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UNIVERSIDADE CATÓLICA

DE ANGOLA

A CONSCIÊNCIA MORAL E SEU IMPACTO


NAS RELAÇÕES INTERSUBJECTIVAS

Por:
Nlandu Matondo Faustino
PROGRAMA
A CONSCIÊNCIA MORAL E 3. A GÊNESE E OUTROS
SEU IMPACTO NAS FUNDAMENTOS DA
RELAÇÕES CONSCIÊNCIA MORAL
INTERSUBJECTIVAS 3.1. O que é a
1. A PESSOA HUMANA COMO
SUJEITO AGENTE Consciência Moral?
2. OS ACTOS DO HOMEM E OS 3.2. Qual é a gênese da
ACTOS HUMANOS Consciência Moral?
3.3. Outros Fundamentos da Consciência Moral
PROGRAMA
4. A CONSCIÊNCIA ENTRE A HETERONOMIA E
A RELATIVIDADE MORAL

5. A CONSCIÊNCIA ENTRE A FILOSOFIA DA


MORAL E A AUTONOMIA ÉTICA
BIBLIOGRAFIA
ARISTÓTELES (1991). Ética a Nicómaco: Poética. 4 Ed.,
São Paulo, Nova Cultura, Seleção de textos de José Américo
Motta Pessanha.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA.

KANT, Immanuel (2008). Fundamentação da Metafísica dos


Costumes e Outros Escritos. São Paulo, Editora Martin
Claret, Tradução Leopoldo Holzbach.
BIBLIOGRAFIA
PEGARARO, Olinto (2016). Ética dos Maiores Mestres
Através da História. 5ª. Edição, Petrópolis RJ, Editora
Vozes.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (1993). Gráfica de
Coimbra, Lda
KANT, Immanuel (2008). Fundamentação da Metafísica dos
Costumes e Outros Escritos. São Paulo, Editora Martin
Claret, Tradução Leopoldo Holzbach.
BIBLIOGRAFIA
SANTOS, Manuel José (2012). Introdução à Ética. Lisboa,
Instituto de Filosofia Prática.
SIMON, René (1993). Éthique de la responsabilité. Paris, Les
Éditions du Cerf.
RACHELS, James (2004). Elementos de Filosofia Moral.
Lisboa, Gradiva Editora.
RACHELS, James (2009). Problemas da Filosofia. Lisboa,
Gradiva Editora.
BIBLIOGRAFIA
VIDAL, Marciano (1978). Moral de Atitudes. São Paulo –
Brasil, Editora Santuário.
1. A PESSOA HUMANA COMO SUJEITO
AGENTE
Máscara
O Conceito Pessoa Que
Personagem
signifi
ca: Representação
Etimologicamente Retrato/Imagem

provém do latim
Para nós, interessa mais o seu
“Persona” sentido filosófico
1. A PESSOA HUMANA COMO SUJEITO
No plano AGENTE
O fazer pressupõe utensílios e competências, mas o
hermenêutico/filosófico agir pressupõe consciência moral e princípios
Razão/entendimento
Trata-se de um ser que
vive (dimensão biológica); Ou seja: Liberdade e Vontade
pensa (d. cognitiva) e age Homem/Mulher
(fazer/comportar-se) d. Consciência e
prática.
dotado de:
Poder reflexivo
O termo Pessoa
Representa uma realidade
A realidade Única (cfr. E. Mounier)
Humana
Peculiaridades socio-antropológicas ou antropológico-sociais de onde procede a exigência
humana de discernir e deliberar sobre as suas escolhas (boas ou más).
1. A PESSOA HUMANA COMO SUJEITO
Trata-se AGENTE O Primeiro configura

O Agir do Homem
O natural/biológico
e O E o segundo
cogitativo/racional configura

De um ser/indivíduo O Agir Humano

Duas modalidades de Cuja existência se


agir move entre
É deste último que decorre a sua qualidade de Sujeito agente
2. ACTOS DO HOMEM E ACTOS HUMANOS
2.1. Os Actos do Homem Respirar ou
Transpirar
Correr o Sangue nas
Não são nem Veias
Tratam-se de actos
Morais, nem
que o ser humano Pestanejar, tremer de
Imorais. São frio ou lacrimejar
não controla, nem
Amorais
regula. É o caso de: Engolir saliva ou Ter
Configuram Sono, etc.

