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Formação em Teologia

Volume 12

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Formação em Teologia

ÉTICA CRISTÃ
Princípios de um crente em Cristo - Piedade (Parte 4)

I Ética e Piedade Pessoal

A palavra piedade precisa ser reinterpretada. Ela não significa um ato de


pena. Piedade é a vida devocional do cristão. No sentido amplo da palavra, piedade
é o modo de viver, se relacionar, falar, agir e buscar a Deus. A pessoa piedosa
demonstra com sua vida a cosmovisão e ética cristãs. Para isso, Jonathan Edwards
fez 70 resoluções, sabia que a alma humana facilmente perde o foco em meio a
convicções, sonhos, projetos e tudo mais. Edwards prometeu para si mesmo não
perder a direção e, às vezes, essas promessas são as mais importantes, feitas a nós
mesmos, pois ao falhar, carregamos um peso imenso e perdemos a vida plena.

II 1ª Resolução de Edwards

As resoluções de Jonathan primavam a glória de Deus, e é preciso abrir a


mente quando se fala de glória, que não é uma atividade ou movimento dentro do
culto cristão. Glória é Deus em primeiro plano até mesmo nas tarefas rotineiras.
Digamos que um pastor tem de aconselhar, ler, visitar, administrar. Há excesso de
tarefas e ele tem que decidir o que fazer em primeiro e o que pode ser deixado para
depois - como numa emergência de hospital onde é necessário escolher os
pacientes prioritários. Edwards entendeu que o prioritário é o que dá mais glória a
Deus; e fazia a sua rotina e agenda baseadas nessa premissa; sabia que “antes da
coroa havia uma cruz”, tanto no ambiente religioso quanto fora dele. Até mesmo
campanhas publicitárias refletem isso, como um slogan da Nike, “no pain, no gain”
(sem dor, sem ganho), mostrando que, se não há esforço, não se alcança o objetivo.

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III Arrependimento

A vida cristã é marcada por decisões, é parte fundamental. Edwards toma


como resolução abandonar o pecado vivendo em constante arrependimento. Uma
missão difícil, pois, muitas vezes na sociedade, isso é visto negativamente. Edwards
entende que, biblicamente, o arrependimento é um motor que permite chegar mais
longe, ao se perceber os erros. Em toda profissão e ramo de atividade é notório
quando algo não funciona bem. Olhamos e a partir de nossa percepção dizemos:
“Isso não soou bem. Foi mau executado”. Ao se olhar para dentro da alma é possível
perceber quando algo não está bom ou no lugar (sentimento, pensamento, atitude)
e carece de transformação. Segue um trecho das resoluções de Edwards:

“Resolvi que se eu cair e me tornar insensível de forma a negligenciar


qualquer parte destas resoluções, arrepender-me-ei de todas as coisas das quais
puder me lembrar, quando recobrar a lucidez.”

Muitas vezes vamos sair da rota (resoluções) e no momento posterior aos


desvios, ao recobrar a lucidez, entendemos qual era a melhor decisão. Edwards se
compromete (consigo mesmo) a, com esforço, retomar a direção. O mais importante
é que ele sabe que o evangelho está por trás dessa conduta, é o que o levará a agir.
Lembre-se das promessas que fez para você mesmo e quais delas precisam ser
cumpridas. Observe os fatos da perspectiva oposta e pergunte-se: Quais dessas
promessas talvez sejam tolas? O que pode ser repensado?

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Edwards percebia que alguns pecados tinham origem no temperamento e


outros nos relacionamentos e estava comprometido a examinar tudo em ambos. A
partir daí a lucidez o acometia para enfrentar a si mesmo (sempre a luta mais difícil
e necessária). E é muito mais do que simplesmente avaliar resultados, quando se é
cristão avalia-se, principalmente, a essência. Jesus disse que “Pelos frutos vos
conhecereis” (Mateus 7: 16), o crente é aquele que precisa perceber o que está
produzindo. De fato, enquanto cristãos podemos produzir muito, porém, mais do
que avaliar o fruto, precisamos avaliar a (nossa) essência, regularmente, verificar
do que nós somos feitos, o que há dentro. Por definição, um cristão sempre está
avaliando, aperfeiçoando(se) e se arrependendo.

