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COMENTÁRIOS SOBRE O MES.

Men, Economy and State

Junior Vieira
GMAL
1

SUMÁRIO
FUNDAMENTOS DA AÇÃO HUMANA: ............................................................................................ 2
CAP 1: O CONCEITO DE AÇÃO ........................................................................................................ 2
CONCEITO DE AÇÃO: ................................................................................................................ 2
NATUREZA METAFISICA: ........................................................................................................ 4
AXIOMAS: ........................................................................................................................................ 4
CAP 2: PRIMEIRAS IMPLICAÇÕES DO CONCEITO ..................................................................... 6
CONCEITO DE UNIDADE: ........................................................................................................ 6
DESEJO OU NECESSIDADE. .................................................................................................... 8
AS 4 CAUSAS: ............................................................................................................................... 10
AÇÃO NO TEMPO: ..................................................................................................................... 11
CAP 3: OUTRAS IMPLICAÇÕES, OS MEIOS ................................................................................. 13
OS BENS E AS CAUSAS: .......................................................................................................... 13
HEGEL E OS PADRÕES DE CONSIÊNCIA: ...................................................................... 18
PREFERÊNCIA TEMPORAL: ....................................................................................................... 20
CAP 4: OUTRAS IMPLICAÇÕES: TEMPO ...................................................................................... 21
PRODUÇÃO, ETAPA E CIRCUNSTÂNCIA: ........................................................................... 23
CAP 5: OUTRAS IMPLICAÇÕES (A) ............................................................................................... 25
FINS E VALORES: .......................................................................................................................... 25
MEDIÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA:................................................................... 26
JUIZO PROVÁVEL E JUIZO POSSÍVEL: .................................................................................. 27
Cap 5: LEI DE UTILIDADE MARGINAL (B) .................................................................................. 29
UNIDADE MARGINAL: ............................................................................................................... 32
COMPARAÇÃO ENTRE UNIDADES MARGINAIS: ............................................................ 34
CAP 6: FATORES DE PRODUÇÃO: A LEI DOS RENDIMENTOS ............................................. 35
OBJETO IDEAL E OBJETO REAL: ............................................................................................. 38

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FUNDAMENTOS DA AÇÃO HUMANA:


CAP 1: O CONCEITO DE AÇÃO
OBS: Texto Original em Preto // Comentários em Azul // Citações em Verde.
A CARACTERÍSTICA DISTINTIVA E CRUCIAL no estudo do homem é o conceito de ação. A ação humana é
definida simplesmente como um comportamento propositado. Portanto, é nitidamente distinguível
daqueles movimentos observados que, do ponto de vista do homem, não são propositais. Isso inclui
todos os movimentos observados de matéria inorgânica e aqueles tipos de comportamento humano
que são puramente reflexos, que são simplesmente respostas involuntárias a certos estímulos.

CONCEITO DE AÇÃO:
Tudo que ocorre, ocorre porque algo foi mudado, um estado de “coisas” anterior foi alterado a
um novo; obviamente essa alteração foi causa de algo, se não teríamos que dizer que o que
muda não muda por uma razão, mas sim por uma aleatoriedade ou por um “nada”, como o fato
de todo ser humano nascer bebe se desenvolver a adulto e morrer fosse algo randômico e sem
razão.
A ocorrência tem motivo de ocorrer, tem uma razão de ser o que é, os efeitos tem causas, e tem
causas especificas para o efeito causado, como a fecundação de um ovulo, essa só acontece se
uma ou mais circunstâncias particulares ocorrerem, não se fecunda um ovulo fritando batata
frita, a fecundação tem uma razão pra existir, uma circunstância particular, que é sempre pré-
determinada como a causa que gera o efeito, a fecundação.
A ocorrência para existir tem que ter uma razão suficiente para que ocorra de forma “A” e não
“B”, quer dizer, para a fecundação ocorrer a circunstância “A” tem que acontecer e não “B” ou
“C “ou “D” ou ....(n). Esse é princípio da razão suficiente de Leibniz, “que nada acontece sem
uma razão para que assim seja e não de outra forma”, que já estava presente no Aristóteles:
“We suppose ourselves to possess unqualified scientific knowledge of a thing, as opposed to
knowing it in the accidental way in which the sophist knows, when we think that we know the
cause on which the fact depends, as the cause of that fact and of no other, and, further, that the
fact could not be other than it is.”
Aristóteles, Posterior Analytics
Toda ocorrência é uma diferenciação de estados, uma mudança, toda diferenciação de estado
tem uma causa para ser, e todo causa gera um efeito, o que chamamos da conjectura que
engloba a causa e o efeito, é a ação.
A palavra ocorrência pode ser substituída pela palavra fato, ambas têm o significado de “o que
acontece no espaço/tempo”, usarei a palavra fato a partir deste momento.

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“Que é um facto? Um facto não se define, intui-se. A palavra facto vem do latim factum, que
significa feito, ato, coisa ou ação feita, acontecimento. É uma palavra para nós familiar.
Embora todos saibam o que é um facto, não é fácil dizer o que é, em que consiste realmente um
facto. Facto é o que se nos apresenta aqui agora, num lugar, num momento determinado, quer
dizer, condicionado pelas noções de espaço e de tempo.”
Mário Ferreira dos Santos, Filosofia e Cosmovisão
Ação é o conteúdo da causalidade, vista de maneira geral, é composta sempre por 3 elementos
essenciais:
Agente: o agente é quem faz o ato, a ação.
Vítima: é quem recebe o efeito da ação.
Conteúdo: é o conteúdo da ação, o que é a ação.
Caso qualquer um desses componentes falte, a ação é impossível, pois uma ação sem agente,
não existe, uma ação sem vítima, seria inócua e atemporal, e uma ação sem conteúdo não tem
razão de ser ação.
Então, existiria 2 tipos de ação, a planejada e a não planejada.
Planejada: é a ação com uma finalidade, uma intenção concreta.
Não-planejada: é a ação involuntária, que acontece sem a intenção do ser, como o modo de ser
da natureza material, as tempestades, terremotos, o movimento natural da natureza, esses não
são planejados pois a chuva, as pedras, as plantas ou o sol não tem capacidade de tomar
decisões são seres inanimados, sem vontade, sem a potência de planejamento.
Algumas ações podem ser não planejadas, mas ao mesmo tempo sabíveis ao ser humano, como
o fato de suas células se reproduzirem, o homem sabe que isso ocorre ao mesmo tempo que não
planeja a ação, pois não tem controle sobre ela.

Planejadas
Açoes
Não-
Planejadas

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A ação humana, por outro lado, pode ser interpretada de forma significativa por outros homens, pois é
governada por um certo propósito que o agente tem em vista. O propósito do ato de um homem é o seu
fim; o desejo de atingir esse fim é o motivo do homem para instituir a ação.
O homem planeja, mas planeja com um intuito, com um fim, esse fim é o que o homem acredita
ser o melhor, o fim de toda ação humana tem a causalidade final de chegar ao que o Ser acredita
ser o seu âmbito de satisfação maior, a felicidade.
O Ser age, mas age para alcançar o que acredita ser a sua satisfação, a sua felicidade.
“Every art and every inquiry, and similarly every action and pursuit, is thought to aim at some
good; and for this reason, the good has rightly been declared to be that at which all things aim”
Aristóteles, Posterior Analytics
Todos os seres humanos agem em virtude de sua existência e de sua natureza como seres humanos.
Não poderíamos conceber seres humanos que não agissem com propósito, que não tivessem fins em
vista que desejam e tentam atingir. Coisas que não agem, que não se comportam propositalmente, não
seriam mais classificadas como humanas.

NATUREZA METAFISICA:
A natureza de algo é o que a sua estrutura, sua razão de Ser, compele o objeto a ser.
EX:
Quando uma caneta é construída, essa tem o seu fim predisposto pela sua própria estrutura, o
fim da caneta é escrever, a sua estrutura foi feita com esse propósito; é da natureza da caneta
escrever, pois esse é o seu fim planejado pelo seu criador.
Quando uma bola é construída, essa também tem seu fim determinado pela sua estrutura, o fim
da bola, é o futebol (por exemplo), daí que a natureza da bola é ser “jogada”.
Se jogarmos futebol com a caneta, uma imagem grotesca iria acontecer; é possível jogar futebol
com a caneta? Sim, da mesma forma que é possível escrever com uma bola (pelo atrito), mas
obviamente a bola não foi feita para escrever, ou a caneta para ser uma bola de futebol, daí que,
não é da natureza da bola ser caneta, e não é da natureza da caneta ser bola, jogar bola com a
caneta é um ato que priva a natureza do Ser, o seu fim, assim como escrever com a bola. O ato
que nega o fim natural de algo, é um ato antinatural.
É essa verdade fundamental — esse axioma da ação humana — que forma a chave de nosso estudo.
Todo o domínio da praxiologia e sua mais desenvolvida subdivisão, a economia, é baseada na análise
das implicações lógicas necessárias desse conceito.58 O fato de os homens agirem em virtude de serem
humanos é indiscutível e incontestável. Supor o contrário seria um absurdo. O contrário — a ausência de
comportamento motivado — se aplicaria apenas a plantas e matéria inorgânica.

AXIOMAS:
Aristóteles divide as maneiras que é posição adquirir o conhecimento de 2 formas, ou pela
indução, ou, pela dedução/silogismo.

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Os axiomas são premissas auto evidentes de uma dedução/silogismo, são premissas que não
precisam de uma demonstração para provar sua validade.
Toda dedução parte de premissas, se todas as premissas tivessem que ser demonstradas, teriam
que ser demonstradas por outra dedução, mas essa mesma dedução também usaria premissas, e
essas também deveriam ser demonstradas validas por outra demonstração, que também usaria
premissas; esse processo não tem fim, toda a premissa dependeria de uma dedução e toda
dedução dependeria de uma premissa infinitamente.

Premissa Dedução Premissa Dedução Premissa .....(n)

Logo, a única maneira de deduzir algo, é aceitando algumas verdades que se auto demonstram,
e não precisam de provas demonstrativas, são auto evidentes, como o conceito de unidade.
“Assuming then that my thesis as to the nature of scientific knowing is correct, the premisses of
demonstrated knowledge must be true, primary, immediate, better known than and prior to the
conclusion, which is further related to them as effect to cause. Unless these conditions are
satisfied, the basic truths will not be ‘appropriate’ to the conclusion. Syllogism there may
indeed be without these conditions, but such syllogism, not being productive of scientific
knowledge, will not be demonstration. The premisses must be true: for that which is
nonexistent cannot be known-we cannot know…The premisses must be primary and
indemonstrable; otherwise, they will require demonstration in order to be known, since to have
knowledge, if it be not accidental knowledge, of things which are demonstrable, means
precisely to have a demonstration of them.”
“Essas verdades auto evidentes indemonstráveis são os axiomas, são as “verdades primeiras.”
“I call an immediate basic truth of syllogism a ‘thesis’ when, though it is not susceptible of
proof by the teacher, yet ignorance of it does not constitute a total bar to progress on the part
of the pupil: one which the pupil must know if he is to learn anything whatever is an axiom.
I call it an axiom because there are such truths and we give them the name of axioms par
excellence. If a thesis assumes one part or the other of an enunciation, i.e. asserts either the
existence or the non-existence of a subject, it is a hypothesis; if it does not so assert, it is a
definition.
Definition is a ‘thesis’ or a ‘laying something down’, since the arithmetician lays it down that
to be a unit is to be quantitatively indivisible; but it is not a hypothesis, for to define what a
unit is not the same as to affirm its existence.”
Aristóteles, Posterior Analytics.

