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no Direito do Trabalho
Responsabilidade Civil
no Direito do Trabalho
6ª edição
17-05024 CDU-347.51:331.823(81)
Prefácio...................................................................................................................... 17
Introdução................................................................................................................. 23
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Parte XVII — Diretrizes de Cálculos das Verbas Indenizatórias Fixadas em Juízo......... 672
1. Correção monetária................................................................................................ 672
2. Juros de mora. ....................................................................................................... 675
3. Contribuição previdenciária....................................................................................... 676
4. Competência da Justiça do Trabalho para cobrança do Imposto de Renda........................ 677
4.1. Imposto de Renda sobre dano material. .............................................................. 678
4.2. Imposto de Renda sobre dano moral. ................................................................. 680
4.2.1. A mudança de entendimento dos Tribunais Superiores.................................. 683
4.3. Não incidência do IR sobre juros moratórios....................................................... 684
4.4. Responsabilidade pelo pagamento do imposto de renda no processo......................... 686
Resumo da Parte XVII.................................................................................................. 687
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Clayton Reis
Magistrado do Tribunal de Justiça do Paraná aposentado. Doutor e mestre em Direito pela UFPR.
Especialista em Responsabilidade Civil pela UEM. Professor Universitário de graduação e
pós-graduação no Paraná. Professor da Escola da Magistratura do Paraná.
Membro fundador da Academia Paranaense de Letras Jurídicas do Paraná.
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Vivemos um paradoxo nos dias correntes. De um lado, temos uma Constituição que
consagra o Estado Democrático de Direito e sua opção para um solidarismo que coloca
o homem no centro do sistema jurídico, encerrando normas, preceitos e princípios que
reconhecem e asseguram a dignidade do ser humano, impondo à ordem econômica o
primado do trabalho, a função social da propriedade e a busca do pleno emprego (art.
170, CF). De outro lado, verificamos um modelo de Estado que submete à eficiência
econômica todos os valores sociais e políticos, priorizando o capital, sobretudo o especu-
lativo, e abrindo portas para a instauração plena de uma economia de corte globalizada.
É, pois, a pujança do neoliberalismo.
Sobre o tema, impende consignar a observação de Carlos Pianovski Ruzyk:
“Em suma: a dignidade da pessoa humana, segundo a racionalidade que in-
forma a atividade econômica — obviamente inserida no mercado —, é negada
como princípio e como valor fundamental. Há uma evidente clivagem entre
aquilo que estabelece a ordem jurídica e o que se concretiza no curso das
atividades econômicas.”(1)
O novel modelo, de forma arguta, traz motes como o da “modernidade” ou “fle-
xibilização” quando colima ultimar seu objetivo nuclear: reduzir o espectro dos direitos
trabalhistas. Nesse compasso, surge a reestruturação produtiva e suas técnicas de down-
size e avaliação rigorosa sobre a figura do empregado, que deve se apresentar como uma
figura multifuncional e versátil, submetendo-se às novas mudanças que miram para uma
maior produtividade da empresa. E assim o poder de comando do empregador chega,
amiúde, às raias do abusivo, enquanto o trabalhador é tratado como uma espécie de
“mercadoria descartável”. Os danos materiais e morais infligidos ao empregador são
consequências dessa prática espúria.
A partir desse quadro de profusão de danos e abusos decorrentes do poder patronal,
a presente obra colima contribuir na formulação de uma teoria crítica da responsabilidade
civil proveniente da (in)execução das obrigações do contrato de trabalho. Antes (e junto)
disso, faz-se mister analisar a norma posta em sua dimensão dogmática.
(1) RUZYK, Carlos Eduardo Pianovski. A responsabilidade civil por danos produzidos no curso de atividade econômica e a tutela
da dignidade da pessoa humana: o critério do dano ineficiente. In: RAMOS, Carmem Lucia Silveira et al. (orgs.). Diálogos sobre
direito civil: construindo a racionalidade contemporânea. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 142.
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(2) ARRUDA JÚNIOR, Edmundo Lima de. Introdução à sociologia jurídica alternativa. São Paulo: Acadêmica, 1993. p. 184.
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(3) Relatório e substitutivo apresentados pelo Deputado Rogério Marinho ao Projeto de Lei n. 6.787/2016, de iniciativa do Governo
Federal, que implementa Reforma Trabalhista, o qual restou aprovado pela Câmara dos Deputados na madrugada de 27.4.2017.
O texto segue para votação no Senado, agora como Projeto de Lei da Câmara (PLC) n. 38/2017. Se não houver modificação, o
texto irá para sanção presidencial.
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Para que se possa, ao final deste trabalho, fincar fundamentos para uma teoria
capaz de examinar com proficiência a responsabilidade civil oriunda da (in)execução(5)
do contrato de trabalho, deve-se, antes, investigar o próprio contrato como fonte de
obrigação. Ainda, para uma melhor análise da teoria da responsabilidade civil, inicia-se a
tese a partir do exame da relação jurídica obrigacional, vista em seu exato conceito, em
suas distinções e em seus elementos.
A expressão obrigação pode ser utilizada em algumas oportunidades de forma
ampla, outras vezes, de maneira restrita, e em alguns momentos, de modo equivocado.
Tecnicamente, obrigação é espécie do gênero dever, reservando-se o termo para significar
o dever correlato a um direito de crédito(6). A fim de melhor delimitar seu conceito, faz-se
mister retroceder à teoria geral da relação jurídica(7), investigando o traço diferenciador
entre obrigação, dever e sujeição.(7)
(4) XAVIER, Bernardo da Gama Lobo. Curso de direito do trabalho. 2. ed. Lisboa: Verbo, 1993. p. 93.
(5) A expressão “(in)execução” significa que o dano a ser reparado na órbita trabalhista tanto pode decorrer da simples execução
do contrato — ocasião em que o empregado é acometido de dano em face do simples exercício regular de sua função contratual
— quanto da inexecução do contrato — ocasião em que o dano resulta da inadimplência patronal acerca de suas obrigações e
seus deveres. Registre-se, ainda, o dano por fato de outrem, recaindo sobre a empresa a responsabilidade civil do dano infligido a
terceiro e causado por seu empregado ou preposto. No curso deste livro, será explicitada e demonstrada a existência das espécies
de responsabilidade civil manifestadas no contrato individual de trabalho.
(6) GOMES, Orlando. Obrigações. 12. ed. atualizado por Humberto Theodoro Júnior. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 11.
(7) Conforme assinala o saudoso civilista lusitano Manuel A. Domingues de Andrade: “a parte geral do direito civil compreende
duas grandes teorias: a teoria geral do direito objetivo, a teoria geral da relação jurídica, que redunda no fim das contas, em certo
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sentido, numa teoria geral do direito subjetivo”. ANDRADE, Manuel A. Domingues de. Teoria geral da relação jurídica. Coimbra:
Almedina, 1992. v. 1, p. 1.
(8) PINTO, Carlos Alberto da Mota. Teoria geral do direito civil. 3. ed. Coimbra: Coimbra, 1996. p. 167. Ambos os autores portu-
gueses mencionados, Mota Pinto e Manuel Andrade, esclarecem que, via de regra, o direito do credor é de exigir a prestação do
devedor, sob pena de execução coercitiva. Contudo, em relação às chamadas obrigações naturais — v. g. dívidas prescritas — há
somente o direito de pretender, pois ao credor não há como exigi-la judicialmente.
(9) GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1986. p. 83.
(10) Idem.
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