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APRESENTAÇÃO

A situação socioambiental que abarca o mundo é


conseqüência de centenas de anos de exploração dos recursos
naturais de forma indiscriminada. De acordo com diversos autores,
o modelo de desenvolvimento baseado na acumulação de bens e
riquezas é um dos maiores causadores dos problemas ambientais e
sociais enfrentados pela população, independente de renda, faixa
etária, grau de instrução, religião, raça etc.

Desde a década de 60, vem se firmando uma concepção de


desenvolvimento que agrega a conservação do meio ambiente
natural e das características socioculturais de uma população.
Dessa época para cá, diversos acontecimentos tornaram-se muito
relevantes tanto para a busca de ações de mitigação dos impactos
negativos ao meio socioambiental causados pelo desenvolvimento
econômico, quanto para a recuperação dos danos causados pela
problemática ambiental e para prevenção desses danos.

Assim, a sustentabilidade é a palavra da vez tanto para a


inclusão social e melhoria da qualidade de vida, quanto para a
conservação ambiental (e cultural) quanto para o desenvolvimento
econômico das localidades.


 
 

Diante dessa realidade, com todas as problemáticas em torno


da questão socioambiental, da situação acerca da preservação e do
desenvolvimento econômico, torna-se cada vez mais relevante o
estudo das possibilidades de uma interação entre o ser humano e a
preservação dos recursos naturais.

Diversas atividades econômicas vêm buscando, a partir de


então, criar uma relação mais harmoniosa com o ambiente natural,
tornando-se uma atividade sustentável (ou perto disso). Dentre
essas atividades, o turismo, que tem como um de seus maiores
atrativos os recursos naturais, vem buscando essa sustentabilidade
também como garantia do fortalecimento da atividade nos destinos
turísticos.

   


 
 

ÍNDICE

APRESENTAÇÃO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 02

CAPÍTULO 01 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 05
Conceitos e fundamentos sobre meio ambiente e sustentabilidade
CAPÍTULO 02 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 09
A questão ambiental e sua evolução histórica
CAPÍTULO 03 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19
Os principais problemas ambientais no mundo
CAPÍTULO 04 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 38
Alternativas para a sustentabilidade: Cidadania e gestão
CAPÍTULO 05 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 49
Alternativas para a sustentabilidade: Energias alternativas e tratamento de efluentes
CAPÍTULO 06 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 61
Legislação Ambiental
CAPÍTULO 07 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 78
Turismo e seus impactos: econômicos
CAPÍTULO 08 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 83
Turismo e seus impactos: socioculturais
CAPÍTULO 09 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 85
Turismo e seus impactos: ambientais
CAPÍTULO 10 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 88
Turismo Sustentável
CAPÍTULO 11 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 96
Ecoturismo


 
 

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS E
FUNDAMENTOS SOBRE MEIO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE


 
 

1 - Conceitos e fundamentos sobre meio ambiente e


sustentabilidade

Segundo a Constituição Federal de 1988, todos têm direito ao


meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”. (Art. 225 da Constituição Federal de
1988)

Para entender melhor o artigo 225 da C.F descrito acima e todo


o assunto do qual iremos tratar ao longo deste curso, torna-se
necessário esclarecer sobre o que significa meio ambiente. Muitos
são os conceitos e definições de meio ambiente, no entanto, iremos
abordar um conceito amplo, pois se entende que tudo ao nosso
redor faz parte da natureza e do meio ambiente. Assim, podemos
definir meio ambiente como a expressão que remete ao conjunto de
elementos e fatores naturais, sociais e culturais e sua interação
entre si. Dessa forma, entende-se que a relação entre esses
elementos (dentre eles o ser humano) é mútua, devendo haver
respeito a essa interação a fim de não provocar um desequilíbrio,
que, por sua vez, causará inúmeros problemas à vida em geral.

O que ocorre é que a relação do ser humano com esses


elementos não tem sido nada mútua, tampouco de respeito.

Aproveite para pesquisar um


pouco mais sobre o assunto e
reflita também sobre as
questões culturais, sociais e

  econômicas e sua relação com
 

A exploração humana aos recursos naturais de forma


desordenada continua provocando muitas conseqüências
negativas, ainda que da década de 1960 pra cá, muito se há
discutido em relação ao assunto e não faltam tentativas no sentido
de solucionar ou minimizar os impactos provocados por esta
exploração. O marco dessas discussões foi a Conferência de
Estocolmo, em 1972, onde à expressão desenvolvimento
sustentável, que de acordo com o documento Nosso Futuro Comum
(ou Relatório Bruntland), divulgado em 1987, consiste numa nova
concepção de desenvolvimento que busca atender às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações
futuras atenderem às suas necessidades, foi usada pela primeira
vez (ALMEIDA, 2004, p. 136).

O termo sustentabilidade está intrinsecamente relacionado ao


conceito de desenvolvimento sustentável, que caiu em desuso entre
alguns estudiosos e profissionais. A sustentabilidade pode ser
definida como a execução de atividades com a preocupação nas
dimensões social, natural e econômica, buscando garantir que o
desenvolvimento econômico e as necessidades atuais não
comprometam o atendimento das necessidades das futuras
gerações.


 
 

Essa realidade de discussões e execuções no âmbito de uma


visualização mais humanista em relação ao meio ambiente vem
procurando estabelecer o desenvolvimento com sustentabilidade
em diversas áreas de desenvolvimento, dentre elas o turismo.


 
 

CAPÍTULO 2 – A QUESTÃO AMBIENTAL E


SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA


 
 

2 A questão ambiental e sua evolução histórica

Existem diversas discussões acerca da problemática ambiental


que têm origem há séculos. Muitos estudiosos acreditam que a
situação atual em relação ao ambiente recebeu grande influência de
uma concepção de natureza que explicava o mundo através de
fenômenos matemáticos e mecânicos, reduzindo tais fenômenos a
processos racionais e pragmáticos. Igualmente, colocava o homem
como senhor do jardim, detentor do poder de dominá-la.

De fato, o que influenciou bastante a utilização do meio ambiente


de forma desordenada foi a idéia de que o homem é o centro do
universo e que tem o poder sobre outros seres, modificando a
natureza a seu bel prazer e interesse próprio.

Essa realidade acontece no Brasil desde o seu descobrimento,


passando pelo período industrial que, concomitantemente, trouxe o
despertar para as causas ambientais, principalmente devido às
condições de vida dos trabalhadores, que conviviam com a poluição
e com a precariedade na saúde e condições de lazer, até o pós-
guerra, quando a problemática veio à tona de forma sistêmica,
levando em consideração os direitos humanos e dos demais seres
vivos.

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Na verdade, como vimos no item anterior, o ser humano não é o


senhor do jardim, como se acreditava, e sim mais um ser parte
integrante deste ambiente onde todos os seres vivos mantém sua
função de extrema importância para o equilíbrio das diversas
condições ambientais.

Dentro da problemática de exploração vigente no período


industrial e no contexto de novas concepções de natureza,
baseadas na conscientização, percepção e sensibilização
ambiental, surgem, então, estratégias que iniciam a consolidação
da ecologia política resultando no movimento ambientalista,
bastante influenciado pela tendência de outros movimentos de
contra cultura que buscavam melhorias sociais, políticas,
econômicas etc. Melhorias estas buscadas, principalmente, devido
aos agravantes sociais e ambientais resultantes do crescimento
econômico e industrial do pós-guerra, visto que os países tiveram
de recuperar seus aspectos econômicos, prejudicados durante o
período de guerras.

Essa mudança de concepção, que vem acontecendo aos poucos


desde os anos 60, marcado pela crítica ao modelo de produção e
de vida vigentes que se caracterizava pelo consumismo, a
expansão do capitalismo, ao militarismo e à degradação ambiental,
vem provocando também uma alteração no comportamento da

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população, mesmo que incipiente e não suficiente para evitar os


diversos desastres e transformações no ambiente.

¹ Camargo (2003, p.43) apud Ferreira (1988) traz que a consciência


está vinculada ao conhecimento, à noção, idéia. Já a percepção
refere-se a compreender, conhecer, distinguir, notar. E, por fim, a
sensibilização esta ligada a emoção, sentimento, afetividade. Ela
fala que se torna difícil conceber qual expressão é mais apropriada
para caracterizar o contexto do despertar para os valores
ecológicos no inicio do século XX

Podemos identificar três fases da história dos movimentos


ambientais no Brasil. A primeira fase caracterizava-se pela
denuncia de degradações ambientais e pela criação de
comunidades alternativas. A segunda foi marcada pela expansão
quantitativa e qualitativa dos movimentos da primeira fase. E, a
terceira, a partir de 1986, quando a maioria dos movimentos
ecológicos decidiu participar ativamente da arena parlamentar.

No contexto da ascensão do ambientalismo no mundo, surgem


diversas discussões acerca dos problemas sócio-ambientais. A
partir da década de 60 se percebe um aumento no número de
organizações não-governamentais. É nesta década também que é

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lançado o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa) que denunciava


os estragos causados pelo uso de agrotóxicos.

No ano de 1968, é criado o Clube de Roma, com o objetivo de


discutir a crise e o futuro da humanidade. Considerado o pioneiro no
engajamento para a consciência dos problemas mundiais, o clube
de Roma, divulgou como resultado de seus trabalhos o relatório
Limits of Growth (Limites do Crescimento) apresentando um alerta
sobre o esgotamento dos recursos naturais, resultado do
crescimento econômico sem limites. A partir deste documento, que
foi de grande contribuição no que diz respeito às criticas a
concepção econômica que tratava a natureza como fonte
inesgotável de recursos à disposição da produção e consumo,
pôde-se discutir as variáveis e propostas para a implementação de
um novo desenvolvimento, baseado na compatibilização do
crescimento econômico com a conservação do meio ambiente
(CAMARGO, 2003).

A partir dos anos 70, várias discussões passaram a permear


levando em consideração a questão ambiental. Um marco das
discussões em relação às questões socioambientais nesta década
foi Conferência Mundial sobre Direitos Humanos e Meio Ambiente,
em Estocolmo, no ano de 1972. A partir deste momento, muitos
estudiosos surgem com terminologias e conceitos como
ecodesenvolvimento, idealizado por Ignacy Sachs ; Ecologia

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Profunda, que tem como essência uma visão biocêntrica (a visão


biocêntrica surgiu em contraposição ao antropocentrismo, que
colocava a humanidade como centro do universo, significando,
assim, que todas as formas de vida são igualmente importantes)

Muito tem se discutido quanto ao conceito e à própria


terminologia do desenvolvimento sustentável, porém é importante
citar que as definições se baseiam em três dimensões, a saber: a
econômica, a social e a ambiental. Alguns autores tratam ainda da
dimensão política, relacionando-se com as políticas de
desenvolvimento.

