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Resumo: O objetivo deste artigo é divulgar resultados de uma análise dos gestos empreendidos
por uma professora na implementação de uma oficina de poemas desenvolvida no Ensino
Fundamental I. Inserida na área da Linguística Aplicada, o objeto da pesquisa foram os gestos
fundadores e específicos evidenciados nos movimentos discursivos observáveis da professora
ao transformar um objeto a aprender em um objeto ensinado. Utilizando como categorias de
análise as macropreocupações da agenda profissional (BUCHETON; SOULÉ, 2009;
NASCIMENTO, 2014) e os gestos didáticos (AEBY-DAGHÉ; DOLZ, 2008), os resultados
apontaram uma variedade de gestos utilizados, principalmente, o de presentificação do objeto
do saber didatizado.
Abstract: The purpose of this article is to report the results of an analysis of gestures undertaken
by a teacher in an elementary school in a poems workshop. Inserted in the area of applied
linguistics, the object of this research were the founding and specific gestures highlighted in the
observable discursive movements of the teacher in transforming something to be learned into
something taught. Using as analytical categories the macro preoccupations of the professional
agenda (BUCHETON; SOULÉ, 2009) and the didactic activities (AEBY-DAGHÉ; DOLZ,
2008; NASCIMENTO, 2014), the results point towards a variety of activities uses, especially,
the presentification of the didacticize object of knowledge.
1
Doutora em Filologia e Língua Portuguesa; Professora Associada da Universidade Estadual de Londrina/UEL.
Docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. E-mail: elopes@sercomtel.com.br.
2
Mestra em Estudos de Linguagens (PPGMEL) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS;
Doutoranda em Estudos da Linguagem (PPGEL) na Universidade Estadual de Londrina/UEL. Professora Adjunta
do Curso de Letras da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação/UFMS. E-mail: ednapbrun@gmail.com.
3
Aluna especial do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina
(PPGEL/UEL). Graduação em Letras Português/Inglês (UENP/Cornélio Procópio). Colaboradora externa do
subprojeto PIBID (UENP) “Letramentos na escola: práticas de leitura e produção textual”. E-mail:
gabi_martins_mafra@hotmail.com.
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Introdução
Apresentamos neste artigo uma proposta de análise dos gestos didáticos fundadores
desenvolvidos por uma professora4 em uma oficina de poemas ministrada em uma das turmas
de 5º ano de uma escola municipal da cidade de Cornélio Procópio-PR. A oficina é fruto de
uma parceria entre o Serviço Social do Comércio (SESC) e a Secretaria Municipal de Educação
de Cornélio Procópio (SEMED) para promover o 33º Festival Poético da cidade. A pesquisa
desenvolvida é de natureza qualitativa (FLICK, 2009), de cunho intervencionista e indisciplinar
(MOITA LOPES, 2006), de acordo com os preceitos da Linguística Aplicada. Tecemos, neste
trabalho, uma análise multifocal (NASCIMENTO, 2014) a partir de três pressupostos teóricos:
do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2003, 2006, 2008); da Didática de Línguas
(AEBY-DAGHÉ; DOLZ, 2008; SCHNEUWLY, 2009) e da Ergonomia do Trabalho
(MACHADO, 2009; CLOT, 2010).
Segundo Machado et al. (2009, p.16), essas disciplinas têm em comum o fato de
assumirem uma “abordagem marxista do trabalho e/ou uma abordagem vigotskiana do
desenvolvimento e/ou uma abordagem sociodiscursiva da linguagem”. Nesse sentido,
entendemos que elas se completam teórico-metodologicamente, pois possibilitam uma visão
abrangente dos sujeitos da interação (MACHADO; BRONCKART, 2009).
A abordagem marxista permite uma visão de trabalho como “gratificante e penoso” o
que gera várias reflexões teóricas sobre macropreocupações e autorrealização do professor (Cf.
