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Aula 08

Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase


XXXIII Exame - 2021

Autor:
Diego Cerqueira Berbert
Vasconcelos
Aula 08
22 de Março de 2021
Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 08

Sumário

Apresentação.....................................................................................................................................................2

Poder Judiciário..................................................................................................................................................3

1 - Noções basilares e estrutura do Poder Judiciário.....................................................................................3

2 - As garantias do Poder Judiciário...............................................................................................................5

3 - Formação de Órgão Especial.....................................................................................................................9

4 - Quinto Constitucional...............................................................................................................................9

5 - Conselho Nacional de Justiça - CNJ.........................................................................................................12

Supremo Tribunal Federal................................................................................................................................19

1 - Competências..........................................................................................................................................20

1.1 - Competências Originárias................................................................................................................21

1.2 - Competências Recursais..................................................................................................................28

Superior Tribunal de Justiça.............................................................................................................................32

1.1 - Competências Originárias....................................................................................................................33

1.2 - Competências Recursais......................................................................................................................36

Justiça Federal..................................................................................................................................................40

1 - Tribunais Regionais Federais...................................................................................................................40

2 - Juízes Federais.........................................................................................................................................41

Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXXIII Exame - 2021 1


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APRESENTAÇÃO
Olá, alunos Estratégia OAB!

O que acharam da aula anterior? Um pouco pesada, hein? 

A aula de hoje também não é uma das mais “queridinhas”. Mas, como faz parte do edital, peço um pouco
de paciência.

Então, vamos para mais um passo rumo à aprovação no XXXII Exame de Ordem.

Bons estudos a todos!!!!

Prof. Diego Cerqueira

https://

@profdiegocerqueira

*Este curso é desenvolvido pelo Prof. Diego Cerqueira, mas conta com a participação da
Advogada Lara Abdala na produção do conteúdo para a 1ª fase em Dir. Constitucional.
PODER JUDICIÁRIO

1 - Noções basilares e estrutura do Poder Judiciário

Assim como ocorre nos demais Poderes, aqui encontramos funções típicas e atípicas.

A função judicial ou jurisdicional é classificada como função típica do Poder Judiciário. Por meio dela
aplica-se o direito ao caso concreto em litígio, ou seja, os conflitos são solucionados judicialmente.

No Brasil, o sistema de jurisdição adotado foi o inglês, cuja coisa julgada material é apenas produzida pelo
Poder Judiciário. Assim, a decisão judicial é capaz de resolver conflitos com definitividade (irrecorríveis).
Porque é o princípio da inafastabilidade de jurisdição (XXXV do art. 5º da CRFB/88) que rege o nosso
ordenamento jurídico, ou seja, o interessado pode sempre buscar os seus direitos junto ao Judiciário.

Apenas para uma maior compreensão do que foi explicado acima e a título de curiosidade, saiba que
encontramos em outros ordenamentos jurídicos a aplicação do sistema de jurisdição francês (contencioso
administrativo). Nesse há uma dualidade de jurisdição, sendo expressamente determinado que caberá aos
órgãos da Administração Pública decidir com definitividade sobre algumas matérias. Dessa forma, em tais
situações não cabe recurso ao Judiciário.

“E a função atípica, professor?"

São duas:

a) Legislativa – ao editar os seus Regimentos Internos (consideradas normas primárias), os Tribunais


estão exercendo tal função, por exemplo;
b) Administrativa – que se manifesta através da realização de licitações, concursos ou celebração de
contrato pelo Tribunal.

Agora vamos tratar da estrutura do Judiciário, ou seja, dos órgãos que integram esse Poder. A CRFB/88
trata dessa composição no dispositivo transcrito abaixo:

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal;


I-A o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça;
-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
- os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Vamos começar tratando sobre o Supremo Tribunal Federal. 

Além de estar na posição de órgão máximo do Poder Judiciário no ordenamento jurídico brasileiro, o STF
tem como função a guarda e defesa da Constituição Federal.

Dessa forma, temos o Supremo julgando casos concretos em última instância (órgão máximo) e
solucionando conflitos jurídico-constitucionais, sendo responsável por processar e julgar, originariamente,
as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Corte Constitucional).

Imediatamente abaixo do STF, encontramos o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior do
Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar (STM). Esses são denominados
de Tribunais Superiores.

O STJ é, em razão do que dispõe a Carta Magna, o guardião do direito objetivo federal e juntamente com
o STF é considerado órgão de superposição. Afinal, as decisões do STJ e do STF se sobrepõem às decisões
dos órgãos inferiores tanto da Justiça comum quanto da Justiça especial, apesar de ambos os tribunais não
pertencerem a qualquer Justiça.

Já o TST, TSE e STM são as instâncias recursais superiores das seguintes justiças especiais,
respectivamente: Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar.

Destaco que a sede do STF e de todos os Tribunais Superiores são em Brasília. A jurisdição de cada um
deles alcança todo o território nacional, sendo tais órgãos denominados de órgãos de convergência
(responsáveis por decisões de última instância).

Pessoal, um último ponto para fecharmos esse tópico.

(...)

Além dos tribunais mencionados, o art. 92 da CRFB/88 determinou que o CNJ constitui a estrutura do
Poder Judiciário. Sua criação ocorreu com a EC nº. 45/2004 e assim como os demais órgão desse Poder,
possui sede na capital federal.

Entretanto, diferente dos demais órgãos, o CNJ não exerce jurisdição. Na verdade, trata-se de órgão de
controle interno do Poder Judiciário, com a seguinte função: controle da atuação administrativa e
financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
Por fim, conforme entendimento do Supremo, o Poder Judiciário é nacional e possui um regime orgânico
(estrutura) unitário, mesmo havendo espaço próprio de atuação para cada Justiça (comum e especial)
constitucionalmente estabelecido.1

2 - As garantias do Poder Judiciário

As garantias dadas ao Poder Judiciário pela CRFB/88 não foram previstas pelo legislador constituinte
visando fornecer privilégios aos magistrados, mas sim verdadeiras prerrogativas. Já que por meio delas é
assegurada uma atuação do referido Poder com independência e imparcialidade, características cuja
presença demonstra que as decisões judiciais são tomadas livres de ingerência dos demais poderes.

Antes de explicar cada uma detalhadamente, destaco que o doutrinador José Afonso da Silva dividiu tais
garantias em 2 grupos:

funcionais ou de órgãos: protegem a imparcialidade e independência dos magistrados (in


institucionais: protegem o Judiciário como instituição

 Garantias Institucionais (ou Garantias do Poder Judiciário)

Essas se encontram distribuídas ao longo do texto constitucional. Como por exemplo:

 II do Art. 85 - constitui crime de responsabilidade do Presidente da República os atos que


atentam contra o livre exercício do Poder Judiciário;
 Alínea “c”, I, §1º do art. 62 – veda que medida provisória discipline as garantias dos
magistrados;
 I, §1º do art. 68 - lei delegada não pode disciplinar as garantias dos magistrados;
 Art. 96 – traz a existência de uma autonomia orgânico-administrativa;
 Art. 99 – dispõe sobre a autonomia financeira.

1
ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, j. 13-4-2005, P, DJ de 22-9-2006
Entre as citadas acima, a autonomia orgânico-administrativa e financeira do Poder Judiciário são as mais
importantes. Por isso, vamos nos ater a elas.

O poder de autogoverno atribuído aos tribunais é a concretização da autonomia orgânico-administrativa.


De uma maneira geral, o Judiciário possui competência para: eleger seus órgãos diretivos; elaborar
regimento interno; organizar a estrutura administrativa interna.

Analisando o art. 96, o seu inciso I traz, diferente dos demais incisos, a expressão “tribunais”. Isso significa
que as atribuições definidas por esse inciso são direcionadas aos tribunais de segunda instância (TJ, TRF,
TRT e TRE), aos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE e STM) e inclusive ao Supremo Tribunal Federal.

O inciso mencionado possui 06 alíneas, determinando a competência privativa das Cortes em relação à
matéria administrativa. Assim, compete privativamente aos tribunais prover os cargos de juízes de carreira,
aqueles necessários à administração da Justiça, conceder licença, férias e outros afastamentos a seus
membros e aos juízes e servidores que lhe forem imediatamente vinculados, entre outros. Por isso, fica
evidente que o legislador constituinte conferiu aos Tribunais competência extensa em relação à matéria
em questão.

Já inciso II não abarca todo e qualquer tribunal, mas apenas o STF, Tribunais Superiores e Tribunais de
Justiça. Destaco que o dispositivo determina expressamente que a competência, desses Tribunais, para
propor projeto de lei precisa observar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Cabe a eles:

 A alteração do número de membros dos tribunais inferiores;


 A criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos
que lhes forem vinculados;
 A fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde
houver;
 A criação ou extinção dos tribunais inferiores;
 A alteração da organização e da divisão judiciárias.

Cuidado! “Propor ao Poder Legislativo” é expressão que significa competência


constitucional para iniciativa de projeto de lei. Ex: A iniciativa de projeto de lei
para a alteração da remuneração dos Ministros do STF faz parte da competência
privativa da Corte Suprema.

“E a autonomia financeira do Poder Judiciário, professor?”

Vamos tratar dela agora! 

De acordo com o §1º do art. 99, cabe aos tribunais a elaboração das suas propostas orçamentárias dentro
dos limites estabelecidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Entretanto, o §2º define que as propostas devem ser encaminhadas pelos Presidentes do STF e dos
Tribunais Superiores (no âmbito da União) e Presidentes do TJs (no âmbito dos Estados e DF). Além disso,
tal encaminhamento será direcionado para o Poder Executivo.

“Por que isso, professor? O certo não seria direcionar ao Poder Legislativo?”

Ah caro aluno, o artigo em questão deve ser lido conjuntamente com o art. 165 da CRFB/88. Já que este
último prevê que é o Poder Executivo o responsável pela iniciativa das leis orçamentárias. Dessa forma, a
conclusão é a seguinte: enquanto a elaboração cabe aos órgãos do Judiciário, compete ao Poder Executivo
a apresentação o projeto de Lei Orçamentária Anual ao Congresso Nacional.

