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Autor:
Diego Cerqueira Berbert
Vasconcelos
Aula 05
11 de Março de 2021
Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 05
Sumário
Apresentação.....................................................................................................................................................2
Poder Executivo..................................................................................................................................................3
2 - Presidencialismo X Parlamentarismo........................................................................................................4
3 - Investidura e Posse...................................................................................................................................5
4 - Impedimento e Vacância..........................................................................................................................8
5 - Competências delegáveis........................................................................................................................22
2 - Vedação Cautelar....................................................................................................................................28
4 - Substituição Presidencial........................................................................................................................33
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@profdiegocerqueira
*Este curso é desenvolvido pelo Prof. Diego Cerqueira, mas conta com a participação da Advogada
Lara Abdala na produção do conteúdo para a 1ª fase em Dir. Constitucional.
PODER EXECUTIVO
No estudo do Poder Executivo, quando se pensa nas funções exercidas, a primeira pergunta que
precisamos fazer é: qual a função típica que esse poder exerce?
Independente da separação acima descrita, o que deve ficar claro é que as atividades de Chefia de
Governo, Chefia de Estado e Chefia da Administração Pública são exercidas pelo Poder Executivo e fazem
parte de uma função tipicamente exercida por ele.2
“Professor, não entendi muito bem esse negócio de funções típicas...atípicas”. Vamos lá.
(...)
Tecnicamente, a função típica é a chamada função predominante, aquela que prevalece como essência do
âmbito de atuação de um Poder. E, no caso do Executivo, é a função de governo e a função administrativa,
como vimos há pouco.
Agora, o fato de o Poder Executivo exercer funções típicas não exclui a possibilidade de exercer também
funções atípicas. Por exemplo, o Poder Executivo tem a função atípica legislativa, que se expressa quando
há a edição de uma Medida Provisória, de Leis Delegadas ou até mesmo a expedição de regulamentos e
decretos.
Por outro lado, o Poder Executivo também exerce a função atípica de julgamento, quando por exemplo
realiza o julgamento de processos no âmbito do contencioso administrativo ou até mesmo de processos
administrativos disciplinares. No entanto, cabe destacar que a doutrina majoritária entende que o Poder
Executivo não exerce função jurisdicional. (que seria exclusiva do Judiciário no ato de resolução dos
conflitos dotados de definitividade)
1
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocência Mártires. Curso de Direito Constitucional, 5ª
edição. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 935
2
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 35ª edição, Ed. Malheiros, São Paulo, 2012.
2 - Presidencialismo X Parlamentarismo
Ao analisar um Estado e a sua Constituição, é possível identificar qual sistema de governo, forma de
governo e a forma de Estado por ele adotado.
Resumidamente, a forma de governo vai depender de como é instituído o poder, através da monarquia ou
da república. A forma de Estado se refere a forma de repartição territorial, que resultará em um Estado
unitário ou federal. Já o sistema de governo possui um significado diferente dos demais, pois guarda
relação com a interação existente entre o Poder Legislativo e o Executivo, quando estão exercendo suas
funções governamentais. Os mais conhecidos são o parlamentarismo e o presidencialismo.
Não há uma dependência entre o Poder Legislativo e o Executivo. Dessa forma, para a
eleição no Poder não há previsão de apoio dos Parlamentares como condição. Assim, como
ocorre com os Deputados e Senadores, os Chefe do Poder Executivo é eleito pelo povo.
O Presidente da República possui mandato com prazo certo. Aqui também fica clara a
independência do Chefe do Poder Executivo em relação ao Legislativo, já que a sua
manutenção no Poder não fica condicionada ao apoio do Parlamento.
O Brasil adotou esse sistema e na sua Constituição trouxe apenas uma situação em que o Poder
Legislativo pode decidir pela perda do cargo de Presidente: processo de impeachment, que
implica na condenação por crime de responsabilidade.
O formato atual do parlamentarismo possui influência inglesa decorrendo mais precisamente do século
XIX3. Ao longo da história, as peculiaridades que ganharam destaque foram aquelas que atualmente
contrastam com o presidencialismo.
3
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 20ª edição, ed. rev., atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 773.
A relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo é de dependência. A nomeação do
Chefe de Governo depende da aprovação do Parlamento. Importante esclarecer que o
Primeiro- Ministro é membro do Parlamento e ao ser nomeado como tal irá chefiar o Gabinete
composto por membros que também são provenientes do Parlamento.
O prazo do mandato do Chefe de Governo não é fixo. Essa característica decorre do item
anteriormente explicado, pois a permanência no cargo depende da manutenção da maioria
parlamentar ao seu lado. Além disso, é possível que a discordância entre o Primeiro-Ministro e
o Parlamento resulte não na retirada do Chefe de Governo do cargo, mas na dissolução do
Parlamento, convocando-se novas eleições.
Portanto, no sistema parlamentarista, entende-se que para um bom governo é importante a existência de
harmonia entre o Poder Executivo e o Legislativo. Outrossim, a doutrina nos diz que nesse sistema a
==1 cf 0c==
O sistema presidencialista foi adotado pela CRFB/88, em que temos expressamente o Presidente da
República exercendo a chefia do Poder Executivo Federal, sendo auxiliado pelos Ministros de Estado (art.
76).
Sistema de
Regime
Governo
Político
• Federação • República
• Presidencialismo
• Democracia
Forma de Forma de
Estado Governo
3 - Investidura e Posse
Para tratarmos sobre a investidura e a posse, é necessário antes elencarmos os requisitos que devem ser
preenchidos pelo indivíduo para que este venha a ocupar o cargo de Presidente da República.
O sistema eleitoral de votação se divide em majoritário e proporcional. O sistema majoritário por sua vez
se subdivide em: majoritário puro/simples e majoritário de dois turnos. No primeiro haverá apenas um
turno de votação. E no segundo, como o próprio nome já sinaliza, haverá dois turnos.
O sistema majoritário puro (ou simples) é aquele em que se aplica a maioria simples,
pois basta que o candidato consiga ser o mais votado, para ser eleito (votos válidos). É o
que ocorre na eleição dos Senadores e de Prefeitos em municípios com até 200.000
eleitores.
