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“Nossos Rios”
Niterói, RJ
Maio de 2002
Instituto Baía de Guanabara
“Nossos Rios”
Niterói, RJ
Maio de 2002
Instituto Baía de Guanabara
Conselho Deliberativo
Os conteúdos dos capítulos não esgotam os assuntos tratados e nem pretendem abordar todos
os diferentes aspectos e relações inter, trans-disciplinares e institucionais existentes numa
bacia hidrográfica. Eles têm o objetivo de mostrar as inúmeras possibilidades de
descobrimentos que existem em cada atividade temática e em cada um de nossos rios, seus
afluentes, suas nascentes e seus saberes locais. E incentivar a incorporação deste
aprendizado ao nosso cotidiano de educadores.
NOSSOS RIOS
SUMÁRIO
Pág.
Introdução 2
Referências 31
A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara
A Baía de Guanabara pode ser considerada como um estuário de inúmeros rios que levam a
ela, em média, mais de 200 mil litros de água a cada segundo. Essa água é captada pelas
bacias hidrográficas desses rios que, somados, formam a Região Hidrográfica da Baía de
Guanabara.
As maiores bacias são as dos rios Guapi/Macacu, Caceribu, Iguaçu/Sarapui,
Estrela/Inhomirim/Saracuruna, Guaxindiba/Alcântara, Meriti/Acari, Canal do Cunha, Canal
do Mangue, Bomba, Imboaçu, Suruí, Roncador, Magé e Iriri. Nas áreas densamente
urbanizadas, os rios são quase todos canalizados e em muitos trechos são cobertos,
conduzindo águas de péssima qualidade.
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Essa unidade ambiental que é administrada por dois colegiados, ambos com participação dos
governos estadual e municipais, da sociedade civil e de usuários da água, e que funcionam
articuladamente:
Conselho Gestor da Baía de Guanabara – criado pelo Decreto nº 26.174 de 14 de abril 2000.
Dentro do Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara
Conselho Estadual de Recursos Hídricos – Criado pelo Decreto nº 27.208, de 02 de outubro
de 2000. Órgão encarregado de supervisionar e promover a implementação das diretrizes da
Política Estadual de Recursos Hídricos.
A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara, que ocupa uma área de 4.198 km2, foi habitada
pelos índios, durante mais de 8.000 anos, antes do início da colonização do Brasil.
Em 1500, viviam na Guanabara os tupinambás ou tamoios, da nação Tupi-Guarani, em cerca
de 30 a 40 aldeias localizadas nas áreas mais elevadas da orla da baía e nas margens dos rios.
Os índios tinham uma relação harmoniosa com a natureza, coletando frutas, pimentas e ervas,
caçando, pescando, plantando milho, mandioca, cará, batata-doce, abóbora e outros
alimentos. Deles herdamos os nomes da baía, de muitos rios e localidades.1
A região apresenta um relevo diversificado, modelado pela natureza durante milhões de anos,
com 4 áreas distintas: a Baía de Guanabara; a Baixada Fluminense; as colinas e os maciços
costeiros e a Serra do Mar.1
A paisagem atual da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara é um registro da história do
Brasil, tanto pela importância de toda a região na economia e na cultura do país como pelos
graves problemas que prejudicam o ambiente e a vida da população. Esses problemas foram
criados durante cinco séculos de ocupação da região, primeiro atendendo aos interesses do
sistema colonial português e, após a independência política do Brasil em 1822, aos dos
modelos de desenvolvimento agrário-exportador (1822-1930) e urbano industrial (a partir de
1930).1
As mesmas riquezas naturais que atraíram e facilitaram a ocupação das bacias foram sendo
destruídas no processo de ocupação e correm hoje o risco de desaparecer.1
Hoje a região está ocupada, em grande parte, pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e
pelo segundo maior parque industrial do país, com todas as oportunidades e problemas
inerentes.1
1
Fonte: Rosa, Mara da Silva. Baía de Guanabara: Programa de Revitalização.2001.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara
A maioria dos empregos está no setor de comércio e serviços (turismo, cultura, bancos, órgãos
públicos etc.) e, em segundo lugar, vem o setor industrial. Mas a agricultura, a pecuária e a
pesca também são atividades econômicas importantes.1
Estima-se que 1/3 da população da região resida em favelas e outro 1/3 em áreas com
condições precárias de urbanização e saneamento.1
A importância da proteção ao ambiente das bacias hidrográficas está, não só na conservação
das suas riquezas naturais - os rios, a mata atlântica, os manguezais e a própria baía, mas
também na melhoria da qualidade de vida dos 8,2 milhões de habitantes dos 16 municípios
que nelas estão localizados.1
Ciclo Hidrológico2
Fonte: UNESCO, 1992, Ground Water. Environment and Development - Briefs. No. 2.
traduzido e adaptado pelo DRM/RJ.
