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Grupo 03 - Area3 - Revisadocoment Excluidos
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2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
2.1. Vegetação
Do ponto de vista geral, a Serra do Espinhaço apresenta predominância de latossolos, os quais
sustentam a vegetação que é classificada como cerrado (Figura 2), e apresenta pontos com
vegetações densas, próxima de córregos e rios com presença de mata ciliar e matas de galerias.
Próximo da área urbana, há uma diminuição na densidade da vegetação, e uma expansão da zona
rural, com a substituição da vegetação nativa para implantação de agricultura e pastagens (Nevez,
2017).
Figura 2 - Mapa detalhado de vegetação da Área 3.
2.2. Clima
A classificação climática e pluviométrica do alto Jequitinhonha (Tropical de altitude - Cwb) onde
se encontra a cidade de Gouveia, destoa das demais regiões das porções Centro e Norte mineiras
(Tropical chuvoso - Aw), isso em razão da topografia da serra do espinhaço (Reis, 2005).
Figura 3 - 1) Mapa com a classificação média climática de Minas Gerais segundo Köppen Geiger (Reis & Malta, 2001 Apud Reis,
2005).
Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, a área de estudo trata-se predominantemente
de um clima tropical de altitude (Cwb), com temperaturas médias anuais de 22o C (Figura 3) e duas
estações bem definidas, uma estiagem, com temperaturas mais amenas (de maio a setembro) e
outra, úmida com altas temperaturas (De agosto a abril). A pluviosidade média anual é de 1400mm
(Figueiredo, 2008).
Figura 4 - A) Mapa de Temperatura média anual em minas Gerais. B) Mapa de precipitação média anual em Minas Gerais no período
entre 1961 e 1990 (Modificado de Reis, 2005).
2.3. Hidrografia
A serra do espinhaço é um grande divisor hidrográfico brasileiro, e no caso da porção sudeste do
país, está cercada por quatro grandes bacias: Bacia do São Francisco, Bacia do Araçuaí, Bacia do
Jequitinhonha e Bacia do Rio doce (Saadi, 1995).
A área situa-se na bacia hidrográfica do Rio São Francisco, mais especificamente na nascente do
córrego do capão, afluente do Rio Pardo Pequeno, inserido no médio/baixo Rio das Velhas,
representado como uma sub-bacia do São Francisco (Figura 5). E especificamente, o mapa de
toponímias da região é representado na Figura 6, assim como no primeiro Anexo.
Figura 5- Mapa de Localização da Unidade Territorial Estratégica (UTE) do Rio Pardo, destaque para área trabalhada “Grupo 3”
Circulada em verde (Modificado de Nogueira 2016).
2.4. Geomorfologia
A Geomorfologia ocupa um papel essencial para a compreensão do relevo e o conjunto dos seus
elementos, com sua aplicabilidade torna-se possível a identificação dos formatos de relevo, dos
tipos de drenagens, feições como pontos altos além da base geomorfológica servir de ferramenta
para analisar também a distribuição espacial da ocupação da paisagem.
Segundo (Saadi, 1995), A Serra do Espinhaço mineira aparenta constituir um espigão de direção
Norte-Sul quando analisado o alinhamento das suas cristas de maior elevação. Entretanto, trata-se
na verdade de um alinhamento de uma série de linhas de cristas descontínuas gerando um padrão
sub-ortogonal de direção NE-SW e NW-SE. O maior volume topográfico está localizado na região
de Diamantina, com cerca de 1.300 m de altitude representado por um planalto de aspecto maciço,
em sua parte central se encontra o Planalto de Diamantina, com declividades de cotas médias de
900 m a norte e 1.200 a sul. Tratando em escala regional, a Serra do Espinhaço pode ser divida em
dois compartimentos de planaltos, na porção sul e na porção norte, muito bem definidos e
delimitados nomeados de Planalto Meridional e Planalto Setentrional.
O quadrante em estudo abrange o Planalto Meridional, o qual tem sua origem na extremidade
meridional da serra, nas nascentes do rio Cipó, predominando quartzitos que durante toda a sua
extensão compõem uma cobertura com diversas famílias de fratura e falhas. As formas de relevo
deste ambiente são devido a esculturação pela dissecação fluvial e se manifesta por cristas,
escarpas e vales profundos adaptados as direções tectônicas e estruturais.