ELSTER, 1992). Já a perspectiva vigotskiana permite um acompanhamento do
desenvolvimento em níveis de aprendizagem. Martins (1997, p. 117) ressalta que nessa visão
“[...] a internalização não pode ser entendida como adoção positiva de conhecimento
previamente apresentado à criança pelo adulto. Antes, é um processo de reconstrução mental
do funcionamento interpsicológico”. Desse modo, Vygotsky não acredita na “transmissão de
conhecimentos” linearmente, de forma acrítica, mas, sim, na construção de conhecimentos que
transformam a natureza e a si mesmo (VYGOTSKY, 2007, p. 26). Finalmente, a concepção
sociodiscursiva postula que “os textos por estarem sempre articulados às necessidades, aos
interesses e às condições de funcionamento das formações sociais no seio das quais são
produzidos, acabam por determinar diferentes modos de fazer textos, ou diferentes espécies de
textos” (BRONCKART, 2009 apud STRIQUER, 2015, p. 107), nesse sentido, essa concepção
4
Uma das autoras deste artigo desenvolveu a oficina de poemas (disponível em
<https://www.youtube.com/channel/UCbbkil8XV865SKsqT1eRWrg>) na condição de oficineira contratada para
divulgar o 33º Festival Poético do SESC.
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pelo professor durante seu agir em sala de aula (AEBY-DAGHÉ; DOLZ, 2008; GOMES-
SANTOS; ALMEIDA, 2009, NASCIMENTO, 2011a, 2011b, 2014; BARROS, 2012, 2013a,
2013b; NASCIMENTO; BRUN, 2017).
Apresentamos a seguir os gestos didáticos fundadores, retomados de Schneuwly (2009)
por Aeby-Daghé e Dolz (2008), que os desdobraram e acrescentaram outros gestos:
Gestos Didáticos
Descrição
Fundadores
Tem por finalidade apresentar aos alunos um objeto social de referência, no suporte
Presentificação
adequado, que passará por um processo de didatização.
Focaliza uma (ou mais) dimensão ensinável do objeto de ensino- aprendizagem –
Delimitação
desconstrução e colocação em evidência dessa dimensão.
Formulação de Porta de entrada para os dispositivos didáticos; seu estudo envolve a utilização de
tarefas comandos.
Criação de
Os meios para enquadrar uma atividade escolar – pressupõe a mobilização de
dispositivos
suportes (textos, esquemas, objetos reais etc.).
didáticos
Utilização da Implica colocar na temporalidade o objeto de ensino e convocar as memórias das
memória aprendizagens, para permitir utilizá-las mais tarde.
Inclui dois fenômenos intrinsecamente relacionados: as regulações internas e as
regulações locais. As regulações internas, centradas nas estratégias para obter as
informações sobre o estado dos conhecimentos dos alunos (processo diagnóstico),
podem estar no início, durante ou no fim de uma atividade didática (na SD, a
Regulação
avaliação da primeira produção do aluno é um ato de regulação didática interna). As
regulações locais operam durante as atividades didáticas, em uma discussão com os
alunos ou no decorrer de uma tarefa. A avaliação é considerada um gesto didático
específico de regulação.
“Constituída pelos gestos direcionados para a fixação do saber (externo) que deve ser
utilizado pelos aprendizes nas circunstâncias novas (internas) em que serão exigidos”
(NASCIMENTO, 2011a, p. 427). Ela se apresenta sob a forma de uma generalização
Institucionalização
envolvendo a apresentação de informações sobre o objeto de ensino e especialmente
colocando em evidência os novos aspectos desse objeto que os alunos devem
aprender.
Quadro 1 – Gestos didáticos fundadores do trabalho docente
Fonte: Barros (2013b, p. 754)
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Nesse sentido, cada professor constrói o seu estilo, inicialmente por um processo de
imitação a outros professores. Contudo, segundo Clot (2010, p 159), “longe de somente aplicar
esse modelo [de imitação], ele o coloca, em seguida, a serviço da sua própria ação que já não
está dirigida para si, mas para o mundo”. Desse modo, os gestos são transmitidos culturalmente
para o professor, e ele os seleciona de acordo com o momento em que precisar acioná-los.
