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Obras Raras Fiocruz

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Obras Raras Fiocruz


Acer vo Di gi tal de Obr as Rar as e E s p eciais
l
DR. MASSILLON
SÀBOIA
Ex ...atumoo do "Instituto Oswoldo Cruz".
Medico do Patronato de Menores

}o/51
ESCOLAS
AOARLJVRE

RIO DE JANEIRO
'l'yp. do Joi'nal do Oommercio, de Rodrigu es & O .

..
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DR. MASSILLON
SABOIA
Ex.-alumno do u1ns tituto Os waldo Cru.z1 '.
Medico do Patronato de Menores

ESCOLAS
AOARLJVRE

RIO DE JANEIRO
Typ. do Jornal do Oumm ercio, de Rodri gues & O.
~
SUM-M.ARIO: Escolas ao ar livre. Sua importa:ncia na pro-
phylaxia da tuberculos ·e. - A primeira _escola ao ar
Hvre, fundada em 1904 nos arredores de BerlilI!, - Re·
sultados praticas, ,notaveis e immediato . - Creação
de escolas por esta mod·eladas, n'outras cidades da Al-
lemanha, e na Suissa, Ita.Jia, França, Inglate!'ra, Norte
America e Argentina . - iEm Roma ha varias escolas
ao ar livre, installadas algumas no centro da cidade em
locaes arborisados. - Em Norte America e~tas escol·as
chegam a funccionar durante o inverno e al.i;umas até
sobre os t,ectos das casas; muitas são destinadas mesmo
ás creanças de saude perfeita. - A escola d-0 "Bois de
Ia Bâtie" é modelar. 'Mobiliario •portatil. Vantagens da
sésta. Jardinagem . Trabalhos manuaes. - As escolas
ao ar livre compfotam e aperfeiçoa:n a obra das colonias
de férias . - Necessidade inadiavel de sua creação no
Brasil; - O Rio d·e Janeiro presta -se, para esse fim,
melhor do :que outra qualquer grande cidade. - 1 ypos
de escolas, algumas <las quaes podem ser creadas im·
imediatamente com pequena deS1peza.-Esboço de proje-
-cto. Emprego da heliotherapia. Descan:;o em redes.
Uso de chapéos de palha nas horas de sol intenso.

Pelo seu alto valor social, desempenhando uma


<ias mais importantes funcções na prophylaxia da tu-
berculose, as escolas ao ar livre têm merecido todo
o carinho e as melhor-es attenções nos paizes mais
adeantados da Europa e ela America.
As escolas ao ar livre são especialmente 'desti-
nadas ás ,creanças que, examinadas pelos inspectores
medicas escolares, revelam debil constituição, anemia,
escrofulose e certa predisposição á tuberculose.
Retiradas de um meio insalubre, essas creanças,
ordinariamente mal alimentadas, muitas dellas filhas
de tuberculosos com os quaes vivem ,em promiscuida-
de, em habitações miseraveis sem ar e sem luz, são
diariamente transportadas para um bosque, nas visi-
-4-
nhanças das grandes cidades, onde passam grande
parte do dia ao sol e ao ar livre, bem alimentadas,
fazendo ·exerci-cios methodicos e recebendo, ao mes-
mo temp õ,"'- a necessaria instrucção . Os resultados
dessa mudança de regímen têm sido admiraveis, tanto
sob o ponto de vista medico, quanto pelo lado peda-
gogico.
E' relati.vamente moderna a creação de taes es-
colas, cabendo a Baginsky a honra de ter sido o pio-
neiro d·essa idéa pela qual se bateu desde 1881, sen-
do mais tarde secundado por Neufert e Bendix.
Só em 1904 foi estabelecida a primeira escola
ao ar livre, na floresta de Charlottemburgo , a tres
kilometros de Berlim.
Inaugurada com ,diminuto numero de alumnos,
tão brilhant .es foram os resultados obtidos, que, den-
tro de dois annos, esse numero se elevava a duzentos
e -cincoenta.
A escola funcciona de 15 de Abril ?.. 22 de De-
zembro, quando começam as férias do Natal. A in-
stituição é auxiliada por uma filial <la Cruz Verme-
lha - "A União Patriotica das Mulheres Allemãs".
A installação da escola, em pavilhões toscos de madei-
ra, é tudo quanto ha de mais simples, economico e
pratico: a sua organisação, porém, é admiravel.
As despezas de manutenção, comprehendendo o
ensino e a alimentação, orçam por pf . 53 para cada
educando.
As creanças chegam á escola pela manhã cedo
e retiram-se ao ·escurecer; as que moram longe são
transportadas •em um tram,way especialmente desti-
nado a esse serviço.
As lições são dadas ao ar livre, sempre que o
tempo o permitte e em pavilhões abertos, quan:do
-5- /
ha máo tempo. Nesses mesmos pavilhões repousam

longites. -
as creanças e dormem a sésta em confertaveis chaises-

Cada lição dura, no maximo, vinte e cinco mi-


nutos e é seguida de um recreio. O ensino -total, dia-
rio, não -excede <le duas a tres horas para cada classe,
de modo que se torna possivel alternar -em duas classes,
recebendo uma a instrucção emquanto a outra está em
recreio e vice-versa .
Em duas barracas ou pavilhões podem assim
funccionar quatro classes diff erentes, havendo, por- ,
tanto, economia de pessoal docente e de mobiliario
escolar.
A alimentação é abundante e variada: dois ligei-
ros almoços pela manhã, como é de costume na Alle-
manha , e uma refeição substancial ás 12 ½, composta
de carne, legumes ot.J.farinaceos e ovos; á tarde , me-
renda de pão e leite, e, antes do regresso á casa, ainda
sôpa ou farinace os e pão com manteiga.
De passagem diremos que este regímen alimen-
tar não nos par -ece o mais conveniente em nosso paiz.
Durante o diia as ·cr•eanças fazem exercícios de
gymnastica e occupam-se de jardinagem e de outros
pequenos trabalhos manuaes.
Segundo as observações de Neufert e Bendix
20,5 % dos casos de escrofulose e 9,5 % de bronchite
chronica ficaram completamente curados; é notavel o
augmento de peso bem como o desenvolvimento da
musculatura, e grande numero de creanças anemicas
apresentam bellas côres, no fim do periodo escolar .
A "Waldschule" de Charlottemburgo serviu de mo-
delo a varias outras escolas ao ar livre na Allemanha,
na Suissa e n' outros paizes da Europa.
Na Allemanha o numero destas escolas vai au-
-6-
gmentand - ;_m pre. Em 1906 os negociantes de Mu-
lhausen cot1sâram-se e compraram, por um milhão de
marcos, o esplendido parque da "Ermitage" para se-
rem nelle estabelecidas escolas ao ar livre : no mesmo
anno foi installada a de Munchen Gladba:ch; em 1907
a de Elberfeld; em 1908 as de Dortmund e de Lu-
beck; em 1910 as de Husum e de Nuremberg. Dres-
den, Leipzig, Magdemburgo e outras cidades impor-
tantes fundaram, nestes ultimos tempos, ,escolas se-
melhantes .
Na Suissa, a prim eira escola ao ar livre foi in-
stallada em 1908, na antiga f erme "Le s Oisillons " nos
arredores de Laus anne.
Uma communicação de Schnetzler affirma que
os resultados alli obtidos foram magnificas, verifi-
cando-se augmento da capacidade intellectual em 4/ 5
dos alumnos e tornand o-se rico em hemoglobina o
sangue das creanças anemicas . Em 19r3 foi fundada
nos arredores de Genebra a segunda escola, a do
"Bois de la Bâtie", da qual nos occuparemos adeante;
em Junho do mesmo anno foi installada a de Neu -
châtel.
Na Italia, fundaram-se as primeiras em Pavia
em 1907; em Roma ,em 1910; em Floren~a em 1912;
Genova, Brescia, Milão, N ovara, Trevisa , Veneza e
Verona já possuem tambem escolas ao ar livre.
A amenidade do clima da Italia permitte que, em
algumas cidades, esses institutos ~unccionem durante
todo o anno.
Em 1913 já se contavam em Roma oito escolas
ao ar livre, sendo algumas no centro da cidade, ·em
terrenos espaçosos como o do "Castel S. Angelo" e
outras nos arrabaldes.
:._7_

