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Aplicada à Biomedicina
Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Gabriela Cavagnolli
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Descobrindo o DNA
e a Origem da Vida
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Apresentar ao aluno as bases da Biologia Molecular, o avanço histórico e como ela se relaciona
com as demais Áreas da Ciência;
• Apresentar a estrutura do DNA e como ocorre a replicação do DNA;
• Abordar o reparo do DNA e o desenvolvimento do câncer.
UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Figura 1
Fonte: Fotolia
Observando um urso e um polvo, quão parecidos você diria que eles são? E você,
comparado(a) a uma aranha?
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É possível classificar as células em duas diferentes categorias – procariontes e
eucariontes (Figura 2), com a diferença de que as células procariontes não possuem
membrana nuclear e, evolutivamente, antecedem as células eucariontes.
Eucariote Procarionte
Núcleo fechado Mitocôndria
por membrana Nucleóide Cápsula
Nucléolo Ribossomos (alguns procariontes)
Flagelo
Parede celular
Membrana celular (em alguns eucariotos)
Embora sejam diferentes, é incrível notar que todas as células vivas do Planeta
Terra, sem qualquer exceção, de acordo com nosso conhecimento, armazenam suas
informações hereditárias da mesma maneira – na forma de ácidos nucleicos.
Agora, imagine que você é um cientista vivendo no ano de 1928, e acredita que
exista alguma forma comum para que os seres vivos armazenem suas informações
(sem saber da existência do DNA).
Parece difícil?
Vamos facilitar!
Para isso, você dispõe, em seu Laboratório, de duas linhagens de bactérias – uma
delas é virulenta, possui uma cápsula de polissacarídeo que previne sua fagocitose e
é letal quando injetada em camundongos. A outra linhagem é avirulenta, não possui
cápsula e não transmite doença (quando injetada em camundongos, eles sobrevivem).
Ficou curioso?
Esse foi o primeiro indício da troca de informação genética, sem saber que o
que permitia isso era a existência do DNA. Assim, foi chamado apenas de “princí-
pio transformante”.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Vimos que a principal característica que constitui um ser vivo é o fato de possuir
material genético e ser capaz de transmiti-lo às células-filhas.
Trocando Ideias
Se o DNA carrega a informação genética, essencial para definir as funções e as diferenças
entre uma célula e outra, podemos determinar, com total certeza que, quanto mais
complexo o organismo, maior será seu genoma (conjunto total de DNA contido em um
organismo), certo?
Não!!
Você consideraria uma cebola um ser mais complexo que você?
O tamanho do genoma haploide de um ser humano é de 3.000Mb e o de uma cebola,
por exemplo, é de 15.000Mb.
O que explica isso?
Fique atento, você compreenderá adiante, quando forem explicados os íntrons e os éxons.
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Figura 3 – Divisão celular
Fonte: Getty Images
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
DNA
RNA
O Dogma Central da Biologia Molecular, proposto por Francis Crick, na época, es-
tabelecia que o fluxo de informação genética era único (DNA → RNA → Proteína), de
maneira que uma molécula de DNA serve de molde para a formação de um RNA que,
por sua vez, serve de molde para a cadeia de aminoácidos, que forma uma proteína.
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Trocando Ideias
Vamos tornar mais claro com uma analogia?
Imagine que uma pessoa cuja língua nativa é o japonês tem uma importante informa-
ção a ser passada para um brasileiro que não sabe japonês. Assim, a informação fala-
da, servindo como “molde” (seria a sequência de DNA) é captada por um dispositivo
de voz que transcreve a informação para escrita em japonês (ou seja, a informação é
transcrita – Processo no qual a “linguagem” do DNA e RNA é a mesma – Nucleotídeos).
Lembrando-se de que a fala em japonês não é magicamente transformada na escrita,
mas serve como um “molde”, sendo reconhecida na sua ordem correta e gerada a infor-
mação escrita, que é traduzida e, por fim, capaz de ser interpretada (Tradução – RNA e
proteína possuem “linguagens” diferentes, assim, a informação em nucleotídeos precisa
ser traduzida para aminoácidos).
Timina Adenina
Grupo fosfato
Ribose
Citosina Guanina
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
A adenina (A), a guanina (G) e a citosina (C) são encontradas no DNA (Figura 7A)
e no RNA (Figura 7B). A timina (T) é encontrada apenas no DNA, e a uracila (U),
apenas no RNA.
