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C A PIT U LO

DrxÂMrcAS
PoPULACToT\A
pupulaçãobrasileiraé uma das mais numerosas da composiçãoda população:a distinçãoentre as dife-
t
do mundo,contandooficialmentecom169.544.443 rentescoresde pele reconhecidas pelasestatísticas
ofi-
I
ciais,para relacioná-lascom a distribuição- extrema-
- I habitantes(quinta mundial) no censorealizado
rcr: IEGE (Instituto Brasileiro de Geografiae Estatís- mentedesigual- da renda.
rr;Ì :m 2000.Está estimada,hoje,pelo mesmoorganis-
m; aproximadamente 176milhõesde habitantes. Distribuição e crescimento
-m
-\ reputação que o Brasil tem de "país de futu-
::' :ossibilitaencararcom certo otimismoo seu fu- A populaçãobrasileiraestádesigualmente distri-
;r- a médio e a longo prazo,porque há vantagens buídapeloterritório:aindaexisteumanítidaoposição,
rLn:,rnÌestáveis que lhe permitem ser - não apenas querefleteos efeitosdo processo de colonização e de
riÌ-r nLìmenclaturasoficiais - um país em desenvolvi- povoamento do território,entreasregiõeslitorâneas e
m:EILì.A maior de suas vantagensé, certamente, interioranas,
asprimeiras densamente povoadas, e asse-
su.:çtopulação, numerosa,majoritariamenteforma- gundas de ocupação rarefeita.
,le pessoasjovens,dinâmicase com condiçõesde Até mesmoaszonasdeconcentração sãoirregula-
"
r:-bilidade, em um país que ainda dispõede vastos res:aparecem vaziosimportantes em Estadosdensa-
ssraçoslivres. mentepovoados, comoRio Grandedo Sul,SantaCata-
\Ias tambémnão deixade serverdadeque há for- rina,MinasGerais,Bahia,Pernambuco. Paraíbae Rio
;= disparidades,algumas das quais podem constituir Grandedo Norte.Apenasos territóriosde SãoPaulo,
Firüaçaspara o amanhã:os comportamentos demográ- Paraná.,Rio deJaneiro, Sergipe,Alagoas,Paraíba e Cea-
---:irsr ariam de região para outra, entre cidadee campo; rá sãoocupados de formaequilibrada.
i ;stribuição da populaçãoé espacialmentemuito irre- No restantedo território,há umaestreitacorrela-
c-:iar:e. sobretudo,a sociedadeé compartimentadapor ção entrea distribuição da populaçãoe as redesde
Frpos favorecidose desfavorecidos, o que faz dela uma transporte(Capítulo8),sejamasviasnavegáveis, asan-
:-r mais desiguaisno mundo. para
tigasferroviasconstruídas exportaros produtos do
Privilegiamosaqui as mudanças,no tempo e no es- interior,sejam,cadavezmaisna atualidade, asrodovias
:aço. que essapopulaçãoconheceu,a análisedas dinâ- de alcanceregionalou nacional.
=cas demográficase dos fatores que as estruturam a Essa distribuiçãosignificativamente irregular é
;ada períododa formaçãosocialbrasileira:fatoresde- fruto de um processo de crescimento desigual,como
rosráficos (natalidade,mortalidade),fatoresde quali- mostraa Figura04-02,que representaa população dos
:ede de vida (respostaà demandasocial),migrações. Estados à épocade cadaum doscensos - do primeiro,
Destacamosum aspectoespecífico- e controvertido- en 1872,ao último,em 2000.Em 1872,o Paíscontava

Di nâm ícas popu lacionais

89
04-01.Distribuição da população em 2000

'o

$,iç.
O

Populaçãodos municípiosem 2000

1 0 .4 0 62 0 0

5 850 540

2 043.110

0 500km
<5000 @HT-2003
MGM-Liberyéo

Fonte: IBGE,Censo Demográfico2O00

commenosde 10milhõesdehabitantes, e somentevinte boracha- o patamardos50mil habitantes foi atingido


provínciasdo Impériocomputavam maisde 50 mil ha- peloEstadodo Amazonas, "Estado"porque,de acordo
bitantes.MinasGeraise Búia erÍÌmasmaispovoadas, coma República,proclamada no ano anterioÍ,as anti-
següdaspor Pernambuco, Ceará,SãoPaulo,Rio de Ja- gasProvínciasforam assimtituladas,aindaque a mu-
neiroe Rio Grandedo Sul.Em 1890,a populaçãototal dançatenhasidooficializadaapenaspela Constituição
atingia14 milhõesde pessoase - graçasao boomda de1891.

Atlas do Brasil

90
da populaçãodos Estados
O4-Oz.Crescimento

1872

í-/
\
{
\_
ì !-,

Pop u l a ç á o
(êm milhares)
2 A4A
Ãr049
w50 Toral: 17438 434
Íotal: 14 333 915
Total: I 930 478

1970

D inâm ícas PoPulacionais

91
04-03. População urbana e rural

40
mi l hóesde habi tantes

20

1940 1950 1960 1970 1980 1991 r996 2000

6 0 Sudeste

40

0
1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000
20
Norte

0
1940 1950 1960 1970 1980 '1991 1996 2000
2A
Centro-Oeste

0
1940 i950 1960 1970 1980 1991 1996 2000

20
Sul

1940 1950 1960 r970 1980 1991 1996 2000

Fonte.IBGE,2000

A partir de 1920,o Brasil,já com suasfronteiras essamudançade centro de gravidadeocorreu em um


atuais após a incorporaçãodo Acre e outras retifica- contexto de crescimentogeral da população,que con-
ções de limites externos (todas elas favoráveisa ele tinuavaa um ritmo vertiginoso:30 milhõesde habitan-
nos outrosEstadosamazônicos), os 22 Estadose o Dis- tes em 1920(menosque a França,que contavaentão
trito Federal(a cidadede Rio de Janeiroe os seusar- 39 milhões),41milhõesem 1940,51milhõesem 1950,
redores)tinham populaçãosuperior a 50 mil habitan- quase 70 milhões em 1960,mais de 90 milhões em
tes.Mas somentea partir de 1940São Paulo passoua 1970,L17milhõesem 1980,145milhõesem L991,qua-
ser o Estadomaispovoado(graçasàsmigrações inter- se 170 milhões em 2000.A populaçãodo Brasil foi,
nas,pois o fluxo das migraçõesinternacionaisera, en- portanto, multiplicada por 17 em 118 anos,e por 10
tão, bem menor que à época da formação das suas durante o séculoXX.
plantaçõesde café),e o crescimentorápido do Sudes- Esse crescimento global foi acompanhado de
te começou,suplantandoprogressivamente o Nordes- uma reversãoda proporcionalidadeentre população
te como principal região do país. Vale notar que rural e populaçãourbana (na definição dada pelo