Essas escolas se compõem de simpl,es barr acões


de madeira formando pavilhões isolados; cada pa-
vilhão, facilmente desmontavel, constitue uma escola
independente e mede 13m.,50 por 6m.,50, com 4m.,30
de altura, é dividido ,em uma sala de classe e anne-
xo s. A sala, que pôde comportar trinta e seis alumnos,
mede 6m. por 8m., •e tem nove aberturas : seis late-
raes ( tres de cada lado), formando largas janellas e
tres na -fachada anterior com a fórma de portas
janellas que deitam para o campo. Na parte poste-
rior desta sala ha uma porta mediana communicàndo
com um vestíbulo que serve de vestiario; á direita e á
esquerda desse vestiario estão, de um lado, os lava-
tor1os e apparelhos sanita.rios e do outro, a casinha e
o gabinete do director da escola.
O assoalho do pavilhão é constituído por uma
platafonn a de madeira á pequena altura do solo.
A construcção de um pavilhão nessas condições é
cousa rapida e o seu custo não excede de seis mil
liras.
A França, comprehendendo o alcance desse bello
movimento , estabeleceu escolas ao ar livre no Havre,
em Montigny perto de Font ainebleau, em Nime s, em
V esinet e -em Lyon; esta ultin\a ( escola -internato) foi
creada em 1907, e funcciona em Vernay a oito kilo-
metros da cidade, num antigo Castello circumdado
por um parque de sete hectares, com bosques ,e gram-
mados.
A observação do Dr. Vigne, medico desta esco-
la, mostra que o augmento de peso de ,cada educando
é, em média, de 2k.,800; a caixa thoraxica desenvolve-
se; a respiração torna-se franca e profunda; a esta-
tura e a capacidade pulmonair augmentam de manei -
ra apreciavel; os musculos flaccidos ganham rigidez:
-8-
um sangue abundante e quasi regenerad o alimenta os
tecidos; a vida manifesta~se exuberante e ás faces,
outr' ora pallidas, voltam as côres e a alegrÍla..
Cada período escolar não excede de dois a tres
mezes, sendo estes resultados ainda mais nota veis,
porquanto os alumnos admittidos na escola de Vernay,
compõe-se unicamente de pretuberculosos e de tuber-
culosos da primeira e da segunda etapa de Grancher.
Não se deve, porém, esquecer que ,esta é uma
escola-internato, onde a existenciia das creanças é
completamente modificada, evitando-se o contacto com
o meio sem hygiene e quasi sempre contaminado em
que viviam.
Esta •escola funcciona sob o patronato da "Al
liance de l'H yg iene Sociale".
Em Paris foi creada , nestes ultimas tempos, a
primeira ·escola ao ar livre, num antigo seminario, nas
visinhanças de Mortain, e nas melhores condições de
arejamento e de hygiene; os resultados obtidos têm
sido excellentes, como era de esperar; as despezas de
custeio têm orçado por fr. 1,50 para cada educando .
A Inglaterra possúe "O pen air Schools" em Lon-
dres, Halifax, Sheffield, Manchester, Bradforcl e ou-
tras cidades; em vista dos magníficos resultados co-
lhidos torna-se, cada dia, mais intensa a propaganda
em fa;or das Escolas ao ar livre.
Em Londres, a primeira dessas escolas foi fun-
dada em 1907 em Bostall-Wood, por iniciativa do
"London Cóunty Council" e modelada pela de Char-
lottemburgo; possúe uma área de oito hectares, com
arvoredos e grammados e varias hangars que servem
para as 1~ef eições e lições em tempo de ,chuva. Duas
barracas fornecrda s pelo exercito serv,em de abrigo
aos professores.
-9-
Os resultados praticas obtidos foram de tal or-
-dem que, dentro em pouco, varias outras ·escolas fo-
ram abertas, nos arredores de Londres, com capaci-
dade para setenta e cinco creanças cada uma, divi-
didas em classes de vinte e cinco educandos.
Quasi todas as escolas a q_uenos temos referido,
e..""<ceptuando apenas as de Lyon (Vernay) e Elber-
f eld são semi-intematos, isto é, não dão dormida ás
creanças, que alli chegam pela manhã, voltando á tar-
de para suas casas. Na escola de Mulhausen existem
ainda accommodações para creanças convalescentes,
de modo que essa póde ser considerada um mixto de
escola ao a11liv11ee sanatorio.
Na America do Norte, onde o maior arrojo se
allia sempre ao senso pratico, a idéa da educação
ao ar livre, mesm,o para creanças perfeitamente sa-
dias, tomou tal incremento que, em Chicago, onde os
terrenos baldios são raros e por isso mesmo caríssi-
mos, chegou-se a installar taes escolas sobre o tecto
dos edificios. Ha escolas ao dr livre ·em Hampton
(Virginia ) , Boston, Washington, Pittsburg, Roches-
ter, Hartford e outras cidades; em Monclair (New
York) e Philadelphia, ellas funccionam mesmo no
inverno; as creanças bem agasalhadas por um capuz
que lhes protege a cabeça até as orelhas e um especie
de sacco forrado de pelles que lhes cobr-e as pernas,
resistem perfeitamente ao frio mais rigoroso, ao qual
pouco a pouco s,e habituam.
A 'Republica Argentina, onde o serviço de Inspe-
cção medica escolar, ha muitos annos existente, é per-
feito, e onde o interesse por estes assumptos é menos
platonico do que entre nós, possúe, desde I 909, es-
colas ao ar livre - "Escuelas para nifios débiles", m-
stalladas nos parques de Olivera e Lezama.
-10-

