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Glossário Haicaístico

Adjetivação: os adjetivos devem ser usados com parcimônia e cuidado, pois na natureza
não existe adjetivação: tudo o que existe “é o que é”. Convém usá-lo somente quando se
necessite ressaltar um detalhe fundamental à transcrição da cena.
Antropomorfização: ou personificação. Recurso poético que deve ser evitado. Atribuir
comportamento humano a seres e coisas inanimadas é uma fuga do real, justamente o
contrário do que o haicai propõe: ser uma poética baseada na verdade e não na beleza.
Bashô, Matsuo: (1644-1694). Mestre praticante de renga/renku/hokku (atual
haiku/haikai). Piedade e pureza para com os seres e a vida, marcam a poesia do maior dos
mestres japoneses.
Buson, Yosa: (1716-1783). Mestre praticante de renga/renku/hokku (atual haiku/haikai).
Autor mais intelectual e dotado de grande capacidade de narrar cenas.
Chôca: ou chôka ou naga-uta. Literalmente “poema longo”. Poema que alternava
estrofes de 5/7 sons ou sílabas, sem número fico, com um final de 5/7/7.
Comparação: evitar, assim como o adjetivo e a metáfora. A natureza não segue modelos
gramaticais, ela “é o que é” e como o haicai é um retrato preciso de uma cena, tal recurso
não convém ser utilizado.
Contemplação da Lua: a tradição poética japonesa reza que a lua mais bonita para
observação é a lua cheia de outono, por isso os poetas criaram esse kigo, para registrar a
sua beleza no céu. Em muitos lugares, elege-se uma data anual, na qual os haijins se
reúnem para escrever seus poemas em grupo.
Danrin: escola poética de haikai fundada por Nishiyama Sôin (1605-1682), em reação
aos haicais julgados muito intelectuais de Teitoku, da Escola Teimon (ver).
Estações do ano: no haiku japonês são cinco – primavera, verão, outono, inverno e ano
novo, que é considerada à parte.
FLOR/FLORES: em maiúsculas designa, tradicionalmente, a flor ou flores de cerejeira.
Ginkô: passeio poético, com objetivo de fazer haicais.
Goshu: antologia de poemas organizada após a morte do poeta.
Grêmio Haicai Ipê: primeiro grupo de haicai brasileiro, em português do Brasil, fundado
em São Paulo, no ano de 1987, por Hidekazu Masuda Goga, entre outros.
Guilhermino, haicai: forma abrasileirada de haicai desenvolvida pelo poeta paulista
Guilherme de Almeida, composta por três versos de 5/7/5 sílabas métricas, com duas
rimas, sendo uma no primeiro e terceiro verso, e outra interna no segundo verso, na
segunda e última sílabas. Tal conjunto, diferente do haicai tradicional, recebia um título.
Exemplo: “INFÂNCIA” Um gosto de amora / Comida com sol. A vida / Chamava-se:
“Agora”.
Haibun: prosa poética. É a ambiência, a circunstância em que o haicai se realiza. Texto
em prosa intercalado por haicais. Eram escritos nesse formato os diários de viagem (nikki)
de Bashô, entre eles o mais famoso, Oku no Hosomichi.
Haicai: forma abrasileirada de haikai. Vide haikai (2).
Haicaísta: aquele poeta que compõe haicais. Em japonês o termo é haijin, comum de dlis
gêneros (a ou o haijin).
Haiga: é a união de haicai e imagem. Geralmente em pinturas ou desenhos feitos à mão,
em que as linhas são reduzidas ao mínimo, como o haicai que se vale do necessário em
termos de palavras. Na atualidade, os haijins valem-se de recursos visuais de computador
ou fotografias, buscando um efeito análogo.
Haigô ou haimei: nome poético. O pseudônimo é uma tradição na poética japonesa. Por
exemplo, “Bashô”, significa bananeira; “Issa”, quer dizer, uma xícara de chá.
Haijin: ver haicaísta.
Haikai (1): ou haikai-renga, haicai-no-renga, haicai encadeado, renku. Literalmente,
significa cômico. São poemas encadeados semelhantes ao renga (alternância de 5/7/5 7/7
sons ou sílabas métricas). Era o renga popular, praticado por burgueses, militares,
monges e pessoas do povo, sendo permitido o uso de palavras do cotidiano ou
humorísticas, ao contrário do renga.
