Você está na página 1de 101

,

'1

. . . . 4"'FUNDACÃO
'" GD1JLIOVARGAS

INSTITUTO DE SELEÇÃO E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL


CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ROSA CRISTINA MONTEIRO DAEMON

},

A _

DELINQUENCIA E CRISE DA PSICOLOGIA SOCIAL - QUESTOES


CONVERGENTES

Rio de Janeiro, 1980

TIISOP
D123d
.- .. - ~-""'" .

"CE~?;~O PE pOS.-GRl\DU1\.Ç~O EM PSI~9LqGIA v·>"


. INSTITUTO QE SELEÇÃO E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
- ,FUNDAÇÃO, GETOLIO VARGAS ,- .
.• .t ~. . • • . . • ,

. ,
,

ROSA G.RISTtN'A MONTEIRQ: 'QAEMON


'. ~! . . , ~ , •
,~' ~"\ ,; '"':_ " . _..... \ . . ' , • , 1.•

•.....1,;, . ~ .; '. . _, ,'I , .. -


\ ~~

.'» •
CENTRO DE POS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
INSTITUTO DE SELEÇÃO E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS

DELINQUÊNCIA E CRISE DA PSICOLOGIA SOCIAL - QUESTÕES CONVERGENTES

por

ROSA CRISTINA MONTEIRO VAEMON

Dissertação submetida corno requisito.parcial para


a obtenção do grau de

MESTRE EM PSICOLOGIA

Rio de Janeiro, ~e~ /r~ ~ /J'c3.:::::::-


Se fosse um poema ..•
seria para Ariosto.
A G R A D E C I M E N T O

Ao Professor Antonio Gomes Penna, que apoiou a execuçao -


do trabalho, sem invadi-lo.

A Maria Clara Nunes Galantine, por ter tornado o texto

tão bonito.

Ao ISOP, pela bolsa recebida durante um certo periodo

do curso.
Não é por uma questão de convençao ou estilo

que este texto está escrito na primeira pes-

soa do plural.

Se nao estivesse sendo utilizado por mim, nes

ta ocasião, como dissertação de mestrado, ele

seria assinado também pelo Maurício.


RE~U~O

Na medida em que o crime, a violência e a delinquência

se apresentam como graves problemas sociais de nossa época, no~

so olhar se dirige para as instituições que funcionam em corre-

lação coro tais problemas.

Assim, deparamo-nos com a recente criação dos Insti-

tutos de Ressocialização e a implantação da Observação Cautelar

como modalidade de pena.

Nossa proposta, neste trabalho, é pensar esta insti-

tuição, sua lógica própria. Um pensamento que não é, no entan-

to, finalista. Não pretendemos especular sobre o valor desta

instituição enquanto meio de combate ao crime. Ao invés disso,

procuramos efetuar uma descrição do modo próprio de funciona-

mento destes institutos, apontando a prática social a eles asso

ciada, descrevendo a realidade social que eles fazem emergir e

o modo pelo qual eles são capazes de produzir tais realidades

sociais.

Neste empreendimento, deparamo-nos com a possibilidade

de pensar ainda, nesta ocasião, o problema da constituição das

ciências sociais, já que as duas questões parecem estar forte-

mente associadas.

A ressocialização é um tema da psicologia e portanto

este saber é requisitado para fundamentar a ação. Do mesmo modo,

os institutos são um bom local para a expansão da pesquisa psi-

cológica, que se realiza sob o princIpio da "autonomia".

v
o quadro que se nos apresenta a certa altura da análi-

se é o de práticas sociais que mantêm o corpo sob controle. Um

controle exercido suavemente porque se apresenta predominante-

mente como "cuida.do", "zeio". Um poder que se passa por amor e

que é intenso e extenso, na medida em que se efetua em nome da

preve"nçao e, assim, atinge mais os corpos do que poderia atin-

gir se ainda se efetuasse em nome da correçao.


·SUMMARY

Since crime, viclence and delinquenciy have appeared

as sericus sccial prcblems cf cur days, we have tended to. cbserv

the instituticns wich functicn in ccrrelaticn with these

prcblems.

50., we have fcund the Ressccializaticn Institutes,

created recently, and the Vigilant Observaticn, as a new way cf

punishment.

In this wcrk we have tried to. think abcut these

instituticns, its own lcgic. Our thcught is nct a finalist cne.

It is nct cur intenticn to. speculate abaut the value cf these

instituticns while means cf fighting against crime. Instead cf

this, we have tried to. describe the prcper way cf functicning

cf these establishments, indicating the sccial practice

asscciated to. them, describing the sccial reality wich they

prcsecute and the way by wich they are able to. bring abcut

these sccial realities.

In this effcrt, we have ccme acrcss with the

pcssibility cf thinking abcut the prcblem cf the sccial science

ccnstituticn.

The twc questicns seero to. be strcngly asscciated.

Ressccializaticn is a psychclcgical subject and sc,

this kncwledge has been required to. validade the acticn. The

same way, the institutes are gccd cpcrtunities to. the expansicn

of psychclcgical researches, wich are effetivated under the

"autonomy principIe".
The picture we have, at this pont of the analisis, is

thé\t of social practices wich mantain the body under controlo A

control wich 1s softly exercised because it shows 1tself as



"carefulness", "zeal".

A power wich looks likc lave and wich 1s intenso and

ext.ensive since i t has been exercised in the name af prevention,

ane so it touches more bodies than it would touch if it was

exercised in the namc of correction.

".

1
S UMA R I O

Agradecimento .................................. iv
Resumo ......................................... vi
Summary ........................................ viii

INTRODUÇÃO:

1 comentários iniciais ............................. 1

2 - Apresentação do texto ...••......•.•....•..•...... 4

CAPITULO I - Sistema Penal e Psicologid.

1 -O Problema - Um Fracasso Evidente 7

2 - Uma Solução - A Observação Cautelar 11

3 - A Rainha Branca 16

4 - Da Observação Cautelar à Metodologia das Pesquisas


Psico15gicas .•..•..•. ...••..........•........... 21

CAPITULO II - Sobre a Metodologia da Pesquisa Psico15gi


ca.

1 - Questões Preliminares - Dos Sistemas Filos5ficas à


Autonomia das Pesquisas • • • • • . . • • • • • . . • . . . • • • • . • • 23

2 - A Autonomia da Pesquisa a partir de Duas Perspec-


tivas Distintas •••..••••..•.•. .•••••••...•.••... 28

a) em busca da razão pr5pria das ciências sociais. 29

b) em defesa da des-razão - autonomia total da


construção científica • • • • • • • • • • • • • . . . • • • • • • • • 31

3 - Consequências Metodo15gicas do Princípio de Autono


mias das Pesquisas •.•••••••••••••••••••.••••••• -: 34

a) nem ordem, nem progresso •••••••••••••••••••••• 34

b) ordem para o prog~esso •••••••••••••••••••••••• 35


4 - Técnicas Progressistas .. ... .... , . .. , . .. .... .. .. . 40

5 - Pesquisas Progressistas ., .. , .... . , . ...... . .. . .. . 52

CAPITULO 111 - Crises e Superações

l-Resultados obtidos pelas Pesquisas Contemporâneas. 62

2 - Questões Convergentes - Delinquência e Crise das


Ciências Sociais .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

3 - Todo Cuidado é Pouco!!! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 65

4 - Observações Cautelosas 68

NOTAS 69

AP1!:NDICE I - o que é DES IRE? . . . • . • . • . . . . • . . . . • . . . . . . . . 74

BIBLIOGRAFIA 78
Vl4PU~ a ob~a e panece-me bem acabada. Vo lado de nona
apena~ ~e enxenga um gnande bunaco; e~te em vendade não leva a
pa~te alguma e já a pou~o~ pa~~o~ t~opeça-~e com a nocha. Não
que~o enva~decen-me de ten con~tnuZdo e~te andil delibenadamen-
te; é ante~ o ne~to de um do~ numeno~o~ e vao~ intento~ con~tnu

tivo~,ma~ po~ 6im pane~eu-me vantajo~o deixan e~~e bunaco ~em

tapa~a Centamente, há a~t~cia~ que, pon muito ~uti~, a ~i me~­

ma~ ~e de~tnõem, i~~o eu o ~ei melhon do que ninguém, e ~ndubi­

tavelmente con~titui uma audácia chaman a atenção com e~te buna


co pa~a a pd~~ibilidade de que aqui exi~ta algo digno de ~en in
ve~tigado. Contudo, engana-~e quem julgue que eu ~eja covande
e que apena~ pon covandia executo a obna. A un~ mil pa~~o~ de~-

. te bunado en~ontna-~e, ~obento pon um manto de mu~go ~olto, a


vendadeina ~ntnada, tão bem guandada como ~e pode e~tan n~ mun-
do; natunalmente, alguém podenia pi~an o mu~go ou de~manchã-lo;

então minha obna 6icania expo~ta e quem tive~~e vontade -- no-


te-~e, contudo, que pana i~~o ~eniam nequenida~ condiçõe~
-
nao
muito comun~ -- podenia penetnan e de~tnuin tudo pana ~empne.

I~~o eu o ~ei bem ...


INTRODUÇÃO

l-Comentários iniciais:

Localizar o assunto a ser estudado no interior de uma

certa disciplina constitui uma iniciativa bem aceita e corri-

queira.

"A ~egiao epi~t~mica mai~ p~6xima de uma pe~qui~a 'ci-


entI6ica e, evidentemente, a da di~ciplina do pe~qui­
~adon na qual ele pnocede a e~colha~ te6nica~, epi~­
temol6gica~, tecnica~, etc ... , no pn6pnio ~eio do que
a tnadiç.ao de~ta di~ciplina lhe o6enece."!Bnuyne, 13,
pg. 34)

Deste modo a frase introdutória do trabalho estaria

imediatamente disponível:

Trata-se de um texto sobre criminologia, ou

Trata-se de um texto· sobre sociologia do desvio, ou

Trata-se de um texto sobre penitenciarismo ...

Escolher qualquer destas frases implicaria assumir com

promissos com formas de pensamento já convencionadas. Signifi-

caria tomar como dada uma unidade, tratar esta unidade como in-

suspeitável e erobaralharmo-nos na malha de enunciados que ela

possibilita. Um roteiro de trabalho bem definido apareceria

quase como invitável e quaisquer conclusões apareceriam como

conseqüências lógicas do que havíamos formulado ao longo do tex

to.
2.

Assim, por exemplo, se escolhessemos cOmeçar pela pri-

meira frase - trata-se de um texto sobre criminologia - nao po-

deríamos evitar referências a Beccaria e seu trabalho pionei-

ro, Essay on Crime and Punishment (1804); tão pouco poderíamos

deixar de comentar a tão difundida tese de Lombroso, que em seu

L'Uomo Delinquente (1876) define o criminoso atávico. Certamen-

te seríamos acusados de negligentes se nao mencionássemos

Eysenck, e de injustos se não levássemos em consideração a aná-

lise tão cuidadosa e bem intencionada de Augusto Thompson na

sua Questão Penitenciária.

Daí por diante seríamos impelidos de Dwrnheim a FeldMn,

de Hobbes a Goffman, como se houvesse um espaço definido, bem

dimensionado, coerente, onde as idéias devessem circular.

Contudo, ao recusarmos o tema, em virtude do risco

que ele oferece de turvar nossa visão, encontramo-nos diante

da dificuldade especial de estabelecer um ponto de início.

Sabemos que o caminho a ser percorrido depende do lu-

gar onde inicialmente colocamos o pé.

Recorrer à tradição é conceber a existência de um ca-

minho já traçado. Percorrê-lo, revisá-lo, é a garantia de dese~

pedí-lo e possivelmente dar um "pa.6.6o a nlLe.l1te.". Recusá-lo, inu-

tilizá-lo, desfazê-lo, é perder esta garantia e deparar-se com

a necessidade de desenhar pela primeira vez um objeto.

Que não se tome, no entanto, esta recusa como a adoção

do tão decantado "plLil1cIpio de. ne.utlLaiidade.". Se optamos por

não funcionar a partir de textos anteriores não é por conside-

rá-los "6aiho.6", "e.lLlLado.6 ". ou "implLe.ci.6 0.6". Apenas consideramos


3.

que sua pertinência em relaç~o ~o ~ssunto do qual ire~os tra-


tar já é produto de uma operação histórica específica, com a

qual não gostaríamos de estar comprometidos.


4•

2 - Apxesentação do tezto.

Para introduzir este texto, talvez seja conveniente re

sumir certas idéias gerais, cujo encadeamento resultou nesta sín

tese que ora apresentamos.