At las do B r as il

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IBGE), comseupontode inflexãonosanosde 1960. As bases demográficas
A curvada populaçãourbana,que tinha começado
seucrescimento maisrápidona décadaprecedente, Paralelamente a essasmudanças do quantitativoe
em funçãodo crescimento vegetativodoscitadinose da distribuiçãoda população, outrasmudanças demo-
do êxodorural,interceptoua curvada população ru- gráficasproduziram-se, e explicam-nas emboaparteas
ral, que iniciavauma lenta descida.Em quatrodas mudanças dastaxasde mortalidadee de natalidade, da
cincograndesregiões, a predominância da população estruturaetâna,daesperança que
devida.A medida es-
urbanaé hojebemnítida,e mesmono Norte,a região sastransformações ocorrem,outrasdisparidades apare-
menosurbanizadadas cinco,o númerode citadinos cem- e freqüentemente seaprofundam - entreasdife-
ultrapassou a população rural.Maso cruzamento das rentesregiõesdo país.
cuÍvasocorreuem datasdiferentesnas diversasre- O mapadosnascimentos em proporçãoa 10 mil
giões:enquantono Sudeste eladatadosanosde 1950, habitantes(Figura04-04)mostrauma útida oposição
no Sul e no Centro-Oeste foi necessárío esperaros norte/sul,comastaxasmaiselevadas sendoatingidasna
anosde 1960;no Nordeste, ocorreunosanosde 1980, Amazôniadosrios e no Maranhão.EsseEstadoé um
e no Norte datasomentedos anosde 1990,levando dosmaispobrese é dirigidopor umaoligarquiada qual
BerthaBecker(200Da chamaressareqiãode "flo- pode-sedizer,eufemisticamente, quenãotem o destino
restaurbanizada". daspopulações pobrescomoprimeiradesuaspreocupa-
A distribuiçãoda densidade populacional obedece çõeqe quenãosedesespera ao vêlos partir.Alimenta,
a umalógicaclaramente resultadodo pro-
leste-oeste, de fato, há anos,importantesmigraçõestanto para a
cessode ocupaçãoe de colonização a partir do litoral Amazôniacomoparacidades do Sudeste e Centro-Oeste,
(Capítulo3).É, por conseguinte, nasregiõesmaispróxi- especialmente Brasília.Pará,Amapát, Roraimae Acre
masdo mar no Nordeste,Sudestee Sul que seencon- têm taxasligeiramentemenorese são acompanhados
tramasdensidades maiselevadas, superioresa2l6habi- por Bahia,Pernambuco e pelo norte de MinasGerais
tantespor quilômetroquadrado,e até maisde 10 mil (que é ecológicae culturalmentenordestino),consti-
nascapitais. Em oposição, a maiorpartedaAmazõriae tuindo,nesseponto,um clarolimite.
imensas superfícies
do Centro-Oeste apresentam densi- O Brasildo Sulapresenta taxasmuitomaisbaixas,
dadesmuitobaixas, entre0,13e 11habitantes por quilô- aindaqueosnascimentos sejamemnúmerosabsolutos
metroquadrado, destacando-se apenasascapitaise al- maisnumerosos. Tlata-sede uma marcaevidentedos
gunsmunicípioscom valoresentre 11 e 24 habitantes efeitosda estruturaetáriae dastaxasde urbanização,
por quilômetroquadrado. comosevê noscasosde SãoPaulo,Rio de Janeiro, Be-
A zona litorâneanáo é, contudo,homogênea: lo Horizontee Curitiba.Ocorreumaúnicaexceção, no
quasedesertaao noÍte do Amazonas, opõeclaramente centro-suldo Paranáe no centÍo-nortede SantaCatari-
as duasregiõesmais importantesdo País,separadas na, precisamente a zonarural menosdesenvolvida da
poÍ um espaço poucodensamente ocupado(suldaBa- regiãoSul.
hia e do EspÍritoSanto).No Nordeste,o contrastena- O númerode falecimentos é muitomenor(o Bra-
cionalentrelitoral e interior se repete.No Sudestoe sil é aindaum paísjovem)e é tambémmarcadopelos
no Sul.ao contrário.a densidade continuaforte em efeitosda idadee da urbanização. Concentram-se, por-
muitasregiõespróximasdasfronteirasocidentais: éo tanto,em doispólosde importânciadesigual,sendoo
rínicolugarondeo Brasilpovoadoadquirecerta"pro- menorno Nordeste, emsuasregiõesmaisconsolidadas,
fundidade",e o mapadasdensidades indica,entreas do litoral daParaíbaatéSalvador, O principalé o vasto
latitudesdeVitória e de SãoPaulo,do mar aosconfins conjuntoformado pelosEstadosdeMinasGerais,Goiás,
rfo ÌvlatoGrosso,o coraçãoagrícola,industriale urba- Mato Grossodo Sul,Rio de Janeiro, SãoPaulo,Paranâ,
no do Brasil. SantaCatarinae Rio Grandedo Sul.Essastaxassãoaí

D i nâmicas populaciona is

93
04-04. Densidade de povoamento

Habitantespor km2
12.908
I zto
I 48
I 24
I 11
LlT
2
0

Sem inÍormações 500 km


ffi (novosmunicípios) @ H|-2OO3McM-Liberyéo

Fonte: IBGE,Censo Demográfico2000

porqueaurbanização
maiselevadas, é maisforte- asci- Comoa diferençaentreo númerode nascimentos
dadesdestacam-seclaramente-, e a idademédiamais e o de falecimentos
revela,o crescirnento
naturalé a
E especiatnente
elevada. o casodo Rio de Janeiro,que causaessencialdo aumentoda populaçãobrasileira,
seigualaa SãoPauloem númerosabsolutos, e o ultra- já quea imigração,
quepor algumtempofoi seuprin-
passaemproporçãopor 10mil habitantes. cipalfator,cessou,
tendosidoaté substituídapor um

At las do B r as il

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movimentode emigração (1,3milhões 04-05. Nascimentos e óbitos
de brasileirosdeixaram o País nos anos
de 1980).Comum ritmo de crescimento
anualde I,3o/o,oBrasilaindafazparte
dospaísesde crescimento relativamente
rápido,em oposiçãoaos países da Euro-
pa e algunsdosseusvizinhos, comoa Ar-
o
a
gentinae o Uruguai.Contudo,a evolu- .a
çãoclássica da transiçãodemográfica es- aa
tá claramente emcurso.Até 1960,a nata-
lidadetinha-sereduzidopouco,ficando
estávelaoredorde 45%o desdeo primei-
ro censo, enquanto a mortalidade tinha
se reduzidode 30,2o/oo (1872-1890) a
13,4%o (nosanosde 1950),e a taxade Na scim e ntosP or
10.000habitantes
crescimento passouentãode I,630/o paÍa
2.99o/o. Por volta de 1960, a tendência in-
yerteu-se: a mortalidadecontinuoua re-
duzir-seligeiramente(atualmenteé de
6.77oo, maisgraçasà juventudeda popu- o--__19 k-
laçãoquea suascondições de vida),mas @ HT2003 MGM-Libergéo