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Quarto foco:
1. Comparar diferentes sequências didáticas quanto Comparar diferentes sequências didáticas
aos encadeamentos das atividades escolares e à considerando os encadeamentos das atividades
lógica de construção do objeto ensinado. escolares e a lógica de construção do objeto
ensinado.
Quadro 2 – Metodologia para uma análise multifocal
Fonte: Nascimento e Brun (2017, p. 55-56)
A metodologia de análise multifocal proposta pelas autoras é composta por quatro focos
que permitem um amplo estudo do trabalho didático desenvolvido em sala de aula. Como
podemos observar no Quadro 1, essa metodologia tem como cenário as dimensões do trabalho
docente. Nesta pesquisa, vamos nos deter nos focos dois e três da análise multifocal dos objetos
de ensino (NASCIMENTO; BRUN, 2017) que engloba a análise de sequências de ensino e do
agir do professor por meio de gestos profissionais 5 que fazem parte, portanto, das dimensões
do trabalho do professor, especificadas na Figura 1:
4 Objeto de análise
Primeiramente cabe esclarecer que o planejamento de ensino do gênero poema é
instrumentalizado pela engenharia didática do Interacionismo Sociodiscursivo
5
Ressaltamos que neste trabalho compreendemos os termos “gestos profissionais”, “gesto do professor”, “gestos
didáticos” como equivalentes.
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Disponível em: <https://prezi.com/w1-o4zfh2gjz/oficina-de-poema/>.
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5. Leitura-dramatização,
pela professora, de
alguns poemas (O
buraco do tatu, de Sérgio
Capparelli; A valsa, de
Casimiro de Abreu;
Cidadezinha, de Mario
Quintana; Poemas
visuais, de Carlucia
Pereira, entre outros)
1. Leitura - dramatização
do livro Poesia na
varanda.
2. Interpretação oral do
livro, a partir do
3. Compreender a questionamento o que é
diferença entre poema e preciso para ver/sentir a
2ª fase: poesia. poesia? Formulação de tarefas
2. Interpretação desse
poema. Presentificação
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em voz alta: “Pedro7, quando a gente vai ler um poema, a gente tem que ler com sentimento,
não é como ler um texto informativo: ‘Paulo, advogado, 22 anos, morto em acidente de
trânsito...’”. Além do gesto fundador, a professora se vale de um gesto específico de
exemplificação: no caso do fragmento analisado, em relação à comparação de um texto
informativo a um poema.
As atividades elaboradas, relacionadas às capacidades discursivas, focalizam somente
o plano textual global e são mediadas por regulações internas, a partir dos seguintes
questionamentos da professora: “Quantas estrofes tem esse poema?”; “Quantos versos têm
essas estrofes?”; “Vocês sabem o que é poema livre?”. Em seguida, ela faz uso do gesto de
exemplificação para explicar o que é métrica: “tem poemas, igual o haicai, que tem 3 versos,
tem poemas igual o soneto, que tem duas estrofes de quatro versos e duas de três versos”.
Percebemos que não há atividades propriamente direcionadas ao desenvolvimento de
capacidades de ação com relação à exploração do contexto de produção dos textos, mesmo que
estivessem planejadas.
Por fim, chegamos à quarta fase da oficina de poemas – “Vamos escrever um poema?”.
Nela, a professora apresenta uma situação real de produção do gênero, o 33º Festival Poético
da cidade, realizado pelo SESC. Ela explica que os poemas selecionados irão compor uma
coletânea de poemas. Nesse momento, faz uso do gesto de exemplificação para comparar a
coletânea do SESC a uma coletânea de poemas de Mario Quintana: “Esse é um livrinho, esses
outros aqui também são livrinhos, só que esses são construídos pelo SESC, com os poemas que
vocês enviam”. Além disso, a docente presentificou as coletâneas e elaborou um comando
(consigna) para a leitura dos poemas da faixa etária dos alunos, instaurando um gesto de
formulação de tarefas: “Abram os livrinhos e leiam os poemas dos alunos com a idade de
vocês.”.
