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SEQUÊNCIA DIDÁTICA

TEMA: Gênero Dramático auto


Professor (a): Davi Lins da Silva, Juliana F. Corrêa de Oliveira, Sâmila Nascimento da
Silva, Wilson Pereira Aragão, Manuelle Otony Maués
Modalidade: Ensino Fundamental Anos Finais – Série 9º
Disciplina: Literatura/Língua Portuguesa
Tempo de duração da sequência didática: 6 horas-aula (três encontros, cada hora aula
terá 50 minutos)
Conteúdos: Atividade diagnóstico e introdução a origem do teatro e ao subgênero auto,
Apresentação do gênero teatro, O que é o auto, Leitura e discussão dos textos, Variação
linguística.

1. Objetivos: Geral e específicos. Aprimorar a oralidade; usufruir da leitura


Reconhecer e saber identificar elementos específicos do gênero teatro; adquirir
conceitos teatrais.
2. Competências e habilidades de acordo com a BNCC
(EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de
literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que
rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em
relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura,
apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a
temática e nas orientações dadas pelo professor. (EF69LP47) Analisar, em
textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada
gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam
suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos
cenários e dos
personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de
discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso
direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e
percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de
sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero,da caracterização
dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das
diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e
indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e
processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a
cada gênero narrativo.
(EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de
diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos
formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e
culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.

1 ª AULA: (50 minutos)


Material necessário:
Conhecimentos Prévios: (Aqui você deverá descrever como será o início da aula e
poderá utilizar algum recurso como estratégia para tratar o tema (pode ser uma imagem,
tira, informação etc). Lembre-se o importante aqui é motivar a turma. O que é a
linguagem audiovisual?
– Vocês já foram ao cinema? A qual filme assistiram?
– Vocês sabem se o filme ao qual irão assistir já foi editado em outra linguagem?
– Vocês preferem ler o livro, assistir ao filme ou assistir à peça de teatro? Por quê?
– Vocês conhecem algum livro que tenha sido adaptado ao cinema? Quais? (Algumas
possíveis respostas seriam Harry Potter, O senhor dos anéis, A lista de Schindler, Drácula
etc.)

I. ANTES

1° MOMENTO: Apresentação teatral de um trecho do “Auto da Compadecida de


Ariano Suassuna 2017”, com duração de 5 minutos, disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=oOi3bVjvOvo> na página do Youtube.

2° MOMENTO: Será utilizada a técnica do “Brainstorming”, na qual visa a


interação e a participação dos alunos, a ser direcionada para discussões no sentido de realizar
um breve diagnóstico da turma, com a finalidade de explorar os conhecimentos prévios acerca
do gênero teatral. Todas as perguntas devem ser respondidas pelos alunos oralmente, como uma
estratégia rápida e eficaz para identificar os conhecimentos dos alunos com base nas
experiências de vida deles.
Nesse sentido, o professor deve escrever no quadro a palavra “teatro” e, em
seguida, explorar com os alunos os significados e reflexões em relação a esta palavra, por meio
das seguintes perguntas:

a) Quais são as ideias que vêm à mente ao lermos essa palavra?


b) O que podemos considerar indispensável para fazer uma peça de teatro?
c) Como vocês acham que essas peças de teatro são montadas?
d) Como o elenco sabe o que deve fazer e falar? E o momento adequado de fazer
e falar, como os atores sabem disso?
e) Vocês já foram ao teatro e/ou circo? Se sim, o que vocês acharam?

Esse momento deve ter a duração de 15 minutos, na qual o professor vai anotar as
palavras-chaves das discussões no quadro. Para tanto, os materiais necessários são pincel e
quadro. Após, o professor irá pedir para o representante de turma recolher as respostas dos
alunos, ora anotadas, cada palavra, em pedaços de papel, dobradas e guardadas em uma caixa.

3° MOMENTO: Conhecer o contexto histórico do teatro, que será abordado por


meio das explicações do professor projetadas em slides com breves textos e imagens. Nesse
momento, o professor irá explicar a estrutura e a função social do gênero teatral também.

