Você está na página 1de 12

299

ARTIGO ARTICLE
A saúde no licenciamento ambiental:
uma proposta metodológica para a avaliação
dos impactos da indústria de petróleo e gás

Health and environmental licensing: a methodological proposal


for assessment of the impact of the oil and gas industry

Eduardo Macedo Barbosa 1


Matha Macedo de Lima Barata 2
Sandra de Souza Hacon 3

Abstract Bearing in mind the importance of the Resumo Considerando a importância dos im-
impacts of the oil industry on human health, this pactos da indústria do petróleo sobre a saúde hu-
article seeks to present a methodological proposal mana, este artigo apresenta uma proposta meto-
for analysis of these aspects in environmental dológica para a análise desses aspectos nos estudos
impact assessment studies, based on the established de avaliação de impacto ambiental, a partir dos
legal parameters and a validated matrix for the parâmetros legais estabelecidos e da adaptação de
hydroelectric sector. The lack of health consider- uma matriz validada para o setor hidrelétrico. A
ations in the environmental impact assessment análise dos relatórios ambientais de 21 empreen-
was detected in most of the 21 oil production en- dimentos nacionais de produção de petróleo, li-
terprises analyzed, that were licensed in the peri- cenciados no período de 1º de janeiro de 2004 a 31
od from January 1, 2004 through October 30, de outubro de 2009, constatou a inexistência de
2009. The health matrix proved to be an appro- evidências da incorporação de aspectos de saúde
priate methodological approach to analyze these na maioria dos seus respectivos estudos de avalia-
aspects in the environmental licensing process, ção de impacto ambiental. A matriz mostrou-se
guiding decisions and interventions in socio-en- um instrumento metodológico adequado para
vironmental management. analisar a inserção da saúde no licenciamento am-
Key words Health impact assessment, Environ- biental e orientar a tomada de decisão e interven-
mental management, Environmental licensing, ções para a gestão socioambiental.
Oil and gas industry Palavras-chave Avaliação de impactos à saúde,
Gestão ambiental, Licenciamento ambiental, In-
dústria de petróleo e gássil
1
Petróleo Brasileiro S.A.
(Petrobras). Av. República
do Chile 500, Centro.
20031-170 Rio de Janeiro
RJ. eduardobarbosa@
petrobras.com.br
2
Instituto Oswaldo Cruz,
Fundação Instituto Oswaldo
Crus (Fiocruz/IOC)
3
Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Instituto
Oswaldo Cruz (Fiocruz/
ENSP)
300
Barbosa EM et al.

Introdução de licenciamento ambiental de suas atividades e


operações. Mas na prática, esses aspectos são mal
Durante muitos anos, os problemas e impactos avaliados ou até mesmo nem são contemplados,
ambientais decorrentes do desenvolvimento eco- pois apesar da Avaliação de Impacto Ambiental
nômico foram considerados como um “mal ne- (AIA) levar em consideração os aspectos relati-
cessário”, justificados pelos benefícios proporcio- vos ao ambiente físico, biótico, e socioeconômi-
nados pelo progresso. Argumentava-se sobre a co, não explicita os potenciais impactos à saúde
incompatibilidade entre a maximização de lucros da população estabelecida em sua área de influ-
e a responsabilidade socioambiental das empre- ência6. Entende-se como área de influência a área
sas e entre a política ambiental e o crescimento geográfica e as comunidades que podem ser di-
da atividade econômica de um país. A economia reta ou indiretamente impactadas pelas ativida-
baseava-se na maximização de lucros no curto des e operações de um determinado empreendi-
prazo, em função do mercado de produtos e in- mento. A caracterização da área de influência
sumos e da reação à regulamentação governa- abrange os ecossistemas e os aspectos socioeco-
mental, e as empresas limitavam-se a cumprir as nômicos, culturais e de saúde.
normas de poluição ambiental instituídas pelos Os estudos de AIA, etapa necessária para de-
órgãos reguladores e de controle1. terminar se o empreendimento é passível de ser
O crescimento econômico e o desenvolvimen- licenciado, têm como objetivo prevenir as conse-
to tecnológico observados nas últimas décadas quências e os danos ambientais decorrentes da
propiciaram uma crescente diversificação das instalação e operação de projetos e empreendimen-
atividades e produtos da indústria. A busca por tos potencialmente poluidores, através da men-
novos modelos econômicos e tecnológicos dian- suração e comunicação de seus riscos, vantagens
te das crescentes exigências e pressões da socie- e desvantagens, assim como das alternativas e
dade em relação à preservação ambiental, da forte medidas de mitigação e compensação previstas.
concorrência num mercado cada vez mais glo- Pesquisas e trabalhos na área de licenciamen-
balizado e da preocupação dos acionistas com a to e avaliação dos impactos ambientais têm iden-
saúde financeira de seus negócios impuseram um tificado importantes desafios para a inserção dos
novo desafio para as empresas: serem competi- impactos à saúde nos Estudos e nos Relatórios
tivas e sustentáveis ao mesmo tempo2. de Impacto Ambiental (EIA/RIMA)7,8. No setor
Não obstante a reestruturação da maioria das de petróleo e gás natural, o Programa das Na-
empresas frente a este desafio, os esforços nessa ções Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
direção ainda encontram-se mais voltados para no seu relatório “The Oil Sector Report: a Review
o ambiente interno de suas organizações e para of Environmental Disclosure in the Oil Indus-
os processos tecnológicos, produtos e práticas try”, publicado em 1999, já evidenciava a impor-
de gestão que não consideram os aspectos soci- tância da identificação e avaliação dos impactos
ais e de saúde de uma forma integral, mantendo à saúde além da simples quantificação dos polu-
o foco na compensação dos impactos ao meio entes ambientais, idealizando assim um proces-
ambiente e no contexto filantrópico da dimen- so integrado de gestão socioambiental proativo9.
são social, numa abordagem reativa de gestão No Brasil, apesar do licenciamento ambien-
socioambiental3. tal e da AIA, instrumentos da Política Nacional
A complexidade dos problemas socioambi- de Meio Ambiente, representarem um marco his-
entais e a múltipla determinação social da saúde, tórico para a prevenção e controle dos impactos
incluindo questões básicas como a moradia, o ambientais decorrentes do desenvolvimento, ain-
saneamento, o emprego, a renda, a educação e o da há a necessidade de estruturação sistemática
acesso aos bens e serviços de saúde, impõem a da participação do setor saúde neste processo,
necessidade de uma abordagem sistêmica, inter- através da criação de instrumentos que contri-
disciplinar e intersetorial para as questões do buam para induzir as empresas a mitigar e com-
desenvolvimento, que permita apreender sua glo- pensar seus impactos à saúde da população10.
balidade e as inter-relações causais entre seus Diante do atual contexto nacional desenvol-
impactos ambientais e respectivos efeitos à saúde vimentista, um exemplo de programa governa-
humana, rompendo com o modelo clássico do mental responsável pela implantação de grandes
processo saúde-doença4,5. empreendimentos que, de acordo com o porte e
Os efeitos à saúde humana decorrentes dos o tipo de atividade, podem impactar o meio am-
impactos ambientais de um empreendimento biente e influenciar a saúde de diferentes grupos
deveriam ser considerados em todo o processo populacionais, é o Programa de Aceleração do
301