Por ser um conceito relativamente novo, que exige mudança de


concepção e comportamento, além de restrições ao crescimento
econômico, o desenvolvimento sustentável apresenta diversos
entraves quanto a sua prática. Camargo (2003) cita como principais
entraves a proposta do desenvolvimento sustentável os entraves
culturais, entraves científicos, entraves políticos – econômicos
entraves sociais, entraves éticos, entraves ideológicos, entraves
psicológicos e entraves filosóficos - metafísicos. O Quadro 1 traz os
entraves apresentados pela autora.

Quadro 1 – Entraves globais ao desenvolvimento sustentável

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- as diferentes formas dos povos se relacionarem com a natureza e utilizarem seus


recursos;
Entraves culturais
- os diferentes valores e crenças dos povos que influenciam o modo de conceber
os conceitos como qualidade de vida, necessidade, prioridade etc.;

- a existência de culturas hostis à preservação da natureza.

- a dificuldade de os seres humanos em compreender inter-relações complexas;

Entraves científicos - a falta de diálogo entre as comunidades cientificas e sociedade civil;

- a falta de maior conhecimento das relações homem-natureza;

- a grande quantidade de variáveis que ainda não puderam ser reveladas e


mensuradas nas muitas perguntas inerentes ao desenvolvimento sustentável.

- a diferença econômica entre os países e dentro dos países quanto aos níveis de
produção, consumo e renda per capita;

- o atual estilo de vida consumista;


Entraves político –
- a ‘impossibilidade’ de estabelecer um preço para os efeitos causados ao meio
econômicos ambiente;

- a falta de comprometimento e de responsabilidade social de instituições públicas


e privadas;

- as questões relacionadas à pobreza (fome, endemias, violência...);

- a pressão decorrente do crescimento populacional humano;

- os conflitos étnicos e religiosos;


Entraves sociais
- a desigualdade e a exclusão social;

- a noção de que o homem pode apropriar-se como quiser da natureza;

Entraves éticos - a falta de interesse em promover projetos relacionados aos problemas


ambientais;

- o conformismo, a minimização e o desinteresse pelos problemas socioambientais


de nossa civilização.

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- os fanatismos e os extremismos de toda ordem;

Entraves ideológicos - a tendência humana em se opor a idéias novas;

- a compreensão superficial e limitada do que realmente significam


desenvolvimento e progresso.

- as dificuldades dos seres humanos se sentirem integrados com a natureza;

- as conturbadas relações interpessoais;

- a visão imediatista da vida;


Entraves psicológicos
- a dificuldade de os seres humanos em reconhecer e aceitar mudanças;

- o egoísmo, a vaidade, a maldade, a ganância, o apego material, a maturidade


moral e espiritual, o preconceito, o individualismo.

- dilemas intrapessoais e coletivos sobre temas como a vida e a morte, a natureza


humana, a origem e o destino do homem, quem somos no universo;
Entraves filosófico
- quantidade insuficiente de seres humanos espiritualmente evoluídos
metafísico

Vale ressaltar ainda na década de 80, o surgimento das leis


regulamentando a atividade industrial no que se refere à poluição,
além do formalismo na realização dos Estudos de Impactos
Ambientais (EIA) e Relatório de Impactos Ambientais (RIMA).

Na década de 90 é marcante o papel que as O.N.G’s assumem


com o lema “pensar global, agir local”. Além disso, o acontecimento
de eventos impulsionados pela consciência ambiental como a Rio
92 ou Eco 92, ou ainda Cúpula da Terra, que teve entre outros
resultados, a aprovação da Agenda 21. É nos anos 90 também, que

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a preocupação ecológica vai aparecer nos discursos das lideranças


religiosas do mundo como Dalai Lama e João Paulo II. É nesta
época a criação do Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos
e Amazônia Legal (1993) e o inicio das implantações das
certificações ISO 9000 e ISO 14000 (selo verde).

No início do século XXI, outros eventos aconteceram para


discutir o rumo dos problemas ambientais e ações para a
minimização destes, como, por exemplo, a reunião de Haia, que
ocorreu na Holanda no ano de 2000, quando estava prevista a
assinatura do Protocolo de Quioto.

A Rio + 10, sediada em Johanesburgo no ano de 2002,


conhecida também como Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, discutiu, dentre outros o uso de fontes alternativas de
energia, o uso da água e a conservação da biodiversidade. Neste
ano também foi declarado o Ano Internacional do Ecoturismo pela
Organização das Nações Unidas - ONU, por meio do Programa de
Meio Ambiente das Nações Unidas- UNEP, com apoio da
Organização Mundial do Turismo – OMT.

Os últimos quatro anos (2006-2010) vêm sendo marcados,


principalmente, por discussões mundiais acerca da crise energética,
aquecimento global e água, dentre outros. Alguns acontecimentos
importantes a serem citados são: as discussões sobre o Protocolo
de Quioto, que foi assinado pela primeira vez há 10 anos. A

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Conferência de Copenhague no ano de 2009, tratou de assuntos


como a definição de novas metas de redução de emissões dos
países desenvolvidos, a partir de 2012, e a negociação de ações
cooperativas (metas) por parte dos países em desenvolvimento nas
áreas de mitigação (redução das emissões), por meio de políticas
nacionais, no contexto de políticas de desenvolvimento.
Relacionadas com esses temas, estavam também em discussão a
assistência aos países em desenvolvimento com financiamento
proveniente de governos ou do mercado de crédito de carbono e
transferência de tecnologia (acesso no site www.estadao.com.br) .

No Brasil, além dos temas acima citados, também teve grande


espaço as discussões pertinentes à transposição do Rio São
Francisco, ao desmatamento da Floresta Amazônica e da Caatinga
e à criação do Instituto Chico Mendes, que tem como
responsabilidade propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e
monitorar as unidades de conservação (UCs) federais, ficando o
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) com o papel de atuar de maneira mais focada
nos processos que envolvem licenciamento ambiental, autorização
para recursos naturais e fiscalização (acesso no site
www.mma.gov.br em 10/08/2007).

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CAPÍTULO 3

OS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS


DO MUNDO 

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3 Os principais problemas ambientais no mundo

Falar dos problemas ambientais, muitas vezes, não é tarefa


fácil. O cotidiano corriqueiro dificulta a maior parte da população
sequer perceber e relacionar um problema ambiental com as
diversas conseqüências que os mesmos trazem à saúde humana,
por exemplo. Muitas vezes, por outro lado, as pessoas resumem à
problemática ambiental à questão do lixo, somente. Abaixo, estão
elencados os principais problemas e suas conseqüências e
relações com o meio natural e social.

O desenvolvimento do turismo colabora, em muitos casos,


para o aumento desses problemas, em nível local, contribuindo, por
sua vez, para questões globais, através, por exemplo, da emissão
de gases estufa pelos meios de transporte.

Na Unidade 4 deste curso, vocês poderão aprofundar os


conhecimentos com relação aos impactos ambientais negativos
do turismo. Contudo, ao decorrer da leitura sobre os problemas
ambientais abaixo descritos, busque relacioná-los com a
realidade do turismo em sua cidade.

- Lixo

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A questão do lixo é algo muito sério, porém não mais


alarmante que outros problemas ambientais. Despejar materiais não
úteis (mesmo que se tenha utilidade, podendo ser reutilizado ou
reciclado) em ruas, rios, lagos, mares, dentre outros pode causar
muitos impactos negativos. O lixo jogado nas ruas ou em terrenos
abandonados pode atrair animais que transmitem doenças como
ratos e baratas, além de causar mau cheiro. Em dias de chuva, o
lixo não depositado em locais recomendados são levados pela água
e entopem os bueiros, causando enchentes nas ruas.

Figura - Lixão

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Os lixos jogados nas águas vão poluir os rios, lagos e mares.


Além de ficar um aspecto muito feio, vai poluir a água,
contaminando-a e aos peixes e outros seres aquáticos também,
causando doenças de pele (caso o contato seja direto), infecções
intestinais e outras doenças (no caso de ingerir a água contaminada
ou alimento proveniente deste local poluído). Outra coisa que pode
acontecer é que os peixes e outros animais podem confundir o lixo
com alimento e acabar comendo. Isso pode causar a morte ou
prejudicar a saúde dos mesmos.

Figura – Poluição das águas (lixo comum)

O lixo jogado no solo e em lixões sem nenhuma preocupação


também vai causar muitos transtornos. Alguns materiais demoram
meses, anos para se decompor e prejudicam o solo. O solo

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prejudicado com o lixo vai prejudicar a plantação e contaminar os


mananciais de água do subsolo. Veja no quadro abaixo o tempo de
decomposição dos materiais no ambiente natural.

Lixo Tempo de decomposição

Cascas de frutas de 1 a 3 meses

Papel 03 a 06 meses

Pano de 6 meses a 1 ano

Chiclete 05 anos

Filtro de cigarro de 05 a 10 anos

Tampa de garrafa 15 anos

Madeira pintada 15 anos

Nylon mais de 30 anos

Sacos plásticos de 30 a 40 anos

Lata de conserva 100 anos

Latas de alumínio 200 anos

Plástico 450 anos

Fralda descartável 600 anos

Garrafas de vidro indeterminado

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Pneu indeterminado

Garrafas de plástico (pet) tempo indeterminado

Borracha tempo indeterminado

Vidro 1 milhão de anos

Os lixões, além de todos esses problemas, geram um impacto social muito


grande. Famílias, principalmente crianças, de baixa renda e situações precárias de
vida se arriscam diretamente nesses locais, focos de doenças.

- Desmatamento

O desmatamento seja ele de florestas ou da mata ciliar (nome


dado às matas de nascentes e margem dos rios) é muito prejudicial,
pois além de provocar a diminuição e extinção da vegetação nativa,
colabora também para a extinção de diversos animais. Outro
agravante é que prejudica o ar que respiramos, uma vez que as
árvores absorvem o gás carbônico e emitem o gás oxigênio. O
desmatamento da mata ciliar, por sua vez, pode fazer com que as
nascentes ou minadouros morram e rios e lagos sequem. Sem as
nascentes, rios secam, sem os rios, não há água, sem água, vidas

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se perdem, pois todos os seres vivos dependem da água para


sobreviver.

Figuras – Desmatamento

Fora estes problemas, o desmatamento de encostas e morros


pode provocar o deslizamento de terras, causando muitos
transtornos para quem mora nessas regiões.

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Figura – Deslizamento de terra

- Biopirataria

A biopirataria é a prática da exploração e comercialização de


recursos naturais da fauna e da flora silvestre, diminuindo o número
de espécies de determinada região ou ecossistema. A Biopirataria
no Brasil começou logo após o descobrimento do Brasil pelos
portugueses, em 1500, quando estes se apropriaram das técnicas
de extração do pigmento vermelho do Pau Brasil, dominadas pelos
índios, explorando o Pau Brasil, causando o risco de sua extinção.