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CAP 2: PRIMEIRAS IMPLICAÇÕES DO CONCEITO


A primeira verdade a ser descoberta sobre a ação humana é que ela pode ser realizada apenas por
“agentes” individuais. Somente os indivíduos têm fins e podem agir para alcançá-los. Não existem fins
ou ações de “grupos”, “coletivos” ou “Estados”, que não ocorram como ações de vários indivíduos
específicos. “Sociedades” ou “grupos” não têm existência independente além das ações de seus
membros individuais
Aqui a explicação do conceito da unidade seria interessante:

CONCEITO DE UNIDADE:
O “um” para os Pitagóricos era a entidade fundadora de todos os números, e a qual todos os
números se derivavam dele.
Se pensarmos que todo o número é unidade, então a estrutura dos números é ser unidade, mas
unidade é um, então todo número é um, como isso é possível? Pois, quando dizemos 2, não
queremos dizer 1, mas, 2.
2 o que? 2 cavalos, 2 cenouras ou 2 camelos, percebesse que quando dizemos 2, queremos dizer
não apenas 2, mas duas unidades. 2 cavalos não são um cavalo chamado 2, mas sim duas
unidades de cavalos.
2 cavalos = 1 cavalo + 1 cavalo, o 2 é, duas unidades de 1.
Se continuarmos a crescer o número de cavalos para 3 ou 100, o que fazemos é crescer o número
de unidades, é crescer o número 1.
Por exemplo, seguindo a ordem de adição de unidades, temos:
1 unidade = 1 unidade
2 unidades = 1 unidade + 1 unidade
3 unidades = 2 unidades (que é 1 unidade + 1 unidade) + 1 unidade.
4 unidades = 3 unidades (que é 2 unidades + 1 unidade) + 1 unidade.
5 unidades= 4 unidades (que é 3 unidades + 1 unidade) + 1 unidade.
E assim por diante.
Para assimilação mais simples seria:
1=1 | 2=1+1 | 3 = 2 + 1 | 4 = 3 + 1 | 5 = 4 + 1...... | 100 = 99 +1
Todos os números se derivam da unidade, do “um”, então, um grupo de pessoas nada mais é
que, várias unidades juntas.
Assim, dizer que os “governos” agem é meramente uma metáfora; na verdade, certos indivíduos estão
em uma certa relação com outros indivíduos e agem de uma forma que eles e os outros indivíduos
reconhecem como “governamental”.

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É uma abstração “maximizante” que é utilizada como ferramenta retórica, primeiro a


complexidade do indivíduo é substituída por uma entidade abstrata, como o governo, o estado,
a comunidade, a instituição, etc..., essa entidade simplifica a realidade e depois maximiza a
entidade abstrata para todo o Ser, e assim deslocando o indivíduo ao coletivo abstrato a qual é
de fácil intelecção pois maximiza a sua simplicidade a um termo único.
Então ações humanas deixam de ser humanas, para ser ações de uma entidade abstrata, como, a
humanidade, o estado, ou o governo.
A metáfora não deve ser entendida como significando que a própria instituição coletiva tem qualquer
realidade além dos atos de vários indivíduos.
A instituição existe apenas abstratamente, o que existe são as pessoas que fazem parte dela, logo
qualquer ação, é ação dos membros constituintes da instituição, e não de uma entidade abstrata,
quem age é humano.
Da mesma forma, um indivíduo pode contratar a agir como um agente em representação de outro
indivíduo ou em nome de sua família. Ainda assim, apenas indivíduos podem desejar e agir. A existência
de uma instituição como o governo torna-se significativa apenas influenciando as ações daqueles
indivíduos que são e daqueles que não são considerados membros.
Todo efeito é causa de uma ação, essa ação pode ser repartida em vários componentes
consequenciais que levaram a ação, mas a ação sempre será performada pelo indivíduo que a
concretiza.
A ação, portanto, consiste no comportamento de indivíduos direcionados a fins, de modo que eles
acreditam que cumprirão seu propósito. A ação requer uma imagem de um fim desejado e “ideias
tecnológicas” ou planos de como chegar a esse fim.
Toda a ação humana tem um objetivo, um fim para ser alcançado, o Ser planeja as etapas
necessárias para chegar ao fim determinado; se um Ser deseja “A”, ele fará o possível para
alcançar os meios necessárias a “A”, quer dizer, planejara a “forma” de chegar ao seu objeto de
desejo.
Os homens encontram-se em um determinado ambiente, ou situação. É nessa situação que o indivíduo
decide realizar algo em ordem de atingir seus fins. Mas o homem só pode trabalhar com os numerosos
elementos que encontra em seu ambiente, reorganizando-os a fim de alcançar a satisfação de seus fins.
A circunstância do homem determina o que é possível que ele deseje, os objetos dentro do
imaginário do homem dependem da sua experiência na circunstância que vive, o que “vive” no
intelecto precisa passar pelos sentidos, precisa ser intuído.
Vou separar o que cria a possibilidade de querer e planejar em 3 instâncias:
1. A Perspectiva: a circunstância que o homem se encontra. A perspectiva tem de vir
primeiro, pois toda perspectiva é perspectiva de algo, e esse algo existe na circunstância
do próprio homem, e todo homem existe com ela, sem circunstância não a homem, é
sem homem não há o que desejar.

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2. O Desejar: que é definido como perceptíveis pela circunstância onde o homem está, é
pelo seu próprio estado fisiológico. Sé da pela interação do homem com o mundo a seu
redor, sua circunstância.
3. O Planejar: a tentativa de resolução do desejo. Depois de formulado o desejo, é feito um
plano para sacia-lo.
Existe uma diferença entre desejo e necessidade que acho interessante explicar:

DESEJO OU NECESSIDADE.
O desejo é o apetite intelectual por uma entidade, é intelectual porque se mantém na camada
do racional; a entidade do desejo pode ser descrita pelos tipos de entidades que existem:
Os entes que pertencem à alma, são chamados de: "ens in anima" ou, um ente na alma, ou, ser
na alma. Esses entes são os que satisfazem o apetite pelas coisas imateriais, tais como: o desejo
de conhecer, o desejo de ser amado ou de amar, o desejo de felicidade.
As entidades que pertencem ao exterior da alma são chamadas de: "ens extra anima" ou um ser
fora/extra a alma. São esses entes que satisfazem o apetite pelas coisas materiais, tais como: o
desejo de comer, o desejo sexual, o desejo de vestimenta “A” e não “B”.
O desejo permanece na camada do racional porque: a causalidade eficiente não está relacionada
com a sobrevivência do Ser, é almejar o desejável apenas porque é desejável.
Uma necessidade é o apetite do corpo em relação a uma entidade material, como por exemplo:
a necessidade de comer, a necessidade de temperatura, a necessidade de água.
Todos os exemplos são essenciais para a sobrevivência do corpo.
A necessidade de comer basta a morte por desnutrição, a necessidade de temperatura basta a
morte por hipotermia ou hipertermia, a necessidade de água basta a morte por sede.
“Uma necessidade é uma exigência do corpo, um desejo é um anseio da alma.”
Com referência a qualquer ação dada, o ambiente externo ao indivíduo pode ser dividido em duas
partes: aqueles elementos que ele acredita que não pode controlar e deve deixar inalterados, e aqueles
que ele pode alterar (ou melhor, pensa que pode alterar) para chegar em seus fins. O primeiro pode ser
denominado as condições gerais da ação; o último, os meios usados. Assim, o agente individual se
depara com um ambiente que gostaria de mudar para atingir seus fins.
As condições gerais da ação: são a circunstância totalizante que o homem se encontra; existe
várias instâncias sobre o ambiente de um homem que não podem ser mudadas, como o fato que
o homem nasce e morre, ou, que todo homem nasce de uma mulher, ou, o lugar aonde nasceu, e
até situações fisiológicas como uma doença incurável, ou uma gravidez não planejada. O
conjunto das coisas que não podem ser mudadas, formão o “Framework” da circunstância, são
as coisas que formam a circunstância, mas não podem ser mudadas pelo poder geracional ou
criativo do homem.

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Os meios usados: é a averiguação do homem sobre o que é possível que ele faça, possível como
o que é naturalmente possível dentro das condições gerais de ação, excluindo assim o
antinatural como o roubo ou o estupro. (pelo menos isso seria o certo).
Ex: O homem averigua a sua circunstância e em conclusão deseja o objeto “A”, dai que ele agora
precisa entender os meios disponíveis em sua circunstância geral para obter o objeto “A”, esses
meios são o caminho para a resolução do desejo do homem.
Todo ato deve, portanto, envolver o emprego de meios por agentes individuais para tentar chegar a
certos fins desejados. No ambiente externo, as condições gerais não podem ser objetos de nenhuma
ação humana; apenas os meios podem ser empregados na ação.

Agente •O homem.

•O que é
Meio possivel.

•O fim
Fim planejado.

O homem pode muito bem achar que um meio existe para alcançar um bem especifico, mas na
verdade estar enganado, assim, a concreção da tríade proposta por Rothbard nunca aconteceria,
pois, o meio na verdade é inexistente para alcançar o que foi planejado.
Toda a vida humana deve acontecer no tempo. A razão humana não pode sequer conceber uma
existência ou ação que não ocorra através do tempo. Dado um momento em que um ser humano decide
agir para atingir um fim, seu objetivo, ou fim, pode ser finalmente alcançado apenas em algum ponto no
futuro.
Toda a ação é temporal, é uma mudança, um antes que se torna um depois, a vida humana por
si, já é uma ação, a vida é a ação da existência, que começa (o antes), se desenvolve (o presente),
e perece (o futuro).
O homem existe no tempo pois sua existência existe no tempo, é como Schelling comenta, tudo
que é temporal tem em si a potência do tempo, que é actualizada na existência do Ser, o homem
tem a potência do tempo, Deus não tem a potência do tempo em si, por isso sempre foi, pois
sempre foi ato.
Tudo que o homem faz é temporal, as ações materiais são obviamente temporais, mas ate os
pensamentos, o pensar não é material, não ocupa espaço no espaço, você pode pensar em um
camelo, mas o camelo não se materializa, ele continua pensamento, no entanto, a ação de pensar
aconteceu no tempo, você não estava pensando e depois começou a pensar, a diferenciação de
estados aconteceu, apenas mentalmente, mas aconteceu, tem seu lugar no tempo.

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Se os desejados fins forem alcançados instantaneamente no presente, então todos os fins desejados do
homem estariam alcançados e não haveria razão para ele agir; e vimos que a ação é necessária para a
natureza do homem.
Se é o homem já tivesse consigo tudo que desejasse, então a ação humana seria apenas sobre a
utilização do bem que satisfaz o desejo, não sobre um planejamento de como alcança-lo, o
planejar seria inútil.
Mas já que o homem tem em si a potência da temporalidade e não é autossuficiente apenas pela
sua vontade, já que a potência de autossuficiência não existe no homem, então a busca pela
concreção do desejo é inevitável.
Para qualquer ação, podemos distinguir três períodos de tempo: o período antes da ação, o tempo
absorvido pela ação, e o período após a ação ter sido completada. Toda ação visa tornar as condições de
um tempo no futuro em mais satisfatórias para o agente do que seria o caso sem a intervenção da ação.
Acho que a explicação sobre as 4 causas Aristotélicas seria útil aqui:

AS 4 CAUSAS:
Qualquer explicação causal necessita da informação sobre sua circunstância, mas, a própria
circunstância necessita de causa, então a explicação das causas é necessária para o entendimento
de qualquer mudança, pois a mudança faz a circunstância assim como a circunstância faz a
mudança.
Aristóteles definiu as causas das circunstâncias em 4 tipos:
1-O que gerou? ou o que criou? ou da onde veio?
Chamado de causa eficiente, é a causa do que gerou ou criou o efeito.
EX: Mulher gera seu filho; a causa eficiente do filho é sua mãe.
Homem cria uma mesa; a causa eficiente da mesa é o seu homem, o criador.
Thomas Edison é a causa eficiente da ideia da lâmpada.
2-Do que é feito?
Chamado de causa material, é do que a coisa e feita.
EX: Uma bola de plástico tem sua causa material o plástico.
Uma mesa de madeira tem sua causa material a madeira.
Um gato tem sua causa material sua pele, pelos e outros aspectos matérias do seu ser.
3-Como funciona? ou porque é?
Chamado de causa formal, é do porque a coisa é o que é, ou natureza.
A estrutura de algo é sua forma, o que já discutimos anteriormente.

