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Teoria dos Números – Prof. Érico Santana de Macedo e Prof. Ms. Yuri Santana de Macedo
Meu nome é Érico Santana de Macedo. Cursei Licenciatura em Matemática na Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) e participei do Programa de Aperfeiçoamento para Professores de Matemática, oferecido
pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Atualmente, sou professor de Matemática na
rede particular de ensino.
E-mail: ericosantana.1@gmail.com
Meu nome é Yuri Santana de Macedo. Cursei Licenciatura em Física na Universidade do Estado de Santa
Catarina (Udesc), campus Joinville, e Mestrado em Engenharia Nuclear no Instituto Militar de Engenharia (IME).
Atualmente, no Claretiano – Faculdade de Rio Claro, leciono as disciplinas de Física, Laboratório de Física e
Estatística para Serviço Social, dos cursos de Engenharia Elétrica, Mecânica, Mecatrônica e Serviço Social. Além
disso, atuo como professor responsável e tutor web do curso de Engenharia de Produção do Claretiano –
Centro Universitário.
E-mail: yuri_macedo@yahoo.com.br
Érico Santana de Macedo
Yuri Santana de Macedo
Batatais
Claretiano
2020
© Ação Educacional Claretiana, 2020 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Claretiano – Centro Universitário
Cursos: Graduação
Disciplina: Teoria dos Números
Versão: ago./2020
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Eduardo Henrique Marinheiro
Camila Maria Nardi Matos Filipi Andrade de Deus Silveira
Carolina de Andrade Baviera Rafael Antonio Morotti
Cátia Aparecida Ribeiro Vanessa Vergani Machado
Lidiane Maria Magalini
Projeto gráfico, diagramação e capa
Luciana A. Mani Adami
Bruno do Carmo Bulgarelli
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Joice Cristina Micai
Patrícia Alves Veronez Montera
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira
Luis Antônio Guimarães Toloi
Vanessa Ito Nazar
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami
Videoaula
André Luís Menari Pereira
Bruna Giovanaz Bulgarelli
Gustavo Fonseca
Luis Gustavo Millan
Marilene Baviera
Renan de Omote Cardoso
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia,
gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
Congruências ..................................................................................................................... 58
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 59
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA................................................................................................................. 59
2. 1. CONGRUÊNCIA: DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES ............................................................................................. 59
2. 2. CONGRUÊNCIAS LINEARES. .......................................................................................................................... 66
2.3. EQUAÇÕES DIOFANTINAS. ............................................................................................................................ 73
2.4. O TEOREMA CHINÊS DO RESTO. ................................................................................................................... 76
3. CONTEÚDOS DIGITAIS INTEGRADORES ................................................................................................................ 81
3. 1. CONGRUÊNCIA: DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES ............................................................................................. 81
3. 2. CONGRUÊNCIAS LINEARES E EQUAÇÕES DIOFANTINAS. ............................................................................. 82
3.3. O TEOREMA CHINÊS DO RESTO. ................................................................................................................... 82
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 84
5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 86
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................................. 87
UNIDADE 4
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo
Os inteiros: conceitos e resultados básicos da aritmética dos inteiros. MDC e MMC. Números Primos
e o Teorema Fundamental da Aritmética. Congruências. Equações Diofantinas. Aplicações.
Bibliografia Básica
LANDAU, E. Teoria elementar dos números. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2002.
SHOKRANIAN, S. Uma introdução à teoria dos números. 1. ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,
2008.
______. Breve história da teoria dos números no século vinte. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,
2010.
Bibliografia Complementar
IEZZI, G. Fundamentos de Matemática elementar: conjuntos, funções. São Paulo: Atual, 2004. v. 1.
MARTINS, J. F. C. Matemática sem fronteiras: aritmética. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2011.
SAMPAIO, J. C. V.; CAETANO, P. A. S. Introdução à teoria dos números: um curso breve. São Carlos:
Edufscar, 2007.
SILVEIRA, D. C.; SALDANHA, M. S. G.; MISITI, L. O. R. Aritmética: 1.463 problemas resolvidos e
explicados – Matemática fácil e sem mistérios. São Paulo: Ícone, 2012.
SINGH, S. O último teorema de Fermat: a história do enigma que confundiu as maiores mentes do
mundo durante 358 anos. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
1. INTRODUÇÃO
"A matemática é a rainha das ciências, e a teoria dos números é a
rainha da matemática” (Carl Friedrich Gauss).
A teoria aritmética dos números, ou teoria dos números, ou aritmética, possui essa fama,
pois é capaz de deduzir poderosos resultados partindo do mais simples conjunto numérico, depois
dos naturais: os inteiros. Estudaremos propriedades dos inteiros envolvendo divisibilidade,
fatoração em primos e congruência.
Iniciaremos o estudo de Teoria dos Números, por meio do qual você conhecerá resultados
clássicos dessa ciência. Tais resultados são conhecidos desde a época de Euclides, recebendo
aperfeiçoamentos de matemáticos, como Fermat, Euler e Gauss. Alguns desses conceitos são
amplamente utilizados por professores e alunos desde o Ensino Fundamental, mesmo que, nesse
nível de ensino, não seja demonstrada a validade deles.
Além disso, vamos apresentar situações-problema que empregam esses novos conceitos e
que podem ser aplicadas em sala de aula por necessitarem apenas de definições e propriedades
elementares dentre as que estudaremos.
Por ser o conjunto de números mais simples de se lidar, após os naturais, os números
inteiros são estudados à exaustão desde a época dos gregos. Os matemáticos da escola de Pitágoras
(aproximadamente 500 a 300 a.C.) acreditavam que todas as medidas existentes na natureza
podiam ser representadas por inteiros ou por razões entre inteiros (ou seja, números racionais). Em
razão disso, as propriedades desses números foram largamente estudadas.
Já Erastótenes (cerca de 200 a.C.) apresentou um método simples e belo para determinar se
um número é primo, e, séculos mais tarde, Diofanto de Alexandria (200 a 284 a.C.,
aproximadamente) dedicou-se a estudar equações em que todos os coeficientes e variáveis eram
números inteiros.
Euler (século 17) generalizou o Pequeno Teorma de Fermat, e, no século 19, surgiu Gauss,
que, em sua obra Disquistiones arithmeticae, apresentou uma notação que facilitou, e muito, o
estudo das relações entre números, divisores e seus restos, que é a notação utilizada até hoje para
congruência modular.
Com base nos resultados desses matemáticos, é possível resolver vários problemas e
teoremas, alguns dos quais veremos neste Caderno de Referência de Conteúdo.
Vamos começar?
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais,
possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento
dos temas tratados.
1) Algoritmo da divisão: garante que, para cada divisão entre inteiros, exista um único
quociente e um único resto.
2) Algoritmo de Euclides: permite que se calcule o máximo divisor comum entre dois
números.
conjunto dos naturais mais o zero e mais o oposto de cada natural. Consideremos válido
que a soma, a subtração e o produto entre inteiros resultam em números inteiros, e
também que o módulo de um inteiro é um inteiro. Observação: neste Caderno de
Referência de Conteúdo, toda letra em itálico representará um inteiro.
9) Mínimo múltiplo comum (positivo): é o menor m > 0, tal que a|m e b|m.
10) Número primo: é um número p que possui, exatamente, dois divisores positivos: 1 e p.
11) Teorema Chinês dos Restos: mostra como resolver congruências lineares
simultaneamente.
12) Teorema Fundamental da Aritmética: garante que todo número inteiro pode ser
expresso como um produto de primos, o qual é único, a não ser pela ordem em que os
primos aparecem. Cada elemento desse produto é chamado de fator, e assim, essa
representação também é conhecida por fatoração ou, ainda, decomposição canônica.
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LANDAU, E. Teoria elementar dos números. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2002.
5. E-REFERÊNCIAS
USP - E-CÁLCULO. Leonhard Euler. Disponível em: <http://ecalculo.if.usp.br/historia/ euler.htm>. Acesso em: 10 fev. 2014.
______. Carl Fridrich Gauss. Disponível em: <http://ecalculo.if.usp.br/historia/gauss. htm >. Acesso em: 10 fev. 2014.
______. Pierre de Fermat. Disponível em: <http://ecalculo.if.usp.br/historia/fermat.htm >. Acesso em: 10 fev. 2014.
PAIS, A. J. S.; VENTURA, H. M. G. D F.; OLIVEIRA, S. A. V. História dos números primos.
<http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm98/icm12/Historia.htm >. Acesso em: 10 fev. 2014.
Objetivos
Compreender a definição de divisibilidade e suas propriedades.
Entender os raciocínios por trás das demonstrações em Teoria dos Números.
Compreender as definições de mmc e MDC e suas propriedades.
Conteúdos
Divisibilidade: definição e propriedades.
O algoritmo da divisão.
Mínimo múltiplo comum e máximo divisor comum: definição e propriedades
O algoritmo de Euclides.
1) Sempre que se deparar com uma definição, tente compreendê-la através de exemplos. Tente
criar seus próprios exemplos, além daqueles fornecidos por esse Caderno de Referência de
Conteúdo. Só assim você realmente entenderá o significado de cada conceito.
2) Procure refazer as demonstrações no papel. Apenas lê-las não é o suficiente. Reescreva linha por
linha, mas não como uma simples cópia, mas sim, tentando entender cada passo. É assim que se
entende uma demonstração.
3) Tanto essa, como as demais unidades, são baseadas basicamente no livro de Landau.
4) Não, são, porém, um resumo. Sabe-se que a escrita matemática é muito concisa, portanto, se
resumíssemos o que há é conciso, não haveria sentido escrever esse Caderno de Referência de
Conteúdo. O objetivo aqui é escrever com uma linguagem mais acessível, procurar explicar passo
a passo as demonstrações, e fornecer muitos exemplos.
5) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos nos Conteúdos Digitais
Integradores
1. INTRODUÇÃO
A partir de um conceito tão simples que é o de divisibilidade, são deduzidos teoremas com
aplicações em inúmeras áreas, tanto na Matemática “pura”, quanto na Matemática Aplicada, como,
por exemplo, Criptografia. Esta unidade apresenta os resultados preliminares dessa ciência,
portanto a sua compreensão integral é fundamental para o entendimento de todo o curso.
Algumas observações de ordem prática: como trabalharemos somente com o conjunto dos
inteiros, admitiremos, ao longo do texto, que toda letra minúscula, em itálico, representará um
inteiro. Essa é a mesma notação que Landau utiliza em seu livro. Portanto, quando dissermos, por
exemplo, “Considere a > 6 ...”, está implícito que dizemos “Considere um número inteiro, a > 6...”
Como o leitor já deve ter estudado, o conjunto dos inteiros é fechado para soma e
subtração, ou seja, a soma de inteiros resulta em um inteiro, assim como a subtração. Além disso, o
oposto de um inteiro também é inteiro, assim como seu módulo. Tais fatos serão usados ao longo
do texto.
7 não é divisível por 3, afinal não existe um inteiro q de modo que 7 = q.3.
Podemos, portanto, dizer que “10 é divisível por 2”, “2 é divisor de 10”, ou, ainda, que “2
divide 10”.
O símbolo que representa essas sentenças é o seguinte: a | b. Ou seja, 2 |10. Não confunda
esse símbolo com o símbolo de divisão, pois é justamente o contrário!
Ou seja, 2|10 significa “2 divide 10” o que é completamente diferente de escrever a fração
Perceba que essa relação não está definida para a = 0, ou seja, não faz sentido dizer, por
exemplo, que “0 divide 3”, nem que “0 não divide 3”. Simplesmente não se diz nada sobre isso.
A essa altura de seu curso de Matemática, você já deve estar habituado com demonstrações,
mas não custa nada relembrar algumas coisas.
