nca qu e é o braço . O sa pato es pecia liza a so la dos pés A ro upa
e119 ro sc:,a a pel e frág il e ca rente de pelos . A astronave concre1 1za ac:, asas da
imaginaçã o.
També m aqui o que se vê no mundo externo fo i conhecido, anteriormente,
no mundo interno . O homem não cr ia ferramenta s inúteis e diferentes de seu
co rpo , necessidades e fantas ias, po is estas são as med ida s do mundo .
A ferramenta externa é a imagem concreta daqu ilo que se percebe inter-
namen t e do corpo . O que está fora é igual ao que está dentro . É assim que 1

Chamone ( 1990) contribu i para o entend imento das ferram entas, relevante
tóp ico no processo de desenvolvimento do rac iocín io terapêut ico ocupacional

Pac iente e Terapeuta


Sem clien1e e terapeuta , os processos não aconteceriam . Pela importânc ia do
assu nto , Chamone ( 1988) escreveu o livro A Relação Terapeuta -Paciente / qu e
disco rr e sobre a forma çã o dessa relação e de tudo que envolve uma ligação
como essa.
Define assi m esse encontro :

À rn ecJ ida qu e o encont ro terapêut ico é uma rC'l ci ç,10 ho


mem-hom ern , quando a simpl es presença de u m al ter,-, o
compo n amento do out ro, podemo s clcf 1n 11 a rela, 210 T-:_,.
rapeut a • Pêlc 1en te co mo se ndo um enco ntro ciur busc,1
0 hom em, qu ,rnc.lo ,1ss1 m o cl C'>PJ,H, µ11 111 P110 p,Hcl "'· an tt",
que l')Jr,1 a '> 0< 1cdade. e qur ,E' pa s,a df' r, tro ele urn t~'.i [) élÇO

próp ri o, 1 ]

Pa ra Chamo ne (1988), essa relação dá início a uma séri e de sit uações per
tinentes e influentes durante toda a in stalação do processo . Em seu livro .
discorre c:,ob re a empatia do primei ro momento da en1rev1 sta pacien te versus
terapeu ta si gnificante para Jmbo s e tamb ém so bre a con form ação do settmg ,
abo rdando aspectos éticos, co mo seg urança int ern a e seg urcinça ex terna , re-
lacionados ao grau de confia nça es tabelec ido na relação .
Alén1 cJi sso , faz relatos pertinentes ao processo em si . pelo qua l pzi ssam o
cliente O tam bém O terap euta. qu and o des taca a angL1stia vivida no tr;,t,, 111 en-
. 1 ( 1 ' IJ ' li ,, 1/ l Ji
28 ('( tJ ' ·
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1-;-, lllll o ..,e E" ,l c nd c é10 process o l c rcJpêuti co ocupa
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c 11.-11 11 0 11 c c. hc1m o u de lrí,1 d e : terc1 p euta versus paci ent e versus r1 l ,viu acJc:
0
p,o ll',')O r 1r,1z c'> tucl os 1mporl,rnt cs para d co mpree n sa o d esses aspec tos, C'x

pl1 c 1nci o co rn o oco , rc o C<; tc1bclcc im en to de ca d a e ta p a e cJi sco rrcncJ o sobr 0


,1 s, Iu ,1ç,10 Irn p,1I drsse tipo tric1n g ular d e relação qu e só aco nt ece nc1 Tc rap,a
Ocup,1 uona l.
O ,1utor ain da situa as m ediações ocorrida s na relaçã o terapêutica ocupr1 -
c1011a l cm l1 es 1n stJncia s. A primeira , que conceitua d e cJb strata, oco rre do
cli en te para a a tividad e, in stalando -se no mom ento da esco lh a do s m a tena,5 e
cias ferra m entas . A seg unda , chamada de concreta , se desenrol a entre cli ente
e terapeuta , durante o processo de empa tia e simpati a . E a t erceira e última, a
tran sce nd ental , se instala no momento f inal do produto entre cli ent e e objeto
co ncreto . Aqui , o cliente percebe, de modo crítico -laborativo , qu e algo ex,sle
Cha mone denomina essa relação triangular de pirâmide , a qu al es tabelece
o vinculo d e identificação do sujeito com a atividade, materi ali zado pela ação
e traduzindo o objeto concreto . O objeto concreto conta com a part ,c,paçáo
ati va do sujeito no processo de leitura , significando , assim , sua s ind ividual,
da des . Proporciona ao sujeito um encontro com o seu fa ze r, o qua l o retratci

Objeto Concreto
O obJ eto concreto constru ído a part ir dos materiais e co m a u tili zoçáo das
fe rrame ntas é compreendido como o problema a ser re solvido .
O substantivo obj e to vem da palavra latina objectum , us sul.J slcint,vo
masc u li no que no se ntido próprio significa ação d e pôr ad iél ntc ; no se nti ci o
fi gu rad o . trad u z-se por propor, expor; e no sent ido passivo signifi cc1 o ícrecer
se, ap rese ntar-se . E mai.s, o substantivo latino objectus é a tra d u çao
. d•1 p ' il ' w r,1
1
grega , prob lema , ou seja , aquilo qu e es tá co lo cado di ant e de (JLIC'f1l olh,i l
111 I
qu e opõ e obs tác ulo s. E o probl em a em vern<'l culo signifi ci: 11 0 qu r 110 " l'

., a, q ucs tao
rr,«:, - nao
- 'i O
j .
vid a, o obj· e to dP d1· sc u sscio
.
ern ql1dlqu cr / ll iil ll' c/ll
< (li

r:.onhc>cr rncn to 1

1 l( l
/,;,, lilr! riJILJ (,J •,o hrc cl 11npo rl ,l ri cia d a cl rtf' l' '> l lc) flm r , 10 ltilil <,O llrc ' d ( ' V( l ti l.,•
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rp J (~ ú', o ll l (J ( (" , ch,,rn,im e/ (' ex pc' ri 0n c1êl J.1 co n ... tru \ ,) 0 do, Jlfll(hilt l'i 1,11,11~
rJrj prr;ct·'.'> CJ v1v1cJo p elo <,uI c·rl o
Ú1Í<•rr•nl( •1nr r1l c rJ )' ' 0 ' 1 h " " ' (l t' j )()I', (' ~('
'- ( , clllllll , ll <,, o om c rn pl,IIH'J,l, p (' f) '-; ,l (.. li'
r IJ l ,i f , , p Í l , _, n r, , . . , I 1> rod l 1
-'· '~ 1:JJ rrH ' nt u r o qu P POCTL'riamo .-., ch~1m.1r d(' 1d C'1cl , (' ',l L · c
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l 1n a l ',(: n ,1 0 r ( '\ t lt I l . r' xr< t 1 ( ,
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... ... .. 29

fs•,e processo , tr anspo r trido í) ,Hil d c1ê nr: 1,1 , com 1J rn rr•-~ ti ll,1ti<J frr,,1!, rr•n
I ··:ic.Jo cm u m se tting tc> r a r {'u lr co , l o r d (' rl()rTlln d do p or ( l 1r) ri1ry( 1f • rjr , dw•t r;
,11- ,

rto
( O il CI
Fenan1entcJ e m ater ia l são utrli 1r1 dos na con stru çc.io rJ u ,Jrw•ro r':) nrr ,, 11)
ivlcd i,lnl J relaçã o terapeuta versus_cli e nte e também ,:i relaç,:1r; rJrJ ', IJJ(•i! r;
~-onsi go mes mo . Por mero do material , o sui ert. o '>I.:' en cont ra com 0 rn•Jr i< J'J
.Ll fl )c,, co ncretud e brut a a ser humani zada , qu e o ferece a ,:_, le d p0-;r,rbdrd ;-,<Jr.
de co nciliar, em um objeto concr eto , poten cia lid ;:i cJ cs e lrrn 1t1;s f:.. f1: rr arni--!r,t?.
rdlete a especialização do corpo humano , ern qu e o su1 e1to se subme tr• 2;-, 1,: 1-,
da nat urez a para melh?r dominá -la . Construir o obJ e to concr e to é co locar ',(·
d,ante de um espelho . E ver-se a si mesmo como o o u t ro e, n esse movrm <::n !rJ .
conh ecer-se e modificar- se . Colocar-se corno o outro para to rn ar- se, el e: f,:,;ro .
1
diferent e do que se é.

Considerações Finais
Nes1e ca p ít ulo foi dada a oportunidade de se entrar em contato com a teona
de Chamone para melhor compreender os conceito s nela envo lvido::; Foi 1m
portante e necessário fazer essa viagem pelos caminhos desse conhecim ento ,
um a vez que utilizamos muitos conceitos que fundam en tam a basE: da teoria ,
trajet ór ia de Rui Chamone .
Podemos, assim , fundamentar o desenvolvimen to da Teo ri a da Análise d e
At ividades definida como o raciocínio da Terapia Ocupa cional , especificar a
ativi dade co mo objeto da profissão , repassar conceito s d efi nid o res e escl a re -
cedores de sua utilização , como materiais e f erramen t as, b em como espec1f 1
car melho r e de maneira histórica o conceito de objeto co n creto

Re fcrências
Charnone RJ O obJeto e a es pecificidade da terap ia ocupa cional Belo Hori zonte
Gl::S .TO, 1990
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-½ ( 3 1
,.,-i . :" 0 1: P RI . A rela çã.o terapeut a-paci en te - Notas introdut óri as Belo Honz on i c
G[::; TO : 988
9 \1 ,·1 .~ <f· --·- nr,eia
, t d • .a - Pen':.ó nd o a terapi a ocupacronal Ch arnonc a-
o r, um.:3 experr Pnc1
~'1 ~ d-ici•r:0:: rl e t,:.,r ap,a oc updc1on al Bel o Hori zont e· GESTO . 2004
Terapia
Ocupacional
me ·todologia e Prática

2ª Edição

Claudia Pedral I Patrícia Basto s

1256603 Ac . 192 133


E:< 2 l'UCC C li Nº Pat. :T.3974
t;,l' ,~ -
Capítulo 3

Análise de Atividades _ Como


Co1npreender uma Incrível Trama

················ ··•····· ········ ·•··· ········ · · · ··· ·• ... . . . ....... , ... •. •.... .... . ·· · ····· •· · · · · ............ . ... , . ... · ···· • •0, 0• • ·· "

Introdução
··· ··· ····· · ·· ··· ··· ···· · ···· ·· ····· ····· ······ · ······ ·· ······· · ······· ·· · ························ ·······

Conceitualmente, a intervenção da Terapia Ocupacional implica o uso obri- V 1 " •

gatóri_o de uma at_ivid~de que nã~ s~ represen_tará o discurso do sujeito, mas 1 ) :

tambem a concret1za.ça.o_çj__~ ~, por meio da conhecida tríade terapeu -ri')


_tª versus aJividade versus_ Qient~. O papel do terapeuta ocupacional é facilitar
ao sujet{o sua-co n..s.tmçâ..QQ_Q~!!º , criando possibili9.9 ~~s ~a~ en~fisaç-ª.o
en_t re o sujeito E; o_oqjeto criado; nesse caso, espera -se que o objeto criado
- 1 - -- --- -·
reJlita ení ins,ght par1icula c
Esse processo ter~p~utico volta -se para 9 _t,:_qnsfocrnaç_ão ~o sujeito por
mei_o__da elabor9 ção conceitua i_ de suas relações com o mundo e consigo
-- f"!:l~~mo . O sujeito percebe a exis!~ng a da i__r:1~en_~ion_aji dade em todos os seus
movim entos, sejam menta is e/ou motores, como resultado da relação entre a
vontade e a liberdade.
Dessa maneira , o sujeito passa a assum ir postura s e ideias cada vez ma is ' ,'
compatíveis com a sua forma de ser, como parte real de seu novo modo de
expressão.
A partir daqu ilo que é vivido, surge a possibilidade do conheciment; :'-en-
fim, a cond ição de concretude da exi stência humana .
Partindo do pressuposto de que a atividade é real izada em um momento '
~~ífico, durante y_r11 _t~07po _det~ minado, em ~m espaço própri~com _ u~m,
objetivo estabelecido, por um sujeito singular, é possível inferir que esse pro-
ced ime~toir~-~erar possíveis mu-danças não só no contexto ambiental , como
no próprio sujeito .
Para o proced imento de anál ise de atividades, con sideramos que o termo
ocupacional se refere ao emprego do tempo, da energia , do interesse e da
. . - Metodologia e Prática . . .. . . ·•·,
Terapia Ocupac1ona_l_............ ..... ....... .... .. .
32 . .. . . . . . . . . '····· . . . .. .
.. . . . .. . ,. ' . . ... ····· ... . . . . .. .
.

. . obJ·etivQJie_des~volve~ apacidade de adant _


dosuie1to
- como _- . . , ---~ _açao
atença 0 ~ - -1 construção e expressao de 1de1as propria s. 1
e de desempenh'2! para ª . .. _ . ; ~ · :.:::.:.J
,. . .d des é resultante da 1dent1f1caçao da historia ocupacio 1
A analise de at1v1 a , . na
. . d t d das características de sua demanda , da analise sucinta d
do su1e1to, o es u o .. o
i material a ser utilizado e de sua aplicabilidade .
L_ A análise de atividades é realizada com base no que se pensar çJesenvolver.
Por isso , é importante que O terapeuta ocupacional tenha vivenciado cada
material e ferramenta em uso para que sua indicação esteja bem fundamen -
tada quanto aos efeitos que a atividade poderá causar.
. ! , .
uma vez que não há limite de expressão, po1s ,o pensar e 11vre, anterior ao
fazer e gerador de consc iência ) é preciso envolver outros elementos que par-
ticiparão desse processo terapêut ico ocupacional, para facilitar a construção
de novos conceitos de realidade, ou seja, material , ferramentas e o objeto
concreto .
Na Terapia Ocupacional , a subjetividade dos conflitos internalizados é gra -
dativamente expressa na med ida em que o sujeito concretiza e external iza sua
intenção pelo fazer.
Durante todo o processo da análise de atividades, é importante entend er
os conceitos de todas as palavras que em geral usamos pertinentes ao proces-
so . Todo conceito leva à formulação de uma ideia, um pensamento ou à sua
defin ição . Os conceitos não se constroem de forma aleatória , visto que para
que haja uma adequada comun icação é necessário um mínimo de codificação
entre os seres .
. Com ba se nas Resoluções nill 8, 81 e 136 do Conselho Federal de Fisiotera-
pia e Terap
- .
ia Ocupacional
.
(C 0 fft1 o), a ana, 11
. . .
se de at1 .
v1dades é um procedimento
terapeut1co ocupacional utilizado para :

[. l elaborar o diag nóstico terapêutico ocupaciona l, com -


preend ido como aval iação cinético -ocupaci onal , sendo eSla
um processo pelo qual , através de metodolog ia e tecnicas
, · -
terapeuticas
· · . . são anal isadas e es tu dada s c1s
ocupac1ona1s,
aIlerações ps·ico- f1
·s1
·co-ocupac1o. na1.s, em todas as sua~ ex
pressões e pot enc,a . l'd
I ades, ob1
.et1.vando uma 1.nterven r~ rlO
terapêutica espec,•r·ica e prescrever basea do no cons1ª1,do'
na ava liarão · é · .
" cin -t1co-ocupac1ona l. 1 1

Pa ra melh
. or comp reensão d . . r ri
co mposiçã o de s esse procedimento é import ante co nllccc
uas partes co m 0 . - /J
vra e qua l a sua rei - entendimento do qu e vem a ser cada Pª
açao com o pro
A pr1lavra ana li sa r . . . . cesso terapeu tico ocupacional.
li sign if 1ca 1nves tig 0 b . , . . tua·
za rm os o termo an , . ar, servar com minuc1as . Ao conteX
,, d
ª ecompos,çao . _
de
ª ise, enco ntramo s, no d1c1onano
1 . . , _ . · ·ção:
a seguinte defini ·
a t - um todo em su , ./h C
na ureza , as fun ções " as partes constituintes para con hecer
0
características intrínseca. Aexam_e de cada parte de um todo nos leva às suas
s. at1v1dade t . ual1·
raz em seu boio, por sua vez, a q
-
A nálise de At ividades Como Comp,-eencler uma lncrr'vel Trama 33
· ··· ·· ·· · ··· · ······· · ······· · ·· ·· ······

dade ou o estado de ser ativo . Si gn ifica que ativo está relaci on ado a estar vivo ,
a ag ir ou ao modo de vida.
Prosseguindo em nosso rac iocín io, o ato aparece como resultado da qua-
lidade de ativo . Ato, no dicionário, é tudo aqu ilo que é feito ou que se está
fa zendo, ação . Logo, o ato está relacionado à atividade e, portanto à anál ise
de atividades.
Com essa defin ição, a anál ise de atividade fragmenta uma ação humana
para determ inar sua complexidade e utiliza materiais e ferramentas, aplicando
fins terapêuticos .
Sobre esse assunto, vale observar alguns autores:

Uma das capacidades-chaves do terapeuta ocupa cional é


sua habilidade de anal isa r as partes que compõem uma ati-
vidade, visando usá-las em benefício do paciente, dando ên-
fa se ao seu crescimento e desempenho. Desta forma , num a
aná li se passo a passo, pode-se sentir o processo laboral , o
que é essencial, até que o terapeuta se sinta fam iliarizado
com ambos : a natu reza da atividad e e sua potencial idad e
como meio de tratamento .4

Procedimento que tem como objetivo possibilitar o conhecimento da


atividade em seus pormenores, observando-se assim as suas propriedades
específicas [ ... ].5
Fragmentação da atividade em componentes para determ inar as funções
humanas necessárias para se realizar uma atividade.6
Esse instrumento, inerente à nossa profissão, quando nas mãos do cl iente
tem o mesmo caráter cognoscit ivo e cultural que o das metáforas, ou seja ,
passa a ser um brincar, um ente envolvente, que habilita a criança no enfren -
tamento de suas dificuldades.7

[ ... ] se antes a análise de ativi dad es era feita para explica r o


seu valo r no en frentamento dos fenômenos sintomático s,
[ .. ] a exau stiva aná lise era desenvolvida para determ inar a
capacidad e qu e teria m para eluc idar fenômenos intrapsí-
qu icos.4

Dado qu e essas ati vidades sã o numerosas e diversificadas,


tanto em qu alidades co mo em possibilida des, dependendo
da perspectiva de análise que tomemos, é possível desenhá-
/as num sem-fim de caracterí sticas, enquadrando-as em
di ferentes final idades . Aí qu e sempre esta remos faze ndo
red uções ou recort es para qu e elas se to rnem instru mental
da clínica .8

Chamone (1990) 9 desmembrou esse conceito com elementos como a fer-


ramen ta, o material e o objeto concreto, que enriquecem e proporcionam
Terao a Ocu,~~c- ~~-ai_ ~ -~l e_I_o~~-l~g:~. e__ P'.~_L_,c_a
34 .........
· ...... . ... .

ma no va visão, uma vez que permitem a interação de todo


u __ s e1es co rno
de uma compos1çao . Parte
Hagedorn (2003 ), ·o em seu livro Fundamentos da Prática em Ti .
-1· d · ·d d
,v.cional afirma que a ana 1se e at1v1 a es " envolve fragm erap,a Ocu.
r- , entar ern
pon entes (tarefas) e sequências, observando seus componentes ~0 rn-
. 1· d t · 1 t ~ · estave1
e situaciona 1s, e ava ,an o seu po enc,a erapeut,co ". Para a . _ s
,. •· . - . ap 1icaçao d
analise de a L1v1 dades, a autora sugere uma atençao preliminar a . ª
. . . o con teudo
básico da at1v1 dade, para um melhor entendimento de suas caracte , .
. , . nst1ca s ou
propriedades, considerando alguns elementos bas,cos :
■ Grau de complexidade da atividade .

■ Se a at ividade é estruturada ou não .


■ Defi nição dos fatores específicos que compõem a atividade .

■ Aná lise da sequência do desempenho de tarefas e sua característica fixa


ou fl exível.
• Tipo de desempenho necessário para a realização da atividade.

Como compreender a análise de atividades, se a abrangência ou o signi-


fi cado do termo atividade, no contexto da Terapia Ocupacional, ainda não é
m uit o claro 7
Para a rea li zação da análise de atividades, esse termo , que é o principa l
elemento, passou pelo crivo de uma árdua pesquisa . De acordo com qualquer
dicionário, atividade significa ativus, oposto a passivo, e quer dizer ação . Ora,
se atividade significa ação, aquela ideia distorcida sobre atividade, como um
pensamento condensado ou limitado de lápis/papel, jogo educativo, música,
crochê etc. , fica sem sentido, pois a ação tem o significado de agir. E como
t oda ação produz um pensamento em verbo podemos então melhor contex-
tu alizar a atividade para fazer, pintar, escrever, desenhar, dançar etc.
O homem , a partir de sua prática , antecipa -se a ela , prevê, planeja sua ação
e a mod ifica no contato direto dela sobre a realidade material. Ao final des-
se processo prático-reflexivo-prático, o homem modifica seu próprio plano,
incorporando os dados adquiridos na experiência prática , ou melhor, tantoª
re alidade ma t erial (o que é dado) pode ter sido transformada quanto as rela -
ções soc iais, as concepções, ou ainda o próprio homem . 11
l r de-
Portanto, insistimos bastante na ideia de que a análise, ao sign, ,ca
co m po r, cria um pensamento que define a análise de atividades como decorri ·
posição da ação . É complexo pensar em tudo isso, ao mesmo tempo
qu e essa deco mposição simplifica e obJetiva todo o raciocínio , embora _Pª
e:
com I t ~ O · - essa nos,
_P e ar mesmo se1a necessário pontuar que para a ação sao nec
en tao , materiais e ferramentas .
De d M o ais con·
s e ac ona ld ( 1978) 12 e Spackman (2003) 13 até os autores m le-
t em po râ neo s f I d , · d t Odos os e
, ª a-se e tecn1cas e processos, assim como e . . dos
m entas presente · - - I·dent1f1ca
s na intervençao terapêutica . Muitas vezes , sao ns
e com entado b. - to Algu
" s como am ,ente, adaptação , habilidades, movimen ·
--

Análise de A t ividades - Como Compreender uma Incrível Trama 35


·· ·· ··· ·· ·· · ······ · · · ·· ··· · ··· · ···· · ··· · · · ·

estudiosos já conseguem identificar e aplicar uma estruturação de raciocínio


clínico, correspondendo ao desenvolvimento do processo com início, meio e
fim da utilização da análise.
É possível pensar como um terapeuta ocupacional só com a ut ilização do
raciocínio?