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IV Reconhecendo o Pecado em Nós

Edwards entendia que - ele próprio, eu, você, nós e toda a humanidade -
fomos os causadores da Cruz. A responsabilidade é definida pelo entendimento, a
cruz é necessária porque existe algo em nós que precisa ser reconsiderado,
reordenado e refeito. Não entender isso leva a uma forma superficial de vida. A
cruz não é o mesmo que autoflagelação, nem tem a ver com se mutilar ou se
destruir. Entender a cruz é perceber-se pecador, como Paulo afirma:

“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio
ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Timóteo 1:15)

A consciência de olhar para o “eu” e enxergá-lo como pecador age em nós


para combater o orgulho humano natural. É comum ver alguém caindo/pecando
em alguma área e muitas vezes fala-se: “Não sei como essa pessoa consegue fazer
isso, não sei como ele(a) tem esse tipo de atitude”. Esses comentários revelam um
ar de superioridade em relação ao outro por conta do pecado alheio. Edwards ia na
contramão disso, quando via ou sabia de algo assim, buscava os mesmos erros
dentro de si mesmo e pedia perdão. Ele imaginava que, de alguma maneira, o
pecado do outro também era seu. Logo, não exultava quando via alguém pecando,
mas sondava o seu coração humildemente.
Edwards mantinha o compromisso de enxergar o próprio progresso
espiritual, não como uma conta bancária, mas perceber o pecado. (Re)Avaliar, vez
após vez, até alcançar uma essência limpa. Isso é um elemento da piedade e parte
de uma vida cristã ética.

“Resolvi nunca ceder, o mínimo que seja para diminuir a minha luta contra as
minhas corrupções, por mais malsucedido que eu venha ser.”

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Para muita gente, o velho homem é uma questão estética e comportamental


– roupas, brincos, tatuagens, se fuma ou bebe. Mas tais questões passam longe da
verdade do velho homem. Deus mostra a gravidade do pecado, no velho homem
que, corrompe a vida em desamor e a sabota. Pense: Se todos se amam, por que se
ferem tanto? Por que sempre ferimos pessoas que amamos? A resposta é a nossa
corrupção. E a solução é reconhecer, em arrependimento.

V O Tempo e a Eternidade

Nesse ponto, Princípio da Eternidade, Edwards ensina que o tempo é


precioso - americanos têm esse firme valor, visto no ditado “time is money!” (tempo
é dinheiro).

“Resolvi nunca perder um momento, mas aproveitar o tempo da forma mais


vantajosa que puder.”

Para Refletir:

Lembre-se da provocação anterior sobre a influência das éticas na sociedade


moderna porque muitos não sabem de onde esses pensamentos vieram, mas
vários nascem com Jonathan Edwards, um dos responsáveis por trazer tais assuntos,
profundamente comprometido na causa cristã, brilhante intelectual – convidado à reitoria
da Universidade de Princeton. Ele conversa com sua comunidade e consigo mesmo na
intenção de discernir o que é urgente e o que não é. É preciso aprender isso pois o nosso
tempo precisa ser usado estrategicamente para a glória de Deus.

“Segunda-feira, 3 de fevereiro. Todas as coisas têm o mesmo valor agora, do que


teriam se eu estivesse no leito de enfermidade e, em qualquer busca que eu estiver
empreendendo, que essa questão venha com frequência a minha mente: quanto valor eu
daria a isso se estivesse em meu leito de morte?”

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Ele fazia essa reflexão para perceber tanto o valor quanto o tempo que daria para
as coisas. Se eu tivesse no meu leito de morte, isso seria realmente uma coisa importante,
seria indispensável? Com esse raciocínio, ele tomava decisões.

