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Português

Apontamentos – 9.º ano.

Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, Cena «Alcoviteira»

1 - Lê atentamente a Cena «Alcoviteira»,

2 – Lê atentamente os apontamentos que se seguem:

Personagem: Alcoviteira

Grupo que representa: Casamenteiras.

Características da personagem-tipo: Mentira, hipocrisia e


bajulação.

Símbolos cénicos (falas da personagem) e seus significados:

«Seiscentos virgos postiços

Três arcas de feitiços Feitiçaria

Três almários de mentir Mentira e falsidade

Cinco cofres de enleios

Alguns furtos alheos Roubo

Joias de vestir Vaidade

Guarda-roupa d’encobrir
Estrado de cortiça

Casa movediça Incentivo à prostituição

Dos coxins d’encobrir

Moças que vendia»

Percurso cénico: Barca do Diabo – Barca do Anjo – Barca do


Diabo

Sentença: Condenada ao Inferno.

Argumentos de acusação:

As palavras de Brísida Vaz falam por si, esta acusa-se a ela


mesma.

Todos os seus argumentos de defesa são, no fundo, acusações.

O Diabo e o Anjo não precisam de acrescentar mais nada.

Argumentos de defesa:

Afirma que salvou as raparigas da pobreza e criou-as para os


cónegos da Sé; é uma mártir, pois já foi açoitada várias vezes;
suportou muitos tormentos; fez coisas divinas.

1. Já sofreu muito (vv. 510-512);


2. Fez coisas divinas (v. 532);
3. Tirou raparigas da miséria e ofereceu-as aos cónegos da Sé
(vv. 523-526);
4. O pecado é comum à sociedade (vv. 313-314).

Resumo da cena:

A Alcoviteira apresenta-se com voz elogiosa e usa uma linguagem


popular. Brízida Vaz caracteriza-se a si própria, pois fala tanto sobre
a sua atividade que não é necessário lembrar-lhe dos pecados que
cometeu.

Tanto o Diabo como o Anjo não a acusam, mas ela defende-se por
não querer ir para o inferno, dizendo que casava muitas mulheres,
que tinha sido muito martirizada, que tinha convertido muitas
raparigas, que as tinha encaminhado e até que as vendia aos
cónegos da Sé, argumentado que servia a igreja, deveria ir para o
Paraíso.

Quando descreve os objetos que transporta utiliza palavras do


campo semântico da palavra mentira, que ficamos a saber que
enganar os outros é a sua profissão, que é confirmado pela forma
hipócrita como se dirige ao Anjo para conseguir que ele a deixe
entrar na Barca da Glória.

Esta cena tem a intencionalidade crítica de denunciar a corrupção


dos valores, criticar o lenocínio (prostituição) e depravação do clero.

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