Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESENHAS VITRINE
Krishnamurti Góes dos Anjos Romances, contos,
comenta o romance A crônicas e poesias.
grande morte do conselheiro Conheça os últimos
estérházy, de Alberto Lins lançamentos da
Caldas Penalux.
expediente
EDIÇÃO
Wilson Gorj | Tonho França
REVISÃO
Daniel Zanella
CAPA
Modelo: Yanara Karoline de Oliveira Tenório |
Foto: Rayane Paz Pereira
luiz biajoni
Conta detalhes de Quatro velhos, seu mais novo romance
“
Eu vinha lendo narrativas reais,
jornalismo literário, Fama e
Anonimato, do Gay Talese, e,
especialmente os livros da Janet
Malcolm. Foi o que orientou
minha narrativa nesse livro.
www.editorapenalux.com.br/loja/vagamundos-e-girassois
Corações ruidosos. Em queda. Livre. Três contos costurados por uma linha
cortante, unindo de maneira decisiva as histórias narradas aqui. A primeira, uma
viagem de ônibus em que as vozes de doze personagens se confundem e se chocam.
A segunda, uma galeria de arte cuja principal exibição não é propriamente a arte.
E a terceira, uma série de cartas ácidas e sombrias escritas por uma escritora
amargurada. Três contos que se encontram e se completam. Três contos caindo
ruidosos onde as coisas fazem silêncio.
www.editorapenalux.com.br/loja/coracoes-ruidosos-em-queda-livre
A literatura tem asas, mas não tem fronteiras. [....] A uma cultura tão pouco familiar
ao Ocidente, nós leitores conseguimos nos transportar ao universo do protagonista
Thoth Zehuti, um filósofo e professor deslocado no mundo, um andarilho errante
dotado de certa misantropia, que vagueia como um moribundo, na esperança de
encontrar uma melhor disposição para enxergar a vida, ou um lugar para chamar de
pátria e sobreviver com o mínimo necessário.... Assim, ele se dirige para o Vietnã,
Camboja e Tailândia, atraído pelos contrastes dessa cultura milenar: uma natureza
tão exuberante, com seu povo historicamente reprimido e sofrido. [...] A narrativa
entrelaçada com micro-histórias e micronarrativas, em meio a um enredo costurado
com dores e perdas, memória e esperança, nos descortina o cenário de uma cultura
ímpar, além de nos causar inquietação e nos fazer refletir sobre o destino da
humanidade em vários aspectos: político, religioso, ideológico, cultural.
Uma leitura envolvente, que, com sua narrativa não linear, nos faz perceber que “a
vida nem sempre é uma sequência cronológica de eventos e acontecimentos, tal
como queremos”, como sinaliza Thoth. Boa viagem!
www.editorapenalux.com.br/loja/cores-de-indochina
Ícaro
morreu aos sete
meses dentro da
minha barriga.
Fiquei anos me
odiando pela escolha desastrosa do nome. Achava
que havia lançado através dele uma profecia
trágica. A culpa, óbvia, minha. Culpa de mãe de
viagens malsucedidas pelo mundo. Meu marido
consolava. Era um nome bonito, dizia. Um nome
de sonhador, de alguém que persistia até o fim.
Eu só escutava a palavra “fim”. Comecei então a ler
Freud. Péssima ideia. Tudo parecia ter sido escrito
sobre minhas maldades. Sim, foi o meu desejo. Eu
desejei ter um filho que voasse até o sol e que de lá
caísse para a morte. Ícaro com suas asas de cera, o
menino que não iria crescer, que não enfrentaria
o mundo dos homens ruins. A culpa só poderia
ser realmente minha. Eu trabalhava muito. Eu Conto do livro A memória é um peixe fora
estudava muito. Eu lia muito. Eu era muito e tão d’água, de Patrícia Porto (Penalux, 2018)
pouco. Lembro que a primeira sensação que tive
da presença de sua vida foi um bater delicado de
asas. Eu tão inquieta, pessimista, tão cansada de
tudo e de todos antes dos trinta... Sentir as asinhas
daquele pássaro me encheu de uma sensação
muito nova, comendo a fruta no pé, me banhando
no rio num caldo grosso, submersa, protegida.
Ícaro veio espontaneamente na cabeça. Asas.
Liberdade. Amplidão. Risco. Vontade. Desejo!
Vida! Horizontes. Mas por que não pensei na
morte? Por que não fui adiante na história? Só o
clarão chegou às minhas vistas. Uma luz absoluta
tão confortável e tão intensa que era impossível
abandoná-la. Eu a amei imediatamente e fui
consumida por ela.