Ciência & Saúde Coletiva, 17(2):299-310, 2012


Crescimento (PAC). Este programa tem como 237, de 19 de dezembro de 1997, que estabelece-
principal eixo a infraestrutura energética, com ram a exigência de estudos ambientais voltados
importantes investimentos em dois importantes à identificação e avaliação de impactos desses
segmentos: a geração e a transmissão de energia empreendimentos, estruturados através do Es-
elétrica, e a produção, a exploração e o transpor- tudo de Impacto Ambiental e do Relatório de
te de petróleo, gás natural e combustíveis reno- Impacto Ambiental (EIA/RIMA), definidos por
váveis. Não obstante, ele não pode estar dissoci- essas mesmas resoluções17,18.
ado do anseio global e nacional do desenvolvi- A AIA determina os tipos de empreendimen-
mento sustentável, que é ancorado no tripé: de- tos que dependerão da elaboração dos EIA/RIMA
senvolvimento econômico, justiça social e ma- para a obtenção de licença ambiental, que deve-
nutenção da qualidade dos ecossistemas. rão abordar, no mínimo, os seguintes aspectos:
Porto e Milanez11 chamam a atenção para a . Diagnóstico ambiental da área de influência
existência de eixos de desenvolvimento econômi- do projeto, contendo a descrição dos recursos
co ambientalmente insustentáveis, que intensifi- ambientais e suas interações, caracterizando as
cam os problemas socioambientais nacionais condições ambientais antes da implantação do
decorrentes de uma visão economicista restrita, projeto, contemplando os meios físico, biótico e
representados pelo setor de produção de energia socioeconômico;
e as grandes obras de infraestrutura, exemplifi- . Análise dos impactos ambientais do projeto
cados pelos derramamentos de óleo e derivados e de suas alternativas, através de identificação,
da indústria do petróleo e pelo desmatamento e previsão da magnitude e interpretação da im-
degradação ambiental das barragens e usinas portância dos prováveis impactos relevantes (di-
hidrelétricas. Apesar dos acidentes com vazamen- retos e indiretos; imediatos e a médio e longo
tos de petróleo não representarem a principal prazos; temporários e permanentes; e seu grau
fonte de contaminação ambiental dos mares e de reversibilidade e de distribuição dos ônus e
oceanos, podem causar prejuízos socioeconômi- benefícios sociais);
cos e importantes impactos ambientais e à saúde . Estudo de medidas mitigadoras destinadas
humana12-14. a corrigir ou anular os impactos negativos ou a
Considerando a importância dos efeitos à reduzir sua magnitude;
saúde relacionados, direta e indiretamente, aos . Estabelecimento de programas de acompa-
impactos ambientais de grandes empreendimen- nhamento e monitoramento, de modo que se
tos voltados para a infraestrutura energética, esse possam comparar, durante a implantação e ope-
artigo tem como objetivo apresentar uma pro- ração da atividade, os impactos previstos com
posta metodológica para a avaliação da incor- os que efetivamente ocorreram.
poração da dimensão saúde no licenciamento A AIA deve considerar os aspectos ambien-
ambiental do setor petróleo, considerando os tais, socioeconômicos e de saúde, considerando
impactos socioambientais e de saúde, a partir da diferentes alternativas tecnológicas e de localiza-
adaptação da matriz de análise das questões de ção do projeto, assim como a alternativa de não
saúde, utilizada e validada por Cancio15, para o realização do mesmo, e propor medidas de miti-
setor hidrelétrico. gação e compensação dos seus respectivos im-
pactos, numa abordagem de avaliação mais es-
Licenciamento Ambiental tratégica. Em geral, os estudos ambientais exigi-
dos não consideram as interações do projeto
No Brasil, o licenciamento ambiental foi ins- proposto com outras atividades antrópicas exis-
tituído pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, tentes, nem com políticas, planos e programas
que introduziu a AIA para promover o controle de governo15,19.
prévio à instalação e à operação de empreendi- A competência para o licenciamento ambien-
mentos que utilizem recursos ambientais, consi- tal leva em consideração a abrangência e o grau
derados potencialmente poluidores. Dentre as de impacto, podendo ser classificado em inter-
atividades que necessitam de licenciamento am- continental, nacional, regional, intermunicipal e
biental destacam-se as de extração e tratamento local. Na esfera federal, compete ao Instituto Bra-
de minerais, as indústrias química e metalúrgica, sileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Natu-
e as atividades que utilizam recursos naturais16. rais Renováveis (IBAMA) o licenciamento de ati-
O licenciamento ambiental tem sua funda- vidades de âmbito nacional ou regional, localiza-
mentação legal na Resolução CONAMA 001, de dos ou desenvolvidos em dois ou mais Estados,
23 de janeiro de 1986, e na Resolução CONAMA no mar territorial e na plataforma continental,
302
Barbosa EM et al.