Raciocínio: uma Organização Cognitiva Necessária


··· ········· ·· · · ···· ·· ·· ··· ··· ··· ···· · ·· · · ····· · ··· · ····· ····· · · ·· ········· · · . ...... .

Antes de falarmos sobre o raciocín io é imprescindível que tratemos da razão .


O termo razão é frequentemente usado em vários sentidos no nosso coti-
diano . Costumamos dizer que utilizamos a "razão " para atribuir "motivos" ou
"causas" sobre alguém ou coisas.
Quem já não ouviu falar na célebre frase de Pascal :14 "O coração tem ra -
zões que a própria razão desconhece." ?
Desse modo, uma vez que o coração, as emoções e a razão são o intelecto,
entre a vida emocional e a atividade consciente existe a razão . Então, consciên -
cia é razão .
No momento em que se passa a observar, é possível verificar que a razão
é considerada como a luz do conhecimento, motivo que nos leva a ag ir e
falar; portanto, somos seres rac iona is e, com vontade racional , fazemos uso
do raciocínio .
De acordo com Chaui (2002), 14 o mundo ou a real idade é um conjunto de
significações ou de sentidos que são produzidos pela consciência ou pela ra -
zão . A razão se constitui na realidade, ao passo que sistemas de sign ificações
dependem da estrutura da própria consciência. A razão é razão subjetiva que
cria o mundo como racional idade objetiva . O mundo tem sentido objetivo na
medida em que a razão lhe dá sentido .
Qualquer processo do qual se tire uma conclusão a partir de um conjunto
de premissas, válidas ou não, pode ser chamado de raciocín io.' 5
Segundo Girardi & Quadros (1988), 16 raciocínio é o ato med iante o qual a
mente, por meio do conhecimento de uma verdade, chega ao conhecimento
de outra , utilizando uma proposição intermed iária conhecida . Trata -se, de
fato , de um processo que vai do conhecido ao desconhecido. O raciocínio é
um discurso mental . Implica algo desconhecido que precisa ser encontrado .
Por isso é importante relacionar conceitos e ideias para resultar em algo novo
dessa relação .
O raciocínio é cons iderado um dos principa is "combustíveis " para a cria-
tividade. Trata-se, portanto , de uma característica inerente da raça humana ,
que possibilita a interação com um mundo de ideias e fatos vivenciados para
ª promoção de novas ideias. É com essa capac idade de imaginar que o ser
humano consegue formar ideias, o que o liga diretamente ao ato de cr iar ou
de ser criativo .
36 Tera pia Ocupacio nal - M etodo logia e Prática
. .. .. ....... ' ......... . ... . ... . ...... . . ...... .. . . . . .. . . ··· ·· .. .

A capacidade de criar ou de ser criativo permite ao homem d


, ,versos gra
de consciência e atenção . Torna -o bastante sens,vel para perceber se us
· · · t· ·b ·1·d d b mpre
vas ,de,as, imagens; en ,m , poss, 1 1 a es para uscar novas relações co . no-
e com o mundo . ns,go

No entanto , por incrível que possa parecer, todo processo criativo , d


e esor-
denado, simplesmente por não apresentar, em seu processo, uma composiçã
0
de etapas com papéis distintos, que ocorrem em momentos cronologica
men-
te definidos .
O processo criativo não é uma receita de bolo que podemos segu ir passo a
passo. Nem algo inédito que possa surgir em um passe de mágica . Cada um
de nós tem um grau de criatividade distinto do outro .
Assim , visto que a criatividade é um processo inerente ao pensar humano,
alguns estudiosos indicam o seguinte esquema para facilitar seu entendimen-
to (Figura 3 .1) :

Figura 3 .1 Esquema mental sobre o raciocínio

O raciocínio , enquanto processo criativo , ilustrado na Figura 3 . 1, ocorre


por meio de três habilidades do ser humano : análise, síntese e mapeamento
Observemos que as habilidades não são independentes entre si, mas que in-
teragem , de maneira ininterrupta , para complementar o processo . Querem;~
dizer que tanto o processo criativo quanto o raciocínio obedecem ª uma 7
. · r e cria r.
nâmica contínua . Quem já ouviu falar em parar de pensar, raciocina .
. , . . . d maneira
--t/ Para a análi se faz -se necessana a capacidade de avaliar e pensar e i-
. . .. - se poss
crft1ca, de modo a resultar em um tipo de raciocínio . Ideias, opmioe
veis so lu ções devem ser ponderadas durante uma avaliação . _
• ítica? po
1
Tod avi a, surgem algum as questões : o que é pensar de fo rma cr ar
de pens
1
. .
dena ser a capacida de de con sid erar possfveis respo sta s? O fato de
d e mo d o cri,tico
. d orrentes
nos levari a a res ultados ou mesmo a probl emas ec
uma solu çá o em pregada em um a atividade?
37
,. ······ .... ······• ·

O momento rna tivo é o d1nárn1co fr uto cfo co nJUnto d~.: ídeias ~ a in teração
cJ a análise, cJ a síntc,e: r~ cJo mr1pea rn ento, as'..ocíacJo a outro'> componente-<.> do
r, roces so cna t1vo hu mano
Como part e cJ a n.:Jturr.? za humana , o rac1ocín10 funC1ona como ''gatilho"
para desenvolver 1deia'.i rna1 s compl ex.as. É um elemento importante para o
ato de pensa r, poi s um compo rtamento 1nves tí gativo produz questões para
um detalhamento de resposta s. Assim , ao criar nova s e possíveis alternativas,
permitem-se soluçõe~ inovadoras, conceituando ~rnpre algo novo . r,lesse
co ntexto há possibilidade cJ e se esta r facilmente construindo sempre idei as
origina is em bu sca de soluções.
É interessante perceber qu e o processo de anál ise não acontece de modo
isolado, pois depende da intera ção com os outros componentes do processo
rnativo humano. Porém, mesmo desordenado, o processo criativo é dinám i-
co, fruto da compilação de ideias e da combinação desses t rés fa tores .
.----r; A síntese diz respeito a habil idade de conceber novas ideias resultantes de
um conjunto preexistente, estejam elas rel acionada s ou não. Para essa habili-
dade, onde o pensar é aberto e de dimensão ilimitada , trabalha-se com várias
soluções . Constata-se uma "espontaneidade" na apresentação de ideias e nos
relacionamentos entre ideias não observadas ou já descobertas .
A habilidade de sintetizar promove momentos de extrema imag inação . Fa -
cilita a manipulação de conceitos e ideias, modifica , adapta ou cria, a partir de
algo existente. Nesse aspecto , percebemos um constante interesse no aperfei -
çoamento de ideias e produtos.
- ,,.1 O mapeamento é o elemento-chave do processo do raciocín io. É a capaci-
dade de utiliza r aspectos específicos e comuns, abstrações e conceitos teóri-
cos, organizando-os em ideias concretas ou em um diagnóstico . Na prática,
trata -se da habilidade de transformar algo aparentemente abstrato , ou que
não apresenta áreas relacionadas , em algo real e prático .
O ra ciocínio é um processo dinámico, constantemente sujeito a renova -
ções que se ba sei am em novos fatos/p remissas, reveladas ao pensamento do
indivíduo .
O ato de ra ciocinar baseia -se nas inter-relações que ocorrem no cérebro, e o
exercício menta l produz a interação neuronal. Assim , há uma grande possibili -
dade de se ampliar a capacidade intelectiva ao se es timular o raciocínio . Tanto
a inteligência como a memória se fundamentam no céreb ro e, quanto mais se
relacionam , mais facilitam as resposta s dos indivíduos ao meio que os cerca .
Assim, Almeida (1996) 17 caracteriza o raciocínio pela aptidão do sujeito em:
• Id entifica r os elementos de um problema .
• Conceit uali za r ou co mpreend er a sua formula çã o.
• Conceber e avaliar as diferentes forma s alternatívas el aborada s para
rf::'so lvê-lo.
• f<r.: t1rar C()nc lusõrs lógicas da in forma ção forn eci da e processa da .
38 Tera p ia Oc upac ional - M etodol o?'ª. : . -~~ -t _i~-~ . . .
······ ............ .. . . . .... , . ... . ..... .

■ Utilizar os componentes relacionais nos procedimentos anteriores


■ Utilizar os procedimentos anteriores independentemente d · ,
. - o conteudo
e do tipo de s1tuaçao .
■ Avaliar a adequação da resposta elaborada considerando a esp ·t· .
ec11c1da.
de da situa ção .

Isso significa dizer que o raciocínio percorre sucessivas etapas de co h .


menta para alcan çar um conceito ou uma definição . n eci-
A seg uir, é exposto o que foi construído acerca da concepção da análise
de ativi dades , qu e é a geradora do raciocínio do terapeuta ocupacional Para
com preend ermos o processo do raciocínio voltado para a análise de ativida-
des , o rg anizamo s um esquema com os seguintes elementos: fatores especí-
ficos , fatores comuns, análise de material e ferramentas e análise aplicada.
Especi ficaremos cada um desses elementos, sua importância e aplicação:9
• Fatores específicos : representam os objetivos do diagnóstico ocupa-
ciona l para a pessoa atendida . Objetivos de trabalho a serem estimula-
do s, visando potencializar o sujeito como um todo .
• Fatores comuns : são aqueles que interferem na apl icação da atividade
de man ei ra positiva ou negativa e que podem ocorrer no período da
adap taçã o do setting escolhido .
• Análise de material e ferramentas : representa o norteador da apli-
cação da anál ise de atividades . O material deve ser reconhecido como
m atéria -prima possível de ser transformada (p . ex., papel, cola, arg ila,
mú sica , jogos, pa sseios etc.) . Devemos também cons iderar os aspectos
imateriais qu e implicam o pensamento, os sentimentos e as emoções,
levando-nos a crer que " o material está para o objeto interno assim
como o som está para a palavra " .

-~ raciocínio diferencia do do terapeuta ocupacional é evidenciado na pos-


:;1bd 1dade de aplica çã o ou indica ção da forma mais efetiva do material a ser
U
5
àdo, após ª aná lise dos fatores específicos, dos fatores comuns e do mate-
nal e da ferramenta . Por exem plo : no corte, o papel cartolina ou lixa é ma is
nd1r.:ado par;, o início do estímulo .
1

h
A,,-;írn , em relação à ferram en ta , a pren d emas que na Idade da Ped ra o
r;rr, r~m aperfeiçoava sua s mãos com a necessidade de especializá -la, e in-
F::r,t~ridr;, co mo () rim eiros exemp los , o machado de pedra , o arco e a flecha
dr- r,,:dr ;, . Conceitu a-< · . · ento do
· ..,e, assim , a ferram enta como um aperfeiçoan1
5
r,r;rr;c; , '.f: nd u r?í l<: a ma io r d e toda f C outros exemplo
s as erram entas . orno .
rJr- fr•rr,Jm r.• nt;,,, l r•mo• . lá . . ·nças, ca
' · ' · p is, cane ta, f)Jn cel, tesouras, m art elos, pi ar
flUrJr;•, r;u (Jdl, 1o· r: m . -"- . - de pen 5
, , · - uma ,m.-1 l1 sc c..J e a tivid ad es, uma boa m aneira 1,
,,1Aw: rJ.., fr,rr1,rner11 a·, (, f;11cr <JS ma rcações co m ca neta hidrográfica, a quaa
r-r,t wlA nlf; · r• I< r - f - de u(l'l
' , · J rin urriiJ C'írarnc nt a se nsível e in ad equada na m ao , is
r1 1,;r 1r.;1 p,:qu,,n,,, a·, in d1( ,Jroc., rn:Ji '.l a-i d d . ser o uso do laP
u cq ua as po enam
rn sem pre
1
( -
r J' ' rrJ r , , cJ<; <J11 rJ, , cr, r · p -
· ,i o rl ,mt o. para a análi se c..J esses fatores, deve
An,í lise de /\ l ividc1 dc s
39
Como Compreender uma Incrível _T'.ª.~ ª -
······· ····· , .

ser con siderados: tipo/co r, co nsistência, utilicJ acJ e, durabili da de, custo , setting/
inslitu içc'.lo , clientelJ , ind ica ção terapêutica, hab ilicJ acJ e e contraind icaçã o te-
rapêut iu1.
■ Análise aplicada : além do pocJer cJe observação do terapeuta ocupa -
cional, sej a no olh ar ou na escuta terapêut ica , é por meio do papel de
mediador da relação cl iente versus atividade que se aplica a gradua çã o,
ou seja , no momento da intervenção .

Na anál ise apl icada , pode-se conclu ir o curso da abordagem com o objeto
concreto ou produto, que traz plasmados os materiais (concretos e imate-
riais) , com o auxíl io das ferramentas , adequadamente anal isados para o obje-
tivo ao qual se pretende chegar.
Na anál ise apl icada , não é evidenc iado o belo ou a arte, mas o produto
que diz respeito a cada um em sua singularidade. Não cabem interpretações,
prejulgamentos ou críticas externas, mas urna atitude crít ico -laborativa de si
mesmo, na tentativa de evidenciar-se que algo existe, trazendo à consciência
de si mesmo !
Ma is uma vez , destacamos a importância da anál ise de atividades como
ferramenta sine qua non para o processo terapêutico ocupacional. De com -
pleto domín io pelo profissional de Terap ia Ocupacional , reconhecemos que
esse proced imento é o d ivisor de águas e o d iferenc iador das dema is profis-
sões (Figura 3 .2) .

Aval iação

Fatores Fatores
específ icos comuns

Objet ivos

Anál ise de Anál ise de


mate ri al fe rr amentas

Análise aplicada

...
Análise de atividades

Figura 3.2 Esquema inicial para análise de atividades


Capítulo 9 1 !

i l

1 . •

Abordagem Sobre Atividades 1

v111ª .~ .
V ida D1ar1a 11
1

da l:
1,

, ...... . ··················· ········· ··· ·· ······· ········· ·· ···· ······ ······ ·· ··· ············ ··· ·· ········· ·· ········· ········· ··· ·· ······ ········ ·········· ·· ··· ··· ····

Desde O início deste livro houve a preocupação em esclarecer a origem e a


dimensão da atividade como recurso terapêutico e seu modo de aplicação.
Tratamos de vários recursos terapêuticos e das diferentes maneiras de analisá -
los. uma vertente importante, a praxiterapia, fo i destacada em razão de sua
historicidade, origem e participação na Terapia Ocupacional como recurso te-
rapêutico. As atividades da vida diária (AVO), que fazem parte do universo
da Terapia Ocupacional , são um dos campos ma is importantes, na rotina dos
terapeutas ocupaciona is, de apl icação do tratamento.
As AVD são sem dúvida um campo de atuação do terapeuta ocupacional.
São inerentes à prática do terapeuta ocupacional e, portanto, à Terapia
Ocu pacional o uso e o desenvolvimento de técn icas para o resgate ou a rea -
bilitação das AVO e de atividades de vida prática (AVP) visando melhorar a
qualidade de vida do cl iente.
Francisco (1988), 1 em seu livro Terapia Ocupacional, destaca a carência
de reg istros sobre o assunto nos livros de Terapia Ocupacional e ressalta sua
preocupação, pois "i mportava -nos verificar, através das formas de utilização
das atividades em questão, os valores a ela atribuídos e a relação destes com
0
conteúdo do cotidiano ".
Na 5 d. -
iscussoes acerca de rot ina e cotidiano, ao considerar a abordagem
das AVD . . .
d. ' que st iona : "Será que o terapeuta ocupacional , ao reduz ir O coti -
1ano das AVD
cotidi ª meras ações mecân icas, está preparando as pessoas para 0
ano concreto? "]
Lendo s
ênf Packman (apud Neistadt 2003)2 e Oonald (1978),3 percebemosª
ase na . ,
trat Perspectiva reab ilitadora dirigida exclusivamente para as AVO como
arnento d ,. , . d . t -
Ven - ' emonstrando uma visão totalmente pratica e tecnica ª in er
Çao tera ' ·
Peutica ocupacional .
Ter·apia Ocupacional - Metodologia e Prática
216 .... ...... ......... . . ............... ... .. ...... ···· · ........ .
' . . . .... . ' ... ····· · ···· · .... ....

Nos processos h istóricos e reab ilitadores na Terapia 0cupac·


1ona 1 Ma
nald (1978) 3 restringe a aplicação das AVO exclus ivamente para ' . _e Do-
. 2 .
física , e Spackman (apud Ne1stadt, 2003) general iza as atividad d
ª rea bii1taç -
. ao
. _ es o cot1di
no, propondo que todo tratamento ou intervençao terapêutica . a-
. . ocupacional
passam por questões relacionadas com rotina e cotid iano . Em sua .
. 4
nona ed i-
ção , o livro de Spackman traz uma abordagem ampla de diferente _
. s açoes e
intervenções na área , cons ideradas por ele como desempenho ocupaciona l.
Pelo fato de as AVO representarem a aplicação de um con1·unto d t '
e ec-
nicas desenvolvidas a partir de uma série de adaptações, seja por meio da
tecnolog ia de assistência e/ou das ma is d iversas adaptações para conforto e
funcionalidade do cl iente, sua apl icab ilidade estará sempre direcionada para
a qualidade de vida do sujeito . Assim , é importante conhecer, no material pre-
parado por Spackman , os movimentos necessários e as posturas adequadas à
aquisição ou à reab ilitação da independ ência e da autonom ia do cl iente nas
atividades da vida d iária.

Terapia Ocupacional e as Atividades da Vida Diária


A formação do terapeuta ocupacional requer responsab ilidade e atenção aos
conhecimentos relativos à adequação e/ou ao treinamento do cl iente nas AVO.
Trata -se de uma área que deve ser mu ito bem desenvolvida por ser própria
do cotid iano de cada um de nós, além de conter aspectos de ordem afetivo-
emocional , como a autoestima , a vontade e os sentimentos de ma is-val ia.
Hagedorn (2003) ,5 na segunda ed ição de seu livro , aborda as AVD no ca -
pítulo "Habilidades e processos essenciais", visando anal isar a capacidade d_
e
intervenção do terapeuta . Relaciona atividades que considera fundamenta i_s
. , . d perigos real 1-
para a so b rev1venc1a, como comer, aquecer-se, precaver-se os ' ..
zar higiene pessoal , entre outras habilidades sociais básicas , e considera atrvi-
, . . s e real izar
dades de conteudo mais complexo (p . ex., cozinhar, fazer compra
.
serviços d omest1cos
' · ) como as atividades domésticas da v1 ·d a d'1ª' ria (ADVD) .
, m recurso
De acordo com a literatura pesqu isada , a utilização das AVD eu . . -0
. , , . , a atnbu1ça
sme qua non a pratica da Terapia Ocupacional . Portanto , e um ofis-
profissional exclusiva, cujo un iverso de aplicação se limita à atuação do prfou,
. , 90) desaba
sional dessa area . O terapeuta ocupacional Ru i Chamone ( 19
em uma de suas entrevistas para o Caderno GES .T0 :6 .
de i1,s1s·
. d do O fato
Não fo i po r pouco tempo - nem 1nfun ª _ . 5 0 u· de
. s n1ecan1co
trrmos o u vermo s assinalados processo sti1 1nde·
. . - dessa suP 0 t.:i
cunhas repeti tivo s ace rca da aqu1siçao . do teri1Peu
_ . . . él prát ica for·
pend enc1a . HoJe, acredi tamos que 1ra ns
. · · 1ar, cofl1 O e
ocupacional está no processo de legr tin 1a vez qu
· . · d íduo, un . do
mado r, s1lua\ões ci o dia a dia do in iv ou crran
· entand 0
0 hom em é o ser que tem de es tar irw
\ 1
1 1
co nstantemente novas so lu çõ es 6
. . .. .. . . .. . . . . . . . . . .. .. .. .. Uma Abordagem Sobr A
..•· ······ ·· · .. .. ..................... .. ... . e t1v1dades da Vida D ,
.. •· · ......... .......... .. .. 1ana 217
··· ··· · ·· ··· · ···
São poucos ainda os registros e/ou as ed.içoes
• A
_
a res ·

O
u da sua 1mportanc1a para o conhec · peito desse proced1·m
to , . imento do ter en-
ntudo, e um fato a necessidade do conhe . apeuta ocupacional
co cimento da t, . .
trâm ites que envolvem sua aplicação no t t ecn1ca e de todos
os . . ra amento e n
. ntes lesados e/ou l1m1tados em seus auto .d a recuperação de
e ,e
1 cu, ados
A importância do• tratamento por meio das AV D nao ·_
d
abilitação de movimentos ou da recuperaç- d - ecorre somente da
re . . ao e açoes d., .
(198 8) enfatiza que as restrições do cotidian 0 nao_ ianas. Francisco
1

• A • afetam as -
s mas sim a ex1stenc1a humana, essencialm t . açoes mecâni-
ca , en e a capacidad d .
i tornar seu banho, tocar o próprio corpo em t , . e e cu idar de
s, par es 1nt1mas d
as próprias roupas e assear-se em loca is do corp , , , po er escolher
o que so nos me
tirnos e podemos fazer. smos consen-
Maria Heloísa Mehry7 afirma que:

(... ) as AVD são dificultadas não apenas po bl


r pro emas de-
correntes de deficiência física mas influe . d ,
, nc1a as tambem
pelo desenvolvimento neu ropsicomoto r· d1 ·st , b. d
• ur 10s e or-
dem emocional, senso ri al e, até certo ponto, confl itos por
diferen ças cultu rais.7

Em sua aná_l'. se de atividades no processo terapêutico, 0 terapeuta ocupa-


cional pode util izar-se das AVD não só para um programa de reabilitação, mas
também como recurso terapêutico em si, rico em oportun idades de expressão
de diferentes comportamentos humanos.
Conforme fo i falado , o terapeuta ocupacional é o profissional ma is habili-
tado ao uso e à apl ica çã o das técn icas de AVD e AVP. Devido à sua mobilidade
de raciocín io, por meio da anál ise de atividades, o profissional tem consciên-
cia da importância da utilização dessa ferramenta para o desempenho de uma
atividade, bem como para sua apl icação cl ínica , considerando as necessárias
adaptações das diversas demandas ou necessidades do cl iente.
Assim, a leg islação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupa -
cional (Coffito) credencia-nos e, portanto, habilita -nos como os únicos pro-
fissiona is aptos a cumprir essa função , vedando qualquer outra profissão na
utilização dessa técn ica devido à falta de habilidade exig ida . O Coffito deli-
berou , na Resolução nº 316, de 19 de julho de 2006, que "dispõe sobre ª
prática de atividades de vida diária, de atividades instrumenta is da vida diária
e tecnolog ia assistiva pelo terapeuta ocupacional ", nos segu intes artigos:

Artigo 1º: é de exclu siva competência do Terapeuta Ocu-


. t - ava liar as habil idades
pacional, no âmbito de sua a uaça0 , _ , .
fun cionais do ind ivídu o, elabo rar a prog ramaçao terapeut1-
. mento das fun ções para
co-ocu pacion al e executar o treina
.d d de desempenho das
o desenvol vimento da s capa ci ª es .
Ativida des de Vida Diári a (AVDs) e Atividad es Instrumentais
, comp rom etidas no
de Vida Diári a (AIVD s) pa ra as areas
218 Terapia Ocupacional - Met_~~~-l~~i~. :. -~~~_i ~-~ ........... ... .. .. ... ..
·· ·· ······· · ·· ·· · · ······
. ·· ·· ···· ·· ·· ······ ····· ·· ···· ···· ' ••···

"]
1
desempenho ocupac iona l, motor, sensori al percepto .
. · cogn i-
1,'I
tivo, mental, emocional , comportamenta l, funciona l
, cu 1tu -
ral, social e eco nôm ico de pacientes.