Por outro lado, no sistema majoritário de dois turnos, o eleito é aquele que adquiriu os
votos da maioria absoluta, que significa ter mais da metade dos votos válidos. Além do
cargo de Presidente, os Governadores e de Prefeitos em municípios com mais de 200.000
eleitores também são eleitos por esse sistema.
(...)
O art. 77 da CRFB/88 traz as regras de eleição para o cargo de Presidente da República, deixando claro que,
com a escolha do Chefe do Poder Executivo Federal, o Vice da chapa dele é eleito automaticamente. (...) § 1º
A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.
O caput ainda determina que a eleição deve acontecer no ano anterior ao término do mandato presidencial
vigente. “Professor está certo isso?” Sim...
Olha só... o mandato do Presidente somente se encerra no dia 1º de janeiro. Por exemplo, o mandato do
Presidente Michel Temer somente se encerrou em 1º de janeiro de 2019. Por isso, tivemos no exercício
anterior (em 2018) as eleições presidenciais. ;)
Outrossim, nossa Constituição estabeleceu que o dia da votação do primeiro turno ocorrerá no primeiro
domingo de outubro. Já o dia da votação no segundo turno deve acontecer no último domingo de outubro.
No caso da eleição do Presidente da República, o sistema aplicado é o majoritário de dois turnos. Assim,
para ser eleito é necessária a maioria absoluta dos votos válidos, ou seja, um dos candidatos precisa atingir
o seguinte patamar: mais da metade dos votos válidos. Não são computados os votos em branco e os
nulos.
Se nenhum candidato conseguir a maioria absoluta no primeiro turno, o segundo turno de votação será
realizado, disputando os dois candidatos mais votados no primeiro turno.
Agora, uma pergunta interessante! O que será que acontece se tivermos um empate dos candidatos que
ficaram em 2º lugar? Quem irá para o 2º turno?
O §5º do citado art. 77 nos diz que, havendo um empate no segundo lugar, o mais idoso será o candidato a
disputar o segundo turno.
Já no segundo turno, será considerado Presidente da República aquele candidato com a maioria dos votos
válidos (maioria simples).
(...)
“Professor, e se durante o segundo turno um dos candidatos vier a falecer ou até mesmo desistir da
candidatura, o que acontece?
Muito cuidado!!!
O vice não será convocado para ocupar o lugar do titular. O que irá acontecer é que, dentre os
remanescentes, aquele que teve maior votação irá ser chamado. (3º colocado por exemplo – art. 77, § 4º)
(...)
“Mais uma dúvida (rs)...e se tivéssemos um empate nesse caso entre dois candidatos no 3º colocado...quem
iria para o 2º turno?” Caramba seria muita coincidência ;)
Mas, nesse caso, a regra do empate prevista no §5º também se aplica caso haja mais de um na terceira
posição: o mais idoso entre eles é quem irá para o segundo turno no lugar daquele que morreu, desistiu ou
se tornou legalmente impedido.
O art. 78 da CRFB/88 dispõe sobre a sessão de posse do Presidente e seu Vice, determinando que ela
ocorrerá no Congresso Nacional. De acordo com o art. 57, §3º, trata-se de uma sessão conjunta, ou seja,
ocorrerá a reunião dos parlamentares (Senadores e Deputados) diante do Congresso Nacional, no dia 1º de
janeiro, para o recebimento do compromisso com o cargo.
O dia 1º de janeiro do ano seguinte ao da eleição é definido como o começo das atividades do novo
Presidente (dia da posse, conforme o art. 82 da CRFB/88). O mandato presidencial tem a duração de 4
anos, havendo a permissão constitucional (art. 14 §5º) para a reeleição para um único período
subsequente.
Muito cuidado! É errado dizer que o legislador constituinte não permite o exercício de 02 mandatos
presidenciais, pois o que é vedado é o indivíduo ser eleito para mais de 2 mandatos presidenciais
consecutivos.
Importante destaque deve ser feito em relação ao parágrafo único do art. 78 que traz: “se, decorridos dez
dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver
assumido o cargo, este será declarado vago”.
4 - Impedimento e Vacância
O legislador Constituinte determina no caput do art. 79 que cabe ao Vice-Presidente suceder e substituir o
Presidente. Assim, seja no caso de impedimento ou de vacância do cargo, o substituto natural do
Presidente da República é o seu Vice.
A substituição se aplica nos casos de impedimento do Presidente, pois ocorre o seu afastamento
temporário. Exemplo: quando o Presidente da República faz uma viagem ao exterior ou fica doente. Já a
sucessão ocorre quando o afastamento do Presidente é definitivo, implicando na vacância do cargo.
“Mas, professor, quais são as situações que tornam o cargo de Presidente vago? Estão dispostas logo abaixo:
Não comparecimento dentro de 10 dias da data fixada para a posse,
exceto por motivo de força maior.
Pessoal, preciso fazer uma observação! Em relação à ausência do país pelo prazo maior
do que 15 dias e a autorização do Congresso Nacional, chegou ao STF um
questionamento de uma norma da Constituição Estadual que estabelecia o seguinte:
Na ADI 738/DF, o Supremo entendeu ser tal dispositivo é inconstitucional, pelo uso da
expressão “por qualquer prazo”. Afinal, há uma violação ao princípio da simetria, tendo
em vista que a redação vai de encontro ao disposto na Constituição Federal de 1988.
Esclareço que as situações de impedimento e vacância apontadas anteriormente também são aplicadas ao
Vice.
Presidente da República
Com a vacância do cargo de Presidente, temos que o legislador constituinte permitiu somente ao Vice-
Presidente suceder em caráter definitivo. Os demais elencados no art. 80 permanecerão no cargo de
Chefe do Poder Executivo Federal provisoriamente (interinamente). Afinal, o art. 81 dispõe que nessa
situação (vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente) novas eleições serão convocadas.
nos dois últimos anos do mandato presidencial, haverá eleição 30 (trinta) dias depois da
vacância da última vaga. Contudo, nesse caso a eleição será realizada pelo Congresso Nacional.