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Figura - Biopirataria

Outro caso de biopirataria foi o contrabando de 70.000


sementes da árvore de seringueira, região de Santarém no Pará no
ano de 1876. As sementes foram contrabandeadas e após seleção
genética, levadas para outros países. Após algumas décadas, a
Malásia passou a ser o principal exportador mundial de látex,
prejudicando economicamente o Brasil.

Nos dias atuais, ainda acontece muito desses casos, sejam


com sementes, frutos, animais dentre outros. Muitos turistas,
encantados com a fauna e flora do Brasil, acabam levando recursos
naturais como lembrança, seja para comercializá-los ou não.
Mesmo sem o intuito de comercialização, este tipo de conduta
contribui para diminuição e, muitas vezes, para a extinção de
espécies nativas. O ideal é sensibilizar os turistas, moradores e

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profissionais a “explorarem” os recursos naturais de forma indireta,


sem extração de recursos do seu ambiente natural.

- Poluição das águas, solo e ar

Poluição do ar: Queimadas e Emissão de Gases

As queimadas, assim como a eliminação de gases sem


tratamento também poluem o ar e provocam diversos problemas
respiratórios para humanos, matança de animais, e ainda contribui
para o aquecimento global. (mais adiante).

As queimadas podem acontecer por incêndios intencionais ou


acidentais. A maioria das queimadas por incêndios intencionais são
provocados pelas usinas de cana-de-açúcar. Já os acidentais
podem ser provocados por clareiras e fogueiras e até pontas de
cigarro em florestas ou vegetação seca. Alem de prejudicar o ar, as
queimadas também prejudicam o solo, causando o enfraquecimento
do mesmo ao retirar seus nutrientes.

Figura – Poluição do ar

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Poluição das águas

A poluição de rios, lagos e mares por dejetos domésticos e


industriais, além do lixo liberado nas águas, causam a
contaminação das águas. Esta contaminação prejudica a água para
consumo humano podendo provocar diversos problemas de saúde,
bem como colabora para a mortandade de animais aquáticos ou
contaminação destes, afetando a cadeia alimentar e equilíbrio da
vida aquática e a saúde dos seres humanos também.

Figura – Poluição das águas (Dejetos domésticos e industriais)

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Figura – Poluição das águas (Mortandade de peixes)

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- Enchentes

As enchentes são de fato, em sua maioria, conseqüência de


alguns problemas ambientais como o lixo nas ruas, as mudanças
climáticas, o desmatamento e o crescimento desordenado das
cidades. No entanto, ela pode ser considerada também um
problema ambiental pelas conseqüências que traz como:
comprometimento da saúde populacional, poluição, destruição de
plantações e florestas entre outros.

Figura – Enchente

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- Crescimento desordenado das cidades

O crescimento desordenado das cidades está também


relacionado ao desmatamento, lixo e poluição, enchentes,
aquecimento global, dentre outros. Na verdade, como já abordado
em capitulo inicial, a problemática ambiental no mundo está
intrinsecamente ligada à exploração dos recursos naturais de forma
indiscriminada, que também é resultado do crescimento
populacional.

Para conter muitos destes problemas, torna-se necessário


respeitar ambientes naturais frágeis e protegidos por legislação
(como as unidades de conservação, leitos de rios e lagos, morros e
encostas etc). Dessa forma, não só garantimos certo equilíbrio
ambiental, mas evitamos transtornos provocados pelas enchentes
ou poluição dos rios, por exemplo.

Figura – Crescimento desordenado das cidades

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- Desperdício de água, energia, alimentos

O desperdício, aliado a poluição dos rios e do ar, são os


principais causadores da falta de água potável e energia com preço
justo. Por outro lado, esse desperdício também provoca a
necessidade dos apagões e rodízios tão indesejáveis pela maior
parte da população. O que acontece, é que arcamos com as
conseqüências das atitudes tomadas de forma impensada.

Figura – Desperdício de Água

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O desperdício de alimentos também é um grave problema


ambiental, pois vai desencadear em outros, como o desmatamento
e o uso indiscriminado de agrotóxicos. Quanto mais se desperdiça
alimentos, mas é necessário produzir, para isso, é preciso mais
terras produtivas, resultando no desmatamento e na utilização de
“defensivos” para garantir alta produtividade. Vale lembrar que os
agrotóxicos são altamente prejudiciais ao solo e à saúde humana.

- Consumo

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O problema do consumo está intrinsecamente relacionado ao


desperdício. No entanto, outras formas de consumo o tornam um
aliado a degradação ambiental. As tecnologias, a dinâmica da
moda, a influência dos meios de comunicação, dentre outros, vem
fomentando o consumo irresponsável. Nos tempos em que se
prevalece o Ter ao Ser, as pessoas estão cada vez mais reféns do
mercado e tudo se torna motivo para ir às compras.

Esta prática tem colaborado e muito para o descarte exagerado


de produtos, resultando no aumento do lixo e na necessidade de
mais matérias-prima e energia para a renovação desses produtos,
comprometendo ainda mais a conservação dos recursos naturais.

- Aquecimento global

O aquecimento global, termo dado ao efeito de aumento da


temperatura no planeta Terra, tem como principais causas a
emissão de gases estufa na atmosfera, causados pela queima de
combustíveis fosseis, como o carvão. Esses gases podem ser
emitidos por diversas maneiras: através dos canos de descarga dos

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veículos, chaminés de fábricas, queimadas em geral dentre outros.


Por outro lado, o desmatamento também contribui para o
aquecimento global, pois compromete a absorção do gás carbônico
e liberação do gás oxigênio (que é saudável) pelas árvores, uma
vez que elas têm esse papel de “filtrar” o ar. Outra contribuição para
o aquecimento global é a grande quantidade de pastagens, não só
pela questão do desmatamento já afirmado, mas pela emissão do
gás metano pelos bovinos.

Dentre as conseqüências do aquecimento global, muitas estão


relacionadas às mudanças climáticas, que vem provocando
situações extremas de seca, frio, chuva, ciclones nas diversas
regiões do mundo, bem como o derretimento das calotas polares e
aumento do nível do mar, impactando, em sua maioria, as cidades
litorâneas e ribeirinhas.

Figura – Aquecimento global (derretimento das calotas polares)

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Assista ao vídeo nº11 deste curso e conheça


mais sobre o aquecimento global, suas causas e
seus efeitos.

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CAPÍTULO 4

ALTERNATIVAS PARA A
SUSTENTABILIDADE: CIDADANIA E
GESTÃO 

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4 Alternativas para a Sustentabilidade

O lema pensar global, agir local procura despertar a atenção da


população para a atuação local e diária em assuntos como
economia de água e energia dentre outros, seja em atividades de
casa como no trabalho. Ao mesmo tempo, pede a reflexão para as
relações ambientais, que ultrapassam limites geográficos.

A contribuição do estudo e da prática para a sustentabilidade


pode ultrapassar a garantia de vida para as gerações futuras,
contribuindo também para a qualidade de vida para a geração
presente, seja no que tange a saúde, a garantia de alimento, a
existência de água potável, dentre outros. A sustentabilidade pode
estar diariamente no trabalho das pessoas, seja na reciclagem, na
utilização de energias alternativas dentre outros. Atuações com
estas podem gerar emprego e renda para muitos, além de
proporcionar economia em contas de energia, por exemplo.

Não esqueça que vocês têm disponível uma lista de sites sobre os diversos
assuntos tratados neste curso. Acessem e aprofunde seus conhecimentos !!

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4.1 Educação Ambiental

O termo educação ambiental foi usado pela primeira vez num


evento de educação promovido pela Universidade de Keele, no
Reino Unido, no ano de 1965. A partir deste momento, na
Conferência de Estocolmo, em 1972,foi ressaltada a importância de
se trabalhar a vinculação entre ambiente e educação. Iniciou-se,
então, uma discussão específica de caráter mundial inserindo a
educação ambiental em um dos assuntos oficiais para a ONU e em
projeção mundial.

Nesse contexto, a Rio-92 produziu três documentos importantes


para a validação da educação ambiental em âmbito internacional, a
saber: Agenda 21; o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e a Carta
Brasileira de Educação Ambiental.

Dentre as mais importantes definições que já se elaborou sobre


Educação Ambiental, há a da Conferência de Tbilisi (evento
ocorrido no ano de 1977), que a considera “um processo
permanente no qual tanto os indivíduos quanto a comunidade se

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conscientizam de seu meio ambiente e adquirem o conhecimento,


os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os
tornam aptos a agir, tanto individual quanto coletivamente, e
resolver os problemas ambientais”.

Já de acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental,


entende-se por educação ambiental “os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade”.

Em vista destes conceitos, pode-se perceber que a educação


ambiental tem sido uma alternativa processual de transformação de
visão e comportamento, tornando-se uma ação complementar à
fiscalização do patrimônio socioambiental (PEDRINI, 2007).

Após diversas discussões sobre a temática, pensa-se a


educação ambiental de diversas maneiras. Conforme a Política
Nacional de Educação Ambiental existem dois tipos de educação
ambiental: formal e a não formal. A educação ambiental na

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educação escolar (formal) será desenvolvida como uma prática


educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e
modalidades do ensino formal, não devendo ser implantada como
disciplina especifica, a não ser no caso de necessidade em cursos
de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental. Entende-se por educação
ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à
sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua
organização e participação na defesa da qualidade do meio
ambiente.
Segundo alguns autores existe ainda a educação ambiental
informal que é aquela produzida fora do ambiente e da metodologia
escolar e acadêmica. Pode ser desenvolvida em atividades como
ecoturismo e gestão ambiental, por exemplo.

4.2 Gestão Ambiental

A gestão ambiental pode ser entendida como o conjunto de


políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que
levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção
do meio ambiente através da eliminação ou minimização de
impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento,

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implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de


empreendimentos ou atividades. A aplicabilidade da gestão
ambiental pode ser efetuada em empresas de pequeno a grande
porte, usinas, indústrias, condomínios, bairros, cidades etc.

Na gestão ambiental, existem diversos selos e certificações


que podem ser emitidas proporcionando vários benefícios
institucionais para as empresas para aplicar e desenvolver
tecnologias a fim de evitar ou reduzir impactos negativos e
colaborar para a manutenção de um ambiente conservado. Como
exemplo, o ISO 14001 e o Programa de Certificação do Turismo
Sustentável, este último destinado a empresas turísticas e emitido
pelo Instituto de Hospitalidade.

Dentre os benefícios existentes para a implantação de um


Sistema de Gestão Ambiental em uma empresa, pode-se citar: a
contribuição para a conservação do meio ambiente, a diminuição de
custos e o controle de riscos ambientais, a facilitação de
financiamentos, a geração de diferencial competitivo e melhoria da
imagem do empreendimento, o controle de riscos à saúde de
funcionários e clientes, motivação de funcionários e clientes para a
questão ambiental e para alcançar a conformidade legal,

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colaborando para garantir o direito de todos a um ambiente


ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida.