Nota pastoral
Quem já ficou internado num hospital, em estado sensível, por problemas de saúde,
entende exatamente essa experiência - muitas coisas simplesmente perdem a importância.
Já tive algumas experiências nisso e digo: É assustador ver as coisas numa dimensão de
vida e de morte. Ganha-se perspectiva e perde-se sentido em várias coisas, outras ganham
sentido e a glória de Deus surge sobre ambos.
Por conta desse conceito de eternidade, Edwards se dedicava para administrar seu
tempo da melhor maneira e evitar o desperdício da vida. É triste quando um cristão tem a
sensação de ter perdido sua vida, pensando que ela não valeu à pena e não consegue
aproveitar. Quando isso acontece, fatalmente chegará o ponto de não conseguir
administrar o tempo e viver para glória a Deus.

VI Vivendo Plenamente

Edwards dizia:

“8 de julho de 1.723. Frequentemente ouço as pessoas idosas dizerem como


teriam vivido se pudessem voltar ao início de sua vida novamente. Resolvi que
viverei da forma como desejaria ter vivido no caso de ter chegado a uma idade
avançada.”

Edwards prometeu a si mesmo viver sem desperdiçar a vida no que é menos


importante. Pelo contrário, administrou seu tempo de tal modo que tudo fosse útil
à glória de Deus, fizesse sentido, fosse intenso e pleno. Essa questão/sensação de
desperdício chega a todos porque ninguém quer chegar à conclusão de que a vida
não compensou. Sobre isso, Edwards diz:

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“Resolvi que, enquanto viver, viverei com todas as minhas forças e, para eu
viver com todas as minhas forças, preciso ter disciplina, eu preciso ter foco, eu
preciso estar completo e no lugar. Se eu estou aqui, eu preciso estar inteiro.”

Em nossa sociedade é comum não estar inteiro nas coisas, não dar tudo que
tem, não ser tudo o que pode. Sempre fragmentados. Queremos tudo e não
focamos em nada. Edwards promete viver com todas as suas forças. É exatamente
essa a atitude do Cristão, até mesmo as questões de alimentação e exercício eram
consideradas. Ele cortava lenha durante meia hora quase todos os dias, além de
caminhar e cavalgar porque entendia que o cuidado físico também fazia parte, para
estar inteiro e ter uma vida integral.

VII A Prática do Amor


Edwards resolveu se esforçar para demonstrar amor. Entende-se que amor
é uma coisa que flui naturalmente, é verdade, mas muitas vezes precisamos nos
esforçar para manifestar amor. Às vezes esperamos que o outro tome a iniciativa.
Edwards resolveu não esperar os outros e amar primeiro sem esperar retribuição,
se elas quisessem devolver esse amor, seria apenas uma resolução delas.
Enfatizamos aqui o conceito do amor cristão. Biblicamente, podemos fazer
coro a Edwards, pois o amor não espera, em última análise, não podemos ficar na
expectativa do outro amar primeiro ou de volta. Simplesmente amamos porque o
amor é parte de nossa essência. Tal atitude nos faz pacificadores e não justiceiros,
porque enquanto aguardamos nasce em nós vontade de fazer justiça, mas quando
tomamos a decisão de amar primeiro, viemos com a paz, ou seja, nos tornamos o
tipo de pessoa que quer oferecer paz e não exigir justiça. Isso faz toda diferença,
uma coisa é viver construindo pontes de paz, outra coisa é viver como justiceiro. A
ética cristã é uma ética de pacificadores.

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VIII Fidelidade a Deus

Para Edwards, a ética cristã passa pelo autoexame profundo e metódico, a


tal ponto que ele examinava sua própria conversão. Será que eu já me converti de
verdade? Edwards tinha coragem de olhar para si mesmo e (se) questionar: “Eu
sou convertido de verdade ou isso que eu vivo é uma confusão, delírio, brincadeira,
passatempo?” Muitos cristãos não têm coragem e/ou honestidade para se avaliar:

“Resolvi examinar cuidadosa e constantemente o que é isso em mim, que me


leva a duvidar de alguma maneira do amor de Deus e direcionar todas as minhas
forças a combater isso.”