Artigo 2º: compete ao terapeuta ocupaciona l O uso da


Tecnolog ia Assistiva nas At ividades de Vida Diári a (AVDs) e
na s Atividad es Instrumenta is de Vida Diári a (AIVDs) com
1 1 05
objetivos de:
11
1
1 1 1. Promover adaptações de jogos, bri ncadeiras e bri nquedos
1
li. Cri ar equ ipamentos, adaptações de acesso ao computa-
dor e software .

Ili. Utiliza r sistemas de comun icação alternativa , de órteses,


de próteses e de adaptações .

IV. Promover adequações postu rais pa ra o desempenho ocu-


paciona l po r meio de adaptações instrumenta is.
V. Rea liza r adaptações pa ra déficits senso ri ais (visuais, aud i-
tivos, táteis, dentre out ros) e cogn itivos em equ ipamentos e
dispositivos pa ra mobilidade func iona l.
VI. Adeq ua r un idades computado ri zadas de con trole am-
1

bienta l.
1

VII. Promover adapta ções estrutu rais em ambientes domés-


'j, ticos, labo rais, em espaços púb li cos e de lazer.
11
VIII. Promover ajuste, aco moda çã o e adequação do indiví-
1
duo a uma nova cond ição e melhori a na qualidade de vida
ocupacional.

Artigo 3º: é competência do terapeuta ocupacional, no


âmb ito das Atividades de Vida Diári a (AVDs) e das Ativida-
des Instrumenta is de Vida Diári a (AIVDs) , de aco rdo com 0

diagnóstico e o prognóst ico terapêutico ocupacional , pres-


crever a alta da terapêutica ocupaciona l.

Os artigos aprovados pelo Coffito ratificam a competência de atuação em


'
uma area que d.1z respeito
· ao terapeuta ocupacional . Em nen hum momento
se estabelece a intervenção do terapeuta somente para o desenvolvimento
de movimentos ou simples ações de autocu idados, mas, conforme fo i ,,dito~
de st acam-se os aspectos que dizem respeito ao cuidado de "si mesmo po
" · ,, ' · culo ou
si mesmo · E dessa forma que o sujeito poderá estabelecer um vin i-
retomar algum aspecto afetivo de autoestima dando início ao que denorn
nam · d ·· ' t ocupa-
. ~s proJeto e reabilitação . Só poderemos ag ir como terapeu as
0
c1ona1s e instaurar algum processo terapêutico com a perm issão do outro,
nosso cliente.
Nesse aspe t 0 h • dos fatores
c o, con ec1mento da análise de atividades e o uso .
comuns de h bld . , bientes,
,
tem uma I'
ª- •ades, equipamentos e suprimentos, alem de am·derarnos
11

igaçao direta com a aplicabilidade nas AVD . Quando consi

L
.. .... .... ........ .. ... .. ~.~~ .~~.~:~~~~~. Sobre At,v,dades da Vida D,ána
,.... ····· ··· ··· ··· ·· · 219
········· · · · ·· ·· ········ · ·

ação de material e de ferramenta , estamos falando d t d


adap t . .. e o os os ele-
a necessários para a adaptabilidade de materiais e prin •
entos , cIpa 1mente de
rn ntas a fim de promover o autocuidado. '
ferrame
ia não podemos nos esquecer de que tanto a habil,.dad
To daV , _ _ e quanto a
•al idade sao aspectos que nao devem ser desconsiderado h
potenc1 . . s em nen u-
. cunstâncIa . O acompanhamento e a avaliação devem ser t'
111a C/Í . . con Inuos,
como cond ição para resolut1v1dade de adaptações para O próprio quadro do
cliente.
Na opinião de Mehry,7 "as adaptações, artifícios ou dispositivos não devem
ser usados enquanto houver possibilidade de o indivíduo ag ir por si" . Vale
ressaltar que a prática terapêutica ocupacional sempre apresenta em sua in-
tervenção uma vertente problematizadora para proporcionar a quem a ela se
submete uma compreensão ma is ampla de suas relações com O mundo, não
como uma real idade dada, mas como um processo do qual participa como
sujeito ativo, reat ivo e transformador.
Ao falarmos sobre técn ica , precisamos padron izar as ações. Para tanto, é
preciso se posicionar em áreas de atuação para apl icação das AVD. A inter-
venção terapêutica , nesse contexto, perpassa o estímulo ao próprio cliente
quanto ao padrão de orientação.
Assim, López e cais . (2001 )8 apresentam (Tabela 9.1) um conjunto de infor-
mações relacionadas às necessidades humanas para o desenvolvimento das
AVD.

Tabela 9.1 Hierarqu ia das necessidades humanas

Fisiológicas Mantêm fis icamente o corpo (comida, água, oxigênio);


se não forem garantidas adequadamente, podem levar à
morte. O indivíduo organiza sua vida para dar satisfação
a essas necessidades e, quando elas se encontram em um
nível aceitável, devem ser consideradas as necessidades
imediatamente superiores na hierarquia

Segurança Estão relacionadas ao sentimento de segurança em seu


meio físico e social, prevenção da dor ou do sofrimento,
além de enfrentamento dos acontecimentos diários

Amor e inclusão Estão relacionadas à necessidade do ser humano de ser


amado, aceito e valorizado
Estima Estão relacionadas à necessidade de se obterem respeito e
reconhecimento como pessoa pro dut 1·va e capaz dentro de
um grupo social, desempen han do 0 s papéis esperados para
seu êxito

Autorrealização É a meta última de toda pessoa, o desenvolvimento de si


:----. mesmo e das próprias potencialidades
Fonre· ad
· ªPtada de lópez et ai. , 2001 .8
220 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
. . . . . ····· · ·· · · ·· ·· · ···· · · · ·· ·· · .. ······ ·· ····· ·· ·· ··· ···· ··· ······ ·· ··· ·· ···· ···· ·· ······ ·· ····· ··· ····· ···· ···· ··· ······ · · ·· · ··
.... ....

Nessa perspectiva, reiteramos que o programa de treinamento das


. ,t · d ,. . AVD
não requer exclusivamente a pra 1ca os exerc1c1os. Vejamos enta-
- , o, como
articular as áreas de atuaçao:
■ Habilidades funcionais: por meio da aval iação terapêutica ocu .
.. pacro-
nal pode-se ter noção das habilidades motoras do suJ·eito em a
' . . _ spec-
tos envolvidos com a real1zaçao das AVD (coordenação motora fina e
grossa , equ ilíbrio estático e dinâm ico, e orientação espacial) . o sujeito
também deve mostrar sua intenção de comun icar-se, ainda que se limite
ao gestual, com aspectos compreensivos e expressivos, bem como cog-
nitivos . O encadeamento e a coordenação dos movimentos dão sentido
e objetivo práticos às AVD real izadas pelo cl iente.
A comun icação ou a sol icitação de uma necessidade fisiológ ica é co-
mum nas crianças, e é o começo do processo de formação de hábitos e
atitudes . Qualquer dificuldade requer do terapeuta um cu idado especial
ao estímulo dessas áreas, com o emprego da comun icação gestual ou
de comun icações alternativas . Mesmo ao desenvolver o equ ilíbrio na
posição sentada , é possível real izar atividades com adaptações. Levar
al imentos à boca pode preceder o ato de passar batom nos lábios ou
pode ser aprend ido por imitação, por exemplo .
• Aspectos ambientais: para um bom desempenho, o cl iente deve ser
preparado para a sua independência func ional , tornando-se apto a con-
viver com as pessoas em qualquer ambiente. Por isso, as adaptações do
mobiliário e a sua distribu ição pela casa , pela escola ou pelo trabalho
precisam obedecer a um esquema contínuo de revisão para um melhor
aproveitamento do cl iente. O cl iente deve estar apto a real izar tarefas
em diferentes cond ições ambienta is.
Algumas modificações e adaptações podem ser introduzidas no do-
micílio do cliente visando sua adaptação ao ambiente por meio da troca
de posições e da ocupação do espaço, do uso de cadeiras de diferentes
alturas e formatos, do uso do banheiro, do vaso san itário e de pias, do
uso de escadas e/ou de elevadores etc. Trata -se de algumas ações entre
um elenco diversificado para facilitar-lhe a vida .
. , AVD O cu1-
■ Cuidado pessoal : este e um dos pontos-chave no uso das · d
. · lia de ca ª
dado pessoal traduz o processo de autoestima e de mais-va . é
Ih d'z
1 respeito
pessoa . Cuidar do seu próprio corpo e de tudo o que e . ·t·ca
. . I' o s1gn1i
cuidar de si mesmo. Tomar banho e sentir-se cheiroso e imp n-
. , . d'fI tedequa
sentir-se bem consigo mesmo. E uma situação muito eren 'lios
, . - de utens1
do se depende de alguem para realizar tais funçoes . O uso . , têm
.. de aJuda so
e roupas deve ser adaptado a cada caso . Os dispositivos e os
ssidade 5
va 1or quando usados adequadamente e atendem as nece
interesses do cliente . . ento
-
As adaptaçoes em um boxe de banheiro garantem O ª provei ta rn
h para
d ·
e toda a capacidade do sujeito para cuidar do seu propno
, · ban
t çóeS-
°·
o uso do vaso sanitário e da pia também devem ser feitas adaP a
Uma Abordagem Sobre Atividades d· v·d·
1 c1 0 1.,ana
··· ··············· ···· · ·· ·· ····
.,, ····· . , , , , , , ,,,
(1
221
· · ··· ······ · ·· · · · ·· ·

dispositivos ou algumas adaptações podem auxilia r na preensão


,Algunsetas e lápis, e são úteis para os utensflios de cuidados com a apa -
de ca n mo escovas de cabelo, ou para talheres com cabos espec · ·
, 1a, co . . _ 1a1s e
renc com fechos fácil manipulaçao.
i•oupas . . . -
. r,tação e cuidadores . o processo de onentaçao dos fam iliares ou
• oneadores está incluído no acompanhamento da utilização de recursos
cuid a rática de AVD . Deve estar pautado na definição de padrões ou
~~ p b . d. .
rvir para informar so re 1n 1cat1vos temporários de modo claro e
deve se . . , . ,
. . a fim de evitar preJu1zos ao desenvolvimento da independência
obJet1v0 , . .. .. _ .
da autonom ia do suJe1to . A part1c1paçao do cu idador sob a supervisão
e terapeuta ocupacional deve ter o objetivo de auxiliar O cl iente na
O
~ealização de atividades que promovam a sua independência, propor-
cionando os meios para que ele as execute com ma ior facilidade. Entre-
tanto, mesmo em um quadro de total incapacidade de autocu idado ou
de total dependência, sempre deverá ser considerada a potencialidade
mínima do cl iente.
Pa ra esses casos, podemos considerar a possibilidade de instalação
de equ ipamentos ou de aparelhos que perm itam ao cliente deslocar-se
ou mesmo levantar-se sem grandes esforços. Assim, o sujeito poderá
sair da cama para o sofá ou para a cadeira de rodas, e desta para o
banheiro, sem experimentar "sentimentos de invasão", de modo a pre-
ven ir situações constrangedoras e promover privacidade, autonom ia e
qualidade de vida .

Importância da Organização das Atividades


de Vida Diária
Ao pretendermos apl icar a técn ica das AVD, precisamos pensar como tera -
peutas ocupaciona is.
Com base na opinião de Mehry,7 em seu texto sobre a organ ização das
AVO, podemos entender que:

a organ ização constitu i um fator de mu ita importância não


apenas para as pessoas defic ientes, mas também para as di-
ta s "normais". Uma boa organ ização leva a uma econom ia
de energia no traba lho doméstico; este pri ncípio refere-se a
todas as pessoas. Tem -se um desgaste menor poupando ener-
gia pa ra outras atividades que talvez causem maior prazer.


Considera d
5eia na ade
° -
f
,
·
n os atores específicos a apl icação das AVD não tem barreiras;
de quaçao ou no treinamento, o uso da técnica independe do quadro
cornprom . ,
05 as etimento em si. Esempre relevante que as intervenções, em todos
Pectos do t t b. .
fun · . ra amento, sejam um comportamento-padrão com o Jet1vos
c1ona1s e d . - .
e inclusao social, o que é necessário a qualquer tratamento.
Ocu acional - Metodologia e Prática
222 Ter~~1-~ .. .... ~ ....... ........ .... . .. ... ... .... ..... ... ...... .......... .
·· ··· · ··· ······
... , .... .... .. ..... . · ·· ······ ·

Os fatores comuns interferem ~iretamente na p~ogramação do tratamen -


t o,
uma vez que determinam a açao do SUJe1to . Assim, uma boa org . _
1
. . . . an1zaçao
implica econom ia de tempo, pois quando o suJe1to real iza a atividade em
. , d um
espaço de tempo relativamente curto_se sentira e algum modo ma is "po-
tente" em comparação a outro que nao apresente o mesmo desempenho. A
econom ia de tempo também perm ite a real ização de várias outras atividades
0 que ma is uma vez impl ica ma ior satisfação . O fortalecimento da motivaçã~
é resultado do processo de autonom ia; e a idade e o sexo do cl iente são os
norteadores para orientar, gerar independência e autonom ia para a sua vida.
As habilidades são apuradas ao longo das aval iações e do tratamento em si,
1
incorrendo por vezes na necessidade de adaptações, também relacionadas
11
1 ao ambiente. O custo deverá ser calculado de acordo com as adaptações que
se mostrarem necessárias a cada quadro . Conforme fo i possível constatar, os
fatores comuns sempre norteiam e ind icam uma série de investimentos.
Os materiais e as ferramentas devem passar pelo mesmo processo de aná-
lise, de acordo com o uso, a escolha e a ind icação.
Pode-se observar a eficácia dessa intervenção quando uma pessoa com
alguma incapacidade está inserida em um ambiente inadequado. Barreiras
arqu itetôn icas podem gerar para o sujeito experiências frustrantes e desesti-
11
mulantes. Problemas em geral encontrados nos dom icílios que representa m
11
, 1
1 I
barreiras para a independência do sujeito são as habitações de portas estrei-
tas, escadas sem "corrimão ", janelas altas que dificultam a abertura, assim
como outros decorrentes de forração do ch ão, local ização inadequada de
interruptores de luz ou instalações san itárias que dificultam a acessibilidade
do cl iente.
O processo de adaptação e sua exigu idade passam pelo mesmo crivo de
apl icação da anál ise demonstrada no Capítulo 6, Aplicação da Análise de Ati- ~I
vidades. Para cada área de intervenção, o terapeuta deve ter um olhar e uma
escuta adequados às sol icitações do cl iente, que fornecerá ideias e soluções
para adaptações com base nas suas identificações, potencial idades, habilida-
des disponíveis e ações criativas .
N0 · · d acional
intu ito e entendermos melhor a atuação de um terapeuta ocup .
' d AV · ortância
nas areas e D, abordaremos cada aspecto para aval iar a sua imp
no t · d. · · nto para
s con extos 1n 1v1dual e social e adqu irir o necessário conhecime
uma intervenção direta e responsável .
Dividimos as AVD em :
• Comun icação .
• Higiene.
• Vestuário.
• Alimentação.
• Mobilidade.
• Barreiras arquitetônicas.
• Atividades diversas .
Uma Abo,-dagem Sobre Atrvid

..... .. .... . .. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · •. .. .. . . . . .. ... . . .... .. ..ª ? es_ Vida Diária 22)
' ·· · ·· · · · •· · · · ·

eo,n.unícação d • .
tal para to o o processo terapeut1co , a comuni c - , .
darr,en , . _.. _ açao e essenc1a l-
Fun . portante pela sua proprra def1n1çao de fazer saber t ..
nte 1111 . _ . _ • , ran sm1t1r e pro-
n,e A comun1caçao define padroes de compreensão e expre - .
ar . ssao, errando
pag · d de trocas entre interlocutores e ouvintes .
ul11ª re e , . f , .
s antropolog1cos se re erem a comunicação como um at •
Estu do o inerente e
. ao homem desde os tempos mais remotos . Reconhecendo
exclu sivo . . _ . -se os as-
ciológ 1cos nas man1festaçoes da comunicação das diferent f
pectos so . . . , . es ormas
organ1·zacronars da soc iedade, . e_ ate mesmo . os aspectos afetivos , salient amos
que é por meio da comunrcaçao express iva que o sujeito se faz entender e
se conhecer, mostra suas nece~sidades e ex_pressa o seu pensamento . Assim ,
fazer-se entender e ser entendido d iz respeito ao processo de pertencimento
social .
Tanto os aspectos soc iológ icos como os afetivos devem ser considerados
de suma importância para o processo terapêutico, po is estão envolvidos no
levantamento dos fatores específicos ao se abordarem as áreas sensoriais .
Quanto aos aspectos levantados aqu i, o treinamento ou o estímulo das áreas
de AVD incluem os contatos visual , aud it ivo , sens itivo e gestual . A ausênc ia
ou a supressão de alguma dessas atuações deve ser considerada e trabalhada
para que os objetivos das AVO sejam alcançados .
Os critérios de importância estabelec idos pelo terapeuta quanto às inter-
venções devem estar de acordo com a aval iação real izada para a superação
de uma comun icação compromet ida ou para o treinamento de AVD . Antes 1!
de qualquer at ividade, terapeuta e cl iente devem superar a etapa de entend i- 1

mento e constru ir uma relação empática .


Uma linha de rac iocín io pode ser segu ida para a superação do entend i-
mento :
• Compreender a linguagem falada .
• Compreender a linguagem escrita .
• Compreender os símbolos .
• Expressar as necessidades básicas :
• Fala .
• Escrita .
• Sina is e gestos .

. Após essa etapa , o terapeuta pode partir para a atuação propriamente


d1ta . Seg . _
uem algumas sugestões de 1ntervençao :
• No complexo processo de entendimento da expressão, que se mo 5t ra
de ma nerra · peculiar . em cada etapa , como por mero · d e um sotaque ou
do "d·1aleto ,, proprio
, . de cada .1n d 1
.v1'd uo, o t erape uta deve atentar para
os aspe t . . . . b do com ele os seus
. c os afetivo e cogn1t1vo do cliente, uscan , .
sign if icados e recorrendo a estes para promover a interação. O prnxrmo
1
Passo , . . · cial por mero de 1 1

e Proporcionar a inserção do cliente no mero so

1/
1 1

1
..
1
1
224 Te,-apia Ocupacional - Metodologia e Prática

l.'i .
i·J'
i! ' ··········· ·· ······ · ········ ········ ······ · ··· ······ ·· ··········· ······· · ·· ····························· ··········· ... ..
······

11
alternativas de linguagem, como dança, teatro, desenho , . .
1 i
, musica hi t ,
rias, entre outras . ' s o-
1

1 11 ■ O terapeuta ocupacional proporciona a resolução de dificuld


1
fac ilitar o uso de habilidades e potencial idades e decod ificar oasdes ª0
1

11 1
. . d . 1 ·1· - signos
1 comunicativos o paciente pe a ut11zaçao dos meios de co . _
: /, 1
. , . . _ municaçao
1
1 ,1
li Ass im, estara anal isando as cond 1çoes necessárias para O des
. . . empenho
·
ma is adequado de um meio de comun icação considerando se
' - as es-
pecificidades de seu cl iente, a fim de conduzi-lo a um programa de
adaptações ou treinamento .
Algumas adaptações podem ser feitas a partir do acompanhamen-
to de um fonoaud iólogo, por meio da adoção de vários equ ipamentos
como : aparelhos para surdez, telefones com teclado (teletipo - TTY),
sistemas com alerta tátil-visual , ampl ificadores, entre outros. Pa ra a
escrita e a leitura , podem-se fazer adaptações para a sustentação da
caneta e do papel, e para virar pág inas de livros . Nos casos de imobili-
'11
dades ma iores, podemos utilizar óculos prismáticos ou adaptações do
1
.·, método Bra ille para o relóg io. Hoje já temos à disposição moderna tec-
1

ti nolog ia, com equ ipamentos de entrada e sa ída (síntese de voz, Braille),
auxíl ios alternativos de acesso (ponteiras de cabeça , de luz), teclados
mod ificados ou alternativos, acionadores e até mesmo softwares espe-
ciais (p . ex., de reconhecimento de voz), que perm item às pessoas com
deficiência usar um computador.
■ Por último, mas não menos importante, estão as técn icas de Comunica-
ção Sistemática e Alternativa (CSA), também conhecidas como Tecno-
log ia Ass istiva . A Tecnolog ia Ass istiva , uma expressão nova, é util izada
. ·b para
para designar todo o arsenal de recursos e serviços que contri uem . .
proporcionar ou ampl iar habilidades funciona is de pessoas com defici-
ência e, consequentemente, promover independência e inclusão.