Com o intuito de controlar e fiscalizar obras de


empreendimentos, também existe o Estudo de Impacto Ambiental e
o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), que consistem no
estudo e no relatório técnico, elaborados por equipe multidisciplinar,
habilitada para analisar os aspectos físico, biológico e
socioeconômico do ambiente e a licença ambiental, que é o
documento emitido pelo órgão ambiental competente permitindo a
localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos
e atividades utilizador as de recursos ambientais, e que possam ser
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas 
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

Também inserida na gestão ambiental, a eco eficiência


consiste no processo de produzir mais e melhor, com menos
recursos e gerando menos resíduos.

Coleta Seletiva e Reciclagem


A coleta seletiva é uma alternativa que consiste no
recolhimento de materiais possíveis de ser reciclados, previamente
separados entre si e dos materiais biodegradáveis, desviando-os do
destino dos aterros sanitários ou lixões. Como já foi abordado,

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existem diversos materiais que levam dezenas e centenas de anos


para se decompor, podendo muitos deles ser reutilizados ou
reciclados. Assim, com a coleta seletiva, o processo de reciclagem
fica muito mais fácil e eficaz.

Os materiais recicláveis devem ser separados em recipientes diferentes da


seguindo as recomendações abaixo:

- Recipiente Marrom - Orgânico

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- Recipiente Laranja - Resíduos perigosos

- Recipiente Preto - Madeira

- Recipiente Cinza - Resíduos gerais não recicláveis, misturados ou


contaminado, não passível de separação.

- Recipiente Roxo - Resíduos radioativos

- Recipiente Branco - Resíduos ambulatoriais e de serviço de saúde

O lixo deteriorável (biodegradável), composto pelos restos de


carne, vegetais, frutas, etc, deve ser separado do lixo restante,
podendo servir de adubo, através da compostagem, que é um dos
métodos mais antigos de reciclagem, durante o qual a matéria
orgânica é transformada em fertilizante orgânico.

A reciclagem é uma alternativa muito importante na vida


moderna, uma vez que o aumento do consumismo e a diminuição
do tempo médio de vida da maior parte dos acessórios que se
tornaram indispensáveis no dia a dia trouxeram um grave problema
em relação ao destino destes resíduos. No inicio, os resíduos
resultantes da atividade humana tinham como destino as lixeiras ou
então aterros sanitários, contudo com o aumento exponencial da
quantidade de resíduos e da evolução tecnológica, aliados ao
interesse econômico de busca de mais matérias-primas de baixo

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custo, o lixo começou a perder o caráter pejorativo do nome e


começa a ser considerado como um resíduo, passível de ser
reaproveitado.

Nos dias de hoje, a reciclagem atua de forma a proporcionar


não só benefícios ambientais, como também econômicos e
sociopolíticos. A reciclagem de papéis, vidros, plásticos e metais -
que representam em torno de 40% do lixo doméstico - reduz a
utilização dos aterros sanitários, prolongando sua vida útil. Se o
programa de reciclagem contar, também, com uma usina de
compostagem, os benefícios são ainda maiores. Além disso, a
reciclagem implica uma redução significativa dos níveis de poluição
ambiental e do desperdício de recursos naturais, através da
economia de energia e matérias-primas. 
 
No que diz respeito os benefícios econômicos, a coleta
seletiva e reciclagem proporciona a geração de empregos e
integração da economia formal de trabalhadores antes
marginalizados. Inúmeros são os exemplos de cooperativas e
associações de catadores de lixo, que com o tempo formalizaram
sua situação e hoje atuam em quase ou todo o ciclo de vida do lixo,
desde a coleta até a reciclagem.

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Em termos políticos e sociais, a reciclagem contribui


positivamente para a imagem do governo e da cidade. Além disso,
a coleta seletiva exige um exercício de cidadania, no qual os
cidadãos assumem um papel ativo em relação à administração da
cidade. Além das possibilidades de aproximação entre o poder
público e a população, a coleta seletiva pode estimular a
organização da sociedade civil.

A coleta seletiva pode ser desenvolvida em diversos locais, como


shoppings, supermercados, condomínios residenciais, hotéis,
restaurantes dentre outros.

48 
 
 

CAPÍTULO 5

ALTERNATIVAS PARA A
SUSTENTABILIDADE: ENERGIAS
ALTERNATIVAS E TRATAMENTO DE
EFLUENTES 

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5.1 Energias alternativas

As energias alternativas consistem em novas opções de


geração de energia que causem menos impactos negativos ao meio
ambiente, como a redução de emissão de gases estufa, a utilização
de novos recursos renováveis, redução da poluição e contaminação
das águas e do ar dentre outros.

Diversos estudos, com profissionais das mais diversas áreas


do conhecimento, vêm sendo realizados para buscar aumentar e
melhorar as opções de energias alternativas. A aplicabilidade
dessas energias é da mais variada, Podemos encontrá-las em
estabelecimentos comerciais e industriais, áreas rurais e urbanas,
etc.

Veja abaixo as mais conhecidas tecnologias em energias


alternativas:

- Energia solar

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A energia solar consiste em qualquer tipo de captação de


energia luminosa (e, em certo sentido, da energia térmica)
proveniente do Sol, e posterior transformação dessa energia em
alguma forma utilizável pelo homem, seja diretamente para
aquecimento de água ou ainda como energia elétrica ou mecânica.
A geração de eletricidade a partir da luz solar é feita por células
solares, baseadas no efeito fotovoltaico que consiste na conversão
da energia luminosa incidente sobre materiais semicondutores em
eletricidade.
 

  Segundo o Dossiê Energia Positiva para o Brasil, a utilização


da energia solar fotovoltaica teve nos últimos anos um acelerado
crescimento. Durante a década de 1990, seu mercado cresceu a
uma taxa média de 20% ao ano e, entre os anos de 2000 e 2003,
superou os 40%.

Dentre as vantagens desta alternativa de produção de


energia, temos:

- A energia solar não polui durante seu uso. A poluição decorrente


da fabricação dos equipamentos necessários para a construção dos
painéis solares é totalmente controlável utilizando as formas de
controles existentes atualmente.

51 
 
 

- As centrais necessitam de manutenção mínima.

- Os painéis solares são a cada dia mais potentes ao mesmo tempo


em que seu custo vem decaindo. Isso torna cada vez mais a
energia solar uma solução economicamente viável.

- A energia solar é excelente em lugares remotos ou de difícil


acesso, pois sua instalação em pequena escala não obriga a
enormes investimentos em linhas de transmissão.

- Em países tropicais, como o Brasil, a utilização da energia solar é


viável em praticamente todo o território, e, em locais longe dos
centros de produção energética, sua utilização ajuda a diminuir a
demanda energética nestes e conseqüentemente a perda de
energia que ocorreria na transmissão.

Dentre as desvantagens:

- O alto custo da energia produzida pelos geradores fotovoltaicos, o


que dificulta a difusão da tecnologia e a consolidação de seu
mercado e, conseqüentemente, inibe a queda dos custos iniciais de
instalação

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- Um painel solar consome uma quantidade enorme de energia para


ser fabricado. A energia para a fabricação de um painel solar pode
ser maior do que a energia gerada por ele.

- Existe variação nas quantidades produzidas de acordo com a


situação atmosférica (chuvas, neve), além de que durante a noite
não existe produção alguma, o que obriga a que existam meios de
armazenamento da energia produzida durante o dia em locais onde
os painéis solares não estejam ligados à rede de transmissão de
energia.

- Locais em latitudes médias e altas (Ex: Finlândia, Islândia, Nova


Zelândia e Sul da Argentina e Chile) sofrem quedas bruscas de
produção durante os meses de inverno devido à menor
disponibilidade diária de energia solar. Locais com frequente
cobertura de nuvens (Curitiba, Londres), tendem a ter variações
diárias de produção de acordo com o grau de nebulosidade.

- As formas de armazenamento da energia solar são pouco


eficientes quando comparadas, por exemplo, aos combustíveis
fósseis (carvão, petróleo e gás), a energia hidroelétrica (água) e a
biomassa (bagaço da cana ou bagaço da laranja).

- Energia eólica

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Os primeiros registros de utilização de máquinas eólicas


datam de 3.500 anos atrás. Os moinhos de vento, usados na Idade
Média para bombear água, representaram uma das mais
importantes conquistas tecnológicas deste período, graças à
introdução do eixo horizontal. Desde então, até os modernos
aerogeradores de nossos dias, um longo percurso tecnológico se
seguiu. A possibilidade agora é do uso em larga escala da energia
dos ventos, na forma de eletricidade, o que pode vir a ocupar um
significativo espaço na matriz energética mundial, com reais
benefícios para a humanidade.

Turbinas eólicas em alto mar, próximo a Copenhague, Dinamarca.

Os principais potenciais da energia eólica no Brasil estão


distribuídos no litoral das regiões Norte e Nordeste, onde a

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velocidade do vento a 50 metros do solo é superior a 8 m/s. Em


Santa Catarina, no vale do rio São Francisco, no litoral sul do Rio
Grande do Sul e do oeste do Paraná até o sul de Mato Grosso do
Sul também há uma situação favorável à geração eólica.

A geração eólica apresenta aspectos positivos no que se


refere às unidades geradoras com relativa descentralização, dada a
distribuição dos potenciais eólicos no país; e o combustível,
absolutamente renovável.

No entanto, há uma necessidade de amplo espaço para a


implantação de novos parques, bem como os impactos cênicos não
tão expressivos, desde que as unidades sejam utilizadas com
critério.

Do ponto de vista econômico, embora a geração eólica seja


hoje cara em relação às fontes convencionais, há uma tendência de
apresentar curva de aprendizado declinante, devido à ampliação do
uso da tecnologia eólica. A energia eólica pode ser favorecida pelas
pressões de natureza ambiental e geopolítica sobre as fontes
fósseis, tornando-a cada vez mais competitiva.

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- Energia nuclear

As discussões em cima da utilização da energia nuclear como


fonte alternativa de energia limpa são bastante polêmicas. Isso
acontece, dentre outros motivos, pelo alto grau de periculosidade
em caso acidente por causa dos metais usados na fissão nuclear e
pela questão do armazenamento do lixo atômico. Um dos
acontecimentos mais comentados sobre esse fato foi à explosão de
vapor no quarto reator da Usina de Chernobyl, na Ucrânia, em
1986.

Segundo alguns estudiosos, a principal vantagem da energia


nuclear obtida por fissão é a não utilização de combustíveis fósseis.
Considerada como vilã no passado, a Energia Nuclear passou
gradativamente a ser defendida por ecologistas de renome como
James E. Lovelock por não gerarem gases de efeito estufa. Estes
ecologistas defendem uma virada radical em direção à energia
nuclear como forma de combater o aquecimento global.