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4-Para que serve?


Chamado de causa final, é a finalidade de algo, ou o fim que sua natureza o projeta.
EX:O fim de um livro é a assimilação da mensagem do mesmo.

AÇÃO NO TEMPO:
O tempo antes da ação, o tempo de formação ideal, é a formação das causas de maneira
puramente ideal, o planejamento do que a ação deve ter como fim é a causa final, mas a própria
ideia foi criada por quem a pensa, sendo essa a causa eficiente, depois a formulação do meio de
ação à qual alcançar o fim, a causa formal, e depois os meios matérias para alcançar a
possibilidade da forma, a causa material.
O tempo de ação efetiva é o decorrer da ação determinada na etapa anterior sobre o meio de
ação.
O tempo de concreção é a conclusão da ação.
O tempo posterior é a averiguação de resultados do ato concreto, que pode levar o homem a
outra formação de causalidade final caso seu desejo não for saciado.

Tempo de
formação

Tempo Tempo de
posterior ação

Tempo de
concreção

O tempo de um homem sempre é escasso. Ele não é imortal; seu tempo na terra é limitado. Cada dia de
sua vida tem apenas 24 horas nas quais ele pode atingir seus objetivos. Além disso, todas as ações
devem ocorrer ao longo do tempo. Portanto, o tempo é um meio que o homem deve usar para chegar
aos seus fins. É um meio onipresente em toda ação humana
É da natureza do homem ser um Ser finito, com começo meio e fim, então, como sua vida não é
eterna, o tempo lhe é escasso, por isso toda a ação é um jogo de interesse sobre o que o homem
realmente valoriza, ele troca o tempo limitado que tem para alcançar o seu fim desejado,
criando uma hierarquia de valores sobre suas ações, o que o homem valoriza é o que ele está
disposto a perder na escala do tempo para adquirir no hoje.
A ação ocorre ao escolher quais fins serão satisfeitos pelo emprego de meios.
Meios é a causa material e formal, que tem sua utilização como passível ao homem. Se os meios são em
abundância ilimitada, eles não precisam servir como objeto de atenção de qualquer ação humana. Por

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exemplo, o ar na maioria das situações está em abundância ilimitada. Portanto, não é um meio e não é
empregado como meio para o cumprimento de fins.
A atenção do homem se dá do que ele não tem, se tem algo em abundância não precisa planejar
a sua conquista, pois já tem, como no caso do ar, mas, a circunstância também defini essa
abundância, se o homem, por exemplo está se afogando, o ar se torna um algo a ser planejado
alcançar para a própria sobrevivência do Ser.
Esse escalar de fins pode ser descrito como atribuição de classificações de valor aos fins pelo agente ou
como um processo de valoração.
Escolher algo, a qual, a sua escolha deprava uma outra escolha, a impossibilitando-a, gera um
juízo de valor. A escolha é necessariamente sobre o que é o mais desejável, é o mais desejável, é
subjetivo ao juízo, ou em outras palavras, ao próprio homem.
Em segundo lugar, esses meios escassos devem ser alocados pelo agente para servir a certos fins e
deixar outros fins insatisfeitos. Esse ato de escolha pode ser chamado de economizar os meios para
servir aos fins mais desejados. O tempo, por exemplo, deve ser economizado pelo agente para servir aos
fins mais desejados.
A economia é a teoria sobre a utilização de um recurso finito pelo homem, o tempo é finito ao
homem, então, o homem tem que escolher como gasta-lo, a economia do tempo.
Assim, quanto maior a oferta de meios disponíveis, mais fins podem ser satisfeitos e mais baixa é a
classificação dos fins que precisam permanecer insatisfeitos
Quanto maior a possibilidade de concreção da causa final, com tempo necessário disponível,
leva aos fins se tornarem cada vez mais possíveis de serem concretizados, diminuindo seu
“valor”, pela facilidade de chegar ao fim planejado.
Ele pode decidir sobre uma ação com frieza ou acaloradamente; nenhum desses cursos afeta o fato de
que a ação está sendo realizada.
O próprio ato de pensa se dá no tempo, assim se esse ato se prolonga muito, priva a
possibilidade de outros atos, pelo limite de tempo que está disponível ao homem.
Se o homem conhecesse os eventos futuros completamente, ele nunca agiria, uma vez que nenhum ato
seu poderia mudar a situação.
O homem não poderia mudar algo que já está feito.
O homem não sabe o suficiente sobre os fenômenos naturais para prever todos os seus
desenvolvimentos futuros, e ele não pode saber o conteúdo das escolhas humanas futuras.
Todos os homens tem escolhas, assim, a previsibilidade das ações humanas se tornam
impossível de averiguação, pois, o homem tem em si a limitação de sua estrutura, tanto
cognitiva como temporal. Pelo fato de estar no tempo não sabe o futuro, e pelo fato de ser
homem, não conhece a realidade como todo.
Depende assim de previsões que podem ou não se concretizar, já que o futuro é incerto e a
circunstância é impossível de conhecimento total.

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A onipresença da incerteza introduz a possibilidade sempre presente de erro na ação humana. O agente
pode descobrir, depois de completar sua ação, que os meios foram inapropriados para a realização de
seu fim.
“O futuro só Deus sabe”.

CAP 3: OUTRAS IMPLICAÇÕES, OS MEIOS


Os meios para satisfazer as necessidades do homem são chamados de bens. Esses bens são todos os
objetos da ação economizadora. Tais bens podem ser classificados em qualquer uma das duas categorias:
(a) eles são imediata e diretamente utilizáveis na satisfação dos desejos do agente, ou (b) eles podem ser
transformados em bens diretamente utilizáveis apenas em algum ponto no futuro — isto é, são meios
indiretamente utilizáveis. Os primeiros são chamados de bens de consumo ou bens para consumo ou bens
de primeira ordem. Estes últimos são chamados de bens de produção ou fatores de produção ou bens de
ordem superior.
Os meios recebem o nome de bens pois ainda não supriram o desejo do homem, quando os bens
são consumidos, o efeito da utilização deles é o que o homem determina como fim, os bens não
podem ser o fim, pois se não, não seria o meio até ele.
São divididos de 2 maneiras:

OS BENS E AS CAUSAS:
Bens de consumo/Bens de primeira ordem: é o meio onde não há o que ser mudado no objeto
para poder concretizar o desejo. Por exemplo um sanduiche, o objeto nesse caso já está em seu
estado de consumo, não é preciso modificar o objeto a um novo estágio de Ser para suprir a
vontade de come-lo, o homem apenas precisaria come-lo.
“O bem de consumo é consumido, e este ato de consumo constitui a satisfação dos desejos
humanos.”
Se pensarmos em um refrigerante na sua geladeira, esse mesmo “não apenas apareceu na sua
geladeira”; como vimos nos comentários sobre o conceito de ação, tudo que é, tem motivo pra
Ser, o estar na geladeira não veio do nada, e também não é uma aleatoriedade, o refrigerante
tem uma razão para estar ali, ele precisa de uma razão suficiente para ser o que é, e estar aonde
está. (negar que o que é precisa de uma razão pra Ser, é negar a causalidade e entrar em um
irracionalismo absurdo, nem David Hume chegou a esse ponto, apenas atribuiu a causa
eficiente na inferência humana, o homem liga experiencias e imputa causas a efeitos, criando
uma corrente causal que apenas existe como uma inferência de ver “A” seguir “B”, o homem
não sabe, apenas infere que sabe, o que leva ao probabilismo, que em si é impossível).
Logo, é preciso entender a razão de Ser do refrigerante e porque está neste local e não em outro,
quer dizer, a razão de Ser da circunstância do refrigerante, para isso utilizaremos as 4 causas
Aristotélicas.
Sobre o refrigerante:

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1. O refrigerante não veio do nada, então tem causa eficiente.


2. O refrigerante existe no espaço, então tem causa material.
3. O refrigerante tem uma estrutura a qual a material obedece, então tem causa formal.
4. O refrigerante tem um fim determinado, o de ser bebido, então tem causa final.
Todas as causas estão interligadas: nada existe sem causa eficiente, nada existe sem uma
finalidade, nada que tem finalidade não tem uma forma para concreção da finalidade, nada que
existe materialmente não tem uma forma que possibilite a finalidade natural do objeto.
Quando o refrigerante foi feito seu criador pensou em todas as causas, e as ordenou com o
intuito do fim desejado, mas o desejo igualmente ao refrigerante não surgiu do nada, esse
também tem as suas causas, que por consequência levam as causas do refrigerante, mas a frente
a ideia da produção do refrigerante, que tem causa eficiente em quem a formulou, será
chamada de “ideia tecnológica”.
Observando a forma do refrigerante percebemos que tal coisa não existe na natureza, que a
natureza não teria capacidade de criar o objeto apenas pela causalidade não planejada das ações
naturais dela, o objeto foi criado por uma ação planejada, quer dizer, por um ser racional.
Se o objeto foi criado, tem sua estrutura formada pelo intelecto humano, mas não a sua matéria,
essa foi dada pela própria natureza, o homem utilizou o que a natureza tem e que pode ser
manejado por ele para dar forma ao objeto desejado, o homem molda a matéria para a forma
que possibilita o objeto alcançar seu fim.
Essa “moldagem” no caso do refrigerante não foi imediata, o refrigerante não é feito apenas de
uma matéria especifica, mas sim de várias, é um Ser material composto de outro Seres
materiais. Sendo que cada um desses Seres que formam a forma do refrigerante também podem
ser compostos por outros Seres.
Então se formos pensar que um objeto “A” é composto por outros objetos “B”,”C” e” D”,
logicamente, os objetos que formam “A” teriam que existir anteriormente a “A”, pois se não
“A” teria existido antes da sua possibilidade de existência o que é impossível.
“B”,”C” e “D” também podem ser objetos compostos, que levam a outros objetos, e esses outros
também podem ser compostos de outro objetos, que levam a outros, e outros, e outros ....(n).
Essa regressão não pode ser infinita, logo, em algum momento o homem teve que utilizar uma
matéria que ainda não foi formada por ele, a matéria que a própria natureza disponibiliza, e que
o homem poderia modificar, mas que ainda não o fez, essa matéria ainda intocada pelo homem
é o que é chamado de matéria-prima.
A matéria-prima seria o que a natureza disponibiliza, para que o homem a molde para o seu fim
desejado.
Percebemos agora que existe vários estágios para a produção do refrigerante, dês do primeiro
momento onde a ideia é formulada, a utilização da matéria-prima, e a junção das varias partes
que formam a forma do refrigerante.

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Sendo os Bens de consumo como vimos anteriormente teríamos 2 situações diferentes, a


primeira o do bem em seu ultimo estagio, o pronto para consumo, que chamamos de Bens de
consumo, o segundo será referente a todos os outros estágios de desenvolvimento, da ideia
(causa formal) e da produção (causa material), os outros estágios onde o produto ainda não está
em seu estado de consumo imediato será chamado de bens de produção/ bens de ordem
superior.
produção; é o uso pelo homem de elementos disponíveis de seu ambiente como meios indiretos —
como fatores de cooperação — para chegar eventualmente a um bem de consumo que ele pode usar
diretamente para chegar ao seu fim.
Produção seria um meio indireto, um meio que ainda não está em seu estágio de bem de
consumo, mas é feito para chegar até ele, a produção utiliza de meios indiretos para possibilitar
os meios diretos.