Inconscientes; Naturais e Um tipo de actos


Involuntários meramente
Não passam pelo crivo da Razão, nem da Consciência por isso, não
constituem qualquer objecto de deliberação do sujeito agente
2. ACTOS DO HOMEM E ACTOS HUMANOS
São Actos São Actos não Reflectidos

Actos não Deliberados


Muitos deles são
transversais a outros Algumas vezes constituem
seres irracionais : uma reacção a um
impulso externo ou a um
estímulo do meio.
Instintivos/Espontâneos

Das Necessidades e dos Que decorrem


Condicionalismos biológicos
Exemplo: Gritar perante uma
e ambientais ameaça ou Pôr-se em fuga diante de
um perigo
2. ACTOS DO HOMEM E ACTOS HUMANOS
2.2. Os Actos Humanos Da Vontade (quero)
Da Liberdade (posso)
Estes actos Os Actos Humanos
podem ser articulam-se dentro Da Razão (devo)
Morais ou
Imorais da esfera de E Da Consciência Moral
Conjunto de actos seguintes peneiras: (é bom/vale a pena)

praticados pelo ser Humano De forma Motivada;


São actos Racionais; Intencional e
Conscientes e Consentidos Deliberada
São estas peneiras que, ao permitir que o sujeito avalie as suas motivações e intensões e
antecipe as possíveis consequências, determinam a responsabilidade do sujeito agente
diante da sua acção
2. ACTOS DO HOMEM E ACTOS HUMANOS
Exemplos e Elementos Constituintes O Agente
do Agir H umano A Vontade/Intenção
Elementos
Constituintes que A motivação
são:
Alguns exemplos dos
A Deliberação; A
Actos Humanos Decisão e a Execução

Como tal, pressupõe um Comer; Beber; Vestir-se;


Conjunto de namorar; Casar; Rir-se de,
etc
2. ACTOS DO HOMEM E ACTOS HUMANOS
O Agente É o sujeito que, consciente e voluntariamente,
pratica ou dinamiza uma acção.

É o móbil ou a intenção, que impulsiona a decisão


A Vontade
e determina a disposição para querer.

É o conjunto de razões ou argumentos que


A motivação consolidam o propósito do sujeito para realizar tal
ou qual acção.
2. ACTOS DO HOMEM E ACTOS HUMANOS
É a ponderação racional ou a análise de condições;
Deliberação objectivos; finalidade e consequências enquanto
factores que determinam o valor da acção e
consolidam a decisão.

Decisão É o momento mais alto do agir humano que


configura o instante de assunção da escolha ou da
opção.

É concretização ou realização da decisão tomada ou


Execução
da opção/escolha feita.
3. A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL E SUAS
VARIAÇÕES HISTÓRICAS
3.1. O que é a Consciência Moral Habilidade
Capacidade
A Iº define a Intuição/Juízo
Consciência Moral (Julgamento) do
como: Intelecto
Que “impõe” ao Sujeito o
Escolhemos duas sentido do Bem, do
perspectivas dentre várias Certo/correcto, do Aceitável e
Uma presente na Wikipédia do Conveniente
e a outra no Catecismo da A perspectiva Filosófica e
Igreja Católica Cristã
Em oposição ao Mal; ao Errado; ao Repugnável e ao Incoveniente
3. A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL E SUAS
VARIAÇÕES HISTÓRICAS
A Consciência Moral Como tríplice Decisão de