A B
Ligação de hidrogênio
Nucleotídeo
Timina Adenina
Base Nucleotídeo
Uracilo Fosfato
Guanina Ribose
Guanina Adenina
Citosina Citosina Espinha dorsal do
fosfato de açúcar
Purinas Pirimidinas
Açucar
Com base em seus conhecimentos químicos, observe a molécula de DNA e de RNA e responda:
Por qual razão o DNA é o carreador da informação genética nas células e não o RNA? É im-
portante lembrar qual a diferença entre uma desoxirribose e uma ribose.
A razão encontra-se no hidrogênio, na posição 2’ da desoxirribose do DNA, vez que o grupo
hidroxila presente no RNA na posição 2’ da ribose o deixa suscetível a ataques nucleofílicos.
A ausência de hidroxila do DNA reduz sua suscetibilidade à hidrólise alcalina e favorece a
formação de dupla hélice, tornando-o uma molécula mais estável, característica essencial
para sua função de armazenamento da informação genética em longo prazo.
Importante!
Note que é uma ligação fosfodiéster pois o ácido fosfórico foi unido a dois álcoois
(os grupos hidroxila das pentoses) por uma ligação do tipo éster em ambos os lados,
logo → diéster.
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A B
Extremidade
5’ fosfato Adenina
Ligação Extremidade
glicosídica 5’ – fosfato
Ligação
fosfodiéster Citosina
Ligação
fosfodiéster Ligação
glicosídica
Guanina
Timina
Extremidade
Extremidade 3’ – hidroxila
3’ – hidroxila
Observe que o ácido fosfórico utiliza dois de seus três grupamentos ácidos nas
ligações 3′,5′ – diéster, e o grupamento restante confere ao ácido nucleico suas pro-
priedades ácidas
Importante!
O caráter ácido do DNA possibilitará a formação de ligações iônicas com proteínas básicas.
Além disso, torna os ácidos nucleicos basófilos (evidenciados por corantes básicos).
É necessário destacar a forma trifosfato que você verá adiante como a molécula
precursora durante a síntese do ácido nucleico no interior da célula.
Além do mais, sem dúvida, você conhece outras moléculas trifosfatadas essenciais
para a célula – o ATP (trifosfato de adenosina) e o GTP (trifosfato de guanosina),
fundamentais na bioenergética celular, em vista da enorme quantidade de energia
envolvida na adição ou remoção do grupo fosfato terminal.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Purinas
Pentose
Base
Ligação glicosídica
Adenina Guanina
Ribose
Deoxirribose Pirimidinas
Nucleosídeo
Nucleosídeo monofosfato
Nucleosídeo difosfato
Nucleosídeo trifosfato Citosina Uracila Timina
Figura 9 – Nucleotídeos
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Além disso, há ligações hidrofóbicas e de van der Waals entre os pares de bases
adjacentes, contribuindo para a estabilidade da estrutura de hélice.
Perceba que, em um DNA nativo, uma base de anel único (pirimidina) sempre se
liga a uma base de dois anéis (purina), de forma que A sempre está ligada com T, e
G com C. Essa é a disposição energeticamente mais favorável e, dessa forma, cada
base apresenta uma largura semelhante e a estrutura de pentose ligada ao fosfato
encontra-se equidistante na molécula de DNA.
Observe na Figura que, enquanto numa fita observa-se a extremidade 5’, na sua
complementar está a extremidade 3’ (Figura 10).
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Ligações de hidrogênio
Bases nitrogenadas Adenina
Timina
Adenina
Timina
Guanina
Citosina
Par de bases
Citosina
Açucar Guanina
Em teoria e nos DNAs sintéticos, outros pares de bases podem ser formados,
como, por exemplo, a guanina (G) poderia teoricamente formar ligações de hidro-
gênio com a timina (T), resultando em uma pequena distorção na hélice e poderia
ocorrer, também, o pareamento entre citosina (C) e timina (T).
Os pares de bases não convencionais G-T e C-T, via de regra, não são encontrados
no DNA e, por sua vez, pares de bases G-U podem ser comuns em regiões de dupla-
-hélice que se formam com o RNA, originalmente de fita simples.
A enzima responsável pela cópia do DNA (discutida adiante) não permite que-
pares de bases não convencionais ocorram naturalmente na dupla fita de DNA.
É também uma dupla hélice dextrógira e para completar uma volta na hélice são ne-
cessários 11 pares de bases. O DNA, em solução com altas concentrações de cátions,
assume a conformação Z-DNA.
