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Portfólio – Gestão do Cuidado e Equipe Multidisciplinar

Mariana Jardim Pelais

1. Aula 01 – 04/03

No primeiro momento, o que mais me identifiquei foi com a nossa reflexão em relação
ao contexto de aprendizagem no que diz respeito ao medo: de dizer que não sabe fazer
algo e o medo de errar. Tendo em vista que, este receio é um dos sentimentos que tem
estado presente em minhas emoções nesta primeira semana. Para ilustrar posso citar um
momento no qual estava conversando com uma das preceptoras de psicologia: ela estava
contando sobre um caso e como se deu a articulação com a rede de apoio. E, eu fiquei
em dúvida sobre a diferença entre os dois caminhos tomados, então perguntei. Mas, a
interpretação que tive da reação dela, foi como se a minha pergunta tivesse uma
resposta óbvia. Diante disso, acabei me retraindo no sentido de explorar mais a
explicação e retirar minhas dúvidas. Anotei para pesquisar mais sobre.

A reflexão da página anterior foi a primeira do dia, que ocorreu antes de nosso intervalo
da aula. Gostei da ideia do portfólio e já sabia que gostaria de escrever sobre alguns
outros incomodo que tenho sentido nesta primeira semana, contudo me surpreendi com
as reflexões do segundo momento, que me fizeram repensar o que estava sentindo, a
partir de outra ótica.

Já nos primeiros dois dias de prática, me senti totalmente perdida e desampara. As


informações eram passadas sempre picadas e somente mediante uma pergunta, nada
parecia organizado ou preparado para nos receber. A começar pela integração, tivemos
informações importantes sobre a segurança e qualidade no trabalho, mas quase nenhuma
informação sobre nossa rotina. Neste primeiro dia fui a CENEPS, setor responsável
pelos residentes mais de cinco vezes para tirar dúvidas, além das perguntas que eu fiz
constantemente para as preceptoras, que na maioria das vezes não sabiam nos orientar
(em relação a aspectos mais burocráticos da residência). Senti como se tivesse que
montar um quebra-cabeças sozinha, sem fazer ideia do local onde as peças se
encontravam.

Contudo, a segunda parte da aula me fez refletir como este incomodo e esta percepção
estavam permeados por uma rigidez na forma de pensar e de aprender que desenvolvi ao
longo da minha formação, na qual as informações serem foram dadas antes da ação, de
forma didática, ordenada e organizada. Logo, ao me deparar com outro modo de fazer e
aprender, me incomodei, senti medo e estranhamento.

Me surpreendi com a aula, com certeza sai dela transformada.

No dia posterior a aula, voltei para a prática mais segura, peguei minha lista de dúvidas
e perguntei para uma das preceptoras. Muitas pecinhas ainda estão soltas para serem
encontradas, mas me sinto mais aberta para aprender a partir deste novo modo.
Um dia por vez.

2. Aula 02 – 18/03

Inicialmente discutidos sobres as leituras dos artigos que pesquisamos, sobre métodos
de aprendizagem de forma crítica e reflexivas. Muitos destes conhecimentos já havia
tido contato com a graduação. Contudo, gosto da forma como o conhecimento de
conecta de forma diferente nas diferentes fases da nossa vida e da nossa atuação. Ao
longo da discussão, as perguntas que não saiam da minha mente eram: Como inserir
isso numa engrenagem que parece tão estabelecida? O que acontece com os
profissionais que tiveram acesso os estes conhecimentos, mas atuam de modo contrário?
O que fazer para não se adaptar a esta engrenagem de tal modo não haja mais reflexão?
Como não se tornar o que criticamos?

Acho que me perdi em algum momento desta aula, que parei de acompanhar. Tive que
voltar novamente aos slides, posteriormente, para me reconectar. Mas, ainda com
dificuldades em realizar o exercício de Planejamento Estratégico Situacional (PSE):

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA:
Alta de pacientes com demandas sociais, mesmo diante de solicitação da equipe para
permanência no hospital

ATORES ENVOLVIDOS:
Equipe Médica, Equipe Assistencial, Equipe Multidisciplinar
Descrição do Problema: Alguns pacientes que não têm mais demandas clínicas, mas
apresentam demandas sociais que ainda estão sendo trabalhadas e articuladas pela
equipe multidisciplinar, estão recebendo alto, mesmo depois da equipe multidisciplinar
registrar em prontuário e conversar com a equipe médica sobre a necessidade de o
paciente permanecer mais tempo no hospital.
❑Natureza do Problema: estruturados
❑Posição do Problema na Organização: intermediária e final
❑Tipo: problema de saúde, pois muitas vezes coloca o paciente em risco e problemas
do serviço de saúde, pois tem a ver com os protocolos e condutas dos profissionais do
serviço.

