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TIPO PENAL
CONCEITO
Por imposição do princípio do nullum crimen sine lege, o legislador, quando quer impor
ou proibir condutas sob a ameaça de sanção, deve, obrigatoriamente, valer-se de uma
lei. Quando a lei em sentido estrito descreve a conduta (comissiva ou omissiva) com o
fim de proteger determinados bens cuja tutela mostrou-se insuficiente pelos demais
ramos do direito, surge o chamado tipo penal.
Tipo, como a própria denominação nos está a induzir, é o modelo, o padrão de
conduta que o Estado, por meio de seu único instrumento, a lei, visa impedir que seja
praticada, ou determina que seja levada a efeito por todos nós. A palavra tipo, na lição
de Cirilo de Vargas, "constitui uma tradução livre do vocábulo Tatbestand, empregada
no texto do art. 59 do Código Penal alemão de 1871, e provinha da expressão latina
corpus delicti. O tipo, portanto, é a descrição precisa do comportamento humano, feita
pela lei penal."
Na definição de Zaffaroni, "o tipo penal é um instrumento legal, logicamente
necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a
individualização de condutas humanas penalmente relevantes".
O Estado, entendendo que deveria proteger nosso patrimônio, valendo-se de um
instrumento legal, criou o tipo existente no art. 155, caput, do Código Penal, assim
redigido:
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Com essa redação o Estado descreve, precisamente, o modelo de conduta que quer
proibir, sob pena de quem lhe desobedecer ser punido de acordo com as sanções
previstas em seu preceito secundário. Se alguém, portanto, subtrai, para si ou para
outrem, coisa alheia móvel, terá praticado uma conduta que se adapta perfeitamente
ao modelo em abstrato criado pela lei penal. Quando isso acontecer, surgirá outro
fenômeno, chamado tipicidade, cuja análise será feita a seguir.