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CONTABILIDADE BÁSICA

Unidade 2 - Componentes
Patrimoniais

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Unidade 2

Componentes Patrimoniais

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sendo vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, venda, compartilhamento e distribuição, sujeitando-se os
infratores à responsabilização civil e criminal.
Apresentação

A Ciência Contábil é uma área das Ciências Sociais Aplicadas que tem uma grande importância
no dia a dia de todas as pessoas. Na área empresarial, por exemplo, perceba que a Contabilidade
é fundamental para o sucesso e a continuidade da empresa, tendo em vista que o adequado
registro dos eventos econômicos permite conhecer sua realidade econômico-financeira.

Nesta unidade, você aprenderá sobre a formação dos elementos patrimoniais das empresas,
os quais são vislumbrados como a melhor forma de assimilação e reconhecimento de itens
nesses ambientes. Além disso, você vai estudar as demonstrações contábeis, as quais se
constituem como meio de “conversa” entre a empresa e os seus usuários, pois são fonte de
informação que auxiliam a tomada de decisão.

Dentre as demonstrações contábeis, você enveredará pelo Balanço Patrimonial (BP) e


pela Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) – as duas principais demonstrações
contábeis existentes.

Então, vamos lá! Bom desempenho!

Objetivos Gerais
Apresentar a importância da Contabilidade como uma Ciência Social focada no estudo do
patrimônio da empresa, a aplicabilidade de seu objetivo, bem como seu campo de atuação, as
legislações e os princípios a que segue.

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a classificação dos elementos patrimoniais;

• Conhecer o conjunto completo de Demonstrações Contábeis;

• Aprender o que é e como elaborar o Balanço Patrimonial;

• Apurar o resultado do exercício e aprender o que é e como é elaborada a De-


monstração do Resultado do Exercício.

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2.1 Elementos Patrimoniais
Os elementos patrimoniais são os itens que compõem o Patrimônio de uma entidade. Você já
sabe que o Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma empresa, certo? A
partir de agora, você vai aprender quais são os critérios para o reconhecimento de tais bens,
direitos e obrigações e como classificá-los adequadamente na Contabilidade.

Existem, portanto, dois grupos importantes: Ativo (no qual são registrados os bens e os direitos)
e Passivo (no qual são registradas as obrigações da empresa). O Passivo contém também um
subgrupo importante denominado Patrimônio Líquido (PL) – como você verá adiante, este é o
grupo que representa o capital investido pelos sócios da empresa.

Todo Patrimônio, de pessoa física ou pessoa jurídica, inicia-se, sempre, por um capital
inicialmente investido, concorda? Isto é, para uma empresa iniciar suas atividades como tal, é
necessário que um sócio invista recursos seus ou pegue empréstimos para seu pontapé inicial.

Figura 2.1: Qualquer tipo de negócio precisa de recursos desde o registro até a locação de salas comerciais, com-
pra de produtos, equipamentos e despesas variadas

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Em termos técnicos, uma entidade possui origens de recursos, que podem decorrer de capital
próprio ou de capital de terceiros – ou seja, de capital dos sócios ou de pessoas (físicas e/ou
jurídicas) externas à empresa. Tal capital será aplicado na empresa, seja por dinheiro, seja por
matéria-prima, por produtos ou outra forma.

A origem de recursos será sempre um item do Passivo (se for capital de terceiros) ou do
Patrimônio Líquido (se for capital próprio). Já a aplicação desses recursos será sempre um item
do Ativo, ficou claro para você?

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Origem de recursos
É de onde vêm os recursos que fazem parte do Patrimônio da empresa.
Fazem parte do Passivo ou do Patrimônio Líquido.

Aplicação de recursos
É onde são aplicados os recursos que fazem parte do Patrimônio da em-
presa. Fazem parte do Ativo da empresa.

Entretanto, não é qualquer item que será classificado como Ativo ou Passivo. Conheça, a seguir,
quais são os critérios para seus reconhecimentos e mensurações.