Aqui, temos presente a hipótese de eleição indireta, pois os novos ocupantes dos cargos serão
eleitos por um colégio eleitoral, composto por delegados escolhidos pelo povo (de acordo com
a CRFB/88 é o Congresso Nacional).
(...)
O art. 81 dispõe sobre o chamado “mandato tampão”. Aqueles que forem eleitos, apenas completaram o
mandato dos seus antecessores. Vamos entender melhor isso (rs)
Vamos imaginar que o professor Armando assuma a Presidência da República em 2019. Ocorre que, no ano
de 2021, ele vem a falecer. Nesse caso, temos uma vacância do cargo de Presidente.
O Vice-Presidente Jorge assume a Presidência e irá exercê-la até o final de 2022 (que foi o mandato previsto
inicialmente)
O problema é que março de 2022, Jorge é condenado por crime de responsabilidade e,
consequentemente, acaba perdendo o cargo de Presidente. Olha que interessante, agora nós temos a
vacância do cargo de Presidente e também do Vice-Presidente.
Pela ordem de sucessão que apresentamos acima. Quem assumirá temporariamente o cargo de Chefe do
Poder Executivo Federal será o Presidente da Câmara dos Deputados.
Como os dois cargos vagaram nos últimos dois anos do mandato presidencial, aplica-se a eleição indireta.
Diferentemente seria se a vacância tivesse ocorrido nos dois primeiros anos do mandato, pois a eleição
ocorreria “pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”, nos moldes do
caput do art. 14 da CRFB (eleição direta).
Conforme decisão do Supremo Tribunal Federal, a Constituição Estadual pode estabelecer a realização de
eleições indiretas caso a dupla vacância dos cargos de Governador e Vice-Governador venha a ocorrer nos
últimos 2 anos do mandato. Na visão da Corte: “essa competência legislativa do Estado-membro decorre da
capacidade de autogoverno que lhe outorgou a própria Constituição da República”4.
Como essa capacidade é inerente à autonomia política dos entes federativos, entende-se que tal
regramento é aplicável aos Municípios, ou seja, na hipótese de vacância dos cargos de Prefeito e Vice-
Prefeito.
1. (FGV / XIII Exame de Ordem Unificado – 2014) Imagine a hipótese na qual o avião presidencial sofre
um acidente, vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após a conclusão do terceiro ano de
mandato. A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e completa o mandato.
b) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa
dias depois de abertas as vagas.
c) O Presidente do Congresso Nacional assume o cargo e completa o mandato.
d) O Presidente da Câmara assume o cargo e convoca eleições que serão realizadas trinta dias após a
abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
Comentários:
O enunciado trouxe que no final do 3º ano do mandato, o Presidente e Vice faleceram, o que ocasionou a
vacância dos respectivos cargos nos últimos dois anos. Então, estamos diante de hipótese de convocação
de eleições indiretas, que ocorrerão 30 (trinta) dias após aberta a última vaga (§1º, art. 81 da CRFB/88).
Assim, o cargo de Presidente da República assumido pelo Presidente da Câmara de forma temporária. O
gabarito é a letra D.
2. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado – 2012) Em caso de vacância dos cargos de Presidente da
República e Vice-Presidente da República no penúltimo ano de mandato:
a) o Presidente da Câmara dos Deputados assume definitivamente o cargo.
b) o Presidente do Senado Federal assume definitivamente o cargo.
c) far-se-á nova eleição direta.
d) far-se-á eleição indireta, pelo Congresso Nacional.
Comentários:
4
ADI: 1057/BA, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 20/04/1994, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 06-04-2001
Novamente o mesmo tema foi tratado pela banca examinadora. A hipótese levantada no enunciado, se enquadr
A doutrina irá nos dizer que estamos diante de um rol não-exaustivo, sendo possível conferir ao Chefe do
Poder Executivo Federal outras atribuições que estão esparsas ao longo do texto Constitucional.
Vamos ao estudo?
O Presidente da República, na qualidade de chefe de Governo, exerce uma função fundamental. Ele
assume o papel de Chefe da Administração Pública Federal. E, nessa seara, possui algumas atribuições
basilares para a condução do Estado. Vejamos:
Olha só que interessante! O Presidente tem a competência de nomear e exonerar os Ministros de Estados.
Estes são “os braços do Presidente” na condução diária do país (são auxiliares direto). São eles que acabam
na prática “administrando” o país em diversos aspectos, seja no âmbito da economia, defesa nacional,
educação, saúde, meio ambiente etc.
Digo isso, pois são os responsáveis direto no andamento de suas pastas (desempenho dos servidores,
ações estratégicas, definição de políticas etc). Atuam na chamada “direção superior da administração
federal”.
Cumpre destacar que estamos diante de cargos de livre nomeação e exoneração. E, aqui, já estudamos
isso, hein? São os cargos comissionados. Nomeia quando quer...exonera quando bem entende. (rs)
(...)
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um
anos e no exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições
estabelecidas nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da
administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos
assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas
pelo Presidente da República.
Uma pequena revisão! Lembram que certos cargos são privativos de brasileiro nato? Pois
bem, o Ministro de Estado e da Defesa é um deles. Muito cuidado para você não errar
isso em prova!!!!! (Art. 12, § 3º, CRFB/88)
Dentre os incisos apresentados acima, destacamos algumas competências importantes, tais como o ato de
referendar decretos assinados pelo Presidente e a apresentação de relatório anual de sua gestão.
Outrossim, os Ministros possuem a competência para a expedição de instruções para a execução das leis,
decretos e regulamentos. Trata-se de uma espécie de poder regulamentar concedido. Agora, cuidado. Eles
não editam Decretos, mas sim Portarias (é o que a Constituição denomina “instruções”).
Uma outra atribuição conferida pela Constituição ao Presidente diz respeito ao ato de expedir decretos e
regulamentos para a fiel execução das leis.
“Professor, mas acabamos de ver que Ministro de Estado não pode....”. Opa, cuidado, estou falando agora
do Presidente da República.
A atribuição em exame reflete a figura dos decretos executivos. São atos normativos secundários (atos
infralegais), frutos do poder regulamentar. Esses atos não podem inovar a ordem jurídica. A finalidade é
facilitar a fiel execução das leis.