cujos impactos ambientais diretos ultrapassem lidade do ar, da água e do solo, e a dispersão de
esses limites territoriais. O IBAMA autorizará o emissões atmosféricas e de óleo e efluentes), o meio
licenciamento ambiental após avaliação técnica biótico e o meio socioeconômico. Os impactos
dos órgãos ambientais dos Estados e Municípios ambientais gerados por esse setor sempre foram
em que se localizar o empreendimento, podendo mais tolerados, considerando a justificativa dessa
considerar ainda a anuência de demais órgãos atividade ser fundamental para o modelo desen-
competentes da União, Estados e Municípios, volvimentista e de sua importância para a matriz
como os de saúde. O IBAMA poderá também energética mundial (Quadro 1)19-21.
delegar aos Estados o licenciamento de atividade Entretanto, o crescimento do setor petróleo e
com significativo impacto ambiental de âmbito o papel estratégico do meio ambiente, perante tal
regional, uniformizando, quando possível, as atividade, exigem ações que privilegiem a articu-
exigências necessárias. lação intersetorial para a implementação de um
Para o licenciamento ambiental dos empre- processo de gestão ambiental cada vez mais inte-
endimentos da indústria de petróleo, gás natural grado às questões sociais e de saúde.
e derivados, os órgãos ambientais consideram a O licenciamento ambiental das atividades de
necessidade da elaboração de um diagnóstico exploração e produção marítimas de petróleo e
ambiental contemplando o meio físico (geologia, gás natural é também de responsabilidade do
geomorfologia, meteorologia, oceanografia, qua- IBAMA, através da Coordenação Geral de Licen-

Quadro 1. Impactos socioambientais e à saúde humana nas diferentes áreas do setor petróleo

Áreas do setor
petróleo Ações e efeitos diretos Impactos socioambientais e à saúde
Exploração “on shore” Desmatamento Doenças infecciosas emergentes
Descargas de hidrocarbonetos e Degradação ambiental crônica, com
fluidos de perfuração contaminação química e física (NORM*)
Ruído e disposição de oleodutos Modificações do habitat natural de animais,
sobre estuários com ilhas e recifes artificiais
Perfuração e
Contaminação do meio físico Redução da pesca e do gado, aumento da
Produção
morbidade e mortalidade de aves, animais
marinhos e domésticos, comprometimento
da qualidade do ar, dos solos e das águas.
Riscos para a saúde dos Doenças cutâneas, respiratórias, mentais e
trabalhadores e das comunidades câncer
Poluição química e sonora Danos aos ecossistemas
Transporte Derramamentos Destruição de vegetações, lavouras e animais
terrestres e litorâneos, contaminação de
lençóis freáticos.
Exposição a substâncias e Doenças crônicas pulmonares e mentais e
materiais perigosos neoplasias
Refino
Riscos de incêndios, explosões, Acidentes ambientais e ocupacionais
vazamentos e derramamentos
Emissão de particulados e Mortes prematuras e doenças respiratórias e
ozônio (poluição do ar) cardiovasculares
Combustão
Emissão de NOx, SOx e CO2 ** Chuva ácida, acidificação do solo, elevação da
(mudança climática) temperatura e aquecimento global, impactos
na agricultura e saúde
Obs.: NORM: material radioativo de ocorrência natural; NOx, SOx e CO2: óxido de nitrogênio, óxido de enxofre, e dióxido de
carbono, respectivamente.
303