É também definida como uma ampla gama de equ ipamentoS, serviços,


1 s en-
estratég ias e práticas concebidas e apl icadas para minorar os prob ema
contrados pelos indivíduos com deficiências . e
s ou não, qu A •

A Comun icação Alternativa apresenta recursos, eletronico blenias,


perm item a comunicação expressiva e receptiva das pessoas com proranchas
A • · · - da fa1a. Sao
ausenc1a ou 11m1taçoes - muito ·1· das, atualmente,
· ut11za , . as) Pou Bliss,
de comun icação com os Símbolos de Comunicação Pictonca (PCS '
1, além de vocal izadores e softwares destinados para esse fim.
1

l, Higiene çãº
1 1 , conserva
Essa área de atuação concerne ao asseio pessoal , à limpeza e ª
1' da saúde por meio da depuração ou do ato de limpar-se. história
co sobre a da
Sobre esse assunto é interessante conhecermos um pou . acerca
. unosos
da arte da limpeza . · A Idade Média contém aspectos c
9 10
Uma Abordagem Sobre Atividades da Vid ., .
.... ... ... .. ........... .. ..... . .. ............... ..... ... . a Diana 225
.. ..
..
1
' '••·

ulação na época . Quanto às mulheres, as revel ações sã o 1


. da po P _ . . . , . , . a ar-
higiene e as crianças nao tinham privileg1os , eram as ultimas na fila para O ba -
1110nte\do a elas reservado o resto de uma água suja, o que frequentem ente
nh0, se as e alto índice de mortalidade . Os odores das pessoas em
doenÇ , . . gera 1
gerava . eram agradave1s, mas eram considerados normais . Com O d _
béfl1 nao e
1a111 . to mundial e a constatação de que certas doenças eram causad
,olv 1men , as
sen\ falta de higiene, entre os s~c~los XVIII e XIX o mundo pa_ ssou a valorizar
pela, . da limpeza . Novos hab1tos e posturas educacionais se tornaram
ra tica . h ,b' ,
a P_ um senso comum , assim como os a 1tos de higiene pessoal e social .
enta 0 , . . . , .
distorções da h1g1ene const1tu1am os costumes culturais e se relacio -
AS aos valores sociais . A higiene sempre foi praticada de diferentes ma -
navam .d d d. d
. respondendo a necess1 a es ,versas , e acordo com a organização
11 e1ras, .
. ultural e política local. As variações de costumes expressavam todo um
5oc1oc . .
•unto de condutas que inclui desde o ato de lavar as mãos até O de comer
ro~ -
com as mãos ou mesmo nao tomar banho por causa do clima frio .
Em décadas passadas, a higiene das roupas também ficava comprometida :
as lavadeiras lavavam roupas nos rios e utilizavam qualquer tipo de recurso para
realizar a tarefa , causando mu itas vezes agravos à saúde. Atualmente, em so-
ciedades industrial izadas, verifica -se a substitu ição das práticas de higiene, que
passa a inclu ir os cu idados com a hig iene pessoal de roupas e utensílios domés-
ticos, a util ização de água encanada , chuveiros e rede de esgoto, entre outros,
embora a tecnolog ia também cause a polu ição de rios, de lagos e da atmosfera.
Para auxiliar na hig iene e na limpeza , também foram criados produtos
como sabonetes, xampus , cond icionadores, desodorantes, cremes , perfumes
para hig iene pessoal , ressa ltando valores de beleza , juventude e sucesso . Para
promover a limpeza geral , criaram -se detergentes, ceras, desinfetantes, al -
vejantes, sabão em pó ou em barra , desodorizadores, pastas, desengordu -
rantes, entre outros, justif icados pelas novas necessidades para a prática da
higiene. O terapeuta ocupac ional deve ter uma visão crítica a esse respeito ao
adequar o seu programa terapêut ico a pessoas que m igram de regiões rurais
para a urbana ou até mesmo de outras reg iões ou países com diferentes va -
lores cultura is.

_ O ma is importante, além dessas considerações, é constatarmos a evolu -


çao e O crescimento da importância da higiene para as pessoas. A prática
da hi · · ·
giene fo1 conquistada aos poucos . De acordo com o desenvolvimento
neuropsic - · ·t d ·
omotor e as conquistas motoras e de compreensao , o suJel O a qui -
re conh · . ·
ecimento adequado sobre a importância do cuidado pessoal . Consi -
derando- , .
_ se que essa prát ica proporciona contato com o propno corpo , sua
adoçao co t .b . 1
· n ri ui para a construção da autoimagem e do esquema corpora '
e influen . . . , . , .
ar eia no desenvolvimento da sexualidade na infanc1a , na adolescencia e
e rnesm 0 .
na idade adulta
Cl ientes · - , h. · essoal
dev que apresentam perda de autonomia em relaçao a igiene P
em recebe · 1 m a perdas
de r muita atenção . Perdas motoras que porventura eve
autonom · · · ·d dos
'ª interferem de modo significativo na autoestima , e os cu, ª
226 Terapia Ocupaciona l - Metodologia e Prática
. ............ . .. .. ···· ··················· ···· ····· ·· ···· ·········· ······· ··· ··· ············· ······ ········ ·· .. , .,
·· ·· ·· ·

pessoa is transferidos temporária ou permanentemente a t .


erce1ros re
tam um fator determ inante de confusão mental para O client . _Presen-
e. O SUJe1to d
ser tratado cu idadosamente, sempre que possível no sentido d eve
. , . e resgata r
cu idados pessoa is, mesmo que so os consiga real izar de modo . . . seus
s1mp 1if,cado
Todo tratamento deve estar pautado pelas segu intes habilidades: ·
■ Escovar os dentes, incluindo os cu idados com próteses denta' ·
nas, quan-
do houver.
• Escovar e pentear os cabelos.
• Barbear-se.
• Apl icar maqu iagem .
• Depilar-se.
• Realizar cu idados próprios ao período menstrual .
• Cortar e limpar as unhas.

Observação : todo o cu idado deve ser dispensado para órteses como óculos
e aparelhos aud itivos, quando houver.
Quanto ao ato de banhar-se, o trabalho do terapeuta deve segu ir as se-
gu intes etapas:
■ Cuidados na parte superior do corpo:
• Cabeça .
• Cabelos .
• Face.
• Axilas.
• Mãos.
• Braços.
• Tronco .
■ Cuidados na parte inferior do corpo:

• Virilha .
• Nádegas.
• Coxas .
• Pernas e pés.
,na-
entear-se,
As atividades de cuidado e higiene com o corpo, como? . quando o
0
qu iar-se, barbear-se, devem ser utilizadas como recurso terapeutic olviniento
desenv
terapeuta pretende ressaltar a importância do corpo para 0 e/hora nas
da autoestima, do autorreconhecimento e da autoimagem, eª; de n,anei-
relações intra - e interpessoal. Todo esse processo pode ser r~aliza rivacidade
1nd
ra lúdica ou contextualizado em um passeio, sempre garant º ªE~ casos de
e a proteção do cliente diante de circunstâncias constrangedoras . lho deve ser
· traba ·o
treinamento para os quadros de comprometimento grave, 0 olaboraǪ
solicitado ao cliente de maneira clara e concisa, buscando ª sua e
e a participação ativa em todo o processo .
... ..... ....... .... ~~~ - ~~-~:~~~~~- -~~-~:: -~ -~ividades daVicia Diária 227
....· • •' ······· ······ ···· ······· ·· · ·· ·· · · · · ····· ···· .. . . , ,
··· ·· ··· · ····· ·· ·

euta ocupacional também pode oferecer sua contrib · -


0 tera P _ , . .. uIçao no pro-
facil itaçao da pratica dessas at1v1dades a sujeitos portad d d
ra 111a de . . _ ores e e-
g . ideal izando e/ou construindo adaptaçoes e propondo I
d
ficiêncIas, ,. um pano e
. ento espec1f1co .
ue1narT1
para processos de adaptação, ~~je em dia, no mercado, são encontra -
teriais e produtos que auxiliam nas tarefas rot ineiras como
dos ma . . , comer,
cozinhar, vestir-se, tomar banho, atender necessidades pessoa is, manter a
casa etc.
Quanto à limpeza da casa , quando possível , também deve ser segu ida
uma gradação na execuç~o das tarefas, começando com limpezas leves para ,
depois, real izar ações ma is complexas . O mesmo proced imento deve ser ado-
tado para movimentos de curta ampl itude ou para a utilização de objetos
mais pesados.

Vestuário
o vestuário, como tudo de referênc ia na vida, também tem sua história. A
vestimenta tem importância biológ ica e social, que inclu i desde a moda até a
função de proteger o corpo . Não se sabe ao certo quando o ser humano co-
meçou a usar roupas, mas algumas pesqu isas comprovam que a necessidade
de vestimentas se deu certamente para a proteção contra fatores ambienta is
e para a melhora da aparência.
A evolução do ato de vestir-se acompanhou as mudanças e as adequações
dos costumes, dos hábitos, das culturas, dos valores mora is e sociais.
Além de sua importância tanto biológ ica e social como cultural, o ato de
vestir-se reflete uma íntima relação entre a personal idade ind ividual e o meio
ambiente. Podemos até dizer que o vestuário é uma linguagem expressiva do
sujeito, que transm ite o seu estado de humor, de organ ização interna e até
mesmo suas man ifestações de protesto e revolta . Para algumas pessoas, o ato
de vestir-se é um exercício de criatividade, po is possibilita o uso da imag inação
e da orig inal idade na criação de um modelo ou na utilização de adornos, nas
combinações de cores e na escolha de acessórios .
No contexto das AVD, vestir-se faz parte de um processo íntimo e mu ito
próprio do ind ivíduo, seja na escolha da vestimenta, seja no modo de se vestir.
Para um sujeito se vestir será necessária uma sequência de atos que compre-
endem movimentos e habilidades específicos que correspondem ao seu desen-
volvimento neuropsicomotor. Tudo isso precisa ser considerado na elaboração
do programa do terapeuta ocupacional . Outro aspecto que merece conside-
ra - -
çao sao os afetos do sujeito, pois o vestuário pode ser considerado um fator
que garante proteção contra situações constrangedoras a qualquer cl iente.
Na intervenção terapêutica ocupacional , o treinamento pode estar associa-
do a Pro · · l ' d.
gramas conjugados com passeios, banhos de mangueira, Jogos u I-
cos em g • d · "T a
rupos, evitando-se assim constrang imentos como as or ens . ire
roupa I" "A . • 1"
· ' gora vista a roupa! ", "Quero ver voce trocando de roupa .
228 Terapia Ocupac ional - Metodologia e Prática
...... ··· ·· · .. . . . . . . ........ · · ····· · · ···· · .... . . . .... . ..... . ............ . ...... .. . ....... · ···· ····· .. .. . .
' ••·· · ·

De acordo com Spackman e Willard (2003) ,9 o terapeuta od .


tipo de programa , iniciando o trabalho sempre pela partes p e seguir esse
upenor do corpo
1 h umano .
1 ■ Parte superior, trabalhando com a classificação de
roupas :
• Roupas com abertura frontal .
i1 • Roupas com botões, zíper ou velcro .
• Roupas que se vestem pela cabeça , iniciando (a prática) com .
cam ise-
tas folgadas .
• Vestidos .
• Sutiãs .
■ Parte inferior do corpo :
• Roupas íntimas.
• Bermudas e shorts .
• Calças compridas ou sa ias de vários tamanhos .
• Calças com velcro, botões ou zíper.
• Meias de cano curto , soquete ou de cano longo .
• Calçados : de cano alto, ch inelos, tên is, com velcro e com cadarço.
• Cintos e fechos d iferentes .
ii
f r Sob qualquer circunstância, cabe ao terapeuta ocupacional observar cada

1 ~ cl iente em particular, verificando o grau de compromet imento decorrente de


sua d isfunção, que pode imped ir a execução dessas atividades, lembrando
que as habil idades funciona is influenciam toda a execução dessas ações.
O trabalho pode ser evidenciado de várias maneiras, conforme foi obser-
vado, de forma lúdica ou de acordo com o quadro apresentado, havendo
necessidade de treinamento . No mercado, existem dados e pranchas com si-
mulações de apetrechos de vestimentas, como velcro , zíper, botões, cadarços,
entre outros.
Sempre estão atreladas a esse tipo de trabalho possíveis adaptações_ou
adequações que facilitem a independência do cl iente ou orientem os cu ida-
, · 0 que
dores . Essas adaptações poderão evitar qualquer obstáculo, por min im
1
1 seja, para que o cliente cons iga vestir-se só .
1 '

1 !
1
Alimentação
1
- , . o reportar-se
Para abordar a interação entre o cliente e a alimentaçao, e preci s
l,
à importância e ao papel social do alimento na história humana . d õeS
. . . , · ois os Pª r
O alimento pode ser considerado uma categoria h1stonca , P passar
de educação e as modificações de hábitos e práticas alimentares c_om ~os não
"
d os tempos tem . " . · 1 os al1men
apresentado relação com a dinamIca socia ·
são somente objetos para preencher espaços . inclui
. 1 1· , . . ,
Af ina , a 1mentar-se e um ato nutricional, e comer e um a to social que
. NenhUf11
· t"noas
atitudes, costumes, protocolos, condutas, normas e circuns a ·
!f:
1 1

Uma Abordagem Sobre Atividades da Vida Diáriri 229


'
1 1
.. •• ·· ···· · ·· ··· ·· · ·· ······· ···· ······ · ············ ···· ···· ····· ··· ·· ··· ····· ····
···· ·· ·· ······· ··· ·· ·· ···· ········ ·· {'
1

ue entra em nossas.bocas, é ne~tro. Todo e qu~lquer alimento apre-


in1ento q h. toricidade, explica e e explicado por manifestações culturais e
al 1a Is
enta un eflexo de uma época ou de uma cultura . Nesse sentido O que
s . con10 r . ,
ocia1s, r-ne é tão importante quanto quando ela come onde com
s essoa co , e,
un1a P com quem come.
me e
coirio co ~ .a vI·t aI para o hornem não só por su
ção é um fator de re 1evanc1
alin1enta . , a
A_ organ icidade humana como processo vital, mas também na adm i-
ao na . , . , - d
fun ç ão desde funções pnmanas ate a execuçao e ações mais complexas.
nistraÇ , t d
de comer, que e um momen o e prazer, requer significativo gasto
oato .
, . devido aos movimentos desencadeados pelas mãos e pela postura
energet1co . . _
. ·to assim como aos movimentos de mastIgaçao, que envolvem uma
do suJe1 , . - .
, . d músculos e art1culaçoes. Todos esses movimentos estão atrelados a
serie e
tas como talheres, pratos e guardanapos, e essa complexidade de
ferrame n ~ . _ . .
_ tende a se tornar mecanIca , caso nao haJa Intercorrências no seu de-
açoes ·
senvolvimento . 1

Aalimentação costuma variar de acordo com os hábitos e os recursos na-


q
li~ í
turais e financeiros de cada população, o que gera diferentes conceitos e
~
particularidades quanto à al imentação de reg ião para reg ião, assim como de
pessoa para pessoa . A anál ise do ato de al imentar-se propriamente dito e dos
hábitos reg iona is precisa considerar desde o preparo do al imento pelo ind iví-
f
t
J 1
1
duo, o ato de servir-se - se autônomo ou dependente - , e mesmo a iniciativa
na escolha do al imento; essa abordagem possibilita a ampl iação do conceito
meramente físico e biológ ico da al imentação.
É da competência do terapeuta ocupacional conhecer o processo da al i-
mentação sempre o associando aos hábitos, às atitudes, às posturas e aos
comportamentos do sujeito para que possa real izar uma intervenção com
base em três níveis:
1. Treinamento do desempenho das AVD para a al imentação. Em alguns
casos que apresentam comprometimento em suas ações, dificultando
seu desempenho no cotidiano, o treinamento se faz necessário, obje-
tivando acima de tudo qualidade de vida para o cl iente. As AVD não
dizem respeito somente a movimentos mecân icos, mas se referem a
aspectos como a autoestima e a ma is-val ia do ind ivíduo . O treinamento
terá sempre como objetivo adequar atitudes. Assim, por exemplo, para
um portador de hanseníase, o treinamento possibilitará a substitu ição
da coordenação tátil-cinestésica pela coordenação visuomotora para a
realização do ato de comer o desenvolvimento de hábitos e atitudes
para portadores de paral isia, cerebral ou ainda, sempre que possível, 0
terapeuta deverá promover novas habilidades em pessoas que apresen-
tem quadros de hem ipleg ia.
AI · ··
guns passos devem ser compreend idos como autonom ia do suJel-
to em
. se u desenvolv1mento,
· · - do terapeu ta oc u-
sempre sob a supervIsao
Pacional. Todos os movimentos que se apresentarem adequados podem
edevem ser estimulados
· .
e enfatizados ·
ao cliente durante o tra t ame nto ·
230 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
······· · ··· ··· ······· · ··· ···· ··············· ·· ····· ···· ·· ··· ··· ··· ········· ················ ············ ···
' ••··
' ••·· .,,,

Ações que devem ser estimuladas pelo terapeuta na 1.


, . a imentação·
• Uso de canudos para l1qu 1dos. ·
• Ingestão de al imentos pastosos.
• Morder e mastigar.
• Mastigar pão e al imentos ma is sól idos.
• Descascar frutas ou comê-las in natura.
• Uso de copos.
• Uso de garfos para al imentação.
• Servir-se.
• Uso de facas, para cortes e pa ra servir patês e manteiga.
• Uso de colher.
• Uso de garfo e faca .
• Verter líqu ido da jarra para o copo .
• Mastigar de boca fechada .
• Uso de guardanapo para limpeza e de jogo americano pa ra alimentação.

2. Desenvolver aspectos das AVO na al imentação, com mecanismos de tec-


nologia assistiva ou adaptações necessárias a cada quadro, de acordo
com o potencial residual.
3 . Desenvolver determinadas ações como recurso anterior ao ato de ali-
mentar-se propriamente dito . Ao preparar o seu próprio alimento, 0
sujeito poderá trabalhar conceitos de quantidade, qualidade, medid_a,
peso, transformação da matéria, arrumação do ambiente, organizaçao
da mesa, preparação para servir, entre outros.

Nesse processo, algumas etapas devem ser observadas:


• Preparação de alimentos frios.
• Preparação de alimentos quentes:
r uidificadores,
• Uso de aparelhos eletrodomésticos variados, como iq 5
ta·
. f 1, . . d de utensílios (copo ,
bate deiras, ornos e etncos e m1cro-on as, e
lheres, medidores) . f O ou
. · ente ao 09
• Uso do fogão para o preparo de alimentos d1retam
ao forno .

M obilídade çáº
a movimenta .. _
O termo mobilidade significa a capacidade de se mover ou ão de 011
locomoÇ , ,fll
dos corpos obedecendo as leis do movimento. O termo 550 a de L
de uma pe
gem francesa, atualmente corresponde ao transporte
lugar para outro . . endênciª
. . te a indeP érie
O comprometimento da locomoção afeta d1retamen -0 umª 5
. . . - , d encadeara , uW
nas Av D, pois as l1m1taçoes nessa area certamente es . peito aª
d d'fI
e erenças ou alterações na vida do indivíduo. No que diz res
Uma Abordagem Sob,-e Atividades da Vida Diária
······ ············ ·· ········· ······ ············ ········ ·· ·· ····· 231 1 1'
··· ····· ···· ··· ··· ··· ··· ··· ··· ·· ··· · · · ······ ··· ···

. ·to comprometimento de locomoção afetará desde O at cJ 11


. do suJe' , O , . o e '1
non11a O acordar, ate a ,da ao trabalho ou as atividades de laze
. carna , a r.
5arr da rno em qualquer outro aspecto das AVO, a mobilidade incide di-
" s1n1 co ·· Q d
,,...s afetos do suJeIto . uan o uma pessoa sofre mudanças no
nte no 5 . . .
1etan~~do de vida e_vê ~uas pot~nc1 al1dades dim inuídas ou abol idas, os as-
seu n tivo-emociona Is envolvidos sofrem graves perturbações, podendo
tos afe 1 . , . d
pec dros de sintomato og ,a caractenst,cos e depressão. Em razão de
rar qua .d
ge . 0 sujeito comprometi o em seus aspectos motores pode e deve ser
do isso, . _
tu . do e encoraJado para a reestruturaçao do seu modo de vida, reorga -
est1n1ula , . 1 t·1
. d reafirmando os propnos va ores e sua , osofia de vida .
nrzan e ° , .
a esse aspecto, e mu ito comum que pessoas com a mobilidade
Quan to
. d. ada rnostrem alteração na autoimagem, comprometendo sua expres-
preJU rc . .
_ sua própria sexual idade.
sao e
independentemente do fato de algumas anomal ias invariavelmente deixa -
rem vestígios ou sequelas permanentes e outras serem temporárias, as fun -
ões comprornetidas só poderão ser melhoradas se houver um tratamento
~em estruturado . Segundo essa vertente de raciocín io, a estrutura de mobi-
lidade e de locomoção deve ser considerada pelo terapeuta especificamente
em relação à necessidade de cada sujeito, à sua potencial idade e aos seus
movimentos específicos.
Os movimentos podem ser mon itorados pelo terapeuta com base na se-
guinte ordem de observação :
■ Manter-se em pé com ou sem o uso de muletas.
■ Caminhar:
• Em superfícies niveladas .
• Em terrenos arenosos, desnivelados ou irregulares .
• Em rampas ascendentes ou descendentes.
• Em meios-fios .
• Subir e descer escadas .
• Posição sentada, posturas para trabalho ou alimentação .
• Mobilidade nos arredores de casa :
• Entrar e sa ir da res idência.
• Atravessar a rua .
• Andar pela vizinhança .
• Locomover-se até o ponto de ôn ibus .
• Mover-se no leito:
• Mudar de posição .
• Virar-se.
• Sentar-se.
• Desenvol ..
• ver atIv1dades no leito .
Postura .

_/·'
232 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prdt ica
· ·· · · · ······· · ·· ·········· ····· ····· · · ·· ········ ··· ········· ··············· ··· ··· ··· ·······
' ••·

■ Transferências :

• Do leito para a cadeira .


• Da cadeira de rodas para o leito ou outros acentos
• Da banheira para a cadeira .
• Para o chuveiro .
• Para o carro .
■ Movimentos generalizados :

• Curvar-se, ajoelhar-se, incl ina,--se.


• Levantar peso e transportar.
• Esticar-se.
• Tracionar e impuls ionar.
• Man ipulações .
• Empurrar e puxar.
• Acocorar-se .