No ciclo da água o sol tem papel fundamental, pois faz evaporar, através das radiações
solares, a água dos rios, dos lagos, dos oceanos e de todos os seres vivos. Com a evaporação,
formam-se as nuvens, e das nuvens as águas retornam na forma de precipitação (chuva),
trazendo gás carbônico, nitrogênio e outras substâncias fundamentais à vida dos seres vivos.
Ao atingir o solo, uma parte infiltra-se no mesmo promovendo a recarga das reservas freáticas
e a re-hidratação do solo, ou seja, dos depósitos de água disponível para a vegetação terrestre
e para as atividades biológicas. Outra parte escoa para os rios, lagos e oceanos.
2
Fonte: www.mma.gov.br/ANA/ CicloHidrológico
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara
A água acumulada por efeito da infiltração em parte retorna à superfície, na forma de
nascentes, e outra parte é restituída à atmosfera por meio da evapotranspiração. A vegetação
tem as importantes funções de acelerar o processo de evaporação, através da transpiração das
superfícies das folhas, repondo o vapor d’água na atmosfera; de contribuir em parte para o
equilíbrio do clima e da própria atmosfera e, também, para a prevenção dos fenômenos da
erosão provocados pela ação mecânica da água sobre o solo.
À medida que crescem as populações, a sustentabilidade do uso da água depende
fundamentalmente da adaptação das pessoas ao ciclo da água. As sociedades humanas
precisam desenvolver a habilidade – sensibilização, conhecimentos, procedimentos e
instituições – para administrar seu uso de uma foram integrada e abrangente, de forma a
manter a qualidade e o suprimento de água para as pessoas e para os ecossistemas que as
suportam.
Bacia Hidrográfica
Fonte: www.mma.gov.br
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara
Os Comitês de Bacias, também criados pela Lei nº 9.433, são órgãos colegiados, compostos
por representantes dos órgãos públicos, dos usuários e da sociedade civil, organizados para a
gestão dos recursos hídricos de uma região. Constituem importantes fóruns para que a
população, através de suas organizações, possa participar ativamente na condução e
administração dos recursos hídricos de sua bacia.
Na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara estão sendo organizados dois principais
Comitês de Bacias: O Comitê das Bacias do Leste da Guanabara e o Comitê das Bacias do
Oeste da Guanabara.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara
Bacia dos Rios Guaxindiba/Alcântara
Fonte*:FEEMA/PDBG
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Modificação baseada no mapa FEEMA/PDBG
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guaxindiba/Alcântara
A bacia do Guaxindiba/Alcântara é atravessada por importantes rodovias que facilitam o acesso
ao interior do Estado, especialmente à Região dos Lagos.
O uso do solo é predominantemente urbano e grande parte da população, de aproximadamente
1milhão de pessoas, desloca-se diariamente para trabalhar para o Rio de Janeiro e Niterói
A população ainda é bastante esparsa na porção superior da bacia, no município de Niterói, junto
às nascentes do rio Alcântara, onde estão as áreas mais conservadas e com remanescentes de
Mata Atlântica.
Em São Gonçalo a ocupação é mais densa e desordenada, típica das regiões periféricas dos
grandes centros da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com problemas sociais e ambientais
generalizados. É comum a precariedade ou ausência de esgotamento sanitário, de abastecimento
de água e coleta de lixo, condicionando a população a uma situação de alta insalubridade.
Os contribuintes dos rios Guaxindiba e Alcântara recebem grande carga orgânica de esgotos
domésticos e industriais não tratados, apresentando alto grau de deterioração. São normalmente
utilizados como lixeira por uma significativa parcela da população não atendida pelos serviços
públicos de limpeza urbana. As águas chegam ao baixo curso da bacia muito poluídas,
contribuindo para a degradação dos manguezais e da Baía de Guanabara.
Algumas empresas instaladas na região são responsáveis por atividades potencialmente
poluidoras na área da bacia do Guaxindiba/Alcântara. A Sociedade Indústria de Refrigerantes
S/A - FLEXA, a Guanabara Química Industrial S/A - GETEC, Indústria e Comércio DE LUXE
Ltda, o Laboratório B.BRAUN S/A Produtos Farmacêuticos e a CCPL - Niterói estão na lista da
FEEMA das 155 indústrias prioritárias para controle em toda a Baía de Guanabara.
Os resíduos sólidos urbanos coletados na bacia são dispostos nos vazadouros de Itaóca, em São
Gonçalo, próximos à APA de Guapi-Mirim, (cerca de 750 toneladas/dia) e no Morro do Céu, em
Niterói (cerca de 600 toneladas/dia).
