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Jorge Angel Livraga

REFLEXÕES DE UM

FILÓSOFO

Edições Nova Acrópole


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ÍNDICE

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

SOBRE A DIVINDADE E O UNO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13


SOBRE O TEMPO E A ETERNIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
SOBRE A NATUREZA E AS SUAS LEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
SOBRE RELIGIÃO E RELIGIÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
SOBRE A CIÊNCIA E A TÉCNICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
SOBRE A ARTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
SOBRE A POLÍTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
SOBRE A JUSTIÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
SOBRE A LIBERDADE E A ESCRAVIDÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
SOBRE O TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
SOBRE A EDUCAÇÃO E A CULTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
SOBRE CAMINHOS E SENDAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
SOBRE A MENTE E A PSIQUE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
SOBRE O AMOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
SOBRE OS DESEJOS E PAIXÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
SOBRE AS RECORDAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
SOBRE O MEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
SOBRE O BEM E O MAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
SOBRE A VIDA E A MORTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
SOBRE O VALOR DAS PALAVRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

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VERDADE, IGNORÂNCIA E MENTIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87


SOBRE A SABEDORIA E O CONHECIMENTO . . . . . . . . . . . . . . 91
ARQUÉTIPOS E SÍMBOLOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
SOBRE O DESTINO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
SOBRE A HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
PROBLEMAS DO MUNDO ACTUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
SOBRE UM IDEAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
SOBRE OS SONHOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
SOBRE A ALMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
SOBRE O SER HUMANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
SOBRE OS VALORES HUMANOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
O HOMEM COMO FILÓSOFO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
O HOMEM E A HUMANIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
SOBRE TANTAS OUTRAS COISAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

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INTRODUÇÃO

Uma das características que nos distingue como seres hu-


manos é o facto de nos interrogarmos pelas nossas acções, pe-
las que fizemos, pelas que estamos a fazer e pelas que quere-
mos fazer no futuro. Para nós, humanos, não basta actuar,
sempre nos questionamos sobre o que fazemos, sobre se é cor-
recto ou não, sobre se poderíamos ter feito melhor. Enfim, são
muitas as perguntas que fazemos porque todos nós, seres hu-
manos, somo de uma ou outra forma, filósofos.
Sim, todos somos, em maior ou menor medida, filósofos,
porque todos nos interrogamos e às vezes também encontra-
mos as respostas a essas perguntas.
Diz a história que o termo filosofia é atribuído a Pitágoras
numa altura em que foi questionado sobre o facto de ser ou
não um sábio e ele ter respondido que não, que era um filó-
sofo, ou seja, um amante da sabedoria. Nesta pequena histó-
ria, mas além da sua validade histórica, encontramos o senti-
do da filosofia que é a busca da sabedoria.

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Para o pensamento moderno a sabedoria é o conjunto de


conhecimentos acumulados, mas para o pensamento clássi-
co, a sabedoria é aquela que faz com que o mundo, o ser hu-
mano, a vida, sejam como são, é a inteligência que encontra-
mos como fundamento da Natureza.
Para os clássicos a filosofia não é tanto um processo de
aprendizagem intelectual como um de descoberta constante.
Descobrir o sentido da vida, a ordem da natureza, aprender
a viver, tudo isso e muito mais é a filosofia à maneira clássica.
Jorge Angel Livraga Rizzi é um dos mais ilustres filósofos
do século XX, mas os seus pensamentos, as suas reflexões,
aproximam-no mais àqueles filósofos clássicos como Sócra-
tes, Platão, Marco Aurélio que se assombravam perante os
mistérios que iam descobrindo no seu caminhar filosófico.
Estas reflexões são um mosaico extraído de diferentes li-
vros do autor e que queremos oferecer aos nossos leitores co-
mo um cofre pletórico de reflexões que, sem dúvida, serão
um grande contributo para esse exercício filosófico que os se-
res humanos fazem.
Para efeitos de ordem foram classificados de acordo com a
sua temática, mas na realidade cada um deles é um mundo
completo e pode ser lido de diferentes perspectivas, multipli-
cando-os, mas sobretudo, encontrando neles respostas a mui-
tas das nossas perguntas.
Esperamos, amável leitor que este conjunto de reflexões
lhe sirva para viver a sua própria aventura filosófica, que não
somente lhe dê as respostas mas que sejam o incentivo para
novas perguntas que quando são feitas com sentido filo-

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sófico, são o umbral que conduz à descoberta de novas res-


postas que é uma forma de ir vivendo o velho pensamento
socrático «Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o univer-
so e os deuses.»

