Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Exemplo 1.
: ra
Na situação mostrada ao lado temos:
r re
1 f :A→B
2 r XXX ri A = Dom(f ) = {1, 2, 3, 4} = domı́nio de f
XXX
3 r XXX z
X ro
:
B = {a, e, i, o, u} = contradomı́nio de f
X
XX
4 r z
X ru Im(f ) = {a, o, u} = imagem de f
f
A - B
Observação: 1. Podem sobrar elementos no conjunto B, ou seja, Im(f ) pode ser um subcon-
junto próprio (contido mas diferente) do contradomı́nio. Isso acontece no exemplo acima.
2. Não podem sobrar elementos em A. Se sobrar, não é função.
3. Não pode sair mais de uma flecha de um mesmo elemento de A, a cada elemento de Dom(f )
corresponde um e somente um elemento do contradomı́nio.
4. Mas pode chegar mais de uma flecha em um mesmo elemento de B.
Exemplos: 2. Lembre que o conjunto dos inteiros é o conjunto Z = {. . . , −2, −1, 0, 1, 2, 3, . . .}.
Para a função f : Z → Z, f (x) = x2 , temos que a imagem de f é o conjunto Im(f ) =
{0, 1, 4, 9, 16, . . .}.
3. Seja f a função que associa os dois últimos bits a cada bitstring (sequência de 0s e 1s) de
comprimento ≥ 2. Temos
A = Dom(f ) = conjunto dos bitstrings de comprimento ≥ 2
B = Im(f ) = {(0, 0), (0, 1), (1, 0), (1, 1)}
No exemplo 1 acima, f ({1, 2, 4}) = {a, o}. No exemplo 2, f ({−2, 1, 2}) = {1, 4}.
Em geral essa segunda forma da definição é mais conveniente pois trabalhar com igualdade
costuma ser mais simples do que trabalhar com desigualdade.
A função f do exemplo 1 não é injetora pois 2 6= 4 e f (2) = f (4). Note que para mostrar que
uma função não é injetora basta apresentar um contra-exemplo (exemplo de que a implicação
da definição não é válida).
2x + 1
Considere a função g : R − {2} → R, g(x) = . A função g é injetora, pois
x−2
2x + 1 2y + 1
g(x) = g(y) =⇒ = =⇒ (2x + 1)(y − 2) = (2y + 1)(x − 2) =⇒
x−2 y−2
=⇒ 2xy − 4x + y − 2 = 2yx − 4y + x − 2 =⇒ −4x + y = −4y + x =⇒ 5y = 5x =⇒ x = y.
Ou seja, mostramos que g(x) = g(y) =⇒ x = y.
2
Observação. Toda função estritamente crescente ou estritamente decrescente é injetora.
Composição de funções
3
Definição. Dadas duas funções f : A → B e g : B → C, a função composta de f com g é a
função g ◦ f (escreve-se na ordem inversa) definida por g ◦ f : A → C, (g ◦ f )(x) = g(f (x)).
Em outras palavras, a função composta g ◦ f é a função que para x ∈ A, primeiro leva em f (x)
e em seguida leva f (x) em g(f (x)).
'$
A '$
B '$Na
C
figura ao lado temos
ar f - br
g - cr
a ∈ A, b ∈ B, c ∈ C
&% &% &%
f (a) = b, g(b) = c e (g ◦f )(a) = c.
g◦f
(∀x ∈ A) (f −1 ◦ f )(x) = x ,
isto é,
f −1 ◦ f = IA
é a identidade em A.
Analogamente, dado y ∈ B, como f é bijetora, (∃!x ∈ A)(f (x) = y). Novamente pela
definição de função inversa, x = f −1 (y), e temos que y = f (x) = f (f −1 (y)) e, portanto,
h i
(∀y ∈ B) (f ◦ f −1 )(y) = y ,
isto é,
f ◦ f −1 = IB
é a identidade em B
4
Exemplo. Sejam A = {−2, −1, 0, 1, 2}, B = N0 = N ∪ {0} e f : A → B, f (x) = x2 . Então
G(f ) = {(−2, 4), (−1, 1), (0, 0), (1, 1), (2, 4)}.
6
Nesse caso, f é injetora se e somente se qualquer reta
horizontal interseciona G(f ) no máximo em um ponto.
5
Demonstração: Para dar uma ideia de como se pode provar esse tipo de propriedade, vamos
demonstrar apenas umas poucas.
Prova de 3): Seja m = bxc. Então, pela propriedade 1), m ≤ x < m + 1. Somando n a cada
termo da desigualdade, obtemos m + n ≤ x + n < m + n + 1.
Segue, novamente de 1), que bx + nc = m + n. Logo bx + nc = bxc + n.
Prova de 5): Seja m = dxe. Então, por 2), m − 1 < x ≤ m. Multiplicando por −1, segue que
−m + 1 > x ≥ −m. Por 1), segue que b−xc = −m. Logo b−xc = −dxe.
