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Universidade do Vale do Itajaí

Disciplina de Direito Tributário I


Professor Fabiano Pires Castagna
Acadêmica: Kaoane Carolina Ribeiro de Almeida

[situação hipotética] A Prefeitura do Município de Feliz Natal, Mato Grosso, publicou no dia
16 de agosto desse ano o Decreto nº 1.000/2021, que regulamenta o transporte
individual privado remunerado de passageiros por meio de aplicativos. Segundo a
nova norma, plataformas/apps como Uber e 99 deverão pagar a denominada taxa de
utilização da via pública, cuja alíquota será de 1,5% sobre o valor total cobrado dos
passageiros do mês anterior.

A integralidade dos valores arrecadados destinar-se-á ao Fundo Municipal de Mobilidade


Urbana Sustentável, que tem como objetivo realizar obras para melhorar a infraestrutura
da cidade, como a manutenção de ruas.

A nova taxa terá que ser paga pelas próprias empresas que disponibilizam os aplicativos,
ou seja, não poderá ser repassada diretamente aos passageiros ou motoristas, e valerá a
partir de 17 de setembro de 2021.

Caríssimos/as, como trabalho para a média M1 (valendo até 5,0 pontos), solicito que, em
relação ao Decreto e à taxa de utilização da via pública, apontem três
inconstitucionalidades do referido e expliquem o porquê de cada uma delas estar em
desconformidade com a CRFB/1988.

Utilizem como ponto de partida, além das nossas aulas, as considerações sobre taxas e os
princípios constitucionais tributários, ambos tratados em nossa Apostila (que está no
Material Didático desta disciplina, no Blackboard).

É cabível o argumento de que a taxa em questão implica na utilização de tributo com


efeito de confisco, também vedada pelo artigo 150,IV CF

Art. 145 § 2º da CF - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Todavia, é bom acrescer que o vocábulo “lei” representa, em termos de criação de


tributo, lei ordinária, lei complementar (nos casos de empréstimos compulsórios,
imposto sobre grandes fortunas e nos impostos e contribuições previdenciárias de
competência residual da União) e, infelizmente, medidas provisórias (art. 62 da
CRFB/88). Pode ser por decreto ?

1) Para instituir uma taxa, o ente federativo deve prestar um serviço público em
contrapartida, a ser custeado pelos valores arrecadados por tal tributo. Como a
cidade de Feliz Natal, Mato Grosso, não oferece nenhum serviço aos
motoristas, empresas e usuários de aplicativos de transporte de passageiros,
tornasse inconstitucional o decreto n° 1.000/2021, por não aferir qualquer
serviço posto pelo município à disposição dos prestadores diretos do serviço,
das empresas que gerem o aplicativo por eles e pelos usuários utilizados.

2) O uso do sistema viário urbano não pode ser tributado pelos municípios, pois
essa competência não consta do artigo 156 da Constituição Federal.

3) Cabe ainda a aplicação dos princípios constitucionais tributários, tais como o


princípio da legalidade que está disposto no art. 150, I da Constituição Federal,
e o princípio da anterioridade descrito no art. 150, III, “b” e “c” da Constituição
Federal. O Decreto foi publicado em 16 de agosto e passa a valer a partir do
dia 17 de setembro, não respeitando os 90 (noventa dias) dias.

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