Etapa A
Etapa M
Etapa B
Etapa S
Etapa C
Etapa N
Etapa D
Bem de consumo

Etapa E
Etapa O
Etapa F
Etapa T
Etapa G
Etapa P
Etapa H
Etapa I
Etapa Q
Etapa J
Etapa U
Etapa K
Etapa R
Etapa L

Bem de Matéria
Consumo Prima

Bens Bens
Inferiores Produção Superiores

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Dês do momento da utilização até a produção do bem em seu estado final, o bem de consumo,
existe uma cadeia de etapas, uma cadeia/estrutura de produção.
Assim, qualquer processo (ou estrutura) de produção pode ser analisado como ocorrendo em diferentes
estágios. Nos estágios iniciais ou "superiores", os bens de produção devem ser produzidos para que mais
cooperem na produção de bens de outros produtores que irão finalmente cooperar na produção do
bem de consumo desejado. Portanto, em uma economia desenvolvida, a estrutura de produção de um
determinado bem de consumo pode ser muito complexa e envolver vários estágios.
Bens superiores são bens que serão produzidos como componentes necessários para produção
de outros bens produtores; bens inferiores ou de primeira ordem, são os bens os de consumo,
que levam ao ultimo estagio para a produção dos bens de consumo, estão ao contrário dos bens
superiores no topo da estrutura de produção.
No entanto, podem-se tirar conclusões gerais importantes que se aplicam a todos os processos de
produção. Em primeiro lugar, cada etapa da produção leva tempo. Em segundo lugar, os fatores de
produção podem ser todos divididos em duas classes: aqueles que são produzidos e aqueles que já se
encontram disponíveis na natureza — no ambiente do homem.
Cada etapa de produção é uma ação, e cada ação é uma mudança, e cada mudança é temporal.
Toda a etapa de produção tem um componente temporal em sua execução.
Os fatores de produção que ainda não foram tocados pelo homem são a matéria-prima como
vimos, ou, fatores de produção originais.
Os fatores de produção que já não são o de contato direto com a natureza, quer dizer, já foram
modificados pelo homem, são chamados de fatores de produção produzidos.
Nos fatores de produção originais, existem 2 variáveis a serem dispostas, a primeira a matéria
usada, a matéria-prima “per se”, é chamado de “Terra”, e, o trabalho feito para modificar a
matéria, o trabalho humano no caso, chamado de Trabalho.
Então em cada etapa de produção é possível perceber elementos essenciais que formam a
produção de qualquer coisa, elementos mínimos essenciais que fazem a produção possível.
1 – Tempo.
2 – Trabalho.
3 – Terra.
Trabalho e terra, de uma forma ou de outra, entram em cada etapa da produção. O trabalho ajuda a
transformar as sementes em trigo, o trigo em farinha, os porcos em presunto, a farinha em pão, etc.
Não só o trabalho está presente em todas as fases da produção, mas também a natureza. O terreno
deve estar disponível para fornecer espaço em todas as fases do processo, e tempo, como foi
estabelecido anteriormente, é necessário para cada fase.
Uma produção que não participa da temporalidade é inócua/estática, é a não ação; uma
produção que não usa do trabalho não tem razão para produzir ou mover-se; uma produção
sem matéria, a Terra, não há o que modificar. Os 3 elementos são essenciais a qualquer
produção, a qualquer etapa de produção.

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Deve se perceber que a palavra Terra pode ser traiçoeira em sua utilização, não significa apenas
terra no sentido literal da palavra, mas, dos meios matérias necessários para a produção, quer
dizer, tudo que é material, a própria matéria, ou, o local de produção, a matéria que é possível
de ser mudada, o que é material nos meios gerais de ação.
Assim, as classes de fatores de produção são Trabalho, Terra e os fatores produzidos, que são
denominados Bens de Capital.
Bens de Capital seriam todos os fatores produzidos e a ação necessária em uma
cadeia/estrutura de produção; o Trabalho, Terra, os fatores de produção originais e os fatores
produção produzidos.
Se pudéssemos rastrear cada processo de produção de bens no tempo, devemos ser capazes de chegar
ao ponto — o estágio inicial — em que o homem combinou suas forças com a natureza sem a ajuda de
fatores de produção produzidos.
Esse trabalho de retro causalidade já foi exposto anteriormente.
Esta é a "ideia tecnológica" de como passar de um estágio para outro e, finalmente, chegar ao bem de
consumo desejado. Esta é apenas uma aplicação da análise acima, a saber, que para qualquer ação,
deve haver algum plano ou ideia do agente sobre como usar as coisas como meios, como caminhos
definidos, para fins desejados. Sem esses planos ou ideias, não haveria ação
Como visto anteriormente, o objeto criado pela produção tem em si as 4 causas, mas a sua causa
formal, a estrutura do objeto, em modo mais informal, a sua “blueprint”, é o que é chamado
aqui de “ideia tecnológica”.
Se pensarmos em todos as coisas que não são a própria matéria-prima, percebemos que essas
foram modificadas e não vieram do nada, como vimos antes, quer dizer, alguém as modificou, e
as modificou com um intuito, o de fazer/produzir algo, esse algo, primeiro foi uma ideia, uma
possibilidade que tem a causa eficiente na mente do produtor, depois passa de ser apenas a
forma, a “blueprint”, para ser posta a matéria, o produto material.
Poderíamos dizer que a forma, ou a ideia, são o produto formal, que é materializado, quando se
torna produto material. A matéria é escravizada a forma pré-determinada pela ideia, para assim
alcançar o fim desejado pelo homem.
Além da forma do objeto feito, se tem também a formulação da forma dos meios de produção
para chegar no objeto, então, em todas as “ideias tecnológicas”, existe o pressuposto de que
toda uma linha causal de produção também foi “formalizada” para chegar ao bem de consumo.
Obviamente como vivemos em um mundo onde tudo que é utilizado no nosso dia-a-dia é
produto de uma “ideia tecnológica”, e em muitas vezes não sabemos como produto X ou Y foi
produzido, o que não impede a utilização do mesmo, ou a própria formulação de novas ideias,
mesmo sem saber o todas as etapas de produção.
Por exemplo: podemos ter uma ideia de formar um produto X, mas precisamos das peças Y e Z
para produzi-lo, não precisamos necessariamente produzir essas peças, é possível apenas
compra-las, sem saber exatamente como foram produzidas, assim temos a ideia, mas apenas

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parcialmente, não sobre toda a produção de todos os componentes dela, mas apenas do que nos
é interessante saber e ter, para completar a ideia, o que pode levar a uma cadeia de ideias, ideias
que levam a outras ideias, que formulam outras e assim por diante.
Acho interessante comentar um pouco de Hegel aqui:

HEGEL E OS PADRÕES DE CONSIÊNCIA:


Hegel acreditava em padrões de consciência, mas o que isso quer dizer? Bom, seria como dizer
que em cada momento na história existisse um padrão especifico da “forma mentis” da
civilização o padrão de consciência, que em cada época seria um estágio inevitável de
consciência pela síntese da arte, religião, filosofia.
Por exemplo: na época helenística se tinha uma noção completa da polis, onde a ideia de
individuo era praticamente inexistente, existia apenas a polis, o todo. Esse padrão seria um
resultado de uma síntese entre a arte, religião e filosofia; padrão essa bem visto por Hegel, já
que o mesmo tinha uma noção de favorecer a totalidade, o mais completo e perfeito.
Sendo assim, cada etapa da história era uma etapa de padrões de consciência, que em um
movimento continuo, levavam o Ser a uma perfeição maior, as consciências passadas eram
absorvidas por novas consciências que levam a um outro padrão, em um movimento
permanente que absorve as “positividades” dos padrões, enquanto descartava as
“negatividades”, formando um movimento progressivo na história, ate o estopim da
consciência, o conhecimento absoluto.

Antiga
Consiêcia

Nova
consiência
Presente
consciência

Cada nova consciência absorvias as ideias positivas da anterior, e criava as suas próprias ideias
utilizando como parâmetro inicial o positivo das ideias antigas, que formarão futuramente
outro padrão. Hegel via no estado a melhor maneira de observar o progresso do conhecimento
absoluto.
Até hoje muita gente enxerga o devir histórico dessa forma, como um constante progresso. Um
dos argumentos mais usados para defender essa tese, são os avanços tecnológicos, as ideias
tecnológicas da Grécia, são absorvidas pelos Cristãos que depois são desenvolvidas pelos
modernos, e que chega nos tempos de hoje; um constante movimento sobre a evolução das
tecnologias, que absorve o positivo e nega o negativo na construção do próximo “padrão de
ideias”.

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Esses planos podem ser chamados de receitas; são ideias de receitas que o agente usa para chegar ao
seu objetivo. Uma receita deve estar presente em cada etapa de cada processo de produção, a partir do
qual o agente passa para uma etapa posterior. O agente deve ter uma receita para transformar ferro em
aço, trigo em farinha, pão e presunto em sanduíches, etc.

A receita é a ideia, mas despensa em etapas de produção, sendo a ideia o todo, essa pode ser
quebrada em partes, cada parte da produção é a ideia e segue ela, tem si a “receita”.
O todo é toda a estrutura de produção para formar o objeto A, tal estrutura teria “n” etapas,
cada etapa estaria na ideia, cada etapa é parte da ideia, pertence a ela, mas no momento da
atualização da etapa essa é só parte do todo, obviamente, não se pode perder o todo pela parte,
logo, cada parte tem em si a receita para a concreção daquela etapa particular.

A B C E F
Receita Receita Receita Receita Receita
“A” “B” “C” “E” “F”

Ideia

Cada receita tem em si o necessário para a produção de cada etapa, a receita A tem em si o que é
necessário para os fatores de produção da etapa A, a receita B tem em si o que é necessário para
os fatores de produção B, e assim por diante.
A característica distintiva de uma receita é que, uma vez apreendida, geralmente não precisa ser
apreendida novamente. Pode ser notada e lembrada, pois ela não precisa mais ser produzida;
permanece com o agente como um fator de produção ilimitado que nunca se desgasta ou precisa ser
economizado pela ação humana. Torna-se uma condição geral de bem-estar humano da mesma forma
que o ar.
Como posto anteriormente as receitas podem ser apreendidas, e depois reutilizadas nas mais
diversas formas de produção sobre os mais diversos produtos.
Este bem de consumo pode ser um objeto material como pão ou imaterial como amizade. Sua qualidade
importante não é se é material ou não, mas se é valorizado pelo homem como um meio de satisfazer
seus desejos.
Como foi explicado antes, os tipos de desejos, e o que é necessidade.
Todos esses serviços são “consumidos” para satisfazer desejos. “Econômico” não é de forma alguma
equivalente a “material”.

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Se a economia é a ciência que estuda a utilização de recursos finitos pelo homem, se percebe que
nem todos os recursos finitos são materiais, alguns são imateriais como o próprio tempo, ou o
amor e a amizade.
Além disso, o fato onipresente da escassez de bens de consumo deve se refletir na esfera dos fatores de
produção. A escassez de bens de consumo deve implicar na escassez de seus fatores.
Se um Bem de consumo é difícil que seja produzido o que pode gerar uma escassez, então, os
meios de produção para tal bem se torna igualmente escasso, podendo variar no nível de
escassez a cada etapa de produção, uma etapa A pode ter em si uma produção de difícil
conclusão enquanto uma etapa B pode ser de fácil concreção, a escassez geral seria da produção
como todo, ou a escassez do produto final, a escassez particular seria sobre cada etapa.
Cada escassez depende da circunstância sobre a produção de cada etapa, se por exemplo: uma
etapa se torna mais escassa que outra de maneira que a ideia não prévio tal coisa, isso se dá de 2
fatores.
1 - A ideia foi mal planejada.
2 – Uma circunstância impossível de ser prevista (como no caso do COVID)

PREFERÊNCIA TEMPORAL:
No cotidiano da vida, constatamos as nossas necessidades e desejos, e, com o tempo que temos
disposto procuramos meios para satisfazer as nossas vontades, sendo o tempo limitado e a
própria ação humana constringida pela natureza humana, a concreção de todos os nossos
desejos é impossível, então, desde do primeiro momento da vida racional é feito uma escolha
sobre o que achamos mais essencial a nossa vida e o menos essencial, escolhemos fazer A ao
invés de B, mesmo B e A sendo igualmente possíveis, pela escassez do tempo, temos que
escolher entre um ou outro.
Em um dia, teríamos os bens A, B, C, D, E para concluir nossos desejos, todos cronologicamente
seguidos um do outro, assim escolhemos o que definimos como o mais importante para ser
alcançado primeiro.
Se definimos A como o mais importante, utilizaremos o A primeiro, se definimos o B como mais
importante, utilizaremos o B primeiro, e assim por diante.
Então, haverá uma sequência selecionada sobre o que é possível ser feito no tempo disposto, e
os meios dispostos usando como parâmetro a utilidade do bem.
Se tenho o bem C como o mais útil no momento, seguido do bem A, seguido do bem B, seguido
do bem E, seguido do bem D.
A ordem seria essa:
C>A>B>E>D
Isso seria a preferência temporal sobre a concreção de desejos específicos.