2.1.1 Ativo
Costuma-se dizer que os bens e direitos de uma empresa são seus Ativos, mas tenha em
mente que, contabilmente, não são todos os bens e direitos que serão registrados. Antes da
internacionalização das normas de Contabilidade, para um item ser considerado Ativo, bastava
que fosse um bem ou direito de propriedade da empresa, mensurável monetariamente e que
gerasse benefício econômico presente ou futuro.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), em decorrência da internacionalização das


normas de Contabilidade, apresentou, em sua Estrutura Conceitual (Pronunciamento Técnico
00 – R1), o conceito atual de Ativo, confira: “recurso controlado pela entidade como resultado
de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a
entidade” (CPC, 2011a, p. 23).

Note que a principal diferença entre os conceitos consiste no controle, não na propriedade.
Nesse sentido, o controle passou a não ser condição de reconhecimento. É notório que muitos
Ativos estão associados a direitos legais, os quais incluem direito de propriedade, como
imóveis. Entretanto, a propriedade não é requisito para o reconhecimento, tendo em vista
que o controle dos benefícios econômicos satisfaz os critérios. Assim, um imóvel, objeto de
arrendamento mercantil, poderá ser reconhecido como Ativo caso a entidade controle os
benefícios dele decorrentes.

Recurso controlado pela entidade


Não, necessariamente, demanda propriedade.

Resultado de evento passado


A simples intenção de obter o Ativo não possibilita seu reconhecimento.

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Benefício econômico futuro
Produzir alguma vantagem para a entidade que se reverta sob forma de
benefício econômico.

Figura 2.2: Os estoques de mercadorias fazem parte de itens do Ativo das empresas quando obedecem aos requi-
sitos de reconhecimento e mensuração

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Saiba que o benefício econômico de que trata o CPC corresponde ao seu potencial em
contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa da entidade. Conforme destaca o CPC,
esse potencial pode ser produtivo, quando fizer parte das operações da empresa, ou pode ser
conversível, quando efetivamente aumentar o caixa ou for capaz de reduzir as saídas de caixa.

Saiba mais
O potencial em gerar benefício econômico está ligado à probabilidade de
ocorrência, a qual é vista pelas normas internacionais como maior chance de
ocorrer o evento do que de não ocorrer.

Assim sendo, o benefício econômico futuro pode ser vislumbrado quando: um Ativo (ou mais
Ativos) é utilizado para venda ou prestação de serviços, quando um Ativo é trocado por outro
Ativo, quando um Ativo é usado para liquidar um Passivo ou quando um Ativo é distribuído aos
proprietários da entidade.

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Figura 2.3: O benefício econômico evidenciado pelo Ativo deverá se incorporar à entidade em algum momento do tempo

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Para ser reconhecido como Ativo, considere que um item deve, então: ter a probabilidade de
gerar algum benefício econômico futuro e poder ser mensurado com confiabilidade.

Saiba mais
Uma informação é confiável quando ela é completa, neutra e livre de erro.
Esse conceito está ligado à representação fidedigna da informação gerada
pela Contabilidade e é muito importante!

São, então, exemplos de Ativos: dinheiro em espécie, valores depositados em contas bancárias
(contas-correntes, contas poupanças, aplicações financeiras), mercadorias em estoque,
matérias-primas, valores a receber de clientes ou outros, veículos, máquinas e equipamentos,
imóveis, terrenos, marcas etc. (FERREIRA, 2016).

Exemplos de bens
Dinheiro em espécie, estoques de mercadorias, máquinas e equipamen-
tos, veículos etc.

Exemplos de direitos
Valores a receber de clientes, valores a recuperar a título de crédito tri-
butário etc.

Bom, agora que você já conheceu o que é Ativo, a seguir, estudará sobre o Passivo das empresas.

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2.1.2 Passivo
O Passivo representa as obrigações da entidade e, conforme apresenta o CPC, “é uma obrigação
presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na
saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos” (CPC, 2011a, p. 23).

