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Lesões Esportivas: Entenda a Importância da Prevenção

Praticar esportes é o segredo para ter uma vida mais saudável. Nesse processo, todavia,
algumas lesões esportivas podem surgir, as quais prejudicam os treinos e interferem no
desempenho do atleta. Por isso, não podemos deixar de falar em um assunto muito
importante:prevenção.
O post de hoje foi elaborado para ajudar a entender melhor sobre as lesões que surgem
em decorrência da prática de exercícios físicos e quais são os recursos disponíveis para
se prevenir. Continue conosco para descobrir como proteger o seu corpo.

Entenda o impacto das Lesões Esportivas no desempenho dos atletas

Quando falamos em lesões decorrentes de atividades esportivas, estamos nos referindo


diretamente aos impactos na qualidade de vida e desempenho de um atleta. Segundo o
Dr. Felipe Malzac, sócio e ortopedista do Laboratório de Performance Humana, existem
dois tipos de lesões esportivas.
A primeira delas são as crônicas, como a síndrome do impacto do ombro e lesões do
manguito rotador, muito comum entre os esportistas. Embora não impeçam o atleta de
treinar e interfiram pouco no seu desempenho, as lesões crônicas provocam dores fortes
e muito desconforto.
O segundo tipo trata-se das lesões agudas, como entorses no tornozelo, rompimento de
ligamentos e crises de lombalgia, as quais requerem o afastamento do atleta. Nesse caso,
é praticamente impossível que ele retorne a uma partida ou esteja apto para as próximas.
Resumindo, as lesões esportivas podem afetar a performance de um atleta ou não.
Mesmo assim, em todos os casos, elas afetam negativamente suas vidas, seja pelo
desenvolvimento de dores ou pela queda do desempenho.

Principais Lesões Esportivas

Cãibras
Definida como uma contração parcial involuntária dos músculos, a cãibra é causada
devido a um desequilíbrio eletrolítico ou acúmulo de ácido lático nos tecidos. Muito
dolorida, ela costuma surgir durante ou após os exercícios físicos.
Quando as cãibras aparecem, isso é sinal de que está na hora de repor água e sais
minerais no organismo. Comer alimentos ricos em potássio, como a banana, pode ajudar
a reduzir a ocorrência desse problema. Para amenizá-las, é recomendado aplicar
compressas quentes ou frias no local. Caso a dor não passe, o uso de medicamentos
anti-inflamatórios é necessário.

Bursites
A bursite é uma inflamação na bolsa sinovial, também chamada de bursa, uma estrutura
cheia de fluido presente no espaço entre o osso e o tendão ou músculo que atua evitando
o atrito durante o movimento das articulações.
Quando uma pancada ou pressões repetitivas são exercidas sobre a região, a bursa
localizada nos joelhos, tornozelos, ombros ou cotovelos pode inflamar. Todo o inchaço e
inflamação também podem gerar um quadro de tendinite. Nesses casos, o tratamento
envolve muito repouso e, eventualmente, uso de medicamentos anti-inflamatórios, além
de sessões de fisioterapia para reabilitação.
Estiramentos
Conhecido também como distensão, o estiramento provoca a ruptura de fibras, o que
pode acontecer apenas no músculo como também na junção entre esse tecido e os
tendões. O problema é consequência de um esforço extremo realizado na região.
Para se recuperar, é recomendado que o atleta faça repouso, aplique gelo no local e
deixe-o mais elevado que as outras partes do corpo, o que ajuda a reduzir o inchaço e a
inflamação. Em alguns casos, é preciso fazer fisioterapia para obter uma reabilitação mais
rápida e completa.