Mas um dia houve que nada se moveu. Nem
dores. Nem flexões do corpo. Nem asas. A descida
foi imensa e brusca. Das mais doídas. Lá caímos
juntos. Pois era eu a mãe. Hoje a queda completou
vinte e quatro anos.
Sopa de Pedras narra o cotidiano da família do Sr. Leôncio, dono de uma pequena
propriedade rural às margens do Rio Triunfo, em Minas Gerais, onde a atividade
garimpeira em decadência ainda é a principal fonte de sustento dos moradores da
região. Em um cenário em que as vidas são traçadas pelo trabalho árduo e pelas
dificuldades enfrentadas na rotina diária, vários personagens contracenam com
a realidade do cotidiano rural do interior do Brasil. Dentre os personagens que
compõem o enredo, estão Valentin, filho mais novo do Sr. Leôncio que, na sua
infância, já se depara com a necessidade de ajudar a família no trabalho diário. D.
Candinha é a matriarca dessa história que demonstra a sua força e dignidade, seja
no provimento da família ou no cuidado com os garimpeiros que trabalham nas
terras de seu marido. O Sr. Manolo Roriz, um argentino que possui um pequeno
comércio no acampamento dos garimpeiros e abastece as famílias que residem na
localidade. Tito, um andarilho querido e conhecido por todos que, a cada período,
é acolhido por uma família da região. Esses são alguns dos sujeitos que tecem a
vida do garimpo no Rio Triunfo e nas suas imediações, onde a realidade palpável se
mistura com a ficção para ilustrar a existência de milhares de personagens reais que
estão embrenhados pelo interior do país.
www.editorapenalux.com.br/loja/sopa-de-pedras
Rodrigo Ornelas, por meio de uma linguagem saborosa, fluída, apresenta o seu
cotidiano, o qual não é um lugar “comum”, pelo contrário, é um ambiente cheio
de movimento do qual se capta sons, gritos vindos das ruas, das casas, dos becos
e, isto aliado a experimentos ora estéticos, ora temáticos, se une para formar um
cotidiano não meramente mecânico, mas pensado e imaginado; criado. Para a
professora Cássia Lopes, os contos de Ornelas são catedrais de emoções, instantes
fugazes diante do espanto da paisagem, das veredas sociais e da face agônica de
um transeunte, o que é, em partes, propiciado e facilitado pelo impulso de uma
narrativa tão fluída, capaz de construir uma fusão entre percepções, entre situações,
banais ou não; entre emoções.
O autor diz que o que se abre em seu Janelário são imagens rápidas que, na ânsia
do imediatismo, captam toda uma avalanche de possibilidades, o que é construído
também com o auxílio da linguagem e sua criatividade, empenhadas em construir
contos inovadores do ponto de vista, estético, autobiográfico e principalmente
temático. O cotidiano é satirizado com uma leve pitada para o imaginário, como
na árvore e na amizade expostos no conto “Um presente para Nani”, o vegetal,
representado na árvore, se une ao simbólico, metaforizado na emotividade do
envolvimento afetivo entre os personagens, um verdadeiro experimentar, mas muito
bem-sucedido.
www.editorapenalux.com.br/loja/janelario
livro: Versos no camarin, poesia, Regina Celi livro: Para que serve a poesia?, Clarice Sabino
(2019). (2018)
foto: Rayane Paz foto: Anna Clemente Prats
O VAQUEIRO E O JORNALISTA:
UMA RELEITURA DA GUERRA DE CANUDOS
Nós, leitores, queremos é boa poesia e isso é o que não falta em Entre cão e lobo,
livro de estreia de Edmilson Borret. Sem negar influências dos nossos grandes
poetas (especialmente Drummond e João Cabral de Melo Neto), o autor resolve-se
nessa gramática própria, que serve ao lirismo, jamais à pieguice. O autor extrai sua
poesia, quase suja, sem sentimentalismos, como quem espreme um limão verde
a fim de colher esmeraldas prontas para serem lapidadas pelo verbo e, depois,
nos espetarem o olhar, e o cenho, e a boca, e o queixo. Permita que a poesia de
Edmilson Borret liberte a poesia que você tem dentro de si e que, muitas vezes, só
não diz “presente” porque não foi convocada.