E, aqui, vai uma observação. Não quer dizer que o decreto executivo deva se limitar a reproduzir o texto da
lei (copiar literalmente). O instrumento tem um papel de explicitar o que foi previsto na legislação,
decidindo a melhor forma de executá-la. Pode, inclusive, suprir eventuais lacunas existentes.
Para concluir, devemos ter em mente que essa atribuição do Presidente é indelegável.
Não menos importante, o Presidente também possui a atribuição para editar os chamados decretos
autônomos. Trata-se de instituto um pouco diferente do que estudamos acima.
Foram inseridos na Constituição por meio da Emenda Constitucional nº 32/2001 com duas hipóteses de
cabimento muito próprias (alíneas a e b):
Como regra geral, visam organizar o funcionamento da administração pública federal. Mas,
vale destacar que não poderemos ter decretos autônomos se tal medida implicar em aumento
de despesa, criação ou até mesmo extinção de órgãos públicos. Para tanto, haverá necessidade
de lei formal.
Possibilitar a extinção de funções e cargos públicos, desde que estejam vagos. Se a hipótese
for de cargos públicos ocupados, também precisa de lei formal.
(...)
Diferentemente dos decretos executivos, os de natureza autônoma são atos normativos primários e
possuem fundamento de validade na própria Constituição. Ainda, no plano hierárquico-normativo,
podemos dizer que possuem a mesma hierarquia de leis formais.
Vamos consolidar?
Não pode aumentar despesa
Decretos Autônomos
Extinção de funções ou
Quando vagos
cargos públicos
“E a competência, professor, ela é indelegável assim como os decretos executivos?” Aí é que mora a
pegadinha (rs). A edição de decretos autônomos é competência delegável do Presidente da República.
O parágrafo único do art. 84 irá nos dizer que o Presidente poderá concedê-la aos Ministros de Estado, ao
Advogado-Geral da União ou ao Procurador-Geral da República.
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei;
Trata-se também de mais uma competência delegável do Presidente da República. (parágrafo único do art.
84 CRFB/88).
Todas as duas hipóteses são de competência privativa do Presidente da República e o e realizadas por meio
de decreto executivo.
(...)
“Professor, mas você não comentou que os decretos executivos são de competência indelegável do
Presidente?”
Isso mesmo. ;) Embora seja competência do “PR” mediante decreto executivo, a Constituição assim dispôs
permitindo a delegação de competência do PR. (situação excepcional do parágrafo único) para todos os
Ministros de Estado, ao PGR e ao AGU, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Entretanto, vale ressaltar que se trata de ato discricionário, constituindo faculdade atribuída ao Presidente
para apreciar a conveniência e oportunidade do ato. Olha só o entendimento do Supremo:
ade atribuída ao presidente da República (art. 84, XII, da CF), que aprecia não apenas a conveniência e oportunidade de sua
aculdade atribuída ao Presidente da República. Assim, é possível a imposição de condições para tê-lo como aperfeiçoado, d
que em conformidade com a CF.” (AI 701.673-AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 5-5-20
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional são considerados órgãos colegiados, de natureza
consultiva.
O Presidente da República, em determinadas situações, consulta esses órgãos para que possam emitir um
parecer. A manifestação acaba sendo natureza meramente opinativa.
O Conselho da República é considerado um órgão superior de consulta quando estamos diante, por
exemplo, das hipóteses de intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e demais temas para a
estabilidade das instituições democráticas.
Mas, aqui, vale uma ressalva. A pronúncia do “CR” não possui efeito vinculante. Ou seja, não vincula o
Presidente da República. Trata-se de natureza consultiva, opinativa, como comentamos acima.
(...)
Por outro lado, temos o Conselho de Defesa Nacional. Também se enquadra como órgão superior de
consulta do Presidente da República, mas os assuntos tratados estão relacionados à soberania nacional e a
defesa do Estado democrático.
“Professor, e a manifestação possui efeito vinculante?” Não, pessoal! Possui simplesmente um caráter
opinativo.
Vamos entender um pouco mais as competências do Conselho fazendo a leitura juntos do art. 91, § 1º, da
CRFB/88:
Uma última informação para fecharmos esse tó pic1o. A doutrina entende que, quando o Presidente da
República convoca e preside o Conselho da República, está atuando na qualidade de Chefe de Governo. Já
quando ele convoca e preside o Conselho de Defesa Nacional, a sua atuação é na qualidade de Chefe de
Estado.
Pessoal, o provimento é um ato administrativo por meio do qual um cargo público é preenchido. Isso se faz
por ato da autoridade competente de cada Poder e, no caso dos cargos públicos federais do Executivo,
trata- se de atribuição privativa do Presidente da República.
A doutrina e a jurisprudência entendem que essa atribuição para “prover” também alcança o ato de
desprovimento, que ocorre quando o Presidente exonera e demite servidores públicos.
A Constituição estabeleceu no artigo 84, parágrafo único que o inciso XXV, primeira parte, é uma atribuição
delegável do Presidente aos Ministros de Estado, PGR e AGU.
Quando se diz que é possível apenas a delegação da primeira do inciso XXV quer se referir ao ato de
provimento e desprovimento (prover e desprover). O Supremo Tribunal entende que o presidente da
República pode delegar aos Ministros de Estado a atribuição de demitir, no âmbito das suas respectivas
pastas, servidores públicos federais por exemplo
Agora, em relação à a redação final do inciso XXV, quando diz “extinguir os cargos públicos federais”
precisamos ter muito cuidado.
Se ocorrer a extinção de cargo público vago, poderá ser feita por decreto autônomo, sendo uma atribuição
delegável. Entretanto, se o cargo público estiver ocupado, a doutrina entende que a extinção dependerá
de lei formal e a atribuição não será delegável.
2 - Relação com o Congresso Nacional
No âmbito do processo legislativo, o Presidente da República possui funções consideradas essenciais que,
de certa forma, impactam na sua relação com o Poder Legislativo.
Vamos estudar agora mais alguns incisos que compõe o art. 84 da CRFB/88. Vejamos:
c
regulamentos para sua fiel execução;
s de lei, total ou parcialmente;
nualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao e
Olha que interessante. O inciso III nos diz que o chefe do Poder Executivo Federal pode deflagrar o processo
legislativo. “O que é isso prof.?”