Toda sentença a ser demonstrada possui uma hipótese, que contém aquilo que admitimos
ser verdade, e uma tese, que é o que queremos provar, utilizando os dados da hipótese.
Vamos começar?
1-) Se , então: .
O número procurado é .
É importante, que, para se acostumar com a definição de divisibilidade, você leia “em
português” os resultados obtidos. Ou seja, “a divide menos b”, “-a divide b”, “-a divide -b”, “o
módulo de a divide o módulo de b”.
Agora, tomemos dois inteiros como exemplo e vejamos como fica simples essa propriedade.
Testar com exemplos torna essas propriedades um tanto quando óbvias, mas lembremos
que o importante de uma demonstração é mostrar que o resultado é válido para todos os números
inteiros.
e , então .
Exemplos: e , então .
e , então .
Se , então .
Exemplos:
a = 2, b = 10, c = 3; , então .
Exemplos:
a = 2, b = 8, c = 3; , então .
a = 5, b = 60, c = 8; , então .
Exemplos:
Exemplos:
e , então e .
e , então e .
Exemplos:
2. 2. O ALGORITMO DA DIVISÃO
O próximo teorema é tão importante que reservamos uma seção separada para ele. É o
teorema em que descobrimos que o algoritmo da divisão, que usamos desde nossos primeiros anos
na escola (com divisor, dividendo, quociente e resto) realmente vale para todos os inteiros. Porém,
antes de demonstrá-lo, precisamos ver/rever um conceito conhecido como “Princípio de
Arquimedes”, que costuma ser ensinado nas disciplinas de Cálculo I ou Análise. Esse enunciado
também é chamado de “Teorema de Eudoxius”. Landau utiliza-se desse resultado em sua
demonstração, mas não de forma muito clara, por isso, o enunciaremos aqui:
Em linguagem simbólica, teremos que para a e b inteiros, com , existe um inteiro q tal
que,
Se
Se
Se , devemos tomar .
Se , devemos tomar .
Se , devemos tomar .
Se , devemos tomar .
Em relação ao último exemplo, lembre-se que ≤ significa “menor que ou igual a”, ou seja, 20
se enquadra no caso de “igual a”.
Lema: Se , então .
Em palavras “Um inteiro só divide outro inteiro, diferente de zero, se for menor que, ou igual
a ele”.
Demonstração: Pelo teorema de Eudoxius visto anteriormente, como , existe q tal que:
, então
Ou seja, .
Agora, nos resta mostrar que e são únicos. Para isso, suponhamos que existam e
que também satisfaçam a propriedade a ser demonstrada. Teremos
(1)
(2)
Portanto, .
Logo .
Assim, (2) fica , mas, por (1), . Só nos resta que . Está
provada, então, a unicidade de e .
Por hipótese,
Pelo teorema 6 (Se um inteiro divide dois inteiros, ele divide qualquer combinação linear en-
tre eles), temos que e .
Sejam e não nulos. O máximo divisor comum, ou MDC, como o próprio nome diz, é o
maior inteiro que divide e . A notação significa “d é o maior divisor comum entre a e
b”
Observação 1: É sempre possível encontrar o MDC entre dois números ambos não nulos, e
ele é sempre um número positivo (todo número é divisível por um, então o MDC entre dois núme-
ros, será, no mínimo, 1).
Observação 2: Não existe o MDC entre 0 e 0. Ficará como exercício para o leitor demonstrar
esse fato.
Observação 3: As notações “MMC” e “MDC” não são usuais em livros de Ensino Superior,
mas, uma vez que esta é uma disciplina voltada para estudantes de Licenciatura em Matemática,
convém utilizá-las, para nos aproximarmos mais do universo de trabalho do futuro professor.
A propriedade a seguir aparece como exercício no livro de Landau, mas é muito importante
para a Teoria dos Números, portanto, a demonstraremos:
Exercício 2, p 269: “Para e arbitrários, ambos não nulos, considere todos os números da
forma , onde e podem tomar quaisquer valores inteiros. Seja o menor número posi-
tivo desta forma. Mostre que .”
A resolução desse exercício também está baseada no livro de José Plínio de Oliveira.
Como não divide , o algoritmo da divisão nos diz que existem e tais que
, com .
. Distribuindo q, temos
Como , , mas não pode ser menor que , pois é o MÁXIMO divisor comum de
e .
Obviamente, com números muito grandes, é difícil encontrar a menor combinação linear
“por tentativa”. Por isso, logo veremos um método prático para encontrar o MDC entre dois núme-
ros.
Teorema 11. Sejam e não ambos nulos. Seja . Então valem as duas proprie-
dades:
Demonstração:
O teorema 6 nos mostra que um divisor de e divide qualquer combinação entre eles
Portanto, por enquanto, nos limitaremos a entender seu significado: “O produto entre o
mmc e o MDC de dois números é igual ao produto entre esses números”.
Exemplo:
,e .
Teorema 12: Se e não são ambos nulos, então . Esse fato é trivial! Os ele-
mentos em comum entre dois conjuntos A e B, certamente serão os mesmos entre os conjuntos B e
A, logo o maior elemento comum será o mesmo.
Como , o teorema 3 (dividindo divisor e dividendo por ) nos mostra que . Portanto,
Exemplo: . Então,
comum entre dois números, e os quocientes entre números e forem primos entre si, então éo
Veja que e
Portanto, ( é o quociente)
e ( é o quociente).
Exemplos:
Então, .
Então, .
Ou seja, um método para encontrar o MDC entre dois números é encontrar um divisor comum
entre eles, tal que os quocientes entre eles e esse divisor sejam primos entre si.
Assim como no resultado do exercício 2, esse obviamente não é o método mais prático para
encontrarmos o MDC entre dois números.
....
Primeiro, vamos entender o que diz o enunciado do exercício. Ele afirma, que para encontrar
o MDC entre dois números a e b, devemos dividir a por b, e, em seguida, dividir o divisor dessa divi-
são pelo resto da mesma; depois, dividir o divisor da segunda divisão pelo segundo resto, e assim
sucessivamente, até encontrarmos resto 0. O resto da penúltima divisão será o MDC procurado.
Lema: Se , então
Portanto, .
Sucessivamente, teremos
E, finalmente,
, que é o que queríamos demonstrar.
Considerando as relações:
...
E, finalmente,
Ou seja, é o último resto não-nulo das sucessivas divisões, que é o que queríamos
demonstrar.
Portanto, .
O leitor atento lembrará que o Algoritmo de Euclides lembra muito um método ensinado no
Ensino Fundamental: o “chiqueirinho”. E esse método não é nada mais do que o Algoritmo de
Euclides, com uma visualização mais interessante para os estudantes. A título de curiosidade, aos
futuros professores, vamos relembrá-lo. Precisaremos de três linhas e um número de colunas que
dependerá de cada caso. Na primeira coluna, linha do meio colocamos o primeiro dividendo. Na
coluna seguinte, o divisor. Acima do primeiro dividendo, colocamos o quociente, e, abaixo do
primeiro divisor, o resto. Após a primeira divisão, o primeiro dividendo passará a ser divisor, e o
primeiro resto ficará ao lado dele, na terceira coluna. E assim sucessivamente. Observe a Figura 1.
r1 r2 ... rn-1 rn 0
1 1 5 1 8 1 2 =
(1113,
600)
513 87 78 9 6 3 0
3. 2. O ALGORITMO DA DIVISÃO
O Algoritmo da Divisão nos diz que dados e qualquer, existe um único par de e
tais que:
O segundo link traz a demonstração na qual foi baseada a demonstração dessa unidade
(encontra-se na página 4).
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
1) A partir da definição de divisibilidade, demonstre as propriedades a seguir, que vale para todos os
inteiros (utilize raciocínios semelhantes àqueles usados nos teoremas 1 a 6). Encontre exemplos para
cada propriedade demonstrada.
a) .
b) .
d) .
f) Se , , então
6) Utilizado o Algoritmo de Euclides, encontre o máximo divisor comum entre os seguintes números:
a) .
b) .
c)
d)
e)
Gabarito
1)
c) Suponha que a seja diferente de 1 e de -1. Então |a| > 1 Então, pelo Lema do Teorema 7, a não
pode dividir 1.. Portanto, Se a | 1, então a = 1 ou a = -1.
|a| = |b|.
f) Se a| b, então b = qa. Então q = b/a, ou seja, b/a é um inteiro. Multiplicando b/a por a, teremos:
b b
xa b -> | b
a a
Ou seja, e o quociente é a.
2) Como visto na letra d do exercício 1, todo inteiro é um divisor de 0. Logo, existe infinitos divisores de
0, não havendo um maior divisor. Portanto, não existe (0,0)
3) Seja f o MDC entre (a+b) e (a-b). Pelo teorema 5, f|(a + b) + (a + b) e f|(a + b) - (a + b), ou seja,
f|2a e f|2b. Portanto, f é um divisor comum entre 2a e 2b, e, pelo Teorema 11, f divide o MDC de 2a e
2b. Por hipótese, (a,b) = 1, e, pelo exercício 3 que resolvemos, (2a,2b) = 2(a,b) = 2.1 = 2. Ou seja, f|2.
Logo, pelo Lema do Teorema 7, só nos resta f= 1 ou f = 2.
4) Mostre que, se (a, b) = 1, o MDC entre (a + b) e (a -b) é 1 ou 2. Dica: Utilize o teorema 6 e o resultado
do exercício 3, p 269, do livro de Landau, que resolvemos nesse caderno.
5) Se (a,b) = 1, então existem x e y tais que ax + by = 1. Multiplicando a igualdade por c, temos que
acx + bcy = c
Como (a,c) = 1, existe s e t tais que as + ct = 1. Substituindo c pelo resultado da equação anterior,
temos que as + (acx + bcy)t = 1 → as + acxt + bcyt = 1 → a(cxt + s) + bc(yt) = 1.
Como cxt + s e yt são inteiros, temos que existem z e w tais que ax + bcw = 1, o que, pelo Lema de
Bézout, só é possível se (a, bc) = 1.
Encontraremos como respostas: 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, e 80.
6) O leitor resolverá facilmente esses exercícios baseando-se nos exemplos da seção 2.4
As respostas são:
5. CONSIDERAÇÕES
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
UNIDADE 2
Números Primos
Objetivos
Compreender a definição de números primos e suas propriedades.
Entender a demonstração do Teorema Fundamental da Aritmética.
Entender como se descobre a quantidade de divisores de um inteiro, e quais são esses divisores.
Conteúdos
Números primos: e propriedades.
O Teorema Fundamental da Aritmética e suas consequências.
O Crivo de Erastóstenes.
1) Sempre que se deparar com uma definição, tente compreendê-la por meio de exemplos. Tente
criar seus próprios exemplos, além daqueles fornecidos por esse Caderno de Referência de
Conteúdo. Só assim você realmente entendera o significado de cada conceito.
2) Procure refazer as demonstrações no papel. Apenas lê-las não é o suficiente. Reescreva linha por
linha, mas não como uma simples cópia, mas sim, tentando entender cada passo. É assim que se
entende uma demonstração.
3) Tanto essa, como as demais unidades, são baseadas basicamente no livro de Landau.
4) Não, são, porém, um resumo. Sabe-se que a escrita matemática é muito concisa, portanto, se
resumíssemos o que há é conciso, não haveria sentido escrever esse Caderno de Referência de
Conteúdo. O objetivo aqui é escrever com uma linguagem mais acessível, procurar explicar passo
a passo as demonstrações, e fornecer muitos exemplos.
5) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos nos Conteúdos Digitais
Integradores.
