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®§ Organizadoras:

Luiza Helena da Silva Cluistov


Sirn.one Ap. Ribeiro de Mattos

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UNESP. Participam do
grupo de pesquisa Arte e
ARTE - EDUCAÇÃO:
Formação de Educadores,
EXPERIÊNCIAS, QUESTÕES E
buscando formas para com-
preender questões de forma- POSSIBILIDADES
ção e de linguagem. No livro,
o leitor encontrará onze 1.íl. Edição
.formas de dizer, de concor-
dar, de discordar, de compar-
tilhar idéias so:bre arte- Prefácio:
educação. Mario Fernando Bolognesi

Mario Fernando Bolognesi


Autores:

João Cardoso Palma Fill1.0, Cliristiane de Souza Coutinho


Orloslú, Rejane Galvão Coutinho, Amélia Natalina Constante
1/ Garcia, Mirian Celeste Martins & Gisa Picosque, Valéria Peixoto
·) de Alencar, Janete Aparecida Partelli Ruzza, Ana Cândida
Paoletti Magalhães, Milca Ceccon Viola.
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© 2006, Luiza Helena da Silva Christov e Simone Àp. Ribeiro de Mattos Sumário
(organizadoras)

Prefácio, Maria Fernando Bolognesi 5


Coordenador Editorial: Paulo Sérgio Silva
Revisão: J. A. Cardoso
1 - Sobre a palavra criatividade: o que nos levam a pensar
Diagramação e Capa: Elton Mattos
Piaget e Vigotski
Luiza Helena da Silva Christov 09
Dados Internacionais de Catalogação na Pul,licação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 2 - Encontro com a Arte
Simone Ap. Ribeiro de Mattos 17
Arte-educação : experiências, questões e
possibilidades/ organizadores Luiza Helena da
Silva Cluistov, Simone Ap. Ribeiro de Mattos; 3 - O Lugar da Educação em Artes na educação Básica
prefácio Mario Fernando Bologncsi . -- 1. cd. -- João Cardoso Palma Filho ..................................................... 25
São Paulo : Expressão e Arte Editora, 2006.

Vários autores. 4 - Materiais gráficos e sala de aula: um diálogo possível?


ISBN 85-88423-50-2
Christiane de Souza Coutinho Orloski 31
1. Arte - Estudo e ensino I. C!uistov, Luiza
Helena da Silva. II. Mattos, Simone Ap. Ribeiro 5 - Qual o lugar da arte na educação?
de. III. Bolognesi, Mario Fernando.
Rejane Galvão Coutinho 39

6 - Experiência estética e formação de educadores:


06-9248 CDD-707
mais perguntas que respostas
Índices para catálogo sistemático: Amélia Natalina Constante Garcia 45
1. Arte-educação 707

7 - Professor-escavador de sentidos
Mirian Celeste Martins & Gisa Picosque 53
1

,. 1

Todos os direitos reservados à


8 - A formação de arte-educadores que atuam em museus e
EXPRESSÃO E ARTE EDITORA
Fones: (11) 3951-5240 / 3951-5188 exposições: considerações sobre uma pesquisa que se inicia
expressaoearte@terra.com.br Valéria Peixoto de Alencar 63
www.expressaoearteeditora.com.br
9 - Competência Leitora e Meio de Comunicação como Recurso
Pedagógico nas aulas de Arte
Janete Aparecida Partelli Ruzza 69
Prefácio
1O - O corpo na Mídia: leitura de imagens
1
Ana Cândida Paoletti Magalhães ......................................... 77 Maria Fernando Bolognesi