“Impõe” ou estimula Honeste Vivere


no sujeito um profundo
Neminem Laedere
sentido de Justiça
Enquanto Capacidade Suum Quinque Tribuere
ou Acto de Julgar
A Bondade ou a Malícia das Com os Critérios da Razão
nossas Intensões e Acções ou do Entendimento
A Consciência quando Respeitada e Bem Instruída impõe uma Moral Prática no
Sujeito, mobilizando-o a fazer o bem (moralidade) e a evitar o mal (imoralidade).
3. A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL E SUAS
VARIAÇÕES HISTÓRICAS
Na IIª Perspectiva É uma Lei escrita por Deus
no coração do ser Humano
Trata-se de uma Lei É o Centro mais Secreto do
intrínseca ao homem e ser Humano
à qual deve obediência É o Santuário no qual o
Plasmada no Catecismo Homem se encontra com
Deus
da Igreja Católica
Uma Voz que chama ao A Consciência é definida
Amor e à fuga do mal como:
Esta Lei obriga o homem, no momento oportuno, a fazer o bem e a fugir o mal; Julga as
opções concretas, aprovando as boas e denunciando as más. É o Juízo da Razão.
3. A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL E SUAS
VARIAÇÕES HISTÓRICAS
3.2. Qual é a Gênese da Consciência A sua Fonte Primária é Deus
Moral?
Se é Ensinada ou Ou Lei Natural
Autodescoberta? Se é
Perene ou varia com Ou ainda, a Razão Natural
tempo ou a Recta Razão
Questionar sobre a gênese
da Consciência Moral
A Consciência Moral é Significa, de algum modo,
Inata ou Adquirida? indagar se
É Recta porque ordena o Sujeito agente, impondo nele a Exigência do bem e
determina a moralidade das Intensões e dos Actos. Neste sentido a CM é inata e
3. A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL E SUAS
VARIAÇÕES HISTÓRICAS
3.3. Outros Fundamentos da Consciência É correcto ou não fazer a
Tais como: o tipo de circuncisão?
matrimónio É correcto ou não matar e
correcto/Monogamia ou comer o boi?
Poligamia?
Falar de outros Fundamentos da Em que reside a moralidade
Consciência M oral de uma acção?

Em relação à noção do bem É levanta o problema de falta


e do mal em torno de certas de consenso entre os seres
questões ou situações humanos
3. A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL E SUAS
VARIAÇÕES HISTÓRICAS
3.1. Outros Fundamentos da C.M.
Trata-se, de entre outros
A Consciência Moral também Meios:
sofre a influência do Meio Do Cultural; Político
que a formata Religioso; Científico;
Ideológico;
Todas as questões acima
levantadas permitem-nos a Ou Doutrinas Filosóficas
aferir
Vale dizer que se a A existência de outros
Principal Fonte é a Lei Fundamentos ou lugares de
Natural (Inata e Perene) formatação da C.M.
4. A MORAL ENTRE A HETERONOMIA E A
RELATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA
4.1. Moral e Heteronomia hábitos
da Consciência Que costumes
signifi
Maneira habitual de
ca:
Etimologicamente agir e de proceder, ou