No entanto, algumas questões negativas ainda permeiam


dentro das discussões sobre este tipo de energia:

- Resíduos radioativos (Lixo atômico)

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Considerando que apenas uma quantidade de 300 gramas de


Plutônio 239 finamente espalhada pelo globo terrestre levaria a
extinção da população humana ao longo prazo. Em um ano, um
reator nuclear de 1200 MW produz 265 kg desse material, que tem
24.000 anos de meia-vida.

- Acidentes
O acidente de Chernobyl produziu uma nuvem de
radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, e
Reino Unido, com a liberação de 400 vezes mais contaminação que
a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. Grandes áreas da
Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas,
resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente
200 mil pessoas.

- Segurança

A Organização Mundial de Energia Nuclear alertou que


terroristas poderiam vir a comprar resíduos radioativos, por exemplo
de países da ex-URSS ou de países com ditaduras que usam
tecnologias nucleares, tais como Irã ou Coréia do Norte, e construir
uma chamada "bomba suja”.

Comenta-se também a facilidade, em alguns casos, do desvio


de materiais altamente radioativos, demonstrado pelo acidente

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radiológico de Goiânia, no Brasil em 1987, onde foi furtada uma


pedra de sal de cloreto de Césio-137, um isótopo radioativo, de um
hospital abandonado.

- Biogás

Além da utilização para a reciclagem, o lixo, nos dias atuais,


pode ser um importante aliado para a geração de energia. O biogás
é um tipo de mistura gasosa de dióxido de carbono e metano
produzida naturalmente em meio anaeróbico (sem a presença de
gás oxigênio) pela ação de bactérias em matérias orgânicas, que
são fermentadas dentro de determinados limites de temperatura,
teor de umidade e acidez. Pode ser produzido artificialmente com o
uso de um equipamento chamado biodigestor anaeróbico. O
metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou
sabor, mas os outros gases presentes conferem-lhe um ligeiro odor
desagradável. Por ser uma fonte de energia renovável, o biogás é
classificado como biocombustível.

O biogás é produzido por aterros sanitários, esterco bovino, e


suíno, bem como por estações de tratamento de efluente de esgoto
doméstico e industrial (ETE). O potencial do aterro sanitário é
significativamente maior que as demais fontes de biogás.

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As duas formas existentes de disposição de lixo – aterros


sanitários e lixões – geram uma grande quantidade de biogás,
devido à decomposição da matéria orgânica, principalmente nos
médios e grandes municípios e metrópoles, onde o lixo é
acumulado por décadas no mesmo local.

De acordo com o Dossiê Energia Positiva para o Brasil, o


biogás é um combustível com todas as condições técnicas e
econômicas para ser explorado no Brasil. Está inserido no
programa do governo de incentivo às fontes alternativas de energia
(PROINFA), segundo o qual o biogás se viabiliza com um preço de
cerca de 170 R$/MWh e com os créditos de carbono (do Protocolo
de Kyoto), essenciais para os investidores e para a viabilização de
projetos de UTE a biogás em aterros. A utilização do biogás pode
ser tanto para fins de geração de gás de cozinha, como também
para energia e produção de biofertilizantes.

5.2 Tratamento de efluentes

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O aumento da população e da atividade industrial traz


volumes de efluentes e esgotos em grande quantidade provocando
diversos impactos ambientais. Isso ocorre porque, na maioria das
vezes, os esgotos, tanto domésticos quanto industriais, são jogados
sem qualquer tratamento nos mananciais de água (rios, mares,
lagos e lençol freático. A poluição destas águas pode causar vários
problemas como a mortandade de peixes, mau cheiro e epidemias.

A necessidade de Estações de Tratamento de Efluentes


(ETE’s), assim como toda a estrutura de Esgotamento Sanitário
(tratamento e abastecimento de água, construção de esgotos etc) é
imprescindível para a saúde e para a qualidade socioambiental.

O Tratamento de Efluentes e Tratamento de Esgotos podem


ser tratados por via aeróbia, anaeróbia ou sistemas combinados.

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CAPÍTULO 6

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

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6 Legislação ambiental

Neste item, vocês vão encontrar as principais leis ambientais do


Brasil. Acesse o site www.lei.adv.br e aprenda mais sobre a Legislação
Ambiental Brasileira.

Influenciado pelo movimento conservacionista, existe


atualmente no Brasil uma legislação ambiental bastante ampla e
rica de conservação da natureza, demonstrando, no entanto, muitas
falhas na aplicação das mesmas.

As décadas de 30 e 40 foram marcadas por significativo


progresso na esfera da preservação do meio ambiente. Como
exemplos, a constituição brasileira de 1937, em seu artigo 134, diz
que “os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as
paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza
gozam da proteção e dos cuidados especiais da Nação, dos
Estados e dos Municípios.

Dessa época pra cá, muito se construiu e evolui em termos de


legislação relacionada aos diversos campos da problemática

62 
 
 

socioambiental. Abaixo, estão ilustradas as principais leis


ambientais do Brasil e duas disposições.

A Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela  Lei nº


6.938, de 31 de agosto de 1981, tem como objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando a assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-
econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana. São instrumentos da PNMA, dentre
outros, segundo o art. 9° da lei 6.938/81, o estabelecimento de
padrões de qualidade ambiental, o zoneamento ambiental, a criação
de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público
federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção
ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas
e as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção
de degradação ambiental.

A lei nº 7.173, de 14 de dezembro de 1983, dispõe sobre o


estabelecimento e funcionamento de Jardins Zoológicos,
entendendo por estes “qualquer coleção de animais silvestres
mantidos vivos em cativeiro ou em semiliberdade e expostos à

63 
 
 

visitação pública”. A lei regulamentou em seu artigo 7º sobre as


dimensões dos Jardins Zoológicos e as respectivas instalações, que
devem atender aos requisitos mínimos de habilidades, sanidade e
segurança de cada espécie, atendendo às necessidades
ecológicas, ao mesmo tempo garantindo a continuidade do manejo
e do tratamento indispensável à proteção e conforto do público
visitante.

A lei n° 7.796, de 10 de julho de 1989 cria a Comissão


Coordenadora Regional de Pesquisa na Amazônia CORPAM, com
a finalidade de assessorar a Secretaria Especial de Ciência e
Tecnologia da Presidência da República - SCT-PR na definição de
diretrizes, alocação de recursos e acompanhamento da execução
do Programa do Trópico Úmido.

O Fundo Nacional de Meio Ambiente foi criado através da lei n°


7.797, de 10 de julho de 1989. O FNMA tem objetivo desenvolver os
projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos
naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da
qualidade ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da
população brasileira. De acordo com o artigo 5º, serão
consideradas prioritárias as aplicações de recursos financeiros em

64 
 
 

projetos relacionados às seguintes áreas: Unidades de


Conservação; Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico;
Educação Ambiental; Manejo e Extensão Florestal;
Desenvolvimento Institucional; Controle Ambiental;
Aproveitamento Econômico Racional e Sustentável da Flora e
Fauna Nativas. Ainda segundo esta lei os recursos do Fundo
Nacional de Meio Ambiente deverão ser aplicados através de
órgãos públicos dos níveis federal, estadual e municipal ou de
entidades privadas cujos objetivos estejam em consonância com os
objetivos do Fundo Nacional de Meio Ambiente, desde que não
possuam as referidas entidades, fins lucrativos.

A lei n° 7.803, de 15 de julho de 1989 altera a redação da lei n°


4.771, de 15 de setembro de 1965, e revoga as leis n° 6.535, de 15
de julho de 1978 e 7.511, de 7 de julho de 1986 que trata do Código
Florestal Brasileiro.

A lei n° 7.804, de 18 de julho de 1989 altera a lei n° 6.938 de


31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação a lei
n° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, a lei n° 6.803, de 2 de julho de
1980, a lei n° 6.902, de 21 de abril de 1981. A lei constitui também o
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, cria o Conselho

65 
 
 

Superior do Meio Ambiente - CSMA, e institui o Cadastro de Defesa


Ambiental.

A lei n° 8.287, de 20 de dezembro de 1991 dispõe sobre a


concessão do benefício de seguro-desemprego a pescadores
artesanais, durante os períodos de defeso e regulamente que o
período de proibição de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais renováveis -
IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre, a cuja
captura o pescador se dedique.

A lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993 dispõe sobre a


redução de emissão de poluentes por veículos automotores e dá
outras providências. Conforme seu artigo 1º, os fabricantes de
motores e veículos automotores e os fabricantes de combustíveis
ficam obrigados a tomar as providências necessárias para reduzir
os níveis de monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio,
hidrocarbonetos, alcoóis, aldeídos, fuligem, material particulado e
outros compostos poluentes nos veículos comercializados no País,
enquadrando-se aos limites fixados nesta Lei e respeitando, ainda,
os prazos nela estabelecidos.

66 
 
 

A Política Nacional de Recursos Hídricos é instituída pela lei nº


9.433, de 08 de janeiro de 1997, que cria também o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e regulamenta o
inciso xix do art. 21 da constituição federal, e altera o art. 1º da lei nº
8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a lei nº 7.990, de 28
de dezembro de 1989.

A lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 dispõe sobre a Política


Energética Nacional e as atividades relativas ao monopólio do
petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a
Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências. Dentre os
princípios de objetivos da Política Energética Nacional estão:
proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia,
identificar as soluções mais adequadas para o suprimento de
energia elétrica nas diversas regiões do País e utilizar fontes
alternativas de energia, mediante o aproveitamento econômico dos
insumos disponíveis e das tecnologias aplicáveis.

A lei nº 9.605, 12 de fevereiro de 1998 dispõe sobre as


sanções penais e administrativas derivadas de condutas e

67 
 
 

atividades lesivas ao meio ambiente. Dentre os principais crimes


ambientais estão os crimes contra a fauna, contra a flora, poluição,
crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural e
crimes contra a administração ambiental.

A lei nº 9.765, de 17 de dezembro de 1998 institui taxa de


licenciamento, controle e fiscalização de materiais nucleares e
radioativos e suas instalações.

A Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999 dispõe sobre a


educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação
Ambiental. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em
sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, instituições
educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos
públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em
educação ambiental.

A lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000 dispõe sobre a


prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por

68 
 
 

lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em


águas sob jurisdição nacional.

A lei nº 9.974, de 06 de junho de 2000 altera a Lei nº 7.802, de


11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a
experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o
transporte, o armazenamento, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a
classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos,
seus componentes e afins.

A criação da Agência Nacional de Água - ANA, entidade federal


de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de
coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos é regulamentada pela lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000.
O artigo 2º desta lei afirma que compete ao Conselho Nacional de
Recursos Hídricos promover a articulação dos planejamentos
nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários elaborados
pelas entidades que integram o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos e formular a Política Nacional
de Recursos Hídricos, nos termos da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro
de 1997.

69 
 
 

A lei nº 9.985, de 18 de junho de 2000 regulamenta o art. 225,


§ 1º, incisos I, II, III, e VII da Constituição Federal, institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, estabelecendo
critérios e normas para a criação, implantação e gestão das
unidades de conservação.

