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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

SÃO PAULO

CAMPUS CARAGUATATUBA

ANDRÉ DA SILVA MENDES, BRUNO CONTI, CARLOS ALBERTO, GABRIEL


BRECHI, GABRIEL MEDEIROS

CORRELAÇÃO ENTRE AS REGIÕES COM MENORES ÍNDICES ECONÔMICOS


DO BRASIL E SUAS RESPECTIVAS SITUAÇÃO DE SANEAMENTO BÁSICO
DURANTE A PANDEMIA DE COVID 19

CARAGUATATUBA - SP

2020
RESUMO

Neste trabalho, com características descritivo-exploratória, retrospectiva, com abordagem


qualitativa, através da revisão bibliográfica de artigos nacionais e consulta no Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e Ministério da Saúde, busca-se a
correlação de Saneamento Básico e Covid-19. Este estudo avalia as recomendações de
acesso a água tratada de qualidade para limpeza e higienização das mãos evitando o
contágio e propagação da doença. Foram utilizados dados de propagação da doença antes
que houvesse um comportamento de queda explicado “mecanismos coevolutivos
complexos da relação patógeno-hospedeiro”. Os resultados apresentados possuem a
correlação esperada com poucas exceções explicada em alguns estudos, ou em entrevista
de especialistas da área a artigos jornalísticos.

Palavras chaves: SNIS; Ministério da Saúde; Covid-19; Correlação; Coevolutivos.

ABSTRACT

In this work, with descriptive-exploratory characteristics, retrospective, with a


qualitative approach, through the bibliographic review of national articles and
consultation in the National Sanitation Information System (SNIS) and Ministry of
Health, seeks the correlation of Basic Sanitation and Covid-19. This study assesses
the recommendations for access to quality treated water for cleaning and hand
hygiene avoiding the contagion and spread of the disease. Data on the spread of the
disease were used before there was a fall behavior explained by “complex
coevolutionary mechanisms of the host-pathogen relationship”. The results
presented have the expected correlation with few exceptions explained in some
studies, or in an interview with experts in the field to journalistic articles.

Key Words: SNIS; Ministry of Health; Covid-19; Correlation; Coevolutionary.

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INTRODUÇÃO

Em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, foi reportado o primeiro caso


de uma doença similar a uma pneumonia que mais tarde seu patogênico recebeu o
nome de Covid-19 (Cristina, Adriana - 2020). Em poucos meses essa doença
passou a ser considerada uma epidemia que afetaria todos os continentes do globo.
Segundo dados da OMS, foi constatados 34.161.721 casos no total, onde houve
1.016.986 mortes até o mês de outubro de 2020. No Brasil tivemos o primeiro caso
em quatro de março do mesmo ano, em oito meses o total de casos passou a ser de
4.810.935 com 143.952 mortes, perdendo apenas para os Estados Unidos e Índia
em número de total de contaminados e ocupando a décima primeira posição em
número de casos por milhão de habitantes com um valor de 22.633,37 (OMS-2020).

Figura 1 - Desenvolvimento da Covid no Brasil até Outubro de 2020 (OMS).

No artigo de Adriana Cristina (2020) é dissertado que o microorganismo se


transmite de pessoa a pessoa por meio da auto inoculação do vírus em membranas
mucosas (nariz, olhos ou boca), onde a principal forma de contaminação se dá
pelas mãos que ao entrarem em contato com uma superfície contaminada, através
de um aperto de mãos ou em um corrimão de uma escada, e lavada aos olhos ou a
boca, contaminam o indivíduo.

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Sobre as medidas de prevenção, Cristina cita o distanciamento social, suspensão
do transporte público, fechamento de locais de entretenimento, proibição de
reuniões públicas, higienização de prédios, ruas, restrição domiciliar compulsória a
todos os cidadãos e higienização das mãos. Esse último, segundo a autora, é um
dos que possui maior eficácia, menor custo e ampla complexidade. Está
amplamente relacionado com o presente artigo e será foco o de discussão.

A complexidade da prática da higienização das mãos, de acordo com Cristina, se dá


por dois fatores: pouco reconhecimento por parte da população da medida
preventiva, uma vez que o inimigo é “invisível” o que torna difícil a percepção do
risco, e a falta de infraestrutura, como sabão, pias, papéis em meios públicos, e
principalmente a falta de acesso a água tratada nas residências da população.

No Brasil a questão de falta de infraestrutura é crônica. Em uma reportagem da


revista G1 feita em 2017 com dados do Instituto Trata Brasil e SNIS, 35 milhões de
Brasileiros não têm acesso a água tratada. Porém a falta de saneamento básico
citada não ocorre de maneira homogênea pelo território. No Norte esse número
chega a 51% da população, o pior estado do país é o Amapá com 34%. Enquanto o
estado com melhor números é o de São Paulo, com 99% da população abastecida
com água de qualidade.

O presente trabalho tem como objetivo verificar a relação entre saneamento básico
e a infecção do Covid-19, uma vez que há uma grande diferença do acesso à água
potável entre os estados brasileiros. Casos os estados citados como os mais graves
na questão de saneamento também apresentarem piores casos de contaminação
de doença, podemos elencar a falta de investimento em abastecimento de água de
qualidade como um dos motivos que fez o Brasil estar no topo dos países mais
afetados pela epidemia.

MÉTODO

Neste trabalho é abordado utilizando métodos descritivos, exploratórios e


quantitativos correlacionando os temas por meio de revisão bibliográfica dos
assuntos encontrado em artigos e dados de organizações.