Além desses movimentos, com o desenvolvimento de novos acessos aos


processos de reab ilitação, principalm ente na área da tecnolog ia assistiva, há
uma série de aparelhagen s e de adaptações próprias para a mobilidade que
possuem recursos não só para a superação como também para a melhora da
qual idade de vida :
• Auxílios para locomoção: cadeira s de rodas manua is e motorizadas,
bases móveis, andadores, scooters com três rodas ou qualquer outro
veículo que possa ser utilizado para a melhora da mobilidade pessoal.
• Adequação postural : adaptações para cadeiras de rodas ou para
qualquer outro sistema para sentar, visando ao conforto e à distribuição
adequada do peso corporal e da pressão na superfície da pele (almofa-
das especiais, assentos e encostos anatôm icos) . Nesse tópico, também
incluímos posicionadores e contentores que propiciam ma ior eS tªbilida-
de e postura adequada do corpo por meio do suporte de tronco, cabeça
e membros.
. . ,. . . .. - struturais
• ProJetos arqu,tetonicos para acess1b1lidade: adaptaçoes e
de rampas,
e reformas na casa e/ou no amb iente de trabalho . Trata-se 0
_
as querem
elevadores, adaptações em banheiros , entre outras re f orm om
- da pessoa e
vam ou reduzam barreiras fís icas e facilitem a locomoçao
deficiência. rn11-
• 1 • nicas quepe
• Sistemas de controle de ambientes : sistemas e etro pelo
. . - aci onarem,
tem pessoas com l1m1tações motoras e de locomoçao urança,
.st as de seg
controle remoto, aparelhos eletroeletrôn icos ou s1 em a e nos
. , io na cas
entre outros, local izados no quarto, na sala , no escritor '
arredores . . ·i·tam a
Ss1b1 1
• Ad ap t açoes
- em veículos : acessórios e adaptaçoes - que Pº wras, e1e·
d - d - locorno
con uçao e um veículo por pessoas com limitaçoes
Uma Abordagem Sobre Atividades da Vida D iária
. ... ........ ' . ..... . .............. .. .... . 233 1 • 1

• • ♦•
.... -·· .. . ' . . ..................... .. . ... ' . . .. . . . ' .. ... .
.. ........ .. . /
1''
1

') :-

es para cadeiras de rodas , camionetas adaptadas e outros veículo s 1

vador s usados para o transporte pessoal .


n1otore
auto
impede o acesso de boa parte da população portadora de d e-
ito cust 0 . . , . t b . .
o a
, . a esses
serviços . Por isso , e preciso er om -senso e/ou cnatrvidade n
. _ . . a
ficiencra adaptar srtuaçoes para clientes de baixa renda . Frequentemente
tenta tiva. de dequar e me Ih orar con t ex t os cot1.d.1anos com procedimentos
urmos a
cons eg
s1rnples .

. -as Arquitetônicas
sarrel1
Guerra Mund ial legou um mundo assolado pela destruição e pro-
Asegun da . . . .
ara um determ inado grupo populac1onal, principalmente 05 comba -
vocou P .f . . .d . O f .
udanças sign 1 1cat1vas em seu cot1 1ano. so nmento decorrente do
tentes, m . . A •

frentamento das barreiras arqu 1teton 1cas representou uma cruel realidade,
~:nto no que diz respe ito à saúd~ física e emocional , como aos aspectos so-
ciais, principalmente para os mutilados de guerra , no processo de reintegra - 1·
'
ção ao mero. f
1'
Na década de 1950, o d if ícil processo de reintegração de adultos reab ili- 1
1
1
tados no mercado de trabalho e na comun idade pode ser observado tanto 1
por profissiona is envolvidos no processo, bem como pelas famíl ias, devido às
barreiras arqu itetônicas nos espaços urbanos, como , por exemplo, o acesso a
edifícios, residências e meios de transporte, tanto colet ivos como particulares .
A partir dessa década , começou um processo de integração que durou prati -
camente 40 anos até a fase de inclusão social que vivemos hoje.
Em 1981 , cons iderado o ano internacional das pessoas deficientes, foram
promovidas campanhas mund iais que alertavam sobre as barreiras arquite-
tônicas que ainda exist iam nos centros urbanos e lutavam pela el iminação e
substitu ição de acessos à comun icação , com desenhos adaptáveis e acessíveis
à população deficiente .
O movimento de inclusão e acessib ilidade ganhou força e na década de
990
: , ma is fortalec ido político e soc ialmente, se consol ida na forma de po-
lrtrcas públ icas, com leis e estatutos que garantiam a cidadan ia do portador
de deficiências.
Nesse s t'Id . A • • •

ta _ en o, entendemos como barreiras arqu1teton1cas todas as l1m1 -


çoes que a5 d. d.
e pessoas portadoras de deficiência encontram no seu 1a a ra
que as irnped d .d d -
direito . em e exercer o mais básico d ireito de qualquer c1 a ao : o
client de rr e vir. Esse é um dos problemas ma is sérios e crônicos vividos pelo
e em pro .. . ..
talrne . cesso de reabil itação ao deparar-se com ambientes socrars to -
nte rnade d . b. A

dorné t· qua os para sua independência e autonomia , tanto no am rto


s rco com O
De a no espaço público .
cardo co · · ·d · d
Portad m ª Sociedade Amigos do Deficiente Físico, no cot1 rano 0 1
l
b or de def . A • • - • 1
,

ªnheir _ icrencra as barreiras sao inumeras : escadas, degraus a to 5 ,


os nao ad .
aptados, buracos nas calçadas, portas e elevadores estrei -

/
234 Terapia O cupacional - Metodologia e Prática
····· · ··· · ······· ·· ······ · ··· · ·· · ·· · ·· · .. ... . .. . ... . .. . ..... . . . .. . · ···· · ··· .... ·· ····· ·· ·

tos, má conservação de assoalhos, localização inadequada .


telefones públ icos, ausência de gu ias de calçadas etc de interruptores
.. · Outras b . ,
igualmente restnt,vas para pessoas com capacidade fí . arreiras são
, . s1ca reduzid .
que portadoras de lesões temporanas, (p . ex., uma perna f a, ainda
ratu rada)
pessoas em situações especiais, como idosos, obesos e , .d . ' ou Para
9ravI as igual
atingidos pela inadequação dos transportes coletivos e/ou mente
pe Ia ausên ·
rampas de acesso. eia de
Na Internet, existem sites de defesa dos direitos da pessoa
. .• . . portadora de
def ,oenc,a nos qua,s podemos conhecer e divulgar normas e · f _
,n ormaçoes
de natureza geral para a sensibilização do cliente sobre a política de def
para reintegração ao meio social. Isso da rá cond ições pa ra uma inclusão~:
maneira ma is efetiva e real.
Os símbolos a segu ir identificam os ed ifícios e as instalações que não pos-
suem barreiras arqu itetôn icas. São locais que, ao permitirem o acesso de
pessoas portadoras de deficiência, estão garantindo constitucionalmente 0
exercício da cidadania e do direito de ir e vir.
A Associação Brasileira de Normas Técn icas (ABNT), por meio da norma
NBR9050 intitulada Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências a
Edificações, Espaço, Mobiliário e Equ ipamentos Urbanos, procu ra fixar pa-
drões e critérios que propiciem cond ições adequadas e seguras pa ra o acesso
r.
r: autônomo de pessoas portadoras de deficiência a ed ificações, mobiliários e
equ ipamentos urbanos.
/.

1 A Diversidade das Atividades da Vida Diária


No dia a dia, são muitas as AVD que executamos a cada minuto de nossas
vidas . Desde a hora em que acordamos, podemos observar que real izamos
movimentos simples e importantes que constituem o nosso cotidiano.
Essas atividades mantêm íntima relação com as AVD e se moS t ram in~is-
. • . d sua realizaçao.
pensáveis apesar de não nos darmos conta da 1mportane1a e
, . r e usar toa-
Por exemplo, abrir e fechar portas, abrir e fechar torneira s, pega . e
_ - ·d· tão s1mP es 1

lhas, abrir gavetas, acender e apagar a luz sao açoes cot, ,anas
usuais que deixamos de valorizá-las . es·
d. iamente os m
Podemos considerar que as pessoas desempenham ,ar adversos
mos tipos de atividades cotidianas . Porém, há momentos e lugaresara ações
. • ·· diferentes P
que exigem a utilização de instrumentos e d1spos1t,vos xernplo, o
de um su1eIto,
· · o que Imp
· 11ca
· - d t
a execuçao e are fas distintas. Por e .tu a-
/quer s1
. em qua
ato de abrir uma porta consiste no mesmo mecanismo ovirnentos
- · olvendo rn e
çao, mas os aspectos arquitetônicos podem variar, env f haduras, qu
. • . para ec
e forças diferentes, ou o uso de dispositivos eletronicos
dispensa o uso de chaves. . . u hábito 5
, . . . . o e modifico sas
Alem disso, a evolução tecnológica invadiu o cotidian rações. E5
. ·d pelas ge
e atitudes da sociedade em geral, que foram absorvi os
.... 235

1 1
1'
ológicas servem de alerta para os novos conteúdos d . , 1

õeS tec n . o racrocr -


,,0vaÇ , . 0 ocupacronal :
11, peut1c
·
r,10
re~ 1 b .
d ,i1ésticos, por exemp o , su strtuem o trabalho braçal f
Eietro o no s a aze-
• d casa assim como novos produtos de limpeza reduzem f
,-es a ' _ o es or-
- a manutençao das casas . Vassouras, por exemplo pod
o para , em ser
çsubstr·tuídas por aspiradores, além.
de uma enorme quantidade d
e no-
vos eletrodomésticos se~ ofere,cr~a no comércio , como espremedores de
létricos torradeiras eletrrcas, forno de micro-ondas bated ·
trutas e ' , erras,
ras de pratos, entre outros .
lava do
• Ferramentas não convencionais permitem o seu uso sem restrição, como
abridores de lata e garrafas, despertador, rad iorrelógio, secretária eletrô-
nica , entre outras .

Ainda que ta is avanços sejam importantes, é necessário que aval iemos de


modo crítico a extensão e o duplo significado que pode adquirir a utiliza -
ão desses modernos recursos tecnológ icos na vida cotidiana . Devemos estar
~tentos para que a máqu ina não se sobreponha ao exercício das funções
criativas e laborativas do homem .
Na Terap ia Ocupacional , cons ideramos a independência do sujeito como a
capacidade de se autodeterm inar na execução de toda e qualquer atividade
(humana) . No âmbito das AVD , o terapeuta prec isa estar atento às AVP, que
correspondem espec if icamente ao autodesenvolvimento e à contribu ição ou
inclusão social no processo de automanutenção do sujeito, d irigidas a ativida -
des de produção e de trabalho .
Atualmente, as exigências estabelec idas pela sociedade para o mercado de
trabalho são de um perfil e comportamento adequados que possam garantir
ao sujeito a sua segurança e a participação na vida de trabalho .

Atividades da Vida Prática


As AVP representam as atividades do cot id iano d irig idas à vida de trabalho , no
contexto das relações de participação , inclusão e ressoc ial ização no mercado
de trabalho e na comunidade . Embora a literatura não seja clara quanto à
sua dimensão, entendemos que as AVP contidas nas AVD compõem a fun -
cional idade, as adequações socia is o autocu idado e a mobilidade, conforme
ex p1icaremos
·
a segurr:
. ,

• Fun · · . · f
_ cionahdade : nas atividades de trabalho , exrstem movrmentoS, un -
çoes necessárias e específicas ao mercado . O papel das AVP é codificar
esses movimentos, listá -los e promover, instalar ou recuperar essa fun -
cional idade:
1 1

• Manter-se em pé. 1

• Deamb 1 -
• u açao em diversas superfíc ies .
Postura sentada .
• Curvar-se .
236 Te,-apia Ocupacional - Metodologia e Prática
· ···· · · ······ ·· · ······· ······· ····· · ··... . ···· ··· ····················· ········ ·· ······ ··························
······ ·······

• Ajoelhar-se.
• Inclinar-se.
• Levantar peso e transportar objetos.
• Esticar-se.
• Tracionar e impulsionar.
• Manipular.
• Equ ilíbrio dinâmico e estático .
■ Adequações sociais: os papéis sociais deverão ser desenvolvidos no
decorrer da vida de qualquer pessoa . São efetivados com a educação
doméstica e perpassam para o meio social pelo desempenho de papéis,
mostrando-se adequado de acordo com cada ambiente ou grupo social.
Kielhofner (apud Ferrari) 11 · 14 desenvolve sua teoria da ocupação humana
afirmando que o sujeito deve atingir, no seu desenvolvimento, o papel
a ele destinado de um ser ocupacional. É, então, efetivo um papel ordi-
nário ao âmbito do trabalho, sendo visto como o papel do profissional
ou trabalhador:
• Hábitos e atitudes domésticos.
• Hábitos e atitudes do trabalho .
• Relacionamento interpessoal.
• Respeito profissional.
• Autonom ia e iniciativa ao trabalho .
■ Autocuidado: a relevância do autocu idado é, sem dúvida, importante
em qualquer situação, não sendo diferente e menos exigente no am-
biente de trabalho . A aparência c/ean , hoje requerida pelos empregado-
res, diz respeito até mesmo ao uso de barba e/ou bigode.
• Cu idado com a aparência.
• Hig iene pessoal.
• Limpeza de roupas.
• Adequação de vestimentas.
• Aparência clean .
• Cu idado com os cabelos . bili·
. 'bldade
11 de mo
■ Mobilidade: como especificado nas AVD, a 1mposs 1 _ mer·
0
dade interfere de modo decisivo na vida do sujeito. Em relaçao ª
cada, ela se torna fundamental.
• Autonom ia e independência de locomoção interna .
. . _ trabalho.
• Autonomia e independência de locomoçao para 0

Referências ·· •• '
,,,. ·· ···

.., ········.. , . . ·········· · ······ ········ ····· ····· ·· ··· ····· ·


,,

l . Francisco BR . Terapia ocupacional. Campinas: Papirus; 198 8- . ed. RiO de


2 N ·st d . oonal. 9·
· ei a t ME , Crepeau EB . Willard & Spackman - Terapia ocupa
Janeiro: Guanabara Koogan; 2003 .

L
Si§~ -
/
Capítulo 12

j\uálises Prontas de Materiais


e f errarnentas

............. ........ .................. ............................. .... .. ............................. ..................... ······ ······• ........ ....... ... ... ..... ..•·

Introdução
······ ·· ·· ············· ·· ······· ··········· ························· ······· ··· ········· ·········· ·····
Neste capítulo apresentamos anál ises de materiais e ferramentas já previa-
mente estudados.
Escolhemos os materiais e as ferramentas ma is usados para a atuação em
Terapia Ocupacional , busca ndo fa cilitar a compreensão do raciocín io. Vale
ressaltar, entretanto, que essas análises fazem parte de um todo, de um racio-
cínio complexo chama do de análise de atividades (Figura 12 .1).

¼, I
Anãlise de material e ferramenta

r--

. Setting /
Indicação
institu ição Cli ente Habilidade Contra indicações Características
terapêutica
r--- ~

--
.~
Fig Ura , _
Cor e t ipo Consistência ~ ,abilidade 1 Custo J
2 1
Esquema de análise de material ou ferramenta
308 Te,-apia Ocupacional - Metodologia e Prática
·••· ·· ···· · · ....... . ... . · · · ··· ·············· ·· ························ ····· ········· ······ ··· ···· ·· ··· ·· ···· ··· ····· · ··· ·· · ·· ·· · .. .. ,

Análise de Materiais
· ·· ·· ··· ··· ·· ············· ····· ··· ···· · ··· ···· ············ ··· ····· ······ ···· · ········ ··· ·······

Palitos de Picolé (Arredondado e Quadrado), de


Churrasco ou de Dente
• Setting ou instituição: sem restrição para o uso.
• Clientela : crianças acima de 5 anos de idade, jovens, adultos e idosos.
• Habilidades: coordenação motora grossa e fina, força muscular, cria-
tividade.
• Indicação terapêutica : oficinas praxiterapêuticas, trabalhos de coor-
denação, atividades da vida diária (AVD), criatividade, área mental,
cogn itiva .
• Contraindicação terapêutica : aparentemente não apresenta con -
tra ind icações, com exceção dos pal itos de pontas finas para institu ições
do sistema pen itenciário ou asilos.

Características
• Utilidade: apresenta diversidade no âmbito das AVD, da al imentação e
no aspecto artesanal. Nas atividades criativas e de motivação, serve para
molduras, trabalhos de criatividade com crianças, colagem , pinturas e
para montagem de jogos.
■ Cor e tipo : cor da madeira ; os pal itos podem ser de dente, de picolé
ou de churrasco .
■ Consistência : duro e res istente.
■ Durabilidade: relativa . Para estoque tem durab ilidade boa , e para tra-
balhos real izados necessita de manutenção .
• Custo: ba ixo .

Observação : pal itos podem func ionar como ferramentas, de acordo com
sua função .

Massa de Modelar
• Setting ou instituição: não apresenta restrições .
situ ações
• Clientela : pode ser usada com crianças, jovens ou aduItos em
específicas .
. f muscular e
• Habilidades: coordenação motora grossa e fina , orça
criatividade.
. · menta 1,
• Indicação terapêutica : criatividade, áreas motora, cognitiva,
lazer ou lúdica .
• Contraindicação terapêutica : aparentemente não há .

od
Análises Prontas de Mate_.
e i1
a1s. , ,,e Fer·ramentas
,. .. . • . • .. .. • .. .. .. .. . .. .. . . . • .. . ..
.. .. .. .. .. . .. • .
. .. .
,
309
···········
• • • • •
... 1
· • •\

/ .. .

rísticas
e~e te
a . ·dade: massa
uul1 .
.
-
, .
a caracter1strcas
.
fabricada para fins lúd icos, apresent
_
• , ,. s para man1pulaçao com as maos na realiza çã o d f . .
roP 11ª . e ormas rnat1-
p pode ser usada mais de uma vez .
vas.
tipo: a massa de modelar do tipo cera possu i c .
cor e _ , ores vivas tem
• . oleosidade e nao mancha . E comercial izada em c . d '
baixa a1xas e 6 e 12
cores .
istência : ideal para modelar elementos com maior con • t ' .
, Cons s1s enc1a
suas características da massa de cera . '
por
, ourabilidade: a massa de cera não endurece, preservando assim as
suas características .
, custo: relativamente ba ixo .

Biscuit (Porcelana Fria)


1 setting ou instituição: consultórios, instituições asilares, Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), oficinas terapêuticas e de produção.
, Clientela: jovens e adultos.
, Habilidades: coordenação de movimentos finos, força muscular ade-
quada, rapidez e habilidade pa ra manuseio com a massa .
, Indicação terapêutica: desenvolvimento de habilidades motoras ma is
finas, criatividade, trabalhos praxiterapêuticos, lazer e trabalhos artísti-
cos.
• Contraindicação terapêutica : não é ind icado pa ra cri anças com
idade igual ou inferior a 1O anos. Cl ientes sem habilidade pa ra a sua
manufatura pelas características da massa e pela preparação para uso.
O mau uso aca rreta trabalho sem qualidade, po r ser um material de
secagem rápida .

Características
• Utilidade: modelagem, decoração de vasos, potes, quadros. Custom i-
zação . Usado para fazer bonequ inhos, ímãs de geladeira e vários tipos
de enfeites.
• Cor e tipo: encontra-se no mercado a massa pronta, branca, que quan-
do seca tende a ficar transparente. Já encontramos à venda a massa de
biscuit em cores variadas. A massa pode ser fabricada em domicílio ou
em consultórios, e ser tingida em segu ida; além disso, pode-se tingir ª
Peça depois de modelada . É uma massa do tipo massinha de modelar
que, depois de seca, endurece como porcelana . Por isso é chamada de
Porcelana fria.
1
Consi stência : macia maleável e modelável, e pode end urecer no
m ,
ornento da moldagem .
31 o Te,·apia Ocupacional - Metodologia e Prát ica
· . ... .... .. ..... ···· · ·········· ··· ····· · · · ··· ·· · ·· ·· · ····· · · ··················· · ·········· · ·············· ·· ······ ·· ··· · · · ··· ··· ········ ···· .... ,

■ Durabilidade: para que a massa não resseque, deve sempre ser conser-
vada , protegida em um saco plástico e armazenada dentro de um pote
de plástico, mesmo quando estiver sendo usada . A massa pode du rar
quatro meses se estiver bem acond icionada em um saco e dentro de um
pote de plástico . Ressecada , perde sua consistência e, após secar, perde
sua utilidade.
■ Custo : relativamente alto .

Massa Epóxi
■ Setting ou instituição: consultórios, institu ições asilares, CAPS, ofici-
nas terapêuticas e de produção .
■ Clientela : jovens e adultos.
■ Habilidades: coordenação de movimentos finos, fo rça muscula r ade-
quada, rap idez e habilidade para manuseio com a massa, destreza .
■ Indicação terapêutica : desenvolvimento de habilidades motoras ma is
finas, criatividade, trabalhos praxite rapêuticos, área motora, lazer, tra-
balhos artísticos, desenvolvimento de aspectos musculares e força .
■ Contraindicação terapêutica : não é ind icada para crianças com idade
igual ou inferior a 1O anos . Cl ientes sem habilidades para a sua manu-
fatura devido a características da massa ou pela preparação para uso.
Cl ientes com comprometimentos de coordenação, de força muscular
e ou com alerg ias .

Características
■ Utilidade: colagens, selagens e soldagens dos ma is variados tipos de
materia is, como porcelana , concreto, vidro, cerâm ica , ferro , aço, latão,
bronze, alumínio, pedras, bijuterias etc.
Pode também ser utilizada na co nstrução civil para , por exemplo, au -
xil iar na fixação de portas, cabos, canos ou fios. Também pode ser usada
para preencher cavidades, além de ser ideal para colagens de cantos ou
quinas quebradas de pias ou escadas .
Usada intensamente pelo setor de artesanato em função de suas ca -
racteríst icas ún icas de flexibilidade, plasticidade, moldabilidade e tempo
de cura ideal para trabalhos artesanais.
. . , . S s dois com -
■ Cor e tipo : apresenta cor acinzentada apos a mistura . eu ,
. \mente ate
ponentes devem ser misturados em partes iguais e manua ' de
171
que a cor do produto fique uniforme (cinza mais claro e se traços
massa branca) .
. d o111ponen-
T1po massa epóxi biocomponente : massa em que um os e . . e
- , 1711nera1s,
tes da formulaçao e uma resina epóxi carregada com cargas m
0 outro é um endurecedor do tipo poliamida, também carregado co

cargas minerais .
Análises Prnnlas de M
. .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . alena1s e Ferramentas
..... .. .... .. · .... ·· 311
··· · ·· · · · ·

. tência : apresenta certa dureza , mesmo ant d .


corisrs .. es a mistura A ,
11 mantém certa maleabilidade, apesar de ce t . . · pos ª
,istura , . , r a rigidez, toma d
11
forma
endurecida apos secagem e podendo ser lix d
h
n
ª a, se necessário·
°
h para secagem e 24 para secagem total.
Leva 2
ilidade: como todo produto químico dever' .
• oura b . . , a ser mantida em
rnbalagem original , afastada de crianças e an· . , .
sua e ,. , imais domest1cos
duto não e 1nflamavel. Para sua boa preservaçã .d , ·
O pro o, o I eal e que o
uto seja estocado entre 18° e 30ºC. Desde que m t·d .
pro d . . an I as as cond i-
·es indicadas, o produto possu i validade de dois anos a t· d
ço _ par 1r a data
de fabricaçao .
• custo: relativamente alto.