Ele percebeu que em muitos momentos surgia alguma coisa em seu coração
que o compelia a duvidar do amor de Deus. Sendo assim, Edwards resolveu que
toda vez que sentisse ou pensasse isso, iria lutar para entender de onde estava
vindo e enquanto não entendesse não se daria por satisfeito:

“18 De dezembro, 1.722. Hoje fiz a 35ª resolução. As razões pelas quais questionam
pouco interesse pelo amor e favor de Deus são: um pouco, porque não consigo falar
tão plenamente da minha experiência dessa obra preparatória de qual falam os
teólogos; não me lembro de ter experimentado a regeneração exatamente por meio
daquele espaço que os teólogos dizem que, em geral, são tomados; não tenho
sensibilidade suficiente para sentir as graças cristãs, principalmente a fé. Temo
que o que eu sinto seja apenas afeições hipócritas e externas, as quais tanto os
homens perversos podem sentir, como também os outros. O que sinto não parece
estar suficientemente no íntimo e ser pleno, sincero e genuíno, não parece tão
substancial e forjado em minha própria natureza de forma como eu desejaria que
fosse; porque às vezes sou culpado de pecados de omissão e de comissão.”

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Falta-nos ser sinceros assim. Edwards não está duvidando de Deus, mas de
si mesmo porque hoje duvidamos de tudo, menos de nós mesmos. O cristão é
marcado pela dúvida de si e a ética cristã é marcada pelo exame da fé.
Abaixo segue as 70 resoluções de Jonathan Edwards. Elas são apenas as
decisões de um cristão que quer viver corretamente diante do Senhor. Elas não
estão à altura e nem têm o peso e a autoridade da Palavra de Deus. A intenção é
incentivá-lo a buscar em Deus suas próprias resoluções.

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IX Resoluções (1722-1723)

Por Jonathan Edwards


Estando ciente que sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus.
Humildemente Lhe rogo que, através de Sua graça, me capacite a cumprir
fielmente estas resoluções, enquanto elas estiverem dentro da Sua vontade, em
nome de Jesus Cristo.

1. Resolvi que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu
próprio bem, proveito e agrado, durante todo tempo de minha peregrinação, sem
nunca levar em consideração o tempo que isso exigirá de mim, seja agora ou pela
eternidade afora. Resolvi que farei tudo o que sentir ser o meu dever e que traga
benefícios para a humanidade em geral, não importando quantas ou quão grandes
sejam as dificuldades que venha a enfrentar.

2. Resolvi permanecer na busca contínua de novas maneiras para poder promover


as resoluções acima mencionadas.

3. Resolvi arrepender-me, caso eu um dia me torne menos responsável no tocante


a estas resoluções, negligenciando uma ínfima parte de qualquer uma delas e
confessar cada falha individualmente assim que cair em mim.

4. Resolvi, também, nunca negar alguma maneira ou coisa difícil, seja no corpo ou
na alma, menos ou mais, que leve à glorificação de Deus; também não sofrê-la se
tiver como evitá-la.

5. Resolvi jamais desperdiçar um só momento do meu tempo; pelo contrário,


sempre buscarei formas de torná-lo o mais proveitoso possível.

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6. Resolvi viver usando todas minhas forças enquanto vivo.

7. Resolvi jamais fazer alguma coisa que eu não faria, se soubesse que estava
vivendo a última hora da minha vida.

8. Resolvi ser a todos os níveis, tanto no falar como no fazer, como se não houvesse
ninguém mais vil que eu sobre a terra, como se eu houvesse cometido esses
mesmos pecados ou apenas sofresse das mesmas debilidades e falhas que todos
os outros; também nunca permitirei que tomar conhecimento dos pecados dos
outros me venha trazer algo mais que vergonha sobre mim mesmo e uma
oportunidade de poder confessar meus próprios pecados e miséria a Deus.

9. Resolvi pensar e meditar bastante e em todas as ocasiões sobre minha própria


morte e sobre circunstâncias relacionadas com a morte.

10. Resolvi, sempre que experimentar e sentir dor, relacioná-la com as dores do
martírio e também com as do inferno.

11. Resolvi que sempre que pense em qualquer enigma sobre a salvação, fazer de
tudo imediatamente para resolvê-lo e entendê-lo, caso nenhuma circunstância me
impeça de fazê-lo.

12. Resolvi, assim que sentir um mínimo de gratificação ou deleite de orgulho, ou


de vaidade, eliminá-lo de imediato.