Na foz do Guaxindiba/Alcântara e de outros rios da bacia do leste da Guanabara encontra-se a
APA de Guapi-Mirim, criada pelo Decreto Presidencial nº 90.225 de 25 de setembro de 1984,
sob a tutela do IBAMA para proteger os manguezais remanescentes no litoral da Baía de
Guanabara.
Com uma área de 138,25km², a APA é administrada por um Conselho Gestor que é presidido
pelo ser Chefe e tem a participação de representantes dos principais interessados na área: as
prefeituras de Guapimirim, Magé, Itaboraí e São Gonçalo, os caranguejeiros, os pescadores, os
pesquisadores e também os empresários .
Os interessados nos rios Guaxindiba/Alcântara estão integrados aos dos rios Guapi/Macacu e
Caceribu e se articularam em uma Comissão Pró-Comitê das Bacias do Leste da Guanabara. Em
breve será buscada a sua aprovação junto ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guaxindiba/Alcântara
APA de Guapi-Mirim
Foto: CIGUA/IBG
A região onde se encontra a bacia do Guaxindiba/Alcântara era primitivamente coberta pela Mata
Atlântica, assim como a maior parte da vertente atlântica da Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro.
Com a chegada dos europeus nas terras dos índios tamoios ou tupinambás, tem início, no século XVI, um
processo de destruição das florestas, que se verifica até os dias de hoje.
Dos ciclos de exploração econômica, iniciada com o extrativismo do pau-brasil, a lavoura canavieira foi o
de maior expansão, ocupando quase toda a planície e colinas existentes em torno da Baía de Guanabara e
predominando por cerca de três séculos.
Com a decadência da cultura da cana-de-açúcar a paisagem modificou-se. Grandes áreas de terras ficaram
abandonadas e outras foram ocupadas com algumas culturas esparsas de subsistência.
O ciclo dominado pela cana-de-açúcar que caracterizou a região até meados século XIX cedeu lugar para
expansão urbano-industrial na segunda metade do século XX.
Em 1950 já surgem as indústrias manufatureiras, distribuídas esparsamente e de acordo com a oferta de
matéria-prima e mão de obra, destacando-se as de conservas de peixes, as cerâmicas e a fábrica de
cimento Portland Mauá (uma das maiores do Brasil na época).
Na região de Niterói e São Gonçalo predominavam, entre meados do século XIX e início do século XX, as
chamadas “culturas de chácara”, destinadas a abastecer, em parte, a crescente cidade do Rio de Janeiro
com frutas, legumes, verduras e produtos avícolas. O crescimento demográfico na bacia e na Região
Metropolitana de um modo geral foi vertiginoso a partir dos anos 40, resultando na exclusão total das
“culturas de chácaras”. Niterói e São Gonçalo são hoje municípios absolutamente urbanos.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guaxindiba/Alcântara
Qualidade das Águas dos principais Rios da Bacia do Guaxindiba/Alcântara
As nascentes de qualquer rio são especialmente protegidas e estão enquadradas na Classe I, cujas
águas são destinadas ao abastecimento doméstico com simples desinfecção e à preservação do
equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
A FEEMA faz o controle da qualidade das águas dos rios da bacia nos pontos de amostragem
Guaxindiba (GX-720), Alcântara (AN-740) e Mutondo (MT-820) e os resultados das análises são
divulgados periodicamente.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guaxindiba/Alcântara
A Bacia do Rio Caceribu
O rio Caceribu é um dos principais contribuintes para a Baía de Guanabara. Com quase 60 km de
extensão, é a segunda maior área de drenagem (846 km2, cerca de 20,7 % de toda a região
hidrográfica). Tem suas nascentes nas serras ainda florestadas nos municípios de Rio Bonito e
Tanguá, atravessando este último, Itaboraí e parte de São Gonçalo e desaguando na vertente leste
da Baía de Guanabara através do manguezal de Guapimirim. Os rios Aldeia, dos Duques, Bonito
e Tanguá são seus principais afluentes.
Bacia do Caceribu
Fonte: IBG/CIGUA
Com uma população de cerca de 336 mil habitantes e densidade populacional de 0,40 hab/km2,
(Censo de 1991), a bacia hidrográfica do rio Caceribu tem problemas ambientais menores que as
bacias da zona oeste. Entretanto, a comparação entre os censos demográficos do IBGE de 1980 e
1991 mostra que o município de Itaboraí teve um crescimento anual de 3,16% ao ano, seguido
pelo de São Gonçalo, de 1,79%, índices maiores que a média de 0,8% de toda a região
hidrográfica da Baía de Guanabara.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – Bacia do Caceribu
Os municípios de Itaboraí e São Gonçalo mostraram o maior crescimento de área urbana de toda
região hidrográfica drenante à Baía de Guanabara, segundo imagens do satélite Landsat (INPE –
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Conseqüentemente, estes tiveram desmatamento
recorde, proporcional ao crescimento populacional. 1
A história de ocupação do Vale do Caceribu tem quase 500 anos, se fomos contá-la a partir da chegada dos primeiros
europeus no continente americano.