Ciência & Saúde Coletiva, 17(2):299-310, 2012


ciamento de Petróleo e Gás (CGPEG), cujos pro- da implementação de ações comuns e consolida-
cedimentos estão regulamentados pelas Resolu- ção de agenda bilateral10,26.
ções CONAMA 237/97, 23/94 e 350/04, que con- Na tentativa de estabelecer parâmetros de
sideram como atividade de exploração e lavra de avaliação da relação entre impacto ambiental e
jazidas de combustíveis líquidos e gás natural o impacto à saúde, o Ministério da Saúde já identi-
levantamento de dados sísmicos, a perfuração ficou a necessidade de normatização específica
de poços para identificação das jazidas e suas para estruturar a participação do setor saúde nos
extensões; a produção para pesquisa sobre a via- processos de licenciamento ambiental de empre-
bilidade econômica; e a produção efetiva para endimentos que causem riscos à saúde humana.
fins comerciais18,22,23. Além da intenção de inserção de aspectos de saú-
de nos termos de referência, nos estudos e relató-
Licenciamento Ambiental e Saúde rios de impacto ambiental, e nos demais docu-
mentos pertinentes ao processo de emissão das
Apesar da definição de impacto ambiental da licenças ambientais, há também recomendações
Resolução CONAMA no 1/86 fazer referência aos de ações para a prevenção e o controle dos fato-
aspectos de saúde, e da Resolução CONAMA no res de risco à saúde das populações das áreas de
237/97 estabelecer direitos ao órgão ambiental influência desses empreendimentos27.
de suspender ou cancelar uma licença em caso de Atualmente, os únicos mecanismos institucio-
ocorrência de graves riscos ambientais e de saú- nais de participação da saúde no processo de li-
de, na prática, os estudos e relatórios exigidos se cenciamento ambiental se dão através da Reso-
preocupam apenas com os impactos diretos ao lução CONAMA 286/2001, que regulamenta o
meio ambiente. Os impactos sobre a saúde não licenciamento de empreendimentos em regiões
são explicitados, pois ainda são considerados endêmicas de malária28, e da Portaria 47/2007, da
apenas como consequências indiretas dos impac- Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério
tos ao meio ambiente. da Saúde (SVS/MS), que dispõe sobre a Avalia-
Apesar da relevância dos impactos à saúde ção do Potencial Malarígeno e o Atestado de
decorrentes das atividades e operações industri- Condição Sanitária para projetos de assentamen-
ais, os órgãos ambientais responsáveis pelo pro- to de reforma agrária e outros empreendimen-
cesso de licenciamento ambiental não estão pre- tos nessas regiões10.
parados para analisar esses aspectos, havendo
ainda limitações e dificuldades institucionais de
gestão, infraestrutura e de natureza técnica para Metodologia
o estabelecimento de um processo integrado de
vigilância e controle dos aspectos de ambiente e A escolha de empreendimentos do setor petróleo
saúde24,25. cadastrados no PAC considerou sua representa-
No Brasil, com a criação da Coordenação tividade e importância em relação ao desenvolvi-
Geral de Vigilância Ambiental em Saúde mento do país. Com o objetivo de instrumenta-
(CGVAM) em 1999, foi instituído o Subsistema lizar a avaliação dos impactos desse setor sobre a
Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SIN- saúde, aplicou-se uma matriz de análise da in-
VSA) como ferramenta de vigilância em saúde serção de aspectos de saúde nos estudos e nos
do Sistema Único de Saúde (SUS), cuja principal relatórios de impacto ambiental referentes ao li-
atribuição é prevenir e controlar os agravos à cenciamento de atividades de produção de pe-
saúde das populações expostas aos impactos de tróleo. Essa matriz foi elaborada a partir da ma-
empreendimentos poluidores. Para a estrutura- triz utilizada e validada por Cancio15 para o setor
ção e operacionalização de políticas e ações inte- hidrelétrico, considerando sua similaridade com
gradas de saúde e meio ambiente, o Ministério a indústria de petróleo, em relação ao potencial
da Saúde institui, em 2001, um Termo de Coope- poluidor e seus respectivos impactos e às catego-
ração Técnica com o Ministério do Meio Ambi- rias analíticas e a aspectos de saúde selecionados
ente para a implementação de uma agenda naci- com base na legislação ambiental vigente.
onal de Saúde Ambiental, com a identificação de Nessa matriz, Cancio15 partiu de uma abor-
áreas prioritárias de cooperação. E, mais recen- dagem qualitativa, fundamentada na interpreta-
temente, foi assinada a Portaria Interministerial ção de fenômenos e atribuições de significados,
882, de 30 de abril de 2008, entre os Ministérios buscando alcançar a unidade na diversidade e
da Saúde e do Meio Ambiente, estabelecendo di- produzir explicações, comportando vários graus
retrizes para a integração e cooperação através de generalização e aproximação ao objeto da pes-
304
Barbosa EM et al.

quisa. A classificação dos aspectos de saúde em ou secundários. Nessa categoria, considerou-se


diferentes grupos de categorias analíticas e sua também a respectiva infraestrutura de saúde e
respectiva organização em categorias operacio- educação disponíveis.
nais serve como guia teórico e de balizamento A categoria “identificação, análise e comuni-
para o conhecimento do objeto de pesquisa, per- cação de impactos” considerou a análise propri-
mitindo a observação e o trabalho de campo29. amente dita dos impactos à saúde humana, tan-
Para a inclusão dos EIA/RIMA nesta pesqui- to de trabalhadores quanto da população das
sa foram utilizadas as informações disponíveis áreas de influência. A repercussão desses impac-
no banco de dados do Sistema Informatizado de tos sobre os indicadores socioeconômicos e de
Licenciamento Ambiental Federal (SISLIC) do saúde dessas populações também foi considera-
IBAMA30, considerando-se os seguintes critérios da, com base nos conceitos e definições de indi-
para a seleção dos empreendimentos: cadores de saúde da Rede Interagencial de Infor-
. estar na competência de licenciamento da mações para a Saúde (RIPSA)31.
CGPEG; Em relação à “avaliação de alternativas” fo-
. ter sido licenciado no período de 1º de janei- ram consideradas as locacionais, as tecnológicas
ro de 2004 a 31 de outubro de 2009; e as econômicas, subsidiadas por uma análise de
. estar classificado na tipologia “Petróleo-Pro- custo e benefício dos potenciais impactos socio-
dução” e cadastrado no PAC. ambientais e de saúde relacionados ao tipo de
Foram selecionados um total de 21 empreen- empreendimento em questão.
dimentos de produção de petróleo, apresenta- Para a “identificação de medidas mitigado-
dos no Quadro 1, cujos respectivos EIA/RIMA ras” a serem previstas pelos empreendedores,
foram analisados em relação à inserção de as- considerou-se os aspectos de saúde relacionados
pectos e impactos à saúde humana, de acordo aos impactos do empreendimento propriamen-
com as categorias consideradas na matriz pro- te dito, à infraestrutura e aos serviços de saúde
posta. Na avaliação da inserção dos aspectos de disponíveis, e à vulnerabilidade social. A vulne-
saúde nos estudos e relatórios selecionados, cada rabilidade compreende um conjunto de aspectos
aspecto de saúde foi analisado segundo o grau além do individual, abrangendo questões coleti-
de explicitação no EIA/RIMA como inexistente, vas e contextuais, que levam à suscetibilidade a
parcial ou total. doenças, considerando ainda a falta de recursos
A definição dos aspectos de saúde que com- disponíveis para a proteção humana, reforçan-
puseram as categorias operacionais e analíticas do a responsabilização da sociedade32.
da matriz elaborada para a avaliação dos EIA/ Nessa categoria foi contemplada também a
RIMA no setor petróleo considerou os parâme- definição de planos de emergência, conforme o
tros de avaliação de impacto ambiental estabele- tipo e a abrangência dos impactos negativos iden-
cidos pela Resolução CONAMA 001/86. Os as- tificados, como medida mitigadora dos mesmos.
pectos de saúde analisados foram agrupados em O “monitoramento e controle dos impactos
sete diferentes categorias: descrição do projeto; à saúde”, relacionados à produção de petróleo,
diagnóstico socioambiental das áreas de influên- consideraram a definição de metas e indicadores
cia; identificação, análise e comunicação de im- de gestão dos impactos e riscos à saúde ocupaci-
pactos; compatibilidade entre ações do governo onal e das comunidades da área de influência das
e empreendimento; avaliação de alternativas; iden- respectivas atividades industriais.
tificação de medidas mitigadoras; e monitora-
mento e controle dos impactos à saúde.
Na “descrição do projeto” considerou-se a Resultados
participação de profissionais qualificados em
saúde na equipe técnica; a ocupação e o uso do Os resultados quantitativos dessa pesquisa fo-
solo; e as estimativas de geração de emprego e ram consolidados na matriz de análise apresen-
renda, assim como a aplicação dos recursos fi- tada na Tabela 1, e os aspectos de saúde evidenci-
nanceiros na melhoria da saúde e bem estar da ados nos EIA/RIMA agrupados por categorias.
população.
O “diagnóstico socioambiental das áreas de Descrição do Projeto
influência” foi analisado a partir do levantamen-
to de aspectos epidemiológicos, socioeconômi- Na descrição e apresentação da equipe técnica
cos e da percepção dos impactos e riscos à saúde responsável pela elaboração desses EIA/RIMA não
dessa população, com base em dados primários evidenciamos a participação de quaisquer técni-
305