Figura 2.4: Os Passivos são considerados obrigações da entidade para com terceiros

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Portanto, você pode concluir que são exemplos de Passivos: contas a pagar, impostos a pagar,
empréstimos que tenham sido contraídos e que precisam ser pagos, assim como a obrigação
de pagar seus juros e taxas etc. Tal qual ocorre com os Ativos, para um item ser reconhecido
como Passivo, ele deve ter a probabilidade de gerar algum benefício econômico futuro e ser
mensurado com confiabilidade.

A liquidação de uma obrigação presente pode acontecer de diferentes formas, por exemplo:

Pagamento de caixa e transferência de outros Ativos.

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Prestação de serviços.

Substituição de uma obrigação por outra.

Renúncia do credor.

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Dentro dos Passivos, há o conceito de provisão, você já ouviu falar sobre isso? Bom, provisão
consiste em um Passivo que possui prazo ou valor incerto. Isto é, há probabilidade da saída
de recursos, entretanto, não se sabe ao certo quando ocorrerá essa saída de recursos ou
qual o valor. Destaca-se que, por não saber o valor, não significa que não seja mensurado
com confiabilidade. As empresas devem se utilizar de fontes confiáveis, como especialistas
ou peritos, para apurar o valor aproximado da provisão. Entenda que o reconhecimento das
provisões é uma forma de as empresas se protegerem de gastos futuros, mas que decorrem
de obrigações já ocorridas. Um exemplo de provisão são valores devidos de ações judiciais que
correm contra a empresa e das quais há a probabilidade de perda.

Visto como um subgrupo do Passivo, o Patrimônio Líquido tem grande relevância na organização
dos elementos patrimoniais. A seguir, conheça suas características.

2.1.3 Patrimônio Líquido


O PL, por sua vez, “é o interesse residual nos Ativos da entidade depois de deduzidos todos os
seus Passivos” (CPC, 2011a, p. 23).

Figura 2.5: O Patrimônio Líquido representa a parcela dos sócios que existe na empresa

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Embora o Patrimônio Líquido seja definido como um valor residual, ele terá subclassificações.
Veja um exemplo: Conta Capital Social, na qual são registrados os valores investidos pelos
sócios na empresa ou as contas de Reservas – tanto de lucros quanto de capital, que constituem
recursos destinados a fins específicos.

Até aqui, você conheceu todos os elementos patrimoniais: Ativo e Passivo – composto também
pelo Patrimônio Líquido. Dando continuidade, você compreenderá a classificação demandada
pela legislação para estes elementos. Confira.

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2.2 Circulante e Não Circulante
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações e suas alterações, os Ativos e os Passivos de uma
entidade serão classificados como Circulante e Não Circulante. Funciona assim: essa referida
Lei determina que os Ativos sejam apresentados em ordem de liquidez, a partir do que for
Circulante e Não Circulante; e os Passivos devem ser apresentados em ordem de exigibilidade.

A classificação entre Circulante e Não Circulante relaciona-se ao curto e ao longo prazo – isto é,
período para recebimento ou liquidação de Ativos e Passivos, respectivamente. Assim sendo,
no curto prazo, veja que estarão registrados os direitos ou as obrigações que uma empresa irá
receber ou pagar até o fim do exercício social seguinte. No longo prazo, por sua vez, estarão
registrados os direitos ou as obrigações que a empresa irá receber ou pagar após o fim do
exercício social seguinte.

O Ativo Circulante compreende os recursos que a empresa possui em disponibilidades e


aqueles que possam ser convertidos em dinheiro no curto prazo. O Ativo Não Circulante, por
sua vez, é subdividido pelos itens realizáveis a longo prazo e pelos bens tangíveis e intangíveis,
além de investimentos realizados pela empresa. A figura a seguir apresenta a classificação dos
itens em Circulante e Não Circulante, veja.