Haikai (2): ou haicai, hai-kai. Termo adotado, no Brasil, por Afrânio Peixoto, em 1919,
seguindo a denominação francesa para designar o haiku, poema japonês composto por 17
sons ou sílabas métricas, distribuídas em 3 versos de 5/7/5 sílabas. O haicai geralmente
apresenta duas partes: o cenário, geralmente no primeiro ou último verso e a ação
propriamente dita, nos dois restantes.
Haiku: termo utilizado para designar haicai no Japão e no exterior, exceto Brasil.
Neologismo firmado no século XIX, por Masaoka Shiki, sendo formado pela contração
de haikai + hokku.
Haikukai: ou kukai. Reunião de poetas para composição e avaliação coletiva de haicais
sob a orientação de um mestre.
Haimei ou haigô: nome literário do haijin (ver haigô).
Haimi: sabor de haicai. Termo muito utilizado no meio haicaístico, mas difícil de firmar
um conceito, pelo seu caráter vago, quase etéreo. Para Alice Ruiz, ele só se percebe se o
poeta e o leitor estejam em absoluto silêncio interior. Já, José Lira, diz que é aquele “algo
mais” que um haicai apresenta nas entrelinhas de sua linguagem objetiva. O sentido que
faz o leitor sorrir e se encantar frente a uma descoberta. Um satori? Segundo Octavio Paz,
sim, “o hai-kai de Bashô nos abre as portas de satori: sentido e falta de sentido, vida e
morte, coexistem”. Roland Barthes refere-se ao satori de “sacudida mental”, de tilt,
afirmando que um bom haicai faz tilt, desencadeando como único comentário possível
um surpreendente: “é isso!”. E Paulo Leminski chama o satori de “orgasmo da alma,
orgasmo-metamorfose”.
Hanami: ato de contemplação das flores de árvores no Japão (cerejeira, pessegueiro,
ameixeira), no qual os haijins aproveitam para compor seus poemas.
Hanja: juiz de concurso poético, geralmente com notório saber haicaístico.
Hokku: primeira estrofe do renga ou haikai (no sentido encadeado), com 5/7/5 sons ou
silabas métricas que, por ter sentido completo, foi separada do renga/renku na época de
Bashô, passando a ter vida própria sendo, posteriormente (no século XIX, por Masaoka
Shiki), chamada de haiku (contração de haikai + hokku). Infere-se, portanto, que Bashô,
Issa e Buson, os principais mestres da poesia japonesa, não praticavam haikai ou haiku
mas, sim, hokku (além do renga e do haikai encadeado).
Hosomi: delicadeza. Conceito aplicado por Bashô a seus poemas.
Ikkan: kasen concluído.
Issa, Kobayashi: (1763-1827). Mestre praticante de renga/renku/hokku (atual
haiku/haikai). Autor despojado, dotado de emoção e calor humano e observador acurado
dos pequenos seres da natureza.
Jimari: prática de acrescentar ou suprimir sílabas ao modelo 5/7/5.
Jisei: último poema. Costume tradicional na poética japonesa, no qual o poeta,
pressentindo sua passagem, escreve um poema para ser lembrado pela posteridade, que
resuma sua caminhada nesta vida.
Kana: forma de kireji (ver).
Karabi: secura. Conceito que realça a beleza ou desolação de uma imagem natural
exaurida.
Karumi: leveza. Conceito com o qual, no final da vida, Bashô passou a caracterizar a sua
poesia, com simplicidade, humildade, desprendimento material, sem afetações poéticas e
com o aproveitamento das situações comuns do dia a dia.
Kasen: é um renku ou haicai encadeado (renga popular) de 36 estrofes, cujo termo
significa “gênios poéticos”, em alusão aos 36 poetas da antiguidade japonesa presentes
na lista dos sanjûrokka-sen. Era o estilo preferido pela escola de Bashô. As 36 estrofes
eram registradas em um caderno, sendo 6 estrofes na primeira página, 12 na segunda e na
terceira, e 6 na quarta e última página.
Kendai: lição de casa. Temas de haicais propostos aos haicaístas para apresentação na
reunião seguinte dos grêmios, sem identificação, para avaliação dos participantes.
Keri: forma de kireji (ver).
Kidai: tema relacionado a uma estação do ano que será desenvolvido ao longo do poema.
Diferente do kigo, que é um termo específico da estação.
Kigo: termo ou palavra de estação. Tem origem na transitoriedade budista presente na
poesia japonesa. Estabelece a ligação do haicai à estação do ano em que ele foi escrito.