Cola Branca
1
Setting ou instituição: sem restrições de uso.
1 Clientela: não apresenta restrições .
1 Indicação terapêutica: para cl ientes de todas as idades, excetuando-
se os que apresentem alerg ias.
■ Habilidades: motoras.
• Contraindicação terapêutica : não apresenta .

Características
• Utilidade: a cola branca fo i desenvolvida visando, principalmente, ao
seu uso pelos estudantes e pelas secretárias. Sua principal utilidade é
de fixação, ou seja , serve para colar papel , papel-cartão, papelão, car-
tolinas, envelopes, selos e materiais porosos. Também é utilizada nas
misturas de fabricação de massas do tipo biscuit e papel machê.
• Cor e tipo: branca . Évend ida em potes de 250ml até 1L.
• Consistência : líqu ida e pastosa .
• Durabilidade: o produto não é inflamável. Éisento de substâncias no-
civas à saúde e, portanto, é atóxico . Para sua boa preservação, o ideal é
que o produto seja estocado entre 18º e 30ºC. Desde que mantidas as
cond ições indicadas, o produto possu i val idade de dois anos a partir da
data de sua fabricação .
1
Cu st0 : relativamente ba ixo

Tintas de Tecido
1
Setf . , ·
. mg ou instituição: consultórios, escolas, oficinas pedagog icas, pro-
• fissional izantes e terapêuticas, institu ições asilares e carcerárias e CAPS.
Clientela : jovens, adultos e idosos.
312 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prát ica
·· · · ·· ··· · · ···· ·· ·· . . . . .. . ···· ·· ·· · · ··· · · ··· · · · ··· · · ·· ···· · ···· ·· · ···· · ·· · ·· · · · ···· · ·· · ···· ·· · ·· ·· ·· ·· ········ · ··· · ···· · · · ······ ··· ····· ·· ·

■ Habilidades: coordenação motora fina , habilidades manuais desenvol-


vidas, cu idado com o material , noções de tempo e espaço, senso de
estética , detalhamentos.
■ Indicação terapêutica : trabalhos praxiterapêuticos, estímulos da área
motora , detalhamentos, estética , autoestima . Desenvolvimento de aspec-
tos profissional izantes e autonôm icos, lazer.
■ Contraindicação terapêutica : pacientes hosp ital izados e crianças
com idade igual ou inferior a 1O anos, em geral, pelas propriedades do
material .

Características
• Utilidade: tintas desenvolvidas para tecidos de fibras natura is de algo-
dão não devem ser utilizadas sobre tecidos sintéticos ou engomados.
Além de pintar e ting ir tecidos, também é usada para colorir, pintar
e ting ir massa caseira de biscuit; além disso, pode ser usada de modo
informal em telas.
• Cor e tipo: é comercial izada em 63 cores foscas, 6 fluorescentes, 8
metál icas e 12 de glitter.
• Consistência : são tintas desenvolvidas para tecidos de fibras naturais
de algodão, não devendo ser utilizadas sobre tecidos sintéticos ou en -
gomados; são líqu idas, flu idas, trabalhadas com água e resistentes a
lavagens.
• Durabilidade: material de consumo , sua durabilidade possu i val idade.
• Custo : alto.

Tinta Artística ou Artesanal do Tipo Acrílica


• Setting ou instituição: consultórios, em processos específicos, CAPS,
oficinas pedagóg icas e profissional izantes, institu ições asilares e carce-
rárias .
• Clientela : jovens, adultos e idosos.
• Habilidades: coordenação motora fina , habilidades manuais desen-
volvidas, cuidados com o material, noções de limite, senso de estética ,
detalhamentos.
• Ind icação terapêutica: trabalhos praxiterapêuticos, estímulos da área
motora, detalhamentos, estética e autoestima . Desenvolvimento de as-
pectos profissionalizantes e autonômicos, lazer.
• C~ntrai nd icação terapêutica : pacientes hospitalizados e crianças coni
faixa etária igual ou inferior a 1O anos de idade, de modo geral, eni
virtude das propriedades do material.

Características
• Ufüidade: ideal para pinturas em tela . Não é tóxica, tem secagem rá -
pida e é solúvel em água . Quando diluída com água, pode ser utilizada
An,iliscs Pronla ', ele tv1 t ,
...... . ...... ........ .. . . ..... .... ................... '1.. r:-_ri .11 _, e f crr ,i rncn l,t, 313

aquarela . Também pode ser utili zadil p ,:-ir,i lr:ib


co' 110 - 1- d ( alho~ Jrlí'it1( O'i r•
ei-cartao , pape ao , ma eira , cerâmica ursso m
paP d ' e cm ou tros 'ur t
evia111ente prepara os co m ge'.iso acrílico ou pasta l J mr C',
pr , ,. . . ee rnocJ eléHJCm
• cor e tipo : e come1c1alizada em 53 cores misc',veis. • D1sponfvcl t
as de 20111L e 59ml e potes de 250ml e 500ml E em J1s
11,1g · SlOJO co m 8 b1sna
gas de 20ml.

nsistência, : base. de
.
resina acrílica , sólida e de 0, t·1ma res1.sten
• c1
.a Seu
Co
acabamento e sem1bnlhante . Líquida . ·
• ourabilidade: baixa .
• custo : alto.

Tinta Guache
• Setting ou instituição: escolas, creches, hospitais, consultórios cl í-
nicas, oficinas pedagóg icas, institu ições asilares e carcerárias , CA~S e,
brinquedotecas.
• Clientela : crianças, jovens, adultos e idosos.

1
Habilidades: área motora, criatividade, senso exploratório de materiais.
, Indicação terapêutica : exploração de espaço, limite, coordenação
motora , criatividade, senso de estética , materiais praxiterapêuticos, tra -
balho com sucatas, percepção visual das cores.
• Contraindicação terapêutica : não apresenta contra ind icações .

Características
• Utilidade: trabalhos artísticos e escolares. Não é tóxica ; é solúvel em
água ; pode ser apl icada em papel , papel-cartão, cartol ina , gesso, ma-
deira , cerâmica , isopor e cortiça .
• Cor e tipo: é co mercial izada em estojos que podem conter 6 fra scos
plásticos com 15ml em cores variadas, 12 fra scos plásticos com 15ml
em cores variada s, al ém de 13 cores foscas e 6 cores com glitter. Potes

de 250ml.
• Consistência : grossa, viscosa , solúvel e não resistente à água .
• Durabilidade: alta , para estoque, quando não submetida a temperatu -
ras elevadas, pois perderá sua consistência.
• Custo: ba ixo .

Tinta a Dedo
• Setting ou instituição: escolas, creches, consultórios, hospita is,
brinquedoteca .
• Clientela : crianças e adolescentes.
·i 314 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prát ica
j • •••••. • ••••.• ·········· · ············ · ······· ·· ··· · ················ ·· ·· · · · · ·· ······ · ·· · · · ·· · · · · ·· · · · ······ · · · · ·· ···· · ·· · ·· ·· •· ·· ············

■ Habilidades: manual , senso exploratório, iniciativa .


■ Indicação terapêutica : exploração de espaço, limites, coordenação
manual , percepção sensorial táctil.
■ Contraindicação terapêutica : não apresenta contra ind icações.

Características
■ Utilidade: é o primeiro contato das crianças com a tinta . Pode ser apli-
cada com o dedo, pincel ou esponja , sobre papel, papel -cartão, carto-
lina e em telas.
■ Cor e tipo : é comercial izada em um estojo com 6 fra scos plásticos com
30ml em cores variadas.
■ Consistência : líqu ida oleosa , solúvel em água .
■ Durabilidade: alta .
■ Custo: ba ixo.

Papéis
Falaremos agora sobre papéis; antes, porém , é necessário um breve esclare-
cimento. Os papéis são fabricados com polpa de fibras e água . Apresentam
em suas composições cargas minera is, de acordo com sua final idade. Deve-se
prestar atenção a duas características do papel : gramatura e espessura .
■ Gramatura : peso, em gramas, med ido por metro quadrado de uma
folha de papel. Por isso, quando se pesqu isa o preço de um papel , ou
dependendo do uso que lhe será dado, deve-se cons iderar sua grama-
tura , especificando-a em g/m 2 .
■ Espessura : distância med ida entre uma face e outra do papel. Mesmo
com gramaturas igua is, os papéis podem apresentar diferentes espes-
suras, assim como rigidez, compressibilidade, porosidade e absorvência.
Em A3 eA4 .

Papéis dos Tipos A3 e A4


■ Setting ou instituição: sem restrições .
■ Clientela : crianças, jovens, adultos e idosos.

• Habilidades: sem especificação .


• Indicação terapêutica : todas as possibilidades de trabalho são viáveis
no uso desse material .
• Contraindicação terapêutica : não apresenta contra ind icações. .
• Utilidade: trabalhos de pinturas com lápis de cor, lápis de cera ou tin-
tas. Colagens e recortes . Trabalhos artesana is.
. , . . d para to-
■ Cor e tipo : cor branca para o tamanho of1c10 e cores varia as _
dos os outros tipos : ofício fosco , brilhante, siliconizado, couchê, cartao
e reciclado .
Análises Pmntas de Mater1. 15
,,•• ····· • . • .. • • .. .. • .. • · · .. · .... · .. • .. .. . . ,, ,,
ª
.. . . . ,, e Ferra mentas
315
'••·· ·· ······ · ·

ciclados: o papel fe ito à mão é uma peca ún·


·1 os re . , ica, e ca da folha
., f P ua individualidade dada pelas pequenas diferen .• .
5
111 a . . . ~a s, sa l1 enc1a s
te _. cias e rugosidades. Apreciamos o tipo de fibra ut·i· d '
ent1an 11za a a con-
re . 0 formato das folhas e os detalhes de seu acab '
·stênc1a, . amento O uso
si do dado a cada folha pelo artista , ed itor ou colec' d ,
dequa 1ona or e qu e
ª .. ., 0 sucesso do trabalho .
def1n11a .
. h ntes ou foscos : para impressões, desenhos pint f ,
, snl a , uras, otoco-
pias.
ê· diferentes gramaturas para a confecção de cartões a t .
, cuc h · . r esana1s ou
·ros scrapbookmg, quadros artesana is etc.
casei ,
• cor: adequada para a conf~cçã_o de talonários, cadernos, blocos, for-
mulários, envelopes, n_otas f_
1sca1s e impressos em geral. 0 papel colo-
rido, produzido a parti~de fibras de celulose branqueada de eucal ipto,
tem excelente colagem interna e perm ite a impressão em até duas cores.
• consistência: maleável, fino , com diferentes gramaturas; encontrados
ainda grossos ou endurecidos.
• ourabilidade: material de consumo .
• custo: variável. Os papéis artesana is costumam ter custo ma is elevado.

Papéis do Tipo Cartonado


■ Setting ou instituição: sem restrições.
■ Clientela : crianças, jovens, adultos e idosos.
■ Habilidades: sem especificação .
■ Indicação terapêutica : todas as possibilida_des de trabalho são viáveis
ao uso desse material . São usados principalmente para o fabrico de car-
tazes, cartões, apl iques e colagens.
• Contraindicação terapêutica : não apresenta .

Características
• Utilidade: trabalhos de pintura com lápis de cor, lápis de cera e tintas.
Colagens, recortes. Trabalhos artesana is e cartazes informativos. Desti-
nado também para capas de cadernos, livros, revistas, pastas e fichas .
1
Cor e tipo: cores das cartol inas: azul, branca, bronze, caná rio, cinza,
rosa e verde. Para os outros tipos (carmo, duplex, cartão), cores variadas
com diferentes matizes.
• Tipo cartolina : cores ocres básicas e esmaecidas. Éindicado para tra -
balhos escolares.
• Tipo dup/ex : papel-cartão duplex (marrom) não revestido. Por ser
calandrado, possu i bom desempenho em impressões. Utiliza celulose
não branqueada na frente e no verso e, assim, tem forte apelo eco-
lógico . Ind icado para embalagens de produtos cosméticos, farma -
cêuticos, vestuários e calçados .
1

t~
316 Te,-apia Ocupacional - Metodologia e Prática
·· ······ ····· ····· ········· ··· ·········· ··· ·· ······ ··· ··· ··· ···· ·· ····· ···· ···· ··········· ··············· ···· ··· ·········· ········· ·········

• Tipo carmo : folha em cor e dupla face, prensada , com larga utilização
para produtos artesanais, fabrico de ca ixas, apl iques e cartões.
■ Consistência : maleável , com diferentes gramaturas; encontrados ainda
grossos e endurecidos.
• Durabilidade: material de consumo .
• Custo: ba ixo .

Fitas Adesivas
• Setting ou instituição: sem restrição para uso.
• Clientela : crianças acima de 5 anos de idade, jovens, adultos e idosos.
• Habilidades: coordenação motora fina e grossa , equ ilíbrio muscular,
força muscular, limites .
• Indicação terapêutica : desenvolvimento de áreas motoras. Apl icação
para a área cogn it iva , área profissional , apl icação em processos praxite-
rapêuticos, criatividade e escolaridade.
• Contraindicação terapêutica : não apresenta contra ind icações apa -
rentes .

Características
• Utilidade: fechamento de embalagens, mascaramentos, fixações, pro-
teção, emendas, trabalhos escolares . Bordas, orlas, molduras para limi-
tação em trabalhos artesana is.
• Cor e tipo: existe atualmente uma infinidade de fitas adesivas: para
fitas-crepes, cor amarelada ou branca ; durex transparente, amarelado
ou branco; dupla face, transparente ou branca ; durex coloridos em azul,
amarelo, branco, verde ou vermelho .
• Fita -crepe : cor amarelada ou branca . Apresenta variação de tama-
nho, em rolos de 18 a 50mm . Papel crepado saturado, coberto com
adesivo à base de solvente, borracha e resinas sintéticas. Utilizado
para reforços, fixação de cartazes .
• Fita -crepe colorida : perfeita para uso escolar, porque suas diferentes
cores ajudam a identificação e o rolo é pequeno, fác il de transportar
com o material escolar.
• Fita dupla face : transparente ou de cor branca . Papel strong , cober-
to com adesivo à base de solvente borracha e resinas sintéticas em
1

ambos os lados, com liner de papel siliconizado tratado . Também são


encontrados no mercado os tipos com recuo, com borracha e com
espuma .
• Fita dupla face com espuma : é usada em superffcies lisas e rugosas .
Ideal para fixação de quadros, pôsteres, espelhos e outros objetos em

L_ paredes de alvenaria pintadas, de concreto, vidro e metal . Trabalhos


Análises Prnnlas de Materia is e Ferrr1mentas 317
... , · ········· ·· ··········· ······ ·· ········ ······ ··· ················ ···· · . ····· · ·· •· · ······ · ·· · ···· · ····· ·· •······ · .. . . .

manuais, fixação de cartazes, entre outros . Cola dos dois lados, per-
mitindo a un ião de duas superfícies de maneira prática e eficaz .
, Tipo empacotamento : ~apel ~tr~n_ g, coberto com adesivo à base de
solvente, borracha e resinas sintet1cas em ambos os lados, com liner
de papel siliconizado tratado . Fechamento de caixas de papelão, em -
balagens em geral, empacotamentos, emendas.
, Fita durex: transparente, amarelada , branca , azul , amarela, verde ou
vermelha . Fechamento de ca ixas de papelão, embalagens em geral,
empacotamentos, emendas, multiuso para escritório, casa ou escola .
, Fita mágica : a fita mágica desaparece no papel quando apl icada, e só
tem vantagens: não aparece em fotocópias, permite que se escreva
sobre ela , não amarela nem mela com o tempo, desenrola suavemen -
te e é ideal para escritórios (algumas marcas).

1 consistência : apresentam consistências diferenciadas, de acordo com


0 material e a função destinada . Em geral, são maleáveis e flexíveis.
1 Durabilidade: de acordo com o prazo de validade. Resseca com o
tempo ou amarela e perde sua viscosidade autocolante.
■ Custo: em geral, o custo é ba ixo. As fitas utilizadas em artesanato têm
custo mais elevado .

Colas Coloridas e Dimensional


• Setting ou instituição: escolas, consultórios, institu ições, oficinas
terapêuticas, praxiterapêuticas, institu ições asilares, carcerárias e CAPS .
• Clientela: crianças acima de 7 anos de idade, jovens, adultos e idosos.
• Habilidades: força muscular, coordenação motora fina e grossa , senso
espacial e de direção, limite, cores.
• Indicação terapêutica : trabalhos praxiterapêuticos, desenvolvimento
de coordenação, limites, senso de estética , cores.
• Contraindicação terapêutica : alteração de força muscular, compro-
metimentos de quadros progressivos de perda muscular. Falta de coor-
denação motora .

Características
1
Utilidade: fo i desenvolvida para trabalhos escolares e artesanais. Ideal
para atividades de desenvolvimento artístico, possu i exclusivo bico apl i-
cador que facilita a pintura, podendo ser usada com esponja ou pincel
sobre papel , papel -cartão, cartol ina, vidros, madeira , para fazer cola -
gens, contornos e decoração . Não é tóxica .
1
Cor e tipo: é comercial izada em estojo com 4 un idades de 23g ou em
5t
e ojo com 6 un idades de 23g , em cores variadas.
318
Tera pia Ocupac ional - Metodol ogia e Prát ica
· · ··· ····· ·· ·· ···· · ····· ·· ······ ·············· ··· · · · .... ·· · ···· ··· · ····················· · ·· ··· · ······

• Tipo gl itter: apresenta-se em cores variadas, com mistura de glitter.


Serve para fazer colagens, relevos coloridos, decorar e pintar sobre
papel , papel -cartão e cartol ina . A cola glitter não é tóxica e possu i
brilho intenso . É comercial izada em um estojo com 6 frascos plásticos
de 23g , em cores variadas .
• Tipo glúten : pem ite múltiplos efeitos decorativos. Éutilizada para tra-
balhos escolares e artesana is. Possu i exclusivo bico apl icador. Pode ser
apl icada sobre papel , papel -cartão e cartol ina . Possu i aroma de bebê.
Disponível nas versões Jelly® e Metall ic®.
• Tipo dimensional: tinta de excepcional versatilidade, excelente ade-
rência e mu ito fácil de usar. Pode ser apl icada diretamente com o
bico ou com pincel sobre tecidos de algodão e sem goma, madei-
ra , isopor, cerâm ica , cortiça , gesso e papel , personal izando objetos e
tornando-os ún icos e especiais. A do t ipo brilliant e a do tipo glitter
têm 13 cores variadas. A do tipo metal/ic tem 14 cores variadas, sen-
do que as três são comercial izadas em frascos com 35ml.
• Consistência : líqu ida, viscosa e grossa . Depo is de seca , a cola colorida
Acrilex® conserva a textura , o brilho, o relevo e sua s cores origina is.
• Durabilidade : relat iva . Resseca com facilidade no vidro quando aberta
e não usada com frequência. Em apl icação, precisa de manutenção.
• Custo : alto .

Análise de Ferramentas
········ ······ ···· ·· ··· ·········· ···· ·········· ·· ····························· ·············· ···· ····· ····

Giz
• Setting ou instituição: institu ições para crianças em geral e adoles-
centes. Restrições para algumas institu ições .
• Clientela : crianças, adolescentes e adultos.
• Habilidades: bom desempenho de coordenação motora fina e força
muscular.
• Indicação terapêutica : coordenação motora fina e treino muscular,
quando superadas as etapas neuromotoras.
• Contraindicação terapêutica : ind ivíduos que apresentem força rnus-
etirnento
cu 1ar descompensada, falta de coordenação motora, compram
de quadros respiratórios, hiperton ia, hiperatividade e alerg ias .

Características
· - de assuntos,
Ut1'l 1'd a d e: no quadro de giz adequado para exposIçao

. d .
bnnca , . • Usado tarn -
eiras com publico ou grupos escrita espontanea .
, - , h pode ser
bem no chao de superfícies variadas, para jogos e desen os .
utilizado com água sobre o papel.
Análises Prontas de Materiais e Ferramentas 319
··· ·········· ······ ······ ··· ····· ····· ········· ···· ··· · · · · · · ·· · · · ··· · · · · ·· · · · ··· · · · · · · · ···· ·· · · ··

fpo : 0 giz mais comum é o branco, apesar de também ser co-


cor e 1
11 . i·zado nas cores vermelha , azul , rosa , amarela e verde Tino ·
n,erc1a 1 · ,, ·
o e fino.
10n g , . b d'
. tência : fragil , que ra iça e porosa .
11
cons1s
bilidade: por ser poroso , term ina com facilidade e rap idez
li oura .
li custo: ba ixo .

, . de Grafite
LaP15
• setting ou instituição: sem restrição para uso.
1
Clientela: crianças acima de 4 anos de idade, jovens, adultos e idosos.

1
Habilidade: coordenação dinâm ica geral, aqu isição de limites, escrita ,
treinos, lateral idade, criatividade.

1
Indicação: coordenação motora, força muscular compensada , compor-
tamento adequado, atenção desenvolvida e área de interesse, cogn ição .
1 contraindicação: crianças com menos de 4 anos de idade para as
duas ferramentas . lncoordenação motora acentuada , força muscular
descompensada, ba ixa autoestima , hiperatividade, cl iente em surto
psicótico, distúrbio de comportamento .

Características
• Utilidade: desenhos, moldes, escrita espontânea , cópia, contornos, de-
ca lques e anotações .
■ Cor e tipo: ap resenta uma infin idade de cores em seu corpo de madei-
ra, sendo o grafite a co r neutra . Hoje em dia, existe uma infinidade de
tipos de lápis, com especificidades adequadas para cada quadro.
• Lápis de madeira, duro e inflexível: podem ser 6B, 5B, 4B, 3B e 2B,
apresentam traço grosso, escuro e bem macio, além de serem ind i-
cados para desenhos artísticos, sombreados e esboços em geral. As
graduações H, 2H , 3H , 4H , 5H e 6H têm traço fino, claro e duro, e são
utilizadas para desenhos técn icos.
• Tipo grafite : o grafite é uma das formas de apresentação do elemen-
to químico carbono . Conhecida como grafite, a mina corresponde
à parte interna do lápis, e é composta por uma mistura de arg ila
tratada (semelhante à usada na fabricação de cerâm icas) com grafite
moído.
• Tipo sextavado : apresentam corpo em forma de hexágono, são ma is
grossos e curtos . Utilizados para incoordenação motora .
• Tipo Fix Zone®: possu i área exclusiva para segurar, que proporciona
ma is conforto e controle, garantindo assim um melhor desempenho
em sua utilização .
320 Terap ia Ocupacional - Metodologia e Prát ica
...... . ... ......... . ........... . ....... . ..... ' ...................... ' .... ' .... .... ...... . ' ... ~ .......................... ......... . .
······· ···· ······

■ Consistência : ambos são endurec idos, sem maleabilidade. ma- o de


deira apresenta ponta e corpo quebradiço, ao passo que O grafite é
ma is res istente, embora sua ponta , mu ito fina, não tenha resistência
adequada .
■ Durabilidade: méd io prazo . Os lápis de madeira , por sua consistência
apresentam durabilidade de acordo com o usuário. O grafite apresent~
um corpo ma is resistente, diferentemente das pontas usadas, e é recar-
regável.
■ Custo : em geral, ba ixo .