1. INTRODUÇÃO
Continuando nosso estudo em Teoria dos Números, veremos outro conceito, que, tal como
divisibilidade, é de suma importância para toda a Matemática: os números primos. Assim como na
Unidade 1, reveremos temas que são aprendidos no início de nossa alfabetização matemática, ou
seja, no Ensino Fundamental, mas que nunca haviam sido demonstradas.
Tais temas são: o Teorema Fundamental da Aritmética, que garante que todo inteiro pode
ser representado, de forma única, como um produto entre primos; a técnica que nos permite des-
cobrir quais e quantos são os divisores de um número; e também o Crivo de Erastóstenes, que nos
permite verificar se um número é primo ou composto.
O Conteúdo Básico de Referência apresenta de forma sucinta os temas abordados nesta uni-
dade. Para sua compreensão integral é necessário o aprofundamento pelo estudo dos Conteúdos
Digitais Integradores
Os resultados essenciais à Teoria dos Números são aqueles relacionados à questão de divisi-
bilidade. Portanto, a definição abaixo é a que norteará todo o nosso curso:
Definição 3. O número a > 1 é dito número primo se só tiver dois divisores positivos (1 e a).
Exemplos: 2 é um número primo, pois é divisível por 1 e por 2; 3 é um número primo, pois só
é divisível por 1 e por 3; 5 é um número primo, pois só é divisível por 1 e por 5; 101 é um número
primo, pois só é divisível por 1 e por 101. É fácil verificar essa propriedade para pequenos números,
apenas efetuando o algoritmo da divisão entre a e todos os positivos menores do que a e verifican-
do se ocorre resto zero para divisores além de 1 e de a. E para números muito grandes? Existe um
método? Essa questão será respondida em breve.
Observação: 1 não é um número primo, pois possui somente um divisor positivo (o próprio 1).
Para evitar confusões, convém definir número primo como aquele que possui exatamente dois divi-
sores positivos.
A partir de agora, usaremos a letra p e os símbolos p1, p2, p3, ….., p', p'', …. para representar
somente primos.
Nosso propósito agora é demonstrar o resultado mais importante dessa Unidade, que, não
por acaso, chama-se Teorema Fundamental da Aritmética, que diz o seguinte:
Todo número a > 1 pode ser representado como um produto de números primos, a não ser
pela ordem dos fatores, essa representação é única.
Primeiro, vamos dar exemplos. Trata-se da famosa fatoração que aprendemos no Ensino
Fundamental. Ou seja, 3= 3, 12 = 2.2.3, 144 = 2.2.2.2.3.3, 168 = 2.2.2.3.7, e assim por diante.
Desde pequenos, portanto, sabemos fatorar. Mas o importante desse Teorema é que ele ga-
rante que todo número inteiro maior que 1 pode ser escrito dessa maneira, e que essa fatoração é
única, ou seja: podemos escrever 12 = 2.2.3 ou 12 = 2.3.2, ou 12 = 3.2.2; são 3 possibilidades dife-
rentes de escrita, mas só a ordem dos fatores é alterada; em todas elas, o número 2 aparece duas
vezes, e o número 3, uma vez. Esse teorema é tão relevante à Teoria dos Números, pois, a partir
dele, desenvolvemos desde métodos mais práticos para calcular mmc e mdc, a aplicações mais
complexas como métodos de criptografia de mensagens.
Landau demonstra esse teorema em duas etapas: primeiro ele garante que a fatoração em
primos existe para todos os inteiros, e em seguida demonstra outros teoremas preliminares que
garantem que essa fatoração é única, desconsiderando a ordem dos fatores.
Teorema 17: Todo a > 1 pode ser representado como um produto de números primos
r
a pn, r 1
n 1
Note que se a for um número primo, não há o que demonstrar. A fatoração será o próprio
número.
Nessa demonstração, é utilizado o Segundo Princípio da Indução Finita. Caso o leitor não este-
ja lembrado, pode consultar o Tópico E-Referência listada ao final dessa unidade.
Verificamos que a propriedade a ser demonstrada é válida para o menor elemento do conjun-
to com que estamos lidando.
Suporemos válida a propriedade para todos os inteiros, a partir desse menor elemento, até o
antecessor de a. Se provarmos que isso implica que a propriedade também vale para a, então está
provado nosso teorema.
Demonstração
Suponha que essa propriedade vale para 2,3,4, … ,a - 1. Analisemos o que ocorre com a.
Se a não for primo, então, de acordo com a Definição 3, ele possui divisores diferentes de 1 e
de a, logo existem a1 e a2 tais que a = a1a2, com 1< a1 < a e 1 < a2 < a.
Mas, se a1 e a2 são menores que a, então, pela nossa hipótese de indução, a1 e a2 podem ser
escrito como produtos de primos, e obviamente a1a2 também é representável como um produto de
primos. Como a = a1a2, a pode ser escrito como um produto de primos, e assim acaba nossa de-
monstração.
Definição 4. Todo número maior que 1 que não for primo é chamado de número composto.
Ou seja, 6 é um número composto, pois possui quatro divisores (1,2,3, e 6); 13 é um número
primo, pois só possui 1 e 13 como divisores; 27 é um número composto, 29 é um número primo.
Observação: O número 1 não é classificado nem como primo, nem como composto.
É fácil verificar que existem infinitos números compostos. Basta tomar qualquer natural (o 2,
por exemplo) e verificar que ele possui infinitos múltiplos (2x1, 2x2, 2x3, 2n, no geral).
Demonstração: Vamos mostrar que a qualquer conjunto finito de primos, podemos acres-
centar um outro primo.
v
Agora, adicionemos 1 a esse produto, e teremos o número : a pn 1.
n 1
Esse número, obviamente, é maior do que 1, então, pelo Teorema Fundamental da Aritmética,
pode ser escrito como um produto de primos. Então, ele deveria ser divisível por, pelo menos, um
número primo. Mas esse número primo não está entre p1 e pv, pois a divisão de a por qualquer um
desses números deixaria resto 1! Logo, existe um número primo que não está nesse conjunto.
Exemplo: Consideremos como conjunto finito de primos, o formado pelos números 2,3 e 5.
Considere o produto 2x3x5 = 30. Se somarmos 1 a esse produto, teremos o número 31. O lei-
tor pode verificar que 31 é um número primo.
Ou seja: se um número primo não divide um certo inteiro, então ele e esse inteiro são primos
entre si.
v
Teorema 20. Se p | an , então para ao menos um valor de n, temos .
n 1
Ou seja: Se um número primo divide um produto de inteiros, então ele divide pelo menos um
desses inteiros.
Suponhamos, por absurdo, que p não divida nenhum dos an. Então teríamos, pelo teorema 19,
que (p,an) = 1.
v
Pelo teorema 16, p não dividiria o produto a
n 1
n , o que contradiz nossa hipótese.
v
Teorema 21. Se p | pn , então para ao menos um valor de n temos p = pn.
n 1
Ou seja, se um primo divide um produto de fatores primos, então ele é igual a pelo menos um
desses fatores.
Demonstração: O teorema 20 nos diz que se um número primo divide um produto de inteiros,
ele divide pelo menos um desses inteiros. Nesse caso, temos um produto de primos, então p divide
pelo menos um dos pn. Mas, por ser primo, pn só é divisível por 1 e por pn, e, por definição, p ≠ 1. Só
nos resta que p = pn.
Exemplo: . Pelo teorema 17, 42 pode ser representado como um produto de fatores
primos. Então, pelo teorema que acabamos de ver, 7 é um desses fatores.
De fato, .
r
da forma a pn, r 1 é única, a não ser pela ordem dos fatores.
n 1
Demonstração: Suporemos que existem duas representações distintas para a como produto
de fatores primos. Em uma, os fatores serão p1, p2, … , pv, e na outra, serão p'1, p'2, … , p'v.
v v'
Sendo assim, teremos a pn p ' n.
n 1 n 1
Agora, suponhamos que o teorema é válido para 2,3,4,..., a – 1, e mostraremos que ele vale
para a.
Agora, suponhamos que a não seja primo. Como cada fator de sua decomposição o divide,
v v'
temos que p ' 1 | pn, p1 | p ' n.
n 1 n 1
Pelo teorema 21, p'1 é igual a pelo menos um dos primos do produto p1...pv, e p1 é igual a pelo
menos um dos primos do produto p'1...p'v. Ou seja, p1 faz parte da sequência p'1, p'2, … , p'v,, o que
implica que p'1 ≤ p1 ; e p'1 faz parte da sequência p1, p2, … , pv., o que implica que p1 ≤ p'1.
Agora, precisamos provar que p'2 = p2, p'3 = p3, …., p'v= pv
a
Sabemos que 1 < p1 < a, e que , portanto será um inteiro menor do que a e maior do
p1
v v'
a
que 1, o que podemos escrever assim: 1 pn p ' n a .
p1 n 2 n2
Mas, pela hipótese de indução, a unicidade é válida para todos os números menores do que
a
a , logo ela também é válida para , ou seja, v = v', e pn =p'n, para todo n. Está demonstrado o
p1
nosso teorema, e o leitor poderá pedir a seus futuros alunos que efetuem a fatoração de um inteiro,
com a consciência de que essa fatoração é única.
O teorema seguinte é importante por dois motivos: nos permite encontrar todos os divisores
de um número, e também mostra que é capaz de saber quantos são os divisores de um número,
sem ter de encontrá-los um a um.
r
Assim, T (a ) (ln 1) .
n 1
Como a notação apresentada é um tanto quanto confusa, vamos primeiro entender o enunci-
ado do teorema com um exemplo
n 1
vai até dois, pois na decomposição só aparecem os dois primeiros primos. Ou seja, p1 = 2 e p2 = 3.
2
Então, 36 tem como divisores positivos os números da forma p
n 1
mn
n , com 0 ≤ m1 ≤ 2, 0 ≤ m2 ≤
2, e para 1 ≤ n ≤ 2.
Ou seja, os divisores de 36 são todos os produtos possíveis entre 2 e 3, com expoentes indo
de 0 e 2. Tais números são: 20.30, 20.31, 20.32, 21.30, 21.31, 21.32, 22.30, 22.31, 22.32, que por sua vez
são 1x1, 1x3, 1x9, 2x1,2x3, 2x9, 4x1, 4x3 e 4x9. Efetuando os produtos e colocando os resultados em
ordem, os divisores de 36 são 1,2,3,4,6,9,12,18 e 36.
2
E a quantidade de divisores será dada por T (36) (ln 1) , sendo que l1 = 2 e l2 = 2. Ou seja,
n 1
Esse é um dos não raros casos na Matemática em que entender o enunciado de um teorema
é mais difícil do que entender o teorema em si! Vamos à demonstração:
r
Demonstração: Todo número da forma p
n 1
n
mn
divide a, pois cada número é um produto en-
tre divisores de a. Um número que não seja dessa forma, não o será por dois motivos: Ou porque
um dos termos do produto não é uma das potências de pn, ou seja, não é um divisor de a; ou porque
um dos termos do produto é um dos pn elevado a uma potência maior do que a que aparece na de-
composição canônica. Mas esse número seria maior do que todos os divisores de a, logo também
não seria um divisor.
r
Logo os números da forma p
n 1
n
mn
são os únicos que dividem a.
Trata-se de realizar a fatoração do número, colocando em uma coluna seus fatores primos. Em
seguida, a partir da segunda linha, multiplica-se o fator primo por todos os fatores das linhas acima,
sem a necessidade de repetir multiplicações, obviamente. Assim, teremos todos os divisores do nú-
mero.