Por exemplo, “flor de cerejeira”, à primavera; “gardênia”, verão; lua, ao outono, “geada”,
inverno e “réveillon”, ao ano novo. É considerado de importância central à composição
do haicai, a sua chave.
Kikô: ver nikki.
Kireji: palavra de corte. Termos (no haicai brasileiro, sinais) que introduzem uma pausa
no haiku/haicai, ressaltando palavras ou versos que antecedem ou sucedem a palavra de
corte. As mais comuns são kana, ya e keri. Kana, indica que a palavra anterior é o centro
do poema, da emoção e, no Brasil, seria equivalente o uso de um ponto de exclamação (!)
ou uma interjeição como “ah” ou “oh”; ya funciona como pausa, um corte sintático
mediante o uso de travessão ( - ) ou dois pontos (:) e keri, não muito utilizado entre nós,
indica a emoção em um poema que se finaliza.
Kukai: ver haikukai.
Makoto: verdade, verdadeira palavra, sinceridade. Bashô buscava não o que os antigos
produziram, mas, sim, o que eles almejaram, o makoto, na famosa orientação, ”aprenda a
respeito do pinheiro diretamente do pinheiro, a respeito do bambu, diretamente do
bambu”.
Metáfora: convém evitar, pois a natureza não segue modelos gramaticais, ela “é o que
é”, e como o haicai é um retrato preciso de uma cena, tal recurso poético seria
inapropriado. A ausência de metáforas torna o haicai fácil de ser entendido, livre de
interpretações "esotéricas". A natureza do haicai é infantil, por ver as coisas como elas
realmente são.
Muki haiku: haiku sem kigo. Também chamado de muki saijiki (sem termo de referência
sazonal) ou muki kigo (termo sem kigo). Por extensão, muki haikai/haicai.
Mushin: beleza transcendente e intuitiva. Contrário de ushin, ou seja, ausência de
emoção profundamente sentida.
Nikki: ou kikô. Diário de viagem.
Objetividade: ver pertinência.
Otsukimi, ver tsukimi.
Personificação: ver antropomorfização.
Pertinência: o texto e conteúdo do haicai devem ser pertinentes, se referindo de modo
direto às coisas, à cena que ele expressa, de maneira objetiva. É o oposto da poesia lírica,
ocidental, mor das vezes não se referindo de modo direto às coisas e cenas, impertinente,
de natureza subjetiva.
Renga: versos encadeados. Consiste no encadeamento de estrofes anteriores (kaminoku,
5/7/5 sílabas) e posteriores (shimonoku, 7/7 sílabas), formando inicialmente tancas (5/7/5
7/7) que estabelecerão, em seguida, um segundo encadeamento: o dos próprios tancas.
Apurado e lírico, era praticado na corte japonesa, pela aristocracia.
Renku: ver haikai (1)
Rima: o haicai tradicional e o haiku, não apresentam rima, e quando ela ocorre, é por
acidente Já os haicais livres podem apresentá-las e, no caso dos guilherminos, elas são
parte integrante da forma fixa (ver “guilherminos, haicai”).
Sabakite: guia ou líder que conduz o renga/renku, aplicando o regulamento (shikimoku)
e fixando as estrofes nos cadernos.
Sabi: algo indefinido que nos assola, solidão, desolação, pobreza. Essa palavra exprime
o sentido budista de desapego às coisas e tem a ver com a simplicidade e austeridade do
haicai como gênero literário.
Saijiki: almanaques poéticos, dicionários que contêm os termos de estação, kigo.
Satori: momento da iluminação no zen-budismo. Analogamente, seria o momento da
percepção do haimi (ver), no poema.
Sekidai: lição da hora. Desafio, composição, em reuniões de haicai, com tempo
estipulado (geralmente 20 minutos) e tema dado pelo líder da mesma.
Senryu: forma de poema “irmã do haicai”, pela qual, diferente do haicai que trata da
natureza como um todo, o senryu trata especificamente da natureza humana e relações
humanas, mediante recursos jocosos ou espirituosos. Tecnicamente, o haicai contém uma
referência ás estações do ano (kigo), o senryu, não. Além disso, ele pode usar “recursos
poéticos”, tais como a metáfora e a personificação. Seu representante máximo foi Karai
Senryu (1718-1790), que acabou dando seu nome a esse tipo de poema.