Segundo Saadi & Valadão (1987), em meio ao planalto existem diversas áreas deprimidas entre a
região de Gouveia e Conceição do Mato Dentro, constituídas de rochas metassedimentares,
metavulcânicas e granitóides, sustentam suaves colinas policonvexas. A famosa depressão de
Gouveia tem sua formação atrelada a processos tectônicos e desnudacionais de idade Fanerozoica,
em que as camadas metamórficas das rochas do Supergrupo Espinhaço foram retidas de forma
lenta, expondo o embasamento cristalino.
3. CONTEXTO GEOLÓGICO
3.1. Trabalhos anteriores
Os estudos estratigráficos da Serra do Espinhaço tiveram seu início aprofundado por volta dos
anos 70 com os relatórios de Pflug (1967, 1968) com suas Observações sobre a estratigrafia da
Série Minas na Regiãode Diamantina, Minas Gerais, ainda relacionando o Supergrupo Espinhaço
com as rochas do Quadrilátero Ferrífero. Estratigraficamente, a área foi alvo de muitos
questionamentos e propostas de diversos autores ao longo dos anos. A estratigrafia da região de
diamantina, inicialmente descrita por Pflug (1967, 1968) e reforçada por Schöll & Fogaça (1979),
Martins Neto (1993), Fogaça et al. (1984) e Silva (1995), é estruturada sobre os granitos do complexo
basal em contato com o Supergrupo Rio Paraúna, que se foi dividido em dois grupos distintos: Grupo
Pedro Pereira, e Grupo Costa Sena. Para o Grupo Costa Sena, adotaram a formação Barão do Guaicuí
para sua base e a Formação Bandeirinha como topo do Supergrupo Rio Paraúna, em contato direto com
a base do Grupo Diamantina Dossin et al. (1990), grupo este que posteriormente fora renomeado por
Knauer (1990) como Grupo Guinda.
Em estudos posteriores, Almeida Abreu (1993), Almeida Abreu & Pflug (1994), Knauer & Lopes Silva
(2011) incluíram, na base do Grupo Guinda a Formação Bandeirinha, em discordância do modelo
adotado inicialmente por Pflug (1967, 1968), alegando que a interpretação pode ser diferente devido
influência da fase rift.
Ao longo do tempo, diversos estudos abrangeram a área pela sua complexidade geológica de
deposição e estrutural, entre eles os relatórios e artigos aqui mencionados e utilizados como base
de referência bibliográfica. Fogaça et al. (1984) citaram sobre a porção arqueana e
correlacionaram com o Supergrupo Rio das Velhas do Quadrilátero Ferrífero. Uhlein et al. (1986)
apresentaram os depósitos minerais nas suas respectivas unidades litoestratigráficas, mencionando
também as épocas metalogenéticas da região. Rosiére et al. (1994) publicaram sobre a Análise
cinemática mesoscópia dos cavalgamentos do cinturão Espinhaço na região de Diamantina, foi
defendido que a evolução tectônica compressional começou com um deslizamento interestratal
seguido de dobras e desenvolvimento de falhas, com transporte de ENE para WSW. Dussin &
Dussin (1995) citam que o Supergrupo Espinhaço tem uma deformação com apenas a idade
brasiliana em estrutura de rift abortado. Cruz (2005) atualizou o modelo estrutural como uma zona
de cisalhamento do núcleo do anticlinório de Gouveia. Battilani et al. (2007) indica que os
diamantes da região compuseram as rochas que atualmente são filíticas hematíticas, com o
protólito de rochas intrusivas. Knauer (2007) compilou as pistas de evolução geotectônica para
assumir que as deformações são de diferentes épocas evolutivas e não apenas do brasiliano. Silva
(2011) reconstruiu a estratigrafia das bacias sedimentares, concluindo que o transporte se
direcionou para oeste e atribuiu duas fases evolutivas. Na fase D1 houve cavalgamentos duplex e
na D2 houve reativação dessas estruturas com encurtamento crustal.