Algumas destas idéias encontram correlato em trabalho

de outros autores e, sempre que possível, procuramos citá-los:

a) Constitui um "6ato" contemporâneo a constatação de

que o sistéma penitenciário está em crise. Admite-se, com gran-

de facilidade, a insuficiência da prisão para combater o crime.

b) Ao lado de reformas que mantêm inalterada a forma da

prisão (permanece a restrição física) emerge uma nova modalida-

de de pena - a prisão-aberta cujo funciondmento promove a

permanência de uma instituição: Os Institutos de Ressocializa-

çao.

c) Sendo geralmente apresentada como a solução h~s-

ta, esta modalidade de pena tem como principal característica

ser orient~da para programas de prevenção. Prevenir o crime, a-

tingindo o delinquente. As atividades dos Institutos incluem um

projeto que se intitula "cliente4 em via4 de ma~ginalizaç~o".

d) Esta nova forma de combate ao crime encontra-se re-

lacionada com as ciências sociais: psicologia, sociologia, peda

gogia ..

e) A questão central do penitenciarismo passa a ser,


5.

com a observação cautelar, a da const~uç~o de uma sintomatolo-

gia da delinqüência lsubstituto atual do crime), o que implica

uma discussão da metodologia da pesquisa destas disciplinas.

f) A discussão da metodologia é possivel por diferen-

tes vias: o modo de existência próprio das pesquisas sociais

contemporâneas parece ser o de serem realizadas segundo pers-

pectivas técnicas que afastam certas questões como as de "ve~-

dade" e "conhec--<,men.to" I considerando-as "6·Lto.6 Õ 6ica.6" e, portan

to "inopo~.tuna.6" diante da urgência dos problemas sociais que r~

querem soluções imediatas.

g) Assim, estamos em uma situação em que grande nume-

ro de resultados de pesquisas sao produzidos a cada dia.

h) Pela persistência dos problemas sociais, apesar das

inúmeras investigações realizadas, as ciências sociais sao apre

sentadas como estando "em c~i.6e".

i) A superaçao da crise, longe de paralizar a pesqui-

sa, é razao de proliferação de pesquisas.

j) Assim, o grande número de trabalhos sobre "delin-


q liênc.ia" I "pe~.iculo..6i.dade" I "c~.im.inali.dade" I realizados nas

mais diversas perspectivas teóricas e de acordo com as mais di-

versas técnicas, multiplicam o cuidado, a cautela que se deve

ter com o indivíduo para evitar que ele se torne um criminoso.

k) Longe de ser um "ato ~epJt.e.6.6.ivo", as ciências so-


6.

ciais estã,o a.i pXQl1lovendo formas de sujeição, que podem ,repxe-

sentar um controle muito mais efetivo, agentes muito mais pre-

sentes. ~ este saber, que não se constitui por nenhum absoluto,

que se estende por todo o corpo social, que mantem hoje o podeL

Uma passagem de Foucault talvez seja bastante expres-

siva da orientação geral deste trabalho:

"Se. o pode.JL 6o.6.6e. .6orne.nte. JLe.ptz.e..6.6-tvo, .6e. não 6ize..6.6e.


outJLa ~o-t.6a a não .6e.tz. d-tze.tz. não vo~~ a~JLe.d-tta que. .6e.
JL-ta obe.de.~-tdo? O que. 6az ~orn que. o pode.tz..6e. rnante.~
nha e. que. .6e.ja a~e.-tto é .6irnpfe..6rne.nte. que. e.fe. não pe.-
.6a ~orno urna n0tz.ça que. diz não, rna.6 que. de. 6ato e.f~
pe.tz.rne.-ta, pJLoduz ~oi.6a.6, induz ao pJLaze.tz., 60JLrna .6a-
be.JL, ptz.oduz di.6~uJL.6o". (Fou~auft, 36, pg. 8)

.,
7.

CAPíTULO I SISTEMA PENAL E PSICOLOGIA

l - O Problema - Um Fracasso Evidente

Diz-se do Sistema Penitenciário que ele está em crise.

Apresenta-se nele uma contradição fundamental: ao invés de redu

zir a criminal idade ele contribui para aumentá-la.

Esta constatação não é um acontecimento exclusivamente

brasileiro.

Muitos sao os trabalhos que dizem desta mesma defi-

ciência em outros países. Citamos alguns:

"Ve~de o começo a p~i~ao devia ~e~ um in~t~umento tao


ape~fieiçoado quanto a e~cola, a ca~e~na ou o ho~pi­
tal, e agi~ com p~eci~ão ~ob~e o~ indivZduo~. O fi~a­
ca4~0 fioi imediato e ~egi~t~ado qua~e ao me~mo tempo
que o p~óp~io p~ojeto. Ve~de 1820 ~e con~tata que a
p~i~ ão, lo ng e de t~an~ Óo~ma~o~ c~imino~ o~ em gente ho
ne~ta, ~e~ve apena~ pa~a óab~ica~ novo~ c~imino~o~
ou pa~a afiundá.-lo~
ainda mai~ na c~iminalidade." (FRAN-
ÇA - Foucault, 36, pg. 1311

"Po~ con~eguinte, o~ cá.~ce~e4, a~4im como 4aO, nao


~e~40cializam em ab~oluto o inte~no, ma~ ao cont~ã­
~o, tendem a de4~ocializã-lo. A con~eq~~ncia lógica
de um tal p~ocedimento ~et~óg~ado pa~ece ~e~ uma ~ó,
i4tO ê, que o inte~no, pelo óato de 4e~ cada vez mai4
"de4educado" "elo cá.~ce~e, ~ ob~igado a pe~manece~
4emp~e aZ (ITÃLIA - Accattalih in Ba4aglia, 9, pg.1871

"Há. 250.000 peh40ah detidah em ,,~~hoeh ame~icanah. Ih


to 6az da p~ihao uma imenha indúht~ia humana, e heü
~~oduto (Oh inte~nohl um impo~tante p~oduto nacional.
~. po~tanto dehalentado~ que tenhamoh óatoh - 6ato~ de
4 enco~aj ado~eh - h o b.te a óallta dah p~ih Õeh em p~o du::'
zi~ eóeitoh hob~e a incid~ncia de c~ime~ e em ~eabi­
lita~ 04 c~iminohoh." (ESTAVOS UNIVOS - Toch, 90, pg.
6)
8.

Reconhecida esta insuficiência, proliferam os projetos

de reforma. Tais projetos têm origem dentro e fora do Sistema p~

nitenciário e são sempre precedidos de análises sobre suas con-

dições atuais de funcionamento. Estas análises partem, de modo

geral, do caráter totalitário 1 das instituições penais, e des-

te modo focalizam principalmente a restrição física a que estão

submetidos os detentos.

Nos vários níveis de investigação estudam-se os efei-

tos negativos desta restrição física 2 sobre a vida futura dos

detentos -- fala-se, neste caso, da formação de grupos margi-

nais pelo contato de criminosos primários com criminosos reinci

dentes; de perda de identidade com consequente dificuldade de


~

reintegração social; de desenvolvimento de hábitos adaptados a

vida carcerária mas desadaptados à vida extra-muros ...

Desta forma, apontam-se defeitos e estudam-se formas

de minimizá-los ou, possivelmente, eliminá-los.

Neste contexto, torna-se possível falar da necessidade

de "me.lho-'l.a-'l." o nível técnico do pessoal responsável pela vigi-

lância (guardas), a fim de que os presos tenham um tratamento

mais humano; intensificam-se as campanhas a favor da "vi-6ita In.

tima" 3, relacionando-a à possibilidade de manutenção de um nú-

cleo familiar; aprimoram-se técnicas de classificação, de modo

que internos que tenham maior "n.Ive.l de. pe.-'l.ic.ulo-6idade." cumpram

pena em estabelecimentos diferentes daqueles ocupados por inter

nos coro menor "nZve.l de. pe.-'l.ic.ulollidade." •••

As propostas de solução surgem das mais diversas fon-

teso Se podemos encontrar o assunto exposto em livros técnicos


9.

primorosamente editados, de autoria de cientistas "eonôagna-


do.6", como é o caso do texto de Hans Toch - Living in Prison,

também podemos ouvir falar dele através de programas de televi-

são dirigido ao grande público e exibido em "honá.n.<.o nobne' (Glo

bo Repórter - TV GLOBO - RJ), através de publicação semanais

em fascículo, vendidas em bancas de jornais (CRIME - ed. Abril

C~ltural), ou através de discursos de candidatos a cargos públ!

cos que apresentam a reforma do sistema penitenciário como pla-

taforma política.

Apesar de algumas necessidades terem sido atendidas,

nao nos importando aqui a quem cabe o mérito destas realiza-

ções, nenhum efeito de redução de criminalidade foi evidencia-

do. Sendo assim, as críticas em relação à ineficácia do siste-

ma penitenciário permanecem cada vez mais acirradas.

O momento atual parece caracterizar-se por um "ne.eo-


nhe.e.<.me.nto" da incapacidade da prisão de combater o crime-"nao
há. pO.6.6'<'b'<'!'<'dade. de. eombate.n o en.<.me.,· e.!.<.m.<.nan a de.!.<.nquêne.<.a,
mante.ndo-.6e. a.6 eond.<.ç~e..6 atua.<..6 do .6.<..6te.ma pe.na!" - chegando-se
ao máximo da crítica com o reconhecimento de que - "nao há. PO.6-

.6ibi!idade. de. eombate.n o en.<.me., e!iminan a de!.<.nquêne.<.a, mante.n


do -.6 e a.6 eo tI d.<.ç ~ e..6 atuai.6 do Si.6 tema" ...

Seguindo este caminho, acompanhando esta argumentação


10.

partindo desta perspectiva de defici~ncia o siste~a penal es

tá em crise chega-se inevitavelmente à conclusão de que é


preciso uma mudança radical, e assim, pede-se a destruição dos

muros, o rompimento das grades, o desmantelamento das celas.

Este pedido já não é mais sussurrado, ele é um grito.

Esta mudança é solicitada e a maior parte dos estudos

sobre a prisão acabam por concluir da "neee~~idade" de se alte-

rar radicalmente o Sistema penal s •

Como será possível a eliminação de uma instituição co-

mo o Sistema Penal? Como ficaria o combate ao crime?


11.

2 - U~a Solução - A Observação Cautelar

Fala-se hoje em "pJL.i.~ao abe.JLta". Mais precisamente, há

a implantação de uma nova modalidade de pena, que é chamada


6
observação cautelar.

A observação cautelar implica em que o sujeito conde-

nado nao seja mais conduzido a nenhum estabelecimento do sistema

penal. Ao invés disso, ele é encaminhado a um sistema de "JLe.~~o

c..i.aç.ão" e s_ubmetido a "tJLatame.nto" por uma equipe interdisci-

plinar, que elabora relatórios periódicos sobre sua "c.onduta".

DestE"s relatórios constam "iaudo.6" jurídicos, sociais,

médicos, psicológicos e educacionais que são remetidos a


.
JU1-
..

zes, os quais julgam a recuperação, readaptação, ressocializa-

ção do delinquente.

Este "tJLatame.nto" segue uma rotina bem estabelecida o~

de até mesmo o trajeto físico é pensado como fator importante.

Deve-se, na medida do possível, facilitar o itinerário a ser

percorrido pelo cliente.

Em linhas bastantes gerais, a rotina pode ser assim

descrita:

-- o cliente é recebido por uma assistente-social res-

ponsável por fazer a triagem. Aí, a partir dos dados fornecidos

pelo cliente, são caracterizadas suas necessidades mais urgen-

teso Em função de uma hierarquia estabelecida entre estas neces

sidades é preenchido um cartão de atendimento que inclui obrig~

toriamente uma passagem pelo advogado, a fim de que tome conta-

to com sua situação jurídica {andamento do processo, direitos e


12.

deveres do apenado.,,). Dal O cliente deve seguir para o ser-

viço-social de casos e à seção de psicologia, onde serão abor-

dados seus problemas emocionais. A ida ao serviço médico só se

efetua no caso de uma sintomatologia física declarada. Final-

mente, a seçao de pedagogia deve fazer um levantamento das apti

dões e interesses do cliente a fim de orientá-lo na escolha de

uma carreira -- passo indispensável no caminho da recuperação.

Ainda uma vez nao podemos dizer que a experiência re-

presente um pioneirismo brasileiro. Alguns outros países estão

empenhados na implantação de medidas semelhantes:

" com a 6inalidade de penmitin ao~ intenno~ tnaba


lhan no extenion e o6enecen-lhe6, pon e~ta via, umi
po~~ibilidade concneta de ne~~ocialização, tem-~e
concedido ao~ me~mo~ licença~ de tnabalho pon penZo-
do~ maione~ que aquele~ pnevi~to~ pelo negulamento
penitenciâ.nio . .. " I Accattati~ in Ba~ aglia, 9, pg.191 )

As colônias agrícolas e a autorização para o trabalho

extra-muros podem ser consideradas como formas precursoras des-

ta modalidade de pena que ora se inaugura.

C humanismo teria assim caminhado passo a passo, lu-

ta em luta, vitória em vitória, até alcançar esta forma tão

aperfeiçoada de combate ao crime.

"Re6peitan a pe~6oa humana!" Eis o que se prenuncia

sob a instalação da observação cautelar, que representa, sem dú

vida, um verdadeiro humanismo! A liberdade é um valor fundamen-


...
tal do ser humano ••• "Re6peitalL a. pe66oa. humana." e um princípio

básico para qualquer intervenção que se quer digna!


13.

" ... e4ta ~ a l6glca p406und~ que Yive na ln4titulçao


~enitencla4la. ~ a l6~lca da co~~eÇao, que ~emonta
a antlga t~adlçao da Ig~eja.
Ve6lnltlvamente, e cont~a e~ta l6glca que deve
he levanta~ de modo '~ubve~~lvo' a l6glca do~e~pel­
to a pe~~oa humana." (Accattatl~ ln Ba~aglla, 9 pg.
220)

Esta medida não é, contudo, acolhida por todos com a

mesma simpatia. Dividem-se as opiniões. Sem mencionar as críti-

cas que se dirigem à defasagem que existe entre o "p~ojeto" in~

titucional e a "~ealldade"institucional, pois estas não aprofu!!.

d~ na lógica subjacente à pena e podem sempre ser tomadas como

discussões e disputas pessoais entre técnicos, podemos apontar

duas posições distintas.

Por um lado critica-se a fragilidade da medida em rela

çao ao controle exercido sobre pessoas que efetivamente infrin-

giram a lei, que cometeram crimes:

"O~ lnlmlgo~ da ~ocledade 6lcam ~olto~, ameaçando con~

tantemente. a pe.~6e.lta ha~mon-<..a ~oclal".

Esta crítica repousa na crença de que o controle so-

cial é consequência de um código penal jurídico. Sendo o crimi-

noso um inimigo da sociedade deve ser punido, preso, controla-

do.

o código penal jurídico seria a expressa0 dos contra-

tos sociais realizados a fim de permitir um perfeito funciona-

mento social. Sem a existência deste contrato, não haveria vida

em sociedade.

Tão antiga quanto Hobbes, esta teoria do contrato so-

cial tem tido correspondência em diversas épocas.


14.