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CAP 4: OUTRAS IMPLICAÇÕES: TEMPO


O tempo é onipresente na ação humana como um meio que deve ser economizado. Cada ação está
relacionada ao tempo da seguinte forma:

. . . A é o período anterior ao início da ação; A é o ponto no tempo em que a ação começa; AB é o


período durante o qual a ação ocorre; B é o ponto em que a ação termina; e B . . . o período após o
término da ação.
Como vimos anteriormente no “AÇÃO NO TEMPO”, o tempo é dividido abstratamente em
etapas, a primeira a da formulação da ideia (tempo de formação da ideia), a segunda o início da
execução da ideia (tempo de ação), a terceira o fim da execução (tempo de concreção) e a última
a ponderação sobre a ação (tempo posterior).
Cada etapa tem seu tempo particular, e a soma de todo os tempos é o tempo total, obviamente a
primeira etapa de formulação acontece apenas uma vez na estrutura de produção, a não ser se a
produção sofrer uma alteração, ou se a produção for descartada.
A função das receitas é justamente evitar que o tempo da formulação da ideia esteja presente
em toda produção, assim a ideia é imóvel enquanto não se muda a produção, se é imóvel, não é
preciso reformula-la, ou substitui-la, ela continua a ser, mas é partida em partes a cada etapa de
produção, para que a formulação dela não tenha que ser refeita a cada etapa.
O tempo de inicio da produção e o tempo do fim da produção, é o tempo total de produção ou
período de produção, onde a ação material acontece, a ideia deixa de ser possível para entrar
em suas etapas de concreção.
AB é definido como o período de produção — o período desde o início da ação até o momento em que o
bem de consumo está disponível.

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• Tempo de
A • Tempo de
formulação da • Tempo de concreção/Fim
ideia. inicio/ação do processo de
produção.

Ideia B

Período de produção
Este período pode ser dividido em várias etapas, cada uma levando um período de tempo. O tempo
gasto durante o período de produção consiste no tempo durante o qual a energia do trabalho é gasta
(ou tempo de trabalho) e no tempo de maturação, ou seja, o tempo necessário sem a necessidade de
dispêndio simultâneo de trabalho.
O tempo de trabalho é o mover de qualquer ação dentro de uma estrutura de produção, e
dividido em 2, o tempo de trabalho da energia gasta, e o tempo de maturação.
Tempo de energia de trabalho gasta é o exercício do tempo sobre as etapas de produção, o
trabalho continuo das etapas de produção que necessita da interação do objeto em produção
com o agente que o produz gera uma relação de ação que é sempre temporal; então em X horas
de trabalho uma energia Y foi gasta, essa energia é o tempo de energia de trabalho.
Tempo de maturação: seria o tempo que o objeto precisa para alcançar seu estado necessário
para a próxima etapa de produção, ou de consumo, sem o uso do trabalho para tal, como a
maturação da agricultura ou do vinho.
Acho que o desastre da fome de Mao pode explicar um pouco isso.
Claramente, cada bem de consumo tem seu próprio período de produção. As diferenças entre o tempo
envolvido nos períodos de produção dos vários bens podem ser, e são, inúmeras.
Cada bem de consumo é uma ideia, cada ideia usa os meios de ação disponíveis para concreção
dela, os meios de ação são etapas para a produção do produto, e cada etapa tem em sua receita
derivada da ideia.

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PRODUÇÃO, ETAPA E CIRCUNSTÂNCIA:


A causa eficiente da ideia é quem a pensa, que pensa pelas imagens em seu imaginário
adquiridas em sua própria circunstância, então a formulação da ideia depende da circunstância
onde seu criador está, mas as etapas de produção também têm a sua própria circunstância, e
nenhuma das circunstâncias, a do idealizador ou da produção são imóveis.
As circunstâncias das etapas de produção são individuais, assim como a circunstância geral de
produção; estão no tempo e espaço e só podem serem vistas de maneira igual e unívoca por
abstração, quer dizer, pelo o que elas têm em essência e em comum; o que as fazem similares ao
ideal de produção.
Toda a etapa é uma parte da produção, mas toda produção é uma parte da circunstância total
da realidade, a realidade é a junção de todos os momentos presentes, ou, os fatos. Se juntarmos
todos os fatos, chegamos ao conhecimento total da realidade presente, conhecimento esse
impossível para o Ser humano pela sua própria natureza, por isso o ser humano trabalha com
fatos e não um único fato que engloba todos, pois o conhecimento desse fato único é impossível,
apenas o Ser que presenciasse todos os fatos simultaneamente teria o conhecimento de tudo, e
esse Ser, teria que ser Deus.

Realidade

Produção

Etapas

A produção existe dentro da circunstância total, a realidade, mas quando pensamos nela
“idealmente” a separamos da circunstância total pela abstração1 e focamos nas notas2 que a
individualizam perante a realidade, enquanto excluímos o achamos que não é essencial a
formulação da produção. O que é necessário como meio a concreção é pensado na ideia, o que
não é, é ignorado pela a aparente noção que tal nota “A” ou “B” não impediriam a concreção da
ideia.
Toda a produção é idealmente pensada e separada da realidade, sendo assim, sempre existe a
possibilidade de erro, de que uma nota ignorada pelo processo abstrativo não deveria ser
ignorada, é que a mesma volte para “assombrar” a produção futuramente, daí se dá um erro de

1 Abstrair é separar algo na mente que é inseparável na realidade.


2 Notas são atributos de algo, como um objeto ou da circunstância.

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formulação da ideia, onde o erro é a falta de noção sobre uma nota da produção, que sendo
ignorada, gera um problema na concreção da ideia.
Obviamente, como nenhum humano conhece a circunstância total, existe a limitação sobre o
que pode ser conhecido, nesse caso as notas não foram ignoradas, mas são elas impossíveis de
serem apreendidas pela ignorância sobre a circunstância total, quer dizer, sobre o que é
impossível ou praticamente impossível de ser previsto como um empecilho a produção, como
no caso do COVID.
Outro erro seria a averiguação errada dos meios de ação, como um cálculo improprio ou uma
noção sobre a produção de alguma etapa que é insustentável no devir da etapa ou da produção,
aqui o erro se dá de acreditar que as formas escolhidas para a concreção da ideia são possíveis,
quando na realidade não são.
Assim como a ideia da produção abstrai algumas notas da circunstância, as etapas da produção
também, mas em um grau de abstração maior, dentro da própria produção.
Este é o resultado necessário do fato de que a ação ocorre no presente e visa o futuro. Assim, o agente
homem considera e valoriza os fatores de produção disponíveis no presente de acordo com seus
serviços antecipados na produção futura de bens de consumo, e nunca de acordo com o que aconteceu
aos fatores no passado.
Como dito anteriormente, é possível comprar peças já produzidas para juntar com outras peças
e chegar ao fim planejado; quando a peça é comprada o comprador não tem contato com a
primeira ação do agente sobre a matéria, sobre os fatores de produção originais, e, não é seu
objetivo esse contato, pois se não, iria ele mesmo produzir a peça desde seu estado de matéria-
prima, o que interessa é a sua ideai futura, sobre o que ele ira fazer com as peças compradas.
Uma verdade fundamental e constante sobre a ação humana é que o homem prefere que seu fim seja
alcançado no menor tempo possível.
A ação que tem causalidade final a concreção do desejo é formalizada de forma que sempre
alcança o desejo da maneira mais rápida possível, se a formalização é feita de maneira a retardar
o processo, então por algum motivo o idealizador da forma acha que o retardo é desejável por
ele mesmo.
Este é o fato universal da preferência temporal. Em qualquer ponto do tempo e para qualquer ação, o
agente mais prefere ter seu fim alcançado no presente imediato.
A preferência temporal é um predisposto de toda a ação humana, que o que o Ser deseja, deseja
o mais rápido possível.
O tempo entra na ação humana não apenas em relação ao tempo de espera na produção, mas também
no período de tempo em que o bem de consumo irá satisfazer as necessidades do consumidor.
Os bens de consumo por serem finitos tem seu efeito de concreção do desejo temporário; a
satisfação do consumo tem em sua utilização o tempo que o individuo está satisfeito com o
consumo, quando o indivíduo não está mais satisfeito ele pode, e irá formular um meio para de
novo suprir os seus desejos. Assim temos o tempo de supressão que um bem de consumo pode

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agir sobre um desejo, sendo o desejo pessoal, esse tempo sempre será subjetivo a quem consumi
o bem.
Temos o tempo onde o desejo é saciado, como um indivíduo que depois de comer uma pizza se
sente “cheio” e assim satisfeito, onde só procuraria outra pizza no momento de sentir o desejo
sobre ela de novo, e, o tempo onde o consumo acontece o comer a pizza, esse pode ser 30min ou
1h, seja o que for.
Logo, é possível deduzir que o indivíduo escolhera o bem que por maior período de tempo o
satisfaça, se ele pode escolher entre “A” e “B” sendo que “A” o satisfaz por um período mais
longo, mas não há motivos que o faça escolher “B”, a não ser motivos circunstanciais como a
falta de um meio de alcançar “B”.
Por outro lado, se o agente valoriza o serviço total prestado pelos dois bens de consumo igualmente, ele
irá, por causa da preferência temporal, escolher o bem menos durável, uma vez que irá adquirir seus
serviços totais mais cedo do que o outro.
Caso “A” e “B” satisfaça o indivíduo da mesma forma, mas tendo os tempos de produções
diferentes, logicamente o indivíduo escolheria o bem com menor período de produção, para
alcançar o seu desejo de maneira mais rápida possível.
O período de provisão, portanto, inclui ações planejadas para uma variedade considerável de bens de
consumo, cada um com seu próprio período de produção e duração. Este período de provisão difere de
agente a agente de acordo com sua escolha. Algumas pessoas vivem dia após dia, sem dar atenção a
períodos posteriores de tempo; outros planejam não apenas para a duração de suas próprias vidas, mas
também para seus filhos.
Quando alguém planeja chegar a um desejo futuramente, mas esse só é alcançável pela
concreção de outros desejos de maneira coordenada e planejada para chegar ao bem futuro, esse
tempo é o período de provisão, o planejar a concreção de “A” que só é possível pela concreção
de “B”,”C”,”D”, etc.
Por exemplo: alguém que passa anos estudando piano, onde essa paga inúmeras lições e aulas e
passa tempos exorbitantes estudando e praticando para conseguir se satisfazer futuramente
com o nível de seu conhecimento teórico e sobre sua técnica.