a natalidadereduziu-seaindamais,de
-17.17m em1980aI9,9%'em2000.O Bra-
sil passouclaramentepara a segunda
faseda transiçãodemográfica, na quala
quedadanatalidadesegue, comatraso,a
da mortalidade. E asprojeções do IBGE
deiram prever que essa evolução vai
JDnlrnuar.
Essastaxasmédiasvariam,natural-
uente.deregiãoa região,entrecidadese
itrempo e de acordocoma rendadosgru-
rrs sociais, sendoasdisparidades a regra
e úo a exceção (Capítulo9).Valenotar,
óbitos por
grr eremplo,que quantoà mortalidade 1 0 .0 0 0h abi tantes
ffi.:ntil o Brasil classificou-se,em 2001,
maredíocre 92eposiçãomundial,essen-
m*Ãmen1s por causadasituação decertas
!rylrìesmuito pobres.Mas a existência
nrqq*spopulações pobres,mal alimenta-
@ HT'2003 MGM-Lìberyéo
&n e de saúdeprecáriadeve-seà desi' - 0 .1
ry,eidistÍibuiçãoda renda,não à explo- Fonte:IBGE, Civil1998
do RegistÍo
EstatÍstica
Éo demogrráfica. quecessouhá décadas:

Dinâmicas populacionais

95
a taxade crescimentoda população,que estavapróxima não existeestudodefinitivosobreascausasda quedada
de 3% entre 1950e 1960(duplicaçãoda populaçãoem natalidade.O seu declínio entre 1960 e 1980 é ainda
27 anos),despencoupara2Yoentre 1980e 1991(dupli- mais notável sabendo-seque nenhuma política pública
caçãoem 38 anos),e atualmenteé tão baixa que a du- de planificaçãofamiliar foi implementadapara incenti-
plicaçãolevaria57 anos. vá-lo,devido à influênciaforte,na época,da Igreja Ca-
Os demógrafos, apoiando-se na evoluçãodasdéca- tólica. Admite-se, portanto, que seusfatores principais
das anteriores,consideram que o crescimentonatural são a urbanizaçãoe o desenvolvimento das comunica-
caiu,no fim dessadécada,à metadedo que era quaren- çõesde massa,que facilitarama adoçãode novasnor-
ta anos atrás.No entanto, de acordo com Manoel A. mas e de novos compoÍtamentosdemográficos.Asso-
Costa(2002),estareduçãodeve ser relativizada.O nú- ciam-sea essesfatores estruturaisoutros mais conjuntu-
mero de nascimentosvivos passoude 20,6 milhões na rais, como a divulgação da pílula anticoncepcional,a
décadade 1940-1950a um máximoquaseestável,ligei- evoluçãodo papel dasmulheresna sociedadee as mu-
ramente acima de 35 milhões,durante as duas últimas dançassociaisque contribuírampara quebrar os antigos
décadas. Entre 2000e 2010,deveriapermanecermaisou tabus.A esterilizaçãoe o aborto continuam,contudo,a
menosao mesmonível que entre 1990e 2000,ou seja, ser utilizadospelasmulheresbrasileiras,por falta de ou-
um total de pouco mais de 65 milhões de criançasnasci- tros meios ou de informação convenientesobre outros
dasentre 1990e 2010,cujossobreviventes serãoa popu- métodos de planejamentofamiliar. Conseqüentemente,
laçãocom idadede menosde 20 anosem 2010.De acor- embora sejamilegais,o Brasil situa-seentre os países
do com ele,a reduçãoda taxa de natalidadeseráprati- que maisusamessesmétodos,e pesquisas realizadasem
camentesemefeito sobrea demandade serviçospara as meadosdos anos 1980consideravamque o número de
criançase os jovens durante os próximos vinte anos. abortos chegavaa mais de 1 milhão por ano, e que um
Apesar das inúmerasdiscussõesa esserespeito, terço das mulheresvivendo em união estáveltinham se
principalmentepor ocasiãodo recenseamento de 2000, submetidoà esterilização.

Fonte: IBGE,CensosDemográfìcos1940-2000

At las do B r as il

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Outrosfatores,comoa estrutura 04-06. A transição demográÍica,
uw'idadese asmigrações, contribuem o passado e o futuro previsível
parae-rplicara evoluçãodemográfica
,üü País Como as segundaspesam
muco.a pirâmide etánaé determina- Taxa anual em %o
da essencialmente pela natalidade.A
roureduçãojá tem tido um efeitosen-
wrel diminuindoa amplitudeda base
..depirâmidedemográfica,sobretudo
ors cidades,enquantoo aumentoda
Èryìerança de vida tem provocadoum
;úmeamentoda sua parte superior.
l\-osanosde 1940,era muito baixa a
poporção de pessoas idosas,aumen-
unmdo notadamente desdeentão.Con-
iry[rantoas mulheresidosas fossem
nnnnisnumerosas que os homens,essa
0
.tesigualdade reduziu-seem seguida. N OOOOOF@O
r $6@r@ooo
.dspessoas que têm hoje maisde 60 @ oooooooo
rN

ffxls nasceram nos anosde L940,e o Fonte:IBGE

reu númerodependemaisdascondi-
cÕesde natalidadee mortalidadein- M ilh ó e sd e
habitantes
fantil da épocaqueda mortalidadeul- 300

'.erior.Como a taxa de mortalidade


caiu de maneira significativaapós
I9{0. e a mortalidadeinfantil mais
uindaapós1965,pode-seesperarque
o númerodepessoas nascidasapóses-
çnsdatase que viverãomais de 60
anosaumentesensivelmente, até que
as geraçõesnascidasentre 1955e
i965.no máximodo crescimento de-
mográficodo País,atinjama terceira
idadeentre201,5e2025.
O È - Q O OFFo OON ÉOOOr
@ @ o o o o o - - !_ N N o ó o d +
Em 1991,osmenores de 15anos NNNNNNNNNNNN

rEpÍesentavam 34,7o/oda população, e ll Poputaçáo


total -Taxa de natalidade -Taxa de mortalidade
osmaioresde 65anosmenosque1%. Fonte:Projeçóes
IBGE
Costa(2002)consideraque em 2010
representarão, respectivamente, 25,7o/o
e72"/". Essaspercentagens devemestabilizar-se na se- desafiosimportantes(criaçãode empregos, amparoàs
gunda metade do século aproximadamenteentre 21.o/o pessoas idosas)pelo menosaté2020,data a partir da
e 15%.contra64o/ode pessoasde idadeeconomicamen- qualo crescimento naturaldeverácair abaixode 0,5olo
te produtiva. O Brasil deve, por conseguinte,superar ao ano.