Comprehendendo o alcance e o futuro desse ser-


viço e empenhado em dar-lhe a maior amplitude, o
Governo argenti-no commissionou um medico escolar
para o fim de estudar e verificar o que µouvesse de
mais recente ·e ,aperfeiçoado sobre escolas ao ar li-
vre em varios paizes da Europa; achava-se -esse me-
dico em Berlim, quando em 1913, nós alli nos dedi-
cavamos, por nossa conta e privada 'iniciativa, a es-
tudos sobre o mesmo assumpto e sobre hygiene es-
colar e pediatria.
Já no Brasil, onde tambem ha quem tenha a ne-
cessaria competencia -e o devido interesse pelo pro-
gresso, quando em 19ro, o General Dr. Serzedell o
Correia, então Prefeito do Districto Federal, organi-
sou o serviço de inspecção medica escolar, como com-
plemento desse s,e11viço tão necessario, houve, segundo
consta, tentativa da creação dessas escolas, sendo uma
no Leblon e outra na Tijuca; infelizmente, essa me-
dida , que tanto nos teria elevado no conceito das na-
ções civilisadas, não continuou a receber dos podere s
publicos o apoio e o desvelo de que é tão merecedora .
Das escolas ao ar livre, cuja organisação estu-
damos de perto na Europa, a que mais nos prendeu
a attenção foi a do "Bois de la Bâtie", nos arredo-
res de Genebra, por ser uma das mais modernas, e
por isso mesmo expurgada de pequenos defeitos que
a experiencia apontara em algumas das mais anti-
gas . FunccÍIOnaesta escola desde Mafo de 1913 e foi
por nós visitada um anno depois.
Fundada por iniciativa da "Ligue Génevoise
contre la Tuberculose" e installada com a preoccupa-
ção do simples e util que caracterisa o pratico povo
helvetico, tão importantes foram os seus resultados
que, segundo informações por nós obtidas em Abril
-12-

medico escolar, do qual r,ecebem noções praticas e ele-


mentares ele hygiene, como tambem de prophylaxia
ela tuberculo se.
Conforme o bairro que habitam, reunem-se estas
creanças pela manhã, em varios pontos da cidade,
por onde passa, a certa ·e determinada hora (habir
tuanclo-as assim á pontualidade) um tram,way ,espe-
cial que, em vinte minutos as transporta á escola.
A's 7 314 da manhã chegam as creanças, lavam
as mãos e o rosto, escovam os dentes e mudam a rou-
pa que trasem, substituindo-a por um simples calção
de malha, que conservam durante todo o dia, salvo
o caso ele não o pennittir a inclemencia do tempo.
Com esse traje elementar o mais hygi·enico, as
creanças estão constantemente num banho ele ar; ha-
bituam-se ao frio e, de quando em quando, expostas
á acção dos raios solares, cujos beneficos effeitos
niriguem hoje desconhece, tornam-se dentro em pouco
tempo, fortes e robustas; não se resfriam e mos-
tram-se contentes por se verem livres das camisetas
e roupas pesadas que lhes tolhiam os movimentos.
Depois daquelles cuidados de asseio segue-se a
lição de gymnastica ( segundo o methodo de Hébert),
constando principalmente de gymnastica respiratoria
e de exercícios especiaes destinados a desenvolver o
peito e a endireitar as costas. Em seguida, todas as
creanças tomam banho, e, logo depois, uma chicara
de leite quente •e pão.
Carregando ás costas pequenas carteiras porta-
teis, vão, em meio da maior alegria, installar-se no
local destinado ás dasses, ,em pleno bosque, nas ela--
reiras adrede preparadas (fig. 2) .
As carteiras-bancos em uso nesta escola foram
modeladas pelas que servem em Roma, nas escolas ao
-11-

de 1914, o Governo Suisso já cogitava da creação de


varias outras escolas por esta modeladas.
Passamos a descrevel-a, não esquecendo que á
gentilesa e boa vontade do Dr. A. Cramer, distincto
medico escolar e secrietariio da "Ligue Génevoise con-
tre la Tuberculose", devemos todas as facili:dades que
encontrámos para visitar essa escola e algumas in-
formações necessarias para os nossos estudos.
O pavilhão central (fig. I) aberto, orientado
para o sul e bastante espaçoso para que as creanças
alli possam fazer as suas refeições e receber a neces-
saria instrucção nos dias de chuva, fica situado á cer-
ca de trinta metros do bosque onde a escola funcciona
quando ha bom tempo. ·
Bem visível, na parte principal do pavilhão, como
que mostrando o nobre fim a que a escola é destina-
da, lê-se esta bella phrase de Michelet: "La fleur
humaine est, de toutes les fleurs, celle qui a le ,plus
besoin de soleil . "
Aos dois lados do pavilhão correm duas galerias
onde as creanças, deitadas ·em confortaveis chaises-
longues, dormem a sésta depo'Ís das refeições.
Por ele traz do pavilhão central estão a cosinha,
o quarto elo guarda e os apparelhos sanitarios; a pe-
quena distancia estão installados os banheiros.
As creanças de ambos os sexos, consideradas
pelos Inspectores medicos escolares em condições de
saude que reclamem a sua matricula nessa escola, taes
como as creanças fracas ( mas não atacadas ele tuber-
culose contagiosa) , anemicas, escrofulosas, predis-
postas em summa a tuberculisar-se, por cl,escenderem
ele inclivicluos atacados de tuberculose, alcoolismo ou
miseria physiologica, são ahi admittidas, de Maio a
Outubro, ficando sob a vigilancia e observação de um
Fig. 3

Fig:. -4
-13-

ar livre; são muito interessantes ( figs . 3 e 4-; pesam


pouco , ( cerca ele 1.500 grammas), abrem-se e fecham.-
se, com muita faci.liclacle, em alguns segundos, per-
mittinclo assim que, em caso de brusca mudança de
tempo, as creanças, tendo d-e recolher-se ao pavilhão,
possam rapidamente e sem grande esforço, transpor-
tal-as.
Este mobiliario é feito de tres tamanhos diff e-
rentes e, portanto, adapta-se aos talhes variados dos
alumnos. O encosto elo banco vae até á região lom-
bar; no que respeita á simpliieidade, essas carteiras
torrespondem perfeitamente ás exigencias dos hygie-
nistas ; mas, quanto á solidez, deixam um pouco a
desej ar.
Um pequeno sacco é appenso á carteira e serve
para guardar os livros -e outros pequenos objectos;
para evitar o transporte de tinteiros, cada alumno
d eve trazer sua caneta-tinteiro, o que é muito mais
pratico.
Du rante a manhã as creanças têm duas horas de
lições, não seguidas, mas alternadas com recreios, de
modo que cada lição não dura mais de trinta minu-
tos. Os alurnnos seguem a sua instrucção habitual
com programma de ensino ás vezes ligeiramente mo-
di ficaclo para que se não fatiguem, obtendo, porém,
todo o proveito sem grande esforço. Conservando-se
em contacto directo com a naturesa, recebem com
praser lições de cousas praticas, as quaes, melhor do
que todas as theorias, despertam nelles a attenção e a
intelligencia.
Ao contrario do que se poderia suppor , a appli-
cação não é prejudicada durante as lições dadas no
bosque; é facto que, nos primei,ros dias, as creanças
distrahem -se um pouco naquelle meio tão variado e
- 14