Becca,ria, e..xpoe clara,roente esta, concepçao sobre o códi-


go penal, apresentando-o na seguinte seqüência de argumentos:

"Todo~ o~ homen~, ~endo po~ natu~eza egoI~ta~, podem


c.omete~ de.e.;"to~"

"H~ um c.on~en~o na ~oc.1edade ac.e~c.a da c.onven1~nc.1a


de p~otege~ a p~op~;"edade p~;"vada e o bem-e~ta~ ~o­
c.1a.t"

liA 6;"m de ;"mped;"~ uma gue~~a de todo~ c.ont~a todo~,


o~ homen~ c.e.teb~am .t1v~emente um c.ont~ato c.om o E~­
tado pa~a p~e~e~va~ a paz em c.on60~m;"dade c.om o que
60-<. e~tabe.tec.;"do po~ e~te c.on~en~o"

liA pena deve ~e~ ut1.t1zada pa~a d1~~uad1~ o 1nd1vI-


duo de v10.ta~ o~ 1nte~e~~e~ do~ out~o~. Toma~ med1-
da~ c.ont~a e~ta~ v;"o.tac~e~ ~ p~e~~ogat1va do E~ta­
d~; p~e~~ogat;"va que .the c.onc.ede~am a~ pe~~oa~ que
c.e.teb~am o c.ont'Lato." (Bec.c.a~la, 1804 1n Ta!:f.to~, 89
pg. 20 J

Recentemente ainda podemos encontrá-lo na literatura


especializada:

"Quatque~ que ~eja a no~~a op1n1~o a ~e~pe1to da de-


mon~t~acao de Hobbe~, uma c.o1~a e.te v;"u mu;"to bem:
pa~a have~ ~e.tac~e~ ent~e o~ ~e~e~ humano~, ~ p~ec.1-
~o have~ ~eg~a~, e a~ pe~~oa~ p~ec.1~am ~e~ c.apaze~
de ~uPQ~ que, de modo ge~a.t, e~~a~ ~eg~a~ ~e~ão c.um-
p ~ da~ ". ( Co h e n , 2 2, P9 . 1 5 J

Por outro lado, tomando-se a discussão nao mais do


ponto de vista da violação do contrato já efetivada, defende-se
o vigor desta nova instituição em relação à prevenção do crime.
Os criminosos declarados perdem sua importância primeva. O que
fazer com eles não deve ser a principal preocupação. Não sao a
eles que os maiores esforços devem ser dirigidos. "t um ga~to
15.

inútil com pe-64 Qa,-6 iJt.Jtecu.peJtéiveib, 60/l,ma.b teJtatolõ gica~ aI.) qu.ai~

6alta qualqueJt gota de humanidade -- e/.)te/.) podem peJtmanec.eJt na/.)


c.e.(..a~.
D •• " , ou en t ao
- ~ • . " a pena d e mo '<'kt e" •

Trata-se, neste caso, de evitar que o crime seja come-

tido. Prevenir passa a ser a palavra de ordem. Não se pode di-

zer que seja urna palavra de uso recente; nos discursos mais pro

gressistas já faz tempo que ela está presente, mas no Brasil só

agora ela está chegando ... e com que dificuldades ainda nos en-

contramos para sua adoção 7 •


16.

3 - A Rainha Branca

Le.w-t.6 CafULO i
.. .. . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . ....... .
-- Não e..6tou e.nte.nde.ndo nada -- d-t.6.6e. Al-tce.. -- E.6tá.
honnive.lme.nte. con6u.6a.

-- E o ne..6ultado de..6e. v-tve.Jt paJta tJtá..6 -- d-t.6.6e. a Ra-t-


nha com be.ne.volê.nc-ta. -- Se.mpJte. con6unde. um pouco a pJU..nc1p-to

V-tve.n paJta tná..6! -- Jte.pe.t-tu Al-tce. com a.6.6ombJto. Nun


ca oUV-t {.alaJt d-t.6.6o ante..6!

-- ••• ma.6 há. uma gJtande. vantage.m n-t.6.6o, po-t.6 a me.mo-


nia pode. 6unc-tonan no.6 do-t.6 .6e.nt-tdo.6.

-- Quanto ã m-tnha me.móJt-ta, .60 6unciona num .6e.nt-tdo


ob.6 e.Jtvo u At-tce.. Só p0.6l0 me lembJta~ de cC-tJaJ que accntccc-
nam ante..6.

E um~ pobJte. e..6p~c-te. de. me.móJt-ta, e..6.6a, que. .60 6unc-t~

na paJta tJtá..6 -- ob.6e.Jtvou a Ra-tnha.

-- E a .6e.nhoJta, de. que. t-tpo de. co-t.6a.6 .6e. le.mbJta? -- aJt


nihcoU-he. Al-tce. a pe.JtguntaJt.

-- Oh, CO-thah que. aconte.ce.nam daqu-t a qu-tnze. d-ta.6


.ltehponde.u dehcu'<'dadamente. a Runha. -- PoJt e.xe.mplo, agoJta -- con
tinuou enquanto 6-txava um gJtande. pe.daço de empla.6tJto no dedo --
Há. o cahO do Menhage..<.Jto do Re..<.. Ele ehtã. na pJt'<'.6ão, .6e.ndo c.a.6t:!:.
gado; o julgamento não começaJtã ante..6 de quaJtta-6e.-tJta; e. o CJt.<.-
me, i claJto, h5 vi.ltá. no 6.<.nal.

-- VamOh dizeJt que ele não cometa nunca. o cJtúne.. E en-


17.

tão? -- .6ugeJr.Á..u AlÁ..ce.

-- Então .6 ett.ia. a.Á..nda. melholt, não .6 eltÁ..a.? - dÁ...6.6 e a.


Ra.J..nha., enQua.nto óÁ..xa.va. o empla..6tlto no dedo com uma. óÁ..ta.. AlÁ..ce
na.o viu como nega.1t i.6.6 o. -- t cla.lto Que .6 eltÁ..a. melholt - di.6.6 e-
ma..6 não .6ett.ia. melholt ele na.o .6elt ca..6tiga.do?

-- t a.;[ Que voce .6e enga.na. - di.6.6e a. Ra.inha.. - Voc~

nunca. óoi ca..6tiga.da.?

-- SÁ..m - lte.6pondeu Alice. - ma..6 .60 qua.ndo tive cul-


pa..

-- E eu .6eÁ.. que voc~ a.cha. que óoi muito melholt a..6.6im!


dÁ...6.6e a. Ra.inha. tltiunóa.ntemente.

-- Sim, ma..6 eu óÁ..z a..6 coÁ...6a..6 pela..6 qua.Á...6 óui ca..6tÁ..ga.-


da. - explicou AlÁ..ce. - t ni.6.6o que e.6tá toda. a. dÁ..óeltença..

-- Ma..ó .6e voc~ não tÁ..ve.6.6e óeito e.6.6a..6 cOÁ...6a..6 - pltO.6-


.6eguiu a. Ra.inha. então tett.ia. .6ido a.inda. melholt; melholt, e
melholt, e melholt! Sua. voz óica.va. ca.da. vez ma.i.6 e.6ganiçada quan-
do dizia. "melholt", até. vÁ..lta.1t qua.óe um guincho .
..... .. . . .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .
18.

Devemos pensar ~ observação c~utelar a partir de uma

lógica nova, especial, que a sustenta e podemos, para melhor

nos situarmos, traçar algumas diferenças que apresenta em rela-

çao à prisão-detenção.

-- Primeiramente, a prisão-detenção se caracteriza por

estar ao lado da sociedade, como apêndice desta. Assim sendo,

e~a isola o infrantor, priva-o do contato com a sociedade mais

ampla, de tal modo que o fim de toda pena é sempre visto como

"volta", "/te.'c.u..pe./taç.ão". Ele é chamado "e.g/te..6.60" do Sistema Pe-

nal. Sua saida é acompanhada de um ritual que envolve, desde a

recuperação dos documentos perdidos quando do ingresso no siste

ma penal até a travessia das pesadas grades de ferro que com-


8
põem a arquitetura dos presidios.

-- Em segundo lugar, a prisão-detenção so pode acolher

em seu interior individuos que tenham infringido a lei. Apre-

senta-se deste modo com o caráter de repressão, pois sua açao

é posterior ao delito. Embora a recuperação seja um de seus ob-


jetivos, é sob a forma de punição que ela se justifica.

-- Por fim, na medida em que o objetivo de recuperaçao

é colocado como prioritário em relação ao objetivo de puniçã0 9 ,


associa-se à prisão tentativas de "c.onhe.c.ime.nto", de ".óabe./t" I
sobre todos os aspectos que envolvem os crimes. Então, as "c.iên

c.ia6" humanas ocupam uma posição destacada. Cumpre a elas escla


recer sobre as causas não-juridicas do crime e sendo assim, o

"6,ta66" de um estabelecimento penal passa a incluir, ao lado de


19.

advogados e juizes, elementos extr~-jurldicos como psiquia-

tras, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, criminologis-

tas. Mas é ainda dentro da prisão que estes técnicos realizam

seu trabalho.

Em relação a estes pontos a observação cautelar apre-

senta diferenças substantivas:

-- Sua ação se passa ao "al1. l.<..vl1.e.". Não há isolamento

flsico, tudo ocorrendo em seu meio "natUl1.al": famIlia, traba-

lho, amigos, não são abandonados. O infrator torna-se ·cliente.

Deste modo, não há retorno, pois nunca houve salda. Sua inter-

venção não pretende mais ser urna ação de repressao ostensiva,

mas antes, uma intervenção terapêutica.

-- Tem a característica de abarcar pessoas que vir-

tualmente sejam criminosas. A infração da lei deixa de ser pen-

sada no princIpio e passa a ocupar um lugar de quase-inexistên-

cia. Se o objetivo é prevenir, o ato é o que deve ser evitado.

Para isso um conhecimento detalhado dos sujeitos faz-se neces-

sário e fundamental. Os ".6.<..na.<...6" de delinqüência têm que ser

evidenciados e interpretados nos mlnimos movimentos corporais.

Passam a existir assim normas de conduta, que se fundamentam

não mais sobre leis jurídicas, mas num suposto conhecimento da

natureza humana.

-- Os novos juIzes nao precisam mais ter uma formação

em direito penal, já que nao se trata de conhecer as leis e as

penas a elas associadas 10 • Ao invés disso, especializam-se em


20.

"teoJtiall do c.ompoJt.tame.nto humano", de tal 1'90 do que sejarp capa-

zes de associar os "tJtatame.nto!:J" específicos às transgressões


às "normas 1 1 •

Assim, as novas funções dos "julze.!:J" nao podem disso-

ciar-se de um estado de assistência permanente aos indivíduos.

Seu olhar avaliativo não pode vacilar; estende-se para todos os

lugares, e durante todo o tempo, independente de qualquer deli-

to ter sido cometido 12 •


21.

4 - Da Observação Cautelar a ~etodologia das Pesquisas


Psicológica.

Não nos interessa saber se a observação cautelar irá

ou nao diminuir os índices de incidência criminal. Conhecemos

muito bem o modo como estes índices são construídos. Eles sao

capazes de exibir exatamente os resultados que deles esperamos:

mudemos os "pall.â.me.tll.o.6" de avaliação e novos resultados surgi-

rao.

Sabemos, além disso, que o fracasso ou o sucesso de


1,
uma certa instituição social, avaliada pelos índices, não é o

que a elimina ou perpetua no corpo social.

No entanto, é certo que esta nova instituição tem uma

certa eficácia, que trás e trará alguns efeitos específicos no

campo das ações sociais.

Evidencia-se, de saída, o lugar proeminente ocupado aí

pelas ciências sociais ou humanas.

~ a elas que cabe indicar os tratamentos. ~ a partir

de suas proposições, de seu funcionamento, que os novos efeitos

serao produzidos.

Uma avaliação dos efeitos remete ao problema de cons-

tituição destas ciências, ao modo como elas fazem circular a

verdade, enfim, ao regime de verdade associado aos enunciados

científicos.

A questão central do penitenciarismo passa a ser, com

a observação cautelar, a da construção de uma sintomatologia da

delinqUência (substituto atual do crime) e esta construção está


22.

submetida às questões metodológicas que definem a realização de


pesquisa.
23.

CAPITULO 11 - SOBRE A METODOLOGIA DA PESQUISA PSICOL6GICA

1 - Questões Preliminares - Dos Sistemas Filosóficos a

Autonomia da Pesquisa:

Inúmeros sao os textos sobre metodologia da pe~sa em

psicologia aos quais poderíamos recorrer para iniciar esta exp~

sição.

Um vasto material encontra-se ao nosso alcance e deve-

mos organizá-lo.

Debates amplamente difundidos a respeito da pretensão

de cientificidade da disciplina recorrem a esquemas tradicio-

nais que sugerem o estudo dos "gna.l1de..6 .6i.6te.ma..6 ôLto.6ôóic.O.6" a

partir dos quais a questão epistemológica teria sido erigida.

Assim, é comum a tentativa de opor idealismo a realis-

mo, racionalismo a empirismo ... avaliando a pertinência de ca-

da um desses sistemas no que se refere à constituição do méto-

do científico.

Uma revisão destas diversas filosofias pode ser encon-

trada, por exemplo, em Bachelard 13 (Bachelard, 6, pg. 14).

Na tentativa de situar sua própria posição no que se

refere ao problema do conhecimento, este autor apresenta um qua

dro que ele mesmo denomina uma "lige.ina. TOPOLOGIA FILOSÓFICA" I

definindo-o corno "o tec.lado c.om que .6e toca a ma.ionia da..6 di.6-
cU.6.6õe.6 6ilo.6ô6ic.a..6 ne6ene.nte.6 ~ c.iinc.ia".
24.

IDEALIS110

f
CONVENCIONALISMO

f
FORMALISMO

I
RACIONALISMO APLICADO E MATERIALISMO T~CNICO

1
POSITIVISMO

1
EMPIRISMO

1
REALISMO

I Bac.he.laJtd, 6, pg. 14)

Neste contexto pensa-se a possibilidade da psicologia

científica em função de cada uma das exigências metodológi-

caso

"BU.6c.a da Ve.Jtdade." é a ordem do dia. A verdade está

sempre colocada "6oJta" da realidade que se pretende objeto da

disciplina em questão.

Atividade de um espírito isolado, imperialismo exerci

. do pelo mundo sensível, ou uma intermediação entre ambos, de

qualquer modo o c~itério de verdade é colocado sob proteção.

Ele é intocável pelas contingências, posto que deve ser defi-

nitivo.
25.

Tai.s textos se caracteri.zam pela preocupaçao "epl.6.tem!!..

l6gica". E a epistemologia, neste caso, ~ o modo pelo qual a

OBTENÇÃO DE CONHECIMENTO se ergue como uma questão neutra.

Outros textos há que discutem também a pretensão de

cientificidade da psicologia, encaminhando contudo a discussão

para um outro rumo onde predomina a dicotomia ciência-ideologia

e o comportamento da psicologia rrente a esta dicotomia.

