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MARCELO GOLLEN
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faço?
"Por que entrar na
um pirata?"
STEVE JOBS
Por que as pessoas fazem o que elas fazem?
?
vender ao público final; ambos tem uma técnica impecável. Então
qual o segredo? Parece tão simples olhando os casos de fora. O
desafio é saber como se tornar algo desejável pelas pessoas ou
ainda como ter uma técnica avançada.
Para conseguir tudo isso, é necessário um investimento
altíssimo de TEMPO e DINHEIRO.
Vamos, mais uma vez, entender como isso funciona:
A Samsung, por exemplo, lançou um novo produto em 2019
que precisava se tornar um objeto de desejo a nível mundial. Foi
investido nada mais, nada menos que 11,2 bilhões de DÓLARES,
sim, Dólares não reais. E, mesmo investindo essa quantidade de
grana em publicidade e marketing, ainda demanda tempo. Não tem
como botar esse dinheiro e BOOOOOM! O produto ser desejado no
dia seguinte. As pessoas levam tempo para assimilar o produto, e
até ele se tornar desejável, leva tempo.
Alguém vai estar de boa no sofá da sala e de repente vai
aparecer uma propaganda show de bola no intervalo de jogo de
futebol. Depois ela vai estar lendo alguma notícia, e no
cantinho da tela vai aparecer uma foto linda do celular, depois
ela vai pegar a estrada e vai se deparar com algum outdoor no
caminho falando o quanto aquele celular é incrível. Pronto, se
estabeleceu o mindset de que ela precisava de um celular melhor
e a propaganda fez ela acreditar que precisa ser aquele, porque
na sua cabeça, o mundo sinaliza que o celular é bom sim!
É mais ou menos esse tipo de investimento que precisa ser
feito, mas claro, não precisamos investir mais de um bilhão de
dólares. É um processo que precisa de investimento
primeiramente, na minha opinião, em workshops de
aperfeiçoamento, onde você precisará viajar pra ir em bons
cursos, palestras e se profissionalizar para manter sua técnica
atualizada e muito boa, e depois talvez dar um upgrade nos seus
equipamentos com mais investimento.
#partiudesejavel
o r f i m
Por fim,
depois de um certo tempo evoluindo,
s t r a t e g i a s d
s i o n a m e n t o
Mesmo com estúdio e uma grande procura na sua cidade de
origem, sem se conformar, ele viaja tanto pelo Brasil como
internacionalmente. Além disso, ele trabalha localmente em seu
estúdio se ele quiser, o seu nível de trabalho está muito alto
graças às ambições no passado
"Mas Marcelo, eu não tenho dinheiro pra investir nisso tudo..."
Não estou dizendo pra você dar um jeito de arrumar dinheiro
de forma duvidosa caso não tenha, mas esse início complicado
faz parte do processo, todo grande tatuador já passou por
dificuldades, especialmente financeiras.
Continua lutando, e tente gerir melhor o dinheiro ganhado, e
quem sabe, se for possível, tenta tirar uma porcentagem para ser
i n u a l u t a n d o
reinvestido no seu negócio. Por exemplo: dedica à uma caixa 30%
de tudo que ganhar, e lá vai guardando pra investir em si mesmo,
em workshops, palestras, cursos, etc.
Desde que comecei, embora fosse difícil lidar com o
financeiro, sempre dava um jeito de reinvestir um pouco em
minha melhoria, seja comprando uma bobina nova pra deixar a
máquina mais forte, agulhas de mais qualidades e consegui
trazer e manter comigo conforme fui crescendo. Mesmo com
estúdio, 30% do que ganhava retornava pros cofres da empresa, e
todo mês esse valor era acumulado para compra de algum
equipamento melhor, ou utilizado para algum workshop de
aperfeiçoamento em uma área que julgava não ser bom ainda.
A única coisa que ninguém consegue tirar de ti é o seu
conhecimento. Pense em estratégias dentro de sua realidade
para gerir economias de reinvestimento em você ou em
equipamentos, estipula metas e faz acontecer, mesmo que ainda
não seja tudo da forma que queria, o início é assim mesmo. Agora
convém lembrar o bom e velho ditado clichê: “As torres mais
altas começam do chão”. E não esqueça: O marketing pessoal,
empresarial e o estudo não podem parar, é como botar lenha na
fogueira, se parar de botar, o fogo apaga e tudo esfria.
tudoesfriatudo esfria
tudoesfriatudo esfri
t u d o e s f r i a
t u d o e s f r i
T
a
t
u
a
g
e
?miur uocif
Lembro como se fosse ontem, recebi no início da minha
profissão o desafio de fazer uma espécie muito específica de
árvore com referências puxadas pro realismo. Como de praxe,
preparei vários modelos e desenhos prévios para uma tentativa
de aprovação de meu cliente, mas nada o agradou, nada o foi
suficiente. Ele queria mesmo um realismo, nada como um desenho,
mas sim algo que lembrasse uma fotografia, um estilo que eu não
dominava, mas sentia que poderia fazer, sempre acreditei muito
nos meus potenciais, e nesse caso não seria diferente. Assim, ao
invés de mais um desenho tentei algo diferente, peguei uma foto
da árvore e ele adorou! Era isso mesmo que ele imaginava.