Assim, será necessário utilizar um projetor. As explicações devem durar cerca de


25 minutos.

A primeira referência acerca do surgimento do teatro é por volta do século VI a.C,


com festas realizadas para homenagear o Deus do Vinho – Dionísio. Durante as festas, um dos
participantes utilizou uma máscara com a face de um homem, ornada com cachos de uvas, e
disse “Eu sou Dionísio” no meio de uma praça pública, então surgindo o ato de “encenar”.
Inicialmente, houve um espanto por parte da população, afinal ninguém poderia se comparar
com um Deus, mas foi quando surgiu o ato de encenar e a ação dramática.
“O propósito do teatro é fazer o gesto recuperar o seu sentido, a palavra, o seu
tom insubstituível, permitir que o silêncio, como na boa música seja também ouvido, e que o
cenário não se limite ao decorativo e nem mesmo à moldura apenas - mas que todos esses
elementos, aproximados de sua pureza teatral específica, formem a estrutura indivisível de um
drama.” – Clarice Lispector.

No contexto brasileiro, o teatro foi introduzido por meio do circo e dos palhaços.
Com isso, foram destacando determinados personagens típicos da Commedia Dell’Arte, que
surgiu no Império Romano como forma de promover a diversão do povo, isto é, caracterizava-
se por uma atuação cômica. Os personagens de maior destaque eram Arlequim, Pierrot,
Colombiana e Pantalone.

Por fim, abordando o conceito, a origem e os principais personagens do teatro, os


alunos estarão mais preparados para reconhecer os elementos teatrais e as características
gerais dos personagens, que ganham forma a partir da regionalidade, a exemplo da obra do
“Auto da Compadecida”, que ganhará maior enfoque nesta Sequência Didática.

OBS: Aqui você poderá elaborar quantas atividades considerar necessária

2ª AULA: (50 minutos)


Material necessário:
Atividade 1: O gênero teatral
O/a professor(a) deve começar a aula levantando algumas perguntas como:
- Quem aqui já foi ao teatro?
- Como é o espaço físico do teatro?
- O que vocês conhecem sobre o teatro?
● Aqui a partir desses questionamentos a intenção é simplesmente perceber que
tipo de relação os alunos têm com o teatro e quão familiarizados eles estão com
essa expressão artística.
● Esse primeiro debate deve durar cerca de 10 minutos, de acordo com o
interesse e participação de cada um da turma
● Em meio a essa conversa é necessário que o aluno diga claramente o que é o
teatro para ele e se atente a esse conceito, porque em outros momentos será
cobrado.
O que é o teatro? - parte II
● Após essa dinâmica, o docente apresentará um breve histórico sobre a origem
do teatro. Se a escola contar com projetor, pode ser feita a projeção das imagens
que ficam a critério do professor para mostrar aos alunos alguma ilustrações
sobre o gênero.
● Acredita-se que o teatro surgiu no século VI a. C, durante as festas realizadas
em homenagem ao deus do vinho, Dionísio. Aqui, vale lembrar que o ato de
“encenar” surge quando um participante deste ritual sagrado vestiu uma máscara
humana ornada com cachos de uva e disse em plena praça pública: “eu sou
Dionísio”. Ainda que no momento essa atitude tenha gerado espanto dos demais
presentes, pois nenhum homem poderia ser comparado a um deus, originou-se aí
o ato de representar e marcou o início da ação dramática.
● Os teatros gregos tradicionais eram constituídos por uma arquibancada, de
onde qualquer cidadão podia assistir às encenações, a orquestra, círculo central
onde se apresentava o coro, o thumelê, pedra fincada no centro da orquestra
destinada as oferendas para o deus Dionísio, o proscênio, logo atrás da orquestra
destinado ao corifeu (líder do coro), e o palco, onde se montava o cenário.
● Toda essa estrutura era de pedra e é a inspiração original dos teatros atuais.