www.editorapenalux.com.br/loja/entre-cao-e-lobo
www.editorapenalux.com.br/loja/poemas-in-out-doors
D
iscours de la servitude volontaire ou célebre frase (bem mais recente), de George Orwell
Discurso da servidão voluntária é texto (1903-1950): “A massa mantém a marca, a marca
provavelmente datado de 1547 e publicado mantém a mídia e a mídia controla a massa.” Mas o
em 1563, ano da morte de seu autor, o buraco continuou a afundar-se mais ainda nos estreitos
humanista e filósofo francês Étienne de La Boétie limites de nossa situação pós-moderna. Outro que
(1530-1563). La Boétie perguntava-se como um anda pensando nessas ‘sensaborias’ é o filósofo alemão
único tirano poderia manter sob o seu jugo milhares de origem sul-coreana Byung-Chul Han. No opúsculo
de homens e dezenas de cidades. Dentre as inúmeras de Sociedade do Cansaço, ele discute a ascensão de um
conclusões a que chegou há uma fundamental: “É o novo paradigma social, em que a sociedade disciplinar
próprio povo que se escraviza e se suicida quando, de Foucault (mais um que entrou no samba do crioulo
podendo escolher entre ser submisso ou ser livre, doido) é substituída pela sociedade do desempenho.
renuncia à liberdade e aceita o jugo; quando consente Esse novo modelo social é movido por um imperativo
com seu sofrimento, ou melhor, o procura.” À de maximizar a produção do Sistema. “Nós, sujeitos
época isso se dava, segundo observação do próprio de desempenho, somos constante e sistematicamente
autor, porque um pequeno número de súditos pressionados a aperfeiçoar nossa 'performance' e
obtém a confiança do tirano e dele se aproxima, aumentar a produção”.
compartilhando de seus desmandos e recebendo seus E por isso produzimos. Produzimos até a exaustão.
favores. Esse pequeno número de homens dispõe de E, mesmo cansados, continuamos produzindo. Uma
seus próprios súditos, que também compartilham de meta é sempre substituída por outra. A tarefa nunca
seus desmandos e recebem seus favores. Mantêm uma acaba. É frustrante e esgotante. E, ao lado disso,
série de subordinados, os quais possuem também seus como nunca na história da humanidade, cristalizou-
próprios subordinados. Formam-se, dessa forma, se positivamente a Normose, que é um conceito de
relações de favorecimento e obediência em múltiplos filosofia para se referir a normas, crenças e valores
níveis ou instâncias. Todas essas instâncias controlam sociais que causam angústia e podem ser fatais. Em
a malta ignorante pela força e, principalmente, outras palavras, "comportamentos ditos normais de
pela enganação das políticas de “pão e circo” e dos uma sociedade que causam sofrimento e morte". Dessa
discursos religiosos e supersticiosos que envolvem o forma, os indivíduos que estão em perfeito acordo
tirano em um manto de devoção. Tece-se assim uma com a normalidade e fazem aquilo que é socialmente
rede de favores e concessões, em que um homem deve esperado, "o que todo mundo faz", acabam sofrendo,
obediência a outro, em uma teia cuja ponta leva, em ficando doentes ou morrendo por conta das normoses.
última instância, ao tirano. De qualquer forma, o que O resultado é uma sociedade que gera fracassados e
levava a isto era o fato de que os homens, por hábito, depressivos, a quem só resta recorrer a medicamentos
ignorância e fraqueza moral, voluntariamente se para continuar produzindo mais eficientemente.
submetem à tirania. Exaustos e correndo é a condição humana de
Depois de Étienne de La Boétie, certamente muitos nossa época. O corpo humano não aguenta, lógico,
fizeram questionamentos semelhantes, e por certo e o tal do corpo virou um empecilho, um apêndice
chegaram a conclusões de acordo com as mudanças incômodo, um não-dá-conta que adoece, fica ansioso,
operadas nos regimes, nas sociedades e todas e tantas se deprime, entra em pânico. E assim dopamos esse
mutações que os tempos impuseram. Hoje já não há corpo falho que se contorce ao ser submetido a
sentido falarmos em tiranias absolutistas encarnadas uma velocidade não humana. Viramos exaustos-e-
em um único homem. O buraco se aprofundou. E correndo-e-dopados. Está devidamente instaurada a
como! Tudo isso nos faz lembrar também de uma violência psíquica que tem outros ingredientes, como
O
romance A noite em que o amor livro, que se compõe deste prólogo na prisão, onde a
morreu (Penalux, 2018), de Taís Morais narrativa quebra a linearidade do tempo cronológico,
(escritora que já foi premiada em 2006 depois segue uma linha com início, meio e fim, nos 21
com o prêmio Jabuti de melhor livro- capítulos seguintes.