Este é o problema enfoCado nas discussões de Millner,

Gergen, Sampson ou Herbertl~.

"Se a ci~ncia 6e con6.titui pela exclU6aO do' de6cjo pa


~a 60~a de 6eu campo e pela ~edução da 6ua co~nelaçao
6ubjetiva ao impacto de uma pcntualidade, a p6icolo-
gia expenimental não exi6te 6em um panadoxo, ao pne-
tenden, pana o 6ubmeten ~6 lei6 que o a6a6tanam, vol
ta~-6e pana o lugan do excluZdo - i6to e, a pe660a e
6ua equação, onigem de enno e paixão." (Millnen, J. C.
64, pg. 225)

"lt i6 the pu~p06e 06 .thi6 papen to a~gue that 60cial


p6ychology i6 pnimanily an hi6to~ical inquinlj. Unlike
the natu~al 6cience6~ it deal6 with 6act6 that ane
la~gely nonnepeatable and wich 61uctuate mankedly
ove~ time. Pninciple6 06 human inte~action cannot
~eadily be developed oven time becau6l the 6act6 on
wich they a~e ba6ed do not ~emain gene~atllj 6table.
Knowledge cannot acumulate in the u6ual 6cienti6ic
6en6e becau6e 6uch knowledge doe6 not genenally
t~an& cend it& hi6to~ical bounda~ie&." (Geng en, K. 39,
pg. 309)
26.

"Thi4 expanded analy.6-<..6 -<.mpl-<.e.6 that a change -<.n


~ocial p.6yc.hology'/.) value o~lentat-<.on, at m-<.n-<.mum,
will ~equi~e developlng an EQUAL-STATUS PARTNERSHIP
60n an alte~native conc.eption 06 what i.6 p~ope~
.6cienc.e ... It i.6 not enough, in othe~ wo~d.6, .6imply
to c.hange c.onc.ept.6 when the total a~~ay Oó c.onc.ept.6,
method.6, and ~ule.6 óo~ validating ou~ wonR de~ive/.)
ó~om an app~oac.h to .6c.ienc.e that ~ep~e.6ente.6 and
aóóinm.6 a pa~tial value pe~.6pec.tive." (Samp.6on, E.E., 8Z,
pg. 1333)

"Vinemo.6 poi.6 que, no .6eu e.6tado atual, o g~upo c.om-


plexo da p.6ic.ologia, da .6oc.iologia e da p.6ic.o~og-<.a
.6oc.ial não p~oduziu c.onhec.-<.mento c.ientZóic.o (vi.6to
que de mane-<.~a nenhuma a '~ealização do ~eal' c.on.6t-<.
tui um equ-<.valente c.ientZóic.o da óa.6e de ac.umulação
met5dic.a de c.onhec.imentol e que, ao c.ont~~~io, e~te
g~upo c.omplexo p~oduz atualmente uma ideologia ex-
pne.6.6iva da p~á.tic.a .6oc.ial global." (He~be~t, 94,
pg. 34l

Tais debates mantêm virtualmente a questão da verdade,

concebendo-a como idealmente afastada das produções sociais.


~

Se algum conhecimento se constitui como ideológico, e

porque algum outro pode se constituir como não-ideológico e,


consequentemente, neutro 1 5.

r. ainda na busca deste possível conhecimento, que é


neutro por se opor à ideologia, que a discussão é orientada.

Embora indubitavelmente relevantes, não são estas as

discussões que antecedem a atividade de pesquisa já em funcio-

namento.

Sendo ou nao ideológicos, o fato é que o Psychological

Abstracts torna-se cada vez mais denso, ou seja, novas pesqui-

sas sao sempre realizadas.

Se a impressão inicial é de que estas dicussões teriam

papel determinante no rumo da pesquisa, esta impressão logo e


27.

desfeita quando nos deparamos co~ as condições atuais de reali-

zação da pesquisa. A "c.iên.c.ia. p.6ic.olõgic.a" não tem deixado ja-

mais de produzir novos resultados, e esta abundância de produ-

ção encontra uma perfeita e vigorosa justificativa nos textos

atuais de metodologia da pesquisa centrados no princípio de au-

tonomia de pesquisa.

As discussões anteriormente mencionadas permeiam, sem

dúvidas, a prática positiva associada ao funcionamento da pes-

quisa, mas não no sentido frequentemente apontado, ou s~j a, nao

há a linearidade aí sugerida. Todas as questões circulam "a.o


me.6mo tempo".
28.

2 - A Autonomia da Pesquisa a Partir de Duas Perspec-


tivas Distintas:

Grande parte dos textos modernos de metodologia da pe~

quisa caracterizam-se principalmente por condenar qualquer impo

sição de princípios que se origine "60Jta" dos domínios da pro-

pria disciplina.

Certas problemáticas sao afastadas como sendo nao-per-

tinentes à prática efetiva da pesquisa. são consideradas "Jte-


6iexõel.>" que devem ocorrer em momento e lugar próprios, e nun-

ca durante o desenvolvimento da pesquisa.

A Busca da Verdade é uma destas problemáticas afasta-

das.

Ora, quem há de duvidar que a ciênci~ progride na bus-

ca da verdade? Em nome de que outra entidade, senão a verdade,

as pesquisas seriam conduzidas?

Esta é,·para o cientista, uma questão "de pJt-inc.Zp-io" ,


e apenas um "6-iiõl.> o 60" pode tomá-lc3. como objeto de reflexão.

A "bul.>c.a da veJtdade" está assim definitivamente asso-

ciada à atividade científica. t um ponto de partida.

DUm orientações, de algum modo distintas, conduzem ao

princípio da autonomia da atividade científica, e deste modo re

vigoram a pesquisa.

Passemos a elas:
29

a} ,em busca da razao própria das ciências sociais:

Por um lado, há os autores que admitem que as ciên-

cias naturais encontraram padrões de racionalidade adequados ao

tratamento. de seus próprios problemas, mas não necessariamente

adequados ao tratamento de problemas especIficos de outras d~s-

ciplinas, como seria o caso da psicologia. A

.6·ó n-<.c.a" tem se orientado fundamentalmente sobre os padrões ger9;


dos pelas ciências naturais, o que lhes parece absolutamente i-

nadequado.

Entre estes autores existe uma tendência para encon-

trar um método próprio que esteja sendo utilizado pelas ciên-

cias sociais. Tal método seria "de.6c.obettto" uma vez que fossem

analizadas as caracterIsticas atuais da pesquisa em andamento.

Assim, para Kaplan, as ciências sociais possuem uma

lógica-em-uso própria que, se ainda não foi erigida em uma ade-

quada lógica-reconstruIda, nem por isto é menos racional. O es-

forço passa a ser o de encontrar uma tal reconstrução, sem com-

tudo para~isar a atividade de pesquisa. Pelo contrário, é na

prática da pesquisa que este esforço será bem sucedido.

"Um do.6 ponto.6 tte.6.6altado.6 ne.6te l-<.vtto i o de que a.6


vãtt-<.a.6 c.-<.ênc.-<.a.6, tomada.6 em c.onjunto, não.6e c.ompa-
lL.ama.6c.olôn-<.a.6, .6ubmet-<'da.6 ao govettno da lógic.a, da
metodologia, da 6-<'lo.606-<.a da c.iênc.ia, ou de qualquett
ou:t.tta d-<..6c.iplina, ma.6 a tetttt-<.tóttio.6 que .6ão, c., pOIL.
d-<.lL.e-<.:t.o devem .6ett - livtte.6 e -<.ndependente.6. Ac.onpa-
nhando John Vewey, tte6ett-<.ttme-ei a e.6.6a dec.lattação de
-<'ndependênc.ia c.ientZ6ic.a, denomando-a pttinc.Zpio da
AUTONOMIA VA PESQUISA. O pttinc.Zpio a.6.6evetta que a
bU.6c.a da veJtdade i 6e-<.ta .6em ptte.6.tatt c.Otlta a nada e
a n-<.nguim que não e.6teja envolv-<'do ne.6te bU.6c.a".
(Kaplan, A. 50, pg. 51

Seguindo igual orientação, Popper também admite que ha


30.

ja uma lógica própria para as ciências sociais, somente defini-

da a partir de resultados satisfatórios obtidos:

"A inue6tigaç~o
l5giea da Eeonomia eulmina eom um ~e
6ultado que pode ~e~ aplieado a toda~ a~ ei~neia~ ~~
eiai6. E~te ~e~ultado mo~t~a que exi~te um METOVu
PURAMENTE OBJETIVO na~ ei~neia~ ~oeiai~, que bem po-
de 6en ehamado de m~todo de eomp~een~~o objetiva, ou
de l5giea ~ituaeional." (Poppe~, 75, pg. 31 J

Ainda para ilustrar este mesmo ponto de vista citamos

Ladriere, que no prefácio do livro A Dinâmica da Pesquisa em

Ciencias sociais, defende a elaboração de uma metodologia exclu

siva das ciências sociais. Metodo~.ogia esta que se encontra em

relação diretc com a continuidade da pesquisa com o processo de

construção da ciência:

" POi6, 6e ~ ve~dade que a~ ei~neia~ da natu~eza,


em 6ua evoluç~o, 6ize~am eme~gi~ uma ee~ta id~ia de
cien:tióieidadt>.., n~o e./!,;tá. ab,!'o.tutaii1cnte e,!':tabe.tec.ido
que ela~ tenham dado de~ta última, no que e6etiva-
mente ~ealiza~am, uma exp~e~~~o adequada. Poi~ a i-
d~ia de eienti6ieidade ~ep~e~enta uma id~ia ~egulado
~a, n~o um modelo dete~minado, eon~ide~ado elabo~ad~
de uma vez po~ toda~ ou pelo meno~ em via~ de elabo-
~aç~o. Pode-~e tenta~ de~taea~, a pa~ti~ do' que aeon
teee na hi~t5~ia do eonhecimento da natu~eza, umi
ce~ta ~ep~e~entaç~o do que eakaete~iza um eonheeimen
to cientZ6ieo. Ma6 tal ~ep~e~entaç~o nada tem de Á
P~io~i, ela apena~ ~eólete o que ~e p~oduziu num ee~
to p~oee660 hi6t5~ieo ~elativamente bem ei~eun~e~i::
to. .. .

" o~a, um p~o ce66 o aná.lo go po de 6 e inicia~ num con


texto cüóe~ente daq uele q,ue deu na6 eimento ã6 ci~neia6-
da natu~eza. E uma ideia de cientióieidade dióe~ente
pode eme~gi~ p~og~e66ivamente de tal p~oce~~o. O do-
mZnio d06 óen~men06 60ciai6 pode da~ luga~ a uma ima
gem de cienti6icidadi di6tinta da d06 6en~meno6 6Z6l
COA." (Lad~ie~e, in B~uljne, 13, pg. 12J --
--,

31.

b) em defesa da des-razão-autonomía total da constru-


çao científica:

Orientação mais radical no sentido de defender a auto-

nomia da pesquisa é representada pelos autores, que dando conti

nuidade à tridição de Manheim, procl~ram demonstrar que, mesmo

nas ciências da natureza, não são padrões de racionalidade (mé-

tOdos) fixados A Priori os responsáveis pelo êxito das teorias

científicas. Sendo assim nem mesmo as ciências naturais devem

se limitar, ,no processo de construção, em função de quaisquer

exigências dogmáticas.

Kuhn, na sua Estrutura das Revoluções Científicas, pr~

cura avaliar o modo pelo qual teorias ou paradigmas vigentes

durante um certo período da história de uma disciplina são subs

titllídos por outras teorias ou paradigmas, sem que tal substi-

tuição esteja relacionada a qualquer aprimoramento que mantenha

um mesmo referencial metodológico. Ele aponta fatores extra-me-

todológicos responsáveis por esta substituição.

" ... urna teo~ia cientI&ica, ap5~ te~ atingido o STATUS


de pa~adigma, ~omente e con~ide~ada inválida quando
exi~te urna alte~nativa di~ponIvel pa~a ~ub~tituI-la.
Nenhum p~oce~~o de~cobe~to até ago~a pelo e~tudo hi~tó
~co do de~envolvimento cientI6ico a~~emelha-~e ao e~~
te~e5tipo metodol5gico da 6al~i6icação po~ meio da com
pa~ação di~eta da natu~eza. E~~a ob~e~vação não ~igni~
6ica que o~ cienti~ta~ não ~ejeitem teo~ia~ cientI6i-
ca~ ou que a expe~iência ou a expe~imentação não ~ejam
e~~enciai4 ao p~oce~~o de ~ejeição, ma~ que - e e~te
~e~~ o ponto cent~al - o juIzo que leva o~ cienti~ta~
a ~ejeita~em urna teo~a p~eviamente aceita, ba~eia-~e
~emp~e em algo mai~ do que e~~a compa~ação da teo~a
com o mUltdo." (Kuhn, T., 56, pg. 108)

Feyrabend desenvolve ainda mais essa tese, asseguran-

do que uma ciência somente progride se adota o princípio do Tll-


32.

00 VALE, o que quer dizer l se nao se limita por nenhUI!la imposi-

ção de princípiosroetodológicos.

Podemos considerar o princípie do tudo-vale como uma

radicalização do princípio da autonomia da pesquisa, na medida

em que este autor considera que toda atividade conduzida a par-

tir de um ideal humanitário deve ser revigorada e nunca parali-

zada por imposições dogmáticas de qualquer ordem.

~ claro que só podemos fazer esta aproximação na medi-

da em que tenhamos definido o princípio da autonomia da pesqui-

sa do modo corno o fizemos, ou seja, corno autonomia da ati v.~.dade

científica em relação a qualquer imposição de certa ordem. Se

definíssemos a autonomia da pesquisa como independência da pes-

quisa empírica em relação a construção teórica não poderíamos

considerar este princípio em relação ao tudo-vale de Feyrabend.

Ele mesmo rejeitou tal ligação.

o autor recusa um indutivismo que consistia um acúmu-

lo de dados empíricos. Em sua comcepção, todo fato só pode ser

assim considerado em relação a urna concepção teórica que o defi

ne.

No entanto, a construção da teoria nao segue os "méto-

do.6" até então definidos. Ela é puramente contingente, e assim

deve ser.