O que é o teatro? - parte II


● No Brasil, esse estilo foi incorporado principalmente pelo circo nos números
de palhaçaria.
● Alguns do personagens principais da Commedia Dell’Arte:
- Arlequim: personagem de maior relevância, era um servo, palhaço ágil e
bastante malandro
- Pierrot: era muito correto, simpático e bom amigo; fácil de ser enganado, o
palhaço tolo
- Colombina: a única criada feminina. Graciosa, inteligente e habilidosa
- Pantalone: retratava um velho rico, que gostava de mandar, conservador e
avarento.
O que é o teatro? - parte II
● Nesse primeiro momento, a intenção é apenas introduzir alguns arquétipos
importantes na
construção dos personagens do teatro de Ariano Suassuna para que, quando se
comece a
leitura, os próprios alunos possam recordar a aula introdutória e ir reconhecendo
aos
poucos características destes arquétipos clássicos nos personagens da obra.
● Vale chamar a atenção dos alunos aqui que os estereótipos dos personagens
iam se
adaptando e ganhando características específicas de cada região por onde se
encenava
comédias deste estilo.
● Pode-se sugerir que eles pesquisem em casa imagens dos personagens da
Commedia
Dell’Arte e observem as especificidades de cada um, por exemplo: feições,
posturas, gestos e
vestimentas.
Aula introdutória - o gênero teatral
Fazer leitura de trechos selecionados de “O Auto da Compadecida”, que será
disponibilizado pelo docente.
Tendo sido feita a leitura , vamos verbalizar nosso entendimento sobre o que foi
lido respondendo algumas perguntas.
- Quais são os personagens do trecho lido?
- Do que se trata a obra em questão?

3ª AULA: (50 minutos)


Material necessário: Livros em PDF dos autos, e imagens das capas
selecionadas.

Atividade 1: O professor mostrará as capas de ambos livros e perguntará: “o que


é um auto ?” Depois de ouvir as explicações dos alunos, o professor explicará do
que o auto é um tipo de texto teatral surgido na Idade Média, por volta do século
XII. De linguagem simples, os autos, em sua maioria, têm elementos cômicos e
intenção moralizadora. Suas personagens simbolizam as virtudes, os pecados, ou
representam anjos, demônios e santo, ou seja, uma peça de teor moral, místico
ou satírico, de um só ato, geralmente. Solicite aos alunos que atentem às capas e
respondam as seguintes perguntas:
Quem ou o que está representado na capa?
- Qual a relação entre o título das capas e à imagem?
- O que isso pode expressar a respeito da obra?
- É possível deduzir alguma informação a respeito do enredo a partir destas
capas?
- E sobre os autores? Alguém já ouviu falar neles? Já leu algum outro texto dos
autores?
Atividade 2: Ouvir as respostas e pedir aos alunos que, com base no que foi
discutido nesta aula (sobre a capa do livro) e na aula anterior (sobre o
gênero), escrevam um parágrafo sobre suas expectativas em relação a obra.
acerca do livro a ser estudado.
RECURSOS COMPLEMENTARES: Trecho de adaptação cinematográfica
do auto da compadecida e vídeo da encenação no teatro.
AVALIAÇÃO: Os alunos serão avaliada por meio da participação nas
atividades propostas.

4ª AULA: (50 minutos)


Material necessário: Pdf do livro
Atividade 1: Quanto à leitura compartilhada em sala, Antes de iniciar a leitura da peça é bom
deixar claro aos alunos que:

*A maior parte da Leitura será feita em casa, porém haverá trechos que serão lidos na sala de
aula com intuito de fazer a análise da obra.

*No processo de leitura em casa os alunos devem registrar no caderno os detalhes que mais
chamaram sua atenção.

Materiais necessários: livro ou texto da obra impresso, caderno, lápis e caneta.

Ato I

Etapa 1:

Inicia-se a leitura dramática a partir da P. 18 (JOÃO GRILO- Padre João! Padre João!) até a P. 30
(PADRE - Faço tudo para agradá-lo e vai-se queixar ao bispo. [...]. Esse dagora é uma águia, um
verdadeiro administrador. Será que vai me suspender?)

