Direito Constitucional
Poder Constituinte
Poder Constituinte Originário
● Conceito: é aquele que instaura
uma nova ordem jurídica, rompendo
por completo com a ordem jurídica
precedente.
● É a força política consciente de si
que resolve disciplinar os
fundamentos do modo de
convivência na comunidade política.
● O objetivo principal do poder
constituinte originário, portanto, é
criar um novo estado.
● O poder constituinte originário
pode ser subdividido em:
Histórico ➯verdadeiro poder
constituinte originário, estruturando,
pela primeira vez, o Estado.
Revolucionário ➯todos os
posteriores ao histórico, rompendo
por completo com a antiga ordem e
instaurando uma nova, um novo
Estado.
● O poder constituinte originário é
inicial, ilimitado, incondicionado e
permanente.
Inicial ➯ pois instaura uma nova
ordem jurídica, rompendo, por
completo, com a ordem jurídica
anterior. Está na origem do
ordenamento jurídico, é o ponto de
começo do direito.
Ilimitado juridicamente ➯ no
sentido de que não tem de respeitar
os limites postos pelo direito
anterior. A estrutura da nova
constituição será determinada,
autonomamente, por quem exerce o
poder constituinte originário. O
caráter ilimitado, porém, deve ser
entendido em termos, haverá
limitações políticas inerentes ao
exercício do poder constituinte
originário.
➯ Nota-se que essa limitação é
apenas de caráter jurídico-positivo,
que não está ligado em seu
exercício, por normas anteriores.
Não significa que o poder
constituinte seja um poder arbitrário,
absoluto, que não conheça quaisquer
limitações. Este está limitado pelos
grandes princípios do bem comum,
do direito natural, da moral, da
razão.
Incondicionado ➯e soberano na
tomada de suas decisões, porque não
tem de submeter-se a qualquer forma
prefixada..
Permanente ➯ já que o poder
constituinte não se esgota com a
edição da nova Constituição,
sobrevivendo a ela e fora dela como
forma e expressão da liberdade
humana, em verdadeira ideia de
subsistência.
Formas de expressão
●São formas de expressão do poder
constituinte originário:
Outorgada ➯o ato constituinte
compete a uma única pessoa, ou a
um grupo restrito, em que não
intervém um orgão de representação
popular, fala-se em ato constituinte
unilateral.
Promulgada ➯por uma assembleia
de representantes do povo. Sistema
clássico de elaboração das
constituições democráticas. O
método dá origem a chamada
Constituição votada.
Em se tratando de Constituição
votada, fala-se em:
Procedimento Constituinte Direto
➯quando o procedimento elaborado
pela assembleia obtém validade
jurídica por meio da aprovação
direta do povo, que se manifesta por
meio de plebiscito ou referendo.
Procedimento Constituinte Indireto
ou Representativo ➯a participação
do povo esgota-se na eleição de
representantes para uma assembleia,
que deverá elaborar e promulgar o
texto magno.
Algumas Questões Práticas
Supremacia da Constituição
● Por ser a carta magna produto do
poder constituinte originário, ela
própria eleva-se a condição de obra
suprema.
● De acordo com a doutrina clássica,
o ato contrário a constituição sofre
de nulidade absoluta.
Recepção
● Aquelas normas anteriores a
Constituição, que são com ela
compatíveis no seu conteúdo,
continuam em vigor. Diz-se que
nesse caso opera o fenômeno da
recepção.
Revogação ou
Inconstitucionalidade
Superviniente
● Se a norma anterior à Constituição
não guarda compatibilidade de
conteúdo com esta, não continuará a
vigorar, havendo, aqui, quem
considere ocorrer o caso de
revogação e quem veja na hipótese
de inconstitucionalidade
superviniente.
Normas da antiga Constituição
compatíveis com a nova
Constituição.
● Prevalece a tese de que a antiga
Constituição fica globalmente
revogada, evitando-se que
convivam, num mesmo momento, a
atual e a anterior expressão do poder
constituinte originário empregada
para elaborar toda Constiuição.
Represtinação
● A restauração da eficácia é
considerada inviável. Não se admite
a represtinação, em nome do
princípio da segurança das relações,
o que não impede, no entanto, que a
nova Constituição expressamente
revigore aquela legislação.
Poder Constituinte Derivado
● Como o próprio nome sugere o
poder constituinte derivado é criado
e instituído pelo originário. O
derivado deve obedecer às regras
colocadas e impostas pelo originário,
sendo, nesse sentido, limitado e
condicionado aos parâmetros a ele
impostos.
● Derivam, pois, do originário o
reformador, decorrente e o
revisor.
Poder Constituinte Derivado
Reformador
● O poder constituinte derivado
reformador tem a capacidade de
modificar a Constituição Federal,
por meio de um procedimento
específico, estabelecido pelo
originário, sem que haja uma
verdadeira revolução.
● O poder de reforma, assim, tem
natureza jurídica, ao contrário do
originário, que é um poder de fato,
um poder político, ou, segundo
alguns, uma força ou energia social.