Mor/mores ou Moralis O termo moral


= ao Éthos (Grego) provém do latim
Conjunto de Normas, Regras ou Princípios socialmente estabelecidos para
determinar a boa conduta de um indivíduo dentro de uma determinada
comunidade
4. A MORAL ENTRE A HETERONOMIA E A
RELATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA MORAL
A Pré-determinação de Determina o
carácter
De uma
Aqui ser Moral significa ser
Heterónomo e
Obediente
Regras, Princípios ou acção Comunitário da C.M.
Nornas
Da Bondade (moralidade) Que configuram a noção
ou da Maldade do bem e do mal
E faz do Agente Moral um mero cumpridor da norma socialmente estabelecida,
(imoralidade)
tendo em vista a ordem e a coesão social. Neste caso Agir Moralmente é agir de
acordo com os ditames sociais tidos como bons, aceitáveis e recomendáveis.
4. A MORAL ENTRE A HETERONOMIA E A
RELATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA MORAL
4.2. Moral e Relatividade da Da Herança
Consciência Cultural; Religiosa,
Nisto reside a Relatividade
São E Axiológica de um
etc.
da Consciência Moral Reflexos povo
Configura a Ideia de
Pelo que
que
Enquanto Ditames de uma As Regras, Princípios ou
comunidade Normas morais
Pode variar de uma comunidade para outra. Aliás, se para alguns comer a carne
de boi/humana é um sacrilégio para outros é uma delícia; A circuncisão/Excisão…
4. A MORAL ENTRE A HETERONOMIA E A
RELATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA MORAL
Em suma
Regras de conduta;
A Moral É um Modus Essendi; Facendi et
enquanto
conjunto Operandi
de: Normas de acção/Conduta
Éthos
que, numa base heterónoma, estabelece a ideia do bem e do
mal; impõe a noção do dever e do valor e define o que é
bom, correcto e aceitável, enquanto conduta que se impõe à
consciência individual, num espaço-comum ou numa
sociedade. Daí o seu carácter Relativo.
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
5.1. A Ética entre a
Éo
Heteronomia Moral e
A Éthos equivalente
Autonomia do Sujeito
significa: De Mor/Mores
Etimologicamente
A palavra ética
Éthos ou êthos provém de 2 termos
gregos
Isto é o conjunto de Valores; Regras e Normas de conduta que
estruturam uma Consciência Comunitária (Heterónoma).
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
O imperativo Ético/moral é: Já não é exactamente
“Faz o bem e evite o mal” igual a Êthos
E a sua máxima é: “não faça ao outro
Este último
o que não quer que lhe façam a si
significa
A moral é sinónimo da interioridade do
Ética, enquanto Éthos Neste
sentido
Sujeito humano ou
embora diverjam do ponto Fonte da
de vista de sua origem Humanidade Pura
linguística (grego) Contudo, do Agente Moral
o termo Éthos
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
É a fonte das acções Recta razão
genuinamente justa
Humanas/Morais intenção
Que age
Isto é: fazendo apelo
a sua:
Que Procedem da
Autonomia Moral do Sã Consciência
Sujeito
Liberdade responsável
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
5.2. A ética enquanto Esta decisão ou norma é ou foi a mais
justa e a mais correcta possível?
filosofia da moral apoia-
se na Que limites se impõe ao meu agir

Procurando esclarecer as Como


É uma Reflexão escolhas e as decisões a deveria
Crítica tomar ou já tomadas ter
Que visa tematizar a O feito?
Que devo-
justo Valor das Intensões e
acções assumidas como Com auxilio defazer?
seguintes
moralmente boas questionamentos:
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos

No plano analítico Normativa


Tal como acabamos de ver, a Prescritiva
moral “mor/es, diverge
significativamente da êthos : E reguladora da conduta
Porquanto a moral é humana em sociedade, a
partir dos ditames
vista como uma ciência: superiormente estabelecidos.
O que leva Hegel a falar em moral Trata-se de uma ciência
subjectiva e moral objectiva heterónoma.
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
Estimulando-o a fazer o bem e evitar
Não restam dúvidas de que o mal a partir da sua consciência recta
A êthos: e da sua razão prática.

Supera a esfera éthos da A Êthos introduz o princípio


heteronomia moral que consiste no de autonomia ética no
estrito cumprimento do sujeito agente
Pondo nele mesmo a referência desta
socialmente correcto
exigência, a partir da máxima:
Não faz aos outros o que não quer que lhe façam a si; Ou ainda: Aja de maneira a
deixar o mundo melhor que o encontraste. Vale dizer que o apelo ético visa
estimular, no sujeito agente, o sentido da justiça na sua tríplice dimensão que
inclui o desejo de: i). Honeste vivere; ii). Neminem laedere; suum cuinque
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Sendo a moral Objectiva Enquanto
O equivalente da êthos A moral
porquanto se refere Subjectiva
ao cumprimento do dever ou da exigência Remete para a
moral pelo acto de vontade do sujeito obediência a um
agente (a autonomia do sujeito agente) conjunto de regras,
mas a partir de uma razão universal, a lei normas e costumes
natural ou o mandamento divino de onde fixados pelas
estrai o seu espírito objectivo: sociedade,
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
Estimulando-o a fazer o bem e evitar
Não restam dúvidas de que o mal a partir da sua consciência recta
A êthos: e da sua razão prática.