~ºD
11 - Pensar e dizer sobre o que se vê: uma experiência fazer artístico, na atualidade, está permeado de
alguns tópicos que dão margem à discussão e
com leituras de imagens
dúvidas: criar mercadorias ou estimular processos
Milca Ceccon Viola 85
criativos? Priorizar o objeto e a correspondente coisificação ou o
sujeito e seu ideário de liberdade? Produzir vivências e conhecimentos
Autores 91
novos ou repassar informações?
O que teria acontecido com a sensibilidade? Ela foi
plenamente dominada pelo universo e ditames do mercado cultural,
que prevê a alguns o direito de produzir e à maioria o de consumir? A
sensibilidade parece que se conformou a cumprir o papel passivo de
receptora de valores artísticos (e também morais, sociais e políticos)
que vociferam padrões e que pululam nos meios de difusão da cultura
e da informação. O domínio da produção simbólica demonstrou-se
ferramenta eficaz no exercício do poder.
Em um mundo entregue ao mercado, tanto dos bens
materiais como dos "espirituais", da consciência e da subjetividade,
rever o potencial crítico da criação é tema da maior relevância.
Nesse itinerário, a arte-educação tem papel de destaque porque se
estabelece como elo entre o sujeito criativo e o cidadão participativo,
investindo na arte como forma de conhecimento e como exercício de
criatividade.
A ênfase no sujeito criativo é o diferencial entre a experiência

li 1. Professor Adjunto lotado no Departamento de Artes Cênicas, Educação e Fundamentos da

,~
Comunicação do Instituto de Artes da UNESP. Pesquisador do CNPq.

. 1
ARTE-EDUCAÇÃO: EXPERIÊNCIAS, QUESTÕES E POSSIBILIDADES

professores e alunos são criadores para ensinar e aprender". (2004,


p. 249) Qual o lugar da Arte na Educação?
Agora, despeço-me de você com a esperança de ter provocado
novos olhares sobre a potencialidade educativa de materiais gráficos Rejane Galvão Coutinho
de exposições, e espero também que essas reflexões ampliem-se,

~ºD
pois existem muitos outros materiais presentes no nosso cotidiano, que trago aqui para discussão é fruto de meu
com potencial para ser trabalhado em sala de aula. Espero que minha percurso e de um somatório de influências de vários
experiência compartilhada com você possa tê-lo feito refletir sobre as pensadores do ensino da arte e da educação que nos
experiências q?e você vivencia e sobre aquelas que você proporciona deram pistas, apontaram caminhos e me instigaram a enfrentar o
a outras pessoas. desafio de me colocar em questão, num processo de reconhecimento
e de busca de autoconhecimento que me conduz a um exercício de
desconstrução de minhas crenças e valores sobre a arte e a educação.
A pergunta, qual o lugar da arte na educação vem na esteira deste
Bibliografia processo sendo o foco de minhas pesquisas, principalmente das
pesquisas que tenho empreendido sobre a história do ensino de arte
BARBOSA, A. M; COUTINHO, R; SALES, MRGARIDO, H. Artes no Brasil.
visuais: da exposição à sala de aula. São Paulo: Edusp, 2005. ~orno alertava Elliot Eisner ( 199 5) desde a década de 1~?_2~-
CENTRO CULTURAL DO BANCO DO BRASIL. Rosana é importante refletir sobre o que e como se ensina para que crenças
Palazyan: O lugar do sonho. São Paulo: Centro Cultural do Banco e valores não -se projetem e guiem nossas aulas. É. imprescindível
do Brasil, 2004. também conhecer o contexto onde atuamos, procurando desvelar as
GRUSZYNSKI, A. C. Design gráfico: do invisível ao ilegível. Rio relações de poder implícitas no conhecimento, como explicava Paulo
de Janeiro: 2AB, 2000. Freire. Co_~~na M~_e_!3_arbosa_apr~11demos a_exc1minar criticamente.
IAVELBERG, R. Material didático como meio de formação-criação, a história do ensino de arte buscando identificar os mecanismos de
e utilização. ln: TOZI, Devanil, Marta M. Costa, Thiago Honório dependênci;,--as.1nterpretações-mar digeridas- e _as antropofágicas
(orgs). Educação com Arte. São Paulo: FDE, Diretoria de Projetos apropriações dos modelos estrangeiros. Não para tecer uma história
Especiais, 2004. (Série Idéias; nº 31) neutra, mas uma história coletiva e complexa que nos diz respeito,
MARTINS, M. C.;PICOSQUE, G. M.; GUERRA T. T. Didática do uma história que atravessa nossa própria história de vida, que
ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. permeia nossa formação artística e estética como nos incita a pensar
São Paulo: FTD, 1998. António Nóvoa e Marie-Christine Josso. E junto a estas referências
diretas, outros tantos autores vieram se juntar ao meu percurso dando
consistência e sentido a minha experiência, como os filósofos da
educação John Dewey e Jorge Larrosa; e os educadores pesquisadores
Sylvio Rabello e Mário de Andrade como exemplos personificados
em minhas pesquisas.