Quadro 2.1: Classificação entre Ativo Circulante e Ativo Não Circulante

Ativo Circulante Ativo Não Circulante


Disponibilidades Realizável a Longo Prazo

Créditos a receber Investimentos

Estoques Imobilizado

Despesas antecipadas Intangível

Fonte: Elaborado pelas autoras (2018).

Já a separação entre Circulante e Não Circulante, para os itens do Passivo, levam em consideração
o curto e o longo prazo das exigibilidades, sendo a classificação realizada em Passivo Circulante
e Passivo Não Circulante.

Que tal analisar um exemplo para compreender melhor?

Uma empresa adquire, no dia 1 de junho 2018, um veículo no valor de R$ 80.0000. A empresa
combinou o pagamento do veículo em 25 parcelas iguais e sucessivas (R$ 3.200 cada parcela),
sendo a primeira paga em 10 de junho de 2018. Observe como é feito o registro desse evento
em 1 de junho de 2018.

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Aumento de R$ 80.000 no Ativo Não Circulante por meio do registro do veículo no subgrupo
Imobilizado e aumento de R$ 80.000 no Passivo da empresa, assim distribuídos:

R$ 60.800 no Passivo Circulante (total R$ 19.200 no Passivo Não Circulante


de 19 parcelas: 7 parcelas de 2018: (total de 6 parcelas 6 x 3.200 =
junho a dezembro; e 12 parcelas de 19.200).
2019: janeiro a dezembro 19 x
3.200 = 60.800);

Figura 2.6: Os itens adquiridos são reconhecidos no momento em que ocorre o fenômeno, não exigindo que a
obrigação seja quitada no momento da aquisição

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Assim sendo, um evento que ocorre em 2018 (que tem como exercício social o calendário civil)
e que possui parcelas a receber ou pagar em data diferente à do evento terá recursos mantidos
no Circulante quando estes forem recebidos ou pagos até o dia 31 de dezembro de 2019, isto
é: até o fim do exercício social seguinte.

Conhecer os elementos patrimoniais e compreender a sua separação entre Circulante e Não


Circulante é fundamental para o adequado registro das informações contábeis, principalmente
no que tange à elaboração das demonstrações contábeis, as quais constituem-se como a
forma de evidenciação da situação econômico-financeira e do desempenho da empresa.
Prosseguindo nesta unidade, você conhecerá um pouco mais sobre as demonstrações
contábeis no próximo tópico.

2.3 Demonstrações Contábeis


As demonstrações contábeis são o meio de comunicação entre a empresa e os seus usuários.
Simples assim! A partir da publicação das demonstrações contábeis, entenda que os usuários
têm conhecimento acerca da situação econômico-financeira e do desempenho da entidade.

O CPC apresenta um conceito para as demonstrações contábeis, confira.

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Quadro 2.2: Conceito de demonstrações contábeis

O Relatório Contábil-Financeiro de Propósito Geral


consiste em "demonstrações cujo propósito reside
no atendimento das necessidades informacionais dos
usuários externos que não se encontram em condições
de requerer relatórios especificamente planejados para
atender às suas necessidades peculiares".

Fonte: Adaptado de CPC (2011a).

Percebe-se, portanto, que as demonstrações contábeis são elaboradas, primária – mas não
exclusivamente, para os usuários externos à instituição. Você pode considerar como exemplos
de usuários externos: investidores, credores, fornecedores, governo etc. Eles fazem uso das
informações para sua tomada de decisão, como adquirir ações da empresa, continuar a
operação de fornecimento de produtos, taxar as atividades etc.

Figura 2.7: Os usuários externos possuem interesse nas demonstrações contábeis empresariais já que essas
pessoas ou órgãos não se encontram, necessariamente dentro da entidade ou envolvidas diretamente com ela

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

A ideia central das demonstrações contábeis é de que elas são elaboradas sob a premissa
subjacente da continuidade, isto é, são elaboradas e passam informações da empresa
ponderando-se que estas continuarão em operação nos próximos exercícios sociais e não
pretendem encerrar suas atividades em um período próximo de tempo.