Nível B
Para o nível B, evidencia-se a presença de xistos verdes e filitos hematíticos que para Correns
(1932) e Renger (1970) apud Schöll & Fogaça (1979), apresenta uma origem metaígnea, e ressalta
também que a rocha originária, seriam Tufitos/Tufos submarinos de caráter básicos e com altos
teores de Fe e Ti. Essa Discussão da origem e composição do nível B, Segundo Schöll & Fogaça
(1979), pode resultar em respostas sobre a origem dos diamantes da formação Sopa Brumadinho,
por ser um horizonte estratigráfico de origem peculiar e muito extenso (Aproximadamente 1000km
de extensão).
Nível C
O nível C foi considerado por Schöll & Fogaça (1979) como o topo da Formação São João da
Chapada, de origem marinha rasa evidenciado em marcas de ondas simétricas com uma espessura
média de 100m.
As rochas que constituem o Nível C, são os quartzitos com granulação média a grosseira, com a
intercalação de camadas delgadas de filitos em sua porção média, além de que, em seus contatos
superiores, se aproximando da Formação Sopa-Brumadinho, é possível observar a presença de
quartzitos micáceos intercalados com filitos quartzosos, quartzitos com seixos de quartzo
arredondado e lentes esparsas de metaconglomerados monimíticos/polimíticos (Schöll & Fogaça
1979).
Formação Sopa-Brumadinho
A Formação Sopa Brumadinho (Figura 9), por ter um potencial diamantífero, se tornou foco de
objeto deestudo para muitos projetos na região. O contato com a formação inferior é classificado
como discordante ou gradativo. Por se tratar de uma formação com ampla distribuição heterogênea
foi subdivida em três membros levando em conta a variação das litologias em análise vertical de
acordo com Schöll & Fogaça (1979). O Membro Datas, ocupa a base da formação, com espessura
aproximada de 0 a 100 metros, constituído por filitos e quartzitos, localmente filitos hematíticos e
xistos verdes. O Membro Caldeirões, se situa na porção medial da formação, com espessura de 50
a 150 metros, constituído por quartzitos, metaconglomerados poli ou monomíticos
(diamantíferos), filitos hematíticos e xistos verdes. O Membro Campo Sampaio, se situa no limite
superior da formação, com espessura média de 0 a 60 metros, constituído por filitos, quartzitos,
filitos hematíticos e metavulcânicos básicos. (Almeida Abreu 1993). A partir de dados de datação
por zircões detríticos de metaconglomerados, chegaram a idades aproximadas de 1,2Ga. (Chemale
Jr. et al. 2010).
Figura 9 - Estratigrafia da Formação Sopa-Brumadinho (Almeida Abreu 1995).
Segundo Cruz et al. (2005), na região próxima à cidade de Gouveia-MG, está exposta a zona
periclinal de uma das estruturas mais proeminentes do espinhaço meridional, tratado como
anticlinório de Gouveia. O anticlinório de Gouveia tem sua charneira setentrional com orientação
Norte-Sul, além do caimento médio de 15o Norte, e sua zona periclinal distingue-se das grandes
zonas de falhas de empurrão (Almeida Abreu 1985, Schöll & Fogaça 1981, Alkmim 1995, Dussin
& Dussin 1995 apud Cruz et al. 2005).
O embasamento do anticlinório de Gouveia, segundo Dussin & Dussin (1995) apud Cruz et al.,
(2005) apresenta zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis, com espessuras variáveis podendo atingir
centenas de metros, orientadas preferencialmente 090/60 e mergulhos sempre superiores ou iguais
à 60o, com características in ternas anastomótica, com interconexões delimitando núcleos simoidais
pouco deformados. Em campo, Cruz et al. 2005, evidenciou a presença de indicadores cinemáticos
como estruturas do tipo v-pull apart em feldspatos alcalinos e biotitas, além de grandes intrusões
silicosas formando veios de quartzo e rochas de série milonítica e filonitos.
Ainda segundo Cruz et al. (2005) as rochas miloníticas e filoníticas apresenta foliações de
orientação preferencial curviplanar nos filossilicatos, agregados policristalinos e dos cristais
tabulares de quartzo. Nos protomilonitos, o seu padrão de distribuição varia entre anastomóticos,
até contínuo nos filonitos.