Do ponto de vista técnico, é uma atribuição de apresentar projetos de lei de sua iniciativa privativa ou
reservada (art.61, § 1º), quando por exemplo o Presidente encaminha um projeto de lei para tratar de
fixação ou modificação dos efetivos das forças armadas.
Outrossim, o Presidente pode apresentar projetos de lei de iniciativa geral ou comum quando, por
exemplo, envia ao Legislativo um projeto de lei para tratar de matéria tributária.
No trato com o legislativo, o Presidente também possui a atribuição de sancionar, promulgar e publicar as
leis que foram aprovadas pelo Congresso Nacional. Ainda, ele pode atuar vetando os projetos de lei em
razão de alguma inconstitucionalidade existente (veto jurídico) ou até mesmo por algum motivo que
contrarie o interesse público. (veto político) PS: Fiquem tranquilos que explico esse assunto mais
detalhadamente no tema do processo legislativo!
Por fim, no que tange ao inciso XXIV, peço atenção mais que especial (rs). O Constituinte previu uma
obrigação importante no tema da fiscalização e do controle das contas públicas. É a necessidade do
Presidente da República, na qualidade de chefe de Governo, de prestar contas ao Congresso Nacional
daquilo que foi gasto no exercício anterior. As contas devem ser apresentadas ao Congresso Nacional
dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa.
Cumpre destacar que a competência será do Congresso Nacional julgar as contas do Presidente da
República, com emissão de parecer prévio pelo Tribunal de Contas da União.
Agora, uma pergunta básica para concluirmos esse tema (rs). E se o Presidente não prestar contas no prazo
mencionado acima? Opa! Teremos uma atuação contundente da Câmara dos Deputados, na qualidade de
casa representativa do povo. ;)
Isso porque, o art. 51, inciso II nos diz que compete privativamente à Câmara dos Deputados “proceder à
tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa”.
Por último, quero comentar um pouquinho com vocês acerca das Medidas Provisórias. Trata-se de uma
atribuição do Chefe do Poder Executivo para editá-las.
A “MP” não é uma lei em sentido estrito. Mas, tem força de lei. É um ato normativo primário que extrai
fundamento direto da nossa Constituição e que deve ser editada quando da presença dos requisitos da
relevância e urgência.
Vale ressalvar que, uma vez editada, o Presidente precisa encaminhar de imediato o projeto de conversão
da “MP” em lei, observando assim a incidência do art. 82 da CRFB/88.
Nas relações internacionais, o Presidente da República possui um papel de extra importância. Ele assume a
condição de Chefe de Estado e tem a incumbência de representar a República Federativa do Brasil.
Dentro desse contexto, vamos estudar a competência instituída no inciso VIII do art. 84:
Pois bem. O Presidente é responsável pelo ato de celebração dos tratados, convenções e atos
internacionais. É ele quem assina o instrumento internacional. No entanto, a assinatura possui caráter de
mero consentimento provisório, devendo o instrumento ser submetido à ordem jurídica nacional para fins
de aprovação pelo Congresso Nacional. Tal feito irá por meio de um Decreto Legislativo.
A aprovação realizada pelo legislativo é uma verdadeira autorização para que o Presidente da República
possa ratificar o tratado, convenção ou ato internacional, realizando assim o seu consentimento definitivo.
Agora, será que o Presidente é obrigado a ratificar? NÃOO!!! Trata-se de ato discricionário.
Nesse caso, com a aprovação do Congresso e a ratificação do Presidente, haverá um decreto executivo e a
consequente promulgação e publicação do instrumento, passando a produzir efeitos na ordem jurídica
interna.
Percebem que o Presidente tem competência privativa para decretar a intervenção federal, o estado de
sítio e o estado de defesa.
Esses 03 (três) mecanismos que buscam salvaguardar a ordem jurídica nos momentos de instabilidade
institucional. A doutrina nos diz que estamos diante de institutos do sistema constitucional de crises.
“E o que nós precisamos saber sobre ele Prof.?” O tema é aprofundado no estudo da “Defesa do Estado e
das Instituições Democráticas”.
Todavia, convém destacar que a decretação de estado de sítio depende de prévia autorização pelo
Congresso Nacional.
Um ponto crucial, meus amigos! É possível que uma das medidas uma vez realizadas venham a ser
suspensas posteriormente. No caso, quem suspende o estado de defesa, estado de sítio e a intervenção
federal não é o Presidente da República, mas sim do Congresso Nacional, conforme a previsão do art. 49,
V: “compete exclusivamente ao Congresso Nacional aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas”.
5 - Competências delegáveis
Pessoal, ao longo das páginas anteriores abordamos de certa quais são as competências delegáveis do
Presidente da República.
Vamos ver se estão afiados realmente. ;)
Indulto e 0 Decretos
comutação de penas Autônomos
Prover e
desprover cargos públicos
tências privativas, que lhe são atribuídas diretamente pela Constituição. Admite-se que algumas delas possam ser delega
Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 05
Gabarito letra D.
5. (FGV / XXVII Exame de Ordem Unificado – 2018) Em determinado órgão integrante da administração
pública federal, vinculado ao Ministério da Fazenda, foi apurado que aproximadamente 100 (cem) cargos
estavam vagos. O Presidente da República, mediante decreto, delegou ao Ministro da Fazenda amplos
poderes para promover a reestruturação do aludido órgão público, inclusive com a possibilidade de
extinção dos cargos vagos. Sobre a hipótese, com fundamento na ordem jurídico-constitucional vigente,
assinale a afirmativa correta.
A) Somente mediante lei em sentido formal é admitida a criação e extinção de funções e cargos públicos,
ainda que vagos; logo, o decreto presidencial é inconstitucional por ofensa ao princípio da reserva legal.
B) A Constituição de 1988 atribui exclusivamente ao Presidente da República a possibilidade de mediante
decreto, dispor sobre a extinção de funções ou cargos públicos, não admitindo que tal competência seja
delegada aos Ministros de Estado.