13. Resolvi nunca cessar de buscar objetos precisos para minha caridade e
liberalidade.

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14. Resolvi nunca fazer nada em forma de vingança.

15. Resolvi nunca sofrer nenhuma das menores manifestações de ira vinda de seres
irracionais.

16. Resolvi nunca falar mal de ninguém, de forma tal que afete a honra da pessoa
em questão, nem para mais, nem para menos honra, sob nenhum pretexto ou
circunstância, a não ser que possa promover algum bem e que possa trazer um real
benefício.

17. Resolvi viver de tal forma como se estivesse sempre vivendo o meu último
suspiro.

18. Resolvi viver de tal forma, em todo o tempo, como vivo dentro dos meus
melhores padrões de santidade privada e daqueles momentos que tenho maior
clarividência sobre o conteúdo de todo o evangelho e percepção do mundo
vindouro.

19. Resolvi nunca fazer algo de que tenha receio de fazer uma hora antes de soar a
última trombeta.

20. Resolvi manter a mais restrita temperança em tudo que como e tudo quanto
bebo.

21. Resolvi nunca fazer algo que possa ser contado como justa ocasião para
desprezar ou mesmo pensar mal de alguém de quem se me aperceba algum mal.

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Resoluções 1 a 21 foram escritas em New Haven, em 1722

22. Resolvi esforçar-me para obter para mim mesmo todo bem possível do mundo
vindouro, tudo quanto me seja possível alcançar de lá, com todo meu vigor em Deus
– poder, vigor, veemência, violência interior mesmo, tudo quanto me seja possível
aplicar e admoestar sobre mim, de qualquer maneira que me seja possível pensar
e aperceber-me.

23. Resolvi tomar ação deliberada e imediata sempre que me aperceber que possa
ser tomada para a glória de Deus e que possa devolver a Deus Sua intenção original
sobre nós, seu desígnio inicial e Sua finalidade. Caso eu descubra, também, que em
nada servirá à glória de Deus exclusivamente, repudiarei tal coisa e a terei como
uma evidente quebra da quarta resolução.

24. Resolvi que, sempre que encetar e cair por um caminho de concupiscência e
mau, voltar atrás e achar sua origem em mim, tudo quanto origina em mim tal coisa.
Depois, encetar por uma via cuidadosa e precisa de nunca mais tornar a fazer o
mesmo e de orar e lutar de joelhos e com todas as minhas forças contra as origens
de tais ocorrências.

25. Resolvi examinar sempre cuidadosamente e de forma constante e precisa, qual


a coisa em mim, que causa a mínima dúvida sobre o verdadeiro amor de Deus para
direcionar todas as minhas fortalezas contra tal origem.

26. Resolvi abater tais coisas à medida que as veja abatendo minha segurança.

27. Resolvi nunca omitir nada de livre vontade, a menos que essa omissão traga
glória a Deus; irei, então com frequência, rever todas as minhas omissões.

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28. Resolvi estudar as Escrituras de tal modo firme, preciso, constante e frequente
que me seja tornado possível e que me aperceba de mim mesmo de que estou
crescendo no conhecimento real das mesmas.

29. Resolvi nunca ter como uma oração ou petição, nem permitir que passe por
oração, algo que seja feito de tal maneira ou sob tais circunstâncias que me possam
privar de esperar que Deus me atenda. Também não aceitarei como confissão algo
que Deus não possa aceitar como tal.

30. Resolvi extenuar-me e esforçar-me ao máximo da minha capacidade real para,


a cada semana, ser levado a um patamar mais real de meu exercício religioso, um
patamar mais elevado de graça e aceitação em Deus, do que tive na semana
anterior.

31. Resolvi nunca dizer nada que seja contra alguém, exceto quando tal coisa se
ache de pleno acordo com a mais elevada honorabilidade evangélica e amor de
Deus para com a sua humanidade, também de pleno acordo com o grau mais
elevado de humildade e sensibilidade sobre meus próprios erros e falhas e de pleno
acordo àquela regra de ouro celestial; e, sempre que disser qualquer coisa contra
alguém, colocar isso mesmo mediante a luz desta resolução convictamente.