Exercı́cios resolvidos
1. Verifique se a função f : N → N, f (x) = 2n − 1 é injetora ou sobrejetora.
Solução: N = {1, 2, 3, . . .}. f é injetora. Justificativa:
Suponhamos que f (n) = f (m). Então 2n − 1 = 2m − 1. Somando 1, segue que 2n = 2m.
Então n = m.
Logo f (n) = f (m) =⇒ m = n e, portanto, f é injetora.
f não é sobrejetora. Para justificar isso basta mostrar que (∃n ∈ N)(∀m ∈ N)(f (m) 6= n).
Para justificar que existe n, temos que dar um exemplo de n com essa propriedade. Seja
n = 2.
Para ∀m ∈ N, temos f (m) = 2m − 1 6= 2, pois 2m − 1 = 2 =⇒ 2m = 3 =⇒ 2 | 3 (2 divide
3), o que é um absurdo, pois 3 é primo (um número é primo quando só é divisı́vel por 1
e por ele próprio).
Vamos utilizar o algoritmo de Euclides para mostrar que MDC(21, 25) = 1 e escrever 1
como combinação linear de 21 e 25.
25 = 1 · 21 + 4 =⇒ 4 = 25 − 21
21 = 5 · 4 + 1 =⇒ 1 = 21 − 5 · 4
Logo 1 = 21 − 5 · (25 − 21) = 6 · 21 + (−5) · 25.
Segue que f (6, −5) = 1.
Em seguida, notamos que, para um k ∈ Z qualquer, f satisfaz f (kn, km) = 21kn+25km =
k(21n + 25m) = k · f (n, m), ∀(n, m) ∈ Z × Z. Portanto, dado um k ∈ Z qualquer,
6
Logo, para qualquer k ∈ Z, existe (n, m) = (6k, −5k) ∈ Z2 tal que f (n, m) = k. Logo f
é sobrejetora.
Imagens inversas
Definição. Dada uma função f : A → B e um subconjunto S ⊆ B, definimos a imagem
inversa de S por f como sendo o conjunto
Cuidado: Não confunda com função inversa. Se f não for bijetora, nem existe a função inversa
f −1 , mas para qualquer S ⊆ B existe a imagem inversa f −1 (S).
Exemplo. Voltando ao primeiro exemplo desta seção,
f :A→B
: ra
A = Dom(A) = {1, 2, 3, 4} = domı́nio de f
r re
1 B = {a, e, i, o, u} = contradomı́nio de f
2 r XXX ri Im(f ) = {a, o, u} = imagem de f
XXX
3 r XXX X
z
:
ro f não é injetora nem sobrejetora. Não existe f −1 , mas
X
XX
4r z
X ru podemos falar em imagem inversa de um subconjunto
qualquer de B.
f
A - B Seja S = {e, i, o}. Então
f −1 (S) = {x ∈ A | f (x) ∈ S} = {2, 4}.
7
Demonstração: Sejam T1 , T2 ⊆ A.
(i) Seja y ∈ f (T1 ∪ T2 ). Segue que (∃x ∈ T1 ∪ T2 )(y = f (x)). Como x ∈ T1 ∪ T2 , segue que
x ∈ T1 ou x ∈ T2 . Então temos dois casos a considerar.
Vamos considerar o caso em que x ∈ T1 . Neste caso, pela definição de imagem de um
conjunto, y = f (x) ∈ f (T1 ). Mas f (T1 ) ⊆ f (T1 ) ∪ f (T2 ). Então, neste caso, y ∈ f (T1 ) ∪ f (T2 ).
O caso em que x ∈ T2 é análogo. Neste caso também temos que y ∈ f (T1 ) ∪ f (T2 ).
Logo f (T1 ∪ T2 ) ⊆ f (T1 ) ∪ f (T2 ).
Seja, agora, y ∈ f (T1 ) ∪ f (T2 ). Então y ∈ f (T1 ) ou y ∈ f (T2 ). Novamente temos dois casos
a considerar.
No caso em que y ∈ f (T1 ), temos que (∃x ∈ T1 )(y = f (x)). Como T1 ⊆ T1 ∪ T2 , segue que
(∃x ∈ T1 ∪ T2 )(y = f (x)). Então y ∈ f (T1 ∪ T2 ).
O caso em que y ∈ f (T2 ) é análogo e, neste caso também, y ∈ f (T1 ∪ T2 ).
Logo f (T1 ) ∪ f (T2 ) ⊆ f (T1 ∪ T2 ).
Das duas inclusões segue que f (T1 ∪ T2 ) = f (T1 ) ∪ f (T2 ).