attrahente, mas, dentro em pouco, e3tão habituadas


e então a frescura vivificante do ar estimula-lhes a
intelligencia e desenvolve nellas a capacidade de at-
tenção, o que não aconteceria, de certo, numa sala mal
arejada onde o calor e o ar vióado trazem depressa
a fadi ga .
Em Genebra foi adoptad0 um methodo original
para o ensino da geographia : consiste ·elle 'em fazer
com que as creanças tracem na areia os relevos e con-
tornos dos differentes paizes, fixando, o mais exacta-
mente possível, nas respectivas posições, as diversas
cidades, montanhas, rios, lagos, etc. ; por esse syst e-
ma , a imagem evocadora dos varias paizes fixa-se
muito melhor na memoria.
Uma vez por semana as creanças fazem um pas-
seio, durante o qual os regentes que as acompanha m,
aproveitam todas as opportuniclades para desenvolver
nellas as faculdad.es de observação.
Em meio da manhã, um toque de sineta reúne
as creanças que recebem pão e leite ; ao meio -dia, nova
chamada para a refeição principal (fig . 5) composta,
duas vezes por semana, de carne e legumes, e nos
outros dias, de sopa, farinaceos, legumes e sobre -
mesa .
De r ,½ até ás 3, ao a11livr,e, ou nos pavilhões,
quando faz máo tempo, repouso nas chaises-long u,es;
durante ·esse tempo é obrigatorio o silencio absoluto,
afim de que as creanças durmam; referiu-nos o Dr .
Cramer que para i:sso resolveu accommoclal-as de
fórma a ficarem de costas umas para as outras e, as-
sim, não pod-endo ·conversar, -ellas começam a enfas-
tiar-se e naturalmente adormecem.
Esta sésta é um dos principaes elementos de sue-
cesso das escolas ao ar livre .
-15-

A's 3 1/zha distribuição de pão e lêite á von-


tade.
Antes de cada refeição, as creanças lavam , as
mãos e depois da refeição principal escovam os
dente s.
O resto da tarde é empregado em trabalhos ma-
nuaes: confecção de cestos, cai:xas, bordados, costu-
ras, jardinagem, etc. (fig. 6) ; occupação esta pela
qual os meninos, principalmente, mostram grande in-
teresse; por essa occasião, recebem noções elementa ~
res de agricultura e cultivam flores e até mesmo al-
guns legumes que servem par.i. o consumo da escola.
A encarr-egada do serviço de casinha da escola é
auxiliada, em alguns trabalhos leves, por turmas de
quatro alumnos ( dois meninos e duas meninas), que
são substituídos semanalmente, e que velam pela boa
ordem e asseio da escola. As meninas, futuras donas
de casa, aprendem assim um pouco do serviço de co-
sinha, ajudando a preparar legumes, etc.
A escola não é inteiramente gratuita: cada alu-
mno deve concorrer · com fr. 0,25 diarios, quantia
mui:to inferior á que custa effectivamente a sua ma-
nutenção, que é de fr. 0,80 approximadamente, sem
contiar as despesas com o pessoal docente, que correm
por conta elo Departarí1ento da Instrucção Publica :
esse deficit é coberto pela "Ligue Génev-oise wntre
la Tuberculose".
Elos da mesma cadeia fonnada pelas colonias de
·· férias, que pr-estam e continuarão a prestar inestima-
veis serviços, as escolas ao ar livre, completam a obra
grandiosa dessas colonias, concorr ,endo efficazmente
para a prophylaxia da tuberculose .
A experiencia tem demonstrado gqe a perma-
nencia de algumas semanas no campo, ao ar livre,
-16-

produz os mais brilhantes e .animadores resultados


para as creanças de saúde normal ou ligeiramente
enfraquecidas, mas que ess·es resultados são epheme-
ros e insuf fici-entes, com relação ás que sof frem de
molestias -chronicas, pois que para essas são necessa-
rios varios meses de climato-therapia e boa alimen-
tação.
Essa necessidade s·e faz sentir principalmente en-
tre as que vivem num meio malsão onde perdem ra-
pidamente, o que haviam ganho em robustez. E em
muitos lares, as mais das vezes humildes, bemdiz-en-
do a obra admiravel que em pouco tempo restituitt
a saúde e a força ao filho doentio, verifica-se com
um triste sorriso de desanimo, que, sendo tão diffe-
rentes as condições de vida, o proveito obtido desap-
parece em poucos dias e a creança volta a ser o
mesmo candidato á tuberculos-e, a menos que se tor-
ne um hospede eff ectivo das colonias de férias, o que
seria pouco pratico ou mesmo impossível.
Em vez do augmento do numero das colonias de
férias, o que acarretaria grandes despezas e de al-
gum modo prejudicaria o ensino, surgiu então a idéa
da ·creação de escolas ao ar livre, nos arredores das
grandes cidades ou mesmo no centro daquellas que
para isso têm locaes apropriados, como Roma, que
em 1913 já contava oito dessas escolas.
Interessando-nos vivamente pelos assumptos de
Hygiene Escolar, aos quaes dedicámos grande parte
do tempo de nossa estadia na Europa, visitando es-
tabelecimentos, frequentando cursos •e procurando
aprender a organisação desse serviço na Allemanha,
na Suissa e na Italia, sentimos despertar o nosso en-
thusiasmo v·erificando o quanto são praticas e sim-
ples as escolas ao ar livre. Admirando as suas van-
.1
-17-