Ciência & Saúde Coletiva, 17(2):299-310, 2012


Tabela 1. Matriz de análise dos aspectos de saúde nos EIA/RIMA dos empreendimentos do setor de
produção de petróleo, cadastrados no PAC e licenciados de 01/01/2004 a 30/10/2009.
Explicitação nos EIA/RIMA
Categoria Analítica Aspectos de Saúde Inexistente Parcial Total
Descrição do Projeto Equipe técnica responsável pela abordagem de saúde 24
Dinâmica de ocupação e uso do território (solo, 10 14
água, e migrações e deslocamentos populacionais)
Estimativas quantitativas de geração de renda, 21 3
emprego, impostos e royalties
Estimativas de aplicação de recursos financeiros, 16 8
direta ou indiretamente, na melhoria da saúde

Diagnóstico Perfil epidemiológico 20 4


Socioambiental das Perfil socioeconômico 17 7
Áreas de Influência Recursos, serviços e infraestrutura de saúde 21 3
Recursos, serviços e infraestrutura de educação 21 3
Percepção dos impactos e riscos à saúde 21 3

Identificação, Impactos e riscos à saúde dos trabalhadores 14 10


Avaliação e (físicos, químicos, ergonômicos e biológicos)
Comunicação de Impactos e riscos à saúde da população 24
Impactos Impacto do empreendimento sobre indicadores 24
de saúde (morbidade, mortalidade, atendimentos
ambulatorial e hospitalar, etc.)
Impacto do empreendimento sobre indicadores 5 19
sociais e econômicos (PIB, escolaridade,
saneamento, emprego e renda, etc.)
Comunicação dos impactos à saúde 3 21

Compatibilidade Identificação de planos, projetos e programas do 16 3 5


entre ações do governo
governo e Avaliação da compatibilidade entre ações 17 7
empreendimento governo e empreendimento
Avaliação das ações do governo sobre a saúde 21 3
Avaliação das ações do empreendimento sobre a 21 3
saúde

Avaliação de Avaliação de alternativas locacionais 16 4 4


alternativas Avaliação de alternativas tecnológicas 14 7 3
Avaliação de alternativas econômicas 10 14
Análise de custo-benefício dos potenciais 24
impactos à saúde

Identificação de Medidas mitigadoras referentes aos impactos do 21 3


Medidas Mitigadoras empreendimento
Medidas mitigadoras referentes à infraestrutura e 24
aos serviços de saúde
Medidas mitigadoras específicas referentes às 24
populações sob risco e mais vulneráveis 21 3
Definição de planos de emergência e
contingência considerando o tipo e a
abrangência dos impactos

Monitoramento e Acompanhamento de ações de saúde do 17 7


controle dos trabalhador pelo empreendimento
impactos à saúde Acompanhamento de ações de saúde da 24
população pelo empreendimento
Acompanhamento das ações de saúde do 24
trabalhador pelo governo
Acompanhamento das ações de saúde da 24
população pelo governo
306
Barbosa EM et al.