C) O referido decreto presidencial se harmoniza com o texto constitucional, uma vez que o Presidente da
República pode dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos,
sendo permitida a delegação dessa competência aos Ministros de Estado.
D) A Constituição de 1988 não permite que cargos públicos legalmente criados, ainda que vagos, sejam
extintos, ressalvada a excepcional hipótese de excesso de gastos orçamentários com pessoal; portanto, o
Decreto presidencial é inconstitucional.
Comentários:
Conforme estudamos na aula de hoje, é permitida a delegação da competência privativa do Presidente da
República para a extinção de cargo público vago, (art. 84, inciso VI c/c com parágrafo único, CRFB/88). A
delegação pode ser realizada o Ministro de Estado.
Importante ter em mente que se o cargo público estiver ocupado, a sua extinção não pode ocorrer por
decreto autônomo e se trata de uma competência indelegável. Precisa de lei formal. ;) Gabarito C.
Vamos agora fazer uma questão “tiro-curto” para fins de memorização. Fiquem ligados!!!
6. (ESTRATÉGIA OAB/INÉDITA) De acordo com a Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa que
contém uma função de Chefia de Governo exercida pelo presidente da República:
a) Presidir o Conselho de Defesa Nacional.
b) Enviar o plano plurianual previsto na CRFB/88 ao Congresso Nacional.
c) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos.
d) Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
Comentários:
Letra A: errada. Tal competência é, segundo o texto Constitucional, do Presidente da República,
decorrente da função de Chefe de Estado, não de Governo.
Letra B: correta. O Presidente da República exerce função de Chefe de Governo quando envia ao Congresso
Nacional o plano plurianual.
Letra C: errada. O Presidente atua como Chefe de Estado nesses casos.
Sugiro que faça um pequeno intervalo de 5 minutos para que possa recuperar as
energias. Em seguida, iniciaremos o tema dos direitos constitucionais dos servidores
públicos. ;)
É necessário esclarecer que as imunidades são prerrogativas do cargo e não privilégios pessoais. Além
disso, apesar delas se dividirem em imunidade formal e imunidade material (inviolabilidade civil e penal
por palavras e opiniões), em relação ao Presidente da República só há a previsão das imunidades formais.
De acordo com o §4º do art. 86, o Presidente da República possui uma “imunidade relativa” para as
infrações penais. Isso quer dizer que no caso de crime comum, a sua responsabilização no curso do
mandato só acontecerá se o ato foi praticado no exercício da função (in officio) ou em razão dela (propter
officium).
Art. 86. § 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.
Vamos imaginar que o Presidente da República cometa uma agressão física em um parente seu e, ato
contínuo, realize a tentativa de homicídio do parente. Na vigência do mandato, o Presidente não poderá
ser responsabilizado por esse crime.
“Mas, professor, a situação é gravíssima!” Eu sei...mas o fato não está relacionado ao exercício da função!!!!
Na vigência do mandato, o Constituinte estabeleceu que ele não pode ser responsabilizado por atos
estranhos. Há relativa irresponsabilidade de atos estranhos ao exercício das funções.
Ele vai responder por isso, mas não na vigência do mandato. O Presidente não ficará impune. A sua
responsabilidade ocorrerá após o mandato, perante a Justiça Comum, pois ele não possuirá mais o foro
especial por prerrogativa de função.
Ele será denunciado, mas o processo será suspenso provisoriamente, assim como o prazo prescricional,
que só volta a correr com o fim do mandato5.
A imunidade prevista no art. 86, § 4º, da CRFB/88 não pode ser aplicada ao Presidente da
Câmara dos Deputados. O Plenário do STF firmou o entendimento que essa é uma prerrogativa
cujo legislador Constituinte direcionou expressamente e exclusivamente ao Chefe do Poder
Executivo Federal. “Por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é possível
qualquer
5
Inq. 672/DF. Rel. Min Celso de Mello, 16.04.1993.
interpretação que amplie a sua incidência a outras autoridades, notadamente do Poder
Legislativo”6.
2 - Vedação Cautelar
Através da prisão cautelar, há uma privação da liberdade temporária do sujeito que é o provável autor do
delito, sem a necessidade de uma sentença condenatória. A doutrina entende que essa prisão se aplica em
situações emergenciais, subdividindo-se em flagrante delito, prisão temporária e prisão preventiva.
Assim, conforme o §3º do art. 86 da CRFB/88, para acontecer a prisão do Presidente nas infrações penais
comuns é preciso que haja uma sentença condenatória proferida pelo STF (que é o responsável por esse
julgamento). A prisão cautelar do Chefe do Poder Executivo Federal não é possível.
Nos moldes do art. 86, caput da CRFB/88, o Presidente da República poderá ser julgado nos crimes comuns
perante o STF, e nos crimes de responsabilidade perante o Senado Federal. Nas duas hipóteses, dependerá
de uma autorização prévia da Câmara dos Deputados.
A doutrina entende que essa autorização decorre do chamado juízo prévio de admissibilidade. A decisão
pela admissão da denúncia ocorre por 2/3 dos membros da Câmara dos Deputados.
Será uma votação aberta (nominal). Lembram como foi o processo de votação da ex-Presidente Dilma?
Tivemos transmissão inclusive em rede nacional....
de uma importante alteração no entendimento do STF. Anteriormente se defendia que era possível a seguinte previsão em
6
STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816).
o Governador somente será processado e julgado após juízo de admissibilidade da Assembleia Legislativa.
Contudo, no ano de 2017, foi reconhecida pelo STF a ocorrência de uma mutação constitucional e a única
A conclusão do Plenário foi de incompetência dos Estados, não podendo uma norma estadual prever o pr
Também ficou decidido que, com o recebimento da denúncia pelo STJ, não haverá a suspensão automátic
(...)
Quando nos referimos ao Presidente da República, temos a possibilidade da prática de dois tipos de
infrações:
Contudo, se o Supremo decidir pelo recebimento, acontecerá o afastamento do Presidente por 180 dias.