A estruturação de todo Supergrupo Espinhaço é composta por três fases evolutivas (Rosiére et al.,
1994). A primeira fase com níveis de quartzitos e filitos forma foliações paralelas ao acamamento
por carga e cisalhamento, através de deslizamento e deslocamento interestratal e basal. A seguir a
fase 2 traz a nucleação de dobras nas camadas descoladas sendo representa em diversas escalas e
gerando clivagem de plano axial. A última fase é relacionada pelo desenvolvimento das rampas
frontais que cortam as camadas dobradas (Rosiére et al., 1994), como mostra a Figura 7.
Figura 11 - Etapas do desenvolvimento das deformações nas rochas do Supergrupo Espinhaço. Fonte: Rosiére et al., 1994
As falhas de cavalgamento são procedentes de uma tectônica compressiva. Nessas zonas foram
desenvolvidas feições miloníticas nas faixas quartzíticas e micáceas, aumentando a proporção de
filossilicatos assim como o bandamento descontínuo (Rosiére et al., 1994). Ocorrem
morfologias amendoadas em blocos de quartzitos. Consecutivamente ao cavalgamento foram
geradas pequenas zonas de falhase cisalhamento. As condições de um domínio rúptil a dúctil-rúptil
ocasionou rampas e patamares controlados por acamamentos.
As dobras se apresentam nos quartzitos de forma métrica, de ângulo apical de 60º, charneiras
arredondadas e de perfil dobra paralela. Sua vergência é para WNW com posições assimétricas. O
deslizamento flexural ocasionou dobras parasíticas e estrias nos planos de estratificação. Segundo
Rosiére et al. (1994), as medidas do acamamento demonstram uma guirlanda assimétrica com o
máximo 162/30NE no estereograma, e o eixo sub-horizontal na direção norte-sul.
As foliações se apresentam como xistosidade nos quartzitos. A primeira é caracterizada pela
orientação de sericita que contornam porfiroclastos de quartzo, a estrutura tem morfologia
anastomosada nas rochas metassedimentares e pode chegar a protomilonítica, em alguns casos
formam aspectos sigmoidais. Quando chega a regiões de baixas deformações nos quartzitos, a
foliação chega a posição plano-axial, sendo paralela ao plano de transporte das estruturas de
cisalhamento e falhas reversas. A vergência tem caimento para 147/60NE (Rosiére et al. 1994).
Já nos filitos, as dobras surgem com maior intensidade e mais apertadas, de tamanho decimétrico.
O bandamento alterna de níveis hematíticos a micáceos gerando clivagens de crenulação ao longo
da estrutura plano-axial. As vergências dessas dobras seguem o padrão dos quartzitos indo para NW.Os
filitos também apresentam foliações penetrativas e paralelas ao acamamento, com orientação de
sericita e palhetas de hematita (Rosiére et al. 1994).
As estruturas mais caracterizadas nas rochas filíticas podem ser denominadas como clivagem de
crenulação, onde o material intercalado por níveis de sericita e hematita cortam o bandamento
(Rosiére et al. 1994). Pode haver, entretanto, transposições no desenvolvimento da clivagem,
gerando novos bandamentos por diferenciação de hematita e filossilicatos nas dobras mais
apertadas. Nas zonas de cisalhamento paralelas ao acamamento formam-se filonitos no lugar das
foliações contínuas.
Ainda como Rosiére et al. (1994) citam, também ocorrem lineações ao longo das estruturas
dobradas. Podem ser divididas por lineações de interseção, lineação mineral, lineação de
estiramento e estrias de deslizamento. A lineação de insterseção aparecem como produto entre o
acamamento e as xistosidades em zonas de baixa deformação. A lineação mineral é a orientação
de sericitas no corte perpendicular à foliação e paralelo ao plano XZ. A lineação de estiramento se
formou nas deformações dos porfiroclastos de quartzo e fragmentos de metabrecha, contendo
orientação com as estrias de deslizamento.