Lembre-se de que não é necessário encontrar todos os divisores para saber a quantidade de-
les.
r r
Proposição 1. Considere as fatorações de a e b mostradas a seguir: a pn , b pn .
kn ln
n 1 n 1
r
Então, o máximo divisor comum de a e b é (a, b) pn , em que mn = min {kn , ln}.
mn
n 1
O enunciado dessa proposição significa que: fatorando dois inteiros, encontramos dois produ-
tos de primos, cada um elevado a um certo expoente. O máximo divisor comum entre esses inteiros
será o produto dos primos que a e b têm em comum em suas fatorações, elevados aos menores
expoentes entre as duas fatorações.
Essas decomposições possuem dois fatores em comum: 2 e 3. O 2 aparece com o menor ex-
poente na primeira, como 2². O 3 aparece com o menor expoente na segunda, com 3¹. Portanto
(36,120) = 2²x3¹ = 4x3 = 12
Exemplo:
Portanto,
r r
Proposição 2. Considere as fatorações de a e b mostradas a seguir: a p , b pn .
kn ln
n
n 1 n 1
r
Então, o mínimo múltiplo comum de a e b é (a, b) pnmn , em que mn = max {kn , ln}.
n 1
O enunciado dessa proposição nos diz que o mínimo múltiplo comum entre dois números
será o produto entre todos os primos que aparecem em ambas as fatorações, elevados ao maior
expoente entre as duas decomposições.
Os fatores que aparecem são os números 2, 3, e 5, sendo que o 2 aparece com o maior expo-
ente em 2³, e o 3 aparece com o maior expoente em 3². Portanto, o mínimo múltiplo comum entre
36 e 120 é 2³x3²x5 = 72x5 = 360.
O leitor deve estar se perguntando: “por que, na proposição sobre o MDC, utilizamos os fato-
res que apareciam em comum, e para o MMC, utilizamos todos os fatores?” Veja, que, na verdade,
o 5 também aparece na fatoração de 36, afinal 50 = 1, e, portanto, 36 = 2²x3²x50. Então, podemos
dizer rigorosamente, que, sim, estamos tomando os fatores em comum entre os dois números, mas
os que tiverem o maior expoente, obviamente, não serão os elevados a zero.
Exemplo:
Teorema 11. Sejam a e b não ambos nulos. Seja d = (a,b). Então valem a propriedade:
Sabemos que m é o produto de todos os fatores primos que aparecem nas decomposições de
a e b, elevados ao maior expoente que aparecer nas duas fatorações. Por sua vez, d é o produto de
todos os fatores primos que aparecem nas decomposições entre a e b. Na decomposição do produ-
to ab, obviamente aparecerão todos os fatores de a e b, tanto os de menor expoente quanto os de
maior expoente. O mesmo acontecerá se fizermos o produto md. Portanto, md = d.
MDC(36,120).mmc(36,120) =2²x3¹x2³x3²x5¹;
E 36.120 = 2²x3²x2³x3¹x5¹
Se n não é primo, então n possui, necessariamente, um fator primo menor do que ou igual a
a .
Em termos práticos, isso significa que, para descobrirmos se um número a é primo ou não,
basta tentarmos dividi-lo por todos os primos menores do que sua raiz quadrada. Se nenhum deles
dividir a, então a é primo.
Suponhamos que a1 ≤ a. Então a1 a pois, caso contrário, o produto a1..a2 seria maior do que
ax a a . Ou seja, teríamos . Assim, concluímos que pelo menos um dos divisores de a
é menor do que ou igual a sua raiz quadrada.
Exemplo: Queremos saber se o número 439 é primo. Primeiro, precisamos estimar sua raiz
quadrada. Sabemos que 20.20 = 400, e 21.21 = 441. Portanto, 20 439 21 .
Por tentativa, vemos que 2ł439, 3ł439, 5ł439, 7ł439, 13ł 439, 17ł439. O próximo primo seria
23, que já é maior do que a raiz de 439. Portanto 439 é primo.
O crivo de Erastóstenes, também é útil para determinar quais são os primos em uma certa se-
quência de inteiros.
Se quisermos saber, por exemplo, quais são os primos de entre 1 e 50. Sabemos que a raiz de
50 está entre 7 (pois 7² = 49) e 8 (pois 8² = 64). Os primos menores do que a raiz de 50, portanto,
são 2,3,5 e 7. Se excluirmos os múltiplos desses números na sequência de 2 a 50, sobrarão apenas
números primos. Por quê? Porque a raiz deles, obviamente, é menor do que 10.
Os Conteúdos Digitais Integradores são a condição necessária e indispensável para você com-
preender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.
O primeiro link apresenta uma explicação sobre quantidade de divisores voltada para ensino
básico. O segundo links mostram as relações entre números primos, mmc e MDC (ler o terceiro link
a partir da página 43)
Os dois primeiros links são voltados para o 6º ano do ensino fundamental, sendo que o se-
gundo se trata de uma dissertação de mestrado que traz atividades sobre o Crivo de Eratóstenes,
páginas 60 a 67, relacionadas a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O terceiro link apresenta
uma demonstração para o Crivo de Eratóstenes (p. 6, Teorema 11).
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
1) Prove que T(a) é ímpar se e só se a é um quadrado perfeito. Observação: T(a) é o número de divisores de a.
Lembre-se de que quadrado perfeito é o número cuja raiz quadrada é um número inteiro. Pense no que deve
haver de especial com os expoentes dos fatores primos de a para que ele seja um quadrado perfeito.
2) Utilizando o Crivo de Erastóstenes, encontre todos os números primos de 1 a 200.
3) Determine a quantidade de divisores dos seguintes números:
a) 100
b) 64
c) 2431
d) 613
e) 850
f) 727
g) 312
Gabarito
1) Primeiro é preciso relembrar algumas propriedades de Matemática Básica envolvendo raiz quadrada.
a) c
a cd a d .
b) ab a b .
Se i é um número ímpar ai nunca será um quadrado perfeito, pois não será possível aplicar a propriedade (1) em
ai .
Por outro lado, se j for um número par, ou seja, um número da forma j = 2k aj sempre será um quadrado perfei-
to, pois sempre será possível aplicar a propriedade (1) em a j a2k ak .
Ou seja, um número é quadrado perfeito se, e somente se, for possível representá-lo como uma potência de
expoente par.
r
Seja a p
n 1
ln
n a decomposição canônica de a.
r
Pela propriedade (2), a pnln . .
n 1
Para que a seja um quadrado perfeito, então cada ln. Deve ser par.
r
Portanto T ( a ) (l
n 1
n 1) será um produto de números impares, o que
Agora precisamos provar que se T(a) é um número ímpar, então a é um quadrado perfeito.
Um número só é ímpar se sua decomposição for um produto de fatores ímpares, obviamente. Se houvesse um
fator par, esse número seria divisível por 2.
r
Logo, se a p
n 1
ln
n é ímpar, então (ln + 1) é ímpar, para todo n, então ln é par.
Exemplo: 100 é um quadrado perfeito, afinal sua raiz quadrada é 10. Sua decomposição canônica é 100 = 2².5².
De fato, T(100) = (2+1).(2+1) = 3.3 = 9, um número ímpar.
48 não é um quadrado perfeito (sua raiz está entre 6 e 7). A decomposição canônica de 48:
A raiz de 200 está entre 14 e 15, pois 14² = 196 e 15² = 225.
2) Os primos até 14 são 2,3,5,7, e 11. Então, basta escrever todos os números entre 1 e 200 e excluir os múltiplos
de 2,3,5,7 e 11.
r
3) Decompondo cada número e utilizando a relação T ( a ) (l
n 1
n 1) ,as respostas serão:
a) 9.
b) 7.
c) 8.
d) 2.
e) 12.
f) 2.
g)16
Note que para os quadrados perfeitos (letras a e b), foram encontradas quantidades ímpares de divisores, con-
firmando o que provamos no exercício 3.
5. CONSIDERAÇÕES
Na próxima unidade, você aprenderá o que é Congruência Modular, um conceito que ajuda a
resolver muitos problemas envolvendo divisibilidade.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LANDAU, E. Teoria elementar dos números. Editora Ciência Moderna, 2002.
Congruências
Objetivos
Conteúdos
1. Assim como nas unidades anteriores, sempre que se deparar com uma definição, tente
compreendê-la através de exemplos. Tente criar seus próprios exemplos, além daqueles
fornecidos por esse Caderno de Referência de Conteúdo. Só assim você realmente entenderá
o significado de cada conceito.
2. Procure refazer as demonstrações no papel. Apenas lê-las não é o suficiente. Reescreva linha
por linha, mas não como uma simples cópia, mas sim, tentando entender cada passo. É
assim que se entende uma demonstração.
3. Até o presente momento, essa é a unidade que mais se difere do respectivo capítulo no livro
de Landau. Isso se deve, pois o livro em questão não apresenta muitos exemplos e exercícios
práticos. Por isso, incluímos muito conteúdo que não está no livro, e excluímos outros. O
leitor pode consultar os Conteúdos Digitais Integradores como referências para além do
livro.
1. INTRODUÇÃO
O conceito de congruência é muito útil para estudar características que se repetem de acordo
com uma certa frequência. Por exemplo, se no dia 2 de um certo mês for Quarta-Feira, também
serão Quartas-Feiras os dias 9, 16, 23 e 30. Podemos escrever esse resultado da seguinte maneira: A
Quarta-Feira será no dia 7k + 2, em que k é um inteiro que vai de 0 a 4. Não podemos passar do nú-
mero 4, pois excederíamos o número de dias de um mês.
Considere agora um relógio de ponteiros, que marca, agora, 9h00. Que horário ele marcará
daqui a 7 horas? Não basta fazermos 9 + 7, pois não há o número 16 no relógio. Devemos fazer 9 +
7, e, em seguida, subtrair 12, encontrando a resposta correta, que é 4h.
Nos inteiros, uma propriedade que sempre se repete com uma mesma frequência é a de um
número ser múltiplo de outro. Os múltiplos de 5, por exemplo, se repetem de 5 em 5. Se dividirmos
um número por 5, só podemos obter 5 tipos de restos: 0,1,2,3, 4. Se obtivermos resto 7, é porque
fizemos algo errado na conta, já que 7 ultrapassa o maior resto possível, que é 4. O resto correto
seria 7 – 5 = 3.
Por exemplo, um aluno desavisado divide 22 por 5 e encontra, como quociente, 3, e , como
3x5 =15, o resto seria 7. Porém, o quociente correto é 4, e como 4x5 = 20, o resto correto é 2.
Portanto, todo número inteiro pode ser classificado em cinco classes, de acordo com o resto
de suas divisões por 5: 0, 1, 2, 3, ou 4. Mas podemos também dividir os números em sete classes, de
acordo com o resto de suas divisões por 7: 0, 1, 2, 3, 4, 5, e 6. De modo geral, dado um número m,
todos os inteiros podem ser divididos em m classes.
O Conteúdo Básico de Referência apresenta de forma sucinta os temas abordados nesta uni-
dade. Para sua compreensão integral é necessário o aprofundamento pelo estudo dos Conteúdos
Digitais Integradores.
Assim como Landau, nessa unidade, a letra m será sempre um inteiro maior que zero.
Notação: .
Notação: .
, pois . Lemos que “17 é congruente a 2 módulo 5”. Por outro lado,
Na definição, não há restrição quanto ao valor de b. Ele pode ser negativo, portanto,
, pois .
, pois .
, pois .
A título de exemplo, veja que o conceito de igualdade também satisfaz essas propriedades:
Simetria. Se a = b, então b = a.
Transitividade: Se a = b e b = c, então a = c.
Demonstração: a – a = 0, e .
Exemplo: .
Exemplo: ,e .
Demonstração: Por hipótese, temos que m|a – b e m|b – c. Pelo teorema 6 da Unidade 1, sa-
bemos que m divide qualquer combinação entre (a – b ) e (b – c). Então m| (a – b) + (b – c), ou seja,
m|a – c. Portanto, a≡ c(mod m).