 Garantias Funcionais (ou Garantias dos Magistrados)

O legislador constituinte estabeleceu tais prerrogativas para que a independência e imparcialidade dos
magistrados, durante o exercício de suas funções, fossem preservadas. Características que são essenciais
para a concretização do direito ao acesso à Justiça. Vejamos a previsão constitucional:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II,
153, III, e 153, § 2º, I.

Diante dos incisos mencionados temos como garantia: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de
subsídios.

Através da aquisição da vitaliciedade, o magistrado apenas perderá o cargo quando houver sentença
judicial transitada em julgado. Então, não basta a existência de um processo administrativo para que haja
o afastamento do juiz. Logo, é perceptível a proteção constitucional ao cargo do juiz, que é preservado até
quando as suas decisões não estiverem em conformidade com os ideais daqueles que detêm o poder
político-econômico.

Como mencionado, há uma aquisição da vitaliciedade e a forma que ela ocorre é o que estudaremos agora.

Para entender sobre essa aquisição, devemos analisar como ela acontece para os juízes de carreira e para
aqueles que chegam à magistratura por meio da nomeação.

O juiz de carreira ingressa no cargo através de concurso público no primeiro grau. Aqui, o tempo para
adquirir a vitaliciedade é de 2 (dois) anos de exercício. Isso significa que, durante esse período, o juiz se
encontrará em estágio probatório. Assim, até que adquira a vitaliciedade, o juiz pode perder o cargo com a
simples deliberação do Tribunal a que pertence (resultante de um processo administrativo).

Vamos a um exemplo para facilitar?


Um sujeito X, ao ser aprovado no concurso de Juiz do Rio de Janeiro, tomou posse incialmente do chamado
cargo de Juiz-Substituto. A partir de então, o seu estágio probatório começará. Portanto, no decorrer de 02
anos, é permitido que, por meio de um processo administrativo, o sujeito X venha a perder o seu cago de
Juiz caso assim decida o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Já aqueles que se tornam juízes através da nomeação, ingressam na Magistratura direto como membro de
um Tribunal e adquirem a vitaliciedade com a posse (não há estágio probatório). São eles:

a) os Ministros do STF – conforme o art. 101 da CRFB/88, eles são nomeados pelo Presidente da
República após aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado;
b) os membros de Tribunais nomeados pela regra do “quinto constitucional” (art. 94 da CRFB/88) -
um quinto dos lugares de algumas Cortes são reservados constitucionalmente para os membros do
Ministério Público e da Advocacia.

Então, no caso dos magistrados nomeados, a partir da posse apenas perderão o cargo com uma sentença
judicial transitada em julgado.

A segunda garantia funcional elencada pelo art. 95 é a inamovibilidade. Por conta de tal previsão, o
magistrado não pode ser removido de um cargo para outro sem o seu consentimento. A regra em questão
não é absoluta. Já que existe uma exceção: remoção baseada no interesse público, que deve acontecer
nos moldes do VIII, do art. 93, da CRFB/88:

o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por interesse público, fundar-se-á


em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional
de Justiça, assegurada ampla defesa; (EC nº. 103/2019)

Note que, ao determinar que excepcionalmente o juiz pode ser removido por motivo de interesse público,
fica evidente que interesses políticos não poderão motivar tal remoção. Como por exemplo, não pode
haver remoção de um magistrado considerado altamente severo, apenas visando impedir que um
determinado processo venha a ser julgado por ele. Encontramos aqui uma conexão entre a
inamovibilidade e o princípio do “juiz natural”.

Chamo a atenção para o fato de que ao magistrado é permitida a remoção quando essa decorre de um
pedido dele ou de sua promoção, mesmo que esssa informação não conste expressamente na Carta
Magna. Entretanto, em relação a promoção, o juiz não tem a obrigação de aceitá-la. Afinal, a garantia da
inamovibilidade permite que o magistrado venha a negar promoção, se assim desejar (evitando, então, a
sua remoção).

Mais um item a ser destacado: o legislador constituinte não estabeleceu prazo para que o magistrado
adquira a garantia a inamovibilidade. Dessa forma, tal garantia, diferente do que ocorre coma
vitaliciedade, já é usufruída pelo magistrado desde a posse. Isso em qualquer grau de jurisdição (no
primeiro grau ou Tribunal).

Enfim, chegamos à garantia de irredutibilidade de subsídios. Na verdade, de acordo com o inciso XV, do
art. 37 da CRFB/88, os vencimentos e subsídios dos servidores públicos, em geral, são irredutíveis.
Portanto, essa proteção constitucional é estendida explicitamente para a remuneração dos magistrados,
evitando que o Poder Executivo ou o Poder Legislativo a utilize como mecanismo de retaliação.

3 - Formação de Órgão Especial

Como já explicamos no tópico anterior, aos Tribunais do Poder Judiciário é dada a atribuição de editarem
os seus regimentos internos. É por meio do regimento que uma Corte se organiza.

A estrutura dos Tribunais, em geral, é formada pelo Plenário (composto por todos os membros julgadores
da Corte) e órgãos fracionários. Estes últimos são órgãos internos com número menor de julgadores
(Seções, Turmas e Câmaras). Ex: de acordo com o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça, essa
Corte possui 03 Seções, divididas em duas Turmas cada.

Determinados casos são da competência exclusiva do Plenário, ou seja, apenas poderão ser julgados por
todos os membros julgadores do Tribunal. Entretanto, a CRFB/88 possibilita que Cortes com grande
número de membros venham a instituir mais um órgão internamente: Órgão Especial. A função dele é
exercer as atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas pelo Tribunal Pleno, conforme o XI, do
art. 93, transcrito abaixo:

XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o
exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do
tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por
eleição pelo tribunal pleno

Dessa forma, a criação de um Órgão Especial somente é permitida em tribunais cujo número de
julgadores seja superior a 25 (vinte e cinco). Além disso, as suas vagas devem ser providas da seguinte
forma: metade por antiguidade; e a outra metade através de uma eleição realizada pelo Plenário.

4 - Quinto Constitucional

No tópico anterior mencionei a existência do “quinto constitucional” no âmbito dos alguns Tribunais.
Agora, vamos detalhar esse ponto do assunto.

O art. 94 da CRFB/88 é o dispositivo que traz o regramento sobre o “quinto constitucional”, que vai além
da simples destinação de parte das vagas a membros oriundos do Ministério Público e da Advocacia.
Vejamos o dispositivo:

embros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,

Com a leitura do dispositivo extraímos que:

1- a regra do “quinto constitucional” se aplica aos TRFs e TJs. Todavia, realço que a partir da EC nº
45/2004 houve a extensão dessa regra para os TRTs e TST (inciso I do art. 111-A e inciso I do art.
115);
2- o legislador constituinte resumiu em uma simples expressão (“quinto constitucional”) o cálculo
matemático para definir o número de vagas destinadas aos membros do Ministério Público e da
Advocacia.
“Poderia dar um exemplo, professor?"
Vamos lá! Caso um Tribunal seja composto por um total 40 membros, 08 deles (um quinto) serão
membros do Ministério Público e da Advocacia.
3- o processo de escolha daqueles que preencherão as vagas do quinto ocorrerá a partir da
elaboração de uma lista sêxtupla pelo órgão de representação de classe. Tal lista indicará aqueles
que preenchem os requisitos previstos no caput do art. 94 (06 membros do MP com mais de 10
(dez) anos de carreira; e 06 advogados com notório saber jurídico e reputação ilibada e mais 10
(dez) anos de efetiva atividade profissional);
4- A lista sêxtupla será enviada para o Tribunal, que formará uma lista tríplice e a enviará para o
Poder Executivo. Por fim, o Chefe do Poder Executivo, nos 20 (vinte) dias subsequentes, escolherá
um de seus integrantes.

No entanto, é importante entender que o procedimento para a escolha daquele que irá compor o “quinto
constitucional” será sempre iniciado quando surgir uma vaga no Tribunal.

Isso mesmo que acabou de ler, caro aluno! Primeiro surge uma vaga, em uma Corte. Caso essa seja
destinada a um membro do Ministério Público, por exemplo, o órgão de representação da entidade de
classe respectiva deve encaminhar uma lista sêxtupla ao Tribunal. Esse formará a lista tríplice e a partir
dela o Chefe do Poder Executivo escolherá aquele que preencherá a vaga em questão.

A regra do “quinto constitucional” não está presente nos seguintes tribunais:

STF (o Presidente da República possui liberdade para realizar a indicação dos Ministros);

Tribunal Superior Eleitoral (não há representantes do Ministério Público, mas apenas da Advocacia);
Tribunais Regionais Eleitorais (não há representantes do Ministério Público, mas apenas da Advocacia);

Superior Tribunal Militar.

Em relação ao STJ, encontramos uma grande discussão doutrinária sobre a aplicação ou não da regra do “

Enfim, já é firme na doutrina e jurisprudência que quando um quinto dos membros de um Tribunal não
resulta em um número inteiro, deverá ocorrer o arredondamento para cima. Essa providência evita que
haja uma sub-representação da Advocacia e do Ministério Público.

Além disso, de acordo com o STF é permitido que o Tribunal venha a recusar o nome de uma ou de todas
as pessoas indicadas na lista sêxtupla. No entanto, não é possível que o Tribunal substitua os nomes da
lista por outros.2

ntir o regular exercício da prestação jurisdicional, a Constituição da República conferiu aos magistrados algumas prerroga
sse público e desde que a remoção seja aprovada pela maioria absoluta do tribunal ou do CNJ.
ão do poder aquisitivo do subsídio do magistrado e não somente do seu valor nominal.
ão administrativa da maioria absoluta do tribunal ou do CNJ.
uele aplicável aos servidores públicos em geral.