O território banhado pelo rio Caceribu e seus afluentes foi uma área agrícola rica, com significativa população rural.
Esta trajetória, do passado agrícola ao presente urbano, merece ser estudada por um motivo: a evolução do
povoamento e os sucessivos períodos de crescimento e decadência da economia do vale do Caceribu representam em
escala menor, e por isso mesmo mais complexa, os grandes conflitos, contrastes e desigualdades que caracterizam até
hoje a sociedade brasileira.
Ainda podemos ver ao longo da estrada algumas marcas desse passado distante e de um passado mais próximo. Ao
passado distante pertencem as ruínas das senzalas, das grandes casas de antigas fazendas e das capelas, testemunhos
mudos da época do Brasil colonial e do Brasil-Império, quando o vale do Caceribu se destacava como uma das mais
importantes regiões agrícolas da Baixada da Guanabara. Ao passado mais próximo pertencem as grandes e pequenas
olarias que trouxeram muita riqueza à região no século XX. Contudo, se nos afastamos da estrada, entrando pelo
labirinto de estradinhas que cortam o interior dos municípios de Itaboraí e Rio Bonito – os dois principais municípios
banhados pelas águas do Caceribu - vemos que, não obstante à violenta expansão da urbanização, a agricultura não
só deixou marcas na paisagem de morros como ainda está presente sob a forma de extensas áreas de pastagem e de
pequenos lotes de fruticultura e horticultura.
Originalmente o rio Caceribu era um afluente do rio Macacu. Ambos foram os eixos
estruturadores do território local pelo fato de terem sido as principais vias de transporte de
mercadorias e de pessoas. Com grandes obras de engenharia realizadas entre os anos 40 e 60 para
o saneamento da Baixada Fluminense, o rio Macacu foi desviado para o rio Guapimirim, onde
passou a desaguar, ficando a bacia do rio Caceribu isolada, desaguando pela mesma foz do antigo
rio Macacu. Rompeu-se assim a configuração geográfica que havia fundamentado a história da
ocupação daquela área.
Hoje o eixo estruturador do território na área é a rodovia BR-101, uma das mais importantes vias
de acesso à metrópole do Rio de Janeiro e à Região dos Lagos. Os municípios da bacia são áreas
de passagem dos indivíduos e mercadorias que trafegam na rodovia.
Identifica-se como uma atividade significativa a indústria de cerâmica que produz os tijolos para
o crescimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, anteriormente responsável pela
extração ilegal de madeira do manguezal de Guapimirm e pela poluição atmosférica gerada. Hoje
a lenha foi substituída pela eletricidade e pelo gás natural. A mineração da argila a céu aberto
continua causando a degradação do solo e o assoreamento dos rios. O setor de serviços tem
crescido com a urbanização que, por sua vez, agravou os problemas de saneamento e a
devastação das áreas verdes.
1
Fonte: JICA – Japan International Cooperation Agency, 1994: “ The Study on Recuperation of the Guanabara Bay
Ecosystem”
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – Bacia do Caceribu
Nascente do rio Caceribu
Fonte: IBG/CIGUA
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – Bacia do Caceribu
Rio Caceribu/APA de Guapi-Mirim
Fonte: IBG/CIGUA
Os rios da bacia são considerados, segundo a Resolução CONAMA no 020 de 18/06/86, que
classifica as águas doces, salobras e salinas, como de Classe 2 , cujas águas são destinadas:
a) ao abastecimento doméstico após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário ( natação, esqui aquático e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação.
As nascentes de qualquer rio são especialmente protegidas e estão enquadradas na Classe I, cujas
águas são destinadas ao abastecimento doméstico com simples desinfecção e à preservação do
equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – Bacia do Caceribu
A FEEMA faz o controle da qualidade das águas do Caceribu através de um ponto de
amostragem, o CC-662, e os resultados das análises são divulgados periodicamente.
Dentre os diversos parâmetros que a FEEMA monitora, apenas três (DBO, OD e Coli Fecais)
foram escolhidos para efeito da tabela abaixo.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios – Bacia do Caceribu
A Bacia dos Rios Guapi/Macacu
A bacia do Guapi/Macacu possui uma área de drenagem de cerca de 1640 km² e uma população
estimada em 106.341 mil habitantes (JICA, 1994). É limitada ao norte e noroeste pela serra dos
Órgãos, à nordeste pela serra de Macaé de Cima, à leste pelas serras da Botija e de Monte Azul e
ao sul pelas serras do Sambê e dos Garcias.
O município de Cachoeira de Macacu tem 90% de sua área nesta bacia, Guapimirim tem
aproximadamente 95% e Itaboraí, 12%.