Ao final da leitura desse trecho, o/a professor(a) pode fazer breves comentários, chamando
atenção dos alunos para temas como a submissão da Igreja ao poder político e econômico,
observando como a postura do padre é contraditória à medida que privilegia atender aos
pedidos do major Antônio Morais, figura poderosa e influente na cidade, destacando dois
momentos:

1 PADRE (PLp.19)

"É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor é fácil, todo
mundo faz isso, mas benzer cachorro?"

2) PADRE (p.20)

"Não vejo mal nenhum em abençoar as criaturas de Deus."

O que fez o padre mudar de opinião?

Etapa 2: O dinheiro como aquilo que corrompe.


*O professor poderá enfatizar que, no texto de Ariano Suassuna, vemos como todos os
personagens são corrompidos pelo dinheiro, até mesmo aqueles que supostamente não
deveriam estar ligados à matéria (caso dos religiosos).

* com a leitura, os alunos vão recordar o comportamento do padre que aceitou suborno da
mulher do padeiro para enterrar o cão e rezar uma missa, em latim, em homenagem ao
animal.

* Professor poder destacar o texto abaixo:

JOÃO GRILO: Esse era um cachorro inteligente. Antes de morrer, olhava para a torre da igreja
toda vez que o sino batia. Nesses últimos tempos, já doente para morrer, botava uns olhos
bem compridos para os lados daqui, latindo na maior tristeza. Até que meu patrão entendeu,
com a minha patroa, é claro, que ele queria ser abençoado pelo padre e morrer como cristão.
Mas nem assim ele sossegou. Foi preciso que o patrão prometesse que vinha encomendar a
bênção e que, no caso de ele morrer, teria um enterro em latim. Que em troca do enterro
acrescentaria no testamento dele dez contos de réis para o padre e três para o sacristão.

SACRISTÃO, enxugando uma lágrima: Que animal inteligente! Que sentimento nobre!
(Calculista.) E o testamento? Onde está?

O professor poderá levantar questionamentos sobre o que os alunos acharam do


comportamento do sacristão e do padre, da igreja.

Ato II

Etapa:3

A chegada do bando do Severino

Prosseguir a leitura da P. 70 (JOÃO GRILO- E fica mais uma vez tudo em paz, na santa Paz do
Senhor, com o cachorro enterrado em latim e todo mundo satisfeito.) até a P. 80 (SEVERINO O
senhor frade vai me perdoar, mas não tenho tempo. A polícia pode voltar e tenho que matar
vocês de um por um.)

Concluída a leitura do trecho, o/a professor(a) pode incitar um debate, por meio de breves
comentários e apontamentos no texto, sobre o que foi, o que significou o movimento do
cangaço e como ele demonstra a fragilidade ou inexistência da presença do Estado em espaços
remotos do sertão e o estigma acerca da pobreza.

Retomar a leitura da página da P. 85 (JOÃO GRILO - Um momento. Antes de morrer, quero lhe
fazer um grande favor.) até a P. 91 (CANGACEIRO, depois de tocar Capitão! Ah Grilo
amaldiçoado, você matou o capitão.)

Ato III

Etapa:4

A morte do pobre João Grilo e o juízo final

Prosseguir da P.98 (DEMONIO, saindo da sombra, severo. Calem-se todos. Chegou a hora da
verdade) até a P.119/120 JOÃO GRILO-Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em
verso. [-] Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher) OBS: Achamos bom não fazer
tantos cortes depois do início do julgamento, por conta do trecho longo, contudo julgamos que
é possível lê-lo todo durante a aula.
Após a leitura dos trechos indicados anteriormente, cabe ao professor o levantamento de
questões que mobilizam toda a obra, mas que encontram o ápice e a centralidade no terceiro
ato, sendo elas: a moralidade e a religiosidade.

Na P. 119, João Grilo faz a sua reza à Nossa Senhora, valendo-se de versinhos com estrutura
semelhante à de um cordel e que foram escritos por Canário Pardo diretamente para a Santa
Considerando isso. O trecho pode ser utilizado pelo professor para incitar o debate sobre a
religião e a localidade.