(art. 86, §1º, da CRFB/88) Temos aqui algumas possibilidades:
Cumpre salientar que a competência do STF para julgar o Presidente da República não se restringe aos
crimes comuns. Também abarca algumas ações civis, como por exemplo o “mandado de segurança” e o
“habeas data”. Em relação à ação popular, a CRFB/88 não trouxe previsão de competência do STF. Por isso,
o Presidente não possui tal prerrogativa de função, ocorrendo o seu julgamento no juízo de primeiro grau.
Por outro lado, nos crimes de responsabilidade, o Presidente da República será processado e julgado pelo
Senado Federal, após juízo de admissibilidade político da Câmara dos Deputados.
Então. Nossa Constituição de 1988 estabeleceu em seu art. 85 algumas situações interessantes. Olha só:
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos
Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
sociais; IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na
administração; VI - a lei
orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as
No campo infraconstitucional, temos a Lei Federal nº 1.079/50 regulando atualmente os crimes de
responsabilidade. O Supremo entende que “A definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa
da União”. (Súmula Vinculante nº 46 STF)
(...)
Vamos agora entender como ocorre esse processo. Primeiro ponto. A denúncia deve ser apresentada à
Câmara dos Deputados. Trata-se de denúncia popular, podendo qualquer cidadão vir a realizar essa
denúncia.
Um detalhe. Lembram da autorização da Câmara que comentamos anteriormente? Pois bem. A Câmara
dos Deputados tem um papel fundamental. Ela precisa realizar o juízo de admissibilidade político. É um
juízo prévio em que admitirá ou não a instauração do processo em face do Presidente da República.
A votação será aberta e, uma vez sendo admitida a acusação por 2/3 dos membros da casa legislativa, o
processo será encaminhado ao Senado Federal, a fim de que este órgão possa processar e julgar o
Presidente da República.
Meus amigos, temos uma novidade! No final de 2015, analisando a ADPF 378 o STF
consolidou o entendimento que o Senado Federal realizará novo juízo de
admissibilidade da denúncia. Isso ocorrerá por voto de maioria simples da casa
legislativa.
Nas razões do Supremo Tribunal, o Senado Federal possui discricionariedade para decidir
se irá instaurar ou não o processo de crime de responsabilidade em face do Presidente da
República. O que se conclui, atualmente, é que o Senado Federal não está vinculado ao
juízo de admissibilidade realizado inicialmente pela Câmara dos Deputados.7
(...)
Então, vamos pensar o seguinte. Digamos que o Senado admita a denúncia realizada contra o Presidente.
Sabe o que irá acontecer? Será instaurado um processo específico e o “PR” ficará suspenso de suas
funções, só retornando à presidência se ele for absolvido ou se decorrer o prazo de 180 dias e o
julgamento não tiver sido finalizado.
Se estourar o prazo acima, cessa-se o afastamento e o Presidente volta a exercer suas atividades
normalmente, na qualidade de chefe do Poder Executivo Federal.
“Professor, então o processo é extinto?”. Nada disso. Ele apenas volta à condição de Presidente, sem prejuízo
do regular prosseguimento do processo que foi instaurado no Senado Federal.
Importante destacar que o Senado irá atuar nesse processo como verdadeiro “Tribunal político”. E quem
irá presidir os trabalhos será o Presidente do Supremo Tribunal Federal. (art. 52, parágrafo único,
CRFB/88). É só lembrar do caso da ex-Presidente Dilma. Quem conduziu foi então Ministro Presidente
Ricardo Lewandowski.
A condenação, eventualmente a ser realizada pelo Senado Federal, também depende do voto nominal
(aberto) de 2/3 dos seus membros. De acordo com o Supremo, não poderemos ter recurso em face dessa
decisão final no processo “impeachment”.
7
ADPF 378. Rel. Min. Luiz Edson Fachin. Julg. 17.12.2015.
Agora, isso não quer dizer que ao longo da demanda processual não sejam assegurados os princípios do
devido processo legal, contraditório e ampla defesa. O Presidente tem direito a esses valores fundamentais.
Com efeito, se o Presidente da República for condenado por crime de responsabilidade, incidirá o art. 52,
parágrafo único, CRFB/88:
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por
dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis.
Dessa forma, teremos duas penalidades a serem aplicadas: (a) perda do cargo e (b) inabilitação, por 8
(oito) anos, para o exercício de função pública. Neste quesito, a doutrina entende que essa inabilitação
vale para toda e qualquer função pública.
Já sei que você está pensando agora no caso da ex-Presidente Dilma Rousseff (rs).
Em 2016, tivemos o processo de impeachment que culminou com a condenação por crime de
responsabilidade em razão das chamadas "pedaladas fiscais". O problema, pessoal, é que o Senado acabou
decidindo que a ex-Presidente não ficaria inabilitada para o exercício de função pública.
Juridicamente, nossa Constituição é clara em seu parágrafo único, art. 52, CRFB/88: (...) perda do cargo,
com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções
judiciais cabíveis”.
Em verdade, tivemos uma decisão estritamente política, meus amigos. O Senado Federal entendeu por
bem concluir o processo dessa forma.
Agora, para fins de prova, continuamos seguindo a literalidade da Constituição. (A não ser que tenhamos
uma questão narrando exatamente o que aconteceu com o processo da Presidente Dilma...nesse caso a
banca pode estar buscando essa informação)
Quem processa e julga o Presidente da
Precisa
República
do juízo
é o de
Senado
admissibilidade
Federal político da Câmara dos D
Crime de Responsabilidade
O Presidente ficará
suspenso de suas funções.
Retorna ao exercício do
cargo apenas se absolvido
ou se decorridos 180 dias e
o julgamento não for
concluído.
4 - Substituição Presidencial
Abordamos nessa aula que, quando o Presidente da República se torna réu em processo-crime, ele fica
afastado do exercício de suas funções. Lembrando que ele retornará apenas se for absolvido ou se o
julgamento não for concluído dentro de 180 dias. ;)
Mas, como será que ficaria a linha sucessória do Presidente? E se tivermos uma condição em que as figuras
da linha sucessória forem réus em processo penal? Será que eles podem vir a ocupar o cargo do
Presidente?
Pessoal, essa temática foi exatamente analisada pelo Supremo Tribunal no curso da ADPF nº. 402. Prestem
atenção aqui!!!!