Enquanto ele mandava mensagens feliz e contente com o
projeto, eu pedia ajuda divina para executar aquele trabalho na
semana seguinte, afinal, eu ainda estava no início da minha
carreira e não dominava o estilo, nem equipamento adequado eu
tinha. Nessa época, ainda jovem, me faltou o amadurecimento e
profissionalismo ideal para passar a um colega mais
capacitado. Assim que chegou o grande dia, a hora de eu dizer
adeus aos infinitos e me achar em um estilo que receberia enfim
um reconhecimento.
Tudo preparado e começa o projeto, 30 minutos depois o
decalque já não estava mais tão bem, o calor subiu, o desespero
bateu, o cliente me questionava “e ai, ta ficando bom?” Meu
coração batia mais forte, tentava disfarçar, e, meio desnorteado
não sabia para que lado eu ia ou o que tatuava, eu realmente não
fazia ideia do que eu estava fazendo. O tempo foi passando e
comecei a improvisar olhando a imagem, algo que eu acreditava
que seria o correto, ao mesmo tempo conversando com o cliente
pra disfarçar meu nervosismo e calorão até que, depois de 3
horas que pareceram ser 10, eu tirei as luvas e disse:
“ P r o n t“Pronto,
o , TTerminamos!”
erminamos!”
Olhava para outro lado enquanto o cliente lentamente se
levantava da maca, comentando o quanto tinha sido
dolorido. Lentamente ele se aproxima do
espelho e força os olhos pra ver a
nova marca na lateral do braço
que agora seguiria em sua
vida pra sempre,
eu de longe
com a visão
periférica estava com vontade de sair correndo, me deitar e
nunca mais tocar em uma máquina de tatuagem.
Ele me olhou nos olhos e disse:
“Legal, depois ela modifica um pouco né?”
Com um sorriso amarelo, eu querendo que aquela grande tortura
acabasse logo, dei mil e uma desculpas esfarrapadas, como por
exemplo: falei que a pele tinha ficado inchada, que o branco
aplicado na hora não fica tão branco, o sombreado ia ficar mais
suave depois, até botei a culpa no fato de ter dado uma
sangradinha, tudo! menos em mim.
Enquanto falava e falava pra conter meu nervosismo e acabar
logo com aquele sofrimento, Ele afirmou com a cabeça, como se
tivesse entendido perfeitamente, falei sobre os cuidados com a
tatuagem, ele pagou e foi embora.
Sentei na cadeira do estúdio, já tarde, por volta de 20h,
olhava pros lados, papéis, decalque, desenho, bancada suja, maca
suada, respingos de preto em minha calça e desabei a chorar. Eu
chorei como nunca tinha chorado antes, todo aquele esforço e
aquela luta. Até então, acreditava veementemente que poderia
ser um grande tatuador um dia, e aquilo foi um soco no meio da
minha cara! Eu sabia que não tinha ficado bom, sabia que ele não
tinha gostado e também sabia que a culpa disso tudo era minha.
Ele havia confiado sua pele a mim e eu o decepcionei.
Sabe o que eu aprendi com isso tudo? Na época, com certeza eu
não entendia nada de nada, estava apenas vivendo no modo
shuffle e sabia que a única coisa que queria era ser um bom
tatuador um dia, mas não tinha controle de parar e pensar em
minhas ações e em como eu levava a vida, eu não tinha o mindset
que tenho hoje de ser muito cuidadoso, em busca de tentar ser
cada vez um artista e uma pessoa melhor. Se isso acontecesse
hoje,ao invés de ter desabado em choro, pensaria em como
consertar o que fiz de errado e o que eu poderia ter aprender
com essa situação.
Hoje, consegui me perdoar, porque por mais que eu saiba que
não ficou bom, eu dei o meu melhor naquele momento da minha
vida. Óbvio que se fosse hoje, as coisas seriam diferentes, pois
tenho mais ferramentas, mais cabeça e mais capacidade para
solucionar qualquer coisa que na época em que tinha 17/18 anos.
É muito comum nunca estarmos satisfeitos com o que fazemos em
qualquer área que seja, principalmente em nossa atividade
profissional, somos muito duros com nós mesmos. Quem nunca
terminou um trabalho com o cliente adorando, e minutos depois
você sentou, olhou a foto e pensou
“Pqp! Que coisa horrível eu fiz na pele desse cara!”