Sensei: (tradução: “aquele que nasceu antes”). Forma de tratamento japonesa para tratar
com respeito um professor ou um mestre.
Shajitsu: realidade. Descrição fiel e objetiva daquilo que os sentidos recebem, sem
recurso a quaisquer explicações adicionais. É o haiku levado à sua forma mais pura e
simples.
Shiki, Masaoka: (1867-1902). Shiki criou o neologismo haiku (haikai+hokku) e
revitalizou a poesia japonesa, regrando-a com expressão direta, objetiva, mediante o uso
de imagens claras, sem abstrações ou sentimentalismo.
Shikimoku: regulamento a ser seguido pelos poetas participantes do renga/renku.
Shômon: escola poética de Bashô. É o que se chama michi (caminho) ou dô (também
caminho, mas escrito posposto a uma palavra), uma forma de ver o mundo, no caso, pela
forma da poesia de Bashô ou o “caminho de Bashô”, “caminho do haicai”. É a contração
de Bashô +mon.
Simplicidade: alma do haicai. Ele fala de coisas triviais com linguagem simples. É livre
de racionalização, pois isso é julgamento e a natureza “é o que é”, nada é bom ou mau:
nela um furacão tem o mesmo sentido que um botão de rosa que eclode.
Subjetividade: ver pertinência.
Tanca, a/o: forma abrasileirada de tanka. Literalmente “poema curto”, composto por 31
sons ou sílaba métricas, distribuídas em 5 versos de 5/7/5 7/7 sílabas.
Tanka: vide tanca.
Teimon: escola de poesia consagrada aos haikai “estilo antigo”, fundada por Matsunaga
Teitoku (1571-1653).
Título: o haicai tradicional de origem japonesa, bem como o próprio haiku, não
apresentam título. Entretanto, nos haicais livres e, especialmente, nos guilherminos, ele
está presente.
Tsukimi: ou otsukimi, é a reunião de haicaístas para contemplar a lua de outono.
Tsukinami: reunião mensal para composição de haiku.
Ushin: com coração, gentileza e elegância. Conceito que aponta para o poder
transcendente das palavras, com emoção poética profundamente sentida.
Wabi: simplicidade, pobreza positiva. Wabi também conota solidão (a exemplo de sabi),
mas referindo-se ao estado emocional da vida do autor. Designa um calmo saboreio dos
aspectos agradáveis da pobreza, do despojamento que liberta o espírito dos desejos que o
prendem ao mundo. É wabi a arte que, com o mínimo de elementos, significa apenas o
suficiente para que se realize o momento de integração entre o homem e o que o rodeia.
Waka: designação, em sentido amplo, da poesia japonesa na antiguidade e, em sentido
estrito, da forma fixa composta por 31 sons ou sílabas métricas, mais tarde chamada de
tanka ou tanca. Poesia do “país de Wa”, Japão. Do waka nasceu o renga e o haikai, duas
formas de poema encadeado, a primeira lírica e a segunda, cômica.
Xintoísmo: religião politeísta japonesa caracterizada pela adoração a divindades que
representam as forças da natureza, e pela ausência de escrituras sagradas ou teologia.
Ya: forma de kireji (ver).
Yúgen: mistério. Termo utilizado para designar o “mistério” de um texto ou quadro, isto
é, para indicar que nele se percebe que o artista expressou a “essência profunda” do seu
assunto ou objeto.
Zen-budismo: manifestação budista japonesa que, entre outras características, propõe a
meditação como via para a iluminação, o satori. Há quem defenda a que o haicai veio do
zen e os que não, que são caminhos paralelos. O que é indiscutível é que a poesia japonesa
de forma geral, sofre a influência do budismo e do xintoísmo (ver).
Zo: classificação conferida ao haiku que não apresenta a estação do ano ou onde se
misturem duas ou mais estações.

Carlos Martins
O Zen do Haicai
https://www.facebook.com/groups/ozendohaicai/
Primavera, 2018
Referências bibliográficas:
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LIRA, José. A paisagem lá fora. Recife: Crossingborders, 2015.

_________. As cinco estações - Os haicais de Bashô. Recife: Crossingborders, 2017.

_________. O haicaísta feliz. Recife: Crossingborders, 2018.

ODA, Teruko. Lua de Outono. São Paulo, Escrituras, 2017.

PALMA, Joaquim M. Matsuo Bashô – O eremita viajante (haikus – obra completa). 1 ed.
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