Portanto, o objetivo das demonstrações contábeis é o de fornecer informações úteis a usuários


externos. Não é objetivo das demonstrações contábeis, no entanto, evidenciar o valor da entidade.

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A partir das informações obtidas sobre as demonstrações contábeis e do conhecimento sobre
os contextos social, econômico e político em que estão inseridas, os usuários estimarão o
valor da entidade.

Objetivo das demonstrações contábeis: gerar informação útil.

Para uma informação ser útil, é necessário que ela seja relevante e fidedigna.

Uma informação relevante é aquela que faz a diferença na tomada de


decisão, tendo valor preditivo, confirmatório ou ambos.

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Uma informação fidedigna é aquela que apresenta os dados contábeis
com veracidade, tendo que ser, portanto, completa, neutra e livre de erro.

O conjunto completo de demonstrações contábeis é previsto no Pronunciamento Técnico 26


(R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, emitido em 2011 pelo CPC. Na figura a
seguir, você encontra as demonstrações contábeis obrigatórias.

Figura 2.8: Conjunto completo de demonstrações contábeis

Balanço Patrimonial
ao fim do período;

Notas Explicativas, Demonstração do


compreendendo as Resultado do período;
políticas contábeis
significativas e outras
informações elucidativas e
informações comparativas. Demonstrações
Contábeis
Demonstração do
Resultado Abrangente
do período;
Demonstração dos
Fluxos de Caixa
do período; Demonstração das
Mutações do Patrimônio
Líquido do período;

Fonte: Adaptado do CPC (2011b).

Essas demonstrações contábeis fazem parte do plano de internacionalização das normas de


Contabilidade. No Brasil, há ainda a Demonstração do Valor Adicionado, que será elaborada e
evidenciada em casos específicos exigidos legalmente ou por órgão regulador.

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Figura 2.9: Demonstrações Contábeis são os relatórios que apresentam a posição
patrimonial, econômica, financeira e de desempenho das empresas

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Dentre as diferentes demonstrações existentes, nesta unidade, você estudará duas,


consideradas as mais importantes demonstrações contábeis sob o ponto de vista patrimonial
e de desempenho: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício.

2.4 Balanço Patrimonial


O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil cujo objetivo consiste em apresentar
a posição econômico-financeira da entidade em um determinado momento. Assim, o BP
evidenciará o Patrimônio da entidade em um dia específico do ano – geralmente o último dia
do exercício social.

Como você já estudou as contas patrimoniais de uma empresa, fica mais fácil compreender a
composição do Balanço Patrimonial. Conforme requerido pela Lei das Sociedades por Ações
e suas alterações, essa demonstração contábil evidenciará, por meio do grupo Ativo e do
grupo Passivo, todo o patrimônio de uma empresa. Veja, no quadro a seguir, um exemplo de
Balanço Patrimonial.

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Quadro 2.3: Modelo de BP

Companhia Modelo
Balanço Patrimonial em 31/12/2018 – em milhares de Reais
Ativo Passivo

Ativo Circulante Passivo Circulante


Caixa e equivalentes de caixa Salários a pagar
Clientes Fornecedores
Estoque de mercadorias Empréstimos a pagar
Seguros pagos antecipadamente
Passivo Não Circulante
Ativo Circulante Empréstimos a pagar
Realizável a Longo Prazo
Clientes Patrimônio Líquido
Imobilizado Capital Social
Veículos Reservas de lucros
Terrenos Reservas de capital

Total do Ativo Total do Passivo

Fonte: Adaptado da Lei das Sociedades por Ações (1976) e do CPC (2011b).

Observe que a elaboração do BP deve seguir uma sequência: deve conter um cabeçalho, que
especifique qual a empresa que está reportando a informação, a data da demonstração e a
moeda apresentada. Além disso, os itens serão evidenciados da forma que você já aprendeu:
Ativo – Circulante e Não Circulante e Passivo – Circulante, Não Circulante e Patrimônio Líquido.

