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COLÉGIO MUNDO MÁGICO DA CRIANÇA

EDUCAÇÃO INFANTIL, FUNDAMENTAL e MÉDIO


AVALIAÇÃO BIMESTRAL
Data: ___/___/2021
Bimestre: 3º Prova: P-2
Turma: 9º Ano Disciplina: Produção de texto
Professora: Adriana Leite
VALOR DA PROVA: 60 NOTA ALCANÇADA:
ALUNO(A):____________________________________________NÚMERO: ______
A produção vale 15 pontos.
Cada questão vale 0,3 pontos.
Leia a crônica e responda às questões:
OUSADIA
Fernando Sabino

A moça ia no ônibus muito contente desta vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou:
- A sua passagem já está paga, disse o motorista.
- Paga por quem?
- Esse cavalheiro aí:
E apontou um mulato bem vestido que acabara de deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso
junto à calçada.
- É algum engano, não conheço esse homem. Faça o favor de receber.
- Mas já está paga...
Faça o favor de receber! – insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem alto para que o
homem ouvisse: - Já disse que não conheço! Sujeito atrevido, ainda fica ali me esperando, o
senhor não está vendo? Por favor, faço questão que o senhor receba minha passagem.
O motorista ergueu os ombros e acabou recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes.
A moça saltou do ônibus e passou fuzilada de indignação pelo homem.
Foi seguindo pela rua sem olhar para ele.
Se olhasse, veria que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns passos.
Somente quando dobrou à direita para entrar no edifício onde morava, arriscou uma espiada: lá
vinha ele! Correu para o apartamento, que era no térreo, pôs-se a bater aflita:
- Abre! Abre aí!
A empregada veio abrir e ela irrompeu pela sala, contando aos pais atônitos, em termos onfusos,
a sua aventura.
- Descarado, como é que tem coragem? Me seguiu até aqui!
De súbito, ao voltar-se, viu pela porta aberta que o homem ainda estava lá fora, no saguão.
Protegida pela presença dos pais, ousou enfrentá-lo.
- Olha ele ali! É ele, venha ver! Ainda está ali, o sem-vergonha. Mas que ousadia!
Todos se precipitaram para a porta. A empregada levou as mãos à cabeça.
- Mas a senhora, como é que pode! É o Marcelo.
- Marcelo? Que Marcelo? – a moça se voltou surpreendida.
- Marcelo, o meu noivo. A senhora conhece ele, foi quem pintou o apartamento.
A moça só faltou morrer de vergonha:
- É mesmo, é o Marcelo! Como é que não reconheci! Você me desculpe, Marcelo, por favor.
No saguão, Marcelo torcia as mãos encabulado:
- A senhora é que me desculpe, foi muita ousadia.

Após ler o texto com atenção, responda:


1.Qual é o tema desta crônica? Justifique:
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2. Quem são as personagens principais da crônica?
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3. a) O foco narrativo é:
( ) 1ª pessoa ( também é personagem)
( ) 3ª pessoa (observador – conta apenas o observa)
( ) 3ª pessoa onisciente (sabe também o que as personagens pensam)

b) Justifique a sua resposta com um trecho da crônica.


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4. a) A linguagem empregada no texto é:
( ) formal ( ) informal
b) Transcreva um trecho do texto que justifique sua resposta.
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5.Identifique no enredo da crônica as situações a seguir:
Situação inicial
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Clímax
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Desfecho
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6.A descrição física do moço é importante para a construção do mal-entendido na história? Por
quê?
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7. a) Justifique o título da crônica:
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b) Em sua opinião, a crônica “Ousadia” faz alguma crítica a algum comportamento humano muito
presente em nossa sociedade? Qual?
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LEIA o texto um relato da escritora brasileira, Sylvia Orthof e conheça “o bicho papão” particular,
que era o maior medo dela na infância.

