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Professor do curso de História na Universidade Federal de Uberlândia/UFU - FACIP
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1988, p.56), trouxe novas possibilidades para a revisão dos estudos sobre a família
brasileira.
Inventários e testamentos são regidos por lei, e, para o século XIX, a forma
como deveriam ser organizados estava sob a coordenação das Ordenações Filipinas,
que vigoraram no Brasil até os primeiros decênios do século XX. Furtado (2009),
menciona que mesmo estando os inventários assegurados por lei, e tidos como fontes
oficiais, há algumas restrições quanto ao uso dessa documentação na pesquisa
histórica. Nesse sentido, a autora aponta que é comum em tal documento, que não
se relate todos os bens do inventariado, ou que outros sejam supervalorizados pelo
avaliador. Sobre a estrutura do inventário, destacam-se bens móveis: mobiliários,
fazendas, pratas, ouro e os bens semoventes: animais, escravos, dívidas ativas e
passivas.
Por outro lado, “uma História social da família escrava não pode ser escrita
apenas sob uma perspectiva. Temos que recorrer a documentos variados e não
apenas de natureza estatística” (Samara 1988, p 30). As pesquisas mais recentes
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a população da Paroquia de São José do Tijuco era de 2.996 pessoas, e desse total,
565 eram escravos.
Outros caminhos foram abertos ligando as Minas de Goiás a São João Del
Rei, com intuito de tirar do domínio paulista os minerais extraídos daquela região, no
qual, os mesmos, passariam pela região das Minas chegando, sem desvio, ao Rio de
Janeiro. Desse modo, a ocupação do espaço no qual que se formaria o Triângulo
Mineiro se fez, em um primeiro momento, de forma tímida; sesmarias foram
concedidas aos homens que haviam consorciado ao governo da capitania sua
abertura. Entretanto, outro complicador impossibilitou, de forma imediata a
ocupação triangulina, Lourenço afirma que “toda faixa de terras do alto São
Francisco e médio Rio Grande encontrava-se povoada por quilombos”
(LOURENÇO, 2010, p 108). A descoberta de ouro na região levou o governo
mineiro a empreender forte contenção aos quilombos, ou seja, caça e extermínio das
comunidades quilombolas e indígenas que ocupavam a região, embora houvesse
também a presença de sitiantes e mineradores, proveniente das minas, uma vez que
desde os tempos da formação dos quilombos, já haviam se formado vários pequenos
arraiais na região. Um exemplo é o arraial do Tamanduá que remonta sua primeira
ocupação desde 1676.
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das primeira famílias do Arraial de São José do Tijuco, atual Ituiutaba. Além disso,
os memorialistas locais dão ênfase às famílias 2Tijucanas ocultando a presença
escrava na região. Essas famílias também foram responsáveis pela construção da
Igreja Matriz de São José e as primeiras casas construídas no arraial, assim relata
Camilo Chaves (1952). Chaves também faz menção à presença escrava em São José
do Tijuco, mesmo considerando insignificante a presença escrava na região.
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Inventário de José da Silva Ramos, São José do Tijuco, 1829-1859.
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Embora saibamos que tais referencias indicavam muito mais os partos de embarque dos cativos, ou
outras referencias atribuídas pelos traficantes de escravos.
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Inventário de João Inácio Franco, 1842. Família Franco Genealogia e História, 1988.
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Fontes:
Referências.
Burke, Peter. A Nova História, seu passado e seu futuro. In________ A escrita da
História: novas perspectivas. São Paulo. Editora da Universidade Estadual Paulista.
1992. P 07-38.
FURTADO, Júnia Ferreira. A morte como testemunho da vida. In: PINSKY, Carla
Bassanezi, LUCA, Tânia Regina de. O historiador e suas fontes. São Paulo.
Contexto, 2009.
SAMARA, Eni Mesquita. A Família Negra no Brasil, escravos e libertos. In: Anais
do Segundo Encontro da ABEP, Olinda: ABEP, 1998, PP 39-58.
TRISTÃO, Roseli Martins. Formas de vida familiar na cidade de Goiás nos séculos
XVIII e XIX. Dissertação de Mestrado. 1998