(ii) Seja y ∈ f (T1 ∩ T2 ). Então (∃x ∈ T1 ∩ T2 )(y = f (x)). Como x ∈ T1 ∩ T2 , segue que x ∈ T1
e x ∈ T2 . Como x ∈ T1 , então y = f (x) ∈ f (T1 ). Pela mesma razão, x ∈ T2 implica que
y ∈ f (T2 ). Segue que y ∈ f (T1 ) e y ∈ f (T2 ). Então y ∈ f (T1 ) ∩ f (T2 ).
Logo f (T1 ∩ T2 ) ⊆ f (T1 ) ∩ f (T2 ).
Suponhamos agora que f seja injetora e vamos mostrar que vale a inclusão inversa.
Seja y ∈ f (T1 ) ∩ f (T2 ). Então y ∈ f (T1 ) e y ∈ f (T2 ). Temos
y ∈ f (T1 ) =⇒ (∃x1 ∈ T1 )(y = f (x1 ))
Analogamente
y ∈ f (T2 ) =⇒ (∃x2 ∈ T2 )(y = f (x2 )).
Segue que f (x1 ) = f (x2 ). Como estamos supondo f injetora, segue que x1 = x2 . Chamamos
de x o valor comum x = x1 = x2 . Mas x1 ∈ T1 , logo x = x1 ∈ T1 . Da mesma forma, x2 ∈ T2
implica que x = x2 ∈ T2 . Logo x ∈ T1 ∩ T2 e, portanto, y ∈ f (T1 ∩ T2 ).
Portanto, se f for injetora, então f (T1 ) ∩ f (T2 ) ⊆ f (T1 ∩ T2 ) e, em consequência,
f (T1 ) ∩ f (T2 ) = f (T1 ∩ T2 ).
Sejam agora S1 , S2 ⊆ B.
(iii) Seja x ∈ f −1 (S1 ∪ S2 ). Então, pela definição de imagem inversa, f (x) ∈ S1 ∪ S2 . Segue
que f (x) ∈ S1 ou f (x) ∈ S2 . Temos dois casos a considerar.
Caso 1: Se f (x) ∈ S1 . Neste caso, pela definição de imagem inversa, x ∈ f −1 (S1 ). Mas
f −1 (S1 ) ⊆ f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ). Portanto, neste caso, x ∈ f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ).
Caso 2: Se f (x) ∈ S2 . Neste caso, pelo mesmo argumento do caso anterior, também
x ∈ f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ). Portanto, em qualquer um dos casos, x ∈ f −1 (S1 ∪ S2 ) −→ x ∈
f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ).
Logo f −1 (S1 ∪ S2 ) ⊆ f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ).
8
Vamos mostrar a inclusão contrária. Seja x ∈ f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ). Então x ∈ f −1 (S1 ) ou
x ∈ f −1 (S2 ). Temos dois casos a considerar. Caso 1: Se x ∈ f −1 (S1 ). Neste caso f (x) ∈ S1 .
Como S1 ⊆ S1 ∪ S2 , segue que f (x) ∈ S1 ∪ S2 . Então x ∈ f −1 (S1 ∪ S2 ).
Caso 2: Se x ∈ f −1 (S2 ). Neste caso, pelo mesmo argumento do caso anterior,
x ∈ f −1 (S1 ∪ S2 ).
Em qualquer um dos casos, temos que x ∈ f −1 (S1 ∪ S2 ).
Logo f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ) ⊆ f −1 (S1 ∪ S2 ).
Das duas inclusões segue que f −1 (S1 ∪ S2 ) = f −1 (S1 ) ∪ f −1 (S2 ).
(iv) Seja x ∈ f −1 (S1 ∩ S2 ). Então f (x) ∈ S1 ∩ S2 . Segue que f (x) ∈ S1 e f (x) ∈ S2 . Então
x ∈ f −1 (S1 ) e x ∈ f −1 (S2 ). Então x ∈ f −1 (S1 ) ∩ f −1 (S2 ).
Logo f −1 (S1 ∩ S2 ) ⊆ f −1 (S1 ) ∩ f −1 (S2 ).
Seja x ∈ f −1 (S1 ) ∩ f −1 (S2 ). Então x ∈ f −1 (S1 ) e x ∈ f −1 (S2 ). Segue que f (x) ∈ S1 e
f (x) ∈ S2 . Portanto f (x) ∈ S1 ∩ S2 . Então x ∈ f −1 (S1 ∩ S2 ).
Logo f −1 (S1 ) ∩ f −1 (S2 ) ⊆ f −1 (S1 ∩ S2 ).
Das duas inclusões, segue a igualdade f −1 (S1 ∩ S2 ) = f −1 (S1 ) ∩ f −1 (S2 ).
Exemplo. Vamos mostrar com um exemplo que, se f não for injetora, pode não valer
igualdade na inclusão do item (ii).
: ra
f :A→B
A = Dom(A) = {1, 2, 3, 4} = domı́nio de f
1 r re