D i nâm i cas popu lacionais

97
04-07.Estruturaetária,o passado Osproblemassociaisocupamum lu-
e o Íuturo previsível garimportanteno programado presidente
daRepúblicaeleitoemnovembrode2002,
Luiz InácioLula da Silva.e. indubitavel-
mente,encontrarosmeiosparaatender, de
M u lh e r e s
maneirasatisfatória,àsdemandas nascidas
da pressãodemográficaé um de seus
maioresdesafios. Nessedomínio,a inércia
é tamanhaqueé necessário responder ho-
je às conseqüências de comportamentos
quedatamdeváriasdécadas atrás.
Quantoà análiseda distribúçãoes-
pacialdosfenômenosdemográficos, a da
esperança de vidamostraumanítidaopo-
siçãoentrenortee sul,Osvaloresmaisim-
portantes,entre71,e 78 anos(calculados
pelo Ipeaparaa elaboração do Índicede
Desenvolvimento Humanoà escalamuni-
cipal- IDH-M), concentram-se principal-
menteno centro-sul, ou seja,partede Mi-
nasGerais, suldeGoiáse do MatoGrosso
do Sul,os trêsEstadosda RegiãoSule o
Estadode SãoPaulo.Aparecemigual-
menteem municípiosde Mato Grosso,
M i l h ó e sd ê h a b ita n te s
ParáeTocantins, enquantoosvaloresmais
baixos,entre50 e 65 anos,encontram-se,
infelizmente,no Nordestee naAmazônia:
24 anosde vida,emresumoe emmédia,é
a diferençaentre o melhore o pior dos
municípiosbrasileiros.
A intersecção entrea análiseda dis-
tribuiçãoespaciale a evolução,duranteos
últimosvinte anos,permitefazero balan-
ço dosgaúos e perdasde populaçãodes-
seperíodo,e indicasituações contrastan-
tes,É geral o crescimento da população
urbanaem todo o território nacional,o
que reforçao predomíniodo litoral, das
1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 capitaise dasregiõesmetropolitanas. Os
Populaçâo 122 r4B iio 1s2 21a 223 233 238
idade média 20,1 22,6 25.6 29,1 32.4 34J 36,4 37.7 ganhosde populaçãorural são infinita-
I6b anos e mars I SO_O+ El tS_qa E 0_14 mentemaismodestos e referem-se princi-
Fonte:ProjeçóesIBGE
palmente àAmazônia (ondeoitodosnove
Estadosregistraramganhossuperioresà

Atlas do Brasil

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04-08.Esperança de vida

Esperança de vida
nascer,em 2000
-|rEI

r ffi"i';'filffi:, 0 500 km

@ ÍI-2003 McM-Libergéo

N2

queemnúmeÍosabsolutos seja- parado- nordestinos registramganhosnotáveis,na maiorparte


deSãoPauloo queregistroumais graçasà introduçãoda fruticulturairrigada:Pindaré,no
rural. com 435.708novoshabitantes Maranhão;Chorozinho,no Ceará;Macaíba,no Rio
(ou pelo menosde pessoas consideradas Grandedo Norte:e Petrolina,emPernambuco.
que vivemfora do perímetroclassificado Maisrarassãoasperdasdepopulaçãoe,portanto,
podermunicipal).Algunsmunicípios múto significativasnumcontextode crescimento geral.

Di nâ m ìcas popu lacion ais

99
Em quatrodascincoregiões,asperdasforammuito li regresso apareceram de SãoPauloparaosEstadosde
mitadas.Apenasa regiãoSultevemaioramplitude,es- origemdosmigrantes(MinasGerais,Bahia,Ceará,Per-
pecificamentenosmunicípiossituadosno centro-oeste nambucoe Paraná), por inúmerasrazões, principalmen-
e no sudoestedo Paraná,e no nortedo Rio Grandedo te peladificuldadede encontraremprego. Mas,simulta-
Sul,regiõesque sofreramem cheioastransformações neamente,perdurava o fluxo principal,aquelequelevou
da agricultura,
como deslocamento dasculturasdo café maisde 250mil pessoas da BahiaparaSãoPaulo,signi-
e dasoja(Capítulo4).Essahipóteseé confirmada pelas ficandoque,apesardasdificuldades amplamente difun-
perdasde população rural,particularmentefortesnessa didaspelosmeiosde comunicação, a cidadee o Estado
região,masse referemigualmentea outrosconjuntos, de SãoPaulocontinuavam a exercerumaforte atração.
comoo sul do Bahia,devidoà crisedasplantações de Fluxosdo períodoanteriorprolongam-se, emboraem
cacau,e a váriosoutrosEstadosnordestinos, de Per- menor intensidade:do Maranhãopara o Pará e do
nambucoao Maranhão.Num contextode crescimento Piauí,Ceará,Paraíbae Pernambuco paraSãoPaulo.
vegetativo,essasperdasestão,evidentemente, correla- As migrações de curtadistânciaparecem,portan-
cionadas àsmigrações,a respeitodasquaissepodepen- to,dominar,comomostraa Figura04-11, quemostrao
sarquesedirigiramtantoparaascidadescomoparaas destinodaspessoas que mudaramde município.Pro-
frentespioneirasdaAmazôniae do Paraguai. porcionalmente, os níveismaiselevadosestãose diri-
gindodo Pará,,do Ceará,da Bahiae de MinasGerais
paraascapitaisou asgrandescidades. Em SãoPaulo,o
Migrações e contexto local
movimentoé diferente,alimentadopelosdeslocamen-
A importânciadasmigrações na evoluçãoda po- tos de saídada metrópolerumo àscidadesdo interior,
pulaçãobrasileirapodesermedidapelossaldosmigra- ondeo deslocamento domicílio-trabalho é menor,bem
tórios,por deslocamentos de longadistânciae pelapro- comosãomenospesados oscustosdemoradia, alimen-
porçãodosmigrantes na composição dapopulação. Es- taçãoe estudo.
seúltimo critérioseráutilizadoespecificamente parao Em númerosabsolutos, maisde 250mil mineiros
peíodo recente,por falta de melhorinformação, poisa migraramparaBeloHorizonte,e emmenorescalapara
contagem demográfica de1996comportava apenasessa outrascidades do Estadoou deEstados próximos(Dis-
indicaçãoe, atéo momento,forampublicados somente trito Federal,SãoPaulo,Rio de Janeiroe EspíritoSan-
os primeiroselementos sobremigrações obtidosno re- to), É, contudo,necessário ressaltarqueMinasGeraisé
censeamento demográfico de 2000. o Estadoquetemo maiornúmerode municípios(mais
Comparandoos saldosmigratóriosdos períodos de 800)e um deslocamento a curtadistânciapodeser
1970-1980 e 199l-1996,constata-seumanítidareorien- contadocomomigração, contudonão é o casoem ou-
tação.Duranteo primeiro,doistiposdefluxosexistiam, tras regiõesondea malhamunicipalé menosfina. Os
centrípetos e centrífugos(em direçãoàszonaspionei- paulistasescolheram, alémdo seupróprio Estado,mi-
ras).Na primeiracategoria, maisde 500mil pessoasdos grarparaosEstadosvizinhos(Paraná, Mato Grossodo
Estadosdo Paranáe de MinasGeraise maisde400mil Sul,Goiás,Distrito Federal,MinasGeraise Rio de Ja-
da Bahiae de Pernambuco vieramem direçãoa São neiro)ou parao Nordeste. Osbaianos e cearensesopta-
Paulo.Ao mesmotempo,fluxosmenoresdirigiram-se, ramtantopor suacapitale cidades principaisdo Estado
aindaquesecontassem tambémemcentenas de milha- quantopor SãoPaulo,Rio deJaneiroe Brasília.
res,tantodo ParanáparaMato Grossoe Rondônia,co- Em Rondônia,os movimentos sãoprincipalmente
mo do Maranhãoparao Pará.Det99l al996,osfluxos internos, dirigindo-separanovosmunicípios dafronteira
forammenosevidentes, poismuitastrocasfizeram-se a agrícola:aparentemente, migrações resultantes de des-
curtadistânciaentreEstadosvizinhos,comoentrePa- membramentos administrativos, processo quefoi parti-
raná,SantaCatarinae Rio Grandedo Sul.Fluxosde cularmente ativonesteEstado(Capítulo2,Figura02-13).