Entorses e ruptura de ligamento


As entorses são provocadas por uma distensão excessiva dos ligamentos e demais
estruturas que mantêm a estabilidade das articulações. Movimentos bruscos, como uma
virada de pé que força a tornozelo no sentido contrário, é a causa mais frequente dessa
situação, a qual pode levar, inclusive, ao rompimento completo do ligamento.
Frequentes entre os atletas, essas lesões precisam de tratamento rápido, com
imobilização do local, aplicação de gelo e uso de anti-inflamatórios. Em alguns casos,
procedimentos cirúrgicos podem ser necessários. Sessões de fisioterapia são
indispensáveis para a reabilitação.
Geralmente, os mecanismos de lesões nos esportes podem ser divididos em
 Excesso de uso
 Trauma fechado
 Fraturas e deslocamentos
 Estiramentos e Entorses agudos dos tecidos moles

A maioria das lesões (p. ex., fraturas, luxações, contusões dos tecidos moles, trauma
fechado, entorses e estiramentos) não é única dos atletas e pode ocorrer em atividades
rotineiras ou acidentes. Essas lesões são discutidas em outras partes deste Manual. Mas
os atletas precisam aprender como modificar técnicas falhas que predispõem a lesões ou
podem ser aconselhados a adotar um período adequado de descanso para que se
recuperem de uma lesão esportiva (i. e., treinar sem dor).
Excesso de uso
O uso excessivo é uma das causas mais comuns de lesão atlética e é o efeito cumulativo
do estresse excessivo e repetitivo das estruturas anatômicas. Pode traumatizar músculos,
tendões, cartilagem, ligamentos, bolsas, fáscia e osso em qualquer combinação. O risco
de lesão por excesso de uso depende de interações complexas entre fatores individuais e
extrínsecos.
Fatores de risco individuais incluem
 Fraqueza muscular e inflexibilidade
 Frouxidão articular
 Lesão anterior
 Desalinhamento ósseo
 Assimetrias de membros
Fatores extrínsecos incluem
 Erros de treinamento (p. ex., exercício sem tempo suficiente de recuperação,
excesso de carga, construção de um grupo de músculos sem treinamento do grupo
oposto e uso extensivo dos mesmos padrões de movimento)
 Condições ambientais (p. ex., correr excessivamente em pistas inclinadas ou
estradas movimentadas — o que estressa os membros de forma assimétrica)
 Características dos equipamentos de treinamento (p. ex., movimentos incomuns ou
não habituais, como aqueles feitos em um aparelho elíptico)

Corredores, na maioria das vezes, sofrem lesão após aumento muito rápido da
intensidade ou da duração do exercício. Nadadores podem ser menos propensos a lesões
de excesso, pois boiar tem efeitos protetores, embora ainda estejam em risco,
particularmente com relação aos ombros, onde a maioria dos movimentos ocorre.
Trauma fechado
Trauma atlético brusco causa lesões como contusões dos tecidos moles, concussões e
fraturas. Os mecanismos de lesão envolvem normalmente colisões de alto impacto com
outros atletas ou objetos (p. ex., sofrer uma falta no futebol ou ser prensado contra
aparadores no hóquei), quedas e golpes diretos (p. ex., em boxe e artes marciais).
Estiramentos e entorses
Entorses são lesões nos ligamentos e estiramentos são lesões nos músculos (ver
também Visão geral de entorses e outras lesões do tecido mole ). Eles tipicamente
ocorrem com força súbita e total, mais comum durante acorrida, particularmente com
mudanças repentinas de direção (p. ex., desviando e evitando competidores no futebol).
Essas lesões também são comuns no treinamento de força, quando a pessoa deixa cair o
peso rapidamente, em vez de movê-lo lenta e suavemente com tensão constante
controlada.

Sinais e sintomas
A lesão sempre causa dor, que varia de leve a grave. Os sinais podem estar ausentes ou
incluir qualquer combinação de edema dos tecidos moles, eritema, calor, pontos de
sensibilidade, equimose e perda da mobilidade.