Por que a catolicismo encontra tamanha força de expressão no Nordeste?

Quais as festas tradicionais mais importantes nesta região?

Elas estão ligadas à religião?

Atividade

Para discutir a moralidade e a religiosidade como fatores que interferem diretamente no dia a
dia das sociedades atuais, sugerimos que o professor divida a turma em dois grupos e peça
para um dos grupos listar as características que definem uma pessoa socialmente ética e o
outro grupo, de modo semelhante, descrever as características presentes em uma pessoa
imbuída pela moral cristã. Os grupos deverão socializar as suas listas e a partir delas refletir
sobre a moral religiosa, os valores que pautam os comportamentos de uma sociedade, a
importância da laicidade do Estado, etc.

Etapa 5:

Leitura da P. 120 (ENCOURADO - Vá vendo a falta de respeito, viu?) até a última de fala de
João Grilo na P.131 (JOÃO GRILO- Eu fico. Quem deve estar danado é o filho de chocadeira).

Para esse momento da leitura, cabe a análise e a discussão, por meio da personagem da
Compadecida, sobre como a figura da mãe é idealizada na literatura como um todo e na peça,
sendo colocada como uma figura misericordiosa, dócil, bondosa, conciliadora, salvadora, cheia
de compaixão.

A releitura de pequenas falas como a de Manuel, "vou deixar que você volte, porque minha
mãe me pediu e a da Compadecida "Isto, João. Tenha coragem, não desanime, que eu estou
aqui, torcendo por você", ambas na P.132, podem auxiliar o professor a levantar questões
como:

Qual o papel da Compadecida no julgamento?

A figura de mãe se sobrepõe à figura de grande advogada?

Por que será que a figura masculina está relacionada à decisão final e a figura feminina à
intercessão?

Etapa 6:
Leitura da P.131 (O Encourado, furioso, volta-se para João) até P.145 (uma recompensa que
não custa nada e é sempre eficiente: seu aplauso. Pano)

O final desse trecho de leitura, marca também o final da obra. Por isso, é importante que a
discussão seja ampla e que os alunos possam contribuir com as suas visões relacionadas, tanto
ao trecho específico, quanto à obra em sua totalidade.

Para dirigir as discussões relacionadas ao trecho, o professor pode instigar os alunos a pensar
no lugar da promessa enquanto um compromisso assumido através da autoridade da língua.

Por que diversas religiões utilizam as promessas como elo entre o adorador e o ser adorado?
Qual o nível de comprometimento de Chicó e João Grilo com a promessa realizada? Além da
religião, em qual outro espaço pode-se notar a utilização de promessas como ela? Em geral,
essas promessas são encaradas com comprometimento?

A obra, bastante marcada pelas tradições nordestinas em todo o seu desenvolvimento, é


encerrada com os versos finais de um romance popular em que ela se baseou. Caso julgue
necessário, o/a professor(a) pode reler a última fala, relembrando aos alunos os versos em
questão e, então, solicitar aos alunos, dividindo-os em grupos, que construam, de modo
semelhante, versos com no máximo 6 linhas, para marcarem as suas impressões gerais em
relação à obra, socializando-os logo em seguida.

Como proposta de atividade, nós vamos orientar os alunos a produzirem um


podcast através do seu celular fazendo uso da crônica, na qual poderão fazer
alterações no texto, mudar o final, acrescentar ou tirar personagens, mudar
espaço, etc.. E essa atividade será apresentada na aula seguinte por meio do
podcast. Os alunos serão divididos em grupos de cinco onde eles irão trazer uma
crônica a partir dos exemplos que foi trabalhado em sala e vão produzir um
podcast a partir dessa crônica, fazendo alterações nela. Assim, os alunos irão
apresentar as crônicas produzidas e fazer as devidas observações das alterações.
Atividade 2:
5ª AULA: (50 minutos)
Material necessário: pdf auto da compecida
Atividade 1: OS TRAÇOS LINGUÍSTICOS DO AUTO DA COMPADECIDA

O Auto da Compadecida, peça teatral de Ariano Suassuna, é um bom exemplo


de obra para que se possa estabelecer um diálogo entre a literatura e os estudos
linguísticos.