Atlas do Brasil

100
04-09. Ganhos e perdas de população 1980-2000

0 500 km
@ HT2003 MGM Líbeígéo

Ur bano

Selecionaram-seseis dos 27 Estados,notávetsem "baiano"passoua sersinônimode"nordestino".O Ma-


tennos de migração a longa distância (migrantes que ranhãoalimenta,alémdo fluxo clássicoparaSãoPaulo
nnudaramde Estado entre 1995e 2000),para compor a e Rio deJaneiro(ondeosmaranhenses sãominoria),as
F-igura04-12.Entre os Estadosde origem de migrantes, frentespioneirasdo Pará,Tocantinse Roraima,e ainda
Bahiamantémo esquematradicionalde migraçãopara fornecea principalcontribuiçãoao crescimentodemo-
Sao Paulo, onde seusmigrantes são tão presentesque gráficodo entornode Brasília.Os paranaensespartem

D inâm icas popu lacíonaÌs

101
04-10.Migrações internas emduasdireções por umlado,
principais:
paraosEstadosvizinhos, principalmente
SãoPaulo;por outro lado,alimentamo
eixo do noroeste(Mato Grossodo Sul,
MatoGrosso e Rondônia), ondea suain-
fluênciaé predominante na regiãodeex-
pansãoda soja.Nessaregião,encontram
os migrantesdo Rio Grandedo Sul que
fizerama mesmaescolha(os outrosfi-
camno Sul),e ambososgupos sãocha-
madosde "gaúchos". A confusão é per-
doável,já que os paranaenses sãofre-
qüentemente filhosou netosde migran-
tes gaúchose freqüentamassiduamente
osCTGs(CentrosdeTradiçãoGaúcha).
SãoPaulovêseusmigrantes iremparaos
três Estados vizinhos,Minas Gerais,
Númerode migrantes Mato Grossodo Sul e Paraná,mastam-
de 1970a 1980
bémparao eixopioneirodo noroestee
E rao.ega
f, zsa.zoe parao Nordeste:asidase voltasde nor-
77- qr:ta 0 500 km
@ HT-2003MGM Libercéo destinosalimentam fluxosconstantes nas
Flã sse.''ot
duasdireções. AlgunsEstadostêm liga-
çõesprivilegiadascom zonasde migra-
ção específicas, por exemploa Paraíba
comRio de Janeiro,ou o EspíritoSanto
com Rondônia,para ondeos capixabas
migrarammuitonosanosde 1970,
No total,tomando-se comocritério
a proporçãodosmigrantes na população
(Figura 04-13),ocorremduas imagens
contrastadas.O mapada proporçãodos
migrantesna populaçãodas microrre-
giões,emL996,evidencia asmargens me-
ridionaise orientaisdaAmazônia,ou se-
ja, o "arco do desmatamento", aonde
Número de migrantes
de 1991a 1996
cercade l5o/oa 40oÂda população che-
gounoscincoanosqueprecederam o re-
264.474 censeamento, Essesubliúa, da mesma
maneira,o eixo Manaus-Caracas, que
r-, roszeo o_jq kr
atravessa Roraima,e o que atravessa o
+ 66 11 9 @Hf-2003MGMLiberyéo Ãmapá,os dois eixosmaisrecentesde
Fonte: IBGE,CensosDemográficos
conquistapioneirada Amazônia.Apa-
recem,igualmente, Palmas, a capitaldo

At las do B r as il

102
04-11.Migrações internas

P ro p o rçá o Pr opor ç áo
d o s mi g ra n te s* dos m i gr antes * N úm er o
oe m r gr antes
89,9 88.10
264 283
J0,/0
130000
4,30
0 ,0 7 a,a2 1m

Provenientes
do Pará

Proporçáo Pr opor ç ão
d o s mi g ra n te s* dos m igra ntesx
15,3 de migrantes 91 2
4,20
0,60
16 350
-
1m -l-r
a ,rn
1,40
"l o
0 ,0 1 0.02

Provenientes Provenientes
do Ceará da Bahia

P ro p o rçã o Pr opor ç ão
d o s mi g ra n te s" N úm er o
dos m i gr antes *
90,5
54,3 51,6 134424
v.
1,40 3,1 65ooo
0 ,0 1 1,0
Ta\)
tm \'-

0 500 km
: -: :cF eòn< ^. naÂ^^Dí i. ^<
"%dotota dosmÌgrantesrnstaaclosnoEstado ourzaosn,cuti"",.".

D inàm icas popu lacìonais

103
O4 - 1 2 . T i p osd e e mi g ra çã o

Migrântesdo
Migrantes
Rio Grande
do Paraná
do Sul
_ 197519 41 495
l.- 53.766
\tr 12.4€4 \r- 2677
1 1

t?

0_99q km
Fonte: IBGE,CensoDemográfico2OO0 @HT2003MGMLibergéo em 2000 que tinhamnascidoem outro Estado
Pessoêsrecenseadas

Atlas do Brasil

104
novoEstadodeTocantins, e o entornode 04-13. O peso dos migrantes
Brasília,a suaperiferiapopular,duasre-
giõesem crescimento rápido devidoao
afluxo dos migrantes. As razõesde ser
desseafluxo são diferentesde acordo
comoscasos: emRoraima,explica-se pe-
la consolidação da estradaBR-174,que
abreumasaídaparao Caribee,no Ama-
pá,o asfaltamento da estradaBR-156fa-
cilitaa passagem paraa GuianaFrancesa.
Palmasé umacapitalnova,construída em
1989,e queatingiu136.554 habitantesno
recenseamento de 2000.No entornodo
Distrito Federal,a multiplicaçãodos Io- Proporção
dos migrantes*
teamentos, freqüentemente gratuitos,
e os na população
novosmunicípiosatraíramaspopulações em 1996(%)
40
pobresdo Distrito Federale,simultanea-
ìc
mente,migrantes vindosde longe,do Ma-
ranhãoem especial. Outraszonasapare- ffi
4
cem,ainda,com taxasmenores,comoa T-t
0
região dos perímetrosirrigadosdo rio 'PopulaçÉoda microregrão recenseadaem 1996 o-_____Lgk*
que íesidianum outro Éstâdoem '1991
São Francisco,fronteira entre Bahia e @ HT-2003MGM-Libercéo
Fonte: IBGE, contagem populacional l996
Pernambuco, ou aindao oesteda Bahia,
ondesedesenvolveu a culturadasoja.Es-
seindicadorsimplessublinha,por conse-
guinte,efetivamente os"pontosquentes",
aquelesondeo afluxodosmigrantesé a
marcado dinamismode conquista,para
melhore parapior.
Mas se o interessesão os efetivos
absolutos, considerando-se a informação
por Estadoem 2000de que se dispõe
atualmente, constata-se queo Estadoque
acolheo maiornúmerodemigrantes con-
tinua sendoSãoPaulo,ondemaisde 2,5
milhõesde pessoas vieramestabelecer-se
nosúltimosdezanogvalor bem distante
do atingidopeloRio deJaneiro(614.900). *Pessoasnáo nascidas

De fato,um bomnúmerode migrantes lá no Estêdoque tinham


menos de 10 anos compl€tos
residehámaisdeseisanos. masem1999. o
anoqueprecedeuo recenseamento, mais
de 180mil pessoas vieramali se instalar, Fonte: IBGE,CensoDemográfico2000
quasedezvezesmaisque em qualquer

D inâmicas popu laciona is

105
O4-14.Taxade população masculina

Núme ro de h om ens
p ara 1 00mu lher esem 2000
117
g
110
ffin 103
100
ffi
98
m 94
I 89
@ LI-2003 McÌ*Libergéo
Fonte:IBGE, Censo Demográfico2OOO

Estadodafrentepioneira.Se,por conseguinte, osefei_ menteda proporçãoentreo númerode homense mu_


tosda conquista pioneirasãoirnportantes
localmente,
é lheresnapopulaçãode cadalugar,Essaclássicarelação
necessário lembrarque essasmigraçõespesampouco apresenta,
no Brasil,um sentidonovo,vistoqueé mar_
no balançonacional. cadopor umaforteoposiçãoespacialentreasregiõesli_
Igualmentereveladoré outroindicadordemográ_ torânease a frentepioneira,
e entrecidadee campo.A
fico simplega taxade gênero,Índicequetratasimples_ predominância demulheres(emverdena Figura04_14)

Atlas do B r as il

106
é nítidanasgrandescidades, empartede- 04-15.Variações da taxa de
vido ao afluxodejovensdaszonasrurais população masculina
que encontramempregode doméstica,
costumeaindaexistente nasclassesmédia
e superiorbrasileiras.
A mesmapredominância encontra-
senos camposde MinasGerais,de São
Paulo,de todaa regiãoSule, sobretudo,
no Nordeste:destavez,a diferençanão
representa afluxode mulheres,masparti-
da de homens. Reencontram-se essesho-
mensem zonasbem específicas (em la-
ranjae marromno mapa):aszonaspio-
neirasdo Nordeste(oesteda Bahia),
Centro-Oeste e Amazônia,sobretudono
Variaçáoda taxa de
"arcododesmatamento". oumelhor.uma populaçãomasculina
daszonassituadasligeiramenteao no- entre 1980e 1991
roestedele,zonaqueastaxasmáximasde Âq

população masculina (entre110e 117ho-


Médiacom os
mensparacemmulheres)sublinhamcla- vizin hos
mai s
próxrmos
ramente,bemcomonosEstadosde Ro-
- 1 9 ,3
raimae Amapá.Sãozonasem que há
necessidade demão-de-obra poucoqua-
Iificada,masdotadade força muscular
paraabaterárvoresde quarentametros
com motosserra, o que requerhomens,
preferencialmente j ovens.
Nessas regiões
se vive distantede qualquerescola,de
qualquerhospitale, por conseguinte,
sema família,quefoi deixada,provisó-
ria ou definitivamente, nas regiõesde
origemdosmigrantes.
Em doisperíodosdiferentes- entre
1980e 1991e entret996e2000-, a varia-
çãoda taxade população masculina mos- a taxa de
tra a que ponto esseindicadorrevelao masculina
e 2000
início de frentespioneirase o momento
emquecomeçam osdesmatamentos. Re-
forçadospela padronização estatística
(médiado valorde cadaunidadeespacial
coma deseusvizinhos), a tendênciaé ní-
tida:nosanosde 1980,osmaiores índices
eramlocalizados no Mato Grossodo Sul,

D ìnâm icas popu laciona is

107
Mato Grossoe Goiás,regiõesde cerrados. Tâmbémem instruçãode anotaro quesedeclara, e nãoo quevê.As
RondôniaePará,emregiõesde floresta,a mesmafron- categoriaspossíveis sãopouconumerosas, seisao todo:
teira agrícolaprogrediaapósa incorporação doscerra- branco,preto,mestiço, amarelo, indiano,semdeclaração.
dos.A "perda"de homensmarcavao Nordesteinterior, Essesdadosdo recenseamento demográfico per-
sobretudoregiõespróximasda frentede colonização, e mitem dar uma imagemda distribuiçãoda população
a Amazônia,que,provavelmente, perdiatambémseus pelacor da pelee tambémcruzaressavariávelcomou-
homensjovensatraídospelafronteira. tras,sobretudoa distribuição dosrendimentos, pelome-
A tendênciano período1996-2000, aindaque os nosparao recenseamento de 1991,cujosmicrodados
desviosfossemmenores(sem dúvidarelacionadosà (dadosindividuais)forampublicados.
evoluçãodatransição demográfica e à perdadevitalida- A primeirasériede mapas(Figura04-16)mostraa
de dasmigrações), é de forte progressoparao noroeste distribuiçãoda populaçãoem funçãodessas categorias:
da zonamarcadapelapredominância masculina,
Desta a dimensãodo círculorefere-seao númerode pessoas
vez,forma-seum arco,de Rondôniaà "cabeçado ca- por micronegiãoe a cor à suaproporçãoem relaçãoà
chorro",no ocidentedoAmazonas,incluindo todoo Es- população totaldessamesmamicrorregião. Quemco-
tadodeRoraima,o oestedo Paráe o noroestedo Mato nheceligeiramente a históriada população brasileira
Grosso,ou seja,umaboaparteda Amazôniaaindain- nãosesurpreenderá muito ao constatarqueosbrancos
tacta.Pode-se interpretaresseindicadorcomoa ponta sãoparticularmente numerosos no Sul,regiãode imi-
avançada da frentepioneira,ou seja,umatendênciain- graçãoeuropéia,e osmestiçosno Nordestee na Ama-
quietantepara o futuro da florestaamazônica. Diante zônia,regiõesonde,há quasecincoséculos, existeum
dessaevidência, aspolíticasde preservação e de redu- ativoprocesso demestiçagem.
çãodosimpactossão,maisdo quenunca,fundamentais. O mapadosnegrosé esclarecedor: enquanto asso-
Quanto às variaçõesnegativas,essasconcentram-se cia-segeralmente a suapresença como Nordeste, pode-
sempreno Nordeste,tradicionalreservatóriode mi- severque,sesãocertamente numerosos naBahia,o são
grantesdesdeo séculoXIX, e corremo riscodeperma- aindamaisno Sudeste (emespecial no Rio deJaneiroe
necerenquantoosproblemasestruturaisda regiãonão emMinasGerais).Esseaspectopodeserexplicadopor
foremsuperados. tratar-sede antigasregiõesde escravidão,mas, a prioü,
é surpreendente encontrarumaminoriasignificativa no
Democracia racial e Rio Grandedo Sul,e essapresença podeserexplicada,
racismo econômico? maisumavez,pelasheranças da escravidão.
Os outrosgrupossãomenosnumerosos (nosma-
Uma dasquestões maissensíveisno Brasilé a de- pasdessasegunda série,a dimensãodo círculomínimo
mocracia racial.Algunsvêemo Brasilcomoumpaísque nãocorresponde maisa 10mil ou 15mil pessoas, como
teveêxitoem suamestiçagem, contrariamente a certos nastrêsanteriores, masa 1.000ou 500pessoas),'Ama-
paísesondeo processo é chocante(a África do Sul,em relos",essencialmente descendentes deimigrantes japo-
especial),
enquantooutrosdenunciam um racismoinsi- neses, estãoconcentrados no Estadode SãoPaulo(aon-
diosoe umadiscriminação defato,senãode direito,dos dechegaram no séculoXIX ou no iníciodo séculoXX),
negros.Não caberiarespondera essaperguntano con- comexceção de algunsquemigraramparaascapitaisde
texto desteAtlag maspensÍÌmos poderincorporaral- outrosEstadoqondesãofreqüentemente produtoresde
gunse_lementos ao debate,considerando que os recen- hortaliçasou comerciantes de fÍutase legumes. Quanto
seamentos brasileirosdispõemde informações sobrea aosindígenas, os efetivosmaisnumerosos situam-se na
cor da pele da população. É importanteressaltardois Amazônia,emespecial ao nortedo Amazonas e de Ro-
aspectosdaquestão: trata-sedacordeclarada pelaspes- raima,maspercebe-se que estãopresentes em todo o
soasrecenseadas. Os agentesrecenseadores recebema País,emconcentrações secundárias no Mato Grossodo

Atlas do Brasil

108
população brasileira
04-16.As seis Goresda

Número

Pr opor ç ão
Proporçáo da poPul aç áo
Número
da poPulaçáo 6,90 de amarelos
22.1 NúmeÍo 0,16 236
I
E
de pretos 0,06
0,01
u' z\trìl
94a.o24-7\
ffi 244.506t-'r / 0.00
10.000ry
@
Sem
declaração

Proporçao
da poPul aç áo
6,26
0,30
0,16
0,08
0,00

km
@ HT-20ú MGM-Libergéo
Demográfico1991
=.-", iacr- uicrodados do Censo
,

a is
D i nâmicas PoPulacio n

109
04-17.Distribuição por cor de pele

ComponenteI 24 17Vo

t36,e%l
* 1000)
(coordenadas

o,- jgk'
MGM-Libergéa
@HT-2003

% Indígenas e

%Sem declaraçáo i

-1
| % Pardos
% Pretos!


Componente
|1s3%l
*
(coordenadas1000)

0- k'
-iE
@ HT-2003MGM Libegea

do CensoDemográfico1991
Fonte:IBGE- I\4icrodados

Atlas do B r as il

110
04- 18.Cor da pele dom inante

,o
d4
*^

B r a n co s

M e d ia
27,92 3 4 , 5 3 Br a n co s
! óz 67,36 50,11 Pardos
' ;e 4,72 1 4 , 7 0 Ou tr o sn
0 500 km
- .-:ìos, Indígenas,
Amarelos) @ HT-2003MGM Lìbergéa

': -:: de 1991


MìcrodadosCensoDemográfìco
-GE

!--. r..r Nordeste(litoral sul da Bahia e sertão) e nos nosmeiosbeminformados, umarejeiçãoa umapergunta
: -irxs do Rio Grande do Sul e de Santa CaÍarina. julgadaimprópriapelosmaiseducados? Em todocaso,
o
P.rrúltimo,os "sem-declaração"
distribuem-secomo efeitoé fracoe nãoafetao conjuntodasrespostas.
- :'.:llação em
brasileira geral.
São particularmente nu- Aproveitandoos mesmosdadospara elaborar
::r--!t'rSnas$andescidades, em especialem São Paulo e umaanálisefatorial,a Figura04-17mostraqueexiste,
- i.-r de Janeiro.Seriaessadeclaração, maisfreqüente dessepontode vista.pelomenostrêsBrasis. O eixoda

D inàm icas pop u Iacionais

111
04 - 1 9 .C o r d e p e l e e re n d a

R enda
(em número de
sal ári o míni mo)
Mai sde 30
-rD e20a30
E D e15a20
-D e10a15
É D e 5 a 10
E D e3a5
mD e2a3
aD e1a2

-D e112a1
r Menos de 1/2
o S emrenda

o o C
o o
-
m
G
E E
o

Fonte:IBGE- CensoDemagráfico20OA

componenteI (36,9%da variante)opõeo Brasilbranco grupo,quanto pela parte do território nacionalque ocu-
do Sul ao Brasil mestiçodo Norte. O eixo da componen- pam. A categoria em que os brancos predominam é
teII (19,3o/oda variante) distingue as minorias,negros aquela em que,de fato, a parte dessegrupo é mais ele-
de um lado (azul),indígenase amarelosdo outro.Agru- vada (formam mais de três quartosdo total) e ocupaa
pando-seessastrês categoriassob a rubrica "outros" regiãoSul do país,agregando-se SãoPaulo,o sul de Mi-
(apenasdevido às necessidades da constÍuçãodo gráfi nas Gerais,Goiás,Mato Grossodo Sul e algumaszonas
co,massemnenhumsentido pejorativo) pode-se,em se- de Mato Grossoe Rondônia,para onde as migrações
guida, construir um diagramatriangular (Figura 04-18) agrícolasconduziram muitos dos sulistas.A categoria
que sintetizaa distribuiçãodascoresde pele da popula- em que os mestiçospredominam é menos homogênea,
ção de acordocom a microrregião. porque essacategoriaestatísticaabrangeuma gama de
As três categoriasque se destacamdessaanálise coresmuito variada,como se pode constatarem poucos
são muito diferentes,tanto pelo lugar relativo de cada minutospasseando nasruasde qualquercidadebrasileira.

At las do B r as ì l

112
Eles formam poucomais de dois terços 04-20.Tipologiados pobres e ricos
do total, o que deixa lugar apenaspara
28olodaspessoas se decÌararembrancas.
Ocupam praticamentetodo o resto do
País,com exceçãodasregiõesclassifica-
dasna terceiracategoria.Esta se distin-
gue pelo lugar que ocupamos "outros"
(negros,indígenas, amarelos),mas nota-
se que são minoritários,representando
cercade 1,5o/o da população.Esta é fre-
qüentena Amazônia(devido à popula-
cão de indígenas)e nos Estadosda Ba-
hia e do Rio de Janeiro(devidoaosne-
gros).Em maior escala,deve-serelativi-
zar essaimageme consideraras terras
indígenasdispersas por todo o País,bem
como as aldeiasde descendentes de es- È"
i
Co r d e p e le predomi nante
cravos(quilombos).mas essassão as
e n tr e o s m a i s pobres
únicasregiõesonde a presençadas mi-
noriasé significativa. Br a n co s
f:._-.l Pardos
Ao aproximaressetratamentodos Ou tr o s( pretos,amarel os,
i ndí
lados com o de rendimentos(Capítulo9),
.r único que permiterecursoaosmlcro-
3ados,podem-seconstruirperfisde ren-
jimento pelacor da pele,sintetizados no
Quadro04-03e na Figura04-19.Ressal-
:i-se que o únicogrupoem que a coluna
lc "ricos" (maisde dezsaláriosmínimos
:Lìr mês,ou seja,cercade maisde 50 dó-
..:es em dezembrode 2002)é mais nu-
::-rosa é a dosamarelos; osrendimentos
::.:dios (entre três e dez saláriosmíni
:: -.sr predominamno grupo de brancos.
-'' pobressãomajoritáriosentreos mes-
,:,r:-os negrose os indígenas, represen-
.-;o aproximadamente dois terçosdo
--:.- das duas primeiras categorias,e
Cor de pele predominante
-::: JÈ trêsquartosnosúltimos.Há, por entre os mais ricos
: ::.:-quinte.distribuiçãode rendimento
---- diferente, de acordocom os gru-
: , ;:jlnidos pelacor da pele.
?-.de-setentar detalharmais essa Fonte IBGE lvl crodados,CensoDemográfìco1991
-
- .:::-:::Ì1.ObSerVando o que se passa

D in à m ìcas popu lacionais

113
no âmbitodecadaum desses grupos.No grupomaisnu- movimentopioneirooriginadoemSãoPauloe alcança-
meroso,o dospobres(asfamíliasquedispõemderendi- ram seulugar- e seulucro - em especialidades negli-
mentosinferioresa trêssaláriosmínimos,definiçãoofi- genciadaspor outrosgrupos.
cial da pobrezano Brasil),constata-se,
ao analisarsua Por último, tentandoresumiressasinformações
composição emtermosdecor depele,queestasedistri- construindouma síntese, por maisredutorque sejao
bui maisou menoscomoa populaçãoem geral,no en- exercício,chega-se (agrupandoos grupos"pequenos"
tanto com algumasconcentrações que não aparecem sobo rótulode"outros",demodoquetenhamum peso
aqui:pobresbrancosno litoral de SantaCatarinae no comparávelaosdos "grandes"e entremno diagrama
nortedo Rio Grandedo Sul,pobresmestiçosno Mara- triangular)àsimagens daFígura04-20,ou seja,a umati-
nhãoe no Pará,pobresamarelos no Estadode SãoPau- pologiade ricose pobres:ospobressãobrancosno sul
por
lo.Nãohá, conseguinte, bolsõesdepobrezadecom- e mestiçosno norte,comalgumas exceções,comoo nor-
ponenteétnicaespecífica, poisa suacomposição reflete te do Mato Grossoe o sertão,ondeencontram-se po-
a da populaçãobrasileiracomoum todo.Invertendoo bresbrancose "outros"pobres,indígenas naAmazônia,
pontodevista,quandoseanalisaa estratificação econô- negrosna Bahiae no Rio de Janeiro.O mapadosricos
mica de cadagrupo étnico,pode-sechegarà mesma é mais distinto ainda,a repartiçãonorte-sudeste éa
conclusão: nãoparecehaver,emcadaum destesgrupos, mesma, masos"outros"nãoaparecem mais.
distribuiçãodosricose pobresdiversado quadrodapo- Nota-se,contudo,que os limitesnorte-sule mes-
pulaçãobrasileiracomoumtodo.Adistribuição dericos tiços-brancos sãopoucodiferentes, Essesforamdes-
e pobresentreos negros,em relaçãoà qualsepoderia locadossensivelmente para o norte pela frentepio-
esperardiferençadaqueladosbrancosou dosmestiços, neira sobreo eixo do noroeste,que empurrao limite
dadoque o seumapaglobalé diferente,é, comefeito, atéa Amazõnia.A conquistade Mato Grossoe Ron-
quasea mesma, e osmaiselevados rendimentos concen- dôniapelosmigrantes vindosdo Rio Grandedo Sule
tram-seaolongodo eixoSantos-Brasília.Amarelos são, do Paranápermitiu a algunsdentreeles enriquecer,
por conseguinte, osúnicosa teremum comportamento ou,pelo menos,se tornaremos maisricoshabitantes
diferente,primeiroporque- já sedisse- os rendimen- dessas regiõespioneiras,os maiseducados e os que
toselevados sãomaisfreqüentes quenosoutrosgrupos, têmmelhorescondições de sobrevivência(Capítulo9).
e porqueesseselevados rendimentos encontram-se sis- Essasnovasterrasdo eixonoroestesão,assim,econô-
tematicamente fora dasregiõesde concentração origi- micae culturalmente, o prolongamento do sul-sudes-
nal do grupo. Obviamente,os que migraramtiveram te, a pontaavançadada suapenetraçãoem detrimen-
maisêxitoqueosquepermaneceram no Estadode São to do Brasilcaboclo(mestiços de indígenas e negros)
Paulo,e encontram-se em todo o País,da Amazôniaàs da velhaAmazônia.Prova,sefor necessário, que um
fronteirasdo Uruguai.Nota-se,do mesmomodo,uma indicadorambíguocomoa cor de pelecontribuipara
concentraçãosobre um eixo Santos-Rondônia que evidenciar a diversidadee o dinamismo da sociedade
mostraqueosjaponeses seguiram, comcertosucesso, o brasileiracontemporânea.

Atlas do Brasil

114

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