CAP 5: OUTRAS IMPLICAÇÕES (A)

FINS E VALORES:
Toda ação envolve o emprego de meios escassos para atingir os fins mais valiosos. O homem tem a
opção de usar os meios escassos para vários fins alternativos, e os fins que ele escolhe são os que ele
mais valoriza.
Toda a ação humana como vista do sentido exposto no livro é intencional e planejada, e, o
homem por sua natureza precisa de algo que não a si mesmo para a sua sobrevivência, sendo
que, o que ele precisa não está nele, mas está em outro, o mesmo precisa utilizar do que é
possível ser utilizado em seu âmbito para sobreviver, no entendo, igualmente ao homem, os

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componentes em seu âmbito são finitos. Assim o homem deve achar em seu âmbito o que
satisfaz as suas necessidades ou desejos de maneira que não o falte recurso.
O homem procura utilizar o que é possível de ser utilizado da maneira a qual acha mais
eficiente, pois o que utiliza é escasso, é finito. Se um homem pode escolher um fim “A” ou “B”,
esse escolhera o que acredita ser o mais eficiente para a concreção do seu desejo, se o que é
desejado fosse abundante, o homem não planejaria a utilização, não haveria preocupação com o
consumo que levaria a escassez, já que o bem seria abundante.
Os desejos menos urgentes são aqueles que permanecem insatisfeitos. Os agentes podem ser
interpretados como classificando seus fins ao longo de uma escala de valores ou escala de preferências.
Se toda a ação humana é uma escolha, algo é escolhido. A escolha é sempre sobre o que pode
ser negado, por exemplo: se um indivíduo pode escolher entre “A” e “B”, isso quer dizer que
ele pode negar um ao escolher o outro, tanto o “A” ou o “B” podem não ser, o indivíduo nega
uma escolha por outra, então existe alguma noção sobre a escolha que serve como justificativa
para a negação de uma das opções.
Seja qual for a justificativa, o indivíduo escolheu, e, essa escolha é uma preferência.
Uma preferência também se dá de 2 objetos inquiridos, se prefere um sobre o outro, a escolha
“A” sobre a escolha “B”, ou seja o que for. Como vimos antes, tudo que é tem razão pra ser,
logo, a preferência também tem uma razão pra ser, essa razão é o valor que o Ser tem com as
opções a seu dispor. O valor é a razão de ser da preferência.
Se tem preferência pois se tem um valor, o valor é a quantificação da preferência sobre os
objetos averiguados, é o que dá razão da preferência ser preferência.
O valor é a averiguação de quantidade; é feito uma medição de qualidade sobre o objeto, e
depois as qualidades sobre os objetos são medidas quantitativamente em comparação sobre a
probabilidade de concreção do fim desejado.
Acho interessante explicar o que é uma medição de qualidade, e uma de quantidade.

MEDIÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA:


A medição é uma ação que atribui valor a algo por uma unidade específica, que está contida no
que é medido, o número de vezes em que a unidade está contida no medido, é o valor da
medição.
De maneira quantitativa, a medição é numérica e baseia-se na relação de parte e todo, em que a
unidade que é parte está dentro do todo medido. Mede-se o maior, o objeto total, pelo menor, a
unidade homogenia que se repete dentro do total.
Em casos que a unidade homogenia é menor ao objeto medido, é usado a fração, onde o a
unidade homogenia é o numerador, e a parte medida o denominador.

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27

Na medição qualitativa, o processo é inverso, não é a unidade que defini a medida, mas sim o
nível de perfeição, quer dizer, quando dizemos que algo é melhor estamos comparando o ideal
total de melhor, o estado de perfeição do melhor com um estado menor, um estado de privação
a perfeição, existe uma falta em referente ao ideal. Está falta é o que determina a medida.
Na medição quantitativa é medido o menor pelo maior (a parte menor homogenia pela parte
maior heterogenia) na qualitativa é o maior pelo menor (o estado ideal, a perfeição, pelo estado
menor, a privação).
Anedota: As medições aristotélicas eram qualitativas, sempre buscando um ideal de perfeição, era com o
intuito metafisico; até sua física é um preambulo metafisico a “ciência primeira”, e tem sua estrutura não
em maneira numérica/matemática, mas sim qualitativa em referência ao ideal, ou, mais precisamente no
caso de Aristóteles, em referência ao motor imóvel, o absoluto.
VOLTANDO A OS VALORES PT. I:
Como dito antes, o valor é primeiro qualitativo quando se mede um objeto, e depois se torna
quantitativo quando 2 objetos são comparados para a concreção de um fim.
Medimos o objeto pelo que ele pode ser, pelo estado de perfeição ideal posto como parâmetro
pelo Ser. O Ser julga o objeto, faz um juízo, compara um ideal com o objeto e julga se um está
contido no outro, primeiro defini o que julga ser o ideal, e depois julga o objeto em comparação
com o ideal, o julgar é predicar algo com algo, ou, dizer que algo tem algo, nesse caso, é
predicar o objeto com uma qualidade, é dizer que algo (objeto) tem algo (qualidade).
Obviamente, o ato de julgar não está no que é medido, mas sim em quem mede, logo, nenhum
objeto tem em si o julgar, quer dizer, nenhum objeto tem em si um valor. O objeto simplesmente
é, o valor sobre o objeto é consequência do ato de julgar, que só existe pra quem tem tal
potência. O julgamento depende da capacidade humana, só existe no intelecto, e não na coisa
em si, essa não tem a capacidade de julgar, em termos escolásticos, estaria em um estado de
negação sobre a faculdade de julgar.
O Ser julga objeto pelo seu padrão ideal, e assim aplica um valor a ele, quando o mesmo
percebe que tem uma escolha entre “A” e “B” para o mesmo fim, passa a comparar “A” e “B”
quanticamente sobre a probabilidade de concreção do fim, e assim escolhe, preferencia um ao
outro.

JUIZO PROVÁVEL E JUIZO POSSÍVEL:


Julgar e Juízo podem ser termos intercambiáveis, ambos significam atribuir algo a algo,
explicarei agora o porquê da comparação entre objetos sobre a probabilidade do fim, é
quantitativa e não qualitativa.
Existe muitos tipos de juízos, mas no momento apenas 2 são importantes:
1 – Juízo Possível: é sobre se o objeto tem uma potência especifica, por exemplo: O homem tem
a potência de escrever um livro.

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28

Se trata sobre o que é possível que um Ser faça, se o Ser não tem a potência de fazer algo, então
é impossível que faça, a falta de potência é a impossibilidade, por exemplo: O homem não tem
potência de se transformar em Deus, quer dizer que é impossível que isso seja feito, pois se
fosse possível, seria uma potência.
É sobre o que é possível ser feito ou mutável ao Ser; o que é possível ser feito é chamado de
potência ativa, a potência de fazer X ou Y; o que é possível mutável no ser é chamado de
potência passiva, a potência de ser mudável de maneira X ou Y.
2 – Juízo Provável: é sobre a probabilidade de concreção de algo que é possível, é uma
consequência do juízo possível, o juízo possível determina as possibilidades, e o provável defini
a probabilidade que o que é possível ser, se torne. É o grau de concreção do que é possível.
Por exemplo: “Existe uma possibilidade de x de que um indivíduo escreva um livro”
Só existe juízo provável sobre o que é possível.
Por exemplo: “Existe uma possibilidade x de que o homem se torne Deus”; ora, não existe tal
potência no homem, então não existira tal possibilidade, o que faz a concreção impossível, e o
juízo sobre a probabilidade do impossível é impossível.
VOLTANDO AOS VALORES PT. II:
Quando julgamos o objeto sobre seu ideal de perfeição estamos o julgando qualitativamente,
sobre o que o objeto tem como grau em comparação com o ideal, quando dizemos que uma ação
é injusta comparamos a ação com um ideal de justiça, mas o objeto tem que ter a potência de ser
justo, não se julga uma pedra como justa, pois tal potência não existe para a pedra.
Logicamente, é preciso primeiro construir o conceito do objeto, o seu Ser em um sistema
categórico, os modos de Ser do Ser, quer dizer, o que é possível que o Ser seja.
Depois o objeto é comparado com o ideal, que é em si outro objeto já conceituado, sendo este
puramente abstrato ou não, então temos um valor sobre o grau de perfeição do objeto, a sua
qualidade.
Em seguida comparamos 2 objetos sobre a probabilidade de concreção de um fim, essa
probabilidade é quantitativa, assim a comparação se torna sobre o que o objeto “A” tem como
grau de provável, e o objeto “B” também; escolhemos quando o grau de concreção sobre o fim
determinado é maior em um dos objetos.
Ato
+

Probabilidade

-
Potência

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O homem escolhe a maçã sobre a banana primeiro porque acha que é possível que a maçã ou a
banana mate seu desejo, quer dizer, tenham a potência para tal, assim conceituando a maçã e a
banana em um sistema categórico; segundo porque esse faz um juízo probabilístico sobre qual
dos dois objetos tem a probabilidade de melhor suprir o seu desejo.
Se a maçã ou a banana não fossem possíveis de suprir o desejo do indivíduo, logo não seriam
averiguadas sobre o que não podem fazer, a conceituação do objeto é sempre a primeira etapa, a
possibilidade, depois a probabilidade.
É importante perceber que nunca há qualquer possibilidade de medir aumentos ou diminuições na
felicidade ou satisfação. Não é apenas impossível medir ou comparar as mudanças na satisfação de
diferentes pessoas; não é possível medir as mudanças na felicidade de nenhuma pessoa. Para que
qualquer medição seja possível, deve haver uma unidade eternamente fixa e objetivamente dada com a
qual outras unidades podem ser comparadas. Não existe tal unidade objetiva no campo da valoração
humana.
Sendo a medição de qualidade uma medição sobre o ideal de perfeição, a qual cada qual tem o
seu, uma medição unificada disso seria impossível, a subjetividade do que é preferível é sempre
presente, se o consumo de um bem pode suprir os desejos de um, ao mesmo tempo, pode não
suprir os de outro. A criação de um padrão uniforme de satisfação será sempre sobre o que um
terceiro, ou terceiros, desejam que seja acatado como padrão, esse padrão é feito por decisão
abstrata, simplificando o individuo a um ideal, de maneira que a complexidade do desejo seja
substituída por uma abstração uniforme, essa mais simples, onde a subjetividade pode ser
excluída, pois a circunstância imaginaria, o teatro imaginativo, tem em si menos notas
individualizadoras, fazendo a noção uniforme sobre fins possível. Mas tal ato, é uma negação
da realidade, por outra fabricada.

CAP 5: LEI DE UTILIDADE MARGINAL (B)


É evidente que as coisas são valoradas como meios de acordo com sua capacidade de atingir fins
valorados, como mais ou menos urgentes. Cada unidade física de um meio (direto ou indireto) que entra
na ação humana é valorada separadamente. Assim, o agente está interessado em valorar apenas
aquelas unidades de meios que entram, ou que ele considera que entrarão, em sua ação concreta. Os
agentes escolhem e valoram não “carvão” ou “manteiga” em geral, mas unidades específicas de carvão
ou manteiga.
Na formulação da ideia, onde cada etapa do processo é formalizada, cada etapa é individual e
utiliza de individualidades para a concreção da mesma, não é possível utilizar o universal
“carvão” para produzir algo, ou o universal” Ferro”, utilizamos o objeto individual, aquele
ferro ou aquele carvão. Na formulação ideal, pelo menos em sua etapa mais inicial, pode ser
necessário usar de maneira abstrata alguns recursos, como: na etapa X utilizaremos ferro, na Y
carvão; em momentos posteriores o ferro como objeto individual deve ser estipulado, como:
“utilizaremos este ferro X”. Quanto mais a formulação da idea começa a se aproximar da sua
“materialização”, a individualidade da matéria se impõe ao processo.