A lei nº 9.990, de 21 de julho de 2000 prorroga o período de


transcrição previsto na Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, que
dispõe sobre a Política Energética Nacional, as atividades relativas
ao monopólio o petróleo, institui o Conselho Nacional de Política
Energética e a Agência Nacional do Petróleo, e dá outras
providências, a altera dispositivos da Lei nº 9.718, de 27 de
novembro de 1998, que altera a legislação tributária federal.

A lei nº 9.993, de 24 de julho de 2000 destina recursos da


compensação financeira pela utilização de recursos hídricos para
fins de geração de energia elétrica e pela exploração de recursos
minerais para o setor de ciência e tecnologia.

6.2 Unidades de conservação

70 
 
 

Os primeiros indícios de ações de conservação no Brasil


remontam ao início do século XIX, marcado pela criação do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, em 1808, pela luta de Jose Bonifácio
contra o modelo extrativista-predatório-exportador no país e
construção do Museu Imperial Nacional, proporcionando o
conhecimento e estudo das ciências naturais no Brasil, em 1818,
assim como o reflorestamento da Floresta da Tijuca, em 1862,
transformada em Parque Nacional da Tijuca no ano de 1967.

De acordo com Diegues (2001, p. 29) o conservacionismo do


século XIX foi um dos primeiros movimentos teórico-práticos
precursores do que hoje se denomina desenvolvimento sustentável.
O criador deste movimento, Gifford Pinchot, apregoava o uso
racional dos recursos naturais, tendo a conservação três princípios
básicos: o uso dos recursos naturais pela geração presente, a
prevenção do desperdício e o uso dos recursos naturais para
beneficio da maioria dos cidadãos.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da


Biodiversidade - ICMBIO (consulta no site www.icmbio.gov.br em 10
de maio de 2010), o Brasil conta atualmente com um quadro de
unidades de conservação (UC) extenso. Existem hoje no país 304

71 
 
 

unidades de conservação federais. No entanto, apesar do grande


passo para a conservação de áreas naturais que foi a criação do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação, dois grandes
problemas das áreas protegidas brasileiras ainda persistem. Um
deles é o fato que muitas dessas áreas não conseguiram atingir os
objetivos que motivaram sua criação. O outro é que o total de área
protegida por bioma é insuficiente para a conservação da
biodiversidade.

Os principais conflitos existentes nas UC’s no Brasil referem-


se, dentre outros, a questões fundiárias, ao uso direto e
desordenado de recursos naturais, a queimadas e desmatamento.
Muitos esforços, no entanto, vêm sendo somados para a
concretização dos objetivos destas áreas e para o aumento de
áreas para conservação da biodiversidade.

Inserida nas políticas públicas de conservação do Brasil, a


criação das unidades de conservação se deu através do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação – SNUC pela lei nº
9.985/00, fruto de um processo de quase oito anos de discussões.
No entanto, durante décadas, o Brasil manteve suas áreas
protegidas tal qual o modelo americano preservacionista de parques

72 
 
 

nacionais, tendo, aos poucos, sido criadas outras categorias de


áreas para proteção da natureza com objetivos diversos.

O preservacionismo, ao contrário do conservacionismo, não


permite o uso dos recursos naturais, podendo ser descrita como “a
reverência à natureza no sentido da apreciação estética e espiritual
da vida selvagem” (DIEGUES, 2001, p. 30). E nesse contexto
foram criados os primeiros parques nacionais do mundo.

No ano de 1864, o presidente Abraham Lincoln decretou uma


área natural protegida correspondente ao atual Parque Nacional de
Yosemite. Já em 1° de março de 1872 foi criada a primeira área
protegida oficial no mundo, o Parque Nacional de Yellowstone nos
Estados Unidos. Com o objetivo puramente de manter a beleza
cênica do local, os parques nacionais dos fins do século XIX
influenciaram muitos países, que adotaram a criação de áreas
protegidas, inclusive o Brasil. Assim, as primeiras mobilizações para
a criação de áreas protegidas no Brasil datam de 1876, quando o
político e engenheiro André Rebouças lutava para a criação de dois
parques nacionais – Sete quedas (PR) e Ilha do Bananal (TO).
Porém, o primeiro parque nacional brasileiro veio surgir anos
depois, no Rio de Janeiro. O parque Nacional de Itatiaia (1937) foi

73 
 
 

criado baseado no Código Florestal de 1934 e tinha como objetivo


“além de suas finalidades de caráter cientifico... atender às de
ordem turística” (COSTA, 2002, p. 18).

O Código Florestal de 1965 (Lei n° 4.771) classificou as áreas


de preservação utilizadas no Brasil, dividindo-as em áreas que
permitiam a exploração de recursos naturais (Florestas Nacionais,
Estaduais e Municipais) e as que proibiam qualquer forma de
exploração dos recursos naturais (Parques Nacionais, Estaduais e
Municipais e Reservas Biológicas). Estas áreas eram administradas
pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF (criado
em 1967) – que estava ligado ao Ministério de Agricultura.

Ainda na década de 1970, o IBDF elaborou o Plano de Sistema


de Unidades de Conservação que tinha por objetivo estudar as
regiões propostas como prioritárias para a implantação de novas
áreas protegidas, além de se propor a rever as categorias de
manejo ate então existentes, uma vez que estas eram consideradas
insuficientes para cobrir a gama de objetivos propostos (DIEGUES,
2001). Contudo apenas a partir da década de 1980, novas
categorias de áreas protegidas foram criadas: Áreas de
Preservação Ambiental e Estações Ecológicas em 1981, Áreas de

74 
 
 

Relevante Interesse Ecológico em 1984, Reservas Extrativistas e


Reservas Particulares de Patrimônio Natural em 1990.

Segundo Costa (2002), até a década de 90 eram reconhecidas


pelo CONAMA as seguintes categorias de áreas protegidas: Área
de Preservação Ambiental (APA), Área de Relevante Interesse
Ecológico (ARIE), Estação Ecológica (EE), Floresta Nacional
(FLONA), Horto Florestal, Jardim Botânico, Jardim Zoológico,
Monumento Natural, Parque Nacional (PARNA), Reserva Biológica
(REBIO), Reserva Ecológica (RE).

A partir da instituição do Sistema Nacional de Unidades de


Conservação – SNUC – as categorias passaram a ser classificadas
como Unidades de Proteção Integral, compreendidas pelos Parques
Nacionais, Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Monumento
Natural e Refúgio da Vida Silvestre e Unidades de Uso Sustentável,
que englobam a Área de Relevante Interesse Ecológico, a Floresta
Nacional, a Reserva Extrativista, a Reserva da Fauna, a Reserva de
Desenvolvimento Sustentável, a Reserva Particular do Patrimônio
Natural e a Área de Proteção Ambiental.

75 
 
 

De acordo com a lei 9.985/00, entende-se por unidades de


conservação:

espaço territorial e seus recursos


ambientais,incluindo as águas jurisdicionais, com
características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação tem, dentre


outros, os seguintes objetivos: contribuir para a manutenção da
diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional
e nas águas jurisdicionais, contribuir para a preservação e a
restauração da diversidade de ecossistemas naturais, promover o
desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais, proteger
as características relevantes de natureza geológica,
geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e
cultural, recuperar ou restaurar ecossistemas degradados,
proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa
cientifica, estudos e monitoramento ambiental e favorecer
condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico.

76 
 
 

Após anos de discussões e diversas reformulações no SNUC, um


fator inovador referente às unidades de conservação no Brasil, em
comparação aos modelos adotados antes da implementação do
mesmo (modelos estes influenciados pelos parques nacionais
norte-americanos, como já mencionados), é o fato deste permitir e
incentivar, em alguns casos, a inclusão das populações em
atividades dentro dessas áreas, seja no campo cultural,
educacional, recreativo, como se pode identificar nos objetivos do
SNUC, ou de gestão e desenvolvimento local. Segundo o
documento, a criação de unidades de conservação deve acontecer
mediante a consulta pública (art. 22, 2º) e em algumas categorias é
necessário a formação de conselhos de gestão (BRASIL, 2000).
Também se pode visualizar no referido documento que a
elaboração, atualização e implementação do plano de manejo de
algumas unidades conservação, devem contar com a ampla
participação da população residente, a fim de que os objetivos das
mesmas sejam consolidados e os conflitos existentes minimizados.
A Área de Proteção Ambiental, inclusive, segundo o SNUC, deve
dispor de um conselho gestor composto presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes
dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da
população residente (art. 15,5º).

77 
 
 

CAPÍTULO 7

TURISMO E SEUS IMPACTOS:


ECONÔMICOS

78 
 
 

IMP
PACTOS POSITIV
VOS

 Geraçã
ão de ren
nda.
 Criação de emp
pregos.
 Estabillização da balança de pagamentos.
 Distribuição de renda.

79 
 
 

IMP
PACTOS POSITIV
VOS

 Catalissador de outros se
etores ecconômicoss.
 Proporrciona noovas áreaas de laze
er, ativida
ades cultu
urais e zo
onas
comercciais

80 
 
 

IMPACTOS NEGATIVOS

 Conservação da infra-estrutura exclusivamente para o


turismo.
 Recursos financeiros voltados apenas para esse fim
 Outros setores ficam carecendo de investimentos (saúde,
educação, segurança etc)
 Investimentos de fachada

Apenas para agradar turistas em determinadas épocas,


sem levar em consideração os anseios da população

 Inflação e aumento geral dos preços.


 Falta de mercado competitivo
 Monopólios e cartéis impedem a livre concorrência, e, com
isso, ocorre aumento de preços
 Especulação imobiliária.

Crescimento desordenado aliado a aumento abusivo do


valor de terrenos

 Aumento do custo dos serviços públicos.

Especulação financeira

Distorção no desenvolvimento de outros setores


econômicos

81 
 
 

O turismo caracteriza-se, desde a metade do século passado,


como uma das principais atividades econômicas do mundo. Os
impactos positivos da atividade turística em relação à economia já
são mais do que conhecidas pelos estudiosos e profissionais da
área. No entanto, como toda e qualquer atividade econômica, o
turismo apresenta características negativas pertinentes que, com
planejamento e responsabilidade, tendem a ser minimizados.

Apesar dos impactos negativos provocados, o turismo, se bem


planejado e gerenciado, caracteriza-se como sendo uma alternativa
para se desenvolver uma região, proporcionando empregos e renda
para a comunidade, melhorias na qualidade de vida, intercâmbio
cultural, conservação do meio ambiente natural e das heranças
culturais, como já vimos.

Diversos destinos e atividades relacionados ao turismo


sofreram saturação e desgaste por conta de mau planejamento. Um
bom planejamento exige o estudo da realidade e a previsão de
ações futuras. A falta de atenção aos impactos negativos
proporcionados pela atividade pode provocar muitos problemas ao
desenvolvimento do turismo em uma localidade, comprometendo a
aplicabilidade dos benefícios da atividade em uma localidade.