Supera a esfera éthos da A Êthos introduz o princípio


heteronomia moral que consiste no de autonomia ética no
estrito cumprimento do sujeito agente
Pondo nele mesmo a referência desta
socialmente correcto
exigência, a partir da máxima:
Não faz aos outros o que não quer que lhe façam a si; Ou ainda: Aja de maneira a
deixar o mundo melhor que o encontraste. Vale dizer que o apelo ético visa
estimular, no sujeito agente, o sentido da justiça na sua tríplice dimensão que
inclui o desejo de: i). Honeste vivere; ii). Neminem laedere; suum cuinque
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
Estimulando-o a fazer o bem e evitar
Não restam dúvidas de que o mal a partir da sua consciência recta
A êthos: e da sua razão prática.

Supera a esfera éthos da A Êthos introduz o princípio


heteronomia moral que consiste no de autonomia ética no
estrito cumprimento do sujeito agente
Pondo nele mesmo a referência desta
socialmente correcto
exigência, a partir da máxima:
Não faz aos outros o que não quer que lhe façam a si; Ou ainda: Aja de maneira a
deixar o mundo melhor que o encontraste. Vale dizer que o apelo ético visa
estimular, no sujeito agente, o sentido da justiça na sua tríplice dimensão que
inclui o desejo de: i). Honeste vivere; ii). Neminem laedere; suum cuinque
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Neste sentido, a Ética Reflexiva
Analítica
enquanto êthos
Isto é, uma espécie de genealogia da
É uma Ciência moral que consiste em examinar as
Neste sentido, a ética, tal razões e as consequências dos nossos
como referimos, estimula actos, bem como a real moralidade
uma vida de princípios que contida nas normas, intenções ou
promovem um agir hábitos que, em nome de uma
autentico e autónomo determinada moral social, legitimam
assente na intenção de fazer este ou aquele acto.
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
Estimulando-o a fazer o bem e evitar
Não restam dúvidas de que o mal a partir da sua consciência recta
A êthos: e da sua razão prática.

Supera a esfera éthos da A Êthos introduz o princípio


heteronomia moral que consiste no de autonomia ética no
estrito cumprimento do sujeito agente
Pondo nele mesmo a referência desta
socialmente correcto
exigência, a partir da máxima:
Não faz aos outros o que não quer que lhe façam a si; Ou ainda: Aja de maneira a
deixar o mundo melhor que o encontraste. Vale dizer que o apelo ético visa
estimular, no sujeito agente, o sentido da justiça na sua tríplice dimensão que
inclui o desejo de: i). Honeste vivere; ii). Neminem laedere; suum cuinque
5. A ÉTICA COMO AUTONOMIA DO
SUJEITO E FILOSOFIA MORAL
Estimulando-o a fazer o bem e evitar
Não restam dúvidas de que o mal a partir da sua consciência recta
A êthos: e da sua razão prática.

Supera a esfera éthos da A Êthos introduz o princípio


heteronomia moral que consiste no de autonomia ética no
estrito cumprimento do sujeito agente
Pondo nele mesmo a referência desta
socialmente correcto
exigência, a partir da máxima:
Não faz aos outros o que não quer que lhe façam a si; Ou ainda: Aja de maneira a
deixar o mundo melhor que o encontraste. Vale dizer que o apelo ético visa
estimular, no sujeito agente, o sentido da justiça na sua tríplice dimensão que
inclui o desejo de: i). Honeste vivere; ii). Neminem laedere; suum cuinque
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Do ponto de vista classificativo a
moral pode ser caracterizada
como:
Enquanto estudo de regras, normas, deveres e
Uma ética capazes de orientar os comportamentos e prever as
normativa (éthos) consequências das acções de seres humanos.