Com base nos gestos fundadores, propostos por Aeby-Daghé e Dolz (2008), na releitura
de outros autores (BARROS, 2013b; NASCIMENTO 2014; NASCIMENTO; BRUN, 2017), e
em nossa análise, colocamos em discussão dois gestos didáticos que merecem mais atenção.
Gestos didáticos
Aspectualização
Exemplificação
Quadro 4 – Gestos didáticos do agir profissional
Fonte: Elaboração das autoras
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Nome fictício para proteger a identidade do participante da oficina.
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Podemos analisar esses gestos por duas perspectivas: 1) como gestos didáticos
fundadores ou 2) gestos de regulação (pertencentes aos gestos fundadores). Na primeira
perspectiva, estaríamos caracterizando aspectualização e exemplificação como uma
complementação dos gestos fundadores, como outro tipo. Já na segunda perspectiva
entenderíamos tais gestos como um subtipo do gesto fundador de regulação. São necessárias
pesquisas mais aprofundadas, com corpus significativo para nomear mais corretamente esses
gestos. Em caráter provisório entendemos que:
o gesto de aspectualização diz respeito ao ato de descrição de um objeto para outro
sujeito. Nele, o professor caracteriza o objeto de ensino – o gênero em questão – seja
pelo seu contexto de produção (“Como é o nome do texto que escrevemos quando
queremos defender um ponto de vista em relação a uma questão polêmica?”; “Como é
o nome de um texto que escrevemos para um órgão público para reclamar de problemas
da nossa comunidade, seja uma lei, a falta de recapeamento etc.?”); ou pela
caracterização da arquitetura interna do texto para o aluno (“Quais textos têm grande
número de verbos no imperativo?”; “Qual texto tem ingredientes, modo de fazer?”;
“Quais textos têm cabeçalho, saudação inicial?”). Entendemos que o gesto de
aspectualização, se conjugado ao gesto de presentificação, possibilita o entendimento
de uma dimensão maior do objeto, pois sozinho tornar-se-ia abstrato para o aluno e
poderia prejudicar a aprendizagem; e
o gesto de exemplificação corresponde a ações que o professor realiza para exemplificar
o objeto de ensino, às vezes, comparando-o a outros. Exemplo recorrente desse gesto é
a situação em que o professor utiliza outros exemplares do gênero (“Já leram Meus oito
anos, que texto ele é?”; ou, “Vamos estudar um conto, aquele texto que é parecido com
Venha ver o pôr-do-sol, da Lygia Fagundes?”).
Quanto aos gestos didáticos específicos, reconhecidos no agir da professora, foram
muitos. Listamos a seguir apenas os mais recorrentes: leitura em voz alta, separação silábica e
definição do suporte. O gesto de solicitar leitura em voz alta é um gesto muito utilizado por
professores, independente da faixa etária dos alunos. Quanto ao gesto de separação silábica,
ele é mais utilizado com alunos do Ensino Fundamental I. Esse gesto pode ser empregado com
três objetivos: (1) trabalhar a formação fonológica das palavras; (2) chamar a atenção dos
alunos; e (3) facilitar a internalização do conteúdo. Na oficina de poemas, esse gesto foi
utilizado com o segundo e o terceiro propósitos. A respeito do gesto de definição do suporte,
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ele está muito ligado a um trabalho relativo ao contexto de produção (BRONCKART, 2003) e
à macropreocupação ancoragem e apoiamento para dar sentido à aprendizagem dos alunos,
para que eles entendam o objetivo do gênero, o destinatário, entre outros.
Tendo em vista esses gestos fundadores e específicos, procuramos compreender se o
agir desse professor, na oficina de poemas, leva em consideração as macropreocupações da
agenda profissional, estabelecida por Bucheton e Soulé (2009).