Leonardo Santelices

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SOBRE A DIVINDADE E O UNO

Toda a forma ou mecanismo mental tem a sua origem e


participa da Grande Mente Cósmica… Não pode haver nada
no Homem que não esteja na Divindade.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

O homem mais débil, aliando-se à Divindade, torna-se


mais forte e ele sozinho é maioria perante todos os demais.
O Alquimista

Qualquer especulação sobre a Divindade é muito formo-


sa, pois ensina-nos a olhar para o alto, mas é tão inútil como
fazer buracos na água. A nossa mente é finita; como tal, tra-
balha com elementos finitos, mesmo nas abstracções, assim
é-lhe impossível compreender ou abarcar o infinito.
O Alquimista

Se as igrejas foram erigidas pelos homens para chegar a


Deus, os maravilhosos templos naturais foram construídos
pela Divindade no seu afã de aproximar-se aos homens.
O Alquimista

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O pior para o homem é não encontrar fim e sentido para a


Bondade e para a Beleza. Por esse caminho chega-se, insensi-
velmente, ao conceito selvagem e realmente ateu de um Deus
pessoal que se alegra e se entristece; que caprichosamente se
deixa arrastar pela ira e tem povos eleitos e povos odiados, su-
perando assim em torpeza e maldade ao comum dos mortais
quando são pais e distribuem os seus amores entre todos os
seus filhos.
O Alquimista

Antes de toda a especulação sobre o Espírito e o não-Espí-


rito, tens de considerar que estes dois extremos, aparentemen-
te opostos, são uma ilusão da nossa mente dual. Tu sabes que
não nos é possível raciocinar sobre o Uno, pois, para o conce-
bermos, colocamo-lo sobre um fundo que lhe é alheio, ou em
nossa presença, como se nós não lhe pertencêssemos. Assim,
vemos a Realidade polarizada, apresentando-se composta por
dois extremos que se excluem, ou seja, onde começa um acaba
o outro. Entendida essa ilusão neste universo ilusório, vemos
que, efectivamente, as leis que regem a matéria não podem
aplicar-se de maneira rigorosa ao espiritual; da mesma forma
que não se pode recolher água com uma forquilha e, no en-
tanto, esta serve para apanhar molhos de erva, assim também
as leis de gravitação universal que regem os corpos, por exem-
plo, transformam-se nas do Amor Universal que domina as al-
mas de todas as coisas, fazendo com que se inclinem umas pa-
ra as outras e todas para o Mistério a que chamamos Deus.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

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O jogo, desatando paixões egoístas, afasta o Homem do


seu Destino Metafísico, fá-lo esquecer-se de Deus. Mas um
homem sem consciência do Divino é sempre um homem sem
esperanças, um perigo para si mesmo e para quem o rodeia. A
tristeza baixa-lhe as pálpebras, a angústia enreda-se nas batidas
do seu coração e a sua Alma obscurece-se como uma candeia
que vai minguando o seu combustível essencial.

Os desejos são anseios de um estado de consciência, diga-


mos que um «eu» insatisfeito e, portanto, reconhece que há
algo fora dele e a Lei Divina que o rege leva-o a tender para
a plenitude total, fundindo-se, «sendo» o Todo.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

Por cada pequeno esforço que faças em direcção à Divin-


dade, ela fará em ti outro maior em tua ajuda.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

Este século cortou-vos as asas de tal maneira que as nossas


crianças não têm vergonha de falar de sexo, mas têm vergo-
nha de falar de Deus.
Conferências I

A quem não lhe agradar uma forma, pode escolher outra,


mas jamais esquecer que um homem que não percebe a sua
própria Alma Imortal e a Alma do Universo à qual chamam
Deus, perde com isso a sua força interior e o seu direito de
domínio sobre o mundo circundante.

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Deus é um; a Humanidade é uma; a Mística é uma; a Ver-


dade é uma; o Esoterismo é um; a Filosofia é uma. O restante
são matizes, reflexos e miragens sobre a areia do mundo.
Cartas a Delia e a Fernando

Se aprendemos a despersonificar Deus e a não lhe atribuir


os nossos sentimentos, que por outro lado mudam de século
em século, daremos um passo até à compreensão. Deus não
é grande nem pequeno, nem velho nem jovem, nem bom
nem mau à maneira humana. Todos estes atributos foram
inventados pelos homens.
Cartas a Delia e a Fernando

Ah, mente ocidental! Não sabes por que sobe a seiva pelos
troncos das árvores, nem que civilizações aduziam as suas
ideias e obras há cem séculos, e queres conhecer a razão da
existência do Universo e mesmo da Divindade.
O Alquimista

Medita muito; trata que cada mensagem de cada um dos


seres minerais, vegetais e animais, humanos ou subtis que te
rodeiam tenham espaço e frutifiquem luminosamente na tua
Alma. Não desprezes a ninguém, no meio da noite mais ne-
gra, a Lua é branca… Mais, se a sombra se tornasse branca,
a Lua seria negra… Este é o jogo dos Deuses e enquanto o
mundo exista como tal, continuar o jogo…
Ankor, o Príncipe da Atlântida

