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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE ÁGUA EM RESERVATÓRIO DE

ABASTECIMENTO PÚBLICO, RIBEIRÃO JOÃO LEITE

Tiago Alves Cordeiro


Frederico Fleury
Igor Mateus Araujo ALVES

Instituto de Química – Universidade Federal de Goiás

RESUMO: A Bacia do Ribeirão João Leite é considerada o principal manancial de


abastecimento de Goiânia e cidades metropolitanas, a bacia é composta por parte
de sete municípios (Goiânia, Anápolis, Terezópolis de Goiás, Campo Limpo de
Goiás, Goianápolis, Nerópolis e Ouro Verde de Goiás). O monitoramento e a
avaliação da qualidade das águas superficiais são fatores primordiais para a
adequada gestão dos recursos hídricos, permitindo a caracterização e prospecções
de cenários em bacias hidrográficas. Sabe se que a importância da qualidade da
água voltada para o abastecimento humano tem que cumprir com uma série de
exigências de índices de qualidade. Estes critérios de qualidade da água
especificam concentrações ou limites de alguns parâmetros que interferem na
conservação do ecossistema aquático e proteção da saúde humana. Este trabalho
teve como objetivo realizar análises físico-químicas em água do reservatório
Ribeirão João Leite e comparar os resultados com parâmetros de caracterização de
água da SANEAGO e de diferentes estudos já realizados no reservatório de
abastecimento Ribeirão João Leite. Foi utilizado técnicas de amostragem seguindo
todos critérios para um melhor desempenho na hora da coleta, transporte e
armazenamento, sendo que o material coletado foi corretamente rotulado com suas
informações e levado ao laboratório para realização das analises, o ponto de coleta
foi devidamente marcado e registrado em GPS, sendo suas coordenadas 16º 30' 45"
S e 49º 07' 13" W.
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1. INTRODUÇÃO
Indispensável para sustentação da biodiversidade, produção de alimentos, a
água um recurso natural é utilizado em diversas finalidades, dentre as quais se
destacam o abastecimento humano, a geração de energia, irrigação, navegação e
entre outros. A água é importante para a vida, e sua escassez pode trazer
transtornos para a população e ao meio ambiente (Rabelo et al., 2009).
Sabe-se que atualmente a importância sobre qualidade da água, seja ela
para abastecimento humano ou não, é de grande preocupação. Toda água
destinada ao consumo humano ou para outros fins deve seguir as especificações
vigentes, sendo assim os parâmetros físicos e químicos devem ser atendidos (Brasil,
2004). Dentre esses padrões de análises físicas, são utilizados parâmetros de cor,
odor, sabor e turbidez. Já para as análises químicas são feitos os testes de dureza,
corrosividade, alcalinidade, condutividade, pH, temperatura, fósforo, nitrato, nitrito,
oxigênio dissolvido, entre outros.
Um dos principais afluentes do Rio Meia Ponte é o Ribeirão João Leite, com
sua extensão de 130 km é um importante recurso hídrico que faz parte dos
componentes da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba. Nele foi construída a
Barragem Ribeirão João Leite como forma de garantir o abastecimento de água para
população de Goiânia e região, com perspectiva de abastecimento público até o ano
de 2040 (SANEAGO, 2009).
Com a criação da APA João Leite pelo decreto n° 5.704, de 27 de dezembro
de 2002, tem como objetivo proteger o recurso hídrico, assegurar condições e
preservação do recurso hídrico, estimular atividades econômicas, preservação
ambiental e proteger as remanescentes do Bioma Cerrado (SEMARH, 2007).
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A realização deste trabalho teve como objetivo analisar a qualidade físico-


química da água no Reservatório Ribeirão João Leite, e comparar os resultados com
parâmetros de caracterização de água da SANEAGO e de diferentes estudos já
realizados no reservatório.
Em busca de atingir melhores resultados nas análises, foram tomadas
medidas de prevenção, sendo assim foi utilizado técnicas de amostragem seguindo
todos critérios para um melhor desempenho na hora da coleta, transporte,
armazenamento e análises em laboratório, o método de amostragem utilizado foi
amostragem composta.