Nesse sentido, podemos interpretar que a oficineira preocupa-se com a tessitura,
principalmente, ao final da oficina, quando apresenta a situação de produção do gênero.
Observamos ainda que ela dá sentido à aprendizagem, pois a sequência de ensino funciona
como uma apresentação lúdica do gênero, da qual a professora titular da sala poderia fazer uso
para iniciar, posteriormente, uma sequência didática de poemas, uma vez que a oficineira já
convidou a gostar de poesia, seduzindo-os com os versos de Casimiro de Abreu, Manuel
Bandeira, entre tantos outros.
Quanto à macropreocupação relativa à atmosfera da aula, constatamos que os alunos
trabalharam animadamente em duplas para nomear os gêneros textuais, trabalharam
individualmente para recitar poemas e trabalharam coletivamente, junto com professora, para
interpretá-los. Também houve a preocupação com o desenvolvimento de capacidades de
linguagem, principalmente, discursivas.
A respeito da macropreocupação pilotagem, a análise demonstrou que esta foi uma
preocupação conduzida sobremaneira por gestos de regulação, a partir do questionamento
constante, a fim de gerenciar o tempo e as aprendizagens.
Analisando a macropreocupação de ancoragem e apoiamento, observamos que o gesto
que se sobressaiu, embora em poucas situações, foi a instauração da memória didática. Isso se
explica pelo fato de a sequência de ensino referir-se a uma oficina única, isolada, por isso, não
havia outras aulas para a professora retomar. Também observamos que outro fator complicador
da ancoragem foi o fato de a professora não conhecer o nível de aprendizagem dos alunos, a
partir do qual seria possível instaurar de forma mais adequada o gesto de delimitação dos
conteúdos.
Dando sequência, trazemos um quadro, no qual comparamos as práticas da professora
voltadas para um ensino tradicional, clássico, com outras, voltadas para um ensino baseado na
interação, comunicação para, assim, entendermos melhor o métier do professor.
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Quando este artigo foi elaborado, a BNCC estava na sua terceira versão, ainda não homologada.
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5 Considerações finais
Pudemos constatar que as ações da professora observada mostram um agir voltado para
as macropreocupações da agenda profissional (BRUCHETON; SOULÉ, 2009). Além disso,
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assim como para Nascimento e Brun (2017), a utilização da categoria de análise dos gestos
didáticos, aliada ao modelo de análise multifocal, permitiu uma melhor compreensão do
movimento dialético entre o trabalho prescrito, planejado e realizado.
Ao mesmo tempo, consideramos que esta pesquisa ainda pode ser aprofundada, de modo
a analisar quantitativamente os gestos didáticos mobilizados pela professora e a interpretar as
motivações desses gestos, pontos que podem ser retomados em outra oportunidade. Nessa
mesma direção, observamos que outro ponto passível de análise, evidenciado na videogravação
das etapas da oficina de poemas, reside nos gestos corporais específicos da professora, os quais
também constituem instrumentos para aprendizagem dos alunos. Igualmente, os gestos dos
alunos nos instigam e nos fazem indagar: como ocorre a responsividade ativa (BAKHTIN,
1997) dos alunos perante os gestos (verbais e não-verbais) do professor? Uma análise dos gestos
dos alunos – movimentos, expressões e fala – também poderia contribuir para revelar se houve
aprendizagem significativa. Para as análises que envolvem gestos corporais (de professores e
alunos), talvez, fosse necessária ainda a articulação de aspectos teóricos relativos à análise de
imagens.
Por fim, essa análise nos permite afirmar que a professora revelou uma postura dinâmica
e expressiva, evidenciando uma variedade de gestos utilizados, cujo objetivo principal foi
mobilizar a atenção dos alunos para presentificar o objeto de ensino. Outrossim, poderíamos
afirmar ainda que mais do que ensinar o gênero poema a professora buscou humanizar seus
alunos (CANDIDO, 2002).
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