2
MS 25.624-SP, Rel. Ministro Sepúlveda Pertence.
Letra A: correta. A inamovibilidade não é absoluta. Poderá haver remoção por interesse público, conforme
decidido pela maioria absoluta do Tribunal ou do CNJ.
Letra B: errada. A irredutibilidade de subsídios veda que haja redução nominal do valor do subsídio do
magistrado. É possível que, devido à inflação, ocorra uma perda do poder aquisitivo dos magistrados.
Letra C: errada. Após a aquisição da vitaliciedade, o magistrado somente poderá perder o cargo mediante
sentença judicial transitada em julgado.
Letra D: errada. A aposentadoria dos magistrados deverá observar as regras do regime jurídico dos
servidores públicos em geral.
2. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu diversas garantias
constitucionais indispensáveis ao livre exercício da função jurisdicional. Nesse sentido, é possível afirmar
que:
a) aos juízes é garantido a inamovibilidade, que os impede de que sejam removidos compulsoriamente do
seu órgão jurisdicional, salvo por motivo de interesse público;
b) aos juízes é garantido a vitaliciedade, permitindo que exerçam a função jurisdicional até o momento da
aposentadoria;
c) aos juízes é garantido a irredutibilidade, que impede que os subsídios recebidos sofram descontos de
natureza tributária ou previdenciária, por exemplo.;
d) aos juízes é garantido a preferibilidade, que assegura a possibilidade de acesso preferencial a qualquer
espaço público ou privado, desde que o “ato de acesso” seja fundamentado.
Comentários:
Letra A: correta. Os juízes gozam da garantia da inamovibilidade, segundo a qual não serão removidos
compulsoriamente, salvo motivo de interesse público (art. 95, II, CF/88). O gabarito é a letra A.
Letra B: errada. Muito cuidado. Vitaliciedade não é isso. Os juízes gozam de vitaliciedade, por ser uma
garantia que prevê a eles somente a perda do cargo mediante sentença judicial transitada em julgado.
Letra C: errada. A irredutibilidade de subsídios não impede que esses descontos sejam feitos. Os descontos
de natureza tributária e previdenciária devem ocorrer normalmente.
Letra D: errada. Não há que se falar em garantia de “preferibilidade”.

5 - Conselho Nacional de Justiça - CNJ

O Conselho Nacional de Justiça não só controla a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário,
mas também controla o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Dessa forma, o CNJ não exerce
função jurisdicional, pois é um órgão de controle interno cujas atribuições são exclusivamente
administrativas.

A sua criação ocorreu com EC nº. 45/2004, na busca de aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário
brasileiro. Com atuação focada no controle do desempenho dos juízes e do Poder Judiciário como um
todo, o CNJ contribui para que haja a realização da prestação jurisdicional com mais eficiência e
transparência.
No entanto, não pense que a sua criação foi bem vista por todos. A Associação dos Magistrados do Brasil
(AMB) questionou a sua constitucionalidade por meio da ADI nº 3.367/DF.

“E o que eles alegaram, professor?"

Para a AMB, a existência do CNJ violava o princípio da separação de poderes e o pacto federativo,
principalmente por possuir membros que não são magistrados.

Contudo, de acordo com o STF, o fato de ter membros alheios ao corpo da magistratura, além de viabilizar
a erradicação do corporativismo, estende uma ponte entre o Judiciário e a sociedade. 3 Do mesmo modo, a
atuação do CNJ não caracteriza uma usurpação das competências privativas dos tribunais, previstas no art.
96, da CRFB/88. Isso porque, não acontece interferência na capacidade de autogoverno do Poder
Judiciário.

Então, o controle administrativo e ético-disciplinar do Poder Judiciário realizado pelo CNJ foi declarado
constitucional.

Na verdade, o controle ético-disciplinar é percebido e entendido como uma grande conquista do Estado
democrático de direito. Porque, demonstra a atual consciência de que, para uma boa prestação
jurisdicional, é imperativo a existência de mecanismos de responsabilização dos juízes, caso ocorra a
inobservância das suas obrigações funcionais.

Em relação ao pacto federativo, também não há violação. O CNJ pode exercer sua função no âmbito
estadual, ou seja, controlar a atuação da Justiça Estadual. Não há impedimento para isso, pois o Poder
Judiciário é nacional (unitário). Isso significa que o poder de controle pertencente ao CNJ abarca toda a
Justiça (estando inclusa a Estadual).

Vamos analisar agora a estrutura do Conselho! 

O CNJ possui 15 membros. Entre eles, encontramos o Presidente do STF com a função de presidir o
referido Conselho. Na sua ausência e impedimento, o Vice-Presidente do Supremo assume tal função.
Todavia, este último não consta no texto constitucional como membro do CNJ.

O legislador constituinte deixou expresso que a presidência do CNJ é função do Presidente do STF, de
forma que não é preciso indicação ou nomeação. Já em relação aos demais membros, caberá ao
Presidente da República a nomeação dos indicados. Nomeação esta que ocorrerá após a aprovação da
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Conforme o §3º do art. 103-B da CRFB/88, caso as
indicações não sejam efetuadas no prazo legal, a escolha será da competência do Supremo Tribunal
Federal.

3
STF, Pleno, ADI 3.367/DF, rel. Min. César Peluso, 13.04.2005, Informativo STF no 383.
A função de Ministro-Corregedor é exercida pelo Ministro do STJ nomeado para tal, nos moldes do §5º do
art. 103-B da CRFB/88. Esse dispositivo determina as atribuições do Ministro do STJ enquanto Ministro-
Corregedor, deixando expresso que essas vão além daquelas conferidas pelo Estatuto da Magistratura.

“E quais são as prevista no dispositivo, professor?”

Dá uma conferida no quadro disponibilizado abaixo. 

Receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos


serviços judiciários;

Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;

Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos


ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.

Cuidado!!!! Ao assumir a função de Ministro-Corregedor, o Ministro do STJ será excluído da distribuição de


processos no Tribunal.

Chamo a atenção, aqui, para o julgamento dos membros do CNJ. Em relação aos crimes de
responsabilidade, a Carta Magna trouxe norma específica, pois foi disposto no seu art. 52, II, que o
julgamento é da atribuição do Senado Federal. Quanto aos crimes comuns é preciso analisar qual é a
origem de cada membro. Sim, o julgamento neste caso ocorrerá conforme a origem do membro que
supostamente cometeu tal crime.

“Pode trazer um exemplo, professor?”

Vamos lá! 

Caso o membro do CNJ, também Ministro do Superior Tribunal de Justiça, seja responsável por um crime
comum, seu julgamento ocorrerá perante o Supremo Tribunal Federal. Isso porque, enquanto Ministro do
STJ (sua origem), a alínea “c”, I, do art. 102 da CRFB/88 determina expressamente que em caso de prática
de crime comum ele será julgado perante o STF.

(...)

Já o §4º do art. 103-B elenca as atribuições do referido Conselho, deixando expresso que outras podem ser
estabelecidas pelo Estatuto da Magistratura. Isso evidencia que apesar de extenso, o parágrafo não traz
um rol exaustivo.

Como o nosso foco é a possível cobrança no Exame de Ordem, selecionamos os seguintes incisos para o
nosso estudo:
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da
Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
recomendar providências;

A competência do CNJ de controle administrativo, financeiro e disciplinar do Poder Judiciário não abarca o
STF e seus Ministros. A Corte Suprema é órgão máximo do Poder Judiciário. Então, na verdade, atos e
decisões do Conselho é que estão sujeitos ao controle jurisdicional do STF4.

Logo no inciso I o legislador constituinte determinou que o CNJ pode expedir atos regulamentares
(expressão do poder regulamentar conferido). Interpretando tal dispositivo, a Corte Suprema, no MS
27.62, definiu que tais atos possuem comando abstrato que direcionam aos destinatários (dentro do
campo de competência do Conselho) ordens e obrigações. De forma resumida, os atos regulamentares
expedidos pelo CNJ são encarados como normas primárias.

II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a


legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do
Tribunal de Contas da União;

No dispositivo acima encontramos a manifestação do controle administrativo e financeiro do CNJ: a


apreciação, de ofício ou mediante provocação, da legalidade dos atos administrativos efetuados por
membros ou órgãos do Poder Judiciário. Com isso, é permitido ao Conselho analisar se o contrato
celebrado por órgão do Poder judiciário respeitou o princípio da legalidade, por exemplo. Assim, o exame
da legalidade de um ato administrativo pode resultar na revisão e desconstituição desse pelo próprio CNJ
ou até a delimitação de um prazo para a adoção das devidas providências.

Todavia, o Supremo já concluiu que:

a) por ser um órgão administrativo, não cabe ao CNJ exercer controle de constitucionalidade desses
mesmos atos5.
b) o Conselho não tem permissão para realizar controle dos efeitos provocados por ato de conteúdo
jurisdicional originário de magistrado ou de Tribunal.6

4
ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, j. 13-4-2005, P, DJ de 22-9-2006.

5
STF. Plenário. MS 28872 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/02/2011.

6
MS 28.611-MC-AgR. Rel. Ministro Celso de Mello, Julgamento: 14.10.2010
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços
notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar
processos disciplinares em curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e aplicar
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; (EC nº. 103/2019)

Antes de explicar o conteúdo do inciso III, é importante destacar que ele sofreu uma alteração. A partir de
2019, com a EC nº 103, o CNJ não pode mais estabelecer “aposentadoria com subsídios ou proventos
proporcionais ao tempo de serviço”.

Sabendo disso, você evita cair em alguma pegadinha, principalmente em questões objetivas. 

Agora vamos analisar o texto atual!

A interpretação da Corte Suprema do inciso III é a seguinte: a aptidão do Tribunal a que pertence ou esteja
subordinado o magistrado, não impede a atuação do Conselho Nacional de Justiça7. Também não é
necessário que a instância administrativa ordinária seja esgotada, para que o CNJ possa ser chamado a
atuar. 8

Assim, observamos aqui a existência de uma competência concorrente do Conselho e dos Tribunais:
disciplinar e correicional.

O recebimento e conhecimento das reclamações contra os membros ou órgãos do Poder Judiciário são
manifestações da atribuição correicional do CNJ.

Já ao avocar os processos disciplinares em curso e aplicar sanções aos magistrados, o Conselho está
exercendo o seu poder disciplinar.

o Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;


nte provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;
e relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder J
propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Cons

7
ADI 4.638 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, voto do min. Ricardo Lewandowski, j. 8-2-2012, P, DJE de 30-10-2014.