A gente tem muitos bichos na vida. Eu, como toda criança, tive meu bicho papão particular,
chamado medo. Bicho Papão aparecia nas horas mais escuras da noite, naquelas horas em que
a cabeça da gente começa a imaginar besteira, imagina, imagina, de repente o medo toma conta
do mundo. Bicho Papão a gente inventa. O meu foi inventado por uma cozinheira gorda chamada
Guiomar.
Guiomar era negra, gordíssima e vivia contando histórias terríveis, de botar cabelo em pé.
Eu tenho cabelo crespo, até hoje, por culpa da Guiomar. Ela me contou cada uma, arrepiei tanto,
que arrepiado fiquei! Dizem que a gente não deve contar histórias de botar medo pra crianças,
por isso não vou contar o que Guiomar contava.
Eu sei que, de tanto ouvir a cozinheira, criei meu Bicho Papão particular. Ele era assim:
olhos cor de fogo, pés virados pra trás, soltava muita fumaça pelas ventas e era mula sem
cabeça, além de pular num pé só e usar uma touca vermelha, fumar um cachimbo e, de vez em
quando, parecer com minha professora de matemática. Tinha vezes que o bicho papão era ótimo,
nem existia! Mas bastava ser noite de tempestade, lá vinha o Bicho Papão vestido de lençol
branco, casaco de padre, chapéu de freira, blusa de crochê e leque de plumas. Era realmente
uma coisa impossível, não existia, era meu medo.
Uma noite cismei que meu pai era o Bicho Papão. Foi cismar, pronto, aconteceu. Não
aconteceu de verdade, mas aconteceu dentro da minha cabeça. Cabeça da gente é fogo! Eu já
estava deitada. Era uma noite escura. Papai estava conversando na sala, com visitas. De
repente, pensei assim: O Bicho Papão está fingindo que é meu pai. Ele está lá na sala
conversando, enganando todo o mundo, tomando a forma de meu pai, o danado! Mas não é meu
pai, é o Bicho Papão! Pra tirar a dúvida vou chamar ele pra vir aqui, no meu quarto... se ele tiver
pé de pato, em vez de ter pé de gente, é porque ele não é meu pai!
O vento batia na cortina branca, igual aos filmes de terror. Resolvi que preferia dormir, sem
saber da verdade. Chamar meu pai pra tirar a dúvida? Deus me livre. Bicho papão da minha
imaginação. Lembrei de uma reza que Guiomar tinha me ensinado pra espantar todos os males
do mundo. Era uma reza complicada, precisava rezar e dar uns pulinhos e umas voltas. Pra rezar
aquilo seria necessário sair de baixo do cobertor. Deus me acuda! Meu Bicho Papão era assim:
tinha pés para trás e eram de patos. Às vezes eram só de pato, virados pra frente mesmo.
Resolvi tomar coragem, mas o pavor não passava. Era preciso rezar a reza de Guiomar, pois
comecei a ouvir a voz de papai, como se ele tivesse uma voz com sotaque papônico. Ai era
preciso sair da cama e rezar a reza. Pulei da cama rápido, acendendo a luz de cabeceira.
Sombras enormes projetavam-se nas paredes, a cortina continuava a dançar enquanto o vento
gemia lá fora: uuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Comecei a recitar a reza: Senhor dos aflitos, protegei-me
a mim e a esta casa, pelos quatro cantos (tinha que dar quatro pulos cada vez, virando-me para o
um canto do quarto), pelas três estrelas cadentes (levantar o braço esquerdo três vezes), pelo
anjo arcanjo Jeremias, que o mal desapareça por aquela janela (ajoelhar em frente à janela), em
sete rodopios quentes e frios (rodar sete vezes). Nesta exata hora em que eu estava dando o
sétimo rodopio, meu pai entrou no quarto, pra ver que barulheira era aquela. Foi entrar, eu pulei
de volta pra cama, dura de pavor. Seria meu pai, ou seria o Bicho Papão? Eu ainda não havia
terminado de rezar a reza, faltava completar o sétimo rodopio, depois rezar uma Ave Maria.
- Você está de luz acessa, Sylvia?
- Estou sem sono, papai! Papai aproximou-se para ajeitar meu cobertor. Eu, de olhar duro,
sem espiar os pés dele. Com certeza eram de pato, virados para trás, ave cheia de graça o
senhor é convosco...
- Você precisa dormir, menina. Amanhã o colégio começa cedo. Resolvi espiar. Eu ia dar
uma olhadinha rápida nos pés do meu pai, era só tomar coragem. Suava frio, tremia toda,
apavorada.
Você está com frio? Pronto! Ele perguntou isso só para me soprar o fogo de suas ventas!
Era a mula sem-cabeça, fingindo ser papai. Tinha pé de pato, com certeza absoluta! Tomei
coragem, virei os olhos pra baixo pra espiar. Neste segundo, ele apagou a luz dizendo:
- Boa noite.
Fiquei sem saber se era meu pai, ou se era o Bicho Papão. Até hoje meu cabelo é duro de
pentear. Espetou, arrepiado para sempre.
(Os bichos que eu tive – Sylvia Orthof – p.28-30)

01 – É correto afirmar que o texto lido é um relato pessoal? Justifique a partir das características:
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02- IDENTIFIQUE se o narrador deste texto é personagem ou observador. JUSTIFIQUE sua
resposta.
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03 - A linguagem utilizada para o relato pessoal é a linguagem informal ou a linguagem formal.
INDIQUE qual dessas linguagens o texto lido utiliza. RETIRE do texto um exemplo que comprove
sua resposta.
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04- Redija um relato sobre “ Um dia de um desempregado na busca por emprego” , seja criativo e
detalhe bem seu relato. Mínimo 10 e máximo 15 linhas.
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