2 – MÉTODOLOGIA

A amostragem de água foi realizada no reservatório Ribeirão João Leite, que


nasce nos arredores do município de Ouro Verde e é um dos principais afluentes
principais da região. De grande importância para a população da região
metropolitana de Goiânia, o Ribeirão João Leite junto com o Rio Meia Ponte, são os
principais responsáveis pelo abastecimento público na região. Com o intuito de
preservar esse preciosos bem foi criada a Área de Proteção Ambiental João Leite
(APAJoL), que abrange 07 Municípios: Goiânia, Terezópolis de Goiás, Goianápolis,
Nerópolis, Anápolis, Campo Limpo de Goiás e Ouro Verde de Goiás (Figura 1).
Segundo a Secretaria do meio Ambiente de Goiás o objetivo é Proteger os
recursos hídricos da bacia hidrográfica do Ribeirão João Leite; assegurar condições
para o uso do solo compatíveis com a preservação dos recursos hídricos; conciliar
as atividades econômicas e a preservação ambiental; proteger os remanescentes do
bioma cerrado; melhorar a qualidade de vida da população local por meio de
orientação e do disciplinamento das atividades econômicas; disciplinar o turismo
ecológico e fomentar a educação ambiental. (SEMARH, 2007).
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Figura 1- Área de proteção Ambiental João Leite,

O clima na região é caracterizado do com predomínio de duas estações bem


definidas: inverno seco e verão chuvoso, a estação seca, ocorrem de maio a
setembro, e a estação chuvosa de outubro a março (SANEAGO, 2008).
Diante disso, foi estabelecido um ponto para as amostragens, coleta de água,
no reservatório Ribeirão João Leite, levando em consideração que o ponto de coleta
foi devidamente marcado e registrado em GPS, sendo suas coordenadas 16º 30' 45"
S e 49º 07' 13" W, conforme figura 2.
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Figura 2 – Ponto de Coleta, Ribeirão João Leite

O procedimento de coleta usou o como base o Guia nacional de coleta e


preservação de amostras da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo,
CETESB. Durante a etapa de coleta, foi usado um frasco de Polietileno, foi coletado
cerca de 800 Ml de água, deixando um espaço dentro do frasco para sua
homogeneização, após isso, o frasco foi lacrado, identificado e também foi
registrada a temperatura da água em loco. Após esse procedimento, a amostra foi
acondicionada em uma caixa de isopor refrigerada e, posteriormente, direcionada
para um equipamento de refrigeração. As analises foram feitas com menos de 24
horas da coleta.
As análises físico-químicas realizadas foram às seguintes: Temperatura,
PH, turbidez, cor, Oxigênio dissolvido, condutividade, alcanalidade e dureza. As
analises foram realizadas no laboratório do Instituto de química, da universidade
Federal de Goiás, UFG, com o apoio e a orientação da Professora Araceli. Para o
procedimento da cor foi utilizado o aparelho “Aquacolor” da marca Policontrol; para a
análise de turbidez foi utilizado o aparelho “Turbidimetro Ap2000” da marca
Policontrol; para o oxigênio dissolvido foi utilizado o aparelho PHTEK; a
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condutividade foi obtida pelo aparelho SCHOT e o PH foi obtido através do


Phgâmetro Tecnal. Todos os aparelhos foram previamente calibrados.
Já para o calculo da alcalinidade foi feito determinada através de titulação de
neutralização ácido/base, empregando ácido sulfúrico 0,01 mol/L cujo cálculo se deu
da seguinte maneira:

Para obeter o valor da dureza a análise foi feita por titulaçãoA titulação com
EDTA 0,01M elevando o PH da amostra para 10 por meio de solução tampão.
Quando a reação foi completada ouve a virada do indicador. Indicando, assim, que a
reação foi concluída.

Após as analises, os dados foram comparados com os parâmetros de


caracterização de água da SANEAGO e de diferentes estudos já realizados no
reservatório de abastecimento Ribeirão João Leite com a finalidade de saber se há
observações atípicas nos resultados.

3-RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os trabalhos que tratam sobre a qualidade da água trazem uma abordagem


sobre critérios físico, químicos e biológicos presentes nos ecossistemas
pesquisados. Esses estudos abrangem a qualidade, pontuando as concentrações,
parâmetros legais e definições para sua utilização (SEFARIM JUNIOR, ).

Para que se possa garantir e implementar instrumentos de gestão e qualidade


na condução de políticas públicas sobre os recursos hídricos, é necessário o
monitoramento e avaliação das águas superficiais e subsuperficiais (AGENCIA
NACIONAL DE AGUAS, 2005).

A grande questão sobre o que pode afetar a qualidade hídrica dos


reservatórios no país parte da premissa inafastável da qualidade dos mananciais
que os abastecem. No caso do Reservatório Ribeirão João Leite, seus afluentes
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nascem e tem seu curso nos arredores de regiões bastante povoadas e de grande
importância econômica. Dessa forma, as características físicas, químicas e
biológicas das águas do reservatório podem apresentar particularidades diferentes
de outros mananciais que compõe a mesma bacia (PORTO et al., 1991).