Sabemos que o português falado no Brasil possui uma grande diversidade. O


português falado no Pará, que fica na região Norte, por exemplo, terá traços bem
diferenciados do português falado no Maranhão. Sendo assim, um morador do
Maranhão em visita ao Pará notará uma certa “estranheza” no modo de falar dos
paraenses, assim como também será notada uma grande diferença no seu modo de falar.
Infelizmente situações como essas estão um tanto propensas à manifestação do
preconceito linguístico.

O Auto da Compadecida foi concebido originalmente como uma peça teatral,


porém houve algumas adaptações para o cinema e televisão, todas mantendo a mesma
essência linguística, já que a estória é ambientada na Paraíba, estado da região Nordeste.
Levando isso em consideração, qualquer ouvinte, telespectador ou leitor que conhece ou
que porventura está por conhecer a obra irá se deparar com um dialeto bastante peculiar
inerente ao léxico praticando naquele local.

Diante do exposto, o professor estará diante de uma grande oportunidade de


inserir no conteúdo programático dos alunos da __ série a leitura do Auto da
Compadecida, para posterior análise da obra, bem como uma discussão acerca da
diversidade do português falado no Brasil, ou seja, da variação linguística presente na
obra. Melhor oportunidade terá o aluno de tomar consciência, através dessa discussão,
que o preconceito linguístico atua como um elemento capaz de descontruir a integração
do povo de uma mesma nação, afinal, quem tem acesso ao vocabulário de diferentes
regiões do Brasil através de livros, filmes, enfim, através de qualquer obra de cunho
literário, estará diante da oportunidade de enriquecer seu próprio vocabulário.

O professor poderá propor ao aluno fazer uma pesquisa sobre o dialeto


paraibano, ou seja, palavras e expressões que só são utilizadas por lá, qual seu
significado e o equivalente na região onde ele mora. Um bom exemplo disso são
expressões como “cabra”, “Lascou-se, miséra”, “Padim Ciço”, “Oxente”, etc., que são
expressões utilizadas na obra e que muitos alunos desconhecem o que significa para os
falantes nordestinos.

1) Em um trecho da cena do julgamento, quando João Grilo tenta recorrer a


mais uma esperteza, para livrar-se da acusação do diabo, Cristo o adverte: “Deixe de
chicana, João. Você pensa que isso aqui é o Palácio da Justiça?” Relacione a crítica feita
nesse trecho com o papel da Justiça e do Estado para esse povo.

2) Observe o trecho:

“João Grilo: Ah, mas aquilo é por que foi o cachorro. Com meu gato é
diferente...
Mulher: Diferente por quê?

João Grilo: Por que em vez de despesa, esse gato dá é lucro.

Mulher: Fora vaca, cavalo e criação, bicho que dá lucro não existe.

João Grilo: Não existe se não... Eu fico meio encabulado de dizer!

Mulher: Que é isso João, você está em casa! Diga!

João Grilo: É que o gato que eu trouxe descome dinheiro.”

Quais as características da linguagem utilizada por Ariano Suassuna que pode


ser percebida nesse trecho? Qual sua percepção dessa linguagem? Por que sua
utilização?

Atividade final: Vamos orientar os alunos a produzirem um podcast através do


seu celular fazendo uso da crônica, na qual poderão fazer alterações no texto,
mudar o final, acrescentar ou tirar personagens, mudar espaço, etc.. E essa
atividade será apresentada na aula seguinte por meio do podcast. Os alunos serão
divididos em grupos de cinco onde eles irão trazer uma crônica a partir dos
exemplos que foi trabalhado em sala e vão produzir um podcast a partir dessa
crônica, fazendo alterações nela. Assim, os alunos irão apresentar as crônicas
produzidas e fazer as devidas observações das alterações.

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