A Corte entendeu que se um pretendente ao cargo de Presidente na linha sucessória for réu em um
processo-criminal, tal fato o impedirá de vir a exercer o cargo de Presidente da República em
substituição.
Por outro lado, dada a condição de réu em processo criminal, isso não impede que o sujeito continue
exercendo a função que ocupa, a exemplo do Presidência da Câmara, do Senado, do STF.....
8. (FGV / XXII Exame de Ordem – 2017) O Presidente da República descumpriu ordem judicial, emanada
de autoridade competente, impondo à União o pagamento de vantagens atrasadas, devidas aos
servidores públicos federais ativos e inativos. A Advocacia Geral da União argumentava que a mora era
justificável por conta da ausência de previsão de recursos públicos em lei orçamentária específica.
Apesar disso, um grupo de parlamentares, interessado em provocar a atuação do Ministério Público,
entendeu ter ocorrido crime comum de desobediência, procurando você para que, como advogado(a),
informe que órgão seria competente para julgar ilícito dessa natureza.
Dito isto e a par da conduta descrita, é correto afirmar que o Presidente da República deve ser julgado:
a) pela Câmara dos Deputados, após autorização do Senado Federal.
b) pelo Senado Federal, após autorização da Câmara dos Deputados.
c) pelo Supremo Tribunal Federal, após autorização da Câmara dos Deputados.
d) pelo Supremo Tribunal Federal, após autorização do Congresso Nacional.
Comentários:
Olha mais um tema da nossa aula em recente prova da OAB! Aprendemos que é da competência do
Supremo processar e julgar o Presidente da República, quando ele comete crime comum. Note que a
questão afirma no enunciado que o crime cometido foi um crime comum, que foi praticado pelo
Presidente em razão da função do seu cargo. Entretanto, para que o STF possa exercer essa competência é
preciso haver o prévio juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados. A autorização da Casa ocorrerá
quando 2/3 dos seus membros assim decidir.
Gabarito letra C.
9. (FGV / XX Exame de Ordem Unificado – 2016) O Presidente da República, após manter áspera
discussão com um de seus primos, que teve por motivação assuntos relacionados à herança familiar,
efetua um disparo de arma de fogo e mata o referido parente. Abalado com o grave fato e preocupado
com as repercussões políticas em razão de sua condição de Presidente da República, consulta seu corpo
jurídico, indagando quais as consequências do referido ato no exercício da presidência. Seus advogados,
corretamente, respondem que a solução extraída do sistema jurídico-constitucional brasileiro é a de que
A) será imediatamente suspenso de suas funções pelo prazo de até 180 dias, se recebida a denúncia pelo
Supremo Tribunal Federal.
B) será imediatamente suspenso de suas funções pelo prazo de até 180 dias, se recebida a denúncia pelo
Senado Federal.
C) será imediatamente suspenso de suas funções, se a acusação for autorizada por dois terços da Câmara
dos Deputados e a denúncia recebida pelo Supremo Tribunal Federal.
D) será criminalmente processado somente após o término do mandato, tendo imunidade temporária à
persecução penal.
Comentários:
Olha o tema mais uma vez por aqui! Como o enunciado trouxe a prática de crime de homicídio sem relação
com o exercício da função, estamos diante da prática de crime comum.
Se a infração penal comum praticada não for no exercício da função ou em razão dela, sua
responsabilidade ocorrerá após o mandato. Haverá, assim, a suspensão provisória do processo e a
consequente suspensão do prazo prescricional (que só retornará a correr com o fim do mandato). Assim,
ele será denunciado, mas haverá suspensão do processo.
A situação então é a concretização da chamada cláusula de irresponsabilidade penal relativa (§4º, art. 86,
CRFB/88).
Gabarito letra D.
10. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado – 2015) Um representante da sociedade civil, apresentando
indícios de que o Presidente da República teria ultrapassado os gastos autorizados pela lei orçamentária
e, portanto, cometido crime de responsabilidade, denuncia o Chefe do Poder Executivo federal à Câmara
dos Deputados. Protocolizada a denúncia na Câmara, foram observados os trâmites legais e regimentais
de modo que o Plenário pudesse ou não autorizar a instauração de processo contra o Presidente da
República. Do total de 513 deputados da Câmara, apenas 400 estiveram presentes à sessão, sendo que
260 votaram a favor da instauração do processo. Diante desse fato:
a) o processo será enviado ao Senado Federal para que este, sob a presidência do presidente do STF,
proceda ao julgamento do Presidente da República.
b) o processo será enviado ao Supremo Tribunal Federal, a fim de que a Corte Maior proceda ao
julgamento do Presidente da República.
c) o processo deverá ser arquivado, tendo em vista o fato de a decisão da Câmara dos Deputados não ter
contado com a manifestação favorável de dois terços dos seus membros.
d) dá-se o impeachment do Presidente da República, que perde o cargo e fica inabilitado para o exercício
de outra função pública por oito anos.
Comentários:
O art. 86, caput da CRFB/88 determina que compete ao STF o julgamento do Presidente da República
emcaso de prática de crimes comuns, e ao Senado Federal, quando o crime cometido foi um crime de
responsabilidade. Em ambas as situações, o recebimento da denúncia dependerá de uma autorização
prévia da Câmara dos Deputados.
A doutrina entende que estamos diante de uma autorização decorre do chamado juízo prévio de
admissibilidade. A decisão pela admissão da denúncia ocorre por 2/3 dos membros da Câmara dos
Deputados, ou seja, pelo voto de 2/3 dos seus membros. Dessa forma, era preciso que 342 membros
votassem a favor.
Gabarito é letra C.
11. (FGV / V Exame de Ordem Unificado – 2011) No processo de impedimento do Presidente da
República, ocorre a necessidade de preenchimento de alguns requisitos. Com base nas normas
constitucionais, é correto afirmar que
a) a Câmara autoriza a instauração do processo pelo voto da maioria absoluta dos seus membros.
b) o julgamento ocorre pelo Senado Federal, cuja decisão deverá ocorrer pela maioria simples.
a) será necessário aguardar o final do mandato presidencial para dar início à persecução penal.
(...)
Abraços,