O presente trabalho teve como finalidade a análise das qualidades e


características físicas químicas das águas do Reservatório Ribeirão João Leite e
comparar os resultados com parâmetros de caracterização de água da companhia
de saneamento estadual (SANEAGO) além de diferentes estudos já realizados no
reservatório.
Foram feitas as análises de temperatura, PH, turbidez, cor, Oxigênio
dissolvido, condutividade, alcanalidade e dureza, chegando aos seguintes
resultados:

Parâmetro Valor Valor Conforme ou não


medido 1 medido 2
Temperatura 28 ° 27 ° Levemente elevada
Condutividade 119 106 Padrão para água doce
Turbidez 2 ntu 6 ntu Relativa eficiência
Cor 13,1 Nc 18,8nc Incolor a olho nu.
Oxigênio dissolvido 3.00 mg 3,59 mg Abaixo do limite recomendado
PH 7,80 6,99 Dentro do recomendado
Alcalinidade 1400 1500
Dureza. 93 80 Moderadamente dura

Foi possível observar que os valores de temperatura da água estavam


elevados (acima de 27°) o que interfere diretamente na solubilidade de oxigênio,
podendo acarretar em sua diminuição. A turbidez registrada foi de 2,0 UNT (mínima)
e 6,0 UNT (máxima) demonstrando que há relativa eficiência do reservatório
processo natural de sedimentação. Em profundidades maiores poderá haver
interferência do ambiente aquático, podendo provocar alterações na atividade de
organismos que dependam dessa luminosidade.
No que se refere ao pH, as analises constataram que ficou entre os valores
de 6,99 e 7,8, mantendo-se neutro e dentro do recomendado pela resolução
CONAMA n.º 357/2005.
As análises de oxigênio dissolvido (OD) ficaram entre 3,0mg/L e 3,59mg/L,
demonstrando que os valores encontrados ficaram abaixo do limite determinado pela
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resolução CONAMA n.º 357/2005 de 6,0 mg/L. Este comportamento pode ser
explicado pela alta temperatura da amostra.
A cor da água observada ficou entre 13,3uH e 18uH, condutividade entre 11,9
e 10,6, alcalinidade e dureza dentro dos padrões aceitáveis.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo foi possível constatar que a temperatura das águas
estavam elevadas, porém, há uma coincidência entre as datas de coletas e o
período chuvoso, sendo que essa maior precipitação na região pode ter acarretado
na alteração da temperatura.

Pode-se observar que a turbidez encontrada foi relativamente baixa, o que


também se justifica pela temperatura da água. A água mais quente pode adiantar o
processo de sedimentação do material particulado.

O pH se caracterizou como neutro. A alcalinidade e a dureza dentro dos


padrões sugerem ser águas levemente tamponadas.

No que se refere aos níveis de oxigênio dissolvido, podemos concluir que a


temperatura da água elevada seria o principal motivo. Soma-se a isso uma baixa
turbidez, que poderia ocasionar uma maior proliferação de organismos
fotossintetizantes e consequentemente um decréscimo no OD.

A Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece para cor aparente o


Valor Máximo Permitido de 15 (quinze) uH como padrão de aceitação para consumo
humano.

A condutividade elétrica não se apresentou elevada, corroborando a


inexistência de cátions e ânions significativos no reservatório;

5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Panorama da qualidade das águas


superficiais no Brasil. Agência Nacional de Águas, Superintendência de
Planejamento de Recursos Hídricos. - Brasília: ANA, SPR, 2005.

ADAMS, B.G. Um olhar pedagógico sobre a educação ambiental nas empresas.


Novo Hamburgo, julho de 2005. Monografia Centro Universitário Feevale, p.27.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 518, de 25 de março de 2004. Estabelece


os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 mar. 2004.

CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Guia nacional de coleta


epreservação de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes
líquidos /Companhia Ambiental do Estado de São Paulo; Organizadores: Carlos
Jesus Brandão ... [et al.]. -- São Paulo: CETESB; Brasília: ANA, 2011.

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, Métodos de


análise físico-química da água, Cadernos Feema, Série Didática, Volume III, Rio
de Janeiro, 1981.

NETO, João Batista Silva et al. Diagnósticos dos recursos hídricos:


disponibilidade e demanda para a Região Metropolitana de Goiânia.

PORTO, Mônica FA; BRANCO, S. M.; LUCA, SJ de. Caracterização da qualidade da


água. Hidrologia ambiental, São Paulo: EDUSP, 1991.

Rabelo, Clarisse Guimarães et al. Influência do uso do solo na qualidade da água


no bioma cerrado: um estudo comparativo entre bacias hidrográficas no estado de
Goiás. Ambi-água, Taubaté/SP, v. 4, nº 2. 2009. p. 172-187. RENEFARA, v. 8, n. 8,
p. 149-167, 2016.
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DE OLIVEIRA PÁDUA, Gleiciene; DE SOUZA, Harley Anderson. Reservatório da


barragem do Ribeirão João Leite em Goiás: Análise, Importância e uso, 2014.

SANEAGO. Relatório de Monitoramento Intensivo na Área do Reservatório


João Leite. Goiânia, 2009.

SEMARH. Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Plano de Manejo da


APA João Leite. ITCO: Goiânia, 2007. 136f.

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