8
MS 28.620. Rel. Ministro Dias Toffoli. Julgamento: 23.09.2014.
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião

No inciso V há a previsão da possibilidade de revisão dos processos disciplinares de juízes e membros de


tribunais realizada pelo CNJ. O detalhe é que tal competência só é permitida na seguinte situação: quando
o julgamento objeto de revisão tiver menos de um ano. Além disso, o Conselho revisa um processo
disciplinar a partir de uma provocação dirigida a ele ou por iniciativa (feita de ofício).

“E ao exercer a revisão, pode haver agravamento da decisão, professor?"

Sim. Na verdade, o STF firmou o entendimento de que não só o agravamento é permitido, pois a decisão
revista também pode ser abrandada9.

Os incisos VI e VII expressam justamente a finalidade da criação do CNJ, que foi explicada no comecinho
deste tópico: a busca pelo aprimoramento do trabalho do sistema judiciário brasileiro. Aqui notamos a
previsão da elaboração de relatórios pelo CNJ, estando presente o objetivo de tornar a prestação
jurisdicional transparente e mais eficiente. São eles:

a) relatórios estatísticos sobre processos e sentenças (inciso IV);


b) relatório anual sobre a situação do Judiciário e as atividade do Conselho (inciso VII).

Por fim, cabe destacar que tanto o Procurador-Geral da República, quanto o Presidente do Conselho
Federal da OAB não são membros do CNJ. Entretanto, pelo disposto no §6º do art. 103-B, da CRFB/88,
eles possuem atribuição para oficiar perante o CNJ (participam das reuniões, com o uso da palavra, mas a
sua atuação não tem caráter decisório).

procura o seu professor de Direito Constitucional para obter maiores informações sobre o tema. Narra o conteúdo da ma

9
MS 33565/DF. 1a Turma / STF. Rel. Min. Rosa Weber. Julgamento em 14/6/2016.
a) é um órgão atípico, que não se encontra na estrutura de nenhum dos Poderes da República, mas que,
sem prejuízo das suas atribuições administrativas, excepcionalmente possui atribuições jurisdicionais.
b) é um órgão pertencente à estrutura do Poder Judiciário e, como tal, possui todas as atribuições
jurisdicionais recursais, sem prejuízo das atribuições administrativas de sua competência.
c) embora seja um órgão pertencente à estrutura do Poder Judiciário, possui atribuições exclusivamente
administrativas, não sendo, portanto, órgão com competência jurisdicional.
d) é um órgão auxiliar da Presidência da República, com atribuições de controle da atividade
administrativa, financeira e disciplinar de toda a magistratura, incluído neste rol o Supremo Tribunal
Federal.
Comentários:
Meus amigos, vejam só. Questão interessante XX Exame de Ordem. Alguma dificuldade? Tranquila. Como
trabalhamos em aula, O CNJ é um órgão que integra a estrutura do Poder Judiciário, muito embora não
exerça jurisdição. Suas atribuições são exclusivamente administrativas, sendo o órgão responsável pelo
controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário. O gabarito é a letra C.
4. (FGV / III Exame de Ordem Unificado – 2011) Leia com atenção a afirmação a seguir, que apresenta
uma incorreção. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem competência, entre outras, para rever, de
ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais (se tiverem
sido julgados há menos de um ano), zelar pela observância dos princípios que regem a administração
pública e julgar os magistrados em caso de crime de abuso de autoridade. Assinale a alternativa em que
se indique o erro na afirmação acima.
a) O CNJ, sendo órgão do poder judiciário, atua apenas mediante provocação, não podendo atuar de ofício.
b) Não cabe ao CNJ, órgão que integra o poder judiciário, zelar por princípios relativos à administração
pública.
c) O CNJ não pode julgar magistrados por crime de abuso de autoridade.
d) O CNJ pode rever processos disciplinares de juízes julgados a qualquer tempo.
Comentários:
Letra A: errada. O CNJ poderá atuar de ofício ou mediante provocação.
Letra B: errada. O CNJ tem competência para zelar pela observância dos princípios da Administração
Pública.
Letra C: correta. Questão tranquila hein? Acabamos de ver que o CNJ não exerce jurisdição. Ele não tem
poder para julgar magistrados pela prática do crime de abuso de autoridade. Apenas atua no controle da
atuação administrativa e financeira do Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.
Letra D: errada. A competência do CNJ para rever processos disciplinares de juízes somente alcança
aqueles que foram julgados há menos de um ano (art. 103-A, § 4º, inciso V, CRFB/88)
5. (FGV / II Exame de Ordem Unificado – 2010) A respeito do Conselho Nacional de Justiça é correto
afirmar que:
a) é órgão integrante do Poder Judiciário com competência administrativa e jurisdicional.
b) pode rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
Tribunais julgados há menos de um ano.
c) seus atos sujeitam-se ao controle do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
d) a presidência é exercida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal que o integra e que exerce o direito
de voto em todas as deliberações submetidas àquele órgão.
Comentários:
Letra A: errada. O CNJ não tem competência jurisdicional.
Letra B: correta. É isso mesmo! O CNJ poderá rever os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano.
Letra C: errada. Os atos do CNJ apenas estão sujeitos ao controle do STF (e não do STJ!)
Letra D: errada. A presidência do CNJ é exercida pelo Presidente do STF.
6. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) No ano de 2005, o renomado professor Antônio Carlos foi convidado
para participar de palestra na Faculdade de Direit1o, tendo em vista as mudanças ocorridas com Emenda
Constitucional nº 45/04, apelidada por muitos como a reforma do Poder Judiciário”. Em brilhante
exposição, o professor explicou que uma das novidades foi a criação do Conselho Nacional de Justiça –
CNJ, tendo adquirido importância no contexto da ordem jurídica Constitucional. À luz da sistemática da
CRFB/88, assinale a alternativa correta:
a) compõe a estrutura do Poder Judiciário, adquirindo atribuições jurisdicionais recursais, bem como
eventuais atribuições administrativas de sua competência.
b) em que pese possua atribuições jurisdicionais constitucionais, trata-se de órgão que não encontra
estrutura em algum dos Poderes da República.
c) tem o papel de exercer o chamado controle interno do Poder Judiciário, atuando em especialidade no
controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura. Além disso, pode-se dizer que integra a
estrutura do Poder Judiciário e detém atribuição de poder regulamentar.
d) não faz parte da estrutura do Poder Judiciário. Suas atribuições são exclusivamente administrativas, sem
qualquer competência jurisdicional.
Comentários:
Pessoal, questão interessante sobre o tema do CNJ. Trata-se de um órgão que integra a estrutura do Poder
Judiciário, mas não exerce jurisdição. Suas atribuições são exclusivamente administrativas, sendo o órgão
responsável pelo controle interno do Poder Judiciário, com a atuação no controle administrativo,
financeiro e disciplinar. Detém, nesse sentido, o poder regulamentar sobre matérias de sua competência.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


Inicialmente vamos tratar da composição da Corte Suprema em nosso ordenamento jurídico e os requisitos
a serem preenchidos para fazer parte dela. 

O número de Ministros do Supremo é 11. Para se enquadrar entre os possíveis cidadãos escolhidos, é
preciso ter mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos de idade . Além disso, é
necessário possuir notável saber jurídico e reputação ilibada e ser brasileiro nato. Isso porque, além do
que dispõe o caput, do art. 101 da CRFB/88, temos no IV, do §3º do art. 12 que o cargo de Ministro apenas
pode ser preenchido por brasileiro nato.
A escolha dos que ocuparão esses cargos precisará passar pela aprovação do Senado Federal (maioria
absoluta dos seus membros devem ser a favor). E apenas depois disso o Presidente da República realizará
a nomeação.

Cabe salientar que a indicação é feita pelo Chefe do poder Executivo Federal e para a aprovação do
Senado, os indicados passam por uma arguição pública perante o CCJ (“sabatina”).

Para guardar o número


de membros do STF,
memorize essa frase
“Somos Todos do
Futebol”. Um time de
c fultebol possui
Macete para quantos jogadores?
prova! Onze! Ficou mais fácil,
não?

Agora vamos a estrutura física do referido Tribunal! 

No Supremo encontramos o Plenário e duas Turmas.

Ambas as Turmas possuem as mesmas atribuições e a os Presidentes escolhidos são aqueles mais antigos
(critério de antiguidade). Além disso, cada um dos Ministros da Corte Suprema (menos o Presidente do
STF) fazem parte de maneira formal de uma dessas Turmas.

E os processos são distribuídos diretamente para as Turmas?

Não! A distribuição é direcionada aos Ministros-Relatores.

Entre os Ministros, um deles é eleito como Presidente do STF para cumprir um mandato de dois anos
(vedada a reeleição).

1 - Competências

Como já explicado anteriormente, o Supremo possui duas funções no nosso ordenamento: de Corte
Constitucional e de órgão de cúpula do Poder Judiciário. Independente disso, as suas competências se
encontram elencadas de forma taxativa no art. 102 da CRFB/88 e se dividem em duas espécies:
Ações ajuizadas diretamente no STF, que funciona como Tribunal de 1ª
instância.

Originárias

São aquelas ações que chegam ao STF por meio de recurso apresentado contra decisão de outro órgão do
Poder Judiciário. Os recursos por sua vez se subdividem em: recurso ordinário e; recurso extraordinário.

Recursais

1.1 - Competências Originárias


f
O I, do art. 102 da CRFB/88 elenca as competências originárias do Corte Suprema. Vamos a elas! 

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a
ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

A primeira alínea já nos apresenta duas ações de controle concentrado-abstrato de constitucionalidade


que são apresentadas diretamente na Suprema Corte. Sim, além dessas também compete ao STF processar
e julgar a ADO e a ADPF.

Não se preocupem! Teremos uma aula específica e completa de Controle de Constitucionalidade mais à
frente! ;)

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os


membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
República;

Aqui nos deparamos com as autoridades que, por ocuparem os maiores cargos da República Federativa do
Brasil, o legislador constituinte entendeu ser o STF o responsável pelo julgamento deles quando cometem
crimes comuns. Entre as autoridades citadas estão os próprios Ministros do STF.

Apenas para relembrar o estudado em outra aula, em caso de prática de crimes de responsabilidade é o
Senado Federal o competente para julgar essas mesmas autoridades.