82 
 
 

CAPÍTULO 8

TURISMO E SEUS IMPACTOS:


SOCIOCULTURAIS

83 
 
 

IMPACTOS POSITIVOS

 Justifica a conservação dos recursos culturais de modo geral.


 Divulgação e valorização dos aspectos culturais, costumes,
comidas típicas, vestuário, entre outros.
 Financiamento de infra-estruturas utilizadas por turistas e
residentes.
 Normalmente feito por empresas financeiras privadas, com
apoio dos governos e outros patrocínios

IMPACTOS NEGATIVOS

 Conflitos entre turistas e residentes.


 Diferenças entre valores sociais e interesses podem gerar
atritos
 Falsa autenticidade.
 Efeito demonstração com a adoção de estilos de vida e
hábitos e costumes dos visitantes.
 Aumento da criminalidade
Provavelmente o pior efeito negativo do turismo a nível
sociocultural que afeta todas as classes sociais
Arrastões
Sequestros relâmpago
Pequenos furtos em shows, boates etc.
Golpes  “Boa noite Cinderela”

84 
 
 

CAPÍTULO 9

TURISMO E SEUS IMPACTOS: AMBIENTAIS

85 
 
 

IMPACTOS POSITIVOS

 Justifica a conservação dos recursos naturais.


o Atraem mais turistas
o Serve como ferramenta para a criação de Unidades de
Conservação
 Contribui para o estabelecimento de padrões de qualidade
ambiental

IMPACTOS NEGATIVOS

 Deterioração física do ambiente.


 Prejudica a paisagem com o desenvolvimento arquitetônico
não-integrado.
 Introdução de espécies exóticas
 Aumento da poluição de modo geral e da contaminação.
 Causa transtorno ao ciclo de vida natural.

Sabe-se que a relação do meio ambiente com o turismo é


muito intrínseca, uma vez que os recursos naturais (bem como os
culturais) são os principais atrativos turísticos de uma região, além
de que os mesmos são utilizados também para o desenvolvimento

86 
 
 

da atividade turística, como construção de infra-estrutura turística e


são influenciados pelos deslocamentos de pessoas para fins
turísticos. Apesar de muitos impactos positivos da atividade, sobre
uma população, diversos são os impactos negativos, principalmente
no que se refere ao meio natural.

Dias (2005) aponta que o turismo provoca prejuízo aos


recursos naturais ao consumir grande quantidade de água, gerar
resíduos sólidos e lixo, além de recursos para a construção de infra-
estrutura turística. Fala também que causa o aumento da poluição
seja esta do ar, sonora, visual ou pelo próprio lixo; o
desflorestamento e a utilização insustentável dos espaços para o
desenvolvimento dos equipamentos e infra-estrutura necessários ao
turismo; impactos físicos da atividade, como o pisoteamento do
solo. A perda da biodiversidade e alterações no ecossistema pela
presença dos visitantes (daí a importância que se leve em
consideração a capacidade de suporte do ambiente); além do
aumento do efeito estufa, provocado pela emissão excessiva de gás
carbônico, principalmente pela queima de combustíveis fósseis
como o óleo e a gasolina, também são impactos provocados pelo
turismo, segundo o autor.

87 
 
 

CAPÍTULO 10

TURISMO SUSTENTÁVEL

88 
 
 

10 Turismo Sustentável

Com o despertar para a consciência ambiental, os


consumidores dos produtos turísticos passaram a ser mais
exigentes tanto com a conservação dos recursos naturais e
culturais quanto com a qualidade dos serviços prestados. Assim, os
recursos turísticos (naturais e culturais) só se apresentam como
atrativos para os turistas se bem conservados.

Nesse contexto e com o advento das discussões acerca do


desenvolvimento sustentável, o turismo passa a ser estudado não
só como alternativa econômica para as populações, mas também
como ferramenta para a conservação do meio ambiente, seja
através do planejamento, respeitando os limites dos recursos
naturais, seja pela educação ambiental de comunidades e visitante
(através da interpretação da natureza) e pela sensibilização dos
atores sociais para a prática da conservação e respeito ao meio
ambiente natural e às comunidades, despertando também o
sentimento de pertencimento à localidade e ao meio em geral, já
que se está inserido nele.

89 
 
 

A atividade turística ligada à natureza tem sido implementada


ao longo dos anos desde o fim da década de 70 quando se passou
a discutir a relação desenvolvimento e conservação da natureza. No
bojo das discussões e execuções no âmbito de uma visualização
mais humanista em relação ao meio ambiente, vem procurando se
estabelecer o desenvolvimento do turismo sustentável. A busca por
um modelo de vida baseado numa ideologia de defesa de um
ambiente menos efêmero, com diminuição do consumo e produção
e de uma relação maior com o meio natural, provocou uma
demanda por roteiros turísticos alternativos.

Assim, é importante caracterizar o desenvolvimento do turismo


sustentável, que consiste no planejamento discutido de forma
sistêmica, procurando atender à sustentabilidade envolvendo as
dimensões sociocultural, econômica e ambiental.

Conforme a Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo


sustentável

“é a atividade que satisfaz as necessidades dos turistas e as


necessidades socioeconômicas das regiões receptoras,
enquanto a integridade cultural, a integridade dos ambientes
naturais e a diversidade biológica são mantidas para o futuro”
(Brasil, MTUR, 2008, p.48).

90 
 
 

Já de acordo com Kinker (2005, p. 17) apud Wall (1997) o


turismo sustentável pode ser definido como

“aquele que é desenvolvido e mantido em uma área


(comunidade, ambiente) de maneira que, e em uma escala
que, se mantenha viável pelo maior tempo possível, não
degradando ou alterando o ambiente de que usufrui (natural e
cultural), não interferindo no desenvolvimento de outras
atividades e processos, não degradando a qualidade de vida
da população envolvida, mas pelo contrário servindo de base
para uma diversificação da economia local”.

Esses dois conceitos apresentados caminham na direção de


que o turismo, enquanto atividade econômica degradadora, deve se
manter aliado aos princípios das três dimensões da sustentabilidade
(social, ambiental e econômica) e ao planejamento de forma
responsável a fim de garantir não só os benefícios socioeconômicos
da atividade, mas o desenvolvimento prolongado e fortalecido da
atividade turística em determinada localidade.

Em vistas da realidade e da necessidade do turismo


sustentável, a "Agenda 21 para a Indústria de Viagens e Turismo
para o Desenvolvimento Sustentável" indica áreas prioritárias para o
desenvolvimento de programas e procedimentos para a
implementação do turismo sustentável. O documento apontou oito
áreas dirigidas a governos e representações das organizações do

91 
 
 

turismo, indicando: (1) a avaliação da capacidade do quadro


regulatório, econômico e voluntário para apoiar o desenvolvimento
de políticas que viabilizem a implementação do turismo sustentável;
(2) avaliação das implicações econômicas, sociais, culturais e
ambientais das operações da organização/instituição, no sentido de
examinar sua própria capacidade para atuar na direção da
perspectiva de desenvolvimento sustentável; (3) treinamento,
educação e formação da consciência pública, no sentido do
desenvolvimento de formas mais sustentáveis de turismo e com o
objetivo de viabilizar a capacidade necessária para execução de
tarefas nessa direção; (4) planejamento para o turismo sustentável
a partir do estabelecimento e implementação de medidas que
assegurem o planejamento efetivo do uso do solo, que maximizem
benefícios ambientais e sociais, e minimizem danos potenciais à
cultura e ao meio ambiente; (5) promoção de intercâmbio de
informações, conhecimento e tecnologias entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento que viabilizem o turismo
sustentável; (6) fomento à participação de todos os setores da
sociedade; (7) monitoramento para avaliação dos progressos
alcançados frente as 4 metas de turismo sustentável através de
indicadores confiáveis, aplicáveis a nível local e nacional; (8)
estabelecimento de parcerias que facilitem iniciativas responsáveis.

92 
 
 

Além disso, estabeleceu oito áreas prioritárias dirigidas às


empresas de viagem e turismo visando o estabelecimento de
procedimentos sustentáveis: (1) minimização do desperdício
através da diminuição do uso de recursos e aumento da qualidade;
(2) gerenciamento do uso de energia visando a redução do
consumo e emissão de substâncias potencialmente poluentes da
atmosfera; (3) gerenciamento do uso da água com vistas à
manutenção da qualidade e eficiência no consumo; (4)
gerenciamento de águas servidas e esgoto visando a conservação
dos recursos hídricos e proteção da flora e fauna; (5)
gerenciamento de produtos tóxicos e/ou perigosos promovendo a
sua substituição por produtos menos impactantes ao meio
ambiente; (6) gerenciamento do sistema de transportes com o
objetivo de controlar emissões perigosas para a atmosfera e outros
impactos ambientais; (7) planejamento e gerenciamento do uso do
solo, no contexto da demanda de uso múltiplo e eqüitativo, tendo
em vista o compromisso com a preservação ambiental e cultural,
assim como com a geração de renda; (8) envolvimento de staff,
clientes e comunidades nas questões ambientais.

A Cartilha de Segmentação Ministério do Turismo elenca a


classificação dos segmentos da atividade. Podemos identificar

93 
 
 

como segmentos mais preocupados com realidade da


sustentabilidade:

- Turismo social - é considerado pelo Ministério do Turismo como


uma atividade que deve atender a todos os demais segmentos de
forma transversal. Pode ser definido como “a forma de conduzir e
praticar a atividade turística promovendo a igualdade de
oportunidades, a eqüidade, a solidariedade e o exercício da
cidadania na perspectiva da inclusão”.

- Turismo cultural - “compreende as atividades turísticas


relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do
patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e
promovendo os bens materiais e imateriais da cultura”. Insere-se
neste segmento atividades de cunho cívico, religioso, místico e
esotérico, étnico e gastronômico.

- Turismo de aventura “compreende os movimentos turísticos


decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter
recreativo e não competitivo”. Era uma prática bastante associada
ao ecoturismo, mas que hoje conta com características próprias, o
que tem contribuído para a formulação e execução de políticas

94 
 
 

públicas ligadas diretamente à atividade, principalmente


relacionadas à segurança. Acontecem em ambientes naturais ou
construídos, rurais ou urbanos, protegidos ou não, todavia devem
preocupar-se em evitar e minimizar possíveis impactos negativos ao
ambiente, além de respeitar e valorizar as características das
comunidades receptoras.

- Turismo rural - caracteriza-se pelo “conjunto de atividades


turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a
produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços,
resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da
comunidade”.

- Ecoturismo: com base na definição das Diretrizes para uma


Política Nacional de Ecoturismo, “é um segmento da atividade
turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e
cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma
consciência ambientalista através da interpretação do ambiente,
promovendo o bem estar das populações envolvidas”.