Por exemplo, dividindo 200 por 53, teremos resto 41. Então 200 ≡ 41(mod 53).
Porém, é fácil verificar que 41≡-12(mod 53), então podemos escrever 200≡-12(mod 53).
Encontrar essas congruências equivalentes pode ser útil em alguns cálculos. De modo geral, para
simplificar uma congruência a≡b (mod m), com b > 0, basta fazer a ≡ b – m (mod m).
Se b < 0, convém fazer a ≡ m + b (mod m). Por exemplo, 11 ≡ -4(mod 5), então 11 ≡ 1(mod 5).
No exercício 1 dessa Unidade, o leitor provará que essas simplificações sempre valem.
O leitor atento já deve ter percebido que o conceito de congruência está intimamente ligado
ao de resto de uma divisão. Se, por exemplo, subtrairmos 2 de 17, o resultado será divisível por 5.
Portanto, .
Teorema 48. Segundo o Algoritmo da Divisão, dados c e m, existe um único par de q e r, tal
que c = qm + r, 0 ≤ r < m.
Em outras palavras, a ≡ b (mod m) se, e somente se, o resto da divisão de a por m for igual ao
resto da divisão de c por m.
Lembremos que, para teoremas que contém a expressão se, e somente se, precisamos provar
a ida e a volta, ou seja, precisamos provar:
Demonstração:
Fazendo a – b, temos a – b = q1m + r - (q2m + r) = (q1 – q2)m. Então m|a – b ((q1 – q2) é o quo-
ciente). Então então a ≡ b (mod m). Para provar a segunda parte, chamemos q1 – q2 de q.
Por hipótese, m|a – b. Então a – b = qm. Isolando b, temos b = a + qm. Substituindo a, temos
b = q1m + r + qm . Então b = (q1 + q)m + r. Ou seja, o quociente da divisão de b por m é (q1 + q),
e o resto é r, o mesmo da divisão de a por m.
Dizemos que os números que possuem o mesmo resíduo módulo m pertencem à mesma clas-
se de equivalência (ou classe residual) módulo m.
A terceira classe é a dos números da forma c = 4k + 2, ou seja, aqueles com resíduo 2 módulo
4.
Veja, que, portanto, as seguintes afirmações são equivalentes: “a deixa resto b quando dividi-
do por m”; “a possui resíduo b mod m”. “a ≡ b(mod m)”. É importante estar familiarizado com essa
linguagem e entender seu significado.
Ou seja, assim como fazemos com a igualdade, é possível “somar congruências” e “subtrair
congruências”.
Exemplo: ,
Então:
v v
Teorema 50. Se an≡bn, para n = 1,..., v, então a b
n 1
n
n 1
n
Demonstração. É simples provar esse fato por Indução. No teorema 49, já provamos para n =
2.
Agora, supomos que essa propriedade seja válida para todos os inteiros de 1 até n – 1.
v 1 v 1
Ou seja, supomos que an bn .
n 1 n 1
v
v 1 v
v 1
a
n 1
n an an
n 1
b
n 1
n bn bn
n 1
e .
v v
Combinando a hipótese de indução com o teorema 49, temos que an bn .
n 1 n 1
Exemplo:
, ,
Então:
Ou seja, assim como é possível multiplicar igualdades por um inteiro qualquer, também é pos-
sível “multiplicar congruências” por qualquer inteiro.
Exemplo: 11 ≡ 3 (mod 8), então 22 ≡ 6 (mod 8), -33 ≡ -9 (mod 8), 110 ≡ 30 (mod 8), e assim
por diante. Verifique que tais congruências são verdadeiras!
Ou seja, assim como é possível “multiplicar igualdades”, também é possível “multiplicar con-
gruências”.
Exemplo: , . Então .
v v
an bn
n 1 n 1
Teorema 53. Se , para n = 1,..., v, então .
Demonstração: Assim como foi possível demonstrar o Teorema 50, por indução, a partir do
teorema 49, é possível provar esse teorema a partir do teorema 52. Deixaremos como exercício pa-
ra o leitor (esse é o Exercício 2 ao final desta Unidade).
Podemos escrever 223 como 210.210.23. Sabemos que 210 = 1024. Se dividirmos 1024 por 47, te-
remos resto 37. Ou seja, 10 ≡ 37(mod 47), somando 10 unidades a 37, obtemos um múltiplo de 47,
então, pela transitividade, 10 ≡-10 (mod 47). (Escrever assim simplificará nossas contas).
Além disso, 2³ = 8. Precisamos somar 39 unidades ao 8 para obter um múltiplo de 47, então 8 ≡ -
39(mod 47)
Pelo Teorema 53, temos que 210.210.23 ≡ (-10)(-10)(-39) (mod 47) ≡ -3900 (mod 47).
Para mostrar que -3900 ≡ 1 (mod 47), basta dividirmos -3901 por 47. Teremos um resultado exato (-
83), portanto 223 – 1 é divisível por 47.
Sabemos que isso ocorre com 8 = 2³. Então, podemos escrever que (mod 7).
Utilizando o Teorema 54, podemos fazer (mod 7). Então (mod 7), que é
o que queríamos.
Vimos, nos teoremas anteriores, que é possível somar, subtrair, multiplicar e fazer potências
de congruências, de modo que elas continuem valendo.
n
Teorema 55. Seja f x c0 c1 x cn x cvx uma função polinomial com coeficien-
n v
v 0
Demonstração: Este teorema não é nada mais do que uma combinação dos resultados dos te-
oremas 50, 51 e 54.
Exemplo: Considere o polinômio f(x) = x² + 2x +1. Como 11 ≡ 3 (mod 8), então f(11)≡f(3) (mod 8)
De fato, , ,e .
2. 2. CONGRUÊNCIAS LINEARES.
Segundo a definição, queremos saber suas soluções para 0 ≤ x < 7. Por tentativa, vemos que a
relação vale apenas para x =2. Portanto, essa congruência possui apenas uma solução, que gera a
classe x = 5k + 2, para k inteiro.
De acordo com a definição, queremos saber suas soluções para 0 ≤ x < 8. Por tentativa, vemos
que a relação vale para x = 1, 3,5 e 7, mas não vale para x = 0, 2, 4 ou 6. Portanto, a congruência x²
≡ 1 (mod 8) possui quatro soluções.
Exemplo: Considere agora a congruência linear 5x≡3( mod 7), que pode ser escrita como 5x - 3
≡ 0(mod 7)
Testando os números 0,1,2,3,4,5 e 6, vemos que a solução vale apenas para x = 2. Essa classe
residual pode ser escrita da forma x = 7k + 2, com k inteiro.
Vimos, até agora, que muitas das propriedades que utilizamos com a igualdade, vale também
para a congruência. A saber: Somar congruências, multiplicar congruências entre si, e multiplicar
congruências por um inteiro. Nos resta verificar se é possível dividir ambos os lados de uma con-
gruência por um mesmo número, propriedade muito utilizada nas igualdades, conhecida como “lei
do cancelamento”.
Temos que 36 ≡ 3(mod33). Dividido ambos os lados por 3, teríamos 12 ≡ 1 (mod 33), o que é
falso, já que 33 não divide 11.
Ou seja, é possível dividir ambos os lados de uma congruência módulo m por um número, se
esse número for relativamente primo com m.
Exemplo:
Perceba que o Teorema 56 não nos diz o que acontece se a e c não forem primos entre si. Ou
seja, será que há algum caso em que é possível efetuar o cancelamento nessas condições?
m
a b mod
Teorema 57. Se ac ≡ bc (mod m), então (c, m )
Ou seja, se dividirmos ambos os lados de uma congruência módulo m por um certo número,
devemos dividir m pelo MDC entre m e esse número.
Demonstração: Essa não é nada mais do que uma generalização do Teorema 56.
c m
Então (a – b)c = qm. Dividindo ambos os lados por (c,m), temos que ( a b) q .
(c, m ) ( c, m )
c m
Pela definição de MDC, e são inteiros. Então, pela equação anterior, temos
(c, m ) (c, m )
m
que | ( a b) .
(c, m )
Exemplo:
Voltemos ao contra exemplo que havíamos utilizado: 36 ≡ 3(mod 33). Já vimos que não po-
demos simplesmente dividir ambos os lados por 3. O Teorema 57 nos mostra que devemos dividir
33 por (3,33) = 3.
O Teorema 15 nos mostrou que é possível multiplicar ambos os lados de uma congruência por
qualquer inteiro, e ela continuará verdadeira. Agora veremos que é possível mais do que isso.
Exemplo: (mod 5). Multiplicando todos os termos por 5, temos que (mod 25),
o que é verdade.
Observação: Essa propriedade não é estudada para c < 0 pois contraria a definição de con-
gruência módulo m, em que m é sempre maior do que 0.
Exemplo: 27 ≡ 7 (mod 10). Como 5|10, então 27 ≡ 7 (mod 5), o que é verdade.
Demonstração: Por hipótese, m|(a – b) ou seja, a – b = qm, logo b = a + mq. Ou seja, b é uma
combinação linear entre a e m, e, pelo teorema 6, (a,m)|b. Ou seja, (a,m) é um divisor de b e de m,
então, pelo teorema …, (a,m)|(b,m).
Observação: Note que em qualquer conjunto completo de resíduos (mod m), os elementos
são todos incongruentes (mod m) entre si.
Teorema 62. Se (k,m) = 1, e a1, … , am é um conjunto completo de resíduos mod m, então a1k
,a2k, … , amk também o é.
Demostração: Precisamos tomar dois membros do conjunto {a1k,a2k … , amk} e mostrar que
eles são incongruentes entre si.
O teorema 56 nos mostra que podemos dividir ambos os lados por k,já que (k,m) = 1, então
ar≡ as(mod m). Como ar e as pertencem a um conjunto completo de resíduos mod m, só nos
resta que ar = as.
Concluímos que dois termos do conjunto {a1k,a2k … , amk} só são congruentes mod m se fo-
rem o mesmo termo, ou seja, dois termos distintos serão incongruentes. Portanto esse conjunto é
um conjunto completo de resíduos.
Teorema 63. Se (k,m) = 1 e a1, … , a ϕ(m) é um conjunto reduzido de resíduos mod m então
também o é a1k, a2k … , aϕ(m)k.
Demonstração: Os elementos do conjunto {a1k, a2k … , aϕ(m)k} devem satisfazer a duas condi-
ções: serem relativamente primos com m e serem incongruentes entre si.
A primeira condição é satisfeita é satisfeita, pois se ar e k são relativamente primos com m, en-
tão ark também o será.
Demonstração: Pelo Teorema 62, o conjunto do números de 0 até m-1, multiplicados por
qualquer inteiro, formam um conjunto completo de resíduos mod m.
Note que a congruência do enunciado pode ser escrita como ax ≡ -a0(mod m). Ou seja, es-
tamos buscando uma das classes de equivalência mod m.
Pelo Teorema 62, o conjunto do números de 0 até n-1, multiplicados por qualquer inteiro,
formam um conjunto completo de resíduos mod m. Em particular, podemos multiplicar esses núme-
ros por a. Então o conjunto {0a, 1a,2a,..., (n -1)a} é um conjunto completo de resíduos mod m, e,
portanto, possui exatamente um elemento que seja congruente a -a0(mod m). x, é, portanto um
número entre 0 e (m– 1).
Exemplo: Esse teorema nos ajuda muito a resolver congruências lineares por tentativas. Por
exemplo: Para resolver a congruência 5x≡3(mod 24) teríamos, a princípio, que testar todos os valo-
res de 0 a 23. Porém, como (5,24) = 1, sabemos que essa congruência só tem uma solução; portan-
to, assim que encontrarmos um x que satisfaça a relação, podemos parar de procurar.