32. Resolvi que deverei ser estrita e firmemente fiel à minha confiança, de forma
que o provérbio 20:6, “Mas, o homem fiel, quem o achará?” não se torne nem
mesmo parcialmente verdadeiro a meu respeito.

33. Resolvi fazer tudo que poderei fazer para tornar a paz acessível, possível de
manter, de estabelecer, sempre que tal coisa nunca possa interferir ou inferir contra
outros valores maiores e de aspectos mais relevantes. 26 de dezembro de 1722.

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34. Resolvi nada falar que não seja inquestionavelmente verídico e realmente
verdadeiro em mim.

35. Resolvi que, sempre que me puser a questionar se cumpri todo meu dever, de
tal forma que minha serenidade e paz de espírito sejam ligeiramente perturbadas
através de tal procedimento, colocá-lo diante de Deus e depois verificar como tal
problema foi resolvido. 18 de dezembro 1722.

36. Resolvi nunca dizer nada de mal sobre ninguém que seja, a menos que algum
bem particular nasça disso mesmo. 19 de dezembro de 1722.

37. Resolvi inquirir todas as noites, ao deitar-me, onde e em quais circunstâncias


fui negligente, que atos cometi e onde me pude negar a mim mesmo. Também farei
o mesmo no fim de cada ano, mês e semana. 22 e 26 de dezembro de 1722.

38. Resolvi nunca mais dizer nada, nem falar, sobre algo que seja ridículo, esportivo
ou questão de zombaria no dia do Senhor. Noite de Sábado, 23 de dezembro de
1722.

39. Resolvi nunca fazer algo que possa questionar sobre sua lealdade e
conformidade à lei de Deus, para que eu possa mais tarde verificar por mim se tal
coisa me é lícito fazer ou não. A menos que a omissão de questionar me seja
tornada lícita.

40. Resolvi inquirir cada noite de minha existência, antes de adormecer, se fiz as
coisas da maneira mais aceitável que eu poderia ter feito, em relação a comer e
beber. 7 de janeiro de 1723.

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41. Resolvi inquirir de mim mesmo no final de cada dia, de cada semana, mês e ano,
onde e em que áreas poderia haver feito melhor e mais eficazmente. 11 de janeiro
1723.

42. Resolvi que, com frequência renovarei minha dedicação de mim mesmo a Deus,
o mesmo voto que fiz em meu batismo, o qual recebi quando fui recebido na
comunhão da igreja e o qual reassumo solenemente neste dia 12 de janeiro, 1722-
23.

43. Resolvi que a partir daqui, até que eu morra, nunca mais agirei como se me
pertencesse a mim mesmo de algum modo, mas inteiramente e sobejamente
pertencente a Deus, como se cada momento de minha vida fosse um normal dia de
culto a Deus. Sábado, 12 de janeiro de 1723.

44. Resolvi que nenhuma área desta vida terá qualquer influência sobre qualquer
de minhas ações; apenas a área da vivência para Deus. E que, também, nenhuma
ação ou circunstância que seja distinta da religião, seja a que me leve a concretizar.
12 de janeiro de 1723.

45. Resolvi também que nenhum prazer ou deleite, dor, alegria ou tristeza,
nenhuma afeição natural, nem nenhuma das suas circunstâncias correlacionadas,
me seja permitido a não ser aquilo que promova a piedade. 12 e 13 de janeiro e
1723.

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46. Resolvi nunca mais permitir qualquer medida de qualquer forma de inquietude
e falta de vontade diante de minha mãe e pai. Resolvi nunca mais sofrer qualquer
de seus efeitos de vergonha, muito menos alterações de minha voz, motivos e
movimentos de meu olhar e de ser especialmente vigilante acerca dessas coisas
quando relacionadas com alguém de minha família.