Pois é, eu mesmo passo por isso até hoje e posso dizer para vocês
que muitas vezes isso acontece logo após ter terminado o
trabalho, mas, quando passa o fim de semana, vejo novamente a
mesma tatuagem e ela não está tão ruim não, pelo contrário, tem
muitos pontos positivos que me passou em branco naquele
momento em que me julgava ser um péssimo profissional.
É simplesmente importantíssimo termos uma autocrítica após
cada trabalho, analisarmos todos os pontos positivos e
negativos para que possamos evitar os negativos, mas temos que
parar urgentemente de sermos tão duros com nós mesmos, você não
merece isso, você é um ser humano, e seres humanos são compostos
por erros e acertos, ter uma cabeça que pensa em crescer e
evoluir a todo momento pode ajudar a evitar os erros e te tornar
mais forte.
Acredite em mim, quando você erra e é o tipo de pessoa que está
sempre querendo melhorar, o erro te torna muito mais forte do
que o próprio acerto, porque te ensina mais sobre si mesmo. É
claro que essa regra não se aplica a pessoas que não se importam
com nada, elas erram e não se importam que o erro se repita. O
que não é nosso caso, nós somos seres em constante evolução e
crescimento, e é por isso que eu estou aqui escrevendo estas
palavras e você está sentado aí lendo, nós somos seres sedentos
por crescimento. Se permita errar, se permita crescer.
não seja tão
duro com você
não seja tão
duro com você
não seja tão
duro com você
não seja tão
duro com você
não seja tão
duro com você
t ã o d u r
c o m v o c
NNão
ão hh á
as
reggrra s
re
não seja tão
duro com você
não seja tão
duro com você
não seja tão
duro com você
?
criticado e motivo de riso por ser um menino de 16 anos que só
tatuava com máquina rotativa e não sabia montar uma máquina de
bobina.
“Como você quer ser um bom tatuador se não sabe nem montar a
máquina de tatuagem????”
Quando escutei, e até hoje ouço os veteranos da tatuagem falarem
coisas do tipo só conseguia pensar em quanto isso era idiota.
Vocês já ouviram falar da história do piloto Sully?
S u l l y ?
Esse cara era piloto de avião, e em mais uma viagem rotineira,
o avião simplesmente deu uma série de problemas, que só o
pessoal que entende de avião saberia explicar pra vocês. Eu só
sei que a aeronave ia cair, e ele precisava, de alguma maneira,
aterrissar no meio de New York. Ok, isso parece algo impossível,
mas Sully simplesmente pensou fora da caixa e pousou em um RIO,
era o Rio Hudson, resultando que saíram todos vivos e ele não
matou ninguém, você tem que concordar comigo que esse cara é um
ótimo piloto, né?
Um mal piloto jamais faria, ou teria sanidade mental para
lidar com algo assim. Porém Sully apesar de um ótimo piloto ele
não sabe montar e desmontar um avião, e podemos dizer que
alguém como o Chef Flávio está na mesma situação, pois mesmo
estando a frente de um dos maiores restaurantes de Porto Alegre,
pode não saber montar ou desmontar um fogão industrial, assim
como o motorista com 5 estrelas do Uber pode não saber montar e
desmontar um carro, o fotógrafo pode não saber montar e
desmontar uma câmera.
Enfim, a minha resposta para os questionamentos deles era:
“Tá, mas porque eu preciso saber montar e desmontar uma
máquina de bobina?” A frase batia nos ouvidos deles quase como
aquilo fosse
um insulto.
“ORA, PRA QUANDO A MÁQUINA QUEBRAR!!!”
Meu amigo, você está em 2020, talvez em 1997 isso realmente era
importante, mas os tempos mudaram, e a maneira como as coisas
acontecem são outras, atualize-se, pelo amor de Deus.
Porém, eu não generalizo, respeito muito os tatuadores da
minha cidade, por no passado terem feito parte da cena local de
tatuagem, mesmo não se esforçando para modernizar seu ofício,
embora o respeito não fosse mútuo nesse caso. Porém existe
também uma parte desse grupo que tem 50 anos e sim se
atualizaram, não somente em equipamentos mas em maneiras de
pensar e buscaram uma evolução como um todo, tanto na parte
técnica, como na parte humana.
2 0 2 0
Você está em 2020, pense fora da caixa, não se prenda ao que
falam, não existem regras a serem cupridas, se trata de
desenvolvimento, de como entregar um melhor trabalho e fazer
brilhar os olhos dos teus clientes, não importa se for usar uma
máquina de bobina, de pen, de handpocket, etc. Apenas se
desenvolva como profissional e humano para não ficar pra trás.
Assim como no passado sofri por não ver as coisas como vejo
hoje, sou grato por terem muitas pessoas que acreditam que
existem regras na arte, pois no final quem está a frente será um
de nós, que acredita na arte como expressão e sentimento, que
uma bobina ou o que outra pessoa diz não define o que você
precisa fazer, muito menos define seu estilo e maneira de
trabalhar!
@marcelogollen
MAIO 2020