Logo, a pesquisa aqui revigorada é aquela que se rea-

liza por um polo teórico.

Entendemos que esta também é a concepçao dos outros au

tores que defendem a "autonomia da pe.6qu.ü a" . Dificilmente um

indutivismo ainda pode ser sustentado contemporaneamente.


33.

liA di.6e.Jl..enç.a e.ntJt.e ciência. e metodologia, Que é. ôbvi.Q


~a.to da.·h~4t5Jt.La,
indlca., p~ntanto, 1~~u6iciên~i~ da
metodolog~a e, talvez, tambe.m da~ 'le~~ danazao'.
Com e6eito, o Que a6iguna '6ugidio', Jcaôtico~ 'opon
tuni6ta', Quando p06to em panalelo com tai~ lei~, tem
impontant16~ima 6unç~0 no de~enuoluimento daQuela~
me.~ma~ teonia~ que hoje encanamo~ como pante6 e~~en­
ciai~ de no~~o conhecimento acenca da natuneza. ES-
SES 'VESVIOS', ESSES 'ERROS', SÃO PRf-CONVIÇÃO VE
PROGRESSO. Penmitem que o conhecimento ~obneuiua no
complexo e di61cil mundo Que habitamo~, penmitem que
NOS mantenhamo~ como agente~ liune~ e a60ntunado~.
Sem 'cao~' n~o h~ conhecimento. Sem 6neQuente nen~n­
cia ~ naz~o n~o h~ pnogne~~o ... N~o h~ uma ~Ô negna
que ~eja u~lida em toda~ a~ cincun~tancia~, nem uma
in~tancia a que ~e po~~a apelan em toda~ a~ ~itua­
ç.õe~." IFeynabend, P. 29, pg. 278/9)
34.

3 - Consequ~ncias Metodolõgicas do PrincIpio de Auto-


nomia da Pesquisa

Vimos o mesmo princIpio de autonomia da pesquisa defen

dido sob dois ângulos que frequentemente até se opoem, como é


o caso de Popper e Feyrabend. Se os reunimos foi com o objeti-

vo de situar uma caracterIstica que eles t~m em comum, e que

interessa no caso da análise que estamos fazendo.

Trata-se de seus efeitos sobre o andamento da pesqui-

sa.

Nota-se como a atividade de pesquisa e respaldada por

estes autores, ao deixarem claro que a pesquisa nao pode parar.

Com maiores ou menores concessoes à razão, todos os trabalhos

que citamos parecem veicular esta idéia.

Contudo, devemos distinguir estas duas orientações se

queremos avaliar suas consequências do ponto de vista do que ho

je se apresenta, a nIvel institucional, como sendo a metodolo-


'.
gia cientIfica.

a) nem ordem, nem progresso:

Dando continuidade aos trabalhos de Kuhn e Feyrabend

encontrar-nos-Iamos, inevitavelmente, diante da tarefa de re-

construção histórica da disciplina em questão 16, visando encon-

trar diferenças entre os sistemas teóricos predominantes em de-

terminada época ou lugar, e relacionando a perman~ncia destes

sistemas a outras manifestações do contexto sócio-econômico-po-

lítico-cultural. Tal trabalho teria corno objetivo realçar os fa


35.

tores extra-~etodológicos responsáveis pelo desenvolvimento da

ciincia e a considerar o próprio mãtodo como estando relacio-

nado a estes fatores e, portanto, variando com a história.

Um texto com estas características seria louvado en-

quanto emp~eendimento intelectual, mas seria extremamente vulne

rável no que se refere à possíveis contribuições para a conti-

nuidade da pesquisa.

Assim é que o sub-título do livro Contra o Método

(Feyrabend): esboço de uma teoria anárquica da teoria do conhe-

cimento - já faz supor a defesa de uma desorganização incompa-

tível com as :.:igorosas atividades institucionais.

Apesar da insistência do autor em que desorganização

ou desrazão são elementos indisF9nsáveis ao progresso, dificil-

mente este argumento seria aceito. Ele contraria excessivamen-

te os princípios sobre os quais a comunidade científica contem-

porânea está baseada.

b) ordem para o progresso:

Consequência bastante diferente desta que acabamos de

analisar e aquela que decorre de textos que apontam a existên-

cia de uma lógica própria às ciências sociais.

O trabalho possível a partir de Kaplan, Popper, Ladri-

ere ou tantos outros, que· defendem por esta via o princípio de

autonomia da pesquisa, é o de reconstrução do caminho percorri-

do pelas diversas disciplinas conduzidas até então sobre os fe-

nômenos psico-sociais, com vistas ao estabelecimento de pontos

comuns a estes diversos empreendimentos.


36.

Trata-se neste caso de buscar estabelecer os

pi"os:gerais que, implicitamente seriam responsáveis pela ordem

que conduz ao progresso das diversas disciplinas.

Evidentemente, trabalhos neste sentido são muito bem

recebidos por quem pretende se engajar em atividades de pesqui-

sa~ Diz-se que eles são capazes de lançar luzes sobre o trilho

a ser percorrido na busca da solução para os difíceis problemas

sociais, sem contudo funcionarem como normas durante esta bus

ca.

Os princípios gerais delineados em grande parte dos

livros sobre "meto doLo g-ta." buscam esclc.recer questões relati-

vas a adequada sistematização dos projetos de pesquisa a fim de

que eles conduzam a resultados válidos, sem com isso ditarem

regras rígidas de procedimento.

Estes livros estão mais ou menos voltados para a cons-

trução teórica. Alguns chegam mesmo ao requinte de propor uma

dicotomia entre pesquisa pura e pesquisa aplicada, defendendo

para o último tipo u~a autonomia ainda mais efetiva. Ou seja,

a pesquisa aplicada tem como único compromisso oferecer uma so-

lução para problemas sociais específicos.

Se, como vimos, a questão da "bu..6 c.a da veJtdade" foi co

locada no princípio da atividade científica - longínquo princi-

pio sobre o qual não se pensa - a predição e o controle sao co-

locados como finalidade - a qual sempre se persegue.

Sendo assim, é com a perspectiva desta finalidade que

todos os meios são legitimados e todas as pesquisas justifica-

das.

37.

o que se coloca, nesta perspectiva, como "Jr..e.gJr..a.6 de.


pJr..oc.e.dime.nto" são princípios bastante gerais e flexíveis. Um

exemplo de tais regras pode ser encontrado no 19 capítulo do

livro de Gergeu - Psicologia do Intercâmbio Social, que aprese~

tamos resumidamente.

A construção de teorias segue a orientação de alguns

critérios:

-- deve ter valor preditivo. Isto nao quer dizer que

uma teoria não seja boa se não dá conta de todos os casos con-

cretos que inicialmente visaria. No caso de falhar, sempre e

possível se pensar em outros fatos que estariam em relação a

este caso concreto para o qual a teoria teria falhado e, desta

forma, restringir a relação pela introdução de outras variá-

veis. Deste modo é possível "amp.tiaJr.." uma teoria e " aum e..n.taJt"
sua capacidade de predição.

ligação com dados observáveis. Embora os termos uti

lizados em uma teoria possam ser mais ou menos abstratos, todos

devem ter uma relação com fatos do mundo real. O grau de liga-

ção entre termos abstratos e entidades do mundo real tem impor-

tância fundamental quando desejamos verificar uma teoria, ava-

liar sua capacidade para fazer predição corretas. Se uma predi-

ção teórica não pode ser ligada a um conjunto de acontecimentos

ou entidades através do que denominamos DEFINIÇÕES OPERACIONAIS,

a teoria virtual não pode ser posta à prova. Deste modo, uma

teoria será tanto melhor quanto menos termos sao relação dire-

ta com fenômenos observáveis forem utilizados.


38.

Em ps~cologia, no entanto, estes termos sao muitos di-

ficilmente eliminados. Muitos termos se referem a processos, a-

contecimentos ou estruturas DENTRO da pessoa e portanto não dire-

tamente observáveis. A estes termos chama-se CONCEITOS HIPOT~­

TICOS. Estes conceitos podem, contudo, ter uma ligação de SEGUN

DA ORDEM com a realidade e, serem assim definidos indiretamente.

Mesmo assim devem ser limitadas as condições em que p~

dem ser usados, e o purista pode desejar excluí-los inteiramen-

te da teoria.

-- Amplitude de Base nos Dados: uma teoria nao e corro

borada apenas por dados que coloca contemporaneamente. A aceita

ção de uma teoria está na razão direta de sua coerência com os

dados anteriores da ciência e da vida diária. Quando esta coe-

rência está presente diz-se que a teoria tem um grau razoável

de probabilidade antecedente.

Teorias que não tem grande probabilidade antecedente

sao de dif{cil aceitação.

-- Valor Heurístico: uma teoria deve ter a capacidade

de estimular um campo de estudo. -Deve estimular os pesquisado-

res para o desenvolvimento de novas instituições, para a cria-

çao de descobertas, para reestruturação de suas pesquisas de ma

neira mais proveitosa.

-- Parcimônia: as proposições simples devem ser pre-

feridas às proposições complexas. Quanto menor o número de ter-

mos teóricos, melhor será a teoria. Está claro que esta simpli-
39.

cidade encontra Ul11 limite na, própria cOlUplexidade do fenômeno


humano, mas entre duas teorias que visem o mesmo acontecimento,
éSmais simples são preferidas.
40.

4 - Técnicas Progressistas

A partir de defesas tão sólidas do princípio de auto-

nomia da pesquisa e de exigências mais maleáveis feitas à ati-

vidade cieI.tífica e com grande liberdade que os profissionais

responsáveis pela condução de projetos de pesquisa poderão dis-

pensar textos "fJLf...o-óõ6J..eo-ó" de suas bibliotecas. Alguns podem

preferir mantê-los, mas apenas em nome de uma erudição sempre

muito bem vista.

Mais importante são então os livros que fornecem res-

postas imediatas para questões práticas que emergem a todo mo-

mento da prática efetiva da pesquisa 1 8.

Tornam-se indispensáveid textos como Foundations of

Behavioral Research (Kerlinger), Métodos de Pesquisa nas Rela-

ções Sociais (Selltiz et alli), A Conduta na Pesquisa (Kaplan),

Métodos de Pesquisa nas Ciências Sociais (Goode e Hatt) , Méto-

dos da Psicologia Social (Grisez), Análise da Pesquisa Social

(Tripodi et alli).

Alguns manuais de estatística sao também recebidos com

agrado. Resultados apresentados sob a forma de tabelas e gráfi-

cos sugerem um rigor insuspei tável e a "pJLObabJ..f..J..dade." inclui

sempre um espaço para a ocorrência dos erros.

De um modo geral-estes textos apresentam principalmen-

te aquilo que se tem chamado andamento dapesguisa. Incluem ro-

teiros'que podem ser utilizados como guia para a execução de u-

ma pesquisa particular.

Uma tentativa de exposição deste andamento de pesqui-


41.

sa parece-nos reduntante. Todos os textos mencionados sao aces-

síveis e não oferecem uma variedade de temas que justifique o

esforço de uma sistematização original.

Contudo, a título de ilustrarmos este texto com um ro-

teiro de "al1dame.l1to de. pe..6quLl.:.a", escolhemos reproduzir o qua-

dro apreser.tado por Schrader A. - Introdução à Pesquisa Social

Empírica. ~ um roteiro suficientemente exaustivo, o que o prot~

ge das críticas mais corriqueiras.

Embora o autor utilize como disciplina de referência

a ".6 o c...iolog..ia" , o roteiro não é substancialmente diferente da-

queles construídos especificamente para a "p.6..ic.olog..ia .6oc...ial".


Ele é apenas o mais completo entre todos os que encontramos.

1
42.

Examine interesses
Protooolo
déoolocar o problema

Problema (ainda)
não pode ser
investigado

sim

Examine oonhecirrento
sociolÕgioo
existente
Fichário de
t---~,_ _ _ _ _ _~
Cl_'t_a_çoe_-_s
H '. Bibliografia
/I

Nova investigação
é dispensável

nao
43.

Indispensável
investigação!

Examine premissas
teórico-científicas
do problema
de investigação

nao Reexamine interesse


no dimensionamento
do problema

sim

Problema de Fbnnulação do
investigação pode problema
ser defini ti varrente de investigação
fonuu1ado

Examine precisão
dos ooncei tos
sociolÕgioos usados!

nao Examine novamente


conheci1rento
sociolÕgioo
existente

sim

Sistema de Lista das


cxnceitos ooncluido cEfinições usadas
44.

Fbnnule hipóteses!

Reexamine
definição
de conceitos

sim

Sistema de Fichário de
hipótese~ concluido hipóteses

Examine técnicas
de nensuração

Reexarnine
definições de
conceitos

sim

Examine todos
os rrétooos
45.

sim
,
.:~

Condições de Repi ta todas


investigação as etapas da
original são investigação
oonhecidas? original ../

Examine problemas
de interaç~o
em nensuraçao
sim

sim

sim

Examine detalhes
cb nétodo
de entrevista!

sim

sim
46.

Examine grau
de estruturação
da individual
pessoal!

1
Estru~~=Slffi='~
rígi/ _______________________________ ~

Protooolo dos
Nenhum "\ desideratos para
rrÉtodo adequado 1--., desenvolvimento
oonhecido de rrétodo_s_ _

sim

NomínirrD um Protocolo
nÉtodo usável da esoolha
/
do rrétodo

Examine
possibilidade
de análise
mul ti dimensional !

Examine
sim possibilidade Repi ta seleção
de levantarrEnto do nétodo
plurirretodológioo

Examine
sim !X)ssibilidade::: Reexamine ' \
de investigação esoecificação
pluriterrporal daS hipóteses
47.

~EX5teses
/a:mHitto grau sim Examine
possibilidade
r:
Reexamine grau
de generalização? de generalidade -
de investigação das hipóteses
pluriespacial

nao

Escopo teórico Research


está formulado Desi<m,:;.:-_ _

Examine quais as
unidades que
devem ser rredidas!

nao Reexamine conheci-


mento siciolÕgico ~.--------------------+-1-4
existente ~

~
Selecione unidades Lista das unidades
de rredida! de rredidas
~--------~---------

a:m
Realize pré-teste
parte da anostra
a:m o método
Protocolo
da mensuração
e resultados

~
selecionado!