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado


e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no
art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os
chefes de missão diplomática de caráter permanente;
Na alínea “c” nos deparamos com outros agentes que têm o STF como fórum por prerrogativa tanto nos
crimes comuns quanto nos de responsabilidade. Para ficar mais nítido detalho abaixo quem são eles:

 Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica – a ressalva


feita é porque o I, do art. 52 da CRFB/88 dispõe que se esses agentes cometerem crime de
responsabilidade conexo com o do Presidente da República, será o Senado Federal o órgão
competente para o processamento e julgamento deles;
 membros dos Tribunais Superiores;
 membros do TCU;
 chefes de missão diplomática de caráter permanente.

Autoridades Crime Comum Crime de Responsabilidade


Presidente da República STF Senado (I, do art. art. 52)

(“b”, II, art. 102)


Vice-Presidente da República STF Senado (I, do art. art. 52)

(“b”, II, art. 102)


Deputados Federais e Senadores STF

(“b”, II, art. 102)


Ministros do STF STF Senado (II, do art. Art. 52)

(“b”, II, art. 102)


PGR STF Senado (II, do art. Art. 52)

(“b”, II, art. 102)


Ministros de Estado STF STF (crime for conexo com o do
Presidente, será o Senado, I, do art.
(“c”, II, art. 102) 52)
Comandantes do Exército, da Marinha STF STF (crime for conexo com o do
e Aeronáutica Presidente, será o Senado, I, do art.
(“c”, II, art. 102) 52)
Ministros dos Tribunais Superiores STF STF
(STJ, TST, TSE e STM)
(“c”, II, art. 102) (“c”, II, art. 102)
Ministros do TCU STF STF

(“c”, II, art. 102) (“c”, II, art. 102)


Chefes de missão diplomática STF STF

(“c”, II, art. 102) (“c”, II, art. 102)

“Professor, notei que no caso dos Deputados e Senadores não foi mencionado o órgão competente para
julgar os crimes de responsabilidade cometidos por eles. Por qual motivo?”

Estamos diante de outro tema que abordamos em aula anterior, mas vale relembrar.

Há previsão constitucional de processo disciplinar em caso de quebra de decoro parlamentar, com


julgamento a ser realizado pela Casa Legislativa a que pertence. Por conta disso, o atual entendimento é
que não há que se falar em julgamento dos Congressistas por crime de responsabilidade. Inclusive o
processo disciplinar apontado pode resultar na perda de mandato, conforme inciso II, do art. 55, da
CRFB/88. 0

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas
anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da
República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal
Federal;
Peço uma atenção aos detalhes da alínea “d”, pois ele trata de alguns remédios constitucionais e quando
são impetrados diretamente na Corte Máxima.

 Habeas corpus – se o remédio tiver como paciente uma das autoridades que constam nas
alíneas “b” e “c” (sofrendo violação na liberdade de locomoção ou ameaça).
 Mandado de segurança e habeas data – quando o ato coator combatido, por qualquer
desses remédios, for praticado pelo Presidente da República, pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, pelo TCU, pelo PGR e pelo próprio STF.

Em relação aos atos de Tribunais, quando for impetrado mandado de segurança ou habeas data a
competência para o julgamento será do próprio Tribunal de onde foi emanado. Ex: caberá ao STJ julgar
habeas data impetrado contra um ato dele.

Cuidado! No caso de ação popular o entendimento é que não há foro por prerrogativa. Então, mesmo
que a ação popular tenha como legitimado passivo o Chefe do poder Executivo Federal, essa deverá ser
ajuizada na 1a instância.
c

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o


Distrito Federal ou o Território;

Quando houver um conflito entre pessoa jurídica de direito internacional e a União, o Estado, o Distrito
Federal ou Território, determina a Carta Magna que caberá ao STF a resolução (julgamento). Isso mesmo,
o Estado estrangeiro e o organismo internacional são pessoas jurídicas de direito internacional.

Percebeu que não houve menção ao Município?

Isso se deve ao fato de que o II, do art. 109 da CRFB/88 trouxe a previsão de competência dos juízes
federais nas causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada e residente no País.

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou


entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

Vamos aos detalhes! 

Aqui estamos diante do conflito entre alguns entes federativos (não todos, pois o município não foi
mencionado no inciso): União e Estado; União e DF; Estado e Estado ou Estado e DF (aqui estão inclusas as
entidades da administração indireta).
Nesse caso a competência originária é da Corte Suprema, mas é preciso fazer um destaque em relação ao
entendimento do STF. Para ser da sua competência:

 O conflito entre entidades da administração indireta de qualquer dos entes elencados ou entre
uma delas e uma das entidades políticas mencionadas (U, E ou DF) precisa caracterizar o
denominado conflito federativo (aquele com potencialidade para vulnerar a harmonia do pacto
federativo).

“Certo, professor! Mas e se o conflito envolver União e Município?”

Caso isso ocorra, o entendimento é que caberá à Justiça Federal processar e julgar a lide. Olha o trecho da
jurisprudência transcrita abaixo:

“O STF, em face da regra de direito estrito consubstanciada no art. 102, I, da Constituição


da República (RTJ 171/101-102), não dispõe, por ausência de previsão normativa, de
competência para processar e julgar, em sede originária, causas instauradas entre
Municípios, de um lado, e a União, autarquias federais e/ou empresas públicas
federais, de outro. Em tal hipótese, a competência para apreciar esse litígio pertence à
Justiça Federal de primeira instância.” 10

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

O STF tem competência para processar e julgar, originariamente, a extradição passiva (aquela solicitada
por Estado estrangeiro). Destaque-se que a palavra final, no processo de extradição, é do Presidente da
República. Assim, mesmo que o STF defira a extradição, o Presidente poderá deixar de fazê-la.

No caso da alínea “h”, esse dispositivo mencionava a “homologação de sentenças estrangeiras e a


concessão de exequatur às cartas rogatórias”, que, com a EC nº 45/2004, passou a ser da competência do
Superior Tribunal de Justiça (STJ).

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o


paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição
em uma única instância;

Caso um Tribunal Superior (STJ, TSE, TST ou STM) pratique ato que viola a liberdade de locomoção, será
cabível habeas corpus perante o STF.

10
ACO 1.364 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-2009, P, DJE de 6-8-2010.
O mandado de segurança e o habeas data contra ato praticado por Tribunal é
sempre impetrado no próprio Tribunal. Por exemplo, o mandado de segurança
contra ato do STJ será impetrado no próprio STJ.

Essa regra é diferente para o habeas corpus... o HC contra ato praticado por
Tribunal será sempre impetrado na instância imediatamente acima. Por exemplo,
o habeas corpus contra ato do STJ, será impetrado no STF. O habeas corpus contra
ato de um Tribunal de Justiça (TJ), será impetrado no STJ.
O STF também processa e julga, originariamente, os habeas corpus que tenham como coator ou paciente
autoridade ou funcionário cujos atos estejam diretamente sob sua jurisdição.

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

O STF tem competência para processar e julgar a Reclamação Constitucional. A reclamação constitucional
é ação que pode ser utilizada para garantir a obediência às decisões do STF em sede de controle
concentrado de constitucionalidade, bem como às Súmulas Vinculantes emanadas da Corte.

É importante destacar que o STF considera que não cabe reclamação contra atos dos Ministros ou das
Turmas do STF, uma vez que tais decisões são juridicamente reputadas como de autoria do próprio
Tribunal em sua inteireza.11

m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a


delegação de atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente


interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem
estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;

O STF tem competência para processar e julgar as ações em que todos os membros da magistratura sejam
interessados. Também cabe ao STF processar e julgar a ação em que mais da metade dos membros do
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam interessados.

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,


entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

11
Rcl. 3916-1, AgR. Rel. Min. Carlos Ayres Britto. 12/06/2006.
O conflito de competência pode ser positivo ou negativo. Será positivo quando duas ou mais autoridades
se considerarem competentes para julgar determinada ação. Por outro lado, será negativo quando
nenhuma das autoridades se considerar competente para julgar a ação. Assim, temos a competência do
STF:

Conflitos de competência entre o STJ e quaisquer tribunais. Por exemplo, o conflito de competência
entre STJ e TRT, será julgado pelo STF.

Conflitos de competência entre Tribunais Superiores. Por exemplo, o conflito de competência entre o
TST e o TSE, será julgado pelo STF.

entre Tribunais Superiores e quaisquer tribunais. Por exemplo, o conflito de competência entre o TST e um Tribunal de Jus

Existem certas situações em que não se pode falar em conflito de competência, mas apenas em hierarquia
de jurisdição. É o caso, por exemplo, de conflito envolvendo o STJ e um TJ ou um TRF. Ou, ainda, em um
conflito envolvendo o TST e um TRT. Nesses exemplos, não há que se falar em conflito de competência. A
decisão caberá ao Tribunal hierarquicamente superior.

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for


atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal
de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal
Federal;

As medidas cautelares nas ações do controle concentrado-abstrato de constitucionalidade serão


processadas e julgadas, originariamente, pelo STF.

O mandado de injunção, por sua vez, é impetrado diante de omissões inconstitucionais. Quando a omissão
for do Presidente, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas dessas
Casas Legislativas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores e do STF, o mandado de injunção será
processado e julgado, originariamente, pelo STF.

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do


Ministério Público;

A competência do STF para julgar as ações contra o CNJ e contra o CNMP se limita às questões
mandamentais, tipicamente constitucionais, quais sejam: mandado de segurança, mandado de injunção,
habeas corpus e habeas data. É uma interpretação mais restritiva do art. 102, I, “r”.
Por fim, meus amigos, a jurisprudência do STF é farta a respeito das competências da Corte. Além das
originárias sobre as quais já tratamos, existem uma série de outras competências implícitas. Na
Reclamação nº 2.069, por exemplo, o STF reconheceu sua competência para processar todo mandado de
segurança, qualquer que fosse a autoridade coatora, impetrado por quem teve a sua extradição deferida
pelo Tribunal. Além disso, adotou-se a interpretação extensiva do texto constitucional nas seguintes
hipóteses:

 Mandado de segurança contra Comissão Parlamentar de Inquérito12.