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SOBRE A PLASMAÇÃO E
MANIFESTAÇÃO DO UNIVERSO

As dualidades próprias do mundo manifestado forçam-nos


a contradições. A árvore não é «raiz ou folhas», mas «raiz, mais
tronco, mais folhas, etc.» Os opostos são complementares e
todas as coisas e seres, mesmo na luta irmanam-se. Um vento
de totalidade deve percorrer-vos a Alma. Isso dar-vos-á uma
maior grandeza e alargarão a vossa mente e o vosso coração.
Cartas a Delia e a Fernando

Qualquer plano tem um nome, arquitectura subtil que o


criou na sua expressão formal e cada ser responde à evocação
do seu nome.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

Não procurem valores absolutos neste mundo. Nada é


totalmente, nem deixa de o ser de maneira total.
Cartas a Delia e a Fernando

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Todos os cantos do Universo e em especial o Sistema So-


lar, têm a sua manifestação equivalente no Microcosmos, o
ser humano.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

Relacionar o espiritual com o Caos e a improvisação não é


mais do que negar o que a nossa perspectiva não compreen-
de. É próprio dos homens outorgar qualidades sobrenaturais
e fantásticas a tudo o que desconhece; mas tudo está ma-
ravilhosamente harmonizado pelo Pensador Divino, Deus, ou
como lhe quiserem chamar. Se o Bem é escolher o melhor, o
puro e o incorruptível, se o Justo é dar a cada coisa o seu valor
e a sua relação, a Ordem é pôr cada coisa no seu lugar natural.
Bondade, Justiça e Ordem são os apoios deste universo Belo,
carente, no essencial, de toda a contradição. As aparentes
contradições são os motores da harmonia e funcionalidade do
conjunto. Quem conhece os Fins entende os Princípios.
Cartas a Delia e a Fernando

Assim, a acepção da Divindade a que tu chamas pedra


torna-se polida com o choque da outra expressão que deno-
minamos água, e esta purifica-se por intermédio da primeira.
A luta em busca de uma selecção de formas perfeitas não es-
morece enquanto existir manifestação e, no Plano visível, a
manifestação é necessária. Chegará o momento em que, con-
centrados na Unidade, não haverá seres nem coisas que se
oponham e, então, a vida e a morte desaparecerão, a roda de-
ter-se-á e o Ser nascerá para uma nova vida; o seu Corpo sin-

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tetizar-se-á, pois a sua Alma ter-se-á incorporado totalmente


na sua Essência Impertubável e Inimaginável.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

Embora nem sempre o triunfo material seja índice de um


maior valor real, a axiologia popular assenta em triunfos e
derrotas objectivas. Ainda fica no subconsciente humano a
afirmação do selvagem primitivo de que o mais forte é aquele
que participa ou é protegido pela Divindade e onde os raios
que fendem as pedras e as torrentes que as arrastam são os
máximos deuses.

A queixa não é virtude nem defeito, mas condição de tudo


o que é manifestado. Toda a manifestação encontra-se em re-
lação com um certo corpúsculo de dor e toda a forma de dor
é veículo de conhecimento e demonstração de ignorância.
Mas isto é inevitável. Para todos.
Cartas a Delia e a Fernando

Nada é móvel ou imóvel, tudo parece se o relacionarmos


com alguma coisa ou objecto. Assim, desde uma perspectiva
metafísica, as coisas existem ou não existem, de acordo com
o sítio de onde são observadas; embora jamais algo deixe de
ser, por isso temos que reconhecer uma certa realidade a to-
das as coisas, estejam no plano que estiverem, mas não outor-
gar-lhes realidade absoluta pois de alguma maneira são meras
formas ilusórias concretizadas sobre a Substância Primordial,
as vasilhas de barro e os Anjos de Luz.
Cartas a Delia e a Fernando

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Uma civilização não é um abstracto, é a plasmação de uma


forma de cultura numa série de elementos que nos permitem
percebê-la através, por exemplo, da Arquitectura, da Arte, da
Religião, etc. Daí que as civilizações passam num sentido,
pela sua própria natureza transitória. É o que acontece com
tudo o que está manifestado; que nasce, cresce, reproduz-se e
morre. A eternidade não é deste mundo.
Conferências II

Todas as civilizações, todas as manifestações da vida, estão


condenadas a nascer, desenvolver-se, expressar-se e a morrer.
Não temos que dramatizar isso, mas aceitá-lo com toda a
naturalidade, e esta lei inexorável alcança, também, aquilo
que conhecemos como Civilização Ocidental.
Conferências II

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SOBRE O TEMPO E A ETERNIDADE