95 
 
 

CAPÍTULO 11

ECOTURISMO

96 
 
 

O ecoturismo caracteriza-se como o segmento que mais utiliza,


no seu desenvolvimento, a integração com as comunidades e com
a conservação do ambiente. Diversas organizações não
governamentais se empenham no estudo e no desenvolvimento
desta atividade como a WWF, o Instituto Ecobrasil, Instituto
Mamirauá, dentre outros.

Princípios do Ecoturismo:

 Promove benefícios econômicos e o fortalecimento das


comunidades locais
 Utiliza análise de capacidade de carga e metodologia de
planejamento e monitoramento da visitação
 Orienta o turista com informações que valorizam o local
visitado
 Utiliza arquitetura ambiental e culturalmente adequada, dando
preferência ao uso de materiais reciclados / recicláveis e
regionais da região.
 Utiliza fontes de energia renováveis. Preocupa-se com a
destinação do lixo e esgoto

97 
 
 

11.1 TURISMO SUSTENTAVEL EM MAMIRAUÁ - AM (Conheça mais sobre esta


experiência assistindo ao vídeo 17!!)

O programa de Ecoturismo, iniciado no ano de 1998, é uma


alternativa econômica para as comunidades da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, criada em 1983. O projeto
tem também como objetivo a educação ambiental para a
conservação da natureza. De acordo com Nelissa Peralta, o projeto
já beneficiou os comunitários em relação à geração de renda,
fortalecimento da organização comunitária e a formação dos
mesmos para trabalhar com o ecoturismo.

No interior da reserva, construída em troncos de árvores flutuantes,


no rio que leva ao lago Mamirauá, encontra-se a Pousada Uacari. O
Projeto já realizou cursos de guias para os moradores, que levam
os turistas a diferentes passeios ecológicos, como o de canoa, por
lagos e igarapés e caminhadas, por trilhas na floresta e os orienta
sobre a ecologia dos animais e plantas.

A pousada flutuante Uacari, um dos frutos do projeto Mamirauá,


possui 5 módulos flutuantes com 2 suítes cada em meio ao rio. Sua

98 
 
 

estrutura segue os princípios da sustentabilidade no que se refere à


utilização de tecnologias de energia solar e ventilação natural dos
quartos, capturação de água da chuva para lavar e cozinhar, filtro
de dejetos em todos os quartos, dentre outros.

EXTRA – EXPERIÊNCIAS QUE DERAM CERTO

BIODIGESTORES / BA (Assista ao vídeo 14 relacionado a esta experiência


de sucesso!!

A escassez de fontes energéticas para cocção, iluminação e usos


produtivos é um grave problema enfrentado pelos agricultores
familiares. A utilização da lenha é a fonte de calor mais comum para
uso na cozinha nas regiões rurais, mas consiste em um recurso
escasso e que deve ser preservado.. Além disso, a queima de lenha
para uso doméstico causa graves problemas de saúde,
principalmente em mulheres e crianças, que ficam expostas
diariamente à fumaça. O uso de querosene para iluminação
também contribui para a poluição do ar dentro de casa, enquanto a
compra de gás (GLP) para cozinhar, ou acender lampiões,
representam um custo significativo no orçamento familiar. As pilhas,
quando são descartadas negligentemente causam poluição
ambiental. No âmbito ambiental, a comunidade científica mundial e

99 
 
 

a população têm discutido a mudança do modelo energético


mundial, de energia fóssil para um sistema que inclua as energias
renováveis, alternativas e limpas. A utilização de biodigestores
contribui para integração e sustentabilidade entre atividades
agropecuárias com o aproveitando dos dejetos da caprino-
ovinocultura para a produção de biogás e biofertilizante, alicerçando
o aumento da produção agrícola e transformação dos produtos
tradicionais das comunidades rurais carentes, agregando valor e
organizando a produção.

É neste contexto que o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção


Animal, da Universidade Estadual da Bahia – UNEB, criou o projeto
"Biodigestão anaeróbia de dejetos da caprino-ovinocultura para
geração de biogás e biofertilizante no semi-árido" Programa Renova
Bahia - Aproveitamento de dejetos para a geração de biogás e
biofertilizante na  agricultura familiar. 

Segundo o Prof. Danilo Gusmão de Quadros, o projeto provocou


benefícios ambientais, econômicos e sociais desde a utilização do
biogás e da produção de biofertilizantes. Estes últimos são
utilizados em hortas, melhorando as condições de alimentação dos
animais e da população e diminuindo a poluição do ar e a
contribuição para o aumento do efeito estufa..

100 
 
 

4.2 FOGÃO SOLAR / PB (Conheça mais sobre esta


experiência assistindo ao vídeo 15!!)

O ex-agricultor Francisco Martins de Oliveira, conhecido por Bibi,


não poderia estar mais satisfeito. Ele é o responsável pela oficina
comunitária de fogão solar, em Uiraúna, no sertão da Paraíba e
está com tantas encomendas que há fila de espera.

O fogão, que no início foi recebido com desconfiança pelos


moradores, é hoje uma sensação entre as casas de barro
espalhadas pela caatinga. Atualmente a população já utiliza o
equipamento para cozinhar feijão, assar bolo, fritar ovo etc. A
vantagem é que não precisa de gás de cozinha, nem de queimar a
caatinga. É só virar o fogão em direção ao sol, para que a panela
colocada no centro da parabólica, possa direcionar o calor para o
alimento.

A tecnologia foi trazida da Alemanha pelo padre Cleides Claudino


que procurava uma alternativa para desenvolver a economia da
comunidade. Além de beneficiar os moradores com o fogão, ele

101 
 
 

conseguiu doações para construir uma oficina comunitária de fogão


solar. Aos poucos, as vantagens do fogão que poupa a natureza e
não consegue gás de cozinha foram propagadas e as encomendas
não pararam mais.

Para os funcionários, a fábrica trouxe uma mudança de vida. Os


tempos difíceis à espera de chuva para plantar ficaram no passado.
O pesadelo de deixar a terra em busca de trabalho também deixou
de ameaçar os ex-agricultores. "Se não fosse esta fábrica eu não
estaria aqui, porque a nossa agricultura é só de subsistência. Eu
estaria em outro lugar por aí procurando emprego", reconhece
Francisco.

RPPN FAZENDA TOCAIA / AL (Confira o vídeo 16 relacionado a esta


experiência de sucesso e veja como uma atitude pode fazer muita
diferença!!)

A criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN


– é um ato voluntário do proprietário de uma área, diferente como
acontece à criação de outras unidades de conservação, em que o

102 
 
 

dono de um campo promove a conversão total ou parcial de sua


propriedade em uma reserva ecológica.

Em meio ao bioma Caatinga, no município de Santana do Ipanema,


em Alagoas, a área de propriedade da família Nepomuceno foi a
primeira Reserva Particular de Patrimônio Natural homologada pelo
governo do Estado de Alagoas. Com um total de 21,7 hectares de
caatinga, a área apresenta aspecto de preservação impressionante.
“Desde quando me tornei proprietário das terras determinei que
nada fosse desmatado. E temos trabalhado muito para que a mata
floresça e fique como está hoje. Posso dizer que estou em estado
de graça”, falou o homem de 84 anos, sem esconder que agora
sente que realiza o grande sonho de sua vida.

A Reserva Tocaia pertence à família Nepomuceno Agra desde a


década de 1920. E foi nas terras que agora são um patrimônio
natural permanente que ele cresceu e brincou durante toda a
infância. “Estou no paraíso. Não vou levar nada disso comigo, mas
agora tenho a certeza de que deixo intacto para os as futuras
gerações. Porque enquanto eu e meu filho formos vivos, tenho
certeza de quem ninguém vai desmatar. Agora sendo uma RPPN,
confiamos que ficará para a comunidade”, disse emocionado.

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A RPPN foi criada no ano de 2008, mas desde 1988, quando o pai
do Sr. Alberto Filho, administrador da fazenda, se tornou
proprietário das terras, um trabalho grande tem sido desenvolvido
para aumentar a biodiversidade da área. Hoje, além de plantas
típicas como angico, catingueira, aroeira, jurema, pereiro e
umburana, a reserva tem espécies da fauna difíceis de achar em
outras regiões como raposas, gatos-do-mato, furão, camaleão,
diversos tipos de cobra, além de aves como socó-boi, acauã, asa-
branca e jaçanã.

Entre os inúmeros benefícios que representa a criação de uma


RPPN para o proprietário alguns incentivos podem servir de
estímulo, tais como a isenção do Imposto Territorial Rural (ITR),
prioridade na análise de projetos pelo Fundo Nacional de Meio
Ambiente, preferência na concessão de crédito agrícola junto às
instituições oficiais de crédito, além da possibilidade de cooperação
com entidades privadas e públicas na proteção, gestão e manejo da
RPPN.

Fonte: Texto adaptado dos sites www.sertao24horas.com.br e


www.primeiraedicao.com.br e do vídeo 16.

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COOPERATIVA DE CATADORES DE LIXO E RECICLAGEM / SE


(Assista a entrevista com representante da CARE na vídeo-aula e conheça
mais sobre esta experiência)

A CARE é cooperativa formada por catadores de lixo da cidade de


Aracaju que funciona desde 1999 e em princípio não foi criada para
as crianças que ficavam no lixão. Tudo começou através de um
projeto de cidadania que tinha como foco ‘criança fora do lixo e
dentro da escola’, desenvolvido com o Ministério Público Estadual.
“Mas nós nos deparamos com um problema maior que eram os
catadores, os pais das crianças e pretendíamos buscar soluções.
Foi quando começou a ser construída a cooperativa dentro do
próprio lixão do bairro Santa Maria”, disse José Soares de Aragão
Brito, responsável pelo programa de Defesa Comunitária do MPE.

Segundo Aragão, a CARE mudou essa realidade. Ela tem uma


importância enorme na comunidade, tirando o cidadão do ambiente
insalubre para trazê-lo para um lugar mais digno, apesar de
trabalhar com o lixo, é um processo diferente, o da coleta seletiva.

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Atualmente a CARE atende 42 pessoas adultas da comunidade, 26


delas são mulheres, mas continua trabalhando com os filhos dos
cooperados.

Vaneide comanda a CARE com atitudes bem firmes, mas logo se


desarma quando fala da auto estima das mulheres que trabalham
na reciclagem. “Sinto-me vitoriosa e muito orgulhosa em saber que
elas estão crescendo por causa da CARE e tendo melhor condição
de vida”, afirmou com ar de missão cumprida. Ao falar dos cursos
que serão disponibilizados às cooperadas através do ‘Mulheres Mil’,
Vaneide não esconde a ansiedade. “Espero que os cursos atinjam
muitas pessoas e como temos um grupo muito diferenciado, que
eles correspondam as expectativas dos cursos e dos professores e
os professores correspondam as expectativas deles, pois esses
cursos são muito esperados por todos nós”, ponderou.

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