 “Habeas corpus” contra a Interpol, em face do recebimento de mandado de prisão
expedido por magistrado estrangeiro, tendo em vista a competência do STF para processar
e julgar, originariamente, a extradição solicitada por Estado estrangeiro (CF, art. 102, I,
“g”).13
 Mandado de segurança contra atos que tenham relação com o pedido de extradição (CF,
art. 102, I, “g”)14.
 A competência do STF para julgar mandado de segurança contra atos da Mesa da Câmara
dos Deputados (art. 102, I, “d”, 2ª parte) alcança os atos individuais praticados por
parlamentar que profere decisão em nome desta15.
 “Habeas corpus” contra qualquer decisão do STJ, desde que configurado o constrangimento
ilegal. 16

1.2 - Competências Recursais

 Recurso Ordinário

O recurso ordinário para o STF é apresentado nas hipóteses do art. 102, II. São situações em que a
competência originária é de outro tribunal. Vejamos:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
(…)
II - julgar, em recurso ordinário:

12
MS 23.619/DF, DJ de 07.12.2000; MS 23.851/DF, MS 23.868/DF e MS 23.964/DF, Rel. Min Celso de Mello, DJ de 21.06.2002.

13
HC 80.923/SC, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 21.06.2002.

14
Rcl. 2.069/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 01.08.2003 e Rcl. 2.040/DF, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 27.06.2003.

15
MS-AgRg 24.099/DF, DJ de 02.08.2002.

16
HC-QO 78.897/RJ, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 20.02.2004.
o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única
o crime político;

Na alínea “a”, temos o caso em que um Tribunal Superior adota decisão denegatória em alguma dessas
ações constitucionais que sejam de sua competência originária. Por exemplo, o mandado de segurança
contra ato de Ministro de Estado é da competência originária do STJ. Se o STJ negar a segurança, caberá
recurso ordinário para o STF.

Na alínea “b”, a competência originária para processar e julgar os crimes políticos é dos juízes federais (art.
109, IV). Mas, da decisão caberá recurso ordinário diretamente para o STF, sem nem mesmo passar pelo
TRF.

 Recurso Extraordinário

Por meio do Recurso Extraordinário o STF realiza o controle difuso de constitucionalidade. É o


instrumento processual apto a verificar se uma decisão judicial está ou não compatível com a CF/88. As
hipóteses de apresentação do RE estão descritas no art. 102, III, CF/88:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última


instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Nas hipóteses acima apresentadas, o que está em jogo é a chamada “controvérsia constitucional”. Agora,
particularmente, de todas essas situações de cabimento de recurso extraordinário, a que gera mais dúvidas
quanto a se tratar ou não de uma “controvérsia constitucional” é a alínea “d”. Pelo texto constitucional,
será cabível recurso extraordinário para o STF quando a “decisão recorrida julgar válida lei local
contestada em face de lei federal”.

Pessoal, o “pulo do gato aqui” é que o conflito entre lei estadual ou municipal e lei federal não é resolvido
por um critério hierárquico, mas sim pela repartição das competências federativas, definida diretamente
pela CF/88.

Dessa forma, se uma lei estadual for considerada válida perante lei federal é porque a CF/88 dispõe que a
matéria por ela tratada é da competência dos Estados. Portanto, a lei estadual terá sido considerada
constitucional, motivo pelo qual cabe recurso extraordinário para o STF.

Outro detalhe é que a apresentação de Recurso Extraordinário para o STF demanda o cumprimento de
certos requisitos:
 Decisão recorrida prolatada em última ou única instância. A decisão recorrida não precisa ter
emanado de um Tribunal, podendo ser emanada de um juízo singular. Todavia, para que seja
admissível o recurso extraordinário, não deve caber nenhum recurso ordinário.
 Prequestionamento: A matéria constitucional objeto do RE já deve ter sido discutida pelo órgão
que prolatou a decisão recorrida. Assim, o debate constitucional já foi iniciado antes; ele não
será inaugurado pelo STF.
 Existência de repercussão geral: O recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o STF examine a
admissão do RE. A repercussão geral é uma espécie de “filtro”, que serve para impedir que o
STF aprecie recursos extraordinários insignificantes social, econômica, política ou juridicamente.
Essa exigência foi criada pela EC 45/2004 com o objetivo de livrar o Supremo de demandas
irrelevantes para a sociedade brasileira, deixando a Corte disponível para julgar aquilo que
realmente interessa para o Brasil.
 O STF somente poderá recusar a repercussão geral pela manifestação de 2/3 dos seus
membros. Do contrário, a repercussão geral será aceita. Aceita a repercussão geral, todos os
recursos que estiverem tramitando nos tribunais de origem passam a aguardar a decisão da
Corte sobre o tema. Realizado o julgamento, a decisão do STF deverá ser aplicada pelos
próprios tribunais de origem.

7. (FGV / X Exame de Ordem Unificado – 2013) Compete ao STF processar e julgar originariamente os
litígios listados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.
a) Entre Estado estrangeiro e Estado membro da federação.
b) Entre Estado estrangeiro e município.
c) Entre organismo internacional e a União.
d) Entre organismo internacional e Estado membro da federação.
Comentários:
Letra A: correta. O litígio entre Estado estrangeiro e estado-membro da Federação é julgado pelo STF (art.
102, I, e, CRFB/88).
Letra B: errada. Opa, olha o gabarito! Pessoal, vimos agora a pouco que as causas entre Estado estrangeiro
ou organismo internacional e Município são processadas e julgadas pelos juízes federais (art 109, II,
CRFB/88.
Letra C: correta. As causas entre organismo internacionais e a União são julgadas pelo STF.
Letra D: correta. As causas entre organismo internacionais e estado-membro da federação são julgadas
pelo STF.
8. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) À luz do que dispõe a Constituição Federal de 1988 no tema das
competências do Supremo Tribunal Federal, é possível afirma que a Corte Suprema:
a) É competente para a homologação das sentenças estrangeiras, uma vez que é o Tribunal que julga as
questões internacionais do país.
b) Cabe recurso extraordinário quando a decisão recorrida, em única ou última instância, julgar válida lei
local contestada em face de lei infraconstitucional federal.
c) Nem mesmo por Emenda à Constituição podem ser alteradas as hipóteses de competência do STF, por
significar violação à separação dos poderes.
d) Pode ser criada nova hipótese de competência do Supremo Tribunal Federal por lei complementar.
Comentários:
Letra A: errada. Com a EC nº 45/04, a homologação de sentenças estrangeiras passou a ser da
competência do STJ.
Letra B: correta. Isso mesmo. É cabível RE quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em
face de lei federal. O gabarito é a letra B.
Letra C: errada. Não há qualquer problema em serem alteradas as competências do STF, uma vez que essa
matéria não consiste em cláusula pétrea.
Letra D: errada. Somente pode ser criada nova competência para o STF mediante emenda constitucional.
9. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) De acordo com a CRFB/88, compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, não lhe cabendo processar e julgar, originariamente:
a) o Presidente da República, nas infrações penais comuns.
b) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
Território.
c) a extradição solicitada por Estado estrangeiro.
d) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.
Comentários:
Letra A: errada. O STF tem competência para julgar o Presidente da República, nas infrações penais
comuns.
Letra B: errada. De fato, é processado e julgado pelo STF o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território.
Letra C: errada. Compete ao STF processar e julgar, originariamente, a extradição solicitada por Estado
estrangeiro.
Letra D: correta. Homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias
é competência do STJ.
10. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Em 2019, o Tribunal de Justiça do Estado X acabou proferindo uma
decisão que ganhou certa notoriedade nos meios de comunicação, em razão do valor bilionário
envolvido. Tecnicamente, o Tribunal acabou confirmando uma sentença proferida pelo juiz de 1º grau
em desfavor da empresa X. Após o exaurimento dos recursos cabíveis nas instâncias ordinárias, a equipe
de advogados de empresa constatou que a decisão julgou válida uma lei local contestada em face de lei
federal. De acordo com o que assevera a Constituição Federal de 1988, é correto afirmar que, preenchidos os de
recurso extraordinário endereçado ao Supremo Tribunal Federal.
recurso ordinário endereçado ao Superior Tribunal de Justiça.
reclamação constitucional no Supremo Tribunal Federal.
mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça.
Comentários:
Essa é uma questão um pouco mais difícil, pois recai no estudo da competência dos órgãos do Poder Judiciário e do

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Enquanto o STF é o “guardião” da Constituição Federal, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) é considerado o
“guardião” da unidade do Direito federal, buscando uniformizar a interpretação da legislação federal.

O STJ, criado pela CF/88, é um órgão de convergência e superposição, com jurisdição sobre todo o
território nacional. Segundo o art. 104, CF/88, é composto de, no mínimo, 33 (trinta e três) Ministros.
Note que a expressão “no mínimo” abre a possibilidade para que, mediante lei, seja alterado o número de
membros desse Tribunal.

Os Ministros do STJ são nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros (natos ou
naturalizados) com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada. A nomeação ocorrerá após aprovada a escolha por maioria absoluta do
Senado.
1/3 dos membros devem ser
nomeados dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais (TRF`s).

1ª Condição

1/3 dos membros devem ser


nomeados dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça (TJ`s)

2ª Condição

1/3 dos membros devem ser


nomeados, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Te
Assim, 1/6 dos membros são representantes da Advocacia e 1/6 do Ministério Público.

3ª Condição

No processo de escolha dos Ministros do STJ, cabe ao próprio STJ elaborar lista tríplice com indicados que
sejam oriundos dos Tribunais Regionais Federais (TRF`s) e dos Tribunais de Justiça (TJ`s). A lista tríplice é
encaminhada ao Presidente da República, que selecionará aquele que será nomeado, após aprovação do
Senado Federal, Ministro do STJ.
Vamos a um exemplo para facilitar! Digamos que hoje, se aposente um Ministro do STJ que ocupa vaga
destinada a um juiz de TRF. O STJ elaborará lista tríplice com juízes de TRF`s indicados para a vaga. Essa
lista tríplice será encaminhada ao Presidente da República, que selecionará um dos juízes, cujo nome
precisa ser aprovado pelo Senado para, só então, ser nomeado Ministro do STJ.