cos da área saúde em nenhum dos estudos e rela- Identificação, Análise


tórios analisados. Portanto, os possíveis aspectos e Comunicação de Impactos
e impactos de saúde a serem contemplados não
foram identificados e, muito menos, avaliados por Em relação à identificação e avaliação dos
profissionais com qualificação técnica específica impactos à saúde dos trabalhadores, 9 EIA/RIMA
em saúde em 100% dos estudos analisados, com- levantaram parcialmente os potenciais impactos
prometendo a realização de uma abordagem in- e riscos da tipologia “petróleo-produção”, que
tegrada, interdisciplinar e sistêmica. representou 43% dos estudos. Quanto à popula-
Em relação à avaliação da dinâmica de ocu- ção da área de influência, nenhum dos estudos
pação e uso do território, relativo ao aproveita- analisados contemplou a avaliação integral dos
mento do solo e água, além de migrações e deslo- impactos e riscos sobre a saúde dessas comuni-
camentos populacionais, observou-se que em dades, com exceção para a comunicação dos ris-
57% dos EIA/RIMA, ou seja, 12 estudos analisa- cos relacionados aos cenários de emergência que
dos, consideraram parcialmente esses aspectos, foi contemplada em 86% dos estudos.
enquanto que em 43%, 9 estudos, não apresen- Nenhum dos EIA/RIMA avaliou os impactos
taram quaisquer evidências para tal avaliação. do empreendimento sobre os principais indica-
Constatamos que a maioria dos estudos da dores públicos de saúde, como morbidade, mor-
tipologia produção de petróleo, 86%, representa- talidade e atendimento ambulatorial e hospita-
da por 18 estudos, apresentou estimativas quan- lar. Ao contrário, os indicadores sociais e econô-
titativas parciais de geração de renda, emprego, micos foram avaliados, mesmo que parcialmen-
tributos e impostos como royalties. Entretanto, te, em 17 estudos, representando 79% destes.
apenas 7 estudos explicitaram, de forma parcial,
a previsão da aplicação desses recursos, direta ou Compatibilidade entre ações do governo
indiretamente, na melhoria da saúde humana. e empreendimento

Diagnóstico Socioambiental Em 14 estudos, que corresponderam a 65%


das Áreas de Influência dos EIA/RIMA analisados, não foram identifica-
dos os planos, projetos e programas governa-
Nessa categoria, evidenciamos que somente mentais relacionados à saúde da população que
30% dos EIA/RIMA analisados, ou seja, 6 estu- poderiam ser compatíveis com os potenciais be-
dos explicitaram parcialmente o perfil socioeco- nefícios dos empreendimentos. Somente 21% dos
nômico das comunidades de suas respectivas área estudos explicitaram ações totalmente compatí-
de influência, menos de 17% consideraram o le- veis com planos, projetos e programas do gover-
vantamento epidemiológico, e apenas 14% a per- no. Apenas 14% consideraram parcialmente a
cepção dos impactos e riscos à saúde, também compatibilidade entre essas mesmas ações.
de forma parcial, representados por 4 e 3 estu- Em relação à avaliação da compatibilidade en-
dos, respectivamente. tre as ações de saúde do governo com as do em-
O levantamento de recursos, serviços e infraes- preendimento, 15 estudos, ou seja, 71%, não con-
trutura de saúde e educação, pública e privada, sideraram tal compatibilidade, enquanto somente
das áreas de influência desses empreendimentos, e 6 (29%) demonstraram-na, mesmo que não to-
a percepção dos impactos e riscos à saúde de suas talmente. Quanto às ações do governo e do em-
respectivas comunidades também foi considera- preendimento sobre a saúde humana, somente
do parcialmente em apenas 14% dos estudos. 14% dos estudos as consideraram parcialmente.
A análise dos aspectos de saúde considerados
nessa categoria subsidiou a caracterização do grau Avaliação de alternativas
de vulnerabilidade e risco à saúde de comunida-
des da área de influência do empreendimento. A Quanto às alternativas locacionais, aproxi-
identificação das populações vulneráveis e sob madamente 62% dos estudos analisados não
risco à saúde foi explicitada parcialmente em ape- consideraram tais alternativas, enquanto 38%
nas 4 EIA/RIMA, que corresponde a menos de explicitaram a necessidade dessa avaliação, sen-
17% dos estudos analisados. do que apenas 4 estudos de forma total e outros
307