tagens, começámos desde então a acariciar a idéa da


creação dessas escolas no Brasil, o que esperamos ver
realisado ·em um futuro não muito remoto, dando
assim um passo firme, no caminho, aliás ainda longo
a percorrer, para attingirmos o aperfeiçoamento nos
serviços de instrucção, hygiene e pres·ervação da in-
fancia, base do engrandecimento de um povo.
Si, nos paizes em que a maior parte do tempo.,
o clima é frio ·e chuvoso, estas escolas, .que apenas
podem funccionar durante alguns mezes, têm presta-
do grandes serviços, mais relevantes ainda são elles
nos climas temperados ou quentes, onde ellas devem
funccionar durante todo o periodo escolar.
No Brasil e sobretudo no Rio, onde a nossa
quasi constante primavera e grandioso sol tropical
dão-nos uma situação privilegiada, este novo elemen-
to de hygiene deve ser creado sem demora, e dentro
em pouco, reconhecendo o beneficio indiscutivel que
elle trará á população, todos ficarão convencidos de
que não poderemos dispensal-o e admirados de que
não existiss~ ha mais tempo, uma obra tão util.
Estamos ·em condições identicas ou talvez mes-
mo superiores ás de Roma, onde, além <las escolas ao
ar livre, nos arredores, foram creadas outras nos jar-
dins e nos espaços livres do centro da cidade.
Para os parques e jardins disseminados em
varios pontos da nossa urbs, poderiam, sem d-emo-
ra, ser transferidas as escolas municipaes visinhas
aos mesmos e que funccionem em predios acanhados
sem obedecerem ás condições a que são destinados,
não tendo sido construi:clos para tal fim; nisso have-
ria talvez, além de outras vantagens, uma certa •eco-
nomia, mas parece-nos preferivel a creação ele novas
escolas com mobiliario apropriado, mesmo porque
-18-

ha necessidade de augmentar o numero destes esta-


belecimentos numa população sempre crescente .
Apresentando um esboço de projecto para a
creação destas escolas, no Rio de Janeiro, procuramos
adaptar ao nosso meio o que f ôr possível e natural-
mente sujeito ainda ás modificações que a pratica e
as conveniencias do ensino forem reclamando.
Atravessa actualmente o paiz uma epocha de
difficuldades, parecendo á primeira vista ocioso falar
em cr·eação de novos serviços que acarretem augmen-
to de despezas, mas tão grandes são as vantagens e
tão diminutos 06 sacrifícios, que basta um pouco de
boa vontade e constancia, para que se inicie, desde
já a creação de escolas ao ar livre, cujo numero irá
pouco a pouco augmentando até que tenhamos um
serviço modelar, pois o Rio de Janeiro, melhor do
que qualqu<.:r outra grande cidade, reúne todas as
condições imagina veis para esse fim .
Das seguintes categorias poderiam ser creadas
escolas ao ar livre :
a) Escolas á beira-mar, como em Copacabana,
Leblon e outras praias, para onde iria a numerosa
maioria das creanças ganglionares, adenopathicas, es-
crofulosas, que ahi melhor do que em qualquer outra
parte obteriam os resultados mais animadores.
b) Escolas em Santa Thereza, Tijuca e outras
montanhas de media altitude, indo para os pontos
mais elevados as creanças anemicas, tendo-se em vis-
ta a reconhecida influencia do clima de altitude sobre
a hemoglobinisação e actividade dos orgãos hemo-
poeticos, e para os pontos menos elevados dessas mon -
tanhas as creanças cujo systema nervoso se e;citasse
á visinhança -do mar ou nas altitudes.
tempo attenuariam o ,excesso de luz e a reverberação
do mar e das ar,eias, conservando alem disso uma tem-
peratura agradavel. .
Este pavilhão que deveria ainda ser circumdado
de !atadas cobertas de trepadeiras, -escolhendo-se den-
tr-e as especies de que a nossa flora é tão rica, as que
mais rapidamente se d-esenvolvessem, é ao nosso
ver o typo que de pref erencia deve ser adaptado nas
praias, que, por uma negligencia imperdoavel, ainda
não foram devidamente arborisadas.
Ainda poderia, para ser mais duravel, ser con-
struido o pavilhão, aproveitando-se a armação e a
coberta de alguns dos mercados r-egionaes que não
tenham logrado obter a concurrencia publica.
Outro alvitre acceitavel, pois ,com elle ganhar-se-
hia tempo, seria a Municipalidade obter provisoria-
mente do Ministerio da Guerra algumas barracas de
campanha, á semelhança elo que se fez na escola. de
"Bostal Wood", ou na de Hartford (fig. 9).
Principalmente nas escolas á beira-mar as crean-
ças deveriam usar chapéos de palha, de largas abas,
que nas horas de maior calor, proteger-lhes-hiam as
cabeças contra os raios do sol. .
Quanto ás carteiras, o ideal seria o modelo por~
ta til a que nos referimos ( figs. 3 e 4), porém, nas
escolas em que, por qualquer motivo, as aulas forem
obrigadas a funccionar sempre no mesmo local, pode
ser acloptaclo com ligeiras moclif icações, o modelo
allemão Rettig (fig. ro), simples ,e solido, tendo,
alem de outras, a grande vantagem de evitar que as
creanças conservem os pés sobre o solo humido. Re-
commendaveis tambem seriam os modelos francez -es
Brudenne ou Billard, parecendo-nos que a nossa in-
dustria poderá facilmente e a preço rasoavel, exe-
-19-