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ARTE-EDUCAÇÃO: EXPERIÊNCIAS, QUESTÕES E POSSIBILIDADES QUAL O LUGAR DA ARTE NA EDUCAÇÃO?

Qual o lugar da arte na educação? Muito embora não seja valores que é reforçado pela historiografia da arte construída desde
uma pergunta original, vale a pena ser retomada. Grande parte das o renascimento, legitimada pelo mundo da arte, e disseminada pelo
pesquisas e das publicações em arte/educação tem buscado responder ensino de artes. Nosso ensino de artes vem reproduzindo este modelo
esse desafio de justificar a necessidade e a importância dessa área de arcaico e conservador desde sua implantação no século XIX advinda
conhecimento para garantir seu lugar nos currículos escolares, o que das concepções da Academia de Belas Artes e Conservatórios de
denota também a fragilidade de uma área que precisa constantemente Música de tradição neoclássica, uma concepção patrimonialista.
se autojustificar. Uma segunda resposta situa que: é um lugar de
O caminho que escolhi aqui para ponderar sobre esta questão instrumentalização e profissionalização para o mundo do
é o da revisão histórica, estabelecendo uma genealogia de algumas trabalho. Uma resposta formulada no final do século XIX e início
respostas que já foram formuladas pelos diferentes projetos de ensino do século XX, no contexto da abolição da escravatura no Brasil, da
de artes com suas concepções filosóficas, estéticas e, principalmente, proclamação da República e da institucionalização do sistema escolar,
ideológicas. E ao incluir na discussão as questões ideológicas com a introdução da disciplina de Desenho nos currículos das escolas
busco evidenciar as implicações políticas da ação dos professores primárias e secundárias brasileiras. Um projeto defendido tanto pelos
de arte, uma reflexão super necessária hoje, quando pensamos em liberais como pelos positivistas que buscaram nos modelos ingleses
uma educação intercultural e em suas implicações no processo de e norte-americanos soluções para a formação de uma mão de obra
produção, de circulação e de apropriação dos bens culturais. E com qualificada para construção de um país moderno. As duas correntes
esta perspectiva estabeleço também um diálogo com as reflexões defendiam, com pequenas nuances, uma concepção utilitarista
de Bernard Darras desenvolvidas no texto Da educação artística à e funcionalista de formação reprodutivista que historicamente
educação cultural apresentado na última conferência da UNESCO, justificava o ensino do desenho dito 'científico' como uma linguagem
em Lisboa, março de 2006. Qual o lugar da arte na educação? útil para o desenvolvimento industrial. Uma concepção que buscava
A primeira resposta poderia ser: é o lugar da formação responder às demandas da sociedade daquele momento.
do gosto para apreciação da Arte e a conseqüente elevação do Vale ressaltar que esta concepção tem em sua raiz a mesma
'espírito'. Uma resposta que pode se desdobrar em outras questões. origem da concepção anterior que reforça a dicotomia entre as artes
Que arte é esta, à qual se atribui um A maiúsculo? A quem se dirige liberais e as artes mecânicas, pois o modelo a ser reproduzido é o
esta educação? modelo hegemônico do sistema das Artes. Uma concepção, portanto,
Apesar da educação artística ser uma preocupação do que não inclui em seu ideário a parcela de criação dos sujeitos, mas
sistema moderno de educação, esta resposta traz implícita uma o processo de reprodução. Pois a parcela de criação é destinada aos
concepção de arte herdada da antiguidade clássica, de cunho elitista 'espíritos' livres e desinteressados da elite. Para os trabalhadores
e excludente, que legitima o capital cultural hegemônico; e que importa saber reproduzir o ideário estético, objeto de consumo das
reforça as distinções entre as artes maiores, as que merecem um A elites.
maiúsculo, e as artes menores; que reforça as distinções hierárquicas Se pensarmos que hoje, o lugar da arte na educação é também
entre as artes liberais e as artes mecânicas, ou seja, as belas artes o lugar da instrumentalização para o mundo do trabalho, quais seriam
em oposição às artes decorativas, a arte erudita sempre superior à então as demandas de profissionalização atuais? Quais as mídias,
arte popular, etc. Uma concepção que reproduz todo esse sistema de quais as técnicas, quais os instrumentos necessários à formação de