47. Resolvido a encetar tudo ao meu alcance para me negar tudo quanto não seja
simplesmente disposto e de acordo com uma paz benévola, universalmente doce e
meiga, repleta de quietude, hábil, contente e satisfeita em si mesma, generosa, real,
verdadeira, simples e fácil, cheia de compaixão, industriosa e empreendedora,
cheia de caridade real, equilibrada, que perdoa, formulada por um temperamento
sincero e transparente; e também farei tudo quanto tal temperança e
temperamento me levar a fazer. Examinarei e serei severo e acutilante nesse exame
cada semana se por acaso assim fiz e pude fazer. Sábado de manhã, 5 Maio de
1723.

48. Resolvi a, constantemente e através da mais acutilante beleza de caráter,


empreender num escrutínio e exame minucioso e muito severo, para constatar e
olhar qual o estado real de toda a minha alma, verificando por mim mesmo se
realmente mantenho um interesse genuíno e real por Cristo ou não; e que, quando
eu morrer não tenha nada de que me arrepender a respeito de negligências deste
tipo. 26 de Maio de 1723.

49. Resolvi que tal coisa (de não ter afeto por Cristo) nunca aconteça, se eu a puder
evitar de alguma maneira.

50. Resolvi que sempre agirei de tal maneira que julgarei e pensarei como o faria
dentro do mundo vindouro apenas. 5 de julho de 1723.

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51. Resolvi que, agirei de tal forma em todos os sentidos, como iria desejar haver
feito quando me achasse numa situação de condenação eterna. 8 de julho de 1723

52. Eu, com muita frequência, ouço pessoas duma certa idade avançada falarem
como iriam viver suas vidas de novo caso lhes fosse dada uma segunda
oportunidade de a tornarem a viver. Eu resolvi viver minha vida agora e já, tal qual
eu fosse desejar vivê-la caso me achasse em situação de desejar vivê-la de novo,
como eles, caso eu chegue a uma idade avançada como a sua. 8 de julho de 1723.

53. Resolvi apetrechar e aprimorar cada oportunidade, sempre que me possa


achar num estado de espírito sadio e alegremente realizado, para me atirar sobre
o Senhor Jesus numa re-entrega também, para confiar Nele, consagrando-me a
mim mesmo inteiramente a Ele também nesse estado de espírito; que a partir dali
eu possa experimentar que estou seguro e assegurado, sabendo que persisto a
confiar no meu Redentor mesmo assim. 8 de Julho de 1723.

54. Resolvi tudo fazer como o faria caso já tivesse experimentado toda a felicidade
celestial e todos os tormentos do inferno. 8 de julho de 1723

55. Sempre que ouvir falar algo sobre alguém que seja digno de louvor e
dignificante e o possa ser em mim também, resolvi tudo encetar para conseguir o
mesmo em mim e por mim. 8 de julho de 1723.

56. Resolvi nunca desistir de vencer por completo qualquer de minhas veleidades
corruptas que ainda possam existir, nem nunca me tornar permissivo em relação
ao mínimo de suas aparências e sinais, nem tão pouco me desmotivar em nada caso
me ache numa senda de falta de sucesso nessa mesma luta.

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57. Resolvi que, quando eu temer adversidades ou maus momentos, irei examinar-
me e ver se tal não se deve a: não ter cumprido todo meu dever e cumprir a partir
de então; e permitir que tudo o mais em minha vida seja providencial para que eu
possa apenas estar e permanecer inteiramente absorvido e envolvido com meu
dever e meu pecado diante de Deus e dos homens. 9 de junho e 13 de julho de 1723.

58. Resolvi a não apenas extinguir nem que seja algum leve ar de antipatia,
simpatia fingida que encobre meu estado de espírito, impaciência em conversação,
mas também e antes pode exprimir um verdadeiro estado de amor, alegria e
bondade em todos os meus aspectos de vida e conversação. 27 de maio e 13 de
julho de 1723.

59. Resolvi que sempre que me achar consciente de provocações de má natureza


e de mau espírito que me esforçarei para antes evidenciar o oposto disso mesmo,
em boa natureza e maneira; sim, que em tempos tais quais esses, manifestar a boa
natureza de Deus, achando, no entanto, que em algumas circunstâncias tal
comportamento me traga desvantagens e que, também, em algumas outras
circunstâncias, seja mesmo imprudente agir assim. 12 de Maio, 2 e 13 de Julho.