Diagnóstico
 História e exame físico
 Às vezes, exames de imagem

O diagnóstico deve incluir história total e exame físico. A história deve focar no
mecanismo da lesão, estresse físico da atividade, lesões anteriores, tempo do início da
dor, extensão e duração durante e depois da atividade. Deve-se perguntar aos pacientes
sobre exposição a antibióticos do grupo das quinolonas, que podem predispor à ruptura
do tendão. Teste diagnóstico (p. ex., radiografia, tomografia computadorizada TC),
ressonância nuclear magnética RM], cintilografia óssea, eletromiografia) e
encaminhamento a um especialista podem ser necessários.

Tratamento
 Repouso, gelo, compressão, elevação (RGCE)
 Analgésicos
 Treinamento cruzado
 Retorno gradual à atividade
RGCE
O tratamento imediato para a maioria das lesões esportivas agudas é repouso, gelo,
compressão e elevação (RGCE).
Repouso previne lesão posterior e ajuda a reduzir o edema.
Gelo (ou bolsa de gelo comercial) causa vasoconstrição e reduz edema, inflamação e dor
nos tecidos moles. Gelo e compressas frias não devem ser aplicados diretamente à pele.
Elas devem ser envolvidas em um plástico ou toalha. Deve-se mantê-las no local por no
máximo 20 minutos de cada vez. Bandagem elástica pode ser usada em volta do pacote
plástico bem fechado contendo gelo, para mantê-lo no lugar.
Envolver uma extremidade lesionada com bandagem elástica para compressão reduz
edema e dor. A bandagem, porém, não deve ser usada muito firmemente, pois pode
causar edema na extremidade distal.
A área lesionada deve ser elevada acima do nível do coração para que a gravidade facilite
a drenagem do líquido, reduzindo edema e dor. Idealmente, o líquido deve drenar por uma
via descendente a partir da área lesionada para o coração (p. ex., em uma lesão na mão,
o cotovelo e a mão devem ficar elevados). Gelo e elevação devem ser usados
periodicamente nas primeiras 24h após lesão aguda.
Controle da dor
O controle da dor envolve o uso de analgésicos, tipicamente paracetamol ou anti-
inflamatórios não esteroidais (AINEs). Deve-se evitar o uso de AINEs em pacientes com
insuficiência renal, desidratação, distúrbios de coagulação ou história de gastrite ou úlcera
péptica . Mas se a dor persistir por > 72 h após uma lesão aparentemente simples,
recomenda-se encaminhamento a um especialista para avaliação de lesões adicionais ou
mais graves. Essas lesões são tratadas apropriadamente (p. ex., com imobilização, às
vezes com corticoides orais ou injetáveis). Os corticoides devem ser aplicados apenas
pelo especialista e somente quando necessário, pois podem retardar a cicatrização dos
tecidos moles e, algumas vezes, enfraquecer tendões e músculos lesados. A frequência
das injeções deve ser monitorada por um especialista, pois injeções muito frequentes
podem aumentar o risco de degeneração tecidual e ruptura do tendão ou ligamento.
Atividade
Em geral, atletas lesados devem evitar a atividade específica que causou a lesão mesmo
após ocorrer cicatrização. No entanto, para minimizar o descondicionamento, eles podem
fazer treinamento cruzado (desempenhar exercícios diferentes ou relacionados que não
causem reincidência da lesão ou dor). A lesão também pode requerer a redução da
amplitude do movimento no exercício se houver dor intolerável em certos pontos do
movimento. Inicialmente, exercícios das áreas previamente lesionadas devem ser de
baixa intensidade para fortalecer gradualmente os músculos, tendões e ligamentos fracos
sem o risco de nova lesão. É mais importante manter uma boa amplitude de movimento, o
que ajuda a direcionar o sangue para a área lesionada e acelerar a cicatrização, do que
retomar rapidamente a intensidade total do treinamento por medo de perder o
condicionamento. A retomada da atividade total deve ser gradual, uma vez que a dor
melhore. Os atletas competitivos devem considerar consulta com profissional (p. ex.,
fisioterapeuta, personal trainer).
Os atletas devem ser colocados em programa graduado de exercícios e fisioterapia para
restaurar flexibilidade, força e resistência. Eles também precisam se sentir
psicologicamente prontos antes de voltar a uma atividade de capacidade total. Atletas
competitivos podem se beneficiar de aconselhamento motivacional.
Prevenção
O exercício por si só ajuda a prevenir lesões, pois os tecidos se tornam mais resistentes e
tolerantes durante atividades vigorosas. Em geral, flexibilidade e condicionamento
generalizado são importantes para todos os atletas como um meio de evitar lesões.
O aquecimento geral aumenta a temperatura muscular e deixa os músculos mais
flexíveis, fortes e resistentes à lesão; também melhora o desempenho na ginástica pelo
aumento da preparação mental e física. Entretanto, não foi demonstrado que
alongamento antes de exercícios previna as lesões. O desaquecimento (um breve período
de esforço de baixo nível imediatamente após uma atividade) pode prevenir tonturas e
síncope após exercício aeróbico e ajudar a remover produtos metabólicos provenientes
dos exercícios, como ácido lático, dos músculos e da corrente sanguínea. Mas estudos
não demonstram que o resfriamento diminua a rigidez e dor depois do exercício. O
desaquecimento também ajuda a diminuir a frequência cardíaca lenta e gradualmente a
níveis próximos aos de repouso.