A forma Z-DNA é uma dupla hélice levógira, seu sentido de rotação é para a
esquerda, apresenta uma conformação mais alongada e mais fina do que o B-DNA e
para completar uma volta da hélice são necessários 12 pares de bases.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Estudos mais recentes demonstraram que o DNA em forma de tripla hélice pode
ocorrer espontaneamente no organismo, possivelmente relacionado à regulação
dos genes.
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O DNA presente no núcleo encontra-se compactado e distribuído em múltiplas
estruturas lineares longas denominadas cromossomos. A compactação do DNA cro-
mossômico é realizada por uma família de proteínas nucleares denominadas histonas.
O complexo de histonas associadas ao DNA é chamado de cromatina.
Se fosse possível pegar todo o DNA que compõe uma célula humana e o reunir numa fita
ligada à extremidade da outra, isso resultaria em um comprimento total de aproximada-
mente 2 metros!
Pense bem: o DNA é armazenado no núcleo, que possui somente cerca de 6µm de diâmetro.
Como pode ser possível compactar o DNA de maneira precisa e que caiba em um espaço tão
pequeno? Lembre-se: é essencial que essas compridas fitas de DNA não sejam desordena-
damente emaranhadas umas nas outras, sobretudo na divisão celular, em que elas devem
ser separadas e divididas entre as células-filhas.
Em células procarióticas, quase todo o genoma está em uma única molécula de DNA circular
dobrada várias vezes sobre si mesma, situando-se na região central da célula.
Por outro lado, nas células eucarióticas, o DNA presente no núcleo encontra-se
compactado e distribuído em múltiplas estruturas lineares longas, denomina-
das cromossomos.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
DNA humano
DNA bacteriano
As histonas são proteínas de caráter básico que interagem com os grupos fosfato
de carga negativa do DNA e seus principais tipos são: Hl, H2A, H2B, H3 e H4.
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O comprimento e o número de cromossomos são os mesmos em todas as células
de um organismo eucarioto, mas variam entre as diferentes espécies.
Você quer saber como a divisão celular é observada no microscópio? Acesse o Atlas Digital,
disponível em: https://bit.ly/32fxK46
No entanto, devemos considerar que certos genes apresentam como produto final
uma molécula de RNA funcional ao invés de uma proteína.
O genoma humano é 200 vezes menor que de uma espécie de ameba. Lembra-
-se de que ficou curioso se uma cebola seria um ser vivo mais complexo que você?
Essa discrepância acontece porque nem todo o DNA presente em um cromossomo
será codificado e originará uma proteína.
Existem regiões de DNA – íntrons – que são DNAs não codificantes. Essas re-
giões não formam um RNA mensageiro (mRNA). As regiões de DNA codificantes
são denominadas éxons e sua sequência de nucleotídeos corresponderá à sequência
do mRNA.
Posteriormente, você aprenderá que tanto os éxons quanto os íntrons são trans-
critos para produzir um longo transcrito de RNA primário (Figura 15).
Contudo, os íntrons são removidos por splicing para formar um mRNA maduro.
Durante muito tempo, os íntrons eram classificados como “DNA lixo”, vez que era
desconhecida qualquer função para essas regiões de DNA. Atualmente, sabemos
que são indispensáveis para a correta expressão gênica de muitos genes, tal como
você poderá ver em outras Unidades.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Replicação do DNA
Em algum momento, você já se perguntou: “Qual o sentido da vida?”. Devemos
nos lembrar de que, para a existência de vida, a unidade mínima é a célula. Sabemos,
também, que, na célula, é fundamental a presença de material genético e sua trans-
missão para células-filhas, sendo isso o que caracteriza a “vida”.
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Na estrutura do DNA, ao ser sintetizada, são adicionados nucleotídeos por liga-
ções fosfodiéster sempre seguindo o sentido 5’ para o sentido 3’ e, por esse motivo,
diz-se que: “O sentido da vida é 5’ → 3’.”
A duplicação do DNA atinge uma velocidade de até mil nucleotídeos por segundo! Ainda
assim, a maquinaria de replicação é tão elaborada e coordenada que o faz com alta precisão
e estabilidade genética.
Primeiramente, para que ocorra a duplicação da dupla hélice de DNA, suas fitas
precisam ser separadas e, assim, são utilizadas como fitas moldes para a construção
de cadeias complementares.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Nucleotídeos livres
DNA Original
Helicase
Topoisomerase
DNA polimerase
As fitas moldes, uma vez separadas, não voltam a se unir. Isso se dá, pois, as
cadeias recém-sintetizadas permanecem ligadas às suas respectivas fitas de DNA
molde, formando duas novas duplas-hélices de DNA idênticas à anterior.