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ARTE-EDUCAÇÃO: EXPERIÊNCIAS, QUESTÕES E POSSIBILIDADES QUAL O LUGAR DA ARTE NA EDUCAÇÃO?

sujeitos produtores em nosso contexto? Qual a concepção que deve precisa ser revisto e atualizado, precisamos entender onde está sua
permear uma proposta desta natureza? fragilidade, o vetor de manipulação que continua servindo ao sistema,
Uma terceira resposta vem atrelada às concepções de educação principalmente quando os projetos das Ongs e das instituições sociais
progressista e dos movimentos modernistas da arte do século XX: fazem uso desta concepção.
um lugar para o desenvolvimento da criatividade, da imaginação No final do século XX e neste início de século XXI as
e da sensibilidade através da expressão de sentimentos e idéias pesquisas e produções de conhecimento no campo do ensino de
nas linguagens artísticas. artes, principalmente as pesquisas históricas e teóricas, têm buscado
Esta resposta foi fortemente influenciada pela concepção reaproximar a arte da educação, onde podemos formular a seguinte
de 'educação pela arte' disseminada no Brasil através dos livros resposta: é o lugar da arte como conhecimento, enquanto expressão
de Herbert Read e Viktor Lowenfeld, divulgados pelo Movimento e cultura de um povo, com suas complexas redes de relações e de
Escolinhas de Arte. Concepção que desloca o foco do ensino de artes valores.
do produto para o processo; que busca justificar a importância da arte Os paradigmas que fundamentam a Proposta Triangular
na educação não pela arte em si, mas pelo que ela pode contribuir que é formulada neste período pressupõem um compromisso com a
para a educação integral do ser humano. Concepção que surge como desconstrução dos valores que legitimam a arte, ou seja, pressupõem
esperança de renovação e de construção de uma sociedade mais um exercício de descentramento dos valores antes focados na cultura
'humana e democrática' em meados do século XX depois dos grandes hegemônica para todas as culturas, inclusive as culturas periféricas;
desastres das guerras mundiais, uma concepção de cunho idealista. pressupõe diálogo e interação entre culturas.
Fundamentada pela pedagogia experimental, pela psicologia e pela Para construir um novo lugar para a arte na educação e para
psicanálise. Concepção que reforça a idéia de democratização da arte reafirmar nosso compromisso político, nós, professores, precisamos
e de democratização pela arte, muito usada ainda hoje, principalmente reavaliar nossas concepções, situar nossos interesses e direcionar
nos projetos sociais que visam a reconstrução social. nossas propostas de ensino para um lugar de construção de
No entanto, na prática, com a introdução da Educação Artística conhecimentos sobre a maneira como as diversas culturas, ontem e
no currículo escolar no Brasil, na década de 1970, a absorção desta hoje, organizam suas formas de representação. Precisamos estruturar
concepção acabou por responsabilizar e sobrecarregar o ensino de arte nossos cursos para dar acesso às competências de interpretação e
como o único espaço 'humanizador' da escola. A estrutura da escola de produção no largo campo cultural, onde se incluem também as
não se modificou para acolher estas idéias. As disciplinas duras do novas mídias que diluem as fronteiras entre as diferentes linguagens
currículo escolar continuaram trabalhando a racionalidade. As aulas artísticas.
de arte se tomaram o espaço onde se trabalha a sensorialidade do É um lugar de reconstruções e podemos nos perguntar: será
aluno, também os sentimentos, a emoção, a expressão, o imaginário que estamos preparando os novos professores para este importante
e o lúdico. As aulas de arte tomaram-se o espaço de vazão de um compromisso político? E para complexificar ainda mais estas pondera-
sistema opressor e reprodutor. A concepção se esvaziou e o sistema ções, deixo você leitor com as questões formuladas por Darras: (2006)
continuou reproduzindo a dicotomia razão-emoção, cabeça-corpo,
etc. Não houve transformação possível por esta via até o momento. Quais competências serão desenvolvidas na educação do
Houve sim, adequação ao sistema. O ideário da 'educação pela arte' futuro? Qual criatividade será promovida pelo sistema