Peguemos então alguns múltiplos de 24: 24, 48, 72, 120. Somamos, 3 a cada um deles, pois
sabemos que 5x - 3≡0(mod 24). Teremos 27, 51, 75, 123. Qual desses números é divisível por 5? 75,
resultando em 15. Portanto x = 15. De fato, 5.15 ≡3(mod 24).
Como sabemos que a congruência só admite uma solução, não precisamos mais procurar.
A pergunta óbvia que se segue é: E se a e m não forem relativamente primos? A resposta vem
a seguir:
Neste caso, o número de soluções será igual a (a,m), e a congruência é satisfeita por precisa-
m
mente todos os números x numa certa classe residual mod .
( a, m)
Demonstração: A demonstração do livro de Landau omite muitos passos, portanto tente entender
essa explicação menos sucinta:
a0
Por hipótese, a,m é um inteiro, então faz sentido resolver a congruência (*) acima. E, pelo
a m
teorema 13 da Unidade 1, , 1 , portanto a congruência (*) tem solução.
( a, m) ( a, m)
Pelo Teorema 58, podemos multiplicar todos os termos por (a,m), e voltamos a=a0(mod m),
que agora sabemos ter solução.
2) Se (a,m)|a0, então, segundo o Teorema 64, a congruência (*) possui exatamente uma solu-
ção
m
mod .
( a, m)
Então, aplicando o Teorema 58 e transformando (*) em a=a0(mod m), teremos (a,m) soluções,
m
pois, se d>0 e d|m, então uma classe residual mod m, quando fazemos mod , se divide em d
d
classes residuais diferentes.
Como (25, 15) = 5, temos que essa congruência possui 5 soluções. Aplicando a lei do cancela-
mento, temos que 5x ≡ 3(mod 24). Nós já resolvemos essa congruência anteriormente, encontrando
x ≡ 15(mod 24), ou x = 24k + 15. Se fizermos k = 0, temos a primeira solução, que é 15.
Fazendo k = 1,2,3, e 4, teremos as demais soluções, a saber: 39, 63, 87, 111.
Assim, as soluções são: x ≡ 15(mod 120), ou x ≡ 39(mod 120) x ≡ 63(mod 120), x ≡ 87(mod
120), x ≡ 111(mod 120).
Que tal conferir com sua calculadora se essas soluções são válidas?
Também é bom frisar que é sempre possível simplificar uma congruência linear, encontrando
outra equivalente.
Exemplo 2x≡73(mod 7)
Qual o número mais próximo de 73 que seja congruente a 0 mod 7? Trata-se do 70, obviamen-
te.
Utilizando a propriedade da transitividade, chegamos em 2x≡3(mod 7), ficando mais fácil re-
solver por tentativas. Nesse caso, x≡ 5(mod 7)
Estudaremos mais dessas equações na Unidade 4, mas, por enquanto, nosso interesse é lidar
com a seguinte equação: ax + by = 1 (a e b são constantes dadas, e x e y os valores que queremos
descobrir).
O leitor atento lembrará que vimos algo muito semelhante na Unidade 1. Tratava-se do Le-
ma de Bézout, que garantia que, sendo (a,b) = d, então existiam x e y tais que .
Então, se na equação ax + by = 1, se a e b forem primos entre si, sempre haverá uma solu-
ção, pois, nesse caso, d = 1. E, se a e b não forem primos entre si, não haverá solução, pois o Exercí-
cio 2 da página 269, que resolvemos, garantia que (a,b) = d é o menor inteiro tal que ax + by = d.
Agora, substituímos, na última linha, os números que possuem coeficientes pelos valores iso-
lados na linha de cima.
5 – 2.2 = 1
5 – 2.(17- 3.5) = 1
7.5 – 2.17 = 1
O leitor pode verificar que essa sentença é verdadeira (sempre verifique após resolver uma equação
diofantina, pois é muito fácil errar!).
Chegando ao resto 1, vamos substituindo agora, os valores com coeficientes do lado direito,
por aqueles que isolamos nas linhas acima.
Então temos:
1 = 3 – (5-3) → 1 = 3 – 5 + 3 → 1 = 2.3 - 5
1 = 14.8 -3.37
Tente refazer os dois exemplos por conta própria! Eles são realmente confusos. De qualquer
modo, tais exemplos serão refeitos na videoaula.
Agora, qual a relação entre a resolução dessas equações com as congruências lineares?
Definição. Chamaremos de inverso de x mod m, o número a tal que aa≡ 1(mod m).
Note que essa definição é bem semelhante à usual que usamos para a multiplicação!
Note, saber o inverso de um número ajuda muito a resolver uma congruência linear.
Sabemos que 4.7≡ 1(mod 9), o que pode ser escrito como 1 ≡ 4.7(mod 9). Multiplicando por x
em ambos os lados, temos x ≡ 4.7x(mod 9).
Oras, se x ≡ 4.7x (mod 9) e 4.7x ≡ 4.8(mod 9), então x ≡ 4.8(mod 9), ou seja, x ≡ 32(mod 9).
Fica mais elegante encontrarmos uma solução menor do que 9. Basta fazermos k = -3, e tere-
mos x ≡ 5(mod 9).
Agora, você pode estar se perguntando: como achar o inverso de 7 mod 9, sem ser por tenta-
tiva?
Portanto,
1 = 7 – 3.2
1 = 7 – 3.(9 – 7)
1 = 7 – 9 + 3.7
1 = -9 + 4.7
Pela última linha, vemos que 4.7≡1(mod 9), portanto 4 é o inverso de 7 mod 9.
Ou seja, para encontrarmos o inverso a mod m, devemos conseguir encontrar x e y tais que ax
+ my = 1. O coeficiente x será o inverso procurado.
8x ≡ 5 (mod 37)
Você já viu que 1 = 14.8 -3.37. Portanto, 14 é o inverso de 8 mod 37. Basta multiplicarmos a
congruência por 14.
Então, 8x ≡ 5 (mod 37) → x ≡ 70 (mod 37) → x ≡ 33 (mod 37). Está resolvido o problema!
Agora, fazendo as simplificações necessárias, por tentativas ou com o método das equações
diofantinas, o leitor pode resolver todas as equações do exercício 4 ao final desta unidade.
Observação: O livro de Landau menciona as equações diofantinas, de modo mais geral, nos
teoremas 66, 67 e 68 (pp 54 a 57), mas o que vimos aqui é o suficiente nesse ponto do estudo.
Além disso, o livro não comenta o conceito de inverso mod m. Até porque o autor está mais
preocupado em demonstrar resultados teóricos do que mostrar técnicas de como resolver con-
gruências lineares. Portanto, nos conteúdos digitais de referência, o leitor poderá encontrar textos e
artigos comentando o que foi passado acima, caso queira se aprofundar.
O resultado a seguir corresponde aos teoremas 69 e 70 do livro de Landau, mas ele não os
apresenta pelo nome como ficou conhecido. Além disso, vamos demonstrá-los os dois de uma vez
(o Teorema 70 é uma consequência do Teorema 69), com uma linguagem baseada na do livro de
José Plínio de Oliveira, cujos principais resultados estão disponíveis nos Conteúdos Digitais Integra-
dores.
…. ≡ ….
Se (ai, mi) = 1 e (mi,mj) =1 sempre que i≠j, o sistema possui uma única solução congruente mod
n
m, em que m mn .
i 1
Qual é o número que, dividido por 7, deixa resto 2; cujo dobro, dividido por 5, deixa resto 3; e,
cujo triplo, dividido por 8, deixa resto 1?
x≡ 2(mod 7)
2x≡ 3 (mod 5)
3x≡ 1 (mod 8 )
Segundo a notação do teorema, temos que, de fato, (1,7) = 1, (2,5) = 1, e (3,8) = 1; além disso,
7, 5 e 8 são todos relativamente primos.
Ou seja, c1 = 2, c2 = 4 e c3 = 3.
y1.y1≡ 1(mod 7)
y2y2≡ 1 (mod 5)
y3y3≡ 1 (mod 8 )
Ou seja:
Note que encontramos os inversos por tentativa, pois são números pequenos, mas podería-
mos ter utilizado equações diofantinas para encontrá-los.
Tome um número ≡ 219 (mod 280) (499, por exemplo) e o aplique nas três congruências
do sistema. Utilize a calculadora. Você verá que 499 satisfaz o problema.
Considere o sistema
…. ≡ ….
Por hipótese, (ai, mi) = 1, então, pelo Teorema xxxx, cada congruência desse sistema possui so-
lução única. Chamemos cada solução de bi. Seja m = m1m1...mn, e seja yi = m/mi. Como (mi, mj) = 1,
para
i ≠ j, temos que (yi,mi) = 1. De modo mais claro, um produto em que todos os fatores são rela-
tivamente primos com um número será também relativamente primo com esse número.
Como (yi,mi) = 1, também podemos dizer que a congruência y1y1≡ 1(mod mi) possui uma única
solução.
O número x ≡ c1 y1.y1 + c2 y.2y2 + … + cny.nyn (mod m), satisfaz cada equação de nosso sistema.
Mostremos por quê.
Como (yi,mi) = 1, a parcela aici yi.yi não será divisível por mi. As demais serão, pois cada uma
delas possui mi como um fator de yn
Como yi é o inverso de yi (mod mi) , e já vimos o que ocorre quando uma congruência é multi-
plicado por um inverso, temos que aix ≡ aici(mod mi).
E, como ci é solução de aix ≡ aibi(mod mi), temos que aix ≡ aici(mod mi) → aix ≡ bi(mod m),
que é o que queríamos. Logo, o x proposto é solução de cada linha da equação.
Resumo
…. ≡ ….
Resolver separadamente cada linha do sistema, obtendo, para cada uma, uma solução ci.
Já vimos que diante de uma congruência do tipo ax ≡ b(mod m), podemos simplificá-la das se-
guintes maneiras:
Porém, quando m for um número muito grande, fica difícil encontrar uma congruência equiva-
lente ou encontrar o inverso de a mod m, e às vezes a “lei do cancelamento” também não ajuda.
Já sabemos que se um produto m1m2.....mn divide a, então cada mi divide a. Essa é uma con-
sequência direta do Teorema 2 (Obviamente, cada mi divide m, e m|a, então m|a).
ax ≡ b( mod m1)
ax ≡ b( mod m2)
….
ax ≡ b( mod mn)
Exemplo:
17x ≡ 7 (mod 8)
3x ≡ 7 (mod 25)
Nessa seção vimos, de acordo com a notação de Gauss, que dados inteiros a, b, e m > 0, dize-
mos que a≡ b(mod m) se m|m – a. Vimos algumas propriedades relativas a esse conceito, e também
verificamos que a congruência é uma reflexão de equivalência: reflexiva, transitiva e simétrica.
No primeiro link, há uma biografia bem completa sobre Gauss; no segundo, há uma pequena
apresentação das propriedades das congruências e algumas aplicações práticas; no terceiro link,
aprofundamento do conceito de relações de equivalência.