Fonte: SEMADS
O rio Macacu nasce na serra dos Órgãos, a cerca de 1700m de altitude, no município de
Cachoeiras de Macacu, e percorre aproximadamente 74 km até a sua junção com o Guapimirim.
Os principais afluentes são os rios São Joaquim, Bela Vista, Bengala, Soarinho, das Pedras,
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guapi/Macacu
Pontilhão e Alto Jacu, pela margem esquerda, e os rios Duas Barras, Cassiano e Guapiaçu, seu
maior afluente pela margem direita.
A partir da confluência do Guapiaçu com o Macacu inicia-se o Canal de Imunana, construído
pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) com o objetivo de drenar as
áreas adjacentes freqüentemente inundadas. Com a construção do canal o curso natural do
Macacu foi desviado e ele se uniu ao Guapimirim. Sua área de drenagem, por essa razão, foi
enormemente aumentada e o rio Guapimirim, após receber as águas do Macacu/Guapiaçu passou
a ser chamado de Guapi até a sua foz na Baía de Guanabara.
O rio Caceribu, que também era afluente do Macacu pela margem esquerda, ganhou, a partir das
obras do DNOS, desembocadura independente, ocupando o antigo baixo leito e a foz do Macacu
na Baía de Guanabara.
A Bacia do Guapi/Macacu é responsável pelo abastecimento de cerca de 2,5 milhões habitantes
dos municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirm, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói, além de
ser utilizada para irrigação e piscicultura.
O uso do solo é predominantemente rural, com áreas de vegetação natural, agricultura e de
pastagens.
A história da ocupação de área da bacia do rio Macacu remonta do início da colonização do Brasil. A sesmaria de
Macacu, estabelecida em 1571, teve seu primeiro povoado denominado Santo Antônio de Sá. Em 1923, este povoado
recebeu o nome de Cachoeira de Macacu.
No caso do município de Magé, sua origem data de 1567, com a instalação do povoado de Magé, próximo a foz do
rio Magé. O município de Guapimirim foi criado a partir do desmembramento de Magé (criação em 21/12/1990 e
instalação em 01/01/93).
A ocupação do recôncavo da baía deu-se a partir da plantação da cana-de-açúcar nas terras baixas e de colinas
(séculos XVI a XVIII).
Os rios nas áreas de baixadas exerceram importante papel na penetração e colonização da região. “Ao longo de suas
margens é que se foram alinhando engenhos e fazendas e por eles é que descia para o Rio de Janeiro a produção”
(Lamego, 1948).
O rio Macacu era navegável até Porto das Caixas (atualmente Bacia do Rio Caceribu) onde era realizado o
embarque da produção de Itaboraí.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guapi/Macacu
Quanto ao relevo, encontram-se na bacia do rio Macacu, de montante para jusante, as escarpas e
reversos da serra do Mar seguidas de colinas e maciços costeiros, uma pequena área de tabuleiros
costeiros e, finalmente, grandes áreas de planícies costeiras e modelados de acumulação fluvial.
As altitudes máximas são encontradas junto às nascentes dos rios e são na ordem de 1700m, no
rio Macacu, 1200m no rio Guapiaçu e 2000m no rio Guapimirim.
Observa-se na área da bacia o bioma Mata Atlântica e os ecossistemas campos de altitude,
manguezais, brejos, rios e estuários.
Fonte: www.mma.gov.br
Com uma área de 138,25km², a APA de Guapi-Mirim é administrada por um Conselho Gestor.
Este Conselho é presidido pelo Chefe da APA e tem a participação dos principais interessados na
área: as prefeituras de Guapimirim, Magé, Itaboraí e São Gonçalo, os caranguejeiros, os
pescadores, os pesquisadores e também os empresários.
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guapi/Macacu
APA de Guapi-Mirim
Sob a tutela estadual, encontram-se nos territórios da bacia do Guapi/Macacu a Área de Proteção
Ambiental do Jacarandá no município de Cachoeiras de Macacu, e a Estação Ecológica do
Paraíso, com metade da área no município de Guapimirim Seu patrimônio inclui o Centro de
Primatologia do Rio de Janeiro, que tem como finalidade principal pesquisar a vida de primatas
neotropicais e reintroduzi-los em seu habitat natural.
Algumas empresas instaladas na região são responsáveis por atividades potencialmente
poluidoras na área da bacia do Guapi/Macacu. A CIBRAPEL-Papel e Embalagens, a CCPL –
Macacu e a Klabin Fábrica de Papel e Celulose S/A estão na lista da FEEMA das 155 indústrias
prioritárias para controle em toda a Baía de Guanabara.
Os resíduos sólidos urbanos coletados na bacia são dispostos nos vazadouros de Bonfim, em
Guapimirim (cerca de 20 toneladas/dia) e em Japuíba, no município de Cachoeiras de Macacu
(cerca de 80 toneladas/dia).