O Grupo Macaúbas no topo da deposição na Serra do Espinhaço, tem rochas marcadas por dobras
suaves a apertadas, tem uma foliação principal com vergência para o Cinturão de cavalgamento
do Espinhaço. É possível abordar também que na região leste, predominamestruturas distencionais
que tem clivagem de crenulação espaçada, associada, então, com o domínio da Chapada Acauã de
zona de cisalhamento distencional (Fraga 2013), como representado na (Figura 8).
Cruz et al. (2005) caracteriza a zona de cisalhamento de Gouveia com uma silificação generalizada
setorizada e formação de grandes massas de quartzo como veios de tração (tension gashes),
conferindo também a hidratação e a transferência de sílica em pequena escala. Pode ocorrer
turmanila também ao longo dos corpos rochosos.
A associação mineralógica da zona de cisalhamento é composta por mica branca, quartzo, clorita,
biotita verde, pirita, epídoto, clinocoicita, albita, rutilo, titanita, barita, turmalina, ilmenta e calcita.
Esses estão relacionados com o evento metassomático sin-deformacional, sendo que a fase pós
tectônica é acrescida de cianita, turmalina e mica-branca (Cruz et al. 2005).
O contexto tectônico da evolução Supergrupo Espinhaço (Figura 9) pode ser dividido em duas
vertentes teóricas, a abertura de rift original que é abortado com deformações brasilianas, e, o
rift que é evoluído para margem passiva e depois é fechado no Uruçuano. Knauer (2007) informa
que não é possível uma confirmação segura ainda, mas que a primeira opção de modelo, de rift
abortado com desenvolvimento no Mesoproterozoico, é a mais aceita até o presente.
Figura 14 - Supergrupo Espinhaço e sua situação geotectônica. Fonte: Schobbenhaus (1993) modificado por Uhlein & Chaves (2001)
Segundo Silva (2011), a fase pré rift se desenvolveu a sequência do Rio Paraúna de sucessões
epiclástica com gradação inversa de 600 m de espessura. No Rift 1 na Bacia Espinhaço sequências
de sedimentos continentais aluvionares, principalmente metaconglomerado com o topo de
metaarenitos e metapelitos de fase marinha rasa. Foi também marcada por magmatismo bimodal
de caráter básico na região de Diamantina, e ácido na borda leste da Serra do Espinhaço.
A fase flexural está disposta a unidade de Conselheiro Mata com depósitos eólicos, finalizando o
rift 1. Há uma discordância sedimentar que distingue as rochas da Bacia Espinhaço e a Bacia do
São Francisco, uma grande erosão que chega até o embasamento cristalino (Silva 2011).
Junto ao tectonismo sin sedimentar, uma glaciação ocorreu na região depositando fragmentos
glaciais, metadiamictitos e depósitos de planícies aluviores nas periferias. Essas rochas recobrem
a discordância basal da Bacia São Francisco, chamado de Fase Rift 2 (Silva 2011). Após a
glaciação, houve movimentos eustásicos de transgressão do mar para cima do cráton depositando
siltitos e calcáriona Fase Transgressiva.
Segundo Silva (2011), a deformação tectônica passa por duas fases, D1 e D2. A foliação principal,
S1, remete a fase D1, enquanto S2 é consequente da D2. A estrutura S1 se orienta paralela ao
acamamento sedimentar, com orientação para 95/32. A estrutura é direcionada para oeste,
determinando as estrias de falhas e lineações de estiramentos da fase D1 por planos de
cavalgamentos. É possível observar também a lineação penetrativa nos planos S1. L1 está ao longo
do mergulho de S1 com orientação 74/24.
A deformação D2 formou dobramentos sin e antiformal, sendo a maioria de flancos rompidos. A
zona de charneira forma a estrutura plano-axial S2, contendo a transposição da estrutura de
foliação S1 e do acamamento. Durante a D2 os planos de cavalgamentos da D1 foram reativados
como interpreta Silva (2011), sendo que o antiforme e sinforme já teriam sido nucleados em D1 e
desenvolvidos na D2. Ocorreu então a zna de cisalhamento de teto duplex. O encurtamento crustal
da fase D2 foi caracterizado por dobramentos assimétricos, penetrativos, com foliações S2
orientando para 85/72 e lineações L2 posicionadas na direção norte-sul, 353/0. Na Figura 10 está
representado o compartimento tectônico que engloba a Bacia do Espinhaço.