Enquanto pesquisa ou reflexão crítica sobre as origens


Uma metá-ética e o sentido das concepções morais de grupos ou
(filosofia da moral) nações.
Enquanto esforço de interpretação e aplicação das duas
Uma ética aplicada primeiras éticas a problemas específicos e controversos
(ex. aborto, eutanásia, a homossexualidade, etc.)
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Do ponto de vista das abordagens a Ética pode ser:
Enquanto reflexão crítica e global sobre as normas, regras, valores, virtudes e
doutrinas que apontam os padrões de conduta ou as referências axiológicas
Geral para um agir mais viável ou ideal com vista a uma vivência e convivência mais
humana. Ela pode ser “uma moral normativa” ou “uma filosofia moral”
geral.
Enquanto reflexão crítica (filosofia moral) ou orientação normativa sobre o
Especial agir humano numa esfera específica da vida em sociedade (Ex. a ética
ou conjugal; a ética política; a ética empresarial; a ética lúdica, etc.
É uma modalidade de ética especial que aprofunda as implicações ético-
Aplicad morais na avaliação de uma resolução de questões complexas inerentes à vida
a humana, tais como: o aborto; a eutanásia; a homossexualidade; a fecundidade
artificial; a barriga de aluguer; o transplante de órgãos; etc.
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Diferença entre a ética e a filosofia
A filosofia versa sobre a A ética versa sobre as intenções, acções,
Ambas totalidade existencial normas e critérios de conduta do ser humano
são
A ética, apoiando-se no método
A filosofia elabora indutivo e dedutivo, elabora juízos,
sistemas de pensamentos reflexões críticas e doutrinas sobre
Saberes as intenções, acções e decisões
racionais, doutrinas e
reflexivos e humanas tendo em vista a vida boa
teorias sobre a totalidade
críticos e feliz entre os homens e a
existencial apoiando-se no
método dedutivo manunteção da vida na terra
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Diferença entre a ética e a política
A política enquanto A política é uma busca ou esforço
Ambas arte de organizar a racional e, simultaneamente,
cidade ético de interpretação,
são articulação e aplicação do
É um saber prático que visa
princípio de unidade na
conceber ideias, elaborar
diversidade.
normas (legais), teorias e
Enquanto ramo da filosofia, a
Ramos da desenvolver projectos, tendo
política propõe regras, directrizes
filosofia em vista o bem-comum, a
e doutrinas capazes de garantir
melhor articulação da vida
uma melhor articulação de
no espaço público e a
liberdades, direitos e deveres
estabilidade social
para uma coabitação pacífica.
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Diferença entre a ética e a política
A política se funda
numa intensão ética Assim, a política, a julgar pela sua
utopia criadora, é uma espécie de ética
social aplicada; Trata-se de uma ética
Que se consubstancia no esforço e
social (inter-subjectividade);
na vontade de garantir uma vida
Neste sentido, a ética é um saber
boa e feliz aos cidadãos e fazer da
indispensável e intrinsecamente
sociedade um espaço ideal para a
inseparável da política. Não há política,
realização da natureza humana,
no verdadeiro sentido do termo, sem o
assumindo que o ser humano é um
concurso de homens éticos, defensores
ser com, para e pelos outros
do bem, do direito e da justiça.
1.1. Moral e ética:
explicitação de conceitos
Diferença entre a ética e a política
A Ética é chamada a
apoiar a política
Na sua interação com a política,
a ética examina, avalia e reflecte
No aprofundamento de
sobre as reais motivações,
sistemas políticos mais viáveis e
intenções e acções dos agentes
adequados ao génio dos povos;
políticos, tanto no lacto, quanto
Na elaboração de princípios
no stricto sensu.
capazes de garantir o primado
da razoabilidade da razão
sobre a arbitrariedade da força
1.2. O CAMPO DA ÉTICA