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Instituto Baía de Guanabara – Nossos Rios - Bacia dos rios Guapi/Macacu
Os interessados nos rios Guapi/Macacu, Caceribu e Guaxindiba/Alcântara, que deságuam na
APA de Guapi-Mirim estão se articulando e já formaram uma Comissão Pró-Comitê das Bacias
do Leste da Guanabara. Em breve será buscada a sua aprovação junto ao Conselho Estadual de
Recursos Hídricos.
Os rios da bacia são considerados, segundo a Resolução CONAMA no 020 de 18/06/86, que
classifica as águas doces, salobras e salinas, como de Classe 2 , cujas águas são destinadas:
a) ao abastecimento doméstico após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação.
As nascentes de qualquer rio são especialmente protegidas e estão enquadradas na Classe I, cujas
águas são destinadas ao abastecimento doméstico com simples desinfecção e à preservação do
equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
A FEEMA faz o controle da qualidade das águas dos rios da bacia nos pontos de amostragem
Guapi (GP-600 e GP-601), Macacu (MC-967) e Soberbo (SB-998) e os resultados das análises
são divulgados periodicamente.
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Bacia dos Rios Estrela/Inhomirim
Abrange uma área aproximada de 667,50 km² (JICA, 94) e limita-se com as seguintes bacias:
Paraíba do Sul, ao norte, Iguaçu/Sarapuí, a oeste e Suruí, a leste. Ao sul o limite se faz com a
Baía de Guanabara.
A bacia compreende, parcialmente, os municípios de Duque de Caxias e Magé e uma pequena
área de Petrópolis.
Os rios Inhomirim e Saracuruna nascem na Serra do Mar, respectivamente em Petrópolis e Duque
de Caxias numa altitude acima dos 1000m.
O rio Inhomirim recebe as águas de alguns pequenos cursos como Vala da Olaria, Córrego
Tibiriçá, rio Cachoeira e do canal Caioaba construído para drenar as águas de enchentes, e hoje é
utilizado como receptor de águas servidas. O rio Saracuruna tem como afluentes o rio Roncador,
o córrego da Taquara e os canais de Santo Antônio e Mato Alto.
Fonte*:FEEMA/PDBG
*
Modificação baseada no mapa FEEMA/PDBG
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]A parte alta da bacia acha-se recoberta por vegetação arbórea, com remanescentes de Mata
Atlântica protegidos sob a tutela federal no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, cuja área
abrange parte de Magé, e na Área de Proteção Ambiental de Petrópolis que ocupa também áreas
dos municípios de Magé e Duque de Caxias.
Rio Estrela
FONTE : IBG/CIGUA
A baixada apresenta ainda vegetação característica de meio salobro, com manguezais e áreas
inundadas. Nesta área o rio Inhomirim, após receber o seu afluente Saracuruna, passa a
denominar-se rio Estrela até sua desembocadura na Baía de Guanabara.
O elevado grau de urbanização ocorre, principalmente, nas áreas da parte média da bacia, mas
também nas áreas mais baixas, onde os aterros estão cedendo lugar a uma crescente ocupação
humana. Estima-se que cerca de 600 mil pessoas vivam na área da bacia Estrela/Inhomirim,
principalmente nos núcleos urbanos de Inhomirim, Fragoso, Piabetá, Imbariê, Campos Elíseos,
Pau Grande e Saracuruna.
Algumas empresas instaladas na região são responsáveis por atividades potencialmente
poluidoras na área da bacia do Estrela/Inhomirim. A Companhia Nacional de Tecidos Nova
América, o Matadouro Piabetão Indústria e Comércio de Carnes, a Mimopel Papéis Higiênicos
Ltda, a Refilub (Lwart – Lubrificantes), a SANDOZ S/A e a Refrigerantes Pakera estão na lista
da FEEMA das 155 indústrias prioritárias para controle em toda a Baía de Guanabara.
O município de Magé faz a disposição de resíduos sólidos urbanos no vazadouro localizado no
distrito de Vila Inhomirim, em Bongaba, às margens do rio Inhomirim (cerca de 190
toneladas/dia).
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Já o município de Duque de Caxias faz a disposição do lixo no aterro sanitário de Gramacho
junto à foz e na margem direita dos rios Sarapuí e Iguaçu, de onde provém grande quantidade de
lixo não degradável. Das 7,7 mil toneladas/dia de lixo produzido em toda a região hidrográfica
da Baía de Guanabara, 5,5mil toneladas são dispostas em Gramacho, de onde saem cerca de
800mil litros diários de chorume (caldo ácido e tóxico) para as águas da baía.