Figura 15 - A) Porção central da Serra do Espinhaço meridional em Minas Gerais, na região de Diamantina à Rodeador, ao centro
Gouveia, MG. B) Modelo de desenvolvimento do sistema de cavalgamentos do tipo duplex em um perfil de 50 km. Fonte: Silva, 2011
A faixa móvel do Espinhaço tem épocas metalogenéticas caracterizadas por Uhlein et al. (1986).
Essas épocas são depósitos e concentrações minerais formados durante a estrututração e evolução
tectônica. No Supergrupo Espinhaço há ocorrências fortes de diamante, ouro, quartzo, sulfetos,
fluorita e quartzitos.
As sequências Vulcano-sedimentares, greenstone belt, são fontes primárias importantes de ouro.
Houve a remobilização desse elemento nos veios de quartzo que passam e cortam outras unidades
mais recentes, além de reconcentração em placers. Ainda no arqueano, ocorrem mineralizações de
cromita e talco em metaultrabásicas, sulfetos de Ni-Cu-Co em xistos magnesianos e presença de
platina-paládio que são encontradas nos sedimentos aluvionares hoje (Uhlein et al. 1986).
No Início do Proterozoico foi marcado uma estabilização da crosta, na qual foi depositada a
sequência de sedimentos clastos-químicos com contribuições vulcânicas. Formaram extensos
pacotes de formações ferríferas do tipo Lago Superior em contexto de bacia epicratônicas em
plataforma marinha estável. Nas formações podem ocorrer ouro nas regiões de Conceição do Mato
Dentro e Santo Antônio do Rio Abaixo. Na base do Proterozoico também é encontrado
paleoplacers que portam ouro e urânio da Formação Moeda do Supergrupo Minas (Uhlein et al.
1986).
Na estabilização crustal durante o Proterozoico que as grandes bacias de subsidência lenta foram
depositadas na coexistência de desenvolvimento dos sistemas rifting, que abriram espaço para a
deposição de camadas sedimentares espessas como o Supergrupo Espinhaço (Uhlein et al. 1986).
Uhlein et al. (1986) mencionaram também que a larga escala de presença de diamantes na
Formação Sopa-Brumadinho com rochas conglomeráticas, a qual é uma fonte secundária do
mineral, confirma o aparecimento das rochas matrizes geradoras de diamantes, provavelmente
kimberlito. Esse momento de ascensão dessa rocha tão profunda indica a importância do processo
rifiting na cratonização dos continentes.
As fases iniciais do Supergrupo Espinhaço estão relacionadas também a um vulcanismo ácido a
intermediário com mineralizações de flúor, chumbo e cobre nas regiões de Conceição do Mato
Dentro. Battilani et al. (2007) discutem sobre a origem do diamante e trazem filito hematítico
composto por martita, sericita e turmalina como a fonte, já que apresentam microdiamantes em
sua petrografia. O protólito seria de rochas intrusivas e fornecendo um novo modelo mineralizador
da área.
No final do Proterozoico, ainda na estabilização tectônica da área, foram depositados sedimentos
do Supergrupo São Francisco em bacias epiplataformais. Nas rochas pelíticas e carbonáticas do
Grupo Bambuí estão presentes mineralizações de fosfato e Pb-Zn-Ag. O Grupo Macaúbas,
contribuição mais recente no Espinhaço além das coberturas ceonozoicas, pode ser a fonte terciária
dos diamantes presente nessa região. Na orogênese brasiliana houve formações de cinturões
móveis, os quais são relacionados a intrusões graníticas e pegmatitos com mineralizações de Be,
Nb-Ta e esmeralda (Uhlein et al. 1986).
Mineralizações de manganês, bauxita e argila são relacionadas aos depósitos supergênicos das
coberturas cenozoicas. Concentrações detríticas em depósitos elúvio-colúvio-aluvionar tem
presença de platina, ouro e diamante (Uhlein et al. 1986).
4. GEOLOGIA LOCAL
Para início da fotointerpretação foi divido o que seriam as maiores e as menores cotas da área, que
foram classificadas como Quebra de relevo positiva e o fundo do vale foi marcado por uma drenagem
bem-marcada que seguia do NE em direção ao NW da área. Os lineamentos foram marcados de acordo
com a interpretação que seriam sulcos, falhas ou fraturas nas rochas. Foi observado uma maior
quantidade de lineamentos na porção SE da área (Figura 11), representado pelo segundo Anexo.