Podemos classificar como lesões mais comuns no esporte as seguintes:

- Cãibra: a cãibra é uma contração involuntária do músculo que acontece quando há uma
atividade física intensa. O paciente sente fisgada no músculo e dor intensa na região. A
recomendação para não sentir cãibra é hidratar-se bastante, para que haja reposição dos
sais minerais. Para quem não está acostumado com uma atividade física intensa, a dica é
começar devagar.
- Contusão: a contusão ocorre após impacto em alguma área do corpo. Ela costuma ser
mais comum em esportes de queda, como o futebol e o basquete. O local da contusão
tende a ficar inchado e roxo e o paciente sentirá dor. Compressas de gelo e spray
analgésico costumam melhorar a situação, mas caso a dor seja persistente a dica é
procurar um médico.
- Distensão muscular: a distensão é o estiramento ou rompimento de um tecido
muscular, que causa dor súbita. Além disso, pode haver inchaço, espasmos musculares e
capacidade limitada de mover o músculo. O tratamento é feito com repouso, anti-
inflamatórios e fisioterapia. Nos casos mais graves, pode ser indicada cirurgia.
- Tendinite: a tendinite nada mais é que a inflamação de um ou mais tendões do corpo.
No esporte a tendinite ocorre por excesso de repetição de um mesmo movimento. O
tratamento irá ser feito com o objetivo de aliviar a dor e reduzir a inflamação e envolve
repouso, compressas, analgésicos e fisioterapia.
- Fratura por estresse: a fratura por estresse normalmente ocorre devido a um aumento
repentino do treino, fazendo com que o osso seja submetido a cargas muito intensas e
não aguente a pressão, com isso ele pode se trincar e quebrar. Repouso, imobilização e
fisioterapia fazem parte do tratamento.
- Bursite: a bursite é a inflamação das bursas – pequenas bolsas que reduzem o atrito
entre duas superfícies em movimento. No esporte a bursite ocorre por uso repetitivo das
articulações. Por causa da inflamação, o paciente irá sentir dor, inchaço e vermelhidão. O
tratamento envolve repouso, compressas frias, anti-inflamatórios e fisioterapia. Os casos
mais graves precisam de aspiração e cirurgia.
- Ruptura de ligamento: os ligamentos do corpo são tecidos fibrosos muito resistentes e
pouco elásticos. Quando há um movimento intenso ou excessivo, pode haver uma ruptura
de ligamento. Nos casos mais simples, o tratamento é feito com repouso, compressas,
medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, e sessões de fisioterapia. Já nos casos
mais graves precisam de infiltração e raramente cirurgia.
REFERÊNCIAS

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