Causas (por que ele acontece?): Falta de integração da equipe. Falta de


responsabilização. Falta de entendimento sobre as demandas apresentadas. Redução de
custos.
Efeitos (consequência?): Paciente colocado em cristo de agravamento de sua situação,
por falta da atenção integral
Nó Crítico: (causa/motivo que mais se relaciona entre si): Repensar a estrutura das
decisões frente estas altas e como elas impactam no paciente
Plano de ação: Reunião de equipe para expor o problema. Sensibilização sobre a
importância de falar e construir ações para enfrentá-lo. Construção de um protocolo
para ser seguido diante destes casos e para melhor integração entre as equipes no
processo de alta qualificada.

3. Aula 03 – 15/04
Nesta aula falamos sobre as tecnologias do cuidado, dimensões do cuidado em saúde,
determinantes sociais em saúde e introdução ao projeto terapêutico singular. Gostei
bastante da metodologia adotada para abortar o assunto, de forma participativa e
reflexiva, que se iniciou antes mesmo da aula, com o exercício proposto.
Penso que o maior instrumental do psicólogo vem por meio das tecnologias leves:
acolhimento, vínculo e autonomização. E, gostaria de pontuar que, dentro da rotina
hospitalar é uma tarefa diária relembrar da importância destas tecnologias e do nosso
papel como psicólogo.
Durante a aula, levantou-se o questionamento sobre a possível falha por parte da equipe
no processo de atendimento de M.A – caso discutido– isto me trouxe a mente alguns
exemplos parecidos que tenho ouvido da preceptoria de psicologia, em relação aos
processos de alta hospitalar, que muitas vezes não consideram o trabalho e a opinião da
equipe multidisciplinar e a autonomia e o poder de decisão do usuário de saúde.
Pensar nas dimensões do cuidado e no projeto terapêutico singular foi de extrema
importância. Cada aula tem sido fundamental para relembrar, aprender e repensar sobre
conceitos que norteiam nosso trabalho e que, muitas vezes, a rotina e as demandas
diárias fazem com que não demos a devida atenção. Revisitar isto e pensar sobre, faz
com que a mente se abra para novas possibilidades de atenção.
Pensar no Projeto terapêutico singular faz todo sentido dento do hospital. Contudo, até o
momento não vi acontecer na prática, muito menos sendo construído em conjunto com
equipe multidisciplinar. Ainda vejo cada categoria no seu quadrado, executando as
ações que te competem. As trocas de informações se limitam a falar e ouvir, sem
construção coletiva, se assemelham mais a decisões setoriais que são comunicadas
numa reunião semanal.
Concluo, refletindo que tem muito a ser feito para que o trabalho interdisciplinar se
torne real. E, sinceramente, olhar para isso todos os dias é, em muitos momentos,
desmotivador. Vejo que, é necessária uma força de enfrentamento muito grande para
tentar aos poucos, fazer diferente.

4. Aula 04 – 29/04

Nesta aula realizamos a construção do portifólio do caso trazido pelos residentes do


Cachoeirinha.
As reflexões que me despertaram foram sobre a riqueza desse material e como a
articulação em equipe pode ser potente. Eu valorizo bastante o papel que cada
profissional tem no cuidado do usuário em saúde e penso, que muitas vezes, o usuário
nem imagina todo trabalho que é feito e quais são todos os profissionais envolvidos no
seu cuidado.
Neste mês pedi para a preceptoria para acompanhar as visitas multidisciplinares das
áreas que atendem adultos. Considerando que as visitas da Neo e Ped acontecem nos
dias que estou em aula, então nunca tinha participado de uma.
Durante as visitas pude ver a interação dos profissionais, apesar de ainda muito centrada
na figura do médico. Achei um momento extremamente importante para a construção de
colaboração entre os profissionais. Agora no hospital, em decorrência da ONA, foi
estipulado que em toda visita deve ser feito o PTS. Espero que seja um caminho bem
aproveitado pelos profissionais.

