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Levando em consideração a abordagem da psicodinâmica do trabalho, como poderia ser

a prática do psicólogo organizacional para evitar as questões relatadas no caso?

ADOECIMENTO NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO

O caso relatado demonstra uma situação presente em diversas Organizações. Ed. Carlos
(pseudônimo) se acidentou e desenvolveu uma doença crônica decorrente das pressões e
condições de trabalho impostas. A partir do relato e levando em consideração a
abordagem da psicodinâmica do trabalho pode-se propor algumas práticas do psicólogo
que poderiam evitar ou minimizar possíveis casos semelhantes ao caso descrito.

Primeiramente, seria interessante a aplicação de escalas que rastreassem as principais


demandas apresentadas pelos funcionários e assim ter mais dados para uma intervenção
mais assertiva; A inclusão de treinamento de qualidade de vida dentro da Organização
seria de suma importância, voltada para a orientação e esclarecimento aos funcionários
acerca de patologias oriundas do meio profissional e desqualificar a ideia de que
adoecer é culpa do indivíduo; Um espaço onde os colaboradores pudessem falar sobre
suas queixas, bem como desmistificar uma possível retaliação pela procura do
profissional; Um treinamento com gestores de todas as áreas onde seriam discutidos
aspectos relacionados às doenças dos trabalhadores, bem como os impactos que isso
representa e as possíveis melhorias dos setores para evitar o adoecimento do
colaborador, levando em conta aspectos físicos, psicológicos e sociais; O psicólogo
poderia intervir, se necessário, fazendo ponte entre os níveis hierárquicos da empresa,
em casos específicos.

Essas medidas visam esclarecer o corpo organizacional sobre os diversos aspectos


relacionados ao trabalhador. Não há garantias que não haverá barreiras para sua atuação,
mas pensar em cada funcionário, como um indivíduo singular, só trará benefícios para o
indivíduo e para a Organização como um todo. Deve-se pensar o trabalhador como
sujeito com demandas específicas e detentor de uma subjetividade única que tendo suas
necessidades atendidas só trará benefícios a todo corpo organizacional.
As intervenções realizadas pelos psicólogos devem levar os trabalhadores a um
processo ativo de reflexão sobre o próprio trabalho, de modo a permitir sua apropriação
e emancipação e a conduzir a uma reconstrução coletiva do trabalho.

Nessa perspectiva, todas as ações - quer sejam voltadas para a transformação de


situações de trabalho, quer para prevenção de doenças ligadas ao trabalho, para
tratamento ou reabilitação - ganham um novo olhar a partir da compreensão de que, se o
trabalho é gerador de doenças e sofrimento, qualquer ação que vise a sua transformação
ou vise a amenizar o sofrimento dos trabalhadores adoecidos ou em risco de
adoecimento deve se dar a partir de mudanças na relação das pessoas com o seu
trabalho, ou seja, com o ato de trabalhar.

REFERÊNCIA

LANCMAN, Selma; UCHIDA, Seiji. Trabalho e subjetividade: o olhar da


psicodinâmica do trabalho. Cad. psicol. soc. trab.,  São Paulo ,  v. 6, p. 79-90, dez. 
2003 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1516-37172003000200006&lng=pt&nrm=iso>

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