Para fixar melhor o entendimento sobre esse assunto, veja como elaborar um Balanço Patrimonial.

A Companhia Modelo S.A. é uma empresa comercial, isto é, compra mercadorias para revenda.
A empresa iniciou suas atividades no dia 01 de janeiro de 2018 com um Capital Social de R$
500.000, distribuídos da seguinte forma:

• Moeda corrente: R$ 150.000

• Mercadorias para revenda: R$ 250.000

• Móveis e utensílios: R$ 40.000

• Veículos: R$ 60.000

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A partir do exposto, veja como se elabora o BP da Companhia em 01/01/2018.

Quadro 2.4: BP da Companhia Modelo

Companhia Modelo
Balanço Patrimonial em 31/12/2018 – em Reais
Ativo Passivo

Ativo Circulante Passivo Circulante


Caixa e equivalentes de caxa
150.000
Estoque de mercadorias
250.000
Passivo Não Circulante
Ativo Circulante
Imobilizado
Móveis e Utensílios Patrimônio Líquido
40.000 Capital Social
Veículos 500.000
60.000

Total do Ativo 500.000 Total do Passivo 500.000

Fonte: Elaborado pelas autoras (2018).

Veja, portanto, que todos os itens patrimoniais foram evidenciados. No momento da abertura
da empresa, a Companhia Modelo não possuía obrigação para com terceiros. No entanto,
com a realização de suas atividades, é muito comum que essas obrigações venham a ocorrer
e ser reconhecidas.

Perceba que a própria atividade habitual da empresa, que é a comercialização de produtos,


demandará novos registros, não é mesmo? A partir de tais registros, será apurado se a empresa
obteve lucro ou prejuízo e esse valor será evidenciado no BP.

Dando continuidade, a partir de agora, você estudará a apuração do resultado e sua evidenciação
na demonstração contábil que a representa.

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2.5 Apuração do Resultado e
Demonstração do Resultado do
Exercício
As empresas iniciam suas atividades com a prerrogativa de obter lucro. Assim, se inserem
em diferentes atividades, como o comércio, a prestação de serviços ou a indústria. Ao fim de
um exercício social, elas verificam todas as receitas auferidas e as despesas incorridas para
descobrir se obtiveram lucro ou prejuízo. Ficou claro? A seguir, compreenda como isso ocorre.

Primeiramente, é importante saber o que é resultado. De acordo com Ribeiro (2013), o resultado
apresenta as operações realizadas por uma empresa em um período. Assim, para apurá-lo,
você deve realizar o confronto entre as receitas e as despesas em um período, que consiste
em contas matemáticas simples: todas as receitas menos todas as despesas. Essa equação
pode apresentar três resultados: positivos, quando a empresa tem lucro; negativo, quando a
empresa tem prejuízo e nulo, quando tudo o que a empresa obteve de receita foi suficiente
apenas para cobrir suas despesas. Percebeu como é simples?

Atenção
Os termos “período” ou “exercício” referem-se ao exercício social da empre-
sa, ou seja, ao período contábil definido pela empresa para a consecução de
suas atividades. Muitas vezes, o exercício social das empresas coincide com o
calendário civil, iniciando-se em 01 de janeiro e encerrando-se em 31 de de-
zembro. A apuração de resultado é efetuada no último dia do exercício social.

Para a apuração do resultado é importante que você compreenda o que são receitas e despesas.

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Aumentos nos benefícios econômicos durante um período contábil, que
resultam em aumento do Patrimônio Líquido e que ocorrem por meio
de: aumento de Ativos ou diminuição de Passivos – e que não sejam de-
correntes de contribuição de sócios ou acionistas.

Diminuições nos benefícios econômicos durante o período contábil, que


resultam em diminuição do Patrimônio Líquido e que ocorrem por meio
de: saída de recursos ou redução de Ativos ou aumento de Passivos – e
que não sejam decorrentes de contribuição de sócios ou acionistas.