Nessa seção, vimos o que é uma equação diofantina, e aprendemos a resolver as equações
do tipo ax + by = 1, em que a e b são constantes e x e y são variáveis. Também vimos como elas aju-
dam a resolver congruências, atreves do conceito de inverso. No link a seguir você encontrará uma
breve biografia daquele que dá nome a esse assunto, Diofanto de Alexandria.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
a) a ≡ b – m (mod m).
b) a ≡ m + b (mod m).
v v
2) Prove que se an ≡ bn, para n = 1,..., v, então an bn .
n 1 n 1
4) Para cada congruência linear: indique se ela possui solução; dê o número de soluções;
encontre as soluções. Utilize o método que achar mais adequado.
a) 3x ≡ 1(mod 10)
b) 23x ≡ 7 (mod 19)
c) 4x ≡ 13 (mod 8)
d) 7x ≡ 5(mod 18)
e) 21x ≡ 15 (mod 18)
f) 13x ≡ 14 (mod 29)
g) 15x ≡ 9 (mod 25)
h) 37x ≡ 16 (mod 19)
5) Qual é o número que, dividido por 2, deixa resto 1; dividido por 3, deixa resto 2; e, dividido
por 7, deixa resto 5?
a) 9x≡4(mod11)
b) 2x≡7(mod9)
c) 5x≡-3(mod8)
Gabarito
1) Utilize-se do fato de que m|m, e o combine com a hipótese, utilizando o Teorema 6 da Uni-
dade 1.
2) Basta aplicar o princípio da Indução, utilizando como hipótese o Teorema 52.
3) Solucão
a) Note que 11 ≡ 1 (mod 10), Logo 1110 ≡ 110 (mod 10), ou seja, 1110 – 1 é divisível por 10.
b) Temos que 3 ≡ -1 (mod 4), portanto 350 ≡ (-1)50 (mod 4), logo 350 ≡ 1 (mod4).
Então o resto de 350 dividido por 4 é 1.
c) Procuremos uma potência de 2 que seja congruente a 1 mod 5. Encontramos que 24 ≡
1(mod 5).
Então (24)250 ≡ 1250 (mod 5). Então 21000 ≡ 1 (mod 5), e o resto procurado é 1.
4) Solução:
a) x ≡ 7(mod 10);
b) x ≡ 16 (mod 19);
5) Utilizando o Teorema Chinês dos Restos, o leitor encontrará x ≡ 257(mod 42), que pode ser
escrito como x ≡ 5(mod 42)
6) Utilizando o Teorema Chinês dos Restos, o leitor encontrará x ≡ 4409 (mod 792), que pode
ser escrito como x ≡ 449 (mod 792)
7) x ≡ 1348 (mod 2020)
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final de mais uma unidade, na qual você aprendeu a definição e as propriedades
da congruência. Viu como ela pode resolver complexas questões acerca de divisibilidade, e também
foi introduzido às equações diofantinas. Aprendeu como resolver congruências lineares e sistemas
de congruências. Estudaremos aplicações, tanto teóricas quanto práticas, do conceito visto agora.
É importante que o leitor tenha em mente que, apesar de que as congruências já fossem estu-
dadas na antiguidade, foi Carl Friedrich Gauss, em seu livro Disquistiones arithmeticae, que introdu-
ziu a notação utilizada em todo esse capítulo (a saber, a ≡ b(mod m)), que nos permite comparar a
relação de congruência com a de igualdade, tornando muito fácil a manipulação desse conceito. Ou
seja, a escrita dessa unidade só foi possível graças a esse talentosíssimo matemático.
Veja agora os Conteúdos Digitais Integradores que ampliarão seu conhecimento sobre o as-
sunto.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LANDAU, E. Teoria elementar dos números. Editora Ciência Moderna, 2002.
Objetivos
Objetivos
Teorema de Euler, Pequeno Teorema de Fermat e Teorema de Wilson.
Equações diofantinas (continuação).
Critérios de divisibilidade.
Problemas envolvendo datas.
1) Procure entender os teoremas apresentados com seus próprios exemplo e refaça suas demonstrações no
papel.
2) Tome muito cuidado ao resolver equações diofantinas pelo Algoritmo de Euclides, pois é muito
fácil cometer erros nesse ponto.
3) Essa unidade se difere mais ainda da unidade anterior, em relação ao livro-texto, justamente por
apresentar aplicações mais práticas de congruência. Por isso, é importante verificar os Conteúdos
Digitais Integradores.
A terceira e a quarta seção desta Unidade, em especial, são as mais interessantes para aplica-
ção em sala de aula. Apenas com a definição e com as propriedades mais básicas de congruência, é
possível resolver problemas interessantes, como os critérios de divisibilidade e problemas envol-
vendo datas.
Nosso objetivo é demonstrar dois teoremas conhecidos como teorema de Euler e Pequeno
Teorema de Fermat. Landau chama ambos de Pequeno Teorema de Fermat (um seria o resultado
principal e o outro, uma consequência), mas vamos utilizar a nomenclatura adotada por vários auto-
res. Apesar de, historicamente, o Teorema de Euler vir depois do de Fermat, como uma generaliza-
ção, para fins didáticos o Teorema de Euler vem primeiro, e fica fácil demonstrar o de Fermat como
um caso particular.
Demonstração: Seja a1,a2, … , aϕ (m) um conjunto reduzido de resíduos mod m. Então Pelo Teo-
rema 63 que demonstramos na Unidade 3, aa1,aa2, … , aaϕ (m) também é um conjunto reduzido de
resíduos. Ou seja, cada elemento do primeiro conjunto é congruente mod m a algum elemento do
segundo conjunto. Simbolicamente, escrevemos que os números an são congruentes aos aan (com
n = 1,.., ϕ (m)) . O Teorema 53 nos garante que é possível multiplicar “sequências de congruências”,
portanto .
Note que, no lado direito da congruência, o termo a será multiplicado ϕ (m) vezes, ou seja, fa-
Exemplo: Sabemos que (5, 3) = 1. Temos que {1,2,3,4} é um sistema reduzido de resíduos
mod 5, portanto ϕ (5) = 4 . Então, o Teorema de Euler nos diz que 34 ≡ 1(mod 5).
O teorema a seguir não é nada mais do que um caso particular do Teorema de Euler para
números primos:
Demonstração: Se pła, então (p,a) = 1 (Teorema 19 da Unidade 2). Portanto, podemos apli-
car Teorema de Euler. Pela definição de número primo, p será relativamente primo com qualquer
número menor do que ele. Portanto, tomando o sistema completo de restos formado por 0,1,..., p –
1, basta retirarmos o 0 para obtermos um conjunto reduzido de restos. A quantidade de elementos
será p – 1,ou seja, ϕ (p) = p – 1.
Então, aplicando o teorema de Euler, temos que ap - 1≡ 1(mod p). Multiplicando essa con-
gruência por a, encontramos outro resultado útil, que é ap ≡ a(mod p). Quando citarmos o Teorema
Pequeno de Fermat daqui por diante, podemos estar nos referindo a qualquer uma das duas con-
gruências.
Exemplo: Como 17ł4, o Teorema nos diz que 416≡1(mod 17). É possível verificar que essa
congruência é verdadeira utilizando as técnicas vistas na Unidade anterior. Afinal, sabemos que
(mod 17), Então Como (mod 17), então (mod 17). Portanto, o Pequeno Teo-
rema de Fermat não é nada mais do que um “atalho”, para provar certos resultados que já conse-
guimos provar antes.
Fizemos este exemplo na Unidade anterior de uma maneira muito complicada, mas agora se-
rá muito simples. Sabemos que 223 ≡ x (mod 47), para algum x tal que 0 ≤ x < 47. Então temos que
(223)2 ≡ x2 (mod 47), ou seja, 246 ≡ x2 (mod 47). Pelo Pequeno Teorema de Fermat, 246 ≡ 1(mod 47).
Pelo Pequeno Teorema de Fermat, 212 ≡ 1(mod 13), então (212)5 ≡ 15(mod 13) → 260 ≡ 1(mod
13)
Além disso, 25= 32 ≡6(mod 13). Então (25)2 ≡ 62(mod 13) → 210 ≡ 36(mod 13) ≡ -3(mod13).
Então 270 =260.210 ≡ 1.-3 ≡ -3(mod 13).
Além disso, 33 = 27 ≡ 1(mod 13). Então (33)23 ≡ 123 (mod 13) → 369 ≡ 1 (mod 13). E, como
Lembre que, dados a e b, a é o inverso de b mod p se a.b ≡ 1(mod p). Além disso, a é o seu
próprio inverso mod p se a ≡1(mod p) ou a ≡ -1(mod p). Considere os números 1,2,3,...10. Como
cada um desses números é relativamente primo com 11, pelo teorema 65, a equação sr≡ 1(mod 11)
tem uma única solução; ou seja, cada um desses números possui um inverso mod 11. Por tentativa,
vemos que apenas 1 e 10 são seus próprios inversos, pois 1 ≡ 1(mod 11), e 10≡ -1(mod 11), e que
isso não ocorre com nenhum outro número.
Mas, como os demais números precisam ter um inverso, então é possível agrupar a sequên-
cia 2,3,...,9, em 4 pares (o conjunto tem 8 elementos) de números em que cada um é o inverso do
outro.
Os pares serão:
Multiplicando lado a lado, teremos que 2.3.4.5.6.7.8.9 ≡ 1(mod 11). Como 10 ≡ 1(mod 11), se
multiplicarmos ambos lados por 10, teremos 2.3.4.5.6.7.8.9.10 ≡ -1(mod 11) → 10! ≡ -1(mod 11).
Para entender a demonstração que vem a seguir, note que o conjunto 2,3,...,9 possui 11 - 3 = 8
elementos, e, por isso, é possível formar 8/2 = 4 pares. De modo geral, o conjunto 2,3..., p – 2 possui
p – 3 elementos, e é possível formar (p – 3)/2 pares.
Demonstração do Teorema de Wilson. Tome o conjunto 1,..., p – 1. Pelo Teorema 65, para
cada elemento r desse conjunto há um certo s tal que rs ≡ 1(mod p), pois (p, r) = 1. p – 1 ≡ -1(mod
p), e 1 ≡ 1 (mod p), então nos resta que as demais soluções possíveis estão no conjunto 2,3,..,p-2.
Esse conjunto possui p – 3 elementos, então é possível formar (p – 3)/2 pares de números r
e s tais que rs ≡ 1 (mod 11).
Primeiro, note que 12 ≡ 1(mod 11). 13 ≡ 2(mod 11), 14≡ 3(mod 11),...,21≡10(mod 11).
Teorema 66. Sendo (a,b) = d, então a equação diofantina ax + by = c tem solução se, e somen-
te se, d|c.
Demonstração: Pelo Teorema 65, a congruência ax ≡ c(mod b) tem solução, se, e somente
se, (a,b)|c. Por hipótese, (a,b)|c, portanto a congruência tem solução. Se ax ≡ c(mod b) possui solu-
ção, então existe um q tal que ax – c = qb → ax – qb = c, então a equação ax + by = c possui solução.
Por outro lado, se (a,b)łc, a congruência ax ≡ c(mod b) não terá solução, e, consequentemen-
te, ax + by = c não possuirá solução.
Podemos encontrar soluções para esse tipo de equação do mesmo modo que fazíamos quan-
do tínhamos ax + by = 1. Ou seja, primeiro escrevemos o MDC de 12 e 30 como uma combinação
linear desses números.
30 = 2.12 + 6
Então 6 = 30 – 2. 12.
Portanto uma solução possível é x0 = -8, y0 = 4. Porém, ela não é a única. Existem infinitas so-
luções possíveis. Veremos a seguir como encontrá-las.
Teorema 67. Se x 0, y0 são uma solução de ax + by = c, então todas as soluções são da forma
em que h é um inteiro qualquer.
Agora precisamos mostrar que toda solução é da forma descrita no enunciado do teorema.
Seja o par x,y outra solução da equação que estamos estudando.
Então ax + by = c (1), assim como ax0 + by0 = c (2).
Agora, tratemos do y.
Da equação (1), temos que by = c – ax. Substituindo o que encontramos em (3), ficamos com
(4).
Por (2), temos que by0 = c – ax0, e, substituindo em (4), temos que (5).