Caneta Esferográfica
■ Setting ou instituição: sem restri<;ão para uso.
■ Clientela : crianças acima de 7 anos de idade, jovens, adultos e idosos.
■ Habilidade: concentração e atenção estab ilizadas, coordenação e força
muscular adequada , cogn itivo atuante.
■ Indicação: restrita para crianças acima de 7 anos de idade. Coorde-
nação manual e força muscular reçJularizada . Trabalhos específicos na
área de organ ização espacial (lateral idade) e de estímulo ao processo
de aprend izagem .
■ Contraindicação: crianças menores de 7 anos de idade, incoordena-
ção motora, força muscular descompensada, crianças portadoras de
espasmos musculares, hiperatividade, pacientes em surto psicótico, dis-
túrbio de comportamento .

Características
• Utilidade: sua apl icação é restrita para crianças em fase de desenvolvi-
mento motor. Desenho, escrita espontânea , cópia, decalque e contorno.
• Cores e tipos: atualmente existe urna infin idade de tipos diferentes, de
tamanhos, grossuras e espécies. Suas cores ma is comuns são azul, verme-
lha, preta e verde; em outra instância, cores variadas em tons e matizes.
• Consistência : dura, sem flexibil idade, assim como sua ponta , que apre-
senta uma esfera no bico projetado para a escrita . A dificuldade na escri-
ta consiste na postura ou no modo como se pega a caneta .
• Durabilidade: depende do usuário e do produto, embora seja conside-
rado material de consumo .
. d dendo da
• Custo : baixo, para as marcas mais populares; ou alto, epen
marca e do material.

Giz de Cera
• Setting ou instituição: sem restri<;ões para uso.

fl
Análises Prontas de Materiais e F
.. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . erramentas 321
····· ••' · · ·· · ··•·· · ··· · · · ···· · · · ···· · ····· · ····· · · · •····•·

• e ,e. ntela : crianças de todas as idades.


, . Adolescentes e adulto s, em rans-
,
.' os casos ' salvo para o uso de tecn1cas artesanais ou art'ist·1cas.
51111
• Habilidade: início de desen~olvimento d.a coordenação dinâmica das
mãos, força muscular, atençao, prazer e identificação com O material
desenvolvimento do processo de aqu isição do conceito de cores. '
• Indicação terapêutica : crianças desde 1 ano de idade, adolescentes
e adultos. Sua flexibilidade de uso beneficia o usuário, principalmen-
te a criança , no desenvolvimento da coordenação dinâm ica das mãos,
conhecimento das cores, criatividade, aqu isição de limites gráficos, va -
riados tipos de exercícios de coordenação diante da grande variedade de
diferentes técn icas para o material.
1 contraindicação: em casos de alerg ias, comportamentos atípicos ou
bizarros . Em atividades finas ou detalhadas.

Características
• Utilidade: pinturas livres, em qualquer superfície, e sem detalhamentos,
com limites ma is abrangentes. Usado para várias técn icas. Por exemplo,
com fogo, para trabalhos de pintura de longa duração, para detalhes
sobre tinta guache, figura -fundo , sombreado com guache, raspagem
etc. É ideal para a pré-escola e para trabalhos escolares diversos. É ana-
tôm ico, atóxico, fabricado com ceras de alta qualidade. Proporciona
traço macio e cobertura de grandes áreas sem esforço. É ideal para de-
senhar, escrever e pintar sobre papel, cartol ina, papel-cartão e também
para trabalhos com acabamento artístico .
• Cores e tipo: tipo estaca , tijol inho, pequeno ou fino e curto .
• Giz de cera : é comercial izado em um estojo com 6 e 12 unidades de
cores variadas.
• Big giz de cera : é comercial izado em um estojo com 6 e 12 unidades
de cores variadas .
• Giz de cera curto : é comercial izado em um estojo com 15 un idades
de cores variadas .
• Consistência : consistência endurecida, embora maleável e flexível , por
conter cera na sua fabricação . O tipo fino é pouco consistente, o que o
torna quebrad iço .
• Durabilidade: alta . Apesar de, em alguns casos, a consistência torná -
los quebrad iços, isso não inval ida a sua utilidade.
• Custo: ba ixo.

Caneta Hidrográfica
• Setting ou instituição: sem restrição para uso.
1
Clientela : crianças acima de 8 anos de idade, jovens, adultos e idosos.
322 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
········ ········ ·· · ·· ····································· ·· ·· ······················· ·· ·······

■ H~bilidade :. controle de for~a muscular, coordenação dinâm ica das


maos estabil izada , coordenaçao motora fina, noção espacial.
■ Indicação terapêutica : crianças acima de 8 anos de idade ad
, o1escen-
tes e adultos em sua ma ioria. Ind icado para trabalhos de coord _
enaçao
motora fina , autoestima , detalhamentos, acabamentos sobre tinta gua-
che.
• Contraindicação: crianças com menos de 8 anos de idade, quadro de
incoordenação manual e força muscular inadequada, pinturas extensas
quadros de espasmos musculares. '

Características
• Utilidade: moldes, cópias, contornos, detalhamentos, acabamento
fino, decalques e, no espelho, para pequenos desenhos.
• Tipos e cores: finos, grandes e pequenos. Hoje em dia, com a tecnolo-
gia, há os ma is variados tipos:
• Hidrográfica Colour Grip: exclusivas esferas antidesl izantes, as quais
proporcionam ma ior conforto e firmeza . Perfil triangu lar que facilita
a pega .
• Hidrográficas regulares .
• Hidrográficas Lig Lig: exclusiva tampa que conecta uma hidrográfica a
outra . Estimula a criatividade e fac ilita a organ ização.
• Hidrográficas Jumbo : corpo com ma ior diâmetro que facilita a pega .
É ideal para a pré-escola . Ponta grossa que perm ite dois tipos de
traço.
• Hidrográfica bicolor: apresenta duas cores no mesmo produto. Éco-
mercial izada em estojos de 6, 12 ou 24 cores.
■ Consistência : corpo duro e inflexível; apresenta ponta de trabalho po-
rosa e macia, durável e com fixação adequada . A frag ·I·d
, 1 ade do material
consiste no uso inadequado da ponta macia.
.. t tinta possui
■ Durabilidade: ba ixa cond ição de durabilidade. Por con er '
, . .. . - sua ponta
caractenstIcas de volatil1dade e facilmente causa frustraçao .
. . 1 sem uso.

porosa é frágil e pode entrar pela caneta , deixando o matena f' a da


rde a ,nur
Se usada de modo inadequado, a ponta se deforma e pe
ferra menta .
, . Importante observar a qua i·d
• Custo: med10. d do material.
I a e

Lápis de Cor
• Setting ou instituição: sem restrições para uso. . d J·ovens
. os de ,da e,
• Clientela : sem restrições. Crianças com mais de 7 an
e adultos .
tf# ·~

Análises Prontas de Materiais e Ferramentas


... . ·············· ········· ······ ···· ··· ·· ······· ·· ·· ··· ··· · 323
· · · · · · ···· · · · · · ······ · · · · · ·· · · · · · ·· · · · .. · · ·· ·· ··· · ·· ·

bilidade: coordenação manual dentro da fa ixa es tabel ecida, força


• Ha lar equ1·11
·bra da, area
' de 1n
. t·eresse, atençao
- e concentração
n1usc U ·
. ação terapêutica : crianças com ma is de 7 anos de idade ad 1 _
• ln d,e _ . , . , o es
centes e adultos. ~o~rdenaçao d1nam1ca , estabilidade de força mu s-
cular, aquisição de 11~ 1-tes, detalhamentos, acabamentos, apropriaçã o e
estímulo à área cogn 1t1va .
• contraindicação: crianças com menos de 7 anos de idade, incoorde-
naçáo dinâm ica das mãos, força muscular não estabelecida, evidência
de falta de limites.

Características
• Utilidade: todas as superfícies lisas, trabalhando com coordenação
dinâm ica das mãos. Desenho, cópia, decalque, contorno, pinturas, ad-
qu irir limites . É usado de modo ma is adequado após o uso do giz de
cera ; organ ização espacial e cores . Os tipos sextavados e curtos são 05
ma is ind icados em caso de dificuldades motoras.
■ Tipos e cores: finos , grossos, pequenos e grandes. Atualmente, com a
tecnolog ia desenvolvida , oferece uma infinidade de tipos e cores.
• Lápis de cor Colour Grip : exclusivas esferas antidesl izantes, as quais
proporcionam ma ior conforto e firmeza . Perfil triangular que facilita
a pega .
• Lápis de cor sextavado : formato sextavado que não rola na mesa .
• Lápis de cor triangular: formato triangular que facilita a pega .
• Lápis de cor jumbo : mina macia, ma is grossa e resistente. Diâmetro
ma ior, ideal para uso na pré-escola . 3/4 do comprimento normal,
o que facilita o uso . Formatos sextavado e triangular. Acabamento
decorado e envern izado .
• Lápis de cor bicolor: praticidade e total aproveitamento de cada cor.
• Lápis de cor aquarelável: com apl icação de água sobre a pintura . Co-
loridos, são comercial izados em ca ixas de 6, 12 , 36 e 48 cores .
• Consistência : dura e inflexível . Ponta quebrad iça . Por utilizarmos apon-
tadores para refazer a ponta , assume com o tempo outro tamanho,
mod ificando o trabalho do uso no processo de coordenação .
• Durabilidade: excelente aspecto de durabilidade quando bem usado e
de boa qual idade.
1
Custo: todos os tipos de preço .

Pincel
1
Setting ou instituição: sem restrições à ferramenta , usado de aco rd0
com O material adequado à institu ição .
'7

324 Ter-apia Ocupacional - Metodo_l?~'. ~.~- -~~:!~~-.................... ........ .... ....


·····•· · · · ··· · ·· ·· · ······· · · ······· ······ ·· ·· · ·· ··· · ······ ·· ······· · ··· ·· ··

■ Clientela : pela infinidade de tipos que existem no mercado, as ind ica-


ções para cl ientela variam de acordo com o tipo da ferramenta . Para
crianças, jovens, adultos e idosos.
■ Habilidade: coordenação motora f ina e grossa adequada , força mus-
cular equ ilibrada , área de interesse, atenção e concentração .
■ Indicação terapêutica : crianças menores podem usar os tipos ar-
redondados para estímulos criativos, exploração de espaço e limite,
coordenação motora . Para crianças com ma is de 7 anos de idade, ado-
lescentes e adultos. Coordenação dinâm ica , estab ilidade de força mus-
cular, aqu isição de limites, detalhamentos, acabamentos, apropriação e
estímulo à área cogn itiva .
• Contraindicação : as ferramentas , por si só, apontam a contraind ica -
ção para o uso, tornando-se ineficazes ou inadequadas devido a suas
características .

Características
• Utilidade: apl icação de tinta ou pintura . Em geral , são produzidas pela
fixação dos pelos ao cabo por uma cinta metál ica . Para superfícies lisas,
trabalhando com coordenação dinâm ica das mãos. Desenho, cópia,
decalque, contorno, pinturas, adqu irir limites . Apresenta, hoje em dia,
uma infin idade de tipos, com diversificação na sua utilização, para telas,
paredes, superfícies diversas .
• Tipos e cores: finos, grossos, pequenos, grandes. Atualmente, com a
tecnolog ia desenvolvida , temos uma infinidade de tipos e cores .
• Redondo : cerdas longas, arranjadas de modo compacto, retêm mais
t inta do que outros pincéis do mesmo tamanho, mas de formato
diferente . Muitos artistas o preferem para colorir grandes áreas. Para
trabalhos de coordenação não são ind icados:
- pincel redondo : cerda preta e cabo vermelho;
- para os pincéis, mesmo os redondos, o segredo está na composição
das cerdas;
- pincel redondo : cerda suína gris, cabo de madeira em cor natural;
- pincel redondo escolar: cerdas pretas e cabo vermelho.
• Chato : espalha melhor a tinta . Em virtude de sua constituição, apre-
senta -se melhor nas mãos dos clientes.
- pincel achatado: ideal para pintura em telas; ,
. ,. h so domes-
pinceis ac atados que variam do número 1 ao 30, para u
tico;
. . r natural;
pincel achatado : cerda suína gris cabo de madeira em co ,.
, · ceIs
. E es pIn
pincel achatado : cerdas brancas e cabo amarelo. ss
variam do número 1 ao 30, para uso doméstico. .
b ·h ern12ado.
roxm a: cerda su!na preta, cabo de madeira natural env
Análises Prontas de Malcna1s e FerrJmcntas 32 5
··· ·· ·· · ···· ·· ·· · · · ·· ·· ··· ··· · ·· · ··· · ··· · ··· · · ···· ·· ···· ········ ······ ·· ·· ····· ···· · · •· ·· · ·· ·• · ··· ·
····· , ,,

" ·a · duro e inflexível nos cabos . Os pincéis arredondados


• consístenci . ..
ntam uma maleabilidade que compromete o processo de aqu isi-
aprese .. .
_ d funções . Os achatados trazem uma maleabilidade mais adequa -
çao e
desenvolvimento do processo de coordenação.
da ao
urabilidade: excelente durabilidade, quando bem usados, e de boa
• ~ualidade. Para melhores utilização e conservação, é necessário que:
, Pincéis de pintura devem ser limpos imediatamente após seu uso.
Isso se aplica principalmente no caso de t inta a óleo e tinta acríl ica ,
porque a remoção dos resíduos de tinta seca pode danificá -los.
, Nunca deixe os pincéis com as cerdas mergulhadas para baixo em reci-
pientes com água , tereb intina ou qualquer outro solvente. Ao limpá-
lo, faça -o utilizando-se da mão ou de um pano umedecido no solvente
adequado . Caso contrário, os pelos poderão deformar-se. Guarde os
pincéis separadamente, na vertical, com as cerdas para cima .
1 custo: diversos tipos de preço, de acordo com a qualidade das cerdas.

Tesoura
■ Setting ou instituição: é uma ferramenta que requer uma série de
cu idados nos settings e nas institu ições . Podem ser usadas livremen-
te em creches e escolas . Nos consultórios, são utilizadas sob cu idados;
em hospita is e em institu ições asilares, sob responsabilidade. Em insti-
tu ições carcerárias, mesmo as tesouras de pontas arredondadas devem
receber atenção especial.
■ Clientela: devido à variedade de tipos, as ind icações para cl ientela
variam de acordo com o tipo de ferramenta . A tesoura de corte, peque-
na e de pontas arredondada s costuma ser a melhor ind icação . Crianças,
jovens, adultos e idosos.
• Habilidade: coordenação motora fina e grossa apropriada , força mus-
cular equ ilibrada, área de interesse, atenção e concentração . Lazer,
autonom ia e independência.
• Indicação terapêutica : trabalhos de coordenação, aqu isição de força
muscular e equ ilíbrio, organ ização espacial , limite.
• Contraindicação: pacientes em surto psicótico, ag itação psicomotora ,
agressividade. População carcerária, em grupo, grupos de transtornos
menta is, sem a devida atenção terapêutica .

As tesouras de ba ixa qual idade costumam comprometer o trabalho tera -


pêutico e o produto .

Características
• Utilidade: execução de cortes diversos, nas ma is variadas superfícies.

hr
326 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
... ........ ··············· ···· ······ ····· ····· ······ ·· · ··· ····· ·· ··· · ···················· ············ ·· · ····· ······· ········· ·· ·· ····

■ Tipos e cores : a tecnolog ia moderna vem desenvolvendo essa ferra-


menta para os ma is diversos tipos de superfície. Escolhemos as mais
usadas em razão da ind icação da terapêutica ocupacional .
• Tesouras escolares : as ma is comuns em consultórios e institu ições em
geral .
• Tesoura escolar para EVA.
• Tesoura escolar de bolso e cabo anatôm ico .
• Tesoura escolar de bolso com ponto vermelho .
• Tesoura escolar de bolso para canhoto .
• Tesouras profissiona is: em casos de oficinas profissional izantes, o uso
de certas ferramentas aprop riadas é adequado a essa cond ição .
• Tesoura forjada de costura .
• Tesoura forjada de picotar.
• Tesoura forjada de costura profissional para canhotos.
• Tesoura forjada para borda reta .
• Tesouras para alfa iates .
• Tesouras de autocu idado .
• Tesouras de cabelo.
• Tesouras de cortar unhas.
• Tesouras de coz inha .
■ Consistência : dura, metál ica .
■ Durabilidade: equ ipamento durável, sendo necessária a manutenção
para conservação da ferramenta .
■ Custo: dependerá do tipo da ferramenta e da função . As tesouras esco-
lares costumam ser de ma is ba ixo custo .

l
Capítulo 13

Glossário

··································· ······················· ····· ·············· ··· ·············· ····· ··· ··· ·· ··································· ·· ··········· ·· ·•·········· ··· ··•···• · ···········

A
···· ····· ·· ······ ··················· ··· ···· ····· ········· ······ ······ ···· ···· ··· ··· ·· ····· ···· ·· ······· ··
Abordagem : ato de abordar; aproximação de uma pessoa pa ra dirigir-lhe a
palavra.
Acometer: arremeter; acometer com ímpeto.
Adaptação: ato de acomodação; ajuste; harmonia.
Afasia : alteração da linguagem por perda ou alteração mnemôn ica .
Afeto: qualidade e tônus emocional que acompanham uma ideia.
Agilidade: capacidade de reag ir de forma ráp ida e com destreza, atendendo
adequadamente às atribu ições tempora is.
Agitação : perda do controle, inqu ietação psicomotora .
Agnosia : perda total ou parcial da faculdade de reconhecer os estímulos
sensoriais.
Alteração : quadro comportamental sem confirmação orgân ica .
Alucinação: distorção da percepção sensorial; percepção de um objeto sem
que esteja presente.
Ambivalência : existência simultânea de tendências e posturas contrad itórias :
querer e não querer, simpatizar e antipatizar, rir e não rir.
Amnésia : perda total ou parcial da memória.
Análise: decomposição como um todo dos elementos constitutivos; exame,
investigação.
Análise de atividade: decomposição dos elementos da atividade que qua-
l1f1cam a ação .

Anedonia : incapacidade parcial ou total de obter e sentir prazer com deter-


rn,nadas atividades do cotidiano .
328 Terapia Ocupacional - Metodol ogia e_-~~~:_
ic~ .................... .
······ ·· ··· · ··· ············ · ·· ··· ····· ················· ···· ····· · ·· ·········· ·· · ···· · ···· ··· ·············· ·······

Anoxia : ausência de oxigenação do cérebro .


Apatia : estado de desinteresse, ind iferença e/ou falta de atividade; desânimo.
Associação : ato de agregar ou juntar-se por um fim comum .
Associar: reun ir, al iar, un ir-se .
Ataxia : alteração muscular, comum nos pacientes com paral isia cerebral; in-
coordenação .
Atenção : função mental que perm ite a permanência sensorial e cogn itiva em
um determ inado foco ; direção da con sciência; estado de alerta .
Atetoide: alteração tôn ica muscular, comum nos paral isados cerebra is.
Atitude: maneira como o corpo age; posicionamento corporal diante de um
estímulo.
Atividade: qualidade de ativo; real izaçã o ativa de diversa s ações de modo
lento ou acelerado tendo um propósito determinado.
Atividade dirigida : ato de adm inistrar uma atividade encam inhando o pro-
cesso e interferindo na condução do seu desenvolvimento.
Autismo : quadro de transtorno mental caracterizado pela s alterações nas
áreas perceptomotora e afetiva , de linguagem e de relacionamento .
Autoidentificação : capacidade de identificar a si próprio quando chamado
pelo nome, em fotografias, em espelho, entre outra s imagens.
Autonomia : independência, liberdade de atitudes .
Autopatognose: reconhecimento do próprio agravo de saúde; consciência
da doença .
AVD : atividades da vida diária - atividades de cunho pessoal.
AVE : acidente vascular encefál ico; derrame.
AVP: atividades de vida prática - relativas ao processo de independência e
labor.