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ARTE-EDUCAÇÃO: EXPERIÊNCIAS, QUESTÕES E POSSIBILIDADES

educativo: a criatividade competitiva e consumista das


indústrias culturais e de criação; a criatividade também Experiência estética e formação de educadores:
consumista do mundo da arte; a criatividade cooperativa dos mais perguntas que respostas
indivíduos e dos grupos, ou todas estas criatividades juntas?
Amélia Natalina Constante Garcia
Quais valores serão promovidos pelo sistema educativo
□ urante toda minha vida, venho me aproximando

] D
para tratar das questões culturais? Aqueles que animam a
indústria cultural e de criação, aquele que anima o mundo de arte. Na in~n_ci_a ~ juventude, e~sa aproxi,mação
das artes, aqueles que animam a liberdade de pensamento e o aconteceu por m1ciatlva de meu pai. Ano apos ano,
humanismo crítico, ou todos estes valores juntos? era ele o responsável pelos arranjos ornamentais dos andores com as
imagens sagradas, que os homens e mulheres carregavam cantando
nas procissões da cidade onde nasci: Potirendaba. Na adolescência,
Bibliografia eu o ajudava. Muitas vezes, passávamos horas e horas discutindo
como colocar a imagem no centro da carreta. Além dos andores, as
BARBOSA, A. M. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998. carretas, puxadas por muitos homens, levavam o padre e a hóstia,
___ Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. dentro de um objeto dourado, que eu nunca soube bem o nome, mas
São Paulo, Cortez, 2005. era lindo. Por anos, a procissão de Corpus Christi passou em frente
COUTINHO, R. Sylvio Rabello e o desenho infantil. Dissertação à minha casa e a rua se transformava em um tapete de cores. As
Mestrado, ECA/USP, 1998. tintas, a serragem, as quirelas pintadas, as canas moídas e tingidas, as
___ A coleção de desenhos infantis do acervo Mário de Andrade. cores dos materiais, os rastelos, enfim, era uma grande festa de arte
Tese Doutorado, ECA/USP, 2002. se espalhando em nossas vidas. Enfeitávamos à noite, na madrugada
DARRAS, B. De l'education artistique à l'education culturelle. que precedia a procissão, as ruas da cidade, ao som das crianças,
Contributions to the World Conference on Arts Education. das mulheres preparando o quentão e a pipoca e dos homens sempre
Lisboa: UNESCO, 2006. CD-Rom. apressados .... Os motivos eram: rosas, anjos, rosários, girassóis,
DEWEY, J. Artas experience. Nova York: Perigee Books, 1980. imagens de santos, carneiros ... era tanta criatividade, que as cores
EISNER, E. Educar la visión artística. Barcelona: Paidós, 1995. explodiam com o raiar do dia ... até hoje a tradição existe e o turismo
JOSSO, M. C. Experiências de vida e formação. São Paulo: Cortez, já se apoiou na festa que antes era só religiosa.
2004. Junto ao meu pai, eu vivenciei um mundo de cores, formas,
LARROSA, J. Linguagem e educação depois de Babel. Belo natureza, fé e sorrisos.
Horizonte: Autêntica, 2004. Quando fui apresentada à faculdade de Artes em 1984,
NÓVOA, António (org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, minha intimidade com o mundo das cores se acentuou. Comecei a
1995. questionar meu passado e as experiências vividas.
Ao longo dos anos havia experimentado e saboreado
experiências estéticas. Com as reflexões no ensino superior, passei a

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