A ocupação portuguesa na orla da Baía de Guanabara na área ocupada pela bacia dos rios Estrela/Inhomirim
(municípios de Magé e Duque de Caxias) ocorreu onde os manguezais e áreas alagáveis deram lugar a faixas de terra
firme. Nestas se multiplicaram os engenhos de açúcar, ligados à cidade do Rio de Janeiro por uma farta rede
hidrográfica e de portos. Os colonizadores foram se estabelecendo nos vales dos rios Meriti, Sarapuí, Iguaçu, Pilar,
Estrela, Saracuruna e Inhomirim.
O povoamento da área foi contemporâneo ao da cidade do Rio de Janeiro, com a doação, a partir de 1566, de grandes
extensões de terras (as sesmarias) pelos governadores da época.
Em 1667 foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Inhomirim. Apesar de menor, Inhomirim foi
escolhida para sede Paroquial e ainda para Capital do Distrito Miliciano, que compreendia os territórios das
freguesias de Nossa Senhora da Piedade de Magépe, de Nossa Senhora da Guia de Pacobaíba e São Nicolau de
Suruí.
Inhomirim se tornou o centro não só da freguesia, mas de toda a região da Baixada Fluminense, compreendida por
estas três Paróquias, indo a influência serra acima até os confrontos do Rio Paraíba.
A baixada se constituiu em retaguarda econômica, tendo se estabelecido como importante base de produção
agrícola, destacando-se a cultura da cana-de-açúcar.
O século XVIII marcou o auge da produção aurífera em Minas Gerais. Todos os caminhos atravessavam a baixada,
terminando, dois deles, nos portos fluviais de Pilar, Iguaçu e Estrela, situados nos cursos d’água tributários da Baía
de Guanabara.
Os pontos de transbordo para o transporte aquaviário em direção ao porto propiciaram o surgimento de toda uma
infra-estrututra de apoio às operações comerciais, razão de ser do aparecimento dos primeiros núcleos urbanos na
Baixada da Guanabara, como Magé, Iguaçu, Pilar e Estrela.
No século XIX os acontecimentos foram decisivos e mudaram muito a vida de toda a região. Porto Estrela, antes
mesmo de Magé, foi elevado à categoria de município, em 20 de julho de 1846, incorporando as freguesias de N.S
do Pilar, Inhomirim, Vila de Pacobaíba e Petrópolis. Era inaugurada a primeira estrada de ferro do Brasil, partindo
do Porto de Mauá (Guia de Pacobaíba), às margens da Baía de Guanabara, em direção ao Fragoso (Vila do
Inhomirim). Tempos depois galgou a serra da Estrela em direção a Petrópolis.
A partir de 1855 Estrela entra em decadência devido, principalmente, ao ataque de cólera morbus, que dizimou
grande parte da sua população e de toda a baixada, e à Lei Áurea, que gerou falta de braços para a lavoura e limpeza
dos rios. Em 1891 transferia-se para a povoação de Raiz da Serra a sede da Vila Inhomirim, terminando assim na
condição de Arraial um dos portos mais movimentados da Baixada Fluminense.
A ocupação inadequada e os ciclos econômicos que se sucederam na área refletem os graves problemas ambientais e
sociais que se verificam atualmente na bacia dos rios Estrela/Inhomirim
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Qualidade das águas dos principais rios da bacia
Os rios Estrela, Inhomirim e Saracuruna são considerados, segundo a Resolução CONAMA no 020
de 18/06/86, que classifica as águas doces, salobras e salinas, como de Classe 2 , cujas águas são
destinadas:
a) ao abastecimento doméstico após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário ( natação, esqui aquático e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação.
As nascentes de qualquer rio são especialmente protegidas e estão enquadradas na Classe I, cujas
águas são destinadas ao abastecimento doméstico com simples desinfecção e à preservação do
equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
A FEEMA faz o controle da qualidade das águas dos rios da bacia nos pontos de amostragem
Estrela (ES-400), Inhomirim (IN-460) e Saracuruna (SC-420) e os resultados das análises são
divulgados periodicamente.
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A Bacia dos Rios Iguaçu/Sarapuí
Apresenta uma área de drenagem de 726 km² e abrange totalmente os municípios de Belford
Roxo e Mesquita e parte dos municípios do Rio de Janeiro, Nilópolis, São João de Meriti, Nova
Iguaçu e Duque de Caxias.
Limita-se com as seguintes bacias: ao norte com a do rio Paraíba do Sul, ao sul com as dos rios
Pavuna-Meriti, a leste com as dos rios Saracuruna e Inhomirim-Estrela e a oeste com a do rio
Guandu e outros afluentes da Baía de Sepetiba.