reportagem), é extenso, dando ensejo para uma O livro tem um tom de mistério desde o início,
trama bem construída, com todas as peças encaixadas onde somos conduzidos pela autora a um romance
perfeitamente. Como num quebra-cabeças, somos envolvente e que prende nossa atenção, numa leitura
conduzidos a encarar um livro realmente revelador, ágil e plural, apesar das 344 páginas. No meio da
em que o tom funesto e sombrio do prólogo abre o violência e da agressão dos militares, temos o espaço
caminho para que o sol da escrita ilumine os espaços para a compreensão e amizade que se forma entre as
coerentes de uma narrativa longa que engloba capítulos duas. O narrador onisciente é uma estratégia narrativa
que se estruturam com grande beleza e novidade a para este tema político, pois a impessoalidade
cada nova página. O romance, entre o documental funciona como um tom de verdade e isenção frente a
e o ficcional, mostra com realismo e exatidão os um olhar reduzido a particularidade de uma pessoa.
diferentes tons das cores sombrias e claras. O tema da O narrador heterodiegético vai explicando os vazios,
obra é a ditadura militar e seu sistema de opressão e preenchendo o que não foi explicado antes. Com
desumanização, contrastando com a liquidez humana uma incógnita inicial, o narrador ilumina a narrativa.
de personagens complexos, feitos de várias camadas e Utilizando a linguagem própria da época, temos o
tons inesperados. vocabulário específico da ditadura, com relação às
O romance, escrito em terceira pessoa, com torturas, como a “cadeira do dragão”. Entre as duas se
um narrador onisciente, dá voz aos militantes de forma uma parceria nos dias difíceis, apresentando
esquerda que a partir da pluralidade de vozes nos a compaixão uma pela outra. E o que nos define
mostra as camadas profundas dos seres, numa tomada é a nossa humanidade, de sermos feitos de pele e
psicológica do livro. Angelina, a personagem principal, ossos, mas também de ideais, como a tentativa da
que se filia ao PCdoB, aparece logo no prólogo presa politização das massas e a busca pela liberdade de
juntamente com uma militante das matas do famoso opiniões e pela democracia. No meio deste caos
Araguaia, Maria, que foi palco da luta armada contra cruel da ditadura, eis que surge uma espécie de anjo
a ditadura incoerente e cruel. Mostrando as torturas misterioso que dá comida às duas e leva o recado de
iniciais destas duas personagens, Angelina e Maria, Angelina para fora da prisão no intuito de conseguir
somos levados a cenas impactantes e fortes, revelando a liberdade e se comunicar com os pais. Na verdade, o
a grande maestria da escritora Taís Morais, que nos livro excepcional de Taís tem todo um tom misterioso
apresenta um quadro real do que acontecia na época. e enigmático que vai sendo clareado pelo narrador,
Conhecedora da história deste tempo sombrio, o livro que dá pistas ao longo do livro sobre como será o
começa pela metáfora do obscuro, do desfigurado, já desfecho da obra, num tom surpreendente no último
que os militares apresentam os rostos nublados pela capítulo do romance, que se chama “Revelações”. No
penumbra do local. Sofrendo torturas, as personagens romance por ora aqui apresentado temos a violência
nítidas e claras, como o clarão do amanhecer, revelam descomunal frente à fragilidade do ser humano.
a fragilidade do humano frente à lei do mais forte. Os Nos capítulos seguintes somos levados ao tom
militares tratam as duas personagens com palavras cotidiano e corriqueiro da vida familiar, onde somos
chulas e vulgares, utilizando-se para isto da zombaria, apresentados aos seus pais Paulo e Marisa. Paulo,
do deboche e do cinismo com relação a elas. O advogado, trabalhava no Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro. Depois se muda com a família para Brasília, acompanhá-lo e entra para o jornalismo, com a
obtendo um novo emprego. No primeiro capítulo, mesma visão utópica de um mundo melhor de um
temos um quadro fotográfico de Angelina e seus pais, curso para outro. No início, ela percebe a igualdade
com a descrição minuciosa das características físicas e entre homens e mulheres no movimento socialista:
psicológicas deles. São verdadeiros retratos familiares “No vestuário, a calça jeans tornava-se um símbolo.