O projecto do Exmo. Sr . Dr. Rivadavia Cor-


rêa, digno Prefeito do Districto Federal, propondo o
embellesamento e arborisação dos morros da cidade,
merecendo francos louvores, seria uoroado ainda de
melhor exito, si nesses morros fossem reservadas
ar,eas onde, mais tarde, pudessem ser installadas es-
colas ao ar livre .
e) Escolas no maior numero possível, installa-
das dentro de pouco tempo nos parques e jardins da
cidade, seguindo assim o ex emplo de Roma, -e des-
tinadas ás creanças de saude perfeita ou ligeiramente
attingida, como se faz em Norte Arnerica onde a
educação ao ar livre tem dado brilhantes resultados,
funccionando nesse paiz as escolas dessa ordem, mes-
mo durante os mezes de intenso frio.
Não será inutil ·esclarecer, que em muitos destes
locaes a que nos temos referido, devem de pr-ef eren-
cia ser installados - "Jardins da Infancia", b~se
fundamental do ensino escolar.
Das escolas da categoria (a), devem desde já ser
creadas uma em Copacabana junto á Igrejinha (fi -
gura 7), e outra na praia do Leblon, onde actualmen-
te a Prefeitura ,executa melhoramentos, sendo, por -
tanto, oçcasião opportuna para determinar o local
apropriado, parecendo-nos bem indicado o trecho que
representa a figura 8.
Poderia ser adaptado um pavilhão como o da
escola do "Bois de la Bâtie", em Genebra (fig. 1),
talvez ligeiramente modificado, ou do typo do refei-
torio do "Instituto Oswaldo Cruz" (figs . 16 e 17) in-
telligl">ntementecopstruido sob as arvor-es, com um te-
cto que o protege das chuvas e com as paredes lateraes
de madeira formando grades, podando estas paredes
serem revestidas ele trepadeiras que dentro em pouco
-21-
cutar qualquer desses modelos, de varios tamanhos.
Nos locaes expostos ás intemperies, seria con-
struido um typo semelhante, porem tosco e r,esistente.
Como medida de economia, poderia, a titulo provi-
sorio, ser usado o material commum das escolas, o
qual deverá, porem, ser substituído com a possível
urgenc1a. . !
Em vez das chaises-longues poderia perfeita-
mente ser usada a rêde do Norte do Brasil, qne tem
a vantagem de custar menos, occupar pequeno espa-
ço, lavar-se facilmente, ser menos quente ·e mais por-
tatil.
Segundo Baumgarten, o descanço em hamac é
excellente para o systema nervcso, e mesmo preferi-
vel ao descanso ,em chaise-1longue ou cama.
A primeira destas escolas pod-erá dentro de pou-
co tempo ser installada modestamente para duas tur-
mas de 2 5 alumnos, -escolhidos nas varias escolas mu •
nicipaes, e julgados em condições de saúde que acon-
selhem a sua admissão, devendo préviamente ser exa-
minados pelos medicos da Assistencia Publica Muni-
cipal, -emquanto não houver o serviço de Inspecção
Medica Escolar, que tão uteis, e infelizmente pouco
duradouros serviços prestou ha alguns a1111os.
Ficará esta escola a cargo dos Inspectores Medi-
cos Escolares, quando tiver sido restabelecido este
serviço indispensavel, e que vem assim realisar a jus-
ta aspiração de hygiene social que faz parte do bello
programma do actual Director da Instrucção Publi-
ca, o -eminente professor Azevedo Sodré, apoiado por
aquelles que sabem comprehender os deveres que se
impoem aos poderes publicos, na obra de proteGção á
infancia, durante o período escolar, um dos ma~s de-
licados na vida da creança.
De facto, as observações de Roeder e outros au-
tores mostram que dos IO aos l 5 annos a lethalidade
é causada principalmente pela tuberculose.
E é nessa -idade que certos cuidados, o diagnos-
tico precoce e uma orientação medica perfeita pode-
rão ev'Ítar este e outros perigos, que directa influen-
cia ·exercem no futuro de tm1a raça.
Nas escolas á beira-mar, deverá, sob direcção
medica, ser empregada a hyclrotherapia marinha,
principalmente nestas e nas escolas da montanha ( e
até mesmo nas escolas ela categoria (e), comtanto que
haja espaço suffi ci-ente) a heliotherapia, cujas van-
tagens toni:cas ·e therapeuticas bastante conhecidas
admiramos sinceramente, desde que, em 1913, tive-
mos occasião ele verificar os seus maravilhosos re-
sultados na clinica do Dr. Rollier em Leysin.
Sendo as condições de nosso clima bem diff e-
rentes das da Europa, onde nestes ultimas tempos a
posologia ela heliotherapia começa a tornar-se mais
conhecida, o seu emprego nas creanças das escolas ao
ar livre, forneceria vasto campo ele observação aos
Inspectores Medicas Escolares, podendo mesmo, além
elas vantagens therapeuticas, inspiJrar trabalhos ori-
ginaes ele valor ·e utilidade pratica, ~ applicaveis ao
nosso meio.
Da categoria ( b) devem ser installadas desde já
ou logo que fôr possivel, escolas ao ar livr·e no alto
da Tijuca •e Santa Thereza onde ha varios . l~caes ad-
miravelmente apropriados para este fim. Mais tarde,
quando forem saneados os morros da cidade, em
cada um delles eleve ser reservada area sufficiente
para o mínimo de tm1a escola, convindo que alguma:s
dessas escolas se approximem da categoria (e) de que
em seguida vamos tratar.
-23-

As ·escolas desta categoria (e) são as que por


excellencia devem ser creadas no Rio de Janeiro. onde
as condições são as mais vantajosas, e neste ponto,
não ha cidade que se lhe possa com.parar pela sua-
vidade do clin'J.a e numero de jardins e espaços ·ar-
borisados que, de passagem digamos, devem cori.ti-
nuamente ser augmentados.
Ha tres locaes onde a Prefeitura, sem despe:ws,
deveria i1n111,ediata11iente
installar escolas ao ar livre.
O primiero, no Passeio Publico, nas visinhanças
do Aquario, na parte contigua á rua Luiz de Vascon-
cellos, em frente ao Palacio Monroe, trecho aquelle
de pouco movimento e bastante arborisado (fig. II),
em posição ideal, batido de sol pela manhã e som-
breado á tarde, recebendo a aragem do mar. Na vi-
sinhança, o antigo bar poderia servir de abrigo para
as -creanças nos dias de chuva, e habitualmente de
deposito para o mobiliario escolar.
Seria pref erivel que a Prefeitura desistisse de
arrendar este bar, ou, sendo possível, rescindisse o
contracto existente.
O pequeno palco ao lado serviria para conferen-
cias sobre noções- elementares de hygiene que, uma vez
por semana, poderiam ser feitas pelo medico da escola.
Uma simples malha de arame, revestida mais
tard-e de folhagens e de trepadeiras, isolaria de algum
modo a escola elo resto do jardim.
Para ahi: poderia mesmo ser transferida uma
das escolas da visinhança ( rua Senador Dan tas ou
melhor, Evaristo da Veiga) .
O segundo local, talv-ez superior por ser mais
espaçoso, é o trecho da Quinta da Boa Vista, nas vi-
sinhanças do restaurant (fig. 12), que actualmente
está fechado, e que serviria de deposito para o mo-
-24-

biliario ,escolar e ele abrigo para as creanças nos dias


ele máo tempo.
:Varios outros locaes aproveita veis ha ainda na
Quinta ela Boa Vista, sendo um elos melhor ,es o que
representa a fig. 13, proximo ao portão ela rua Ge-
neral Canabarro, p111de,com, despesa relativamente
pequena, poderia ser construido um pavilhão como o
1

da fig. 1 . .:.'
Nestas duas ultimas escolas talvez seja preferí-
vel o material tosco e fixo, distribuído em mais ele um
ponto . , .. -1
., 1~
O terceiro local, não tão perfeitamente indicado,
mas em boas condições, apesar ele alguns inconvenien-
tes, é o recanto da Praia ele Botafogo, /onde ha um
lindo massiço de arvores, junto ao pavilhão Mouris-
co (fig. 14)'. ., ~~' ., 1':
A area é sufficiente para uma pequena escola ,e
bastante sombreada em quasi todas as horas do dia,
mesmo nas de maio11 calor, como tivemos por varias
vezes occasião de veri:ficar . S.erá ainda isolada por
malhas de arame, revestida:S mais tarde de folhagens
e trepadeiras .
Deve S•er aproveitado o pavilhão para abrigo
das creanças nos dias de chuva e para deposito do
material escolar. O palco terá o mesmo fim que o
do Passeio Publico.
Ainda em excellentes condições, não nos faltam
locaes apropriados, como o parque da Praça da Re-
publica, Campo de S. Christovão, Avenida Beira-
Mar ( na visinhança ela estatua de Barroso)" e muitos
outros, onde, com pequena despesa, a Prefeitura deve
ir a pouco a pouco fundando novas escolas á propor-
ção que a pratica f ôr mostrando as suas vantagens,
~-
~
.
1/Q
-25-