5. Aula 05 – 13/05
Nesta aula, discutimos o artigo: O Relatório Flexner: Para o Bem e Para o Mal e
a RESOLUÇÃO - RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013. E, também, terminamos de
construir o PTS do Grajaú.  
Sinceramente, o que me achou a atenção em um primeiro momento, foi estarmos
discutindo um autor que claramente defendia ideias racistas. Contudo, posteriormente
eu entendi que se trata de um nome importante na história das escolas médicas e que até
hoje é amplamente criticado e/ou defendido. E, concordo que, a história explica e nos
faz entender melhor as práticas do presente.  
            Sobre Flexner, discutimos sua biografia e posteriormente visitou 155 escolas
médicas dos Estados Unidos e Canadá, em período de 180 dias. Realizou apenas uma
visita em casa, sem uso de um instrumento padronizado. Seu relatório serviu de
certificação para a qualidade das escolas. Na época as situações das escolas não eram
das melhores, não tinha regularização. O trabalho dele de modo positivo permitiu
reorganizar e regularizar o funcionamento das escolas médicas, mas por outro lado
desencadeou um processo de anulação de outros modelos de atenção que não fossem o
proposto por ele. Flexman deu ênfase no modelo biomédico, centrado na doença e no
hospital, reservando pequeno espaço para as dimensões sociais, psicológicas e
econômicas da saúde e para a inclusão do amplo espectro da saúde, que vai muito além
da medicina e seus médicos. Modelo que hoje é amplamente criticado, tendo em vista, a
necessidade de uma medicina que atenda a comunidade e as diversas demandas sociais,
de forma humanizada, crítica e receptiva, que integra diversos saberes. Apesar dos
avanços, levando em consideração até mesmo os princípios do SUS aqui no Brasil, a
inclusão do saber e equipe multidisciplinar, as ideias de construção coletiva, na prática
ainda vemos um modelo médico centrado, no qual os demais profissionais são
subordinados. Neste momento da aula, lembrei de um exemplo que a equipe estava
compartilhando, no qual houve uma condução individualista do caso por parte da equipe
médica, sem considerar a participação dos demais profissionais e que repercutiu
negativamente no quadro emocional do paciente e, apenas após o surgimento desta
demanda, foi solicitada a participação da psicologia. Ainda sem considerar que esta
demanda advinha do que foi feito anteriormente. O que evidencia ainda mais, a
existência de um olhar para o processo saúde doença fragmentado.  
Posteriormente realizamos com auxílio da professora a elaboração do PTS, do
caso que escolhemos. Apesar de poucos dados novos trazidos nesse encontro,
conseguimos elaborar um plano de ação. Achei bem interessante as considerações,
reflexões e olhar sobre o todo. 
Posteriormente a esta elaboração, falamos um pouco sobre a RESOLUÇÃO -
RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013, no que se refere a Segurança do Paciente.
Incialmente diferenciando o conceito de dano de incidente e, posteriormente refletindo
sobre o contexto no qual ocorre e nas estratégias de resolubilidade e prevenção. Neste
momento consegui identificar as estratégias da gestão no sentido de utilizar a
comunicação como estratégia: os banners educativos, os informativos e o local de
motivação. Contudo, na prática já vi relatos de funcionários que acionaram a
“corujinha” para questões que não me pareceram estar dentro do esperado, de acordo
com a aula, como por exemplo, conflito entre colegas de trabalho. Fico pensando o
quanto é necessário que haja esclarecimentos sobre o uso adequado desta ferramenta e
da educação continuada.  Mas, claro que ter esta resolução e pôr em prática todas as
estratégias de gestão já é muito importante.  

6. Aula 06 – 27/05

Nesta última aula, retomamos os principais pontos das aulas anteriores. E discutimos
sobre atenção aos casos de violência. Confesso que foi a aula que mais gostei, apesar de
todas terem contribuído muito para a formação. Gosto especialmente da atenção às
violências.
Os conhecimentos foram muito validos, para ampliar o olhar da atenção e do
atendimento e para nomear os processos que muitas vezes fazemos, mas não sabemos
dar nome. Diariamente lidamos com estas questões na rotina hospitalar de casos que
levam suspeitas. Ter uma equipe preparada faz toda a diferença.

Nos atuamos numa região com extrema vulnerabilidade social, muitas vezes a equipe é
solicitada para atender casos nos quais os médicos entendem como negligencias,
situações nas quais são advindas de falta de recursos materiais. Isto mostra mais uma
vez a importância da equipe multidisciplinar, para contrapor este olhar e aos poucos ir
descontraindo-o.

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