Ciência & Saúde Coletiva, 17(2):299-310, 2012


4, parcialmente. Em relação às alternativas tec- Discussão
nológicas, apenas 6 estudos, ou seja 29%, consi-
deraram parcialmente a avaliação dessas alter- Apesar do esforço do Ministério do Meio
nativas, 3 totalmente, e os demais 12 estudos não Ambiente para garantir a sustentabilidade am-
a consideraram. biental dos empreendimentos do PAC, os resul-
As alternativas econômicas foram conside- tados obtidos com essa pesquisa confirmaram
radas em 12 estudos analisados, representando que os estudos e as avaliações de impactos am-
57% dos mesmos. Enquanto os 9 estudos res- bientais não contemplam a saúde de forma sis-
tantes não explicitaram tal alternativa. temática, integral e harmonizada com os princí-
Todos os estudos avaliados, que considera- pios da promoção da saúde e da sustentabilida-
ram tais alternativas, foram subsidiados por de socioambiental. Demonstra-se, portanto, a ne-
análises de custo-benefício relacionadas somente cessidade da incorporação dos aspectos de saú-
aos impactos ambientais, e em nenhum deles ex- de decorrentes dos impactos ambientais do setor
plicitou-se qualquer consideração aos custos e petróleo e gás natural nos estudos de avaliação
benefícios em relação aos impactos à saúde. ambiental, subsidiando a definição de diretrizes
e regulamentações para a melhoria do desempe-
Identificação de Medidas mitigadoras nho da gestão socioambiental deste setor.
Apesar da importância da identificação e ca-
Em nenhum dos estudos analisados, a iden- racterização de populações vulneráveis nas áreas
tificação de medidas mitigadoras referentes aos de influência dos empreendimentos, consideran-
impactos relacionados à infraestrutura e aos ser- do a multiplicidade dos fatores determinantes e
viços de saúde, e especificamente aquelas refe- condicionantes da saúde, observou-se que este
rentes às populações mais vulneráveis e sob risco aspecto precisa ser aprofundado metodologica-
à saúde humana, foi considerada. Quanto à iden- mente e discutido politicamente para que seja
tificação de medidas mitigadoras relacionadas incorporado aos estudos e relatórios de impacto
aos impactos do empreendimento, apenas 3 es- ambiental, através de normatizações e legislações
tudos, isto é, 14%, consideraram tal aspecto. A especificas.
definição de planos de emergência e contingência A avaliação dos impactos à saúde humana,
foi contemplada em todos os EIA/RIMA anali- integrados aos estudos ambientais, poderá for-
sados, sendo que 18 estudos, isto é, 86% desses, necer informações sobre as consequências e os
consideraram esse aspecto de forma parcial. efeitos na qualidade de vida, na saúde e no bem
estar das pessoas, decorrentes das pressões exer-
Monitoramento cidas pelas atividades industriais sobre o meio
e Controle dos Impactos à Saúde ambiente, ampliando a discussão sobre a desi-
gualdade entre grupos sociais nas áreas de
Nenhum dos estudos analisados explicitou a influência de seus empreendimentos. Os estudos
sistemática de acompanhamento e monitoramen- de potenciais impactos negativos à saúde huma-
to das ações governamentais de saúde voltadas na decorrentes das atividades, processos e pro-
ao controle dos impactos do empreendimento dutos do setor petróleo podem contribuir para a
sobre os trabalhadores e as comunidades das áreas minimização de seus efeitos e agravos, conside-
de influência, bem como aquelas adotadas pelo rando o tipo e a abrangência do impacto ambi-
empreendimento direcionadas às comunidades. ental. Entretanto, é necessário compartilhar de-
Entretanto, em relação às ações empresariais cisões politicas, econômicas, sociais e ambientais
de controle dos impactos e riscos à saúde do tra- para que os EIA/RIMA contemplem as vigilânci-
balhador, 100% dos EIA/RIMA explicitaram esse as epidemiológica e em saúde ambiental e do tra-
aspecto, sendo que somente 6 estudos, isto é, 29%, balhador integradas ao território onde o empre-
definiram explicitamente as metas e os indicado- endimento será estabelecido.
res para o controle desses impactos, enquanto a Os técnicos das áreas de saúde e meio ambi-
grande maioria, 71%, considerou essa sistemáti- ente ainda não se encontram instrumentalizados
ca apenas parcialmente. e capacitados para uma abordagem integrada de
308
Barbosa EM et al.

Saúde e Ambiente, que pressupõe a adoção de


ações interdisciplinares e intersetoriais mais arti-
culadas, e uma maior integração da política am-
biental com as políticas sociais, econômicas e de
saúde.
Considerando a situação atual do setor pe-
tróleo, que se encontra em franca expansão com
a introdução de novas formas de produção mais
limpas e fontes renováveis de energia, acredita-
mos que a matriz composta por suas categorias
analíticas e respectivos aspectos de saúde possa
instrumentalizar a incorporação da avaliação dos
impactos à saúde, tanto positivos quanto nega-
tivos, decorrentes de projetos de investimento na
produção nacional de petróleo e gás natural, e
orientar a tomada de decisão e intervenções no
sentido de minimizar os efeitos negativos e ma-
ximizar os positivos sobre a saúde humana.
Adicionalmente a esse instrumento, acredi-
tamos que outras técnicas e métodos como a
Avaliação de Impacto à Saúde (AIS), a Avaliação
de Risco à Saúde Humana (ARSH) e a Avaliação
Ambiental Estratégica (AAE), poderão contribuir
para a inserção dos aspectos de saúde no proces-
so de licenciamento ambiental, propiciando uma
atuação mais proativa e preventiva da gestão
socioambiental em direção ao desenvolvimento
sustentável, e contribuindo para o estabelecimen-
to de um novo marco regulatório para a política
nacional de saúde ambiental.

Colaboradores

MML Barata e SS Hacon participaram como


orientadora e co-orientadora, respectivamente,
da tese de doutorado de EM Barbosa, do qual
resulta este artigo.