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Os dados utilizados são recentes, usando as últimas informações do saneamento
básico no país e usando um período específico da propagação do COVID. A
pesquisa realizada no site do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento,
publicada em 2018, torna crível o tempo para os tempos atuais, uma vez que as
mudanças no setor são insignificantes no período. Com a finalidade de evitar o
efeito da possível “a mecanismos coevolutivos complexos da relação
patógeno-hospedeiro” (Pereira,Henrique do Santos - 2020) , reduzindo o número
com efeitos graves ou óbitos em alguns estados, e consequentemente a percepção
da doença, prejudicando a correta análise, foram empregados elementos do dia 21
de maio de 2020, do ministério da saúde , quase 3 meses do início da pandemia no
país.

Em princípio foi analisado diversos artigos sobre a relação entre saneamento básico
e covid, em seguida foi coletado informações sobre o Covid nos 26 estado e o
distrito federal do Brasil. Em alguns estados divergiram da correlação entre covid e
Saneamento, mas para tais houveram fatos divergentes dos demais que explicam a
incoerência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com os dados do Ministério da Saúde, a tabela abaixo de Correlação entre


Saneamento e COVID-19 apresenta os estados e seus respectivos dados de
porcentagens de população atendida pelo sistema de rede de água e casos de
covid. Foram usados índices do final de Maio, a fim de evitar a imunidade de massa
atingida por algumas regiões , influenciando no índice de contaminação.

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A região Norte possui o menor percentual de água tratada do país. Apresentou os
maiores índices de mortalidade e taxa de casos no país. Roraima e tocantins que
apresentam melhor atendimento com rede de água e esgoto, apresentam o menor
índice. No Amazonas, embora tenham bom atendimento de água, a propagação
apresenta um maior percentual devido a outras condições como “ volume de chuva
no estado e a pouca adesão ao isolamento “( Barifouse, Rafael-2020), além do
baixo tratamento de esgoto.

Na região Nordeste, seguindo a região Norte como baixo acesso a água tratada e
esgoto para a população também tem o segundo maior índice de covid . Nesta
região com aspectos similares, é possível comparar Ceará e Maranhão, ambos com
menor acesso à água tratada, possuem os maiores índices de Covid por pessoa.
Em Pernambuco pesa a rápida propagação do vírus embora com acesso a água
tratada pela população, devido outros fatores como a alta conectividade entre as

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cidades do interior com a capital, alta taxa de urbanização, densidade demográfica
(​MORRIS,  Chris-2020)  e além da possibilidade de transmissão através do porto
Suape(​BROWNE, 2020)​, o maior do Norte e Nordeste Brasileiro .

Região Centro Oeste com baixo índice de propagação do Vírus , e com terceiro
maior acesso a água tratada e esgoto. Fator que contribuiu para a situação foi o fato
da região situar no interior do país e a baixa densidade demográfica da
região(​MORRIS,  Chris-2020)​. O distrito Federal por se tratar de um dos epicentro de
propagação do vírus tem um maior índice. O alto número de teste também explica o
índice (​ZANLORENSSI, Gabriel-2020)​.

A região Sudeste possui o segundo melhor atendimento com rede de água e esgoto
no país. Regiões com alta densidade demográfica e localizado no epicentro do vírus
no país(​MORRIS,  Chris-2020) . No caso do estado de Espírito Santo o índice de
propagação é alto devido ao maior número de teste no estado. Em contrapartida o
estado de Minas Gerais os valores estão baixos devidos devido ao menor número
de testes(​ZANLORENSSI, Gabriel-2020)​.

A região sul possui a maior proporção de atendimentos a rede de água e esgoto. O


índice de propagação é o menor no país.

Outro fator que justifica a presença ou ausência de água tratada é existência de um


plano municipal de saneamento básico. O mapa abaixo (Interáguas, 2017) ilustra
quais regiões do Brasil possuem esse quesito. É possível observar que as regiões
do Norte e Nordeste, as mais frágeis economicamente e aquelas presentes entre as
mais afetadas pelo vírus, são as mais carentes de um plano municipal de
saneamento básico.

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Figura 02: mapa de situação dos municípios quanto ao plano de saneamento básico
(INTERÁGUA-2017).

Criando um gráfico entre o abastecimento de água e casos de COVID por 100 mil
habitantes temos uma linha de tendência negativa de 0,54. Isso significa que quanto
maior a porcentagem de famílias com acesso a água tratada, menos será o índice
de contaminação pela doença naquela região.

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Fazendo o mesmo, mas substituindo o número de infectados por número de mortos
pela doença, temos uma linha de tendência negativa, assim como no exemplo
anterior, mas bem menor, de 0,34.

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Uma hipótese para a diferênça entre a correlação entre casos e mortes com acesso
à água potável seria que há regiões onde não havia muita oferta de testes, fazendo
com que os poucos disponíveis fossem usados apenas nos casos mais extremos,
assim, causando uma distorção da relação número de contaminados em relação ao
número de mortos, ou seja, muitas pessoas contaminadas que não estavam em
situação de saúde grave não foram testadas. Caso a hipótese esteja correta, o
número de óbitos é mais preciso, fazendo com que o segundo gráfico seja mais
realista.

CONCLUSÃO

Existe uma relação clara entre saneamento básico e propagação do vírus da


COVID-19, justificável pela linha de tendência apresentada nos gráficos trazidos
aqui ao leitor. Logo, os estados da Região Norte e Nordeste foram os mais afetados
com seu dados tendendo para o canto superior esquerdo de cada gráfico (com
exceção do estado de Manaus por fatores externos). Assim fica evidente a

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necessidade de investimento em distribuição de água como modelo de prevenção
para o COVID-19 e demais doenças com características de contaminação similares.

Observa no entanto que diversos fatores externos influenciaram na disseminação do


vírus, tais como respeito ao isolamento social, densidade demográfica, fatores
climáticos da região, qualidade de atendimento, transparência dos órgãos públicos e
número de testes confiáveis para coronavírus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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