que se utilizam da precisão linguística. O retrato Mulheres e homens podiam vestir a mesma peça de
iluminador do primeiro capítulo contrasta com o tom roupa.” Angelina passa a ficar cada vez mais engajada
sombrio e violento do prólogo, revelando grande força no movimento revolucionário, tendo um afastamento
e impacto narrativo da escritora Taís Morais. O tom da vida familiar e, futuramente, ao longo do romance,
aqui é amenizador, mostrando o entrelugar entre a este é todo o conflito pelo qual a personagem
tensão e o prazer na vida de Angelina. Temos aqui um passa – viver no seio da família ou da luta armada
tom ameno na narrativa, quebrando a expectativa do revolucionária. No meio desta revolução, Angelina
dramático e impactante. Angelina se torna estudante perde amigos para a tortura e para mortes no choque
da UnB, após se mudar para Brasília e, por lá, a partir do entre militantes e militares, sendo ela mesma presa
movimento estudantil, passa a assistir às reuniões dos duas vezes pelos opressores ao longo do livro.
militantes de esquerda. No primeiro capítulo, temos Na narrativa, temos outro tom que desconcerta
o tom de celebração da vida, enquanto o prólogo é o a força bruta da ditadura, a beleza do amor entre
quadro aterrador da morte e da crueldade. As origens duas amigas desde a infância, Angelina e Lílian, que
de Angelina na luta contra a opressão estavam desde é diagnosticada com câncer. Quanto sentimento
o início na faculdade de Pedagogia, com sonhos de fraterno entre as duas e quanta dor no coração de
educar os alunos para a liberdade de expressão. Angelina pela amiga. Angelina gostaria de estar no
Nas reuniões, Angelina conhece Renato, um lindo seu lugar. Por isto, apesar da mãe de Angelina, Marisa,
militante por quem fica interessada e logo tem um acreditar em Deus, a personagem principal revela
relacionamento com ele, que é quebrado pela procura sua descrença. Lílian não participava do movimento
dele por “amor livre”. Angelina queria compromisso. estudantil. Temos um ponto alto no livro em que nós
Ele não. Ela logo muda de área na faculdade para somos apresentados aos tons contrastantes entre as
Essas são crônicas das cartografias de uma infância repleta de fatos memoráveis do
cotidiano de uma comunidade no interior da Bahia, que têm dimensões humanas
e ultrapassam qualquer geografia ou particularidades, quando tratam de temas
universais, tais como: o nascimento, a infância, a velhice, a morte, a chuva, o ato
de comer, as enfermidades, a escola, entre outras abordagens que, de maneira
leve, local e global ao mesmo tempo, traçam mapas das gentes, das imagens e das
emoções como um modo particular de voltar até aquele lugar. De rever as pessoas.
De reviver, através desta escrita, o que não é mais tangível.
www.editorapenalux.com.br/loja/o-sem-fim-da-infancia
Lente de aumento para coisas grandes coloca uma lupa sobre o leitor e seu mundo.
Nosso mundo. Quem somos nós dentro de um contexto ou outro? Quem? Somos
desertos, multidões, solidariedade, solidão. Somos aquilo que pensamos ser ou o
que achamos que o mundo espera de nós? A autora certamente não responderá a
estas questões, ninguém jamais irá, mas nos convidará à reflexão a partir de um
olhar de íntima proximidade. Um olhar de estranhamento, de admiração diante do
cotidiano, do familiar. Visto assim, de pertinho, tudo pode ser diferente, tudo pode
se (re)significar. E Sabrina Dalbelo nos desafia: “experimente / olhar sinceramente /
sem rotular / liberta / faz gente” “experimente / principalmente / para um indigente
/ para um menos gente”. Por Paula Giannini
www.editorapenalux.com.br/loja/lente-de-aumento-para-coisas-grandes
Rico em referências, o poeta Gilvair Messias mostra que bebeu de muitas fontes
para construir seu próprio estilo, que é rico daqueles elementos próprios ao texto
poético, como a polissemia, as aliterações, o ritmo. Mas, além da forma, há um ser
perplexo diante do mundo, quando se pergunta “O que direi do que não senti? Não
sou dado ao raciocínio exato” (Ignorância); e totalmente absorvido pela recriação
desse mesmo mundo incompreensível, através da arte poética que, na minha
apreciação, tem seu ponto alto nos versos “Havia um grão de menino no meio
da praia/ E dentro do menino havia a praia/ E na praia, o vazio do mundo/ E, no
mundo, a miudeza de um menino" (em O mundo num grão de areia). [...] Gilvair
Messias é teólogo e o sagrado se lhe revela em tudo a volta. [...] Livro de estreia,
sim, mas que nasce maduro. Ou seria melhor dizer, que nasce pronto a se desfazer,
a ser refeito por outros olhares poéticos. Por Marco Túlio Costa
www.editorapenalux.com.br/loja/_