Você está na página 1de 3

Universidade de Brasília

Disciplina: Introdução à Teoria Literária


Professor: Ricardo Araújo
Aluna: Beatriz Brito do Nascimento
Turma: E

Referências: Elliot, T.S. A Essência da Poesia, Rio de Janeiro, Artenova, 1971. “Que é um
clássico”, pp. 80-104.

“(...) Nos termos da controvérsia clássico-romântica, chamar qualquer obra de arte de “clássica”
implica ou o mais alto elogio ou a mais depreciativa ofensa, de acordo com o partido a que se
pertence. Implica certos méritos ou falhas específicas: quer na perfeição da forma ou no
absoluto zero da frigidez. (p. 81)

“(...) não afirmo que a literatura, para ser uma grande literatura, deva necessariamente possuir
um autor que seja ou um período em que todas essas qualidades se manifestem.” (p. 81)

“Cada língua tem seus próprios recursos e suas próprias limitações. As condições de uma
língua, e as condições da história do povo que a falar, podem colocar fora de questão a
expectativa de um período clássico ou de um autor clássico.” (p. 82)

“Se há alguma palavra em que nos podemos fixar e que sugere o máximo do que quero dizer
com a expressão “um clássico”, esta é a palavra maturidade.” (p. 82)

“Um clássico só pode aparecer quando a civilização atingiu a maturidade; quando uma língua e
uma literatura atingiram a maturidade; e ele tem, necessariamente que ser a obra de um
espírito maduro. É a importância dessa civilização e dessa língua, assim como amplitude da
mente do poeta que lhe confere a universalidade.” (pp. 82-83)

“(...) o valor da maturidade depende do valor daquilo que amadurece; e segundo: deveríamos
saber quando nos preocupamos com a maturidade de escritores individualmente ou com a
relativa maturidade de períodos literários.” (pp. 83-84)

“A maturidade de uma literatura é o reflexo da maturidade da sociedade, em que é produzida.”


(p. 84)

“Penso que o progresso em direção à maturidade de linguagem seja mais facilmente


desconhecível e mais rapidamente compreendido no desenvolvimento da prosa do que no da
poesia. Quando consideramos a prosa, somos menos influenciados pelas diferenças individuais
de grandeza, e mais inclinados a exigir uma aproximação em direção a um padrão comum, a
um vocabulário comum e a uma estrutura de frase comum: é frequentemente, de fato, a prosa
que mais se afasta destes padrões comuns, que é extremamente individualista; que
costumamos denominar de “prosa poética”. (p. 85)

“(...) é possível ver que o desenvolvimento de uma prosa clássica é um desenvolvimento em


direção a um estilo comum.” (p. 85)

“A época que procede uma época clássica pode apresentar excentricidade e monotonia:
monotonia devido aos recursos da linguagem não terem ainda sido explorados, e
excentricidade porque ainda não há um padrão aceito uniformemente (...). (p. 86)

“A época que se segue a uma época clássica também pode apresentar monotonia e
excentricidade: monotonia porque os recursos da língua foram, pelo menos por algum tempo,
esgotados, e excentricidade porque a originalidade torna-se mais valorizada do que o estilo
correto.” (p. 86)
“Pode-se antecipar a conclusão para a qual estou-me dirigindo: que estas qualidades de um
clássico que até agora mencionei, maturidade e mentalidade, maturidade de costumes,
maturidade de linguagem e aperfeiçoamento de um estilo comum, são de melhor maneira
ilustradas, na literatura inglesa, pelo século XVIII (...).” (p. 89)

“Na vida, o homem que se recusa a sacrificar qualquer coisa a fim de ganhar outra termina na
mediocridade ou no fracasso.” (p. 90)

“(...) não se trata apenas de que um poeta clássico exaure a linguagem, mas de que uma
linguagem capaz de ser exaurível é a espécie que pode produzir um poeta clássico.” (p. 96)

“Estou agora me aproximando da distinção entre o clássico relativo e o clássico absoluto, da


distinção entre a literatura que pode ser chamada clássica em relação a sua própria língua e à
que é clássica em relação a uma série de outras línguas.” (p. 98)

“Preservar o padrão clássico e medir por ele cada obra literária, é perceber que, ao passo que
nossa literatura, como um todo, contém tudo, cada obra separadamente pode ser deficiente em
algo.” (p. 101)

“Nenhuma língua moderna pode aspirar a universalidade do latim, mesmo que venha a ser
falada por muitos milhões mais do que os que jamais falaram latim, e mesmo que venha a ser o
meio universal de comunicações entre os povos de todas as línguas e culturas. Nenhuma
língua moderna pode esperar produzir um clássico no sentido em que chamei Virgílio de
clássico. Nosso clássico, o clássico de toda a Europa, é Virgílio.” (p. 103)

Você também pode gostar