Para que ocorra a síntese da nova fita (cadeia polinucleotídica), as enzimas DNA
polimerases (Figura 17) catalisam as ligações fosfodiésteres da desoxirribose de um
nucleotídeo com o fosfato do nucleotídeo livre a ser adicionado.
Diz-se que são polimerases com atividade exonucleolítica revisora, o que implica
que possuem a incrível e importante capacidade de, imediatamente após a adição de
nucleotídeos, rever se o pareamento da base adicionada com a base da fita molde foi
correto. Caso contrário, o nucleotídeo é retirado e adicionado o correto.
Os nucleotídeos livres que servem como substrato à enzima DNA polimerase são
desoxirribonucleosídeos 5’ trifosfatos. Todavia, para a polimerização, essa enzima
necessita que haja uma pequena fita simples preexistente de RNA ou DNA iniciador
com uma extremidade 3’-OH livre (também chamado de primer).
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DNA polimerase
DNA original
Topoisomerase
Fita molde
Fita contínua
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Um segundo tipo, a topoisomerase II, forma uma ligação covalente com ambas
as fitas da hélice de DNA ao mesmo tempo, formando uma quebra de fita dupla
temporária na hélice.
Em vista da orientação antiparalela das duas fitas da dupla hélice de DNA, em cada
forquilha, a sequência de uma das fitas caminha na direção 5’ → 3’ e da outra fita na
direção 3’ → 5’. Portanto, a primeira, ao ser copiada, teria de gerar uma fita-filha na
direção 3’ → 5’, o que já sabemos que nenhuma DNA polimerase é capaz de fazer.
Na fita líder, a DNA polimerase é mantida até o término da sua síntese, ocorrendo
o acréscimo contínuo de nucleotídeos em sua extremidade 3’ à medida que a forqui-
lha se desloca.
No caso da outra fita-filha, que teria sua síntese teoricamente crescendo em sen-
tido 3’ → 5’ (também chamada fita descontínua ou atrasada), há a formação
de uma série de segmentos transitórios com cerca de 100 a 200 nucleotídeos de
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comprimento (em eucariotos), comumente conhecidos como fragmentos de Okazaki.
Observou-se que esses fragmentos descontínuos são sintetizados apenas nesta fita.
Diante disso, como pode ser possível a síntese de longas fitas contínuas?
E agora, você deve estar se perguntando: como é possível que a cinta evite a
dissociação da polimerase e isso não impeça o rápido deslocamento e a síntese da
fita de DNA?
Ela liga-se ao redor da hélice de DNA como se fosse um anel, de maneira que
apenas uma pequena parte se liga na DNA-polimerase, e toda a cinta pode deslizar
ao longo da molécula de DNA conjuntamente ao deslocamento da DNA-polimerase
(Figura 18).
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Para que a cadeia da fita descontínua possa ser uma fita completa de DNA, um
Sistema de Reparo atua rapidamente para a retirada do iniciador. Dessa forma, os
ribonucleotídeos na extremidade 5’ de cada fragmento de Okazaki são removidos e
substituídos por desoxirribonucleotídeos.
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Para visualizar melhor e compreender estas etapas acesse o vídeo “DNA replication – 3D”.
Disponível em: https://youtu.be/TNKWgcFPHqw
Vimos que o par de base A-T é unido por duas ligações de hidrogênio, enquanto
o par G-C é unido por três ligações de hidrogênio. Isso implica que segmentos de
DNA ricos em pares de bases A-T são relativamente mais fáceis de serem separados
e estão normalmente presentes nas origens de replicação.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
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Enfim, o único ponto de controle da replicação do DNA é o seu início. Dessa
forma, o início da replicação deve ser um processo altamente controlado.
A seguir, esse complexo atrai duas DNA-helicases, cada uma ligada a um carrega-
dor de helicase, e elas são colocadas em torno de fitas simples de DNA adjacentes,
cujas bases foram expostas pela montagem do complexo de iniciação proteína-DNA.
Isso rapidamente determina o arranjo das demais proteínas para formar duas
forquilhas de replicação, com maquinarias que se deslocam em direções opostas em
relação à origem de replicação. Elas continuam a sintetizar DNA, até que toda a fita
de DNA-molde à frente de cada forquilha tenha sido replicada.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Sabemos que as várias origens de replicação não são todas ativadas simultanea-
mente. Foi descoberto ativarem-se em blocos com cerca de 50 origens adjacentes, e
cada uma é replicada apenas em um restrito período da fase S.