60. Resolvi que sempre que meus próprios sentimentos comecem a comparecer
minimamente desordenados, sempre que, me tornar consciente da
mais ligeira inquietude interior, ou a mínima irregularidade exterior,
me submeterei de pronto a mais estrita e minuciosa examinação e avaliação
pessoal. 4 e 13 de julho de 1723.

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61. Resolvi que a falta de predisposição nunca me torne relaxado nas coisas de
Deus e que nunca consiga retirar minha atenção total de estar plenamente fixada
e afixada só em Deus, exista a desculpa que existir para me tentar; tudo que a fala
de predisposição me instiga a fazer abre-me o caminho do oposto para fazer. 21 de
maio e 13 de julho de 1723.

62. Resolvi a nunca fazer nada a não ser como dever; e, depois, de acordo com
Efésios 6:6-8, fazer tudo voluntariosamente e alegremente como que para o Senhor
e nunca para homem; “Sabendo que cada um, seja escravo, seja livre, receberá do
Senhor todo bem que fizer”. 25 de junho e 13 de julho 1723.

63. Supondo que nunca existiu nenhum indivíduo neste mundo, em nenhuma época
do tempo, que nunca haja vivido uma vida cristã perfeita em todos os níveis e
possibilidades, tendo o Cristianismo sempre brilhante em todo o seu esplendor, e
parecendo excelente e amável, mesmo sendo essa vida observada de qualquer
ângulo possível e sob qualquer pressão, eu resolvi agir como se pudesse viver essa
mesma vida, mesmo que tenha de me esforçar no máximo de todas as minhas
capacidades inerentes e mesmo que fosse o único em meu tempo. 14 de janeiro e
3 de julho de 1723.

64. Resolvi que quando experimentar em mim aqueles “gemidos inexprimíveis” em


Romanos 8:26, os quais o apóstolo menciona e dos quais o salmista descreve como
“A minha alma se consome de anelos por tuas ordenanças a todo o tempo” (Salmos
119:20) que os promoverei também com todo vigor existente em mim e que não me
“cansarei” (Isaías 40:31) no esforço de dar expressão a meus desejos tornados
profundos, nem me cansarei de repetir esses mesmos pedidos e gemidos em mim,
nem de o fazer numa seriedade contínua. 23 De julho e 10 de agosto de 1723.

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65. Resolvi que me tornarei exercitado em mim mesmo durante toda a minha vida,
com toda a franqueza que é possível, a sempre declarar meus caminhos a Deus e
abrir toda a minha alma a Ele: todos os meus pecados, tentações, dificuldades,
tristezas, medos, esperanças, desejos e toda outra coisa sob qualquer
circunstância. Tal como o Dr. Manto diz em seu sermão nº. 27, baseado no Salmo
119. 26. De julho e 10 de agosto, 1723.

66. Resolvi que, sempre me esforçarei para manter e revelar todo o lado benigno
de todo semblante e modo de falar em todas as circunstâncias de toda a minha
vida e em qualquer tipo de companhia, a menos que o dever de ser diferente exija
de mim que seja de outra maneira.

67. Resolvi que, depois de situações aflitivas, avaliarei em que aspectos me tornei
diferente por elas, em quais aspectos melhorei meu ser e que bem me adveio
através dessas mesmas situações.

68. Resolvi confessar abertamente tudo aquilo em que me acho enfermo ou em


pecado e também confessar todos os casos abertamente diante de Deus e implorar
a necessária condescendência e ajuda dele até nos aspectos religiosos. 23 de julho
e 10 de agosto de 1723.

69. Resolvi fazer tudo aquilo que, vendo outros fazerem, eu possa haver desejado
ter sido eu a fazê-lo. 11 de agosto de 1723.

70. Que haja sempre algo de benevolente toda vez que eu fale. 17 de agosto, 1723.

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Referência:
Original: http://www.jonathanedwards.com/text/Personal/resolut.htm Tradução livre: José
Mateus (Portugal) Revisado por: Felipe Sabino de Araújo Neto. Julho/2004

Bibliografia sugerida:
EDWARDS, Jonathan. As Firmes Resoluções.

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