Fonte*:FEEMA/PDBG
Fonte*:FEEMA/PDBG
O rio Iguaçu tem sua nascente na serra do Tinguá, a uma altitude de cerca de 1000m. Possui uma
extensão de aproximadamente 43km e deságua na Baía de Guanabara. Seus principais afluentes
são: Tinguá, Pati e Capivari pela margem esquerda e Botas e Sarapuí, pela margem direita.
*
Modificação baseada no mapa FEEMA/PDBG
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A bacia Iguaçu/Sarapuí primitivamente foi ocupada pelos índios Tupinambás. O povoamento das áreas da planície,
que se estende do Meriti ao Inhomirim, e da baía ao sopé das serras foi contemporâneo ao da cidade do Rio de
Janeiro, com a doação de grandes extensões de terras (as sesmarias) pelos governadores da época. A partir de 1566,
ano em que teve início as concessões das terras (antes era a capitania de São Vicente, pertencente a Martin Affonso
de Souza), os colonizadores foram se estabelecendo nos vales dos rios Meriti, Sarapuí, Iguaçu, Pilar, Estrela,
Saracuruna e Inhomirim.
A baixada se constituiu em retaguarda econômica, tendo se estabelecido como importante base de produção
agrícola, com destaque para a cultura da cana-de-açúcar.
O século XVIII marcou o auge da produção aurífera em Minas Gerais. Todos os caminhos atravessavam a baixada,
terminando, dois deles, nos portos fluviais de Pilar, Iguaçu e Estrela, situados nos cursos d’água tributários da Baía
de Guanabara.
Os pontos de transbordo para o transporte aquaviário, em direção ao porto, propiciaram o surgimento de toda uma
infra-estrututra de apoio às operações comerciais, razão de ser do aparecimento dos primeiros núcleos urbanos na
baixada da Guanabara como Magé, Porto das Caixas, Iguaçu e Estrela.
A ocupação da bacia do Iguaçu-Sarapuí está relacionada à história do município de Nova Iguaçu, que desde a sua
criação, em 1833, continha as terras hoje pertencentes aos municípios de Duque de Caxias, Nilópolis, São João de
Meriti e Belford Roxo.
A ocupação inadequada e os ciclos econômicos que se sucederam na área refletem, ainda hoje, os graves problemas
ambientais e sociais que se verificam na bacia.
O rio Sarapuí nasce na serra de Bangu no município do Rio de Janeiro, numa altitude de
aproximadamente 900m. De sua origem à foz, no rio Iguaçu, tem cerca de 36 km. O rio Sarapuí
passou a pertencer à bacia do rio Iguaçu no início do século XX, por ocasião das primeiras
grandes obras de saneamento na Baixada Fluminense, quando seus cursos médio e inferior foram
retificados e sua foz desviada para o curso inferior do rio Iguaçu. Ambos os rios apresentavam-se,
anteriormente, bastante sinuosos. Tem como afluentes principais os rios Socorro, Santo Antônio e
da Prata, as valas Bom Pastor, Jardim Gláucia, Gaspar Ventura, dos Teles, Bananal, os canais do
Peri Peri e do Rocha e o Valão Coletor Jardim Gramacho.
O relevo da bacia se caracteriza principalmente por duas unidades: a serra do Mar, onde se
encontra o ponto culminante da bacia, o pico do Tinguá, (1600m), e a Baixada Fluminense.
O clima é quente e úmido, com estação chuvosa no verão, temperatura média em torno de 22°C e
precipitação média anual em torno de 1700mm.
A vegetação remanescente da bacia ocorre predominantemente ao norte e nordeste, na serra do
Tinguá, e na serra de Madureira-Mendanha.
Na serra do Tinguá localiza-se a Reserva Biológica do Tinguá, trecho preservado de Mata
Atlântica.
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Reserva Biológica do Tinguá
Fonte: www.comrebiotingua.com.br
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A população residente na bacia foi estimada em cerca de 2,1 milhões de pessoas, das quais 180
mil vivem na área inundável da bacia, onde as condições sócio-ambientais são precárias.
Os rios Iguaçu e Sarapuí são considerados, segundo a Resolução CONAMA no 020 de 18/06/86,
que classifica as águas doces, salobras e salinas, como de Classe 2, cujas águas são destinadas:
a) ao abastecimento doméstico após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário ( natação, esqui aquático e mergulho);
d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação.
As nascentes de qualquer rio são especialmente protegidas e estão enquadradas na Classe I, cujas
águas são destinadas ao abastecimento doméstico com simples desinfecção e à preservação do
equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
A FEEMA faz o controle da qualidade das águas dos principais rios da bacia nos pontos de
amostragem Iguaçu (IA-260 e IA-261) e Sarapuí (SP-300) e os resultados das análises são
divulgados periodicamente.
Dentre os diversos parâmetros que a FEEMA monitora, apenas três (DBO, OD e Coli Fecais)
foram escolhidos para efeito da tabela abaixo.
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Referências
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