O tempo é uma apreciação psicológica; vive intensa e


serenamente, sem afastar a atenção do Objectivo, e muito
poucas jornadas bastarão para o que sonhas... Mas sonha-o
como coisa certa; não o desejes emocionalmente, pois, nesse
caso, cada hora parecer-te-á uma eternidade.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

O que nós chamamos «Tempo», ou seja, o conceito que


conseguimos elaborar e perceber da relação entre duas ou
mais coisas num devir que lhes permite superar a dimensão
«Espaço» pela sua não simultaneidade, afecta fundamental-
mente ao mais inferior da nossa natureza, pois ao ser o mais
material, só cabe uma sucessão estrita e não uma interpene-
tração e simultaneidade que acontece nos elementos espiri-
tuais. O mundo inferior é mutável, composto de elementos
efémeros propensos a passar rapidamente do Futuro para o
Passado através do Presente. Pelo contrário, é característica
do espiritual ser perdurável, tender para uma construção har-
mónica e não estar empurrado pelo urgir das coisas efémeras

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que tratam de realizar num instante aquilo que desejam, já


que os instintos lhes indicam que não têm uma força volitiva
para perdurar e que rapidamente serão substituídos.
Cartas a Delia e a Fernando

O que chamamos «Passado», «Presente» e «Futuro» não


existe como entidades separadas, mas como partes de uma
mesma coisa; e nem mesmo como partes reais, mas aparentes
de acordo com o ponto de vista desde onde são contempla-
das. O Homem realmente espiritual não se identifica com es-
tas aparências temporais; ele foi antes, é agora e será amanhã,
até ao fim dos tempos.
Cartas a Delia e a Fernando

(…) cessa de agitar-te nas redes do passado, pois nem mes-


mo os Deuses podem mudar o rumo do que aconteceu; ao
invés, até o ser mais insignificante tem a possibilidade de mu-
dar algo no desenvolvimento formal do plano a realizar.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

Não devemos desprezar o Passado; devemos entender o


Passado como as raízes do Presente. E esse Presente, por sua
vez, deve ser o forte tronco que sustenta a ramagem do
Futuro.
Conferências II

A melhor forma de projectar o Futuro é viver correcta-


mente o Presente.
Cartas a Delia e a Fernando

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Se o Futuro é filho ou neto do Passado, pela lei que rege


as descendências, o mais provável é que se assemelhe a ele.
Möassy, o Cão

O Tempo tem a virtude de singularizar as coisas para que


as possamos apreciar.
Conferências II

Se o homem vai perdendo o sentido de Futuro, vai deixan-


do de pensar nos que vão para recordar somente os que se fo-
ram, enquanto, pouco a pouco, se vai consumindo numa
amargura própria, numa letargia, num cântico às coisas que
passaram.
Conferências II

Todas as coisas são causa da seguinte e são efeito da ante-


rior, todos nós descendemos de algo e provocamos algo;
qualquer coisa, tomada em qualquer parte, é o resultado de
algo, mesmo as coisas aparentemente inanimadas. Nada é so-
mente causa e somente efeito; causa e efeito estão ligados. Do
dia vem a noite e da noite vem o dia.
Conferências I

Cada momento tem o seu valor, a sua atracção e a sua re-


jeição; e o que lhe segue pode parecer-se com ele tanto como
a noite escura que se segue ao mais claro dos dias.
Möassy, o Cão

A noite é uma mãe benévola para quem se eleva por ela


bebendo a luz das suas estrelas.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

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Embora a nossa pessoa mais querida necessite o nosso


tempo, não lhe podemos dar um só segundo do mesmo. O
Tempo é o valor por excelência, o elemento individual ao
qual Deus, a Natureza ou como se queira chamar, deu a cada
um a sua ração exacta.
Conferências II

Tudo passa para voltar a começar… As flores morrem,


mas o perfume é sempre o mesmo, século após século… A
Natureza cíclica faz com que, para as nações, também haja
ocasos e longas noites… mas também amanheceres… e as-
sim para sempre…
Ankor, o Príncipe da Atlântida

A consciência temporal não pode conceber senão o tem-


po... mais uma ilusão, como a de tamanho, a de distância.
Ankor, o Príncipe da Atlântida

A paciência é um ensaio de eternidade.


O Alquimista

As sombras das coisas passadas negam-se a desaparecer e


refugiam-se em alguma parte de nós mesmos e a essa parte
chamamos memória… Entretanto a minha intuição canina,
que eu jamais perdi, diz-me que essas lembranças não nasce-
ram ao cessar-se o acto que aparentemente as motivou no me-
canismo da consciência, senão que vêm do futuro infinito e
vão até ao passado infinito através de nós… Sim, passam atra-
vés de nós, ferem-nos e desaparecem… Ah, o misterioso cu-

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neiforme das cicatrizes da Alma…! Linguagem perdida para


as massas, mas não existente…

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