1. A Complexidade do Campo da ética


O Campo da ética é muito complexo Importa, no entanto, notar que
nem todas as questões existenciais
são de ordem moral.
Porquanto inclui várias áreas da Mas as questões de ordem lúdica,
existência humana, animal e de toda a preferencial, estética, etc. podem
biodiversidade (Peter Singer, Hans ter implicações de natureza ético-
Jonas…). moral.
O grau da complexidade do campo da Desta complexidade do campo da
ética agrava-se ainda mais com a ética resulta a dificuldade de uma
complexidade que configura as percepção unânime e universal na
questões vitais, sociais, legais, apreciação de questões e decisões
económicas, culturais, religiosas, etc. éticas
1.2. O CAMPO DA ÉTICA
1. A Complexidade do Campo da ética
Eis, um quadro de questões com possíveis
implicações éticas ou eticamente
complexas 2. Os cônjuges devem ou não
informar-se mutuamente que
1. É ético ou não sugerir um vestido traíram? (Conflito entre a
extravagante ou de uma cor A ou B sinceridade e a sensibilidade);
a uma jovem que vai à festa?
(Actor moral – plenamente 3. É lícito legalizar a eutanásia
responsável pelas consequências e ou a distanásia, o aborto, a
actor material – parcialmente homossexualidade (conflito
responsável); entre a moralidade e a liberdade)
1.2. O CAMPO DA ÉTICA
1.. A Complexidade do Campo da ética

4. Um casal homossexual deve ou 6. É justo ou não matar um gato ou um


não adoptar crianças? (conflito cão (conflito entre a ética tradicional e
entre a moralidade, a liberdade de a ética moderna);
opção e as necessidades da criança)
7. É conveniente ou não desviar um
5. É lícito divorciar-se com o marido
comboio na eminência de atropelar
ou esposa vítima dum acidente
cerebral que terá provocado uma
vinte pessoas para que atropele
paralisia ou terá reduzido a vítima a apenas cinco?
uma vida vegetativa? (conflito entre 8. É conveniente fazer a excisão, a
a sensibilidade e o realismo) circuncisão e, que os tios maternos
iniciem as sobrinhas à vida sexual?
1.2. O CAMPO DA ÉTICA
1.. A Complexidade do Campo da ética

Vamos supor que uma mãe leve a


Algumas decisões, em sua filha de 13 anos ao médico
princípio, puramente para fazer o planeamento,
técnicas podem revelar-se injectando-a produtos
posteriormente morais na contraceptivos. E aos 25 anos a
medida em que vão jovem casa e, 3 anos depois do
casamento, os exames médicos
acarretar consequências revelam que os produtos
desastrosas que chamem à anticoncepcionais ingeridos,
razão e à responsabilidade. deixaram-na estéril por toda a
vida. (como avaliar o agir da mãe e
1.2. O CAMPO DA ÉTICA
1. A Complexidade do Campo da ética
A diversidade de respostas
a estas questões revela a Deduz-se, pois, que em muitas
questões existenciais é quase
dificuldade real que há em impossível encontrar uma
podermos definir uma unanimidade em termo de
ideia do bem e do mal que apreciação ética.
seja consensual em várias Fica aqui patente a tese de que não
existe um critério único e universal a
questões que envolvem o partir do qual todos os humanos
agir humano. O que denota apreciam o valor dos actos e decisões
a complexidade do campo humanas, embora algumas decisões e
posições pareçam mais razoáveis e
da ética. plausíveis do que outras.
1.2. O CAMPO DA ÉTICA
1.1. Questões de ordem moral
Quando é que estamos
perante uma questão de Assim, a moral introduz uma ideia
ordem moral? de elevação de carácter, de
Em geral, uma questão será dignidade e de superioridade na
considerada de ordem moral na medida em que conforma os actos
medida em que submete a nossa do agente da moral à noção do
acção às exigências superiores, a bem, do justo e do correcto
uma norma ou um ideal cujo valor estabelecida por tal ou qual
é por nós reconhecido como bem comunidade, opondo-se, deste
e, diante do qual nos sentimos modo, a tudo o que é baixo, vil e
comprometidos. desprezível.

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