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30

Cada objeto utilizado na produção tem em si um valor dentro das etapas de produção, valor
esse como objeto individual, o cavalo X ou a vaca Y, não os cavalos ou as vacas, mas sim o
indivíduo cavalo/vaca. Como vimos na teoria da unidade, cada cavalo é uma unidade e tem em
si seu valor, quando juntamos vários cavalos, juntamos várias unidades de cavalo, mas isso não
exclui a unidade de um cavalo.
O valor do objeto unitário, também depende de sua circunstância, por exemplo, em uma
situação onde um incêndio acontece, e o homem tem vários computadores e outros
eletrodomésticos mas apenas pode salvar um único, o obvio seria dizer que o homem salvará o
objeto mais valioso no quesito monetário, o que ele pagou mais para ter naquele momento em
que achou que o seu dinheiro cessaria seu desejo, no entanto, percebemos o seguinte, o homem
pode muito bem ignorar aquele computador, e buscar outro, não pelo seu valor monetário, mas
por outro valor, como uma conexão emocional, assim salvando outro computador que tenha
um valor maior para o homem naquele momento que o simples valor monetário. O valor de
algo pode mudar com a circunstância da coisa com quem da seu valor.
O valor emocional daquele computador é muito provável que seja único para aquele homem,
assim a averiguação sobre o mesmo é subjetiva, é impossível dizer que todas as pessoas teriam
o mesmo valor emocional sobre o objeto, e muito bem, podem escolher outro objeto que
desejassem salvar, existe uma “uniticidade” sobre o que é valorado por aquele homem, uma
subjetividade única ao Ser, pois é aquele computador e aquela pessoa naquela circunstância,
cada qual com suas notas individualizantes, uma condição total sempre irreplicável.
O homem vive no mundo do devir, das coisas que estão em geração e corrupção, logo a sua
circunstância sempre muda, mudando também a relação do homem com as coisas que ele
valoriza.
Em suma, a circunstância do homem com o total que o individualizou e individualiza faz parte
da individualidade de seus valores, que não podem ser replicáveis.
O homem averigua, mas não averigua o computador como um universal, mas sim como o
objeto individual que o mesmo teve em sua vida, aquele computador, aquela matéria, não
outra.
Como foi explicado acima, valor ou utilidade não pode ser medido e, portanto, não pode ser adicionado,
subtraído ou multiplicado. Isso vale para unidades específicas do mesmo bem, da mesma forma que
vale para todas as outras comparações de valor.
Um valor inquantificável é um valor não numérico, mas sim qualitativo, que segue a
comparação do estado de perfeição entre o medido e a perfeição subjetiva do Ser que julga.
No entanto, não podemos dizer que duas libras de manteiga são “duas vezes mais úteis ou valiosas” do
que uma libra.
Se o que é valorizado é inquantificável, então muito menos podemos ter uma averiguação de
porcentagem ou parcela.

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Quando uma mercadoria está de tal forma disponível em unidades homogêneas específicas igualmente
capazes de prestar o mesmo serviço ao agente, esse estoque disponível é denominado oferta.
Se temos uma mercadoria X, Y, Z que são iguais em suas razões de Ser, são estruturalmente
iguais, com os mesmos meios, e que por serem iguais tem o possível mesmo nível de satisfação
a um indivíduo, isso é chamado de oferta.
Uma oferta de um bem, está disponível em unidades específicas, cada uma perfeitamente substituível,
uma pela outra.
Se formos a um mercado e acharmos 15 maçãs todas iguais e pelo mesmo preço, temos uma
oferta.
Aqui, novamente, é muito importante reconhecer que o que é significativo para a ação humana não é a
propriedade física de um bem, mas a valoração do bem pelo agente. Assim, fisicamente pode não haver
diferença perceptível entre um quilo de manteiga e outro, ou uma vaca e outra. Mas se o agente opta
por valorá-los de forma diferente, eles não fazem mais parte da oferta do mesmo bem.
A oferta se dá dos mesmos bens dispostos da mesma maneira, mas ainda assim o indivíduo
escolhe o objeto A sobre o objeto B, a própria escolha faz do objeto escolhido não mais uma
oferta, mas um objeto valorizado acima da oferta, pois o mesmo foi escolhido, foi preferenciado
sobre outros pelo valor que o indivíduo tem com ele.
A oferta, é como o nome diz, o que pode ser escolhido, o que é ofertado; quando o objeto é
escolhido, não é mais uma oferta, pois o mesmo, pelo fato de ser escolhido, tem no ato da
escolha a preferência do indivíduo.
A intercambialidade de unidades no fornecimento de um bem não significa que as unidades de concreto
sejam realmente valoradas da mesma forma. Eles podem e serão valorados de maneira diferente
sempre que sua posição na oferta for diferente.
Imaginemos a seguinte situação:
Você está em um deserto, morrendo de sede, perto da morte, e ao caminhar encontra um oásis
com uma bela poça d’água, a necessidade imediata o faz pular na água em busca da própria
sobrevivência, e a encontra. Após saciar a necessidade, você preenche os seus cantis com a água
do oásis, e continua a sua caminhada.
Pouco tempo depois encontra outro oásis, com outra poça d´água. mas algo está diferente, a
urgência sobre a necessidade da sobrevivência não está mais presente, aquela água que
anteriormente tinha um valor extremamente elevado se tornou algo trivial, pois não lhe falta
água, seus cantis já estão cheios.
Nas 2 situações acima a oferta acontece, ambas as poças d´água são meios de concreção da
necessidade, nas 2 situações toda a água foi valorada de maneira uniforme a cada situação pelo
homem, de maneira que uma poça poderia ser substituída pela outra, e o meio a concreção da
necessidade seria o mesmo.

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32

Mas o valor do objeto da oferta mudou ao homem, a circunstância mudou, a necessidade da


água diminui pois os meios já não são tão escassos como antes, sendo que o homem já tem água
em seus cantis. A oferta é a mesma, mas a escassez é diferente.
A consideração importante é a relação entre a unidade a ser adquirida ou cedida e a quantidade de
oferta (estoque) já disponível para o agente. Assim, se nenhuma unidade de um bem (qualquer que seja
o bem) estiver disponível, a primeira unidade irá satisfazer os desejos mais urgentes que tal bem é capaz
de satisfazer. Se a esse suprimento de uma unidade for adicionada uma segunda unidade, esta atenderá
as necessidades mais urgentes restantes, mas estas serão menos urgentes do que as primeiras
atendidas.
Assim, para todas as ações humanas, à medida que a quantidade da oferta (estoque) de um bem
aumenta, a utilidade (valor) de cada unidade adicional diminui.
Conforme explanado no exemplo anterior.
Consideremos agora uma oferta do ponto de vista de uma possível diminuição.
Se é possível que a quantidade de oferta aumente, também é possível que diminua.
Seguindo o exemplo anterior, se os cantis do homem se esvaziassem, pois estão furados, os
meios de concreção da necessidade diminuem, o matar a sede, o que faz o aumento do valor
sobre os meios que antes eram abundantes. O homem valoraria um encontro com outro oásis da
mesma forma que valorizou o primeiro.
Então existe uma proporção sobre a oferta e o estoque do objeto.
- estoque +oferta
VALOR
+ estoque - oferta

Portanto, a utilidade de X unidades de um bem é sempre maior do que a utilidade de X - 1 unidades.


Se a utilidade vários bens é 1, qualquer utilização fracionada do número de bens anterior
diminuirá a utilidade dos bens.

UNIDADE MARGINAL:
Em um estoque(oferta) imaginemos que temos 6 bens formalmente iguais, para a conclusão de
nossos desejos, e utilizamos cada desejo para suprir o que achamos mais essencial, os
classificando pelo grau de “essencialidade” sobre o fim determinado.
Então o bem 1 supri o desejo 1, o primeiro e mais importante, o bem 2 supri o desejo 2, o
segundo mais importante, o bem 3 supri o desejo 3, o terceiro mais importante, e assim por
diante.
Cada bem teria a sua classificação sobre seu fim, do bem 1 até o 6, o seu grau de importância.

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Em uma seguinte situação onde um bem não está mais disposto a concreção, por exemplo o
bem 6, não está no estoque, então o homem deverá escolher entre bens para suprir 5 fins, sendo
os 5 bens formalmente iguais, podem ser intercambiáveis; se temos 5 maças, todas iguais, então
são intercambiáveis, suas funções determinadas pelo seu dono tem o mesmo grau de possível e
provável, pois o objeto é formalmente o mesmo.
O que pode ser mudado é o fim disposto pelo homem a cada objeto, mas não o próprio objeto,
se for mudado, o objeto não será formalmente igual, o que mudará o possível e o provável,
assim mudando o fim; ou em concreção, ou em probabilidade.
Como consequência dos objetos serem intercambiáveis, o homem pode escolher qual deles usar
para um fim , sem alterar a probabilidade do fim, mas simultaneamente, os objetos podem ter
fins diferentes, o objeto 1 pode ter um fim diferente do objeto 5 ou 6.
Por exemplo, o homem pode ter 6 cavalos em seu estoque, mas direciona cada um a um meio
diferente, 2 cavalos levam a carroça, 3 que ajudam na agricultura e outro é para o lazer. Assim
cada cavalo pode ter funções diferentes, ou iguais.
Caso um dos cavalos esteja indisponível, então agora apenas será possível completar 5 dos fins
que antes eram possíveis como 6, a unidade do cavalo faltante gera um senso de urgência sobre
o que será posto como fim, se antes era possível utilizar um cavalo para o lazer, agora não é
mais, pois esse mesmo cavalo será redirecionado para cumprir a função do cavalo faltante, logo
é percebido que existe uma hierarquia de fins.
Os fins mais importantes que devem ser cumpridos geram uma escolha entre qual dos fins
serão completados, se antes eram 6 fins, agora são 5, o homem devera escolher qual dos 5 ele
deve completar assim preferenciando um sobre outro. O homem desiste do fim menos
importante por outro que defini mais importante.
“Essa unidade da qual ele deve pensar em abandonar é chamada de unidade marginal. É a
unidade “na margem”.
Como os fins de cada objeto tem uma hierarquia de preferência, então o homem sempre deve
pensar qual dos fins ele irá completar caso alguma unidade falte, essa unidade que é possível de
ser abandonada caso necessário é a unidade marginal, a satisfação da unidade marginal é
chamada de “utilidade da unidade marginal”.
Em suma: a satisfação marginal, ou utilidade marginal. Se a unidade marginal for uma
unidade, então a utilidade marginal da oferta é o fim que deve ser abandonado como resultado
da perda da unidade.
Estamos agora em condições de completar uma importante lei indicada acima, mas com uma
fraseologia diferente: quanto maior a oferta de um bem, menor a utilidade marginal; quanto menor a
oferta, maior a utilidade marginal. Essa lei fundamental da economia deriva do axioma fundamental da
ação humana; é a lei da utilidade marginal, às vezes conhecida como lei da utilidade marginal
decrescente

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34

Quanto maior a oferta, mais objetos estarão dispostos a completude dos fins, o que leva a menor
utilidade marginal, quanto menor a oferta, menos objetos estarão dispostos para a completude
dos fins, o que leva uma maior utilidade marginal.
Se, como acima, considerarmos o caso de acréscimos em vez de diminuições de estoque, lembramos
que a lei derivada para essa situação era que, à medida que a quantidade de oferta aumenta, a utilidade
de cada unidade adicional diminui. No entanto, essa unidade adicional é precisamente a unidade
marginal. Assim, se em vez de diminuir o suprimento de seis para cinco cavalos, o aumentaremos de
cinco para seis, o valor do cavalo adicional é igual ao valor do fim da sexta classificação — digamos,
cavalgar por prazer.
Se ao invés de diminuir o número de unidades na oferta, aumentarmos o número, teríamos
mais objetos a suprir mais fins, a utilidade marginal diminui, pois cada vez mais temos objetos
para determinados fins.
Oferta - + Utilidade Marginal

Oferta + - Utilidade Marginal

“Quanto maior a oferta de um bem, menor a utilidade marginal; quanto menor a oferta, maior
a utilidade marginal.”