Peexamine
seleção
00 método

nao
48.

Nenhum erro
ou apenas erros
oontroláveis

Protooolo
das rredições
Execute e resultados
levantarrento das rredições
principal dos dados! do levantarrento
principal

nao
Codifique

Transfira
resultados
da rredição para cartões
portadores
de dados

Realize análise Tabelas


univariável univariáveis

Reexarnine
rrétodo
Repi ta seleção
ou registre falha
de seleção

s irn ( ~
esoolha " \I_--"~~; ~i ~ nedição
Reexarnine ~
do rrétodo ~ regl.stre er:o
49.

Examine hipóteses
sobre distribuição Interprete "\
de objetos resultados r-+-----~
em escalas
de rrensuração

Prepare plano Plano de


de correlação correlação

Prepare till:lelas
bivariáveis Tabelas
de acordo com bivariáveis
plano de correlação!

nao sim Reveja


"~póteses

s:'.m nao

Calcule
cx:ntingências
e oorrelações!

Interprete
resultados
50.

nao

. / Cartões
Fome índices! ~----~.~lementados
I________~--------~

sim ( Análise "\


'>--~ bivariável com 1-------+--------
valores-índices

Examine relações
bivariáveis
tendo em vista Revej a plano
rorrelações de correlação
aparentes e variáveis
intervenientes

Examine hipóteses
sobre relações Tabelas Coeficientes
multivariáveis ~---~multivariáveis l-1atrizes
através de análise
multivariacional
e re ccntexto

Interprete
resultados
SI.

Oompare resultados
da análise com
teoria sociológica
existente!