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Com tantos locais para iniciar a replicação, como o processo é controlado para
assegurar que todo o DNA seja copiado uma única vez?
Cada origem de replicação é ativada apenas uma vez durante cada ciclo celular.
No entanto, há muitos detalhes que ainda não são compreendidos, principalmente
em eucariotos.
Quem nunca foi à praia no verão pegar aquele bronze que atire a primeira pedra! Nossa
sorte é que as células possuem um mecanismo para consertar as lesões do DNA provocadas
pela luz UV do Sol, que causa câncer. O professor Carlos Menck explica como isso funciona.
Disponível em: https://youtu.be/Z6X4opmzhdI
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Portanto, quando uma das fitas é danificada, a fita complementar possui uma
cópia intacta da mesma informação, sendo normalmente usada para restaurar a
sequência nucleotídica correta na fita danificada.
Uma mutação potencial pode ser introduzida pela incorporação errônea de uma G
base em um primeiro ciclo de replicação. No segundo ciclo de replicação, a mutação
torna-se permanentemente incorporada à sequência de DNA (WATSON et al., 2015).
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mais frequente sofrida pelo DNA, também é diretamente corrigida começando pela
endonuclease AP.
Uma vez encontrada uma lesão, a cadeia fosfodiéster da fita anormal é clivada nos
dois lados da distorção, e a DNA-helicase remove o oligonucleotídeo de fita simples
contendo a lesão.
Essas polimerases não possuem atividade de correção e são muito menos criterio-
sas do que as polimerases replicativas na escolha do nucleotídeo a ser inicialmente
incorporado. Provavelmente por isso, essas polimerases translesão são capazes de
adicionar apenas um ou poucos nucleotídeos antes de a polimerase replicativa de
alta precisão continuar a síntese de DNA.
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Determinados genes são chamados genes supressores de tumor, nos quais mu-
tações que levem à perda de função podem contribuir para o câncer.
Dessa forma, uma alteração em um gene humano cujo produto atua no reparo
de pares de bases mal pareadas resultantes de erros na replicação do DNA podem
causar predisposição hereditária a cânceres de cólon e alguns outros órgãos, devido
à aumentada taxa de mutações.
Um outro exemplo são mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que comprome-
tem um tipo de reparo de DNA conhecido como recombinação homóloga e são a
causa do câncer hereditário de mama e ovário.
Talvez você se lembre de um caso famoso em que uma atriz fez a retirada desses
órgãos por possuir a mutação nos genes BRCA1 e BRCA2 o que lhe conferia um
risco aumentado de câncer.
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Por exemplo, o MLH1 e outros genes de reparo de pareamento incorreto de DNA
silenciados por metilação do DNA estão envolvidos na causa de câncer de cólon.
A maioria dos cânceres surge a partir de células que acumularam múltiplas muta-
ções. As células deficientes para esse Sistema de Reparo apresentam chance muito
aumentada de se tornarem cancerosas.
Para entender esses conceitos e como eles afetam a progressão dos tumores e saber o que
é Epigenética, veja os vídeos apontados nos links a seguir.
• Expressão de genes e metilação de DNA, disponível em: https://youtu.be/i8UaHnorqcQ
• Como as escolhas que você faz podem afetar seus genes – Carlos Guerrero-Bosagna,
disponível em: https://youtu.be/_aAhcNjmvhc
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UNIDADE Descobrindo o DNA e a Origem da Vida
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Biologia Molecular da célula
ALBERTS, B. Biologia Molecular da célula. 6.ed. Porto Alegre: ArtMed, 2017.
Leitura
Dogma Central e material genético
https://bit.ly/2DBskGo
Velocidade e precisão na replicação do DNA
https://bit.ly/3iX1tVD
Replicação do DNA em procariontes e eucariontes
https://bit.ly/2DCnx7z
Verificação e reparo do DNA
https://bit.ly/3iX1Q2t
Predisposição hereditária ao câncer de mama e sua
relação com os genes BRCA1 e BRCA2: revisão da literatura
https://bit.ly/3h02wSY
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Referências
ALBERTS, B. Biologia Molecular da célula. 6.ed. Porto Alegre: ArtMed, 2017.
LODISH, H. et al. Biologia celular e molecular. 7.ed. Porto Alegre: ArtMed, 2014.
WATSON, J. D. et al. Biologia Molecular do Gene. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
ZAHA, A, et al. Biologia Molecular Básica. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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