Agradecimentos

A Anderson Américo Alves Cantarino (D.Sc.) pe-


las importantes sugestões na revisão do artigo.
309

Ciência & Saúde Coletiva, 17(2):299-310, 2012


Referências

1. Maimon D. A economia e a problemática ambien- 15. Cancio JA. Inserção das questões de saúde no estudo
tal. In: Vieira PF, Maimon D, organizadores. As de impacto ambiental [dissertação]. Brasília-DF:
ciências sociais e a questão ambiental: rumo à inter- Universidade Católica de Brasília; 2008.
disciplinaridade. Belém: Universidade Federal do 16. Brasil. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe
Pará (UFPa), Associação Portuguesa para estudo sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
da Dor (APED); 1993. fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá
2. Puppim de Oliveira JA. Empresas na Sociedade: Sus- outras providências. Diário Oficial da União 1981;
tentabilidade e Responsabilidade Social. Rio de 02 set.
Janeiro: Editora Elsevier; 2008. 17. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Resolução
3. Faulkner D, Carlisle YM, Viney, HP. Changing cor- CONAMA nº 1/86, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe
porate attitudes towards environmental policy. sobre procedimentos relativos a Estudo de Impac-
Manag Environ Qual Int J 2005; 16(5):476-489. to Ambiental. Diário Oficial da União 1986; 02 maio.
4. Gurgel AM, Medeiros ACLV, Alves PC, Silva JM, 18. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Resolução
Gurgel IGD, Augusto, LGS. Framework dos cená- CONAMA no 237/97, de 19 de dezembro de 1997.
rios de risco no complexo da implantação de uma Diário Oficial da União 1997; 19 dez.
refinaria de petróleo em Pernambuco. Cien Saude 19. Mariano JB. Impactos ambientais do refino de petró-
Colet 2009; 14(6):2027-2038. leo [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Fe-
5. Silva JM, Gurgel AM, Gurgel IGD, Augusto LGS. deral do Rio de Janeiro; 2001.
Saúde: um tema ausente do licenciamento ambien- 20. Pedrozo MF, Barbosa EM, Corseuil HX, Schneider
tal. In: Augusto LGS, organizadora. Saúde do traba- MR, Linhares MM. Ecotoxicologia e Avaliação de
lhador e sustentabilidade do desenvolvimento huma- Risco do Petróleo. Salvador: Centro de Recursos
no – ensaios em Pernambuco. Recife: Editora Uni- Ambientais; 2002. 229 p.
versitária da UFPE; 2009. p. 313-329. 21. Epstein PR, Selber J, organizadores. Oil: A life cy-
6. World Health Organization (WHO). Health Impact cle analysis of its health and environmental im-
Assessment as part of Strategic Environmental As- pacts. Boston: The Center for Health and the Glo-
sessment. Geneva: World Health Organization bal Environment, Harvard Medical School; 2002.
(WHO), Regional Office for Europe; 2001. 22. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Resolução
7. Rigotto RM. Inserção da saúde nos estudos de im- CONAMA no 23/1994, de 7 de dezembro de 1994.
pacto ambiental: o caso de uma termelétrica a car- Diário Oficial da União 1994; 30 dez.
vão mineral no Ceará. Cien Saude Colet 2009; 14(6): 23. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Resolução
2049-2059. CONAMA no 350/2004, de 6 de julho de 2004. Dis-
8. Wernham A. Inupiat Health and Proposed Alaskan põe sobre o licenciamento ambiental específico das
Oil Development: results of the First Integrated atividades de aquisição de dados sísmicos maríti-
Health Impact Assessment/Environmental Impact mos e em zonas de transição. Diário Oficial da União
Statement for Proposed Oil Development on Alas- 2004; 20 ago.
ka’s North Slope. EcoHealth 2007; 4(4):500-513. 24. Machado EA. Cidades Saudáveis: Relacionando Vi-
9. United Nations Environment Program (UNEP). The gilância em Saúde e Licenciamento Ambiental
Oil Sector Report. A Review of Environmental Dis- através da Geografia [dissertação]. Brasília: Uni-
closure in the Oil Industry. United Nations Envi- versidade de Brasília; 2007.
ronment Program (UNEP)/SustainAbility’s Engag- 25. Hacon S, Shultz G, Bermejo PM. Indicadores de
ing Stakeholders Series. London: UNEP, Sustain- Saúde Ambiental: uma Ferramenta para a Gestão
Ability Ltd.; 1999. Integrada de Saúde e Ambiente. Cad Saude Colet
10. Silveira MA. Contribuição do Setor Saúde aos Proces- 2005, 13(1):45-66.
sos de Licenciamento Ambiental de Empreendimen- 26. Netto GF, Carneiro FF. Vigilância Ambiental em Saú-
tos: primeiras aproximações [dissertação]. Brasília: de no Brasil. Ciência & Ambiente 2002; 25:47-58.
Universidade de Brasília; 2008. 27. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Vi-
11. Porto MF, Milanez B. Eixos de desenvolvimento gilância em Saúde. Coordenação Geral de Vigi-
econômico e geração de conflitos socioambientais lância Ambiental em Saúde. Relatório do 7º Seminá-
no Brasil: desafios para a sustentabilidade e a justi- rio de Áreas Contaminadas e Saúde. Brasília-DF:
ça social. Cien Saude Colet 2009; 14(6):1983-1994. Ministério da Saúde (MS), Secretaria de Vigilância
12. United States Environmental Protection Agency. em Saúde (SVS), Coordenação Geral de Vigilância
Understanding Oil Spills and Oil Spills Response. Wa- em Saúde Ambiental (CGVAM); 2008.
shington-DC: USEPA; 1999. [Documento da Inter- 28. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Resolução
net]. [acessado 2010 fev 20]. Disponível em: http:// CONAMA no 286/2001, de 30 de agosto de 2001.
www.epa.gov/oem/content/learning/pdfbook.htm. Dispõe sobre o licenciamento de empreendimen-
13. Aleixo LAG, Tachibana T, Casagrande D. Poluição tos nas regiões endêmicas de malária. Diário Oficial
por óleo - Fontes de introdução de petróleo e deri- da União 2001; 17 dez.
vados no ambiente. Integração 2007; 49:159-166. 29. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa
14. Coastal Response Research Center. Environmental qualitativa em saúde. 10ª ed. São Paulo: Hucitec;
Performance Metrics for Oil Spill Response. Durham, 2007.
New Hampshire: CRRC; 2006.
310
Barbosa EM et al.

30. Brasil. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Re-


cursos Naturais Renováveis (IBAMA). Sistema In-
formatizado de Licenciamento Ambiental Federal (SIS-
LIC). [Documento na Internet]. [acessado 2009 dez
21]. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/
licenciamento.
31. Rede Interagencial de Informações para a Saúde
(RIPSA). Indicadores básicos para a saúde no Brasil:
conceitos e aplicações. Brasília: Organização Pan-
americana de Saúde (OPAS); 2002.
32. Sánchez AIM, Bertolozzi MR. Pode o conceito de
vulnerabilidade apoiar a construção do conheci-
mento em Saúde Coletiva? Cien Saude Colet 2007;
12(2):319-324.

Artigo apresentado em 11/03/2010


Aprovado em 30/07/2010
Versão final apresentada em 18/08/2010

Você também pode gostar