Estudo de caso 1 a) A falha de mercado deste problema específico é instabilidade de preços. Em momentos de supersafra, os preços agrícolas tendem a cair por conta do excesso de oferta, enquanto que em momentos de estiagem, ou quando a produção agrícola é acometida por uma praga, os preços podem subir desproporcionalmente por reduzir a oferta de produtos de forma não intencional. A inflação e escassez de oferta gera perda de bem estar aos consumidores, enquanto a deflação deprime a renda dos produtores e pode tornar inviável a produção agrícola. b) O PGPM, por ser de caráter universal e ter intervenção direta do governo, pode ser considerada uma política de caráter mais Keynesiano, enquanto que o PEP e o COVPA, assim como os programas subsequentes, podem ser considerados mais liberais, já que possuem intervenção bem menor, funcionando mais para dar incentivos aos produtores e compradores. O fato do programa universal acabar se tornando mais focalizado, atendendo exclusivamente a agricultura familiar, também pode ser considerada uma medida mais liberal. c) Inicialmente, os produtores do agronegócio, por terem mais poder político e econômico, se beneficiavam mais da política universal. Porém, quando a política foi focalizada nos produtores da agricultura familiar, estes se beneficiavam mais, apesar dos produtores do agronegócio continuarem tendo outros instrumentos diversos de apoio quando a instabilidade de preços se manifestasse em seus mercados. Com o enfraquecimento da política, os agricultores familiares tendem a perder mais que os do agronegócio, pelos mesmos motivos que os últimos se beneficiavam mais da política universal. d) Se for para escolher uma única política, a de aquisição direta pelo governo parece ser mais condizente com os objetivos, porém apenas com os resultados da pesquisa de avaliação de impacto é que se pode ter a resposta. Porém, em caso de incerteza, o governo deve manter um leque amplo de políticas, ainda mais porque, como dito no trabalho, a política de aquisição direta é custosa fiscalmente, o que justifica sua focalização na agricultura familiar, enquanto outras políticas fiscalmente menos custosas ficam disponíveis para os agricultores do agronegócio. Estudo de caso 2 Como o navio naufragado possuía muitas pessoas, o correto seria, para cada problema enfrentado pela comunidade, designar os possíveis especialistas de cada área para cuidar destes problemas. Então, por exemplo, para cuidar dos doentes, alguém do navio com experiência médica atuaria nesta questão, em troca de recursos e proteção do resto da comunidade. O mesmo valeria para se houver um litígio entre duas pessoas, alguém com experiência jurídica deveria ficar responsável por questões do tipo em troca de recursos da sociedade. No fim das contas existe paralelo concreto para cada problema que esta comunidade enfrentaria em uma deserta, e a maneira de resolvê-los é deixando claro quais os direitos de propriedade, fazer valer os contratos entre as diferentes partes, assim como permitir que cada cidadão se especialize em um trabalho que traga retorno social. Estudo de caso 3 Se eu fosse nomeado como secretário de cultura pelo prefeito reeleito, a opção que eu escolheria seria a letra B. O motivo é que esta é a opção que envolve se relacionar com o pessoal técnico, que entende mais diretamente da administração cultural. A opção “A” não é razoável, já que não há como formular uma política sem ter contato com quem a administrará, mas as opções que envolvem o contato com todos os membros da comunidade também não parece razoável, pois a opinião do pessoal técnico, como os diretores dos centros culturais, vale mais que a opinião do pessoal da limpeza ou do segurança da escola de Artes, por exemplo. A opinião da comunidade alvo da política e o eventual envolvimento dela na elaboração das políticas pode ser buscado, mas a elaboração da política deve ser pautada por critérios técnicos, dando maior peso a opinião dos especialistas em temas culturais e nos gestores dos diferentes centros culturais.
Eficiência do gasto público em saúde nos municípios do RN
Aluno: Rafael Fernandes Montenegro. 1) O setor de saúde é acometido por diversas falhas de mercado diferente. A ocorrência de riscos imensuráveis e mesmo incerteza, a possiblidade de seleção adversa e risco moral nos contratos de seguro de saúde, devido a assimetria de informações entre os consumidores de serviços de saúde e os produtores destes serviços, seja porque os consumidores sabem melhor seus próprio estado de saúde que os produtores, ou porque os produtores sabem melhor que os consumidores qual o tratamento mais adequado para uma doença, ou o custo efetivo do tratamento devido ao estágio de uma doença, por exemplo. Estes fatores justificam a intervenção do Estado no mercado de saúde, seja como regulador ou, como no caso do trabalho, provedor direto dos serviços de saúde pública. 2) Se tomarmos como base o marco lógico, notamos que o artigo faz uma simplificação exagerada do que seria um indicador de input (o gasto em saúde). Utilizar este indicador como principal input, simplificando a análise, acaba por prejudica-la. É uma simplificação, porque considerar apenas o recurso financeiro não específica heterogêneas dificuldades que municípios com os mesmos recursos podem passar (qualidade dos profissionais, infraestrutura deficiente, problemas contatuais etc). Outra fraqueza do artigo é considerar o gasto total em saúde, e não o gasto per capita. Considerar o último melhoraria bastante a análise, já que, por exemplo, se algum município recebe menos recursos que Natal, pode continuar saindo melhor nos resultados explicitados pelo artigo, pois atendem uma população bem menor que Natal. 3) Os indicadores apresentados pelo trabalho contribuem para tratar com transparência o uso de recursos públicos, fortalecendo as ferramentas de análise das aplicações destes recursos nos serviços de saúde, permitindo a comparação entre diversas unidades de saúde de diferentes municípios. Replicar essa metodologia para o nível estadual ou mesmo regional, assim como adaptá-las para a análise de outras políticas públicas pode contribuir na área de avaliação de políticas públicas, já que além de analisar diretamente a eficiência do gasto, os autores nos mostram possíveis causas da ineficiência maior em um município comparativamente ao município virtual ou a outros municípios do RN. Por exemplo, o trabalho nos mostra que há correlação entre municípios com muita proporção de pobres, ou com alta desigualdade medida pelo índice de gini, e a eficiência do gasto, ampliando o escopo dos gestores públicos para além do atendimento de saúde, mostrando que a combinação de diferentes políticas é necessário para atingir um único objetivo.