B ····•• '
·· ······· · ···· ··· · ················ · ························· · ······· · ····· · ············· ·· ···· ····
Boderline : quadro de saúde mental limítrofe entre psicose e normalidade.
· rir
Bulimia : distúrbio psíquico que se expressa em desejo incontrolável de inge
• cados pelo A •

quantidade excessiva de al imentos, culminando em vom 1tos provo


próprio indivíduo para evitar ganho de peso .

e
·· ········· ·· ···· ············· ·· ····· ··· ······················· ···· ····· ··········
Cefaleia : dor de cabeça .
. ., d agarnento
Cliente : 1nci1v1duo qu e se vale dos serviços de saúde em troca e P
pelos serviços prestados.
Glossário 329
.... ····· · ··· ······ ···· ········ ··· ········· ······· ···· ·· ····· ···· ···· · ···· · ··· · · ······· · · ············· ··· ··· •· ·· ··

. . processo ou atividade capaz de promover conheci t


nitrvo. . men o.
co9 rometirnento : ato de expor-se ao risco; danificação.
cortiP -o: ação descontrolada ou contrária à própria vontad
rtiPu 1sa e.
co ·vo·
cortiPU 1SI .
que é incontrolável, que se sente compelido ou b · d
o nga o a
fazer. . - . . .
·to· explicaçao de uma 1de1a por meio de palavras · definição · - .
conce1 · , , noçao,
opinião. _
concentração_: ~unçao mental representada pelo ato de fixar a atenção em
inada at1v1dade.
deter m
trar· converg ir para um ponto, centralizar
coneen · ·
concussão cerebral : choque forte e violento na área do cérebro .
conteúdo: que ocupa um espaço; assunto.
contexto: composição, encadeamento de ideias; inter-relação de circunstân-
cias.
contextualizar: ato de congregar ideias ou atos.
Convulsão: quadro neurológico de contração súbita e involuntária dos mús-
culos, nem sempre patológ ico; espasmos, grande ag itação.
coordenação fina : relativo à atividade com as mãos (p . ex., escrever, cortar,
entre outros) a partir de movimentos discretos envolvendo interação com a
visão.
Coordenação grossa : relat ivo à atividade com as mãos de movimentos am-
plos (p. ex., enroscar, tampa r, entre outros) envolvendo grupamentos muscu-
lares para movimentos funcionais e controlados.
Coordenado: que se real iza de maneira sincrônica .
Cores primárias: classificação das cores vermelho (Vm), azul (Az) e amarelo
(Am).
Cores secundárias: que provêm da mistura das cores primárias: verde (Az +
Am), roxo (Az + Vm), laranja (Vm + Am) etc.
Cores terciárias: que provêm da mistura das cores secundárias ou de ma is
de três cores, como o marrom (Az + Am + Vm ou verde + Vm) .
Corpo em bloco: relativo ao movimento ou comportamento corporal; mo-
v.imentos associados das articulações corpora is: desconhecimento das pos-
51.bilidades corpora is; espasmos, grande ag itação; relacionado a quadro de
disfunção .
Corre - • df ·
çoes. ato de consertar ou reparar; refere-se ao tratamento de e orm i-
dades ou ,
ao uso de proteses.
Criatividade: ato criar, inventar; relativo à produção mental ou comporta -
íllentos.
Crise· e5t d0 f' .
· ª de man ifestação aguda ou agravamento de doença isica, men -
tal, emocional . 1 'l'b .
ou soc1a ; momento de desequ 11 no.
330 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
. ····· ·· ···· ····· ········· · ··················· ··· ·· · ······ ··· ·· ········ ·· · ·· ·· ···· ·· · ······· ···· ···· ····· ···· ·· · ········ ··· ····· ···· ······

D
·· ·········· ···· ···· · ····································································
Deficiência : insuficiência qual itativa ou quantitativa ; carência.
Deficiência mental : quadro psicopatológ ico com características de insufi-
ciência psicomotora e intelectiva no qual o ind ivíduo apresenta déficit percep-
tocognitivo e sensoriomotor.
Déficit: aqu ilo que falta , relativo a cond ições leves de deficiência mental e/ou
casos leves de dificuldade de aprend izagem; con siderar insuficiência motora,
sensorial e/ou perceptiva .
Delírio: perturbações das faculdades de ju ízo menta is relacionada s às altera-
ções intelectua is ou transtornos menta is.
Descoordenado: falta de coordenação, falta de sincron ia.
Desejo: vontade de real izar ou possu ir; querer; cobiça , desígn io, intenção,
pulsão; anseio, aspiração, apetite sexual; na área de saúde, refere-se ao inte-
resse do sujeito e às suas relações interpessoa is.
Desenvolvimento: crescimento, progresso, incremento.
Desvio : mudança de direção; alteração nos padrões norma is ou habitua is;
relativo a quadros de disfuncional idade.
Diagnóstico: identificação ou reconhecimento de uma doença ou sintoma .
Dificuldade: qual idade do que é difícil, relativo a todos os quadros ocupacio-
na is, motores, menta is, entre outros.
Dinâmica : movimento que estimula e faz com que algo aconteça ou evolua;
produção de trabalhos dirigidos em grupo ou ind ividualmente.
Disartria : dificuldade de articular as palavras e desempenhar as funções da
mandíbula .
Disártrico: ind ivíduo portador de disartria.
Discurso: exposição de ideias em linguagem verbal ou não verbal ; exposição
organ izada sobre um assunto.
Disfonia : ausência da fala aud ível ; rouqu idão.
Disfunção: alteração parcial ou total de uma função .
Disfuncional : qual idade de alteração de função de uma da área .
Dislalia : troca fonética , comum em crianças .
-o· sequea 1

Distúrbio de atenção: perturbação na função do foco da atença '


de quadro diagnóstico avaliado . . f ,·-
tat1va da 0
1 - 1

Distúrbio de comportamento: perturbação ou al teraçao qua


ma de agir e rea gir frente uma si tu açã o. · 1-
. . acei to soc1a
Dito normal : expressão usa da para desig nar co mportamento
mente, como norm al.
- orgânico .
Doença mental : transtorn o mental, seja orgâ nico ou nao
Drogadicto: term o que desig na o usuário de drogas.

L crd
··········· ······ ·· ··•··· ················· ·• ···· Glossi.Íno 331
···· ·· ··· ····· ··· •··· · · · ·•·· · ···

··········· ... . .. ... .... ,, .......... ·········


E '

············· ·
···· ·····: . repetiçã o de palavras ou frases ouvidas.
fco 1 ª''ª·
. r ato de repetir. .
Ecolahza . . • . . . . , .
. eira 1nstanc1a do 1nconsc1ente, relativo a Psicanálise
o priíl1 .
Eg · brecido: relat ivo à perda de qualidades nos valores ou conteu' d d
Efl'lPº os as
tencial idades.
;~caminhament~: direcionamento. do p'.oced imento terapêutico; condu -
- ra a real izaçao de exames; real izar orientar.
çao pa
Enurese: falta de controle do esfíncter urinário, pode ser noturna ou diurna.
Epilepsia: patolog ia neurológ ica não contagiosa, man ifestada por crises psi-
comotoras com convulsões e perda dos sentidos.
Esfíncteres: controladores orgân icos da excreção de urina e fezes.
Espasmo: movimento involuntário e incontrolável da musculatura.
Espástico: aumento do tônus muscular ou hipertrofia da musculatura.
Esquema corporal : representação mental do corpo humano.
Estabilidade: qualidade do que é estável; equ ilíbrio, firmeza .
Estereotipia: reprodução de movimentos repetitivos no corpo fo ra de
contexto.
Estereótipo: ato de reproduzir estereotipia; generalização a partir de carac-
terísticas comuns.
Estrabismo: dificuldade visual decorrente da falta de simetria no posiciona-
mento das pupilas.
Estudo genético: pesqu isa das unidades biológ icas que contêm os modelos
hereditários para o desenvolvimento de um ser.
Etapa: fase, relativo ao desenvolvimento ou à anál ise de atividades.
Etilismo: vício em bebidas alcoólicas.
Etilista: termo que designa o usuá rio de bebidas alcoólicas.
Expressão corporal: capacidade de expressar-se corporalmente de acordo
com diferentes estados de ân imo (alegria, tristeza, cansaço etc.).
Externalização: ato de externar, exteriorizar; ato de botar para fora .
Extroversão: facilidade de manter contato ou adaptar-se com o exterior,
sejam pessoas ou mundo; qualidade do pé para fora do paralítico cerebral.
Extrovertido: qualidade de quem possu i facilidade para man ifestar-se em
relação a tudo .

F
············· ················ ·· ··· ·············· ·· ···· ····· ···· ······ ···· ······ ·· ·····
·····
Ferran, .• . .
. . enta . instrumento; qualquer instrumento rnado pelo homem que es-
Pec1aliza as - (
maos ou outras partes do corpo) ou mov1men os corporais.
· t ·
-
332 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
··· ·• ·· · ·· · · · ········ ·· · ····· ·· ·········· · ··· · ··· · · ····· ·· · ····· ········ ····· ··· ·· · ············ · ················ ···· ···· ··· · ········ ... ,,
······

Figura-fundo: capacidade de perceber objetos no primeiro plano (figuras) e


no segundo plano (fundo) e de diferenciá-los sign ificativamente.
Fisioterapia : intervenção terapêutica por meio de agentes físicos, ginástica
ou exercícios.
Fonoaudiologia : intervenção terapêutica para tratamento de problemas da
fala e da linguagem .
Função: papel a desempenhar; uso a que se destina algo; atribu ição; emprego.

G
Genética : parte da biolog ia que estuda o fenômeno da hered itariedade e da
variação dos seres vivos.
Genético: que diz respeito a gênese; rel at ivo à origem dos seres.

H
Habilitar: tornar apto, autorizar; tornar-se eficiente e hábil.
Hábito: costume; ação repetida que leva à prática e ao conhecimento.
Herança : no âmbito da genética , tudo aqu i que está relacionado com a he-
red itariedade .
Herança genética : aqu ilo que é transm itido por meio de genes.
Hereditariedade: qual idade do que é hered itário; sucessão.
Hiperatividade: alteração da qual idade do comportamento caracterizado
por comprometimento acima do normal, relativo à área de atenção e/ou con -
centração e à ag itação motora .
Hipertonia: relacionado ao tônus muscular, com alteração acima do normal;
enrijecimento muscular.
Hipotonia : relacionado ao tônus muscular, com alteração aba ixo do normal;
flacidez.
Hipóxia : diminu ição da oxigenação no cérebro .
Humor: definido como o tônus afetivo ou o estado emocional em um deter-
minado momento.

I ·······
········· ··· ···· ·· ···· ········· ···· ······························· ············· ···· ··· ···· ····
ld : Segunda instância do inconsciente relativo à Psicanál ise. I

Identificação : ato de identificar.


ld en t I·t·tear: igualar-se;
· · · · ·d t·dade ou reco-
determinar a 1dent1dade, revelar a I en 1
nhecer o quadro avaliado .
- h pintura, . ,
Imagem corporal: representaçao do corpo obtida atraves de desen o, .
f0 t ogra f.ia, entre outros, relacionado
. ,. d · próprio.
aos afetos ou a imagem e si

vt
Glosscíno 333
,.,,
,, . ·················· .. ......... , , , ... ·· · ·· · ··· ·•····· ······ · ·

. 'dade: agir de maneira impulsiva; agir irrefletidamente.


uls1v1 . . .
1111P . . que age por impulso, que impele a agir de modo irrefletido
1111Puls1vo. d - d .
ordenação: ato e nao coor enar.
111 0
' denado: relacionado à mão e ao corpo, que não é sintonizado, que
1ncoor
. coordena .
nao se . . , .
ndência : autonomia, ser senhor de suas propnas ações e decisões.
indepe ., . . .
dolência : comportamento de pac1enc1a, pregu iça, inação.
ln d d . d. 'd .
dolente: qualida e o in 1v1 uo pregu içoso; indivíduo lento .
ln . , . . d f
•r·
ln fen .
conclu ir pelo rac1oc1n 10 a partir e atos; deduzir.
.lidade: inconstância; falta de solidez; mudanças frequentes
1nstabl ·
Inteligência : capacidade de compreender, aprender ou adaptar-se facilmente;
destreza mental.
Inteligência conservada : em quadros patológ icos diversos sem comprome-
timento mental.
Inteligência preservada : em quadros patológ icos diversos sem comprome-
timento mental.
lnternalização: experiência vivida e guardada no inconsciente, que se
expressa no produto da atividade.
Intervenção: ação terapêutica dirigida que age no processo de realização da
atividade.
Introversão: atitude característica de dirigir para o interior a energ ia psíqu ica ;
qualidade de uma pessoa fechada ; qual idade de pé para dentro do paralítico
cerebral.
Introvertido: que é propenso à introversão .

L
Lateralidade: capacidade de estabelecer dom inância homolateral de mão,
olho e pé.
Limite: linha de demarcação, divisa ou fronteira , que não se devem ultrapas-
sar ou que se devem apropriar-se.
Limítrofe: quadro mental caracterizado por déficit de aprend izagem ; está
relacionado com a área de excepcional idade.
Logorreia : estado em que o sujeito fala de forma desconexa , contínua e
muito rápida .
Logorreica: qualidade da pessoa com logorreia.

M
········. ··········· ............... ... . ········· .... ······· ······· ··········· ·
Mania : transtorno mental caracterizado por intensa excitação psíqu ica ; ativi-
dade constante, euforia .
334 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
···· · · •···· · ·· ····· · ··· · · · · ·· · ···· · ················· · ··· ·· ·· · ········ · ·· · ···················· · · · ····· · ··· ····· · ·· ·····•··· ·· · ·· ·········

Masturbação: autossatisfação por excitação genital.


Material : matéria-prima ; o que é concretamente percebido; passível de trans-
formação .
Material externo: similar à matéria-prima que sofre a transformação; aqu ilo
de que é feito algo; que é moldável e passível de man ipulação; relativo à teoria
chamoneana .
Material interno: refere-se a sentimentos ou emoções; o que pode ser exter-
nal izado, como o material interno do cl iente ou do paciente; relativo à teo ri a
chamoneana .
Material plástico: substância sintética que pode ser moldada .
Maturidade social : capacidade de assum ir responsab ilidades pessoa is e
sociais; demonstração de independência na construção de relações .
Meio circundante: contexto que reflete situações que circundam o ind iví-
duo .
Meio social: contexto que reflete as man ifestações resultantes das relações
entre seres humanos; socium .
Memória : capacidade de se lembrar; faculdade de reter impressões e conhe-
cimentos adqu iridos, e de recuperá -los pela ação da vontade.
Minimizar: diminu ir; tornar mín imo (em qualidade, intensidade, extensão,
importância); reduz ir agravos de sintomatologia de quadro patológ ico .
MMII : membros inferiores .
MMSS: membros superiores.
Mnemônica : técn ica para desenvolver a memória por meio de associação
de ideias .
Mnemônico: relativo à memória.
Moral : conjunto de regras de conduta desejáveis; bons costumes; filosofica-
mente, trata da bondade das ações humanas.
Motivação: capacidade em demonstrar e manter o interesse ou a curiosidade
durante uma determinada atividade.
Movimento dissociado: movimentos musculares não sincronizados.

N ······ ··••'
··· ··· ···· ················· ··· ········· ············· ····· ·· ·· ····· · ··· · ·· ·· ··· ··· ·· ···· ·
Necessidade: que é necessário, que não pode faltar; algo ind ispensável.
Nistagmo: movimentos involuntários do globo ocular.

o
........ ................ ............. ............. ............... ........................ ro-
Ob' · . blerna; P
Jeto concreto: correspondente ao termo grego ob1ectus, pro . ão
bl · - · · . d an1pu 1aç
ematizaçao do suJe1to concretizada na atividade; resultado ª rn
... ..... ..... .. ... ... .. ' .... .... .. . . ' ...... . . ... G lo ssário 335
' ''
. . . ... . ·• · . . . . . . . .. . ' ' . . ' .... .. . . . ' ........ .. ... .

•ais pelo cl iente; condição de conferir significado aos dados bruto s


d rnaten
e ,ateria!; produto .
do n . terno · motivos ou finalidades interiores · relativo a sentimentos e
bJ·eto in · . . _ '
O . · conscientes de cada indivíduo; produçao .
motivos I n h
. f ia : ato de roer as un as .
on1co ag
, eia • movimento que une o polegar ao dedo mínimo .
oponen · , . . _ , .
simples : metodo, le, , determ1naçao de facli compreensão
0 ~em ·
·zação espacial : capacidade de movimentar o próprio corpo de forma
organ l . .
. rada envolvendo outros obJetos; capacidade para identificar e discrimi-
1nteg ,
·reções · forma , conteudo .
nar d1 '

Orientação temporal : capac idade para perceber intervalos de tempo , como


antes, agora e depo is; d ia e noite; semana , d ia, mês, ano e hora .
órtese: complementação ou acréscimo de peça artific ial para superação de
déficit orgân ico , como óculos, muletas, entre outros .

p
······ · ·········· · ····· ······ . ............ . . . ..... . · ············ . .... ····· · ·· · · · · · · ·· ·· · ···· ··· ···· · ·····

Paciente : pessoa , numa cond ição pass iva , sob cu idados em saúde.
Paralisado cerebral : quadro de lesão cerebral , com comprometimento motor
e mental.
Paranoia : distúrbio psíqu ico caracterizado por ideias f ixas, geralmente de
persegu ição .
Pautas autistas : quadros comportamenta is caracterizados por compromet i-
mento relacional com o mundo real , isolados ou associados a outros quadros
patológ icos .
Pautas psicóticas : quadros caracterizados por d istúrb ios orgân icos ou emo-
ciona is, passíveis de gerar desorgan ização quanto à adequação social e à per-
sonal idade.
Pé equino: cond ição funcional do pé de atrofia do tendão calcâneo ; o ind iví-
duo se mantém nas pontas dos pés .
Pedagogia : estudo teórico e prático das questões relativas à educação .
P~rcepção : capacidade de organizar e compreender a interação de informa -
çoes sensoriais .

Perceptivo: qual idade instalada na ação interativa do ind ividual .


Persevera · · ·
r. pers1st1r, conservar-se f irme e constante; comportamento obser-
vado em .
pacientes com quadro de distúrb io mental.
Pinça · rn . . .
~p '
· ovimento que une o polegar ao dedo ind icador' é o movimento ma is
ec1alizado da mão humana .
POsj .
c1onar· tom . d . . -
trat · ar posição ; termo util izado no ato de eterm1nar pos1çao no
arnento d b b ~
e e es ou adultos com déficit postural.
336 Te,-apia Ocupacional - Metodologia e Prática
·· · ·· · ····· ····· · ·· · · · · ········· ·· ·· ··· · ·· ·· ···· ··············· · ········ · ·· ··· · ·· · ········· ·· · ····· ············ · . . .. · ·· ···· · ·· ·· ········ ···
·····.

Potencial: relativo à potência ; termo usado para defin ir um quadro res idual
do cl iente atend ido .
Pr: preposto, relativo ao cl iente.
Preestabelecido: informações previamente estabelecidas.
Priming : método de apl icação relativo ao processo de memorização .
Primitivo: rud imentar, inicial , relativo ao quadro apresentado.
Prioridade: qual idade de ordem para uma co isa que é posta em primeiro
lugar.
Processo : segu imento; série de atividades sequenciais real izadas pelo cl iente
que servem de leitura na Terapia Ocupacional.
Prognóstico: parecer do profissional e previsão do tempo de tratamento;
que sugere acontecimentos futuros .
Propriocepção: percepção de si mesmo; con sciência trid imens ional de posi-
cionamento no tempo e no espaço .
Prótese: subst itu ição de um órgão ou parte dele por uma peça artif icial.
Protetizar: ato de apl icar terapeuticamente uma prótese num ind ivíduo .
Psicologia : ciência que estuda a vida mental, suas leis e relações, relativo a
comportamento e ação .
Psicomotor: área que se refere à integração entre os âmb itos emocional e
motor.
Psicomotricidade: estudo científ ico e uso de técn icas de intervenção nas
áreas emociona is e motoras .
Psicopedagogia : formação da ps iquê al iada à pedagog ia.
Psicótico : estado de transtorno mental relac ionado a quadro de estrutura
emocional e dificuldade de relação com o meio social.

R
· · ··························· · ····· · ·· ·· · · ······ · ········ · · · · ·· ········· · ···· · ····· · ··· ·· · ·· ·············
Raciocinar: fazer uso da razão a f im de t irar conclusões; chegar a conclusões
e/ou soluções .
Raciocínio lógico : ocupação do espírito ou da mente para chegar a conclu -
sões coerentes; pensamento reflexivo .
Reabilitar: tornar hábil; agir na recuperação de habilidades e capacidades .
Reconhecer: identificar (pessoas, objetos, lugares) como conhec ido anterior-
mente.
Regras : aquilo que rege, regula ou governa; que orienta a agir em deterrni-
nado caso .
0
Resistência : diz-se da capacidade de tolerância ; atitude do cliente durante
processo terapêutico ou de transformação .
Ritmo : capacidade de perceber e reproduzir estruturas cadenciais simples e/
ou complexas .
.......... •••· •· •· ·· · · · ·· · · ··· ••••....... ... .. . . . . ..········· Clossário 337
,.•·
,,••
········· .. ·· ······ ···· ····· ····••·•· · ·• · ···

5 ...
·········· ··· ····· ··· ····· ··· ··· ········· ····· .. ······ ···
············· .... '

... •··· tado do indivíduo cujas funções orgânicas físicas e . _


úde: es . ' mentais estao
sa d. ões normais ou adequadas.
emcon iç . - .
. ntos: estados e conf1guraçoes afetivas estáveis em assoei· -
sent1rrie . açao a con -
' d 5 intelectuais.
~u o .
ciado: ato de segu ir, acompanhar de forma ordenada as situaço~e
5eque n ~ . . . _ S.
setting terap~utico . local adequado para real,zaçao das sessões terapêuti-
cupaciona1s.
cas o
Sialorreia: produção exacerbada de sal iva, que pode levar a quadro de baba
ndes quantidades.
ern 9ra
SIC: segundo informações ced idas; abreviatura usada para especificar infor-
mações conced idas pelo responsável e/ou cliente na anamnese.
Significado: qual idade do ato de fazer do cl iente ou paciente.
Significante: qual idade do objeto ou da representação utilizada pelo cl iente
ou paciente.
Sinais: 0 que perm ite conhecer ou prever algo; ind ícios, vestíg ios.
Síndrome: conjunto de sintomas e sina is que caracterizam um estado, que
pode ser produzido por várias causas; ocorre na carta genética .
Sintomas: fenômenos ou mudança patológ ica detectada no sujeito por
observação ou exame e cuja descrição ou anál ise perm ite estabelecer diag -
nóstico e proced imentos.
Solicitação: mecan ismo utilizado na área de saúde para encam inhamento de
exames complementares para atender a necessidades dos pacientes.
Surto: quadro agudo de alteração ou sofrimento psíqu ico temporário, rela -
tivo à saúde mental.

T
···· ·············· ·· ··································· ·················· ·················· ··· ···········

TDAH: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.


Terapia Ocupacional: ciência ocupacional que utiliza a atividade humana
como objeto de intervenção terapêutica ; profissão de nível superior que utili-
za a atividade (ação) como recurso terapêutico em quadros de disfunção de
saúde, através de diversos objetivos de tratamento, reabil itação, prevenção e
cu ra.
TIC: alteração motora sem contexto ou justificativa; ocorre, por exemplo, no
rost º e nos membros superiores.
Toe· transtorno obsess1.vo-compuls1.vo .
Tran st0 rno bipolar do humor: transtorno mental que caracteriza -se por
alteraç~
. oes de humor entre euforia e depressão, anteriormente
· chama dO de
Psicose rn ,
an,aco-depressiva .
338 Terapia Ocupacional - Metodologia e Prática
.... . . ···· ··· ···· ······ ················· ···················· ···· ··· ····· ··················· ········· ········· ··· ····· ······ ················ ·········

u
··········· ···································································· ··················· ·······
Usuário: quem faz uso de um sistema de prestação de serviços; quem usa ou
desfruta de algo habitualmente; quem faz uso de substâncias químicas .

V
Verbalização : capacidade de compreender ordens e regras, e de expressar
oralmente pensamentos e sentimentos.
Vício : apego extremo e compulsivo a algo que prejud ica a vida social e/ou
profissional de uma pessoa .
Vontade: faculdade de livre escolha dos atos a serem praticados pelo ind ivíduo.
Voz de comando: ind icação de ordem ou orientação dada por meio da voz .

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