COMPARAÇÃO ENTRE UNIDADES MARGINAIS:


Lidamos com as leis da utilidade conforme se aplicam a cada bem tratado na ação humana. Agora
devemos indicar a relação entre os vários bens. É óbvio que mais de um bem existe na ação humana.
Em uma situação onde o individuo tem 2 tipos de bens diferentes em estoque, um bem x e outro
y, cada qual com sua unidade de utilidade marginal, digamos que temos 3x e 4y, em uma
situação em que ambos os bens são utilizados, sendo assim, se caso acontece que o individuo
deve escolher entre perder uma unidade de x ou de y, ele devera escolher qual fins ele valoriza
mais e qual valoriza menos, para então descartar o que valoriza menos, entre x e y, o individuo
escolhe o que entre os 2 é menor em sua hierarquia de preferência para ser descartado.
Nesse caso ele irá comparar a utilidade marginal de x com a utilidade marginal de y, e escolher
entre eles o que acha menos valoroso, para esse ser descartado.
Caso o homem valorize o x mais que o y, então descartara o y: 3x e 3y
Caso o homem valorize o y mais que o x, então descartara o x: 2x e 4y
No sentido contrário, na adição de unidades, a qual o homem pode escolher que tipo de bem
adicionar ao estoque, bem x ou y.
Caso o homem valoriza x mais que o y, então adicionara o x: 4x e 4y
Caso o homem valoriza y mais que x, então adicionara o y: 3x e 5y

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35

“É evidente que, no ato de escolher entre desistir ou adicionar unidades de


X ou Y, o agente deve ter, com efeito, colocado ambos os bens em uma única
escala de valor unitário.”
Se o homem valoriza o y mais que o x, o x teria um valor menor na escala de utilidade ao
individuo; se y = 1, x deverá ser < 1.

CAP 6: FATORES DE PRODUÇÃO: A LEI DOS RENDIMENTOS


Cada etapa de produção tem em si o que necessário ser feito para a conclusão da própria, e, o
que deve ser feito necessita da ação de modificar algo, seja essa humana, como o moldar de um
pote, ou o apertar de um parafuso, ou seja natural(físico), como o amadurecimento na
agricultura; ambas são ações sobre a matéria, que a modificam, com o intuito da concreção da
etapa na estrutura de produção.
Mas também é sabido que a ação é temporal, e o tempo é escasso, e não apenas isso, pois se o
homem precisa de meios específicos para modificar a matéria, esses meios também serão
escassos, criando um nível de escassez sobre os meios de ação em cada etapa de produção.
Sendo assim, a produção de cada etapa, precisara de no mínimo 2 meios de ação, o trabalho, e o
tempo, não é possível haver modificação se nenhum dos 2 está presente. A etapa sem tempo
não existe, e a ação, sem tempo também não, logo, toda etapa de produção necessitará no
mínimo de 2 meios escassos. O tempo e o trabalho.
Se apenas um fator fosse necessário para o processo, o processo em si não seria necessário e os bens de
consumo estariam disponíveis em abundância ilimitada.
Se o trabalho não é necessário, então só temos que esperar a natureza agir sobre o que
queremos, e, se o tempo não é necessário, o bem já é o que deve ser, ambos os casos o bem teria
abundância sobre o seu uso, pois o homem não precisaria se mover para ter o que quer; ou ele já
tem, ou apenas espera a ter.
Todo bem produzido precisará no mínimo de 2 fatores, a cada etapa no processo de produção.
“Esses fatores cooperam no processo de produção e são chamados de fatores complementares.”
Os fatores de produção estão disponíveis como unidades de um fornecimento homogêneo, assim como
os bens de consumo. Com base em quais princípios um agente valorará uma unidade de um fator de
produção? Ele valorará uma unidade de suprimento com base no produto de menor valor, que ele teria
de renunciar se fosse privado do fator unitário. Em outras palavras, ele valorizará cada unidade de um
fator como igual às satisfações fornecidas por sua unidade marginal — neste caso, a utilidade de seu
produto marginal.
A cada etapa o individuo escolhe os fatores complementares a qual acha que possibilita os fins
da etapa e assim o chegar ao bem de consumo, em uma etapa “A” o homem escolhe os fatores x,
y, z e não os fatores h, j, i, assim também preferencia os fatores x, y, z sobre os fatores h,j,i.

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36

Assim se os fatores x, y, z são homogêneos em sua disponibilidade; o individuo em caso de


escassez de um dos fatores, deve escolher sobre o qual descartar, assim como no caso da
utilidade marginal o individuo descarta aquela unidade que acha menos valoroso para a
concreção da etapa, nesse caso, o fator complementar descartado -a unidade- tem nome de
“produto marginal”.
“O produto marginal é o produto perdido por uma perda da unidade marginal.”
O valor do produto marginal é determinado, pelo seu valor tanto na concreção da etapa, como
na concreção de outras etapas.
“Assim, o valor atribuído a uma unidade de um fator de produção é igual ao valor de seu
produto marginal, ou sua produtividade marginal”
O homem sempre procura o fim desejado no menor tempo possível, logo, os fatores
complementares seguem a mesma regra, o homem escolhe os fatores que contribuem para a
concreção do desejo da melhor e mais rápida forma possível, ele irá formular a receita de cada
etapa de maneira a otimizar o que é possível.
1- Otimiza o tempo.
2- Otimiza o trabalho.
3- Otimiza os fatores complementares.
4- Otimiza a utilização dos meios.
5- Otimiza a suas escolhas sobre o que pode ser descartado ou adicionado.
6- Otimizar a quantidade de produto possível ser feito em cada etapa.
Em uma situação que temos os fatores x, y, z para a produção de “P”, percebemos uma
quantidade sobre o que é possível ser feito pela disponibilidade dos fatores.
Se temos apenas o fator x, então a produção de “P”, terá em si apenas os fatores do fator x, a
produção não será igual ao produto esperado pela receita, mas apenas uma parte do produto, o
“p”, o produto real será parcialmente o produto ideal “P”.
P = produto ideal// p = produto real// x, y, z = fatores// A = ausência
P = x + y + z (Produto ideal) // p = Produto ideal – A
Apenas 1 ausência:
No caso de z estar ausente: p = x + y: p=P–A
A= → x +y +z x + y +z A=z p=x+y+z-z
(x + y) (-1) - x -y p=x+y
No caso de x estar ausente: p = y +z
A= → x +y +z x + y +z A=x p=P–A

(y + z) (-1) - y -z p=x+y+z-x
p=y+z

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37

No caso de y estar ausente: p = x + z


p=P–A
A= → x +y +z x + y +z A=y
p=x+y+z-y
(x + z) (-1) - x -z
p=x+z

No caso de 1 ausências, apenas 2 dos fatores existem no produto real.


No caso de 2 ausências, apenas 1 dos fatores existem no produto real.
No caso de x ausências, apenas p = P – x, existe no produto
No caso total de ausências, não existe produto real, já que o mesmo é pura ausência.
Logo, se existe um fator complementar, existe algo no produto real, se não existe nem 1 fator,
não existe produto.
“A lei dos retornos estabelece que com a quantidade de fatores complementares mantidos
constantes, sempre existe alguma quantidade ideal do fator de variação.”
+ Ausência - Produto Ideal

+ Produto Ideal - Ausência

O mesmo pode ser exposto da seguinte forma:

+ Fator variação - Ótimo

+ Ótimo - Fator variação

A produção pode ou não pode chegar ao produto ideal, ou o ótimo, sendo a produção no
tempo, se tem a informação do quanto uma etapa está próxima do ótimo em comparação a
outras etapas, ou a mesma etapa em outro momento do tempo.
Quanto mais perto do produto ideal, maior é o fator de concreção ideal, quanto menor, menor é
o fator de concreção ideal, sendo assim, a função final da etapa é a produção do produto ideal
sem faltas de fatores complementares.
Em diferentes etapas pode se ter diferente variações, em uma etapa “A “,a variação pode ser de
um nível de aproximação maior ao ideal, em uma etapa” B” a variação pode ser menor ao nível
ideal, quando a aproximação é maior, se tem o nome de “rendimentos crescentes”, quando a
variação é menor se tem o nome de “rendimentos decrescentes”.

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38

Os rendimentos crescentes e decrescentes podem ser sobre a comparação em etapas do mesmo


produto, ou sobre a mesma etapa em locais diferentes do tempo.
O ótimo é o padrão de perfeição que se tem em toda medição qualitativa, como vimos
anteriormente, caso o padrão de perfeição não existisse, não haveria como ter um julgamento
relativo, os julgamentos relativos se dão da comparação de algo em estado x com outro algo em
estado y (ou ate o mesmo algo), são a decorrentes da categoria de relação aristotélica.
“Chamamos relativas às coisas quando se diz que elas estão na dependência de outras, porque
a sua existência está de algum modo relacionada com outras. Assim, maior diz maior porque
consiste em ser dito em relação a outra coisa, porque maior diz-se de alguma coisa; e dizemos
dobro o que é dito dobro de outra coisa; e o mesmo ocorre com todos os termos análogos. São
também relativos termos quais: estado, disposição, sensação, conhecimento, posição, e todos
eles se explicam mediante uma referência a outro, e por mais nada. O estado é dito estado de
alguma coisa, o conhecimento, conhecimento de algo, a posição, posição de alguma coisa, e
assim sucessivamente.
São, portanto, relativos os termos cuja substância é a de serem ditos dependentes de outros, ou
de se referirem de algum modo a outros. Por exemplo, dizemos que um monte é alto apenas em
comparação com outro, dado ser em relação a outro que o monte é alto; o semelhante diz-se do
semelhante a qualquer coisa, e os demais termos da mesma natureza dizem-se por virtude do
mesmo carácter de relação.”
Aristóteles, Categorias.
Os julgamentos relativos são julgamentos sobre 2 substâncias que tem uma co-dependência
entre elas.
No caso dos fatores de produção, é comparado o estado ideal, com o estado real da concreção
do produto, o estado real apenas existe como consequência do estado ideal, e sem ele, não
existiria o produto real, então, o produto real e adequado ao produto ideal.

OBJETO IDEAL E OBJETO REAL:


Nos comentários sobre "On Interpretations" de Aquino tem uma passagem breve sobre como se
mede a "verdade" de algo. O ponto de origem da verdade é o que é utilizado como ponto de
adequação.
Quando intuímos algo, intuímos um objeto, o ato de intuir é dito como uma apreensão sobre
um objeto fisicamente presente.
Esse seria o ponto de origem da imagem mental que temos ao intuir um objeto, assim o
indivíduo adequa a imagem mental pela concordância com o objeto Real.
Objeto Mental —> Adequação —> Objeto Real.

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A adequação sempre parte do ponto originário do objeto, não faria sentido adequar o objeto
mental a si mesmo. O que está no intelecto tem causa eficiente o contato com o “mundo”, então
o objeto mental é adequado a sua própria causa eficiente, o Objeto Real.
Agora pensarmos em outro cenário, o das ciências poieticas.
As ciências poieticas são ações que começam no Ser mas terminam fora dele, são as ciências
criativas, como a música e a pintura.
Por exemplo, o ideal de produção sobre um produto; primeiro o ideal foi um objeto na
consciência de seu autor, que foi formalizado pelo intelecto do autor, depois passado a causa
material pela concreção das receitas a cada etapa de produção; se torna concreto como matéria
representativa do objeto mental do autor, a ideia.
O caminho é inverso aqui, não é o objeto mental que é adequado ao objeto Real, mas sim o
Objeto Real que é adequado ao Objeto mental, é uma adequação da formulação mental do
autor, com o meio de concreção material que a obra foi feita, o ponto de origem da causa
material é a causa formal que foi projetada no intelecto do autor, por isso se adequa a ela.
Objeto Real —>Adequação —> Objeto Mental.
Por isso que se diz que Deus criou o mundo como uma obra de arte, pois o mundo se adequa a
ele, e não ele se adequa ao mundo.
A produção ideal tem causa eficiente a mente do autor, e o produto real, é adequado ao produto
ideal; quanto tal produto real está de acordo com o ideal, é chamado de ótimo, quando em
discordância, existe um coeficiente de alteridade entre o ideal e o real, que é chamado de “fator
de variação”. O fator de variação é a falta do que não existe no produto real, mas devia existir
em comparação com seu ideal, é a variação entre o objeto real e o objeto ideal.

Adequado
Objeto Objeto
Real Ideal

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