Fazem parte das contas de resultado de uma empresa:

• Receitas de vendas;

• Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos;

• Lucro bruto;

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• Despesas com vendas, gerais, administrativas;

• Outras despesas e receitas operacionais;

• Resultado antes das despesas financeiras;

• Resultado antes dos tributos sobre o lucro;

• Resultado líquido do período.

Nessas contas, serão registradas as transações que, ao apresentar saldo, serão evidenciadas na
Demonstração do Resultado do Exercício de uma empresa. Confira o balancete de verificação
referente às contas de resultado da Companhia Modelo, em 2018, imediatamente antes da
apuração do resultado do exercício.

Quadro 2.5: Balancete de verificação da Companhia Modelo

Companhia Modelo
Balancete de verificação – janeiro de 2018 a dezembro de 2018
Conta Saldo devedor Saldo credor

Receitas de vendas R$ 100.000

Custo das mercadorias vendidas R$ 48.000

Despesas administrativas R$ 5.000

Despesas financeiras R$ 3.000

Receitas financeiras R$ 6.000

Outras receitas R$ 5.000

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

A partir do confronto entre os saldos de receitas e despesas, é elaborada a apuração do


resultado do exercício, conforme você pode observar.

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Figura 2.10: Apuração do resultado da Companhia Modelo
Apuração do Resultado do Exercício
R$ 48.000,00 R$ 100.000,00
R$ 5.000,00 R$ 6.000,00
R$ 3.000,00 R$ 5.000

R$ 56.000,00 R$ 111.000,00
Fonte: Elaborada pelas autoras (2018).

Perceba, a partir da apuração do resultado, que os saldos credores são superiores aos saldos
devedores em R$ 55.000 = 111.000 – 56.000. Isso significa que o lucro, antes do imposto de
renda e da contribuição social, é de R$ 55.000,00. Esse valor decorre do confronto direto entre
todas as receitas e despesas da empresa. Após esse confronto, as informações são evidenciadas
por meio da Demonstração do Resultado do Exercício.

Entenda a DRE como uma demonstração contábil que evidencia a performance da empresa
durante um período. Por meio dela, os usuários podem visualizar como foi que a empresa
obteve receitas e de que forma ela incorreu em despesas, de forma a permitir que o usuário
verifique como a empresa gera seus recursos.

A DRE pode ser elaborada de duas formas, a partir do método da natureza da despesas e
método da função da despesa. Pelo método da natureza da despesa, as despesas são abordadas
de acordo com sua natureza, como as depreciações, as compras de materiais, os gastos com
transporte, publicidade etc. A seguir, você encontra um exemplo de composição de resultado
com base no método da natureza da despesa.

Quadro 2.6: Demonstração do Resultado do Exercício – método da natureza da despesa

Receitas
Outras receitas
Variação de estoque de produtos acabados e em elaboração
Materiais consumidos
Despesas com salários e benefícios
Outras despesas
Total das despesas
Resultado antes dos tributos
Despesas com tributos
Resultado líquido do exercício

Fonte: Adaptado do CPC (2011b).

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Pelo método da função da despesa, as despesas são apresentadas conforme sua função como
parte do custo dos produtos ou serviços vendidos. Assim, quando esse método é utilizado, é
necessário divulgar o custo dos produtos vendidos separadamente dos demais custos. Quando
as empresas optam por evidenciar esse método, elas devem declarar informações adicionais
sobre a natureza das despesas. Para fixar melhor, observe o quadro.

Quadro 2.7: Demonstração do Resultado do Exercício – método da função da despesa

Receitas
Custo dos produtos vendidos
Lucro bruto
Outras receitas
Despesas de vendas
Despesas administrativas
Outras despesas
Resultado antes dos tributos
Despesas com tributos
Resultado líquido do exercício

Fonte: Adaptado de CPC (2011b).

A escolha pelo método é prerrogativa da empresa, de forma que reflita que, geralmente, essa
elaboração é conforme o melhor custo/benefício.