Ainda sobre o processo de escolha dos Ministros do STJ, resta-nos entender como funciona a ocupação das
vagas destinadas à Advocacia e ao Ministério Público. Conforme prevê o art. 94, CF/88, a OAB e o
Ministério Público deverão formar lista sêxtupla com os nomes dos indicados para a vaga. Essa lista
sêxtupla será encaminhada ao STJ, que formará lista tríplice. A lista tríplice é enviada ao Presidente da
República, que selecionará um nome a ser submetido ao Senado Federal para, só depois da aprovação, ser
nomeado Ministro do STJ.

As competências do STJ são de 2 (dois) tipos: i) competências originárias e; ii) competências recursais. Por
sua vez, há dois tipos de recursos apresentados ao STJ: o recurso ordinário e o recurso especial.

1.1 - Competências Originárias

As competências originárias do STJ são aquelas em que o Tribunal é acionado diretamente, sem passar por
nenhuma outra instância anterior. O art. 105, I, CF/88, define assim as competências originárias do STJ:

or Tribunal de Justiça:
riamente:
overnadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais d
Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais

O STJ tem competência originária para processar e julgar certas autoridades detentoras de foro especial.
Nesse sentido, temos que:

 Nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal serão


processados e julgados pelo STJ. Nos crimes de responsabilidade cometidos por
Governadores, a competência será de um Tribunal especial, composto de 5 (cinco)
membros do Poder Legislativo Estadual e de 5 (cinco) desembargadores do TJ.
 O STJ processa e julga, nos crimes comuns e de responsabilidade, os desembargadores
dos TJ`s, os membros dos TCE`s e do Distrito Federal (TCDF), os membros dos TRF`s,
TRE`s, TRT`s, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os
membros do MPU que oficiem perante Tribunais.

Podemos fazer a seguinte tabela-resumo:

Autoridade Crime Comum Crime de Responsabilidade


Governador STJ Tribunal Especial
Desembargadores dos TJ`s STJ STJ
Membros dos TCE`s STJ STJ
Membros dos TRF`s, TRE`s e TRT`s STJ STJ
Membros dos TCM`s STJ STJ
Membros do MPU que oficiem perante tribunais STJ STJ

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;

Observe aqui a aplicação da regra de que mandado de segurança e habeas data contra ato de Tribunal
serão impetrados no próprio Tribunal. Assim, o mandado de segurança e habeas data contra ato do STJ
serão impetrados no próprio STJ. Por outro lado, caso seja denegatória a decisão, caberá recurso
ordinário ao STF (art. 102, II, “a”).

c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas
na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado
ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;

O habeas corpus será processado e julgado pelo STJ quando o coator ou paciente for Governador de
Estado e do Distrito Federal, desembargadores dos TJ`s, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados
(TCE`s) e do Distrito Federal (TCDF), os membros dos TRF`s, TRE`s, TRT`s, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os membros do MPU que oficiem perante Tribunais.
Em relação aos Ministros de Estado e Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, percebe-se que:

 quando forem autoridades coatoras, a competência será do STJ;


 quando forem pacientes, a competência será do STF (art. 102, I, “d”).

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art.


102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes
vinculados a tribunais diversos;

O STJ irá processar e julgar os seguintes conflitos de competência:

 Conflito de competência envolvendo Tribunais, à exceção daqueles casos sujeitos à


competência do STF. É o caso, por exemplo, do conflito de competência entre dois
Tribunais de Justiça ou entre dois Tribunais Regionais Federais. Para relembrar, o STF julga
os conflitos de competência entre o STJ e outros tribunais, entre Tribunais Superiores e
entre Tribunais Superiores e quaisquer outros tribunais.
 Conflitos de competência entre tribunal e juízes a ele não vinculados. Por exemplo, o
conflito de competência entre um juiz de Direito e um Tribunal Regional Federal (TRF) será
julgado pelo STJ. Ou, ainda, um conflito de competência entre um juiz federal e um Tribunal
de Justiça (TJ).
 Não há que se falar em conflito de competência entre um tribunal e juiz a ele vinculado. É
que, nesse caso, existe subordinação hierárquica entre o tribunal e juiz. Por exemplo, não
há que se falar em conflito de competência entre um juiz federal e o TRF ao qual está
vinculado.
 Conflitos de competência entre juízes vinculados a tribunais diversos. Por exemplo, o
conflito de competência entre um juiz federal (vinculado a um TRF) e um juiz do trabalho
(vinculado a um TRT) será julgado pelo STJ.

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

O STJ tem competência para processar e julgar a Reclamação Constitucional a fim de preservar a sua
competência e garantir a autoridade de suas decisões.

g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou


entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito
Federal, ou entre as deste e da União;

Pessoal, muito cuidado! Aqui, não estamos tratando de conflito de competência (conflito de jurisdição),
mas sim de conflito de atribuições. São coisas diferentes. Conflito de competência só ocorre entre
autoridades judiciárias e é matéria de direito processual civil; por sua vez, conflito de atribuições diz
respeito ao direito administrativo e ocorre entre autoridades judiciárias e administrativas.
Atenção especial!!!! Recentemente o STF passou a entender que o conflito de atribuições entre diferentes
Ministérios Públicos Estaduais ou entre o Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual será
decidido pelo Procurador-Geral da República, que é o representante nacional do Ministério Público17.

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for


atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta,
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

Em matéria de mandado de injunção, a competência do STJ é bastante reduzida, pois não alcança os casos
de competência do STF (art. 102, I, “q”) e dos órgãos da Justiça Militar, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho
e da Justiça Federal. Um exemplo de mandado de injunção impetrado no STJ é aquele em que a omissão
legislativa é de Ministro de Estado.

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas


rogatórias;

Também compete ao STJ a concessão de exequatur às cartas rogatórias. As cartas rogatórias são
instrumentos que viabilizam a cooperação judiciária internacional. Suponha que tramite nos EUA uma ação
judicial contra um cidadão brasileiro. Nesse caso, haverá necessidade de que o juiz norte-americano envie
carta rogatória, seja para citar o brasileiro no processo, intimá-lo ou até mesmo para a produção de
provas. A carta rogatória somente será executada no Brasil após a concessão do exequatur pelo STJ.

Uma sentença estrangeira, para ter validade no Brasil, depende de homologação do STJ. Por exemplo,
suponha que um tribunal dos EUA determine que um pai brasileiro (residente no Brasil) deverá pagar
pensão alimentícia a seu filho que mora nos EUA com a mãe americana. Essa sentença poderá ser válida no
Brasil somente depois de ser homologada pelo STJ.

1.2 - Competências Recursais

 Recurso Ordinário

As hipóteses de recurso ordinário para o STJ estão previstas no art. 105, II, CF/88. Vejamos:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


(…)
II - julgar, em recurso ordinário:

17
ACO 924/MG. Rel. Min. Luiz Fux. Julgamento: 19.05.2016
Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 08

os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribu
os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribun
as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, M

Caberá recurso ordinário para o STJ diante de decisão denegatória em habeas corpus impetrado perante
TRF ou TJ. Por exemplo, o habeas corpus contra ato de juiz federal será impetrado no Tribunal Regional
Federal (TRF). Se o TRF não conceder o habeas corpus, caberá recurso ordinário ao STJ.

Também caberá recurso ordinário ao STJ diante de decisão denegatória em mandado de segurança
impetrado perante TRF ou TJ. Por exemplo, o mandado de segurança contra ato de TRF será impetrado no
próprio TRF. Se o TRF denegar a segurança, caberá recurso ordinário ao STJ.

Por fim, víamos anteriormente que as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a U, E,
DF ou Território serão processadas e julgadas, originariamente, pelo STF (art. 102, I, “e”). Por outro lado, as
causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou
residente no País serão processadas e julgadas pelos juízes federais (art. 109, II). Da decisão, caberá
recurso ordinário ao STJ, sem passar antes pelo TRF.

 Recurso Especial

O recurso especial é instrumento que permite com que o STJ realize a sua função de “guardião” do direito
objetivo federal. Guardem isso com carinho! É por meio do recurso especial que o STJ irá uniformizar a
interpretação da legislação federal. A apresentação desse recurso depende do cumprimento de certos
requisitos, a saber:

 Prequestionamento: As questões debatidas já deverão ter sido apreciadas no Tribunal de


origem.
 Causa recorrida deve ter sido apreciada por Tribunal Regional Federal (TRF) ou Tribunal de
Justiça (TJ).
 Deve haver controvérsia envolvendo o direito federal. A apresentação de recurso
extraordinário para o STF dependia da existência de controvérsia constitucional. O recurso
especial será levado ao STJ se houver controvérsia envolvendo a lei federal.

Vamos dar uma olhadinha nas hipóteses de cabimento de recurso especial para o STJ:

Justiça:

ecididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federa

me - 2021

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Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 08

contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;


julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Um detalhe que devemos levar para a prova é que a apresentação de recurso especial ao STJ independe
da existência de repercussão geral. Esse instituto é aplicável apenas ao recurso extraordinário para o STF.

 Incidente de Deslocamento de Competência

Muita atenção agora que esse tema caiu recentemente na prova da OAB!!!

Pessoal, o incidente de deslocamento de competência é também chamado de federalização de graves


violações de direitos humanos. Por meio dessa ação, é possível o deslocamento de processo ou inquérito
do âmbito estadual para o âmbito federal. O titular da ação é o Procurador-Geral da República, que a
apresentará no STJ.

Nesse sentido, estabelece o art. 109, § 5º, CF/88, que, “nas hipóteses de grave violação de direitos
humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal”.

) Nos termos da Constituição Federal, assinale a alternativa que apresenta competência(s) do Superior Tribunal de Jus
de segurança contra ato do Comandante da Marinha.
nistério Público.
Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Territórios.
única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutico é processado e julgado pelo Super
CNMP são processadas e julgadas pelo STF.

Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXXIII Exame - 2021 38


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Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
Aula 08

Letra C: errada. Compete ao STF julgar e processar, originariamente, litígio entre Estado estrangeiro ou
organismo internacional e a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Territórios.
Letra D: errada. Essa é uma hipótese de recurso extraordinário, julgado pelo STF.
12. (FGV / VIII Exame de Ordem Unificado – 2012) A competência para processar e julgar
originariamente Governador de Estado por crime comum é do:
a) Supremo Tribunal Federal.
b) Superior Tribunal de Justiça.
c) Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
d) Juízo Criminal da capital onde se situa o Tribunal de Justiça do Estado respectivo.
Comentários:
Nos crimes comuns, os Governadores de Estado são processados e julgados pelo Superior Tribunal de
Justiça (STJ) (art. 105, i, a, CRFB/88). Gabarito letra B.
13. (FGV / III Exame de Ordem Unificado – 2011) Um juiz federal proferiu uma sentença em processo
relativo a crime político e outra sentença em processo movido por Estado estrangeiro contra pessoa
residente no Brasil. Os recursos interpostos contra essas duas sentenças serão julgados pelo:
a) STF, no primeiro caso, e pelo TRF, no segundo caso.
b) TRF em ambos os casos.
c) STF, no primeiro caso, e pelo STJ, no segundo caso.
d) TRF, no primeiro caso, e pelo STF, no segundo caso.
Comentários:
O STF tem competência para julgar, em recurso ordinário, o crime político. Já o STJ tem competência para
julgar, em recurso ordinário, as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo
internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. O gabarito é
a letra C.
14. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado – 2012) Esculápio da Silva, advogado, candidata-se à vaga
destinada ao Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça do Estado W, logrando obter aprovação, é
nomeado pelo Governador do Estado. Um ano após, candidata-se à vaga surgida pela aposentadoria de
Desembargador estadual no Superior Tribunal de Justiça, vindo a ser escolhido. Diante de tal enunciado,
revela-se correto afirmar:
a) No Superior Tribunal de Justiça existem vagas destinadas a Desembargador oriundo dos Tribunais de
Justiça, desde que magistrados de carreira.
b) A divisão de vagas no Superior Tribunal de Justiça permite o ingresso através de três origens:
Desembargadores estaduais, Juízes dos Tribunais Regionais Federais e Advogados.
c) O Advogado oriundo do Quinto Constitucional nos Tribunais de Justiça concorre como magistrado para
ocupar vagas no Superior Tribunal de Justiça.
d) O ocupante do Quinto Constitucional poderá concorrer à vaga existente no Superior Tribunal de Justiça
na vaga destinada aos advogados.
Comentários:

Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXXIII Exame - 2021 39


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Diego Cerqueira Berbert Vasconcelos
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Letra A: errada. Pegadinha! Um terço (1/3) dos membros do STJ devem ser nomeados dentre
Desembargadores dos Tribunais de Justiça. No entanto, estes não precisam ser magistrados de carreira.
Letra B: errada. Também há vagas no STJ destinadas a membros do Ministério Público.
Letra C: correta. Questão excelente, pessoal! É possível que algum advogado tenha se tornado
Desembargador de TJ em virtude da regra do “quinto constitucional”. Esse Desembargador poderá se
tornar membro do STJ, concorrendo dentro das vagas destinadas aos Desembargadores de TJ´s.
Letra D: errada. O membro de Tribunal (TRF ou TJ) oriundo do “quinto constitucional” poderá concorrer às
vagas no STJ destinadas aos Desembargadores de TJ ou aos membros de TRF.
15. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) No exercício de 2019, o Tribunal de Justiça do Estado Alfa concedeu
uma decisão muito interessante. Analisando os aspectos processuais, entendeu que não era autorizado a
julgar a demanda processual, tendo em vista que a matéria competia ao TRF com jurisdição no território
do Estado Alfa. Este último Tribunal, ao receber os autos, acabou tendo entendimento oposto ao
proferido pelo Tribunal de Justiça. Nesse sentido, entendeu que a causa deveria sim ser apreciada pelo
TJ. De acordo com a sistemática Constitucional, é possível afirmar que a questão se trata de um conflito:
a) de competência, a ser dirimido pelo Supremo Tribunal Federal;
b) administrativo-jurisdicional, a ser resolvido pelo Conselho Nacional de Justiça;
c) de competência, a ser dirimido pelo Superior Tribunal de Justiça;
d) federativo, a ser resolvido pelo Supremo Tribunal Federal;
Comentários:
Na situação apresentada, está ocorrendo um conflito de competência entre um Tribunal de Justiça e um
Tribunal Regional Federal. Esse conflito deverá ser dirimido pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Isso
porque o art. 105, I, “d”, estabelece que compete ao STJ processar e julgar, originariamente, os conflitos de
competência entre quaisquer tribunais, ressalvados os conflitos de competência envolvendo Tribunais
Superiores. O gabarito é a letra C.

JUSTIÇA FEDERAL

1 - Tribunais Regionais Federais

São órgãos da Justiça Federal os Tribunais Regionais Federais (segundo grau) e os Juízes Federais
(primeiro grau). Os TRF´s poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim
de assegurar o pleno acesso à justiça em todas as fases do processo. Essa previsão constitucional visa
facilitar o acesso ao Judiciário, reforçando a própria democracia.

Além disso, os TRF`s instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
públicos e comunitários, também como forma de garantir o acesso à Justiça à população que vive afastada
dos grandes centros urbanos.

Direito Constitucional p/ OAB 1ª Fase XXXIII Exame - 2021 40


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Compõem-se de, no mínimo, 7 (sete) juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e
nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 (trinta) e menos de 65
(sessenta e cinco) anos:

 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
 4/5 (quatro quintos), mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de
exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.

A competência dos TRFs divide-se em originária e recursal, nos termos abaixo:

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:


I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça
do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério
Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da
região;
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de
juiz federal;
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes
estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

Destaco que, de acordo com o STF (Informativo 557) e STJ (súmula 428), cabe ao TRF decidir o conflito de
competência entre Juizado Especial Federal e juiz de primeiro grau da Justiça Federal da mesma Seção
Judiciária.

2 - Juízes Federais

Os juízes federais são os membros da Justiça Federal de primeiro grau de jurisdição, que ingressam na
carreira mediante concurso público. Tanto o concurso quanto a nomeação são de competência do
Tribunal Regional Federal sob cuja jurisdição seu cargo é provido (CF, art. 93, I).

Um ponto importante, pessoal, é que os juízes federais têm sua competência taxativamente definida pela
Constituição. Esta competência só pode sofrer modificação por emenda constitucional.

Vamos fazer a leitura na íntegra do art. 109, CF/88:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas
as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar;
(...)
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em
que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem
à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem
parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na
justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal.
(EC º. 103/2019)
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

E, aqui, vale um destaque para a alteração ocorrida no § 3º do art. 109, incluído pela EC nº. 103/2019.
O dispositivo traz a possibilidade de lei autorizar que as causas envolvendo INSS e segurado (que são de
competência da Justiça Federal) possam processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do
domicílio do segurado não for sede de vara federal.

Como assim prof.? Vamos lá 

Antes da alteração pela emenda constitucional, nos locais que não existissem vara federal, as causas em
que a instituição de previdência social e o segurado fossem parte, havia uma delegação de competência.
Assim, as ações eram processadas da Justiça Estadual do foro de domicílio dos segurados ou beneficiários.

Ocorre que o novo texto do §3º do art.109 da CRFB/88 passou a prever uma faculdade do legislador, ou
seja, o legislador pode vir a determinar a delegação da competência previdenciária.

No campo infraconstitucional já existe lei regulame==1cff0c== ntando o dispositivo: é a Lei nº


13.876/19. Ela alterou o art. 15 da Lei nº 5.010/66, trazendo expressamente quando haverá delegação de
competência. A delegação somente continuará existindo para as comarcas que estiverem a mais de 70km
de município sede de Vara Federal.

Olha só:

Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas e
julgadas na Justiça Estadual: III - as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado e que se referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a
Comarca de domicílio do segurado estiver localizada a mais de 70 km (setenta
quilômetros) de Município sede de Vara Federal;

A referida lei, apesar de aprovada antes da EC nº 103/19, começou a vigorar em 01/01/2020 (após a EC
103/19, que vigora desde novembro/2019).

Então, fiquem ligado pessoal!!!!!

al (INSS), pleiteando uma revisão de seus benefícios previdenciários. A comarca X possui vara única da Justiça estadual, m
b) A ação deverá ser ajuizada na Vara Federal da comarca vizinha Y, que é sede de vara federal com
jurisdição sobre a comarca X.
c) A ação poderá ser ajuizada na Justiça estadual, perante a vara única da comarca X, cabendo eventual
recurso ao Tribunal de Justiça do Estado.
d) A ação deverá ser proposta diretamente no Tribunal Regional Federal que abrange o estado onde se
localiza a comarca X, em razão da matéria ser competência originária desse Tribunal.
Comentários:
Questão prática muito interessante. Vimos em aula que, segundo o art. 109, § 3º, “serão processadas e
julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem
parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo
federal”. Nesse caso, o recurso cabível será sempre para o TRF na área de jurisdição do juiz de primeiro
grau. O gabarito é a letra A.
17. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) De acordo com o que dispõe a Constituição Federal de 1988 no tema
das competências atribuídas aos órgãos do Poder Judiciário, analise as alternativas e assinale a correta.
a) Compete ao STJ, nos crimes comuns, processar e julgar os Governadores de Estado.
b) Compete ao STJ, nas infrações penais comuns, julgar o Vice-Presidente da República.
c) Compete ao TRF julgar as causas e os conflitos envolvendo dois Estados da Federação.
d) Compete ao STF julgar as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou
pessoa domiciliada ou residente no País.
Comentários:
Letra A: correta. Este é o nosso gabarito. Cabe ao STJ a competência para processar e julgar, nos crimes
comuns, os Governadores de Estado.
Letra B: errada. Cuidado. Essa competência é do STF para processar e julgar, nas infrações penais comuns,
o Presidente e o Vice-Presidente da República.
Letra C: errada. Os conflitos federativos entre estados da federação são processados e julgados pelo STF.
Letra D: errada. É competência dos juízes federais julgar as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País.

Ufa pessoal, concluímos mais uma etapa. Essa aula reconheço que foi difícil. (Rs)

Abs, Prof. Diego Cerqueira

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