indiscutíveis n'um clima quente •e por isso mesmo


depauperante como o nosso.
Não será utopia esperar que dentro ele um praso
de 20 annos, quasi todas as escolas municipaes func-
cionem ao ar livre, em qualquer espaço onde houver
arvores, -em vez de occuparem preclios acanhados sem
as condições de hygiene, icontrarianiclo as regras da
moderna pedagogia .
Como acima dissemos, nestas escolas que serão
destinadas ás creanças de saud.e perfeita, o program-
ma será o habitual, apenas accrescido pelos exerci-
cios physicos e gymnstica respiratoria .
N' aquellas onde houver bastante espaço poderia
ainda ser ,empregada a heliotherapia e adoptaclo o
systema ela sésta obrigatoria, e talvez mesmo haver
installações para banhos.
Outro ponto excellente para uma ou varias es-
colas ao ar livre, seria o Jardim Botanico, on·de não
faltam locaes apropriados, entre estes o que repre-
senta a fig . IS.
Seria facil construir um pavilhão onde os alum -
nos se abrigassem das chuvas, funccionanclo as aulas
quasi sempre á sombra elas arvores.
Sendo este um bairro em que é grande a popu:..
lação operaria, e de classe pobre, deveria ser creado
alli um typo escolar especial, entrando a Prdeitura em
accôrclo com o Ministerio da Agricultura, para que
pusesse á sua disposição o local para a escola e ao
mesmo tempo um professor que á tarde ministrasse
aos alumnos lições praticas ele jardinagem, pomi-
. cultura, floricultura, etc., dando assim maior desen-
volvimento ao programma habitual .
Uma ar.ea seria destinada a esse fim, e a co-
lheita obtida auxiliaria o abastecimento desta escola,
-26-

como acontece na do "Bois de la BMie", em Genebra,


podendo mesmo alguma cousa ser vendida ou servir
para fornecimento de outras escolas.
O maior futuro do Brazil está na Agricultura e
na Pecuaria, - phrase aliás banalissima, porern que
tem a sua razão de ser .
Em grande parte dessas creanças despertaria
mais tarde o gosto por estes mistéres, dos quaes se
poderia occupar.
N'outras, quando não fossem tão directa1mmte
praticas os resultados, a indelevel r,ecordação destes
annos da primeira infancia, teria influencia decisiva.
ensinando a apreciar as cousas simples e sãs, a vida
ao ar livre, o que muito concorre para a saude ,e ro-
bustez de uma raça. '
Não haverá o menor inconveniente si esta e ou-
tras escolas forem destinadas ás cr,eanças de ambos
os sexos, estabelecendo, porém, um limite de idade
mais restricto do que nos climas frios, pois em nosso
meio a puberdad ,e é m.il,isprecoce.
Referindo-se a esse ponto, disse-nos um emerito
professor em Zurich que observava sempre que, nas
escolas mixtas, as •ctiean_ças tornavam-se melhores,
havendo estimulo de pç1.rtea parte .
Nos meninos despertavam os sentimentos cava-
lhe~rescos, e nas meninas a coquetterie innata, sendo,
portanto, uma questão de habilidade e tino do edu-
cador sabet tirar partido destas disposições e orien-
tal-as para o bem.
Nesta -escola as meninas aprenderiam elementos
de costura, cosinha e trabalhos manuaes, -indo mais
tarde grande numero destes alumnos frequentar as
escolas profissionaes, cujo numero, esperamos, estará
então augmentado, pois os poderes publicos já se pre-
-27-

occupam com ·este importante assumpto, que tanto in-


teressa ao progresso do nosso Pai z .
Esta escola, bem como as de categoria (a) e
(b) terão um projecto á parte. Ein primeiro logar,
sendo ellas afast ada s do centro da cidade, no que aliás
offerecem grandes vantagens sob todos os pontos de
vista, a Prefeitura deve entrar -em accôrdo com a
"Light" sobre a conducção rapida em tramways es-
peciaes, a preço inh:no ou gratis, que a horas certas
receberão as creanças em determinados pon!os da ci-
dade.
Deve-se ainda considerar a alimentação elas cre-
anças, que terão sempre nestas escolas suas refeições
- café com leite 'e pão com manteiga pela rpanhã,
almoço substancial, merenda e talvez jantar em al-
gumas -escolas .
O menu será apropriado ás creanças, variado e
nutritivo, organ ~saclo semanalmente pela Direcção da
escola, sujeito, porém, á fiscalisação do medico, que
poderá modifical-o si isso lhe parecer conveniente.
Quanto ao programma , que variará para cada
-categoria de escola, poderá, em linhas geraes, ser ada-
ptado o da ,escola do "Bois de la Bã.tie", em Gene-
bra, com algumas das modificações que acima propu-
semos e outras de accôrdo com o regulamento escolar
do Districto Federal.
Em relação ao horario, convem frisar que ma-
xime em nosso clima, as aulas devem ser de pref eren-
cia pela manhã reservando-se a tarde para jardina-
gem e trabalhos manuaes.
A sésta é de grande utilidade nas horas de maiõr
calor e de preferencia terá lugar das r3 ás 15 horas.
A vestimenta usada nas ,escolas ao ar livre deve
·-ser leve, e de maneira que as ·creanças conservem o
-28-

thorax descoberto e se robusteçam, num constante ba-


nho de ar. De vez em quando expostas ao sol é con-
veniente que usem chapéos ele palha _de largas abas .
A frequencia nestas escolas não deve ser gra-
tuita . Além das vantagens pra ticas aux iliando assim
as despezas de custeio elas escolas, a observação ge-
ral tem demonstrado que pelo publico é considerado
sempre de maior valor, o que lhe custa alguma cousa.
Sendo, porém, urna obra de defe sa social, a con-
tribuição d-e cada alurnno deve ser modesta ( appro-
xirnadamente $500 réis diari os) , podendo os mais
necessitados ser auxiliados pelas Caixas Escolares,
cuja creação no Districto Federal, já é uma realidade
merecedora de ·elogios.
A Municipalidade poderá di spensar do paga-
mento a certos alumnos que forem reconhecidamente
indigentes. A contribuição poderá ainda ser deter-
minada de accôrdo com os haveres dos paes dos
alumnos.
Cada classe deve constar de 25 a 30 alumnos no
maximo.
Para que seja completo o resultado das escolas
ao ar livr-e, não devemos perder a opportuniclade de
insistir pela creação de "Colonias de férias" que de-
verão de pref erencia ser installadas em fazendas não
muito distante das grandes cidades, e de facil com-
municação com as mesmas, e onde além ela vida sã e
simples que tanto fÓ1iifica o physico e o moral das
creanças , as despesas ele custeio serão menores , po-
dendo talvez ser aproveitados alguns dos proprios na-
cionaes, cujo clima e outras condições se prestem
para -este fim.
E o administrador que tiver conseguido real isar
tão nobre intento cuj o exemplo certamente se estende-
~7-
'

