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A que tenh’eu por lume destes olhos meus Como já para sempre te apartaste
e por que choram sempre amostrade-me-a Deus De quem tão longe estava de perder-te?
se non dade-me-a morte. Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?
Essa que Vós fizestes melhor parecer
de quantas sei, ai Deus, fazede-me-a ver, Nem falar-te somente a dura Morte
se non dade-me-a morte Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!
Ai Deus, que me-a fizestes mais ca mim amar,
mostrade-me-a u possa com ela falar, Ó mar! Ó céu! Ó minha escura sorte!
se non dade-me-a morte. Qual pena sentirei, que valha tanto,
(Bernal de Bonaval.) Que ainda tenho por pouco o viver triste?
TEXTO 02
Dessa maneira, a igreja medieval era a instituição social mais importante e a maior
representante da fé cristã. Ela que ditava os valores, influenciando diretamente no comportamento
e no pensamento do homem. Assim, somente as pessoas da Igreja sabiam ler e tinham acesso à
educação. Analizando os textos pode-se perceber no texto 01 a presença de um forte lirismo. Esse
é representado pela "coisa d'amor" (o sofrimento amoroso); e "coita", que em galego-português,
significa "dor, aflição, desgosto". Para os trovadores, esse sentimento é pior que a morte, e o amor
é a única razão de viver, fazendo assim uma mescla do idealismo amoroso de origem platônica e a
busca pela realização e uma concretização deste. O amor é um dos temas centrais do
trovadorismo. É comum o tema da coita (coyta), palavra que designa a dor do amor, do trovador
apaixonado que sente no corpo a não realização amorosa. Nesse contexto, surge o "amor cortês",
baseado num amor impossível, onde os homens sofrem de amor, pois desejavam mulheres da
corte que geralmente eram casadas com nobres. Podemos perceber na primeira estrofe do poema:
“A dona que eu am’e tenho por senhor, Amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for, se non dade-
me-a morte.” Nesse contexto, surge o "amor cortês", baseado num amor impossível, onde os
homens sofrem de amor, pois desejavam mulheres da corte que geralmente eram casadas com
nobres.
Já nos sonetos classicos canonianos sua produção lírica gira em torno de uma temática
constante no cotidiano das pessoas, o que ainda é observado nos nossos dias. Camões vivia em
uma época em que a racionalidade era extremamente valorizada, em oposição à fé religiosa, que
marcara o período histórico anterior, ou seja, a Idade Média. Portanto, apontar o desconcerto (o
desequilíbrio) da realidade era uma forma de tirar dela o véu das ilusões. Assim, a constatação de
que tudo na vida é transitório eliminava a importância das coisas mundanas. A poesia tradicional,o
desconcerto do mundo,o neoplatonismo e o amor. A realidade desse mundo é incomensurável com
os ideais cavaleirescos ou letrados, com a ética religiosa medieval, com a razão classificatória
escolástica, com o estilo gótico literário. A sua expressão e ainda a sua relação dialética com o
espírito exigem um esforço inovador para romper o verbalismo que predomina na maior parte das
composições em redondilhas. No texto 02 percebe-se o tema da saudade da amada morta ganha
contornos mais subjetivos, próximos do romantismo, ou do barroco, pelo tom exaltado,
exclamativo,
sentimental, e pela atmosfera soturna que envolve os sentimentos do poeta.
02 – A farsa de Inês Pereira é uma das peças mais conhecidas do teatro de Gil Vicente.
Considerando a leitura integral da obra, produza um texto em que estejam presentes: o assunto da
obra, os aspectos comuns da obra vicentina, a presença do humanismo como transição do
teocentrismo medieval para o antropocentrismo renascentista e a relação com o contexto da época.
A Farsa de Inês Pereira, um dos mais conhecidos autos de Gil Vicente, teatrólogo do
Humanismo português, a obra é uma comédia de costumes, e que relata os comportamentos
amorais e degradantes da sociedade na época, e conta a história de Inês Pereira, uma jovem
solteira e bonita, que é obrigada a passar o dia em suas tarefas domésticas, o que a faz se queixar
da vida que tem e enxergar o casamento como uma oportunidade de fugir daquela vida.
A Farsa de Inês Pereira apresenta a condição da mulher encerrada em casa, mas, num
vislumbre do novo tempo, mostra uma protagonista que se rebela, renitente, contra o destino que
lhe é oferecido. Inês representa a fala destoante, pois nega os lugares-comuns, inclusive por meio
de uma linguagem que defende a mudança. Seu posicionamento ideológico de recusa dos valores
vigentes verifica-se, lingüisticamente, por um discurso repleto de exclamações – marcando o seu
temperamento intempestivo.