Exemplo: Vimos que uma solução para a equação 12x + 30y = 24 é x0 = -8 y0 = 4, e que (12,30)
= 6.
Exemplo: Determinar todas as duplas de frações positivas que tenham 3 e 5 como denomina-
dores e cuja soma seja igual.
Testando: h = 20 → x = 3, y = 14.
h = 21 → x = 6, y = 9
h = 22 → x = 9, y = 4.
Observação: Há muitos outros tipos de equações diofantinas. Descobrir que trios de números
satisfazem o Teorema de Pitágoras (a² + b² = c2), é um problema envolvendo equações diofantinas,
Essa conjectura levou mais de 300 anos para ser demonstrada, então poder ser
chamada, de fato, de teorema.
2. 3. CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE.
Nos Conteúdos Digitais Integradores da Unidade 1, já havia sido disponibilizado um material
que apresentava os mais conhecidos critérios de divisibilidade. Agora, vamos demonstrar esses cri-
térios a partir do conceito de congruência. Para fazer essas demonstrações, suporemos válido o re-
sultado do Teorema 8 do Capítulo 1 do livro de Landau, que diz o seguinte:
Teorema 8. Seja g > 1. Então qualquer número a > 0 pode ser expresso de uma única maneira
na forma: a = c0 + c1g + … + cngn, n ≥ 0, cn > 0, 0 ≤ cm < g para 0 ≤ m ≤ n.
Exemplos:
2 = 2.100
17 = 1.101 +7.100
Divisibilidade por 9: Um número a é divisível por 9, se, e somente se, a soma dos algarismos
de a for divisível por 9.
Demonstração: Como 10 ≡ 1(mod 9), então, para n > 0, 10n ≡ 1(mod 9), e, cn10n ≡ cn(mod 9).
Assim, a ≡ 0(mod 9), se, e somente se, (c0 + c1 + …+cn) ≡ 0 (mod 9).
1333 não é divisível por 9, pois 1+3+3+3 = 10, e 10 não é divisível por 9.
Divisibilidade por 3: Um número a é divisível por 3, se, e somente se, a soma de seus algaris-
mos for divisível por 3.
Demonstração
Como 3|9, cn10n ≡ cn(mod 9) → cn10n ≡ cn(mod 3), e o mesmo raciocínio da demonstração an-
terior se aplica aqui.
Divisibilidade por 4: Um número a é divisível por 4, se e somente se, o número formado por
seus dois últimos algarismos for divisível por 4.
Em primeiro lugar, note que 101 ≡ -2(mod 4) → 102 ≡ 4(mod 4) ≡ 0(mod 4).
Note também que 102n.10 ≡ 0 (mod 4), ou seja, 102n + 1 ≡ 0 (mod 4).
Por entende-se “10 elevado a um expoente par”, e, por , entende-se “10 elevado a
um expoente ímpar”. Considerando as potências com expoente par e com expoente ímpar, estamos
abrangendo todas as potências (com expoentes inteiros) de 10. Assim, exceto para , todas as
potências de 10 são ≡ 0(mod 4).
Ou seja, para que a seja divisível por 4, é necessário que c0 + c110, ou seja, o número formado
pelos seus dois últimos algarismos, seja divisível por 4.
Exemplos:
Para testar a divisibilidade por 5, 7 ou 13, podemos testar a divisibilidade por 1001. E por que
isso seria mais fácil?
Note que 10³ = 1000 ≡ -1(mod 1001). Então, para p > 0 par e q > 0 ímpar, 103p ≡ 1(mod 1001),
e 103q ≡ -1(mod 1001).
Agora, sendo a = c0 + c110 + c2102 + c310³ + c4104+ c5105 + c6106 + c7107 + c8108 +… + cn10n, no-
te que, a partir da quarta parcela, podemos agrupar cada trio de parcelas colocando 103 em evidên-
cia, ficando com:
a = (10²c2 + 10c1 + c0) + 103(102c5 + 10c4 + c3) + (103)²(102c8 + 10c7 + c6) + … + (103)n/3 (cn-2102 + cn-110
+ cn)
Perceba que, na expressão acima, a primeira parcela é uma do tipo 10 3p (p = 0), a segunda é do
tipo 103q, a terceira é do tipo 103p, e assim por diante.
Portanto, a ≡ (10² c2 + 10c1 + c0) - (102c5 + 10c4 + c3) + (102c8 + 10c7 + c6) - … + … (mod 1001).
Assim, para verificarmos a congruência de um número mod 1001, devemos tomar o número
formado pelos três últimos algarismos, subtrair do número formado pelo segundo bloco de três al-
garismos, somar com o número formado pelo terceiro bloco de três algarismos, e assim por diante.
Obviamente, nosso objetivo não é verificar a congruência mod 1001, mas sim a congruência mod 7,
11, ou 13.
Exemplos:
Para o número 4102, temos: 102 – 004 = 98. 98 divide 7, mas não divide 11 nem 13, portanto
4102 é divisível por 7, mas não por 11 e 13.
Para o número 123579456, temos: 456 – 579 + 123 = 0. 0 é divisível por 7, 11 e 13, portanto
123579456 também o é.
Também precisamos lembrar que os anos bissextos são os anos representados por múltiplos
de 4 (há exceções, como o ano 1900, mas é a única que precisaremos considerar em nossos proble-
mas).
Exemplo:
Assim, o problema consiste em saber quantos dias se passaram a partir do dia dado, e saber a
congruência mod 7 dessa quantidade.
Resolução: Como 2013 não é um ano bissexto, passar-se-ão 365 dias até 15 de outubro de
2014.
Por tentativa, vemos que o número mais próximo de 365 que é divisível por 7 é 364, portanto
365 ≡ 1(mod 7).
Andrew Wiles, matemático britânico que ficou mundialmente famoso por demonstrar o Últi-
mo Teorema de Fermat, nasceu no dia 11 de Abril de 1953, um sábado. Caso alcance tamanha lon-
gevidade, em que dia da semana esse cientista completará 100 anos de idade?
Andrew Wiles completará 100 anos em 11 de abril de 2053. Precisamos saber quantos dias te-
rão se passado desde 1953, tomando cuidado com os anos bissextos.
O primeiro múltiplo 1953 e 2053 é 1956, e o último é 2052. Temos que 2052 – 1956 = 96, e
(96:4) +1 = 25. Logo, são 25 anos bissextos entre 1953 e 2053. Isso significa que há 25 dias 29 de
fevereiro nesse intervalo de 100 anos. Isso significa que se passarão 365.100 + 25 dias.
(por tentativa).
Então:
Sendo nosso “0” o sábado, Andrew Wiles comemorará 100 anos numa sexta-feira.
O primeiro texto traz o Teorema de Fermat (p. 78), o Teorema de Wilson (p. 82 a 84) e o Teo-
rema de Euler (p. 119 e 120) link apresenta demonstrações desses teoremas, e o segundo, notas
históricas sobre o Pequeno Teorema de Fermat. O segundo apresenta o Pequeno Teorema de Fer-
mat.
3.3. APLICAÇÕES
Uma aplicação ainda não citada sobre congruência diz respeito a criptografia RSA, que é o mé-
todo para codificar qualquer tipo de informação enviada pela internet.
O texto a seguir é muito interessante, e é possível entendê-lo baseado nos conteúdos tratados
nesta unidade.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
2) Utilize o teorema de Wilson para encontrar o resto da divisão de 3².5²7².9².11².13².15² por 17.
a) 3x + 5y = 3
b) 8x + 7y = 9
c) 10x + 5y = 18
d) 12x + 10y = 4
4) Determinar as duas menores frações positivas que tenham 5 e 7 para denominadores e cuja soma seja igual a
31/35.
c) Um número é divisível por 8, se, e somente se, o número formado pelos seus três últimos algarismos for di-
visível por 8.
6) Verifique, sem utilizar a calculadora, se os seguintes números são divisíveis por 7, 11 e 13.
a) 17780
b) 195580
c) 2542540
d) 123456789
7) Resolva:
a) Suponha que hoje seja 14 de Outubro e seja uma Segunda-Feira. Que dia da semana será daqui a 1512 dias?
b) O matemático Bernhard Riemann nasceu no dia 17 de Setembro de 1826, em um Domingo. Caso estivesse
vivo em 2013, em que dia da semana Riemann comemoraria seu aniversário ? Lembrando que 1900 não foi
um ano bissexto.
c) O cantor Roberto Carlos nasceu no dia 19 de Abril de 1941. Sabendo que 19 de Abril de 2013 foi uma Sexta-
Feira, em que dia da semana Roberto Carlos nasceu?
Gabarito
Acompanhe os resultados.
1) Pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que 216 ≡ 1(mod 17), e 2³ = 8 ≡ 8(mod 17).
2) Note que 3,5,7,11,13 e 15, por serem menores que 17, são, cada um, congruentes a si mesmos mod 17.
Além disso, 3 ≡ -14(mod 17), 5 ≡ -12(mod 17), 7 ≡ -10(mod 17), 9≡ -8(mod 17), 11≡ -6 (mod 17), 13≡ -4(mod 17),
15 ≡ -2(mod 17).
Fazendo isso com todos os números, e efetuando o produto das congruências, teremos que
3.5.7.9.11.15 ≡ 3.(-14).5.(-12).7.(-10).9.(-8).11.(-6).13.9(-4).15.(-2) (mod 17), que, reorganizando, fica ≡ -
15.14.13.12.11.10.9.8.7.6.5.4.3.1(mod17). ≡ -15! (mod17)
Pelo teorema de Wilson, 15! ≡ -1(mod 17), logo -15! ≡ 1(mod 17).
a) x = 1 + 5h, y = -3h
b) x = 2 + 7h, y = -1 -8h
d) x = 2 + 5h, y = -2 -6h
e) e) x = 3 + 6h, y = -2 – 5h
X > 0 → h > -3/5, y> 0 → h < 2/7. Portanto h = 0 e as frações são 3/5 e 2/7
5)
a) Mostre que 10n ≡ 0(mod 5) para n > 0. Portanto, basta analisar o último digito do número.
b) Sabemos que, se a ≡0 mod(m1.m2), então a≡ 0 (mod m1) e a≡ 0 (mod m2). Como 6=2.3, para um número ser
divisível por 6, ele deve ser divisível por 2 e por 3.
c) Mostre que 10n ≡ 0(mod 8) para n > 2 (baseie-se no que foi feito com o 4). Portanto, basta analisarmos o
número formado pelos três algarismos do número estudado.
7)
a) Segunda-Feira.
b) Note que, como 1900 não é ano bissexto, ao encontrar os 47 divisores de 4, você deve subtrair 1. Serão
46 dias 29 de fevereiro ao longo desses 187 anos. Utilizado as congruências, obteremos que o dia será
Terça-Feira.
c) Utilizado o mesmo raciocínio que viemos fazendo, descobriremos que entre 19 de Abril de 1941 e 19 de
Abril de 2013, há uma congruência 6(mod 7). Porém, como estamos falando do passado, precisamos vol-
tar 6 dias na semana. Ou seja, Roberto Carlos nasceu em um Sábado.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final de nossa última unidade. Vamos relembrar tudo o que aprendemos?
Na última unidade, foram apresentadas mais aplicações de congruências para resolver ques-
tões com divisibilidade.
Esse assunto é inesgotável, mas você já pôde ter uma base do que é a Teoria de Números e
como ela é essencial para provarmos resultados que julgamos “básicos” da Matemática.
6. E-REFERÊNCIA
UNICAMP. Prova 1: teoria de números. Disponível em:
<http://www.ime.unicamp.br/~smartin/cursos/teonum13/Prova1%20Resolvida.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2014.