· '
' , •
.
'
.1
·'

;]
'
-29-

rá a todo o Brasil, mer,ecerá sem duvida as bençãos de


um povo.
Basta considerar o numero incalculavel de exis-
tencias que serão salvas, protegendo convenientemente
na idade escolar as creanças doentias, muitas das
quaes ficando immunes da tuberculose, serão mais
tarde trabalhadores fortes e sãos, capazes de enfren-
tar victoriosos a ardua mas nobilitante lucta pela vida.
Abandonadas naquelle período estão condemna-
das a ser mais cedo ou mais tarde hospedes frequen-
tes dos Hospitaes, custando sommas enormes á ca-
ridade publiica e privada, ou por mais que soffram e
que se esforcem, produzindo trabalho medíocre, dis-
seminando ainda nas fabricas e em qualquer parte
onde se achem a tuberculose de que muitas serão vi-
ctimas, augmentando assim por debilidade physica
ou ·incapacidade intellectual a legião dos vencidos e
candidatos á morte precoce.
Mas para que os resultados sejam ainda mais
completos e efficazes, a acção deveria ser em conjun-
cto, começando desde a primeira infancia, estenden-
do-se até á adolescencia.
Embora quasi tudo nos reste ainda por fazer,
parece que, para honra da civilisação ele nosso Paiz,
um franco movimento em prol ela infancia vae-se
avolumando e, bello symptoma este, partido ela ini-
ciativa particular.
Ninguem ignora o grande serviço que ha lon-
gos annos vem pr.estando á população desvalida do
Districto Federal, o Instituto de Protecção e Assis-
tencia á Infancia, creaclo por iniciativa do Dr. Mon-
corvo, e que se vae irradiando em varias estados do
Brasil . Serviços elo n1:esmovalor tem prestado a Po-
liclínica ele Creanças á Rua Miguel de Frias, e que
-30-

dirigida pelo eminente Dr. Fernandes Figueira, pode


ser conside1:ada como urna das nossas principaes es-
colas de Pediatria .
Uma outra obra de utilidade não menos inesti-
mavel é o Patronato de Menores, ao qual temos o
praser cl-e prestar os nosso serviços medicas, em sua
Creche e Policlinica á rua Guanabara . Annexo á
Creche acaba ele ser inaugurad o um "Jardjm da In-
fancia" que de accôrdo com as idéas pelas quaes nos
batemos, funccionará o maior tempo que fôr possivel,
ao ar livre.
A sua installação definitiva será num pavilhão
semi-aberto do typo elos de Roma a que nos referi-
mos neste trabalno, e que a digna Directoria fará
dentro de poucos mezes construir -em um terr ·eno ar-
borisado e 15astante espaçoso, clependencia do predio
occupado pela C111eche.
Obra de philantropia, mantida pelo que ha de
mais brilhante e selecto na sociedade carioca. tem o
Patronato a seu cargo as cr-eanças desde os primeiros
mezes, até aos sete annos ele idade, -e mais tarde insti-
tuirá um serviço de "Gotta ele Leite", podendo para
que os resultados sejam mais completos, uteis ,e pra -
ticas, a-inda fornecer para as creanças de classes abas-
tadas, mediante retribuição , leite scientificamente do-
sado, a exemplo do que vimos nas principa -es cidades
da Europa, o que é uma garantia, pois os erros de
alimentação na primeira infancia, mesmo enfre os ri-
cos, são muito mais numerosos do que parece á pri-
meira vista.
Em br,eve será, por proposta nossa, creada nas
mesmas condições uma secção de heliotherapia.
Em futuro talvez remoto porque a obra está.
ainda um começo, esperamos que possa ser creada
-31-
uma Colonia de férias, bem como um pequeno hos-
pital, dependentes do Patronato.
E porque não será possivel realisar este util pro-
gramma? " A' associação não addiciona forças, mas
multiplica-as", disse um autor.
Um bello exemplo em favor da regeneração de
nossa raça, acaba de dar-nos S. Paulo, o grande Es-
tado, pioneiro do progresso no Brasil, creando a "As -
sociação Brasileira dos Escoteiros", instituição con-
genere ás que na Inglaterra, França, Italia, Suissa e
outros paizes muito hão cont_ribuido para o vigor phy-
sico, moral e intellectual dos jo vens de 12 a 18 annos.
Concluindo o nosso trabalho, meditado quando
na Europa completavamos a nossa educação medica,
elaborado nas horas ele lazer, e escripto ,com as in-
terrupções a que obrigam os nossos afaz.eres, não te-
mos a pretenção de apresentar obra perfeita e ainda
menos de resolver o ingrato, complex o e na hora actual
quasi insoluvel problema da prophylaxia da tuber-
culose .
Compenetrados dos dever,es que se impoem a
quem deseja ser digno de mer.ecer o grande titulo de
medico, procuramos apenas traser o nosso pequeno
contingente, insistindo pela creação de obra tão util,
na qual d,evam cooperar os poderes publicos, si preciso
fôr, auxiliados pela iniciativa particular, num bello
gesto de solidariedade humana .
Que outros, dispondo ele melhores elementos,
completem ·e modifiquem o nosso projecto, de accôr-
clo com o que fôr mostrando a observação, e consi-
gam fazer despertar o carinho por este assumpto de
interesse vital para o nosso paiz .
Daremos por bem empregado o nosso esfor,,_"àe
trabalho, si dentro de alguns annos tivermos a ven-
-32-
tura de assistir á realisação deste bello sonho, vendo
o solo bra sileiro, de norte a sul, desde as grandes ci-
dades até ás modestas povoações, semeado de escolas
ao ar livre, contribuindo assim para o preparo de
uma nova geração, forte, sadia e intelligente, traba-
lhando ,em todos os ramos da actividade humana pela
grandesa da patria, e consciente do seu valor e do
seu maravilhoso futuro.
Rio (Copacabana), Setembro de 1915.
/

ILLUSTRAÇõES

Figuras I a 6- Es~ola do "Bois de la Bâ.tie"


em Genebra.
Figuras 7 e 8- Tr ,echos em Copacabana e Lt-
bLon (Rio de Janeiro) onde
podem ser installadas escolas
á beira-mar.
Figura 9- Escola de Hartford ( *) .
Figura IO - Carteira Rettig ( **) .
Figuras II a I 5- Alguns dos muitos locaes do Rio
de Janeiro, apropriados para
escolas ao ar livre.
Figura 16- Pavilhão do refeitorio no "In-
stituto Oswaldo Cruz", (parte
,externa).
Figura I7 - Interior do mesmo pavilhão.

(*) Dr. L. P. Ayres - OPEN-AIR SOHOOLS.


(**) H. Selter - HANDBUCH DER DEUTSOHEN SOHULHYGIENE.

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