A área de estudo em questão foi dividida em 3 zonas homólogas com base nas propriedades do relevo
e em elementos texturais e estruturais. A primeira foi nomeada como sendo a zona homóloga 1, que
apresenta uma variação topográfica em toda sua extensão, com regiões bem vegetadas, e algumas
outras partes com vegetação rasteira e pouca rocha exposta, área com sulcos e ravinas próximas às
drenagens que indicam processos erosivos atuantes na região. Os lineamentos observados na zona
homóloga 1 apresentam um alto grau de tropia, adotando NW-SE como uma direção preferencial. A
segunda zona homóloga (Zona Homóloga 2) marca o vale da área estudada, região com pouca variação
topográfica e pouca rocha exposta, impossibilitando identificar lineamentos. O vale é bem aberto e
segue o curso do córrego do capão, que recebe afluentes dos morros em seu entorno. A vegetação
próxima ao leito do rio é densa, mas em regiões com pouca água é uma vegetação rasteira e zonas de
cultivos ativas bem-marcadas. A última zona homóloga (Zona homóloga 3) apresenta áreas com
vegetação pouco densa e rasteira, e em sua grande maioria a rocha exposta. Foram traçados lineamentos
em quase toda a zona, e com orientações distintas, mas de maneira geral, as orientações seguem
preferencialmente em N-S. A zona homóloga 3, chama a atenção principalmente pela sua densidade
de lineamentos, e com uma tropia baixa à nula, resultado de uma grande quantidade de rocha aflorante,
com uma grande variação de relevo, que colabora com o intemperismo local.
7972000
13 20 13 6 1330
10
13 0 1 41 135 0 1 3 70
0
2
13 0
13 3 0 0
13 136 0
7
0 14 2 0
13 4
14
0 0 40
13 7 136 1380 01 42 1 35 0
13
0 39 0
1
0 0
135 1
1 1 41 0
70
40
0 13
38
13
1390
90
0
0 CÓR
35 R EG
13 O DO C
13 60
APÃ O
40 1
80
1310 13
1 400
1290 1320
0
127
0
13 7
60
12
00
13
1350
1250
1380
1240
7971000
7971000
12
30
1410
O
36
PÃ
1 80
60
13
CA
13
0
14
0
20
DO
1
37
1 35 0
GO
Service Layer Credits: 90
RE
13
1430
CÓ
0
12 8
90
13
0
1400
122
13 8 0
1360
12
70
5
13
0
13
0
20
12
1220 1 33 0
13 13
4
40
10
1 32 0 30 60
7970000
13 13
Diamantina
Brasília
Goiânia
Acessos
!
!
Sistema de coordenadas geográficas SIRGAS 2000 23S
±
Lineações 1:10.000
Belo Horizonte
Vitória
Linhas de topo 0 125 250 500 750 1.000
!
!
m
Monjolos Datas
Rio de Janeiro
Gouvêa
Drenagens
São Paulo !
Curitiba
!
635000 636000 637000 638000 639000
7972000
7972000
Zona Homóloga 1
CÓR
R EG
O DO C
APÃ O
Zona Homóloga 2
7971000
7971000
Zona Homóloga 3
O
PÃ
CA
DO
GO
Service Layer Credits: Source: Esri,
RE
DigitalGlobe, GeoEye, Earthstar Geographics,
R
CÓ
CNES/Airbus DS, USDA, USGS, AeroGRID,
IGN, and the GIS User Community
7970000
635000 636000 637000 638000 639000
Brasília
Diamantina Legenda
Goiânia
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Zonas homólogas Sistema de coordenadas geográficas SIRGAS 2000 23S
±
Belo Horizonte
Acessos 1:10.000
Vitória
Lineações 0 125 250 500 750 1.000
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m
Monjolos Datas
Gouvêa
São Paulo !
Rio de Janeiro
Linhas de topo
Referências: IBGE, Google Earth, Topodata
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Curitiba Drenagens