Reexamine
HipÓteses ~V nao
condições

=P 7
rov da formulação
de hipóteses

1 sim

Fbnnule Protocolo
possibilidade ele experimento
~~~re:~:~~ de experiw=-....nto desejado
~li/
Í'im
Fbnnule problema Protocolo
para novo dos desideratos
projeto de de nova
investigação investiga ao

Redija Relatório
:relatório final final
52.

5 - pesquisas Progressistas

Para ilustrar o modo como as pesquisas são conduzidas

a nível institucional, a problemática que as envolve, escolhe-

mos um projeto de pesquisa planejado em um estabelecimento do

Sistema Penal responsável por gerir subsídios para a ação dos

téénicos em criminologia.

Não faremos uma apresentação detalhada deste projeto,

posto que ele não é objeto específico de nossa análise, nesta

oportunidade.

Selecionamo-lo, entre outras pesquisas realizadas em

nível institucional, porque ele está posicionado exatamente no

ponto de convergência que estamos pretendendo construir neste

trabalho, ou seja, podemos pensá-lo do ponto de vista da inser-

ção da psicologia no sistema de distribuição de penas, bem co-

mo podemos pensá-lo do ponto de vista da metodologia utilizada

na sua realização.

"O p~oblema de ve~i6ica~ o potencial de pe~iculo~ijade

do~ inte~no~ do ~i~tema penal tem ~ido uma p~eocupaç~o con~tan­

te do~ tecnico~ que lã t~abalham.

"Ate ent~o, e~ta avaliaç~o tem ~ido 6eita ~em que haja
qua.f.que~ cJr.itelt-i.o de6-i.nido objet-i.vamente. Sendo a~~-i.m o inteltno
e~ta "na~ m~o~" do técnico.

"Palta evitalt e~ta ONIPOTENCIA do ava.f.iadoJ!., p.f.aneja-~e

ne~te momento uma pe~qui~a que peltmita coltlte.f.aciol1alt vatiãvei~

diltetamente ob~eltvãvei~ com a peJr.icu.f.o~idade.


53.

"Pa,Jt.a. )..6'&0 6e.z-.6e. um le.va.n:ta.me.n:to e.n:tne. 0.6


do SL6:te.ma. Pe.J1.i:te.ncianio da..6 pO.6.6:t.ve.i.6 vaniâ.ve.i.6 que. :te.niarn qlia~

que.n he.l aç.ã.o co rn a. p e.Jz.i culo.6 i dad e. , de. 6i ni da op e.naci o n alrn e.n:t e. p~
la. ne.incidência cnirninal.

"Re..6ul:tou daI o .6e.guin:te. no:te.ino pana ne.gi.ó:tno de. ~n­

:tne.vi.6:ta.6!

EXAME DE VERIFICAÇÃO DE POTENCIAIS DE PERICULOSIDADE

1 - IDENTIFICAÇÃO

1.1 - nome

1.2 - sexo

1.3 - idade (data do nascimento)

1.4 - naturalidade

1.5 - cor

1.6 - profissão

1.7 residência à época do crime

1.8 - situação jurídica

2 - INFO~~ÇÕES SOBRE A FAMILIA DO INTERNO

2.1 - condição sócio-econômica

ótima

boa

razoável


54.

2.2 - atividade laborativa

pai

roae

2.3 - antecedentes criminais

pai

mae

irmão

primos

tios

2.4 - antecedentes psiquiátricos

pai

mae

irmão

primos

tios

2.5 - ~so de álcool ou substância tóxica

pai

mae

irmão

primos

tios

3 - INFORMAÇÕES SOBRE O INTERNO ANTERIORMENTE AO CRIME

3.1 - grau de instrução


55.

universitário
técnico
29 grau
19 grau
alfabetização
analfabeto

3.2 - residências

até uma
até duas
até três
até quatro
cinco em diante

3.3 - empregos
até um
até dois
até três
até quatro
cinco em diante

3.4 - atividades criminosas sem processo ou condenação


nao
sim

3.5 - casamen~o ou união marital


sim
nao
1

56.

3.6 - uso de i1coo1 ou substãncia t6xica

nao

sim

4 - INFORMAÇÕES SOBRE O CRIME

4.1 - autoria

admissão plena

admissão parcial

4.2 - incidência criminal

primirio

reincidente

multi-reir.cidente

4.3 - artigo infringido

pouco significativo

relativamente significativo

muito significativo

4.4 - apenaçao

até 3 anos

até 5 anos

até 15 anos

mais de 15 anos
57.

4.5 - tota.l de pena cumpri,do

1/3

1/2

mais de 1/2

4.6 - processos em curso

até 2
até 5
até 15
mais de 15

4.7 - idade quando do primeiro crime


até 18 anos
até 25 anos
até 40 anos
até 60 anos
mais de 60 anos

4.8 - co-autores
mais de 1
mais de 2
mais de 3
acima de 4

4.9 - critica da condenação

justa
relativa
injusta
58.

5 - INFORMAÇÕES SOBRE A VIDA CARCERÂRIA

5.1 - classificação: índice de aproveitamento

neutro

bom

ótimo

excelente

excepcional

5.2 - punições

5.3 - número de estabelecimentos pelo quais já passou

5.4 - visitantes

pais

irmãos

cônjugue

filhos

outros familiares

5.5 - visita íntima

5.6 - homossexualismo

5.7 - alojamento

individual

coletivo
59.

5.8 - trabalho

tem

nao conseguiu

nao quiz

5.9 - uso de álcool ou substância tóxica

5.10 - fugas ou tentativas

5.11 - .inimigos

5.12 - crimes no carcere

5.13 - profissão aprendida no carcere

6 - INFO~mçÕES SOBRE A VIDA EM LIBERDADE

6.1 - onde vai residir

na localidade onde cometeu o crime

próximo a localidade onae cometeu o crime

longe da localidade onde cometeu o crime

não sabe

6.2 - com quem vai residir

com os pais
com os irmãos
com o cônjugue ou companheiro
com os filhos
com outros familiares
com amigos
nao sabe
60.

6.3 - situaçio s6cio-econBmica das pessoas que vao lhe aco-


lher

6tima

boa

razoável

6.4 - emprego

tem garantido

t~m promessa

nao tem

6.5 - inimigos em razao do crime

nao tem

nao sabe se tem

tem

"E.6ta.6 entftev,üta.6 deveftão .6 eft fteaLi..zada.6 com tftê.6 gft,!!:


po de .6ujeito.6: pfte.6o.6 multi-fteincidente.6, ~~e.6o.6 pftim~ftio.6 e
pe.6.6oa.6 que nunca tenham cometido qualqueft delito.

"Uma adequada an~li.6e e.6tatZ.6tica do.6 fte.6ultado.6 obti-

vei.6 de peJtlculo.6idade.

"Ve.6te modo, ã.6 vaftiávei.6 podeftão .6eft a.tJtlbuZdo.6 pe.6o.6


na. deteftmina.ção da. peJtlculo.6odade. A.6.6im, o ftoteifto, uma. vez c~

nhecido.6 0.6 pe.6o.6 da.6 va.Jti~vei6, 6uncionaJtá como cJtit~Jtio paJta


medida. objetiva. da peJtlcul06idade.
61.

"ApD4 4e~ colocado em u~o, mante~-~e-~ o ~egi~t~o do


movimento do~ ~ujeito~ ~ubmetido~ a avaliaçao, de modo que o~

dado~ ~ ub~ eq uente~ ~i~vam de alimento pa~a a co ntinuidade do pnE,.


jeto e o ape~6eiçoamento do exame",
62.

CAPITULO I:U CRISES E SUPERAÇÕES

l-Resultados obtidos pelas Pesquisas Contemporâneas

Na medida em que a pretensão de universalidade do co-

nhecimento é considerada uma discussão em segunda potência, em

relação à prática da pesquisa, que constitui o problema princi-

pal, a proliferação de teorias no interior de uma certa disci-

plina deixa de ser pensada como acontecimento negativo e, pelo

contrário, passa a ser encarada como sintoma de desenvolvimen-

to.

Sendo assim, a fragmentação da realidade, do Objeto em

objetos, a particularização do saber, proporciona um "b'e.m e.-6-

talL" na comunidade científica. Já que nao existe, por princí-

pio, o absoluto no conhecimento, todos os exercícios de pesqui-

sa sao justificáveis, quer seja na tentativa de encontrar um me

lhor conhecimento, quer seja na de ampliação de um conhecimen-

to já existente.

Esta proliferação de teorias, bem como as inúmeras pes

quisas realizadas na tentativa de solucionar problemas sociais,

têm conduzido frequentemente a resultados contraditórios.

Mas, ainda uma vez, esta divergência é justificada por

um estado de crise nas ciências sociais - crise que mantém em per~

pectiva a possibilidade de superação.

A idéia de que a ciência está em crise, longe de inva-

lidar as pesquisas pelos resultados insatisfatórios que produz,


63.

torna estes resultados desejãveis, na medida em que mant~m a

ciência em atividade, e, consequentemente, ~ant~m a possibilida

de de superação da crise.
64.

2 - Quest6es Convergentes - Delinqti~ncia e Crise das

Ciências Sociais:

Revisando a exposição que estivemos fazendo até então

deparamo-nos com o seguinte quadro: por um lado, o problema da

criminalidade foi substituído pelo problema da delinqu~nciai a

questão jurídica torna-se uma questão psicológica. Normas subs-

tituirão leis.

Se é preciso evitar o ato criminoso, trata-se de iden-

tificar a delinquênciai trata-se portanto de ter um conhecimen-

to acerca da natureza humana que permita apontar a potência cri

minosa e intervir sobre ela, evitando que se transforme em ato.

Um tal conhecimento, supõe-se, será obtido pelas ciên-

cias sociais, mais especificamen~e pela ciência que tem como ob

jeto a conduta humana - a psicologia, portanto.

Mas, esta ciência não produz resultados un~nimes. Ela

nao faz afirmações absolutas a respeito do comportamento huma-

no. Uma teoria está sempre "e.m v-ta-6" de ser condenada por outra

teoria. Resultados empíricos obtidos em uma investigação estão

sempre "e.m v-ta-6" de serem refutados por resultados obtidos em

outras investigaç6es. A ci~ncia, que neste momento se encontra

em crise, no entanto, logo será capaz de apontar o caminho cer-

to, de oferecer as soluções - basta para isso que ela supere a

crise.
'lo ,

65.

3 - Todo Cuidado ~ Pouco


,,,
."' ,

Diante deste quadro poderíamos então nos perguntar: o

que esperar da psicologia, hoje, no que se refere à solução dos

problemas sociais?

Nada, responderão alguns, céticos. Tudo o que tiver

que acontecer, acontecerá amanhã ... E isto dependerá da nossa

luta! dirão os revolucionários ... , pois estamos vivendo na men-

tira. Precisamos encontrar a verdade. E assim se pede mais ciên

cia. Uma ciência melhor.

Tudo, diremos nos. Este quadro caracteriza aconteci-

mentos e produções sociais que estão se passando agora, que nao

são problemas aos quais correspondem soluções, mas são "modo/.)

de /.)e~" do presente.

Se pudermos pensar numa outra perspectiva que nao es-

ta da deficiência, poderemos reconhecer que o estado de cri·3e

permanente é o modo próprio de funcionamento das ciências soci-

ais. Não há uma realidade social sobre a qual possamos ter um

conhecimento verdadeiro. Não há objetos a serem representados

ou sistematizados no campo do conhecimento sociali o que há

sao produções sociais. A existência de teorias, que se preten-

dem conhecimentos científicos do social, antes de serem desco-

brimentos ou encobrimentos de algum real, são sua efetivação,

sua realização.

A pesquisa, consequentemente, (e talvez seja por isso


66.

rue ela vigora) nao tem a finalidade de um ~elhor conhecimento

lo real (já que ele nao existe a priori). O importante mesmo é

leu exercício, sua expansão. Sua eficácia não é epistemológica,

)ois corno já vimos, ela se realiza independente de qualquer li-

ritação deste tipo.

Trata-se de estratégias de exercício de controle so-

~ial. Controle social que se exerce onde menos se espera encon-

:rá-lo.

"O impo~tante, c~eio, ~ Que a ve~dade n~o exi~te 6o~a


do rode~ ou ~em pode~ (n~o ~ -- n~o ob~tante um mito,
de Que ~e~ia nece~~á~io e~cla~ece~ a hi~tó~ia e a~
6unçõe~ -- a ~ecompen~a do~ e~pl~ito~ liv~e~, o 6ilho
da~ longa~ ~olidõe~, o p~ivil~gio daquele~ que ~oube­
~am ~e libe~ta~). A ve~dade ~ de~te mundo; ela ~ p~o­
duzida nele g~aça~ a múltipla~ coaçõe~ e nele p~oduz
e6eito~ ~egulamentado~ de pode~. Cada ~ociedade tem
l>elt ~egime de ve~dade, ~ua 'polltica' de ve~dade: i~­
to ~, o~ tipo~ de di~cu~~o Que ela acolhe e 6az nun-
ciona~ como ue~dadei~c~; c~ mecani~mo~ e a~ in~tan­
cia~ que pe~mitem di~tingui~ o~ enunciado~ ve~dadei­
Ito~ do~ 6al~o~, a manei~a como ~e ~anciona un~ e ou-
tItO~; a~ t~cnica~ e o~ p~ocedimento~ que ~~o valo~­
zado~ pa~a a obtenç~o da ve~dade; o e~tatuto daquele~
que têm o enca~go de dize~ o que 6unciona como ve~da­
dei~o." (Foucault, 36, pg. 12)

~ assim, que a abundância de teorias - teorias da per-

sonalidade, teorias da aprendizagem, teorias da sociabilidade,

ceorias da socialização - que conduz à ausência de uma sintoma-

tologia precisa da delinquência, permite uma penetração profun-

ja na vida dos indivíduos.

Se não há sinais precisos que definam onde deve ser

encontrada a delinquência, ela deve ser buscada em todos os lu-

gares, ela deve ser evitada em todos os momentos.

"O pltoblema atualmente el>tá mail> no gltande avanço del>


.6el> dil>pol>itivol> de noltmalização e em toda a extenl>~õ
dOl> eóeitol> de podelt que elel> tltazem, atltavél> da colo-
cação de naval> objetividadel>." (foucault, 34,pg. 268)
67.

Desse JUodo, em nome do combate ao crime, produz-se a

delinquência e, é em nome mesmo da delinquência, das implica-

ções criminosas que ela carrega virtualmente, que vemos se ins-

talar uma "a.6.6i...6tê.nc.i..a" contínua do indivíduo, que se alastra

por todos os domínios em que este se coloca: família, escola,

lazer, trabalho ..•

Nesses diversos locais, dependendo de sua articulação,

vemos aparecerem agentes responsáveis pela manutenção desta "a.6

.6,utê.nc.i..a"". Assim, inspetores em sala de aula, supervisores no

trabalho. Ou mudança de função. Assim, as maes em casa, os pro-

fessores em sala de aula, os operários padrões na empresa

.•. podemos mesmo sonhar com o fim da polícia ...


68.

4 - Observaç6es Cautelosas:

Resta-nos perguntar - a observação cautelar é, como se

diz, um afrouxamento do controle, um abrandamento na aplicação

da pena, enfim a solução "humal1i.6.ta" para um grave problema so-

cial?

Poderemos nao ver aqui um controle apenas se restrin-

girmos, com esta denominação, certas intervenções sociais: aque

las que se exercem pela repressão.

"Se o pode~ 6o.6~e .6omel1.te ~ep~e.6.6ivo, .6e l1ao 6ize.6.6e


ou.t~a ~oi.6a a l1ao .6e~ dize~ l1aO, vo~~ a~~edi.ta que
.6e~ia de~idido? O que 6az ~om que o pode~.6e mal1.te-
I1ha e que .6eja a~ei.to ~ .6imple.6mel1.te que ele l1ao pe-
·.6a .6Ó ~omo uma 6o~ça que diz l1aO, ma.6 que de 6a.to ele
pe~meia, p~oduz ~oi.6a.6, il1duz ao p~aze~, 6o~ma .6 a-
be~, p~oduz di.6~u~.6o." (Fau~aul.t, 36, pg. 8)

Poderemos, muito pelo contrário, espantarmo-nos vendo

o controle se exercer suavemente. A doce, amável e zelosa vigi-

lância das mães, dos terapeutas, professores, dos trabalhado-

res sociais. Todos estão à espreita dos menQres sinais da delin

quência, e são muitos estes sinais, porque as ciências nao têm

respostas definitivas. Na tentativa de superar a crise, muitos

resultados são produzidos. Nenhum deles definitivos, mas todos


"pJtovavelmel1te ve~dadei~o.6".

Sendo assim, não estará aqui a razao de permanência


das ciência sociais? Não são elas, com seus agentes, que deter-

minam as novas formas de sujeição? E não será exatamente por

manterem-se em crise que elas podem tão bem exercer este contro

lé?
o que te~ia de óaze~ p~ontamente e~a ~evi~a~ toda a
ob~a, minucio~amente, anali~a~ toda~ a~ po~~ibilidade~ de deóe-
~a imaginávei~, executa~ um novo p~ojeto e começa~ em ~eguida o
t~abalho, ó~e~co como um jovem. E~te ~e~a o t~abalho nece~~a­

~o, pa~a o qual, dito de pa~~agem, natu~almente ê muito ta~de,

ma~ ~e~a o t~abalho nece~~á~io, e de modo algum ~ealiza~ a e~­

cavação de um g~ande túnel de expe~iência que apena~ t~a~ia em


con~equência dedica~-me com toda~ a~ ene~gia~ e indeóe~amente

ã bu~ca do pe~go, na e~túpida ~upo~ição de que e~te não ~ou­

be~~e ap~oxima~-~e com a p~e~~a ~uóiciente. E de ~úbit; não com

p~eendo o meu plano ante~io~. No que ante~ e~a lógico não encon
t~o a meno~ lógica, out~a vez abandono o t~abalho e deixo de e~

cuta~. Não que~o encont~a~ novo~ a~gumento~; óiz dema~iado~ a-


chado~. Veixo Tudo.

(KaÓó ka )
69.

NOTAS

1 - Por instituição total entende-se

"um local de ~e~id~ncia e t~abalho onde um g~ande n~


me~o de indivlduo~ com ~ituação ~emelhante, ~epa~a~
do~ da ~ociedade mai~ ampla po~ con~ide~ãvel pe~Iodo
de tempo, levam uma vida óechada e óo~malmente admi-
ni~t~ada." (Go6óman, 1974)

2 - Referimo-nos neste caso exclusivamente às críticas que se

dirigem ao aspecto de restrição e não às condições em que

esta restrição ocorre. As condições, bem sabemos, podem

sempre ser melhoradas.

3 - Possibilidade do interno receber visita do companheiro de

sexo oposto para com ele manter relações sexuais.

4 - O sistema penal faz parte de ·um contexto mais amplo. Ele se

ria o ~feito de um certo modo de produção. As análises de

orientação marx.ista desenvolvem-se no sentido de " denun-


cLaJt" o modo corno os egressos do sistema penitenciário po-

dem ser utilizados como mão-de-obra útil na manutenção das

relações de produção, por estarem sempre aptos a substituir

05 trabalhadores regulares que se "Jtebelem" contra a auto-

ridade constitu..i:da. A condição de marginalidade na qual se

encontrariam após deixar a prisão os tornaria dispostos a

furar greves.

5 - Goffman, Lopez - Rey, Feldman, sao autores que dizem desta


70.

necessid~de( .mas ela também está :mencionada em diversos dis

cursos públicos ou privados.

6 - A observação cautelar é apenas uma das alternativas da pri-

são aberta. Sabemos que outros projetos estão sendo pensa-

dos. Mesmo as críticas que se fazem quanto a sua inteligi-

bilidade prática, no momento, já afirmam a sua existência

como discurso e como prática. Além disso, atesta a sua exis

tência legal, a presença de um novo Departamento na Secre-

taria do Estado de Justiça -Departamento do Sistema de Res

socialização.

7 - A aplicação deste tipo de pena está especificada no Decreto


n9 156 de 11 de junho de 1975 que decide pela criação do

Departamento do Sistema de Ressocialização e seus - -


orgaos

executivos: Instituto de Ressocialização Magarinos Torres e

Instituto de Ressocialização Alvaro Negromonte.

o apêndice I deste trabalho apresenta uma descrição destes

órgão~, fornecida por seus próprios administradores, bem co

mo a legislação a eles associadas.

8 - Sabemos que há, pelo menos no Sistema Penitenciário do Rio

de Janeiro, uma distinção funcional entre os termos "pen.i.-

tenc..i.ãJr.ia." e "plte~1.d.i.o". Contudo, estamos utilizando os dois

termos indiscriminadamente posto que ambos se referem à pu-

nição por reclusão, e este é o nosso ponto de análise. "Pe.-

nLtenc..i.ãlt.i.a." e "plte~1.d.i.o" aparecem, neste caso, ligados em

oposição a modalidades de prisão aberta.


71.

9 - Não é nossa preocupação precisar esta passagem. A oura de

Michel Foucault (Vigiar e Punir) é uma tentativa neste sen-

tido. No entanto, refere-se a uma história nos países euro-

peus.

10 O que nao quer dizer que elas desapareçam, embora nao seja

absurdo pensar nesta possibilidade.

11 - O Conselho Penitenciário, organismo do Sistema Penitenciá-

rio ilustra bem o que dissemos aqui.

12 - Do decreto n9 156 de 11 de junho de 1975, que cria o Depar-

tamento do Sistema de Ressocialização: compete ao Desire a-

tuar no campo das atividades referentes à Ressocialização

de egressos do Sistema Penitenciário I bem como de outros in-

tegrantes da faixa de população em vias de marginalização.

13 - Naturalmente nao é esta a única apresent;.ação sistemática de

tais filosofias que temos a nosso alcance. Um outro texto

ao qual poderíamos recorrer é o de Piaget (73).

14 - Poderíamos prosseguir citando Canguilhem, Sdhlenker, Ryan,

Kauffman. Consideramos, contudo, que estas citações prolon-

gar-se-iam além do necessário.

15 - Neste momento nao é oportuno aprofundar a questão da produ-

ção da verdade, em oposição ã questão da busca da verdade,

já que este será o tema predominante da discussão do


72.

tulo 111. Contudo, parece-nos indispensável já citar

Foucault, antecipando parte desta discussão:

"A noÇao de ideologia me pa~ece di6icilmente utiliz~


vel po~ t~ê~ ~azõe~. A p~mei~a ~ que, quei~a-~e ou
nao, ela e~t~ ~emp~e em opo~içao vi~tual a alguma
coi~a que ~e~ia a ve~dade. .. " (Foucault, 36, pg. 71

16 - Os citados autores realizaram este trabalho em relação as

ciências naturais, mais precisamente à física. O texto de

Sampson(82) pode ser relacionado a esta tradição.

17 - Talvez estes autores tenham chegado bastante próximo de nos

sa própria posição em relação ao problema da busca da verda

de. Ao tomarem a razão um efeito e nao mais uma causa dos

empreendimentos científicos, Feyrabend chega a admitir que

não há qualquer parâmetro que permita conc&€r a ciência co-

mo uma prática melhor ou mais poderosa do que tantas outras

práticas que predominaram em diversos períodos históricos

(a religião, por exemplo). Mas ele de algum modo sustenta

a sacralização da ciência, já que ela se" desenvolve na ten-

tativa de produzir o "bem-e~.ta~ da humanidade".

Dominique Lecourt apresenta conceitos que podemos utilizar

para clarear esta perspectiva. Afirma ela existir uma certa

tradição "po~i.tivi~.ta" em epistemologia, a qual correspon-

deriauro "evoluciol1i~mo" histórico. Autores como Kuhn e

Feyrabend teriam podido abandonar a tradição positivista em

epistemologia, sem contudo se livrarem de um evolucionismo

histórico.
73.

18 - Há quem adote um recurso linguístico para operar uma divi-

são entre diferentes níveis de questionamento. Mantém,

neste caso, o termo metodologia (ou algum outro que lhes

pareça conveniente) para as discussões mencionadas no iní-

cio deste capítulo e adotam o termo técnica (ou outro equ!

valente) para este outro tipo de discussão que enfocamos a

gora.
74.

O que e DESlRE?

(Este texto consta de uma apostila de apresentação do

órgão, distribuída para os profissionais que ingressam na insti

tuição. Foi elaborada pela Direção do Departamento)

O.Departamento do Sistema de Ressocialização foi cria-

do pelo De~reto n9 156 de 11 de j~lnho de 1975 que alterou dis-

posições relativas à competência e à estrutura básica da Secre-

taria de Estado de Justiça.

Compete ao Desire atuar no campo das atividades refe-

rentes à Ressocialização de egressos do Sisteraa Penitenci~rio,

bem como de outros integrantes da faixa de população em proces-

sos de marginalização, especialmente os menores da faixa etá-

ria de 18 a 21 anos, beneficiados pelo sursis, livramento con-

dicional e liberdade vigiada, pela aplicação de técnicas so-

ciais e adequadas e de formação profissional, capacitando-os pa

ra a vida ~til diretamente, através de estabelecimentos centra-

lizados ou mediante convênios.

o Desire é um órgão normativo de planejamento, super-

visão e controle através de suas duas coordenadorias: Técnico-

-Social, que atua corno órgão de apoio e supervisão junto aos

órgãos de execuçao nas áreas de Serviço Social, Psicologia ePe

dagogia e a Coordenação de Observação Cautelar, que tem por ob-

jetivo o apoio e a supervisão jurídica.


75.

Seus dois :tnstitutos - :tnstituto de Ressocialização M~

garinos Torres (Rio) e :tnstituto de Ressocialização Alvaro Ne-

gromonte (Niterói), são seus órgãos executivos, fazendo o aten-

dimento direto da clientela.

o Instituto de Ressocializ~ção Magarinos Torres - JS

RMT - foi criado em 12/05/1970 pelo Decreto "N" n9 608 com a

denominação de "Ca.6a do EgJte..6.6o" , sendo transformado em Insti-

tuto de Ressocialização Magarinos Torres em 28/04/1970 pelo De~

creto IIE II n9 3816 e anexando ao Departamento por ocasião da cria

ção deste último. Sua sede está localizada à rua Camerino :19 41

e possui um anexo -A Casa do Egresso - situada à rua Frei Cane

ca n9 471.

Na sede é feito o atendimento da clientela externamen-

te enquanto que na albergagem (Casa do Egresso), o cliente nao

possuindo nem casa nem familia,passa a ser hóspede do Institu-

to por um período aproximado de 90 (noventa) dias até que seja

encaminhado profissionalmente e passe a prover sua própria manu

tenção.

o Instituto de Ressocialização Alvaro Negromonte- fun

ciona em Niterói, à Rua Gal. Osório n9 67 e possui também um

anexo -A Casa do Artesão - situada à rua Visconde de Moraes n9

249 -Ingá. Atua através do atendimento externo da clientela,


transferindo para o JSRMT o cliente que necessite de alberga-

gemo

A casa do Artesão desenvolve uma tarapia ocupacional

supervisionada por uma psicóloga, para os clientes que revelam

certos desajustes de comportamento, que tornam o processo de

reintegração mais difícil de atuar.


76.

Ambos os Lnstitutos atua~ através de ~a equipe ~ulti-

-profissional, formada por técnicos e estagiários na área de

Serviço Social, Direito, Psicologia e Orientação Educacional.

A Reforma Penal no campo federal, através da Lei 6416

de 24/05/77, adequada à realidade do Estado do Rio de Janeiro,

pela regulamentação, Lei 175 de 09 de Dezembro de 1977 ampliou

atribuições do Desire.

O art. 20 da citada Lei Estadual, esclarece que a fis-

calização do cumprimento das condições da suspensão condicional

da pena, bem como a Observação Cautelar e proteção do liberado

condicional ficam a cargo do órgão competente da Secretaria do

Estado de Justiça, no caso o DESIRE.

Isto quer dizer que o a~ompanhamento da clientela bene

ficiada pela Sursis ou pelo Livramento Condicional, não tem uma

participação direta do Juiz e que não importa apenas uma sim-

ples verificação de cumprimento das condições impostas na sen-

tença, mas principalmente na efetiva recuperação do homem para

a sua completa reintegração à sociedade (§ único do art. 20).

Para que o DESlRE pudesse cumprir as novas exigências

legais fez-se necessário a reestruturação, através da resolu-

ção SJU nQ 60 de 05/04/78.

Com a nova estrutura, através da Coordenação de Obser-

vaçao Cautelar e Coordenação Técnico-Social, o DESlRE passou a

atuar no acompanhamento efetivo desta nova faixa de clientela.

A nível de comarca da capital (cidade do Rio de Janei-

ro), o acompanhamento da Observação Cautelar está sendo feito

por dois Institutos -JSRMT e JSRAN. A nível de comarcas do in-


77.

terior foi assi.nado um protocolo entre a Secretaria de Estado

de Justiça e procuradoria Geral da Justiça através da resolução

conjunta n9 2de 15/02/78, para que o acompanhamento fosse fei-

to através da Assistência judiciária. Esta ação envolve portan-

to, estagiários da procuradoria Geral da Justiça, sob a orien-

tação do DESlRE, até que este possa se aparelhar de modo a exer

citar seus encargos.


78.

BIBLIOGRAFIA

1 - ALTHUSSER, L. La filosofia como arma de la revoluciono Qua-


dernos de Passado y Presente. Barcelona, Anagrama, 1974.

2 - ARMSTEAD, N. Reconstructing social psychology. Canada, pengun


Books, 1974.

3 - AUZIAS, J. M. Chaves do estruturalismo. Rio de Janeiro, Ci-


vilização Brasileira, 1972.

4 - BACHELARD, G. La formacion del esplritu cientificu. Barce-


lona, Siglo XXI, 1976.

5 - . Epistemologia-textos escolhidos. Rio de Janei


ro, Zahar, 1977.

6 - . O racionalismo aplicado. Rio de Janeiro,1977.

7 - BASAGLIA, F. La institucion negada. Barcelona, BarraI, 1972.

8 - ____________ • La institucion en la picota. Barcelona, Enqua-


dre, 1974 •

9 - • Los crimenes de la paz. México, Sig10 XXI,


---------
1977.

10 - BLALOCK Jr., H. M. Introdução à pesquisa social. Rio de Ja-


neiro, Zahar, 1976.
79.

11 - BQUVERESSE, J. A teoria e a observação na filosofia das


ciências do positivismo l6gico. in Ch~telet, F. Hist6-
ria da Filosofia, vol. 8, Rio de Janeiro, Zahar, 1974.

12 - BECKER, H. Uma teoria da açao coletiva. Rio de Janeiro,


1977.

13 - BRUYNE, P.; HERMAN, J.; SCHOTHEET, M. A dinâmica da pesqui


sa em ciências sociais. Rio de Janeiro, Francisco Al-
ves, 1977.

14 - CAMPBELL Y STANLEY. Disenõs esperimentales y quasi-experi-


mentales en la investigacion social. Buenos Aires,
Amorrortu, 1973.

15 - CANGULHEM, G. O que é a psicoloqia? in Revista Tempo Bra-


sileiro 30/31. Brasília. Tempo Brasileiro, 1973 .

. Etudes d'histoire et de philosophie desscien


16 -
-------------
~. Paris, Lib. Philosophique J. Vrin, 1975 .

17 -
------------- . O normal e o pato16gico. Rio de Janeiro, Fo-
rense, 1978.

18 - CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou lá.


Rio de Janeiro, Fontannajsummus, 1977.

19 - CERRONI, U. Metodologia y ciência social. Barcelona, Mar-


tinez Toca, 1971.
80.

20 - CHÃTELET( F. História da filosofia. Vol. 1 e 5. :Rio de Ja-


. neiro, Zah.ar, 1974.

21 - CLUSTRES, P. Sociedade contra o estado. Rio de Janeiro,


Francisco Alves, 1978.

22 - COHEN, A. Transgressão e controle. são Paulo, Pioneira,


1968.

23. - DARTIGUES, A. O que é a fenomenologia? Rio de Janeiro, El-


dorado, 1973.

24 - DELEUZE, G. A lógica do sentido. são Paulo, Perspectiva.

25 - DONZELOT, J. A política das famílias. Rio de J~iro,Graal,

1980.

26 - DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. são Paulo,


Nacional, 1974.

27 - ECO, U. A estrutura ausente. são Paulo, Perspectiva, 1971.

28 - FELDMAN, M. P. Comportamento criminoso, uma análise psico-


lógica.Rio de Janeiro, Zahar, 1979.

29 - FEYRABEND, P. Contra o método. Rio de Janeiro, Francisco


Alves, 1977.

30 - FICHANT, M. A epistemologia na França. in Châtelet, F. His


tória da Filosofia, vol 8. Rio de Janeiro, Zahar, 1974.
81.

31 - FOUCAULT( M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro, Vozes,


1972.

32 - ____________ . Theatrum Philosoficum. Porto, Res., 1975.

--------- · A história
Graal, 1977.
da sexualidade. Rio de Janeiro,

34 - ___________ . Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes, 1977.

35 -
----------- · Eu, Pierre Riviere ... Rio de Janeiro, Graal,
1977.

36 - • Microfísica do poder. Rio de Janeiro, Graal,


-----------
1979.

37 - FOUCAULT, M. A verdade a as formas jurídicas. Rio de Ja-


neiro, Cadernos da PUC, 1979.

38 - GEISER, R. Hodificação de comportamento e sociedade C0.ntro


lada. Rio de Janeiro, Zahar, 1977.

39 - GERGEN, K. Social psychology as history. in Journal of


Personality and Social Psychology, 1973, vol. 26 n9 2
(309-320)

40 - ___________ . Social psycholo gy , science and his tOry. in


Personality and Social psychology Bulletin. 1976, n9 2
( 373-383)
82.

41 - GOFF11AN" E. Manicômio, Prisões e Conventos. ~ã,o ,;>aulo,,;>ers


pectiva" 1974,

42 - ______ . Estigma. Rio de Janeiro, Zahar, 1975.

43 - GOLDMAN, L. Las ciencias humanas y la filosofia. B. Aires,


Nueva Vision, 1977.

44 - GOODE, W. J. e HATT, P. K. Métodos em Pesquisa Social. são


Pa~lo, Nacional, 1975.

45 - GRIZES, J. Métodos da Psicologia Social. Rio de Janeiro,


Zahar, 1978.

46 - GRISONI, D. políticas da filosofia. Lisboa, Moraes, 1977.

47 - HESSEN, J. Teorias do conhecimento. Combra, Armenio Ama-


do, 1970.

'48 - HIRANO, S. Pesquisa social. são Paulo, T. A. Queiroz, 1979.

49 - JAPIASSU, H. Introdução à epistemologia da psicologia. Rio


de Janeiro, Imago, 1975.

SO - KAPLAN, A. A conduta na pesquisa. são Paulo, E.P.E., 1975.

Sl - KAUFl-iANN, F. Metodologia das ciências sociais. Rio de Janei


ro, Francisco Alves, 1977.

S2 - KERLINGER, F. Foundations of behavioral research. N. York,


Holt, Rinehart and Winston, 1964.
83.

53 - KIRKPATRICH/ A. M. e ~C GRAWTH/ W. T. Cri~e and you, Ca-


nada, McMillan, 1~76,

54 - KOY~, A. ~tudes d'histoire et la pensée philosophique. Pa


ris, Gallimard, 1971.

55- - • Estudios de historia deI pensamiento cientifico.


--------
México, siglo XXI, 1978.

56 - KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. são Pau-


lo, 'perspectiva, 1978.

57 - LADRIERE, J. Filosofia e praxis científica. Rio de Janei-


ro, Francisco Alves, 1978.

58 - LE GOFF, J. e NORA, P. História-novos problemas. Rio de Ja


neiro, Francisco Alves, 1976.

59 - LOPEZ-REY, M. Crime. Rio de Janeiro, Artenova, 1973.

50 - MACHADO, R. Danação da norma. Rio de Janeiro, Graal, 1978.

51 - MAGEE, B. As idéias de pcpper. são Paulo, Cultrix, 1974.

52 - MANN, • Métodos de investigação sociológica. Rio de Ja-


neiro, Zahar, 1975.

;3 - MARX, M. HILLIX, W. ?istemas e teorias em psicologia. são


Paulo, Cultrix, 1976.
84.

64 - MILNER l J. Que é a psicologia? in Estruturalis~o-Antologia


de textos teóricos. Rio de Janeiro, Martins Fontes.

65 - MORENTE, G. Fundamentos de filosofia. são Paulo, MestreJou


1970.

66 - MORRIS, T. Desvio e controle, a heresia secular. Rio de


Janeiro, Zahar, 1978.

67 - MOTTA, D. e MISSE, M. Crime: o social pela culatra. Rio de


Janeiro, Achiamê, 1979.

68 - PAOLI, M. L. P. M. Desenvolvimento e Marginalidade. são


Paulo, Pioneiro, 1974.

69 - PENNA, A. G. História da psicologia. Rio de Janeiro, Zahar


1978.

70 - Pereira, C. R. Os carreiristas da indisciplina. Rio de Ja-


neiro, Achiamê, 1979.

71 - PIAGET, J. Tratado de psicologia experimental. Vol. I.

72 - • Sabedoria e ilusões da filosofia. são Paulo. Di


fusora Européia do Livro, 1969.

73 - • Logica y conocimiento cientifico. Naturaleza y


metodos de la epistemologia. Buenos Aires, Proteo, 1970.

74 - POLLNER, M. Sociological and common-sense models of the


1abelling processo in Turner, R. Ethnomethodology.
Canada, Penguin Books, 1974.
85.

75 - POPPER~ K. Lógica das ciências sociais. RiQ de Janeiro,


Tempo Brasileiro, 1978

76 - RAMALHO, J. R. O mundo do crime - a ordem invertida. Rio


de Janeiro, Graa1, 1979.

77 - REUCHLIN, M. Introdução a psicologia. Rio de Janeiro,Zahar


1979.

78 - RODRIGUES, A. Estudos em psicologia social. Rio de Janei-


ro, Vozes, 1979.

79 - ROSEMBERG, M. A lógica da análise de levantamento de da-


dos. são Paulo, Cultrix, 1976.

80 - RYAN, A. Filosofia das ciências sociais. Rio de Janeiro,


Francisco Alves, 1977.

81 - SÂ, c. A psicologia do controle social. Rio de Janeiro, A-


chiamê, 1979.

82 - SAMPSON, E. Scientific paradigms: and social va1ues:


Wanted-a scientific revolution in Journal of Personali ty
and social psychology, 1978, Vo1. 36 n9 11 (1332-1343).

83 - SCHLENKER, B. R. Social psucho1o gy and science in Journal


of Personality ans Social Psychology, 1974. Vo1. 29 n9
1 (1-15).

84 - SCHRADER, A. Introdução à pesquisa social empírica. Rio de


Janeiro, Globo, 1974.
86.

85 - SELLTIZ f JAHOD f DEUTSCH e. COOK.Métodos de pesquisa nas re


lações sociais. são Paulo, E. P. U., 1975.

86 - SEMIN~RIO, F. A epistemologia da psicologia. Apostila do


Curso de Introdução à Metaciência do Hestrado da FGV
1979.

87 - SHOTTER, J. Imagens do homem na pesquisa psicológica. Rio


de Janeiro, Zahar, 1977.

88 - SOUZA, ·P. A prisão. são Paulo, Ed. Alfa-Omega, 1977.

89 - TAYLOR, WALTON e YOUNG. La nueva criminologia. BuenosAi~s

Amorrortu, 1975.

90 - TOCH, H. Living in prison. N. York, Free Press, 1977.

91 - TURNER, R. Ethnomethodology. Canada, Penguin Books, 1974.

92 - VELHO, G. Desvio e divergência. Rio de'Janeiro, Zahar,


1974.

93 - VEYNE, P. Comment on ecrit l'histoire - essay d'epitemolo-


·gie. Paris, Ed. du Seil.

94 - Revista Tempo Brasileiro. Vol. 30/31 - Epistemologia 2


Ed. Tempo Brasileiro - Brasília.
87.

A dissertação "DELINQU~NCIA E CRISE NA PSICOLOGIA


SOCIAL - QUESTÕES CONVERGENTES" foi considerada é1~ll4.chr,.

Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1980

, '.1 /1 ')
j.'.
L
,~' (. /..' ""
( ( '. ! t/ I ,;, /1, ( ( ( , (
i ! C,
'.\
An~io/-GÓmes Penna "
pr~ssdÇ Orientador

Membro da Comissão Examinadora

Celso Pereira de sá
Membro da Comissão Examinadora

Você também pode gostar