● A manifestação do poder de
reforma se verifica através das
emendas constitucionais.
Limites ao poder de reforma
● Sendo um poder instituído, o
poder de reforma está sujeito a
limitações de forma e conteúdo.
● Assim, exige-se o quorúm
especialmente qualificado para a
aprovação de emenda à
Constituição. É preciso que a
proposta de emenda reúna o voto
favorável de 3/5 dos membros de
cada Congresso Nacional e em dois
turnos de votação em cada uma.
● A Constituição também aponta
quem pode apresentar proposta de
emenda à Constituição.
↳ 1/3, no mínimo, dos membros da
Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal.
↳ O Presidente da República.
↳ Mais da metade das assembleias
legislativas das unidades da
federação.
Não se prevê a iniciativa popular de
proposta de Emenda..
● O poder de emenda também se
submete a restrições
circunstanciais. Proíbe-se a
mudança em certos contextos
históricos como:
↳ Intervenção Federal
↳ Estado de sítio
↳ Estado de defesa
● Há, afinal, as limitações
materiais ao poder de reforma. O
poder constituinte originário pode
estabelecer que certas opções que
tomou são intangíveis (que não pode
ser tocado, intocável). Terá
consagrado o que se denomina
Cláusula Pétrea.
● O próprio poder constituinte
originário pode indicar os princípios
que não admite que sejam
modificados, como forma de manter
a unidade no tempo do seu trabalho.
● O que explica a consagração
dessas cláusulas de perpetuidade é o
argumento de que elas perfazem um
núcleo essencial do projeto do
poder constituinte originário, que ele
intenta preservar de quaisquer
mudanças institucionalizadas. E o
poder constituinte pode estabelecer
essas restrições justamente por ser
superior juridicamente ao poder de
reforma.
● Eliminar a cláusula pétrea já é
enfraquecer os princípios básicos do
constituinte originário garantidos por
ela.
As cláusulas pétreas em espécie são:
↳ Forma federativa do Estado
↳ A separação dos poderes
↳O voto direto, secreto, universal e
periódico.
↳Os direitos e as garantias
individuais.
● Além das limitações expressas ou
explícitas, a doutrina também
identifica as limitações implícitas
(como a impossibilidade de se
alterar o titular do poder constituinte
originário e derivado reformador,
bem como a proibição de se violar as
limitações expressas)
Poder Constituinte Derivado
Decorrente
● Sua missão é estruturar a
Constituição dos Estados-Membros
ou, em momento seguinte, havendo
necessidade de adequação e
reformulação, modifica-la.
● Tal competência decorre da
capacidade de auto-organização
estabelecida pelo poder constituinte
originário. Aos Estados-Membros
foi atribuída:
↳ Autonomia, manifestada pela
capacidade de auto-organização.
↳ Auto-governo (arts. 27, 28 e 125,
que estabelecem regras para a
estruturação de “poderes”.
Legislativo: Assembleia Legislativa;
Executivo: Governador do Estado; e
Judiciário: Tribunais e Juízes )
↳ Auto-admnistração (arts. 18 e 25
a 28 – regras de competências
legislativas e não legislativas).
● É de lembrar que o poder
constituinte derivado decorrente foi
concedido às Assembleias
Legislativas, nos termos do art.11,
caput, do ADCT.
● O Distrito Federal, de acordo
com o art. 32, caput, da CF/88, será
regido por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício de 10
dias e aprovada por 2/3 da Câmara
Legislativa, que a promulgará.
Municípios: manifestação do
poder constituinte derivado
decorrente?
● Não. Os municípios elaborarão
leis orgânicas como se fossem
“Constituições Municipais”. Seu
exercício caberá a Câmara
Municipal.
● O Poder constituinte derivado
decorrente deve ser de segundo
grau, isto é, encontrar sua fonte de
legitimidade direta na
Constituição Federal. No caso dos
Municípios, porém, se descortina
um poder de terceiro grau, porque
mantém relação de subordinação
com o poder constituinte estatal e o
federal. Não basta, portanto, ser
componente da federação, sendo
necessário que o poder de auto-
organização decorra diretamente do
poder constituinte originário. Assim,
o poder constituinte decorrente
não se faz na óbita dos Municípios.
Poder Constituinte Derivado
Revisor
● O art. 3° do ADCT determinou
que a revisão constitucional seria
realizada após 5 anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo
voto da maioria absoluta dos
membros do Congresso Nacional,
em sessão unicameral.
● O art. 3° do ADCT introduziu
verdadeira competência de revisão
para “atualizar” e adequar a
Constituição às realidades que a
sociedade apontasse como
necessárias.
● No ordenamento jurídico pátrio, a
competência revisional do art. 3° do
ADCT proporcionou a elaboração de
meras 6 Emendas Constitucionais de
Revisão, não sendo mais possível
nova manifestação do poder
constituinte derivado revisor em
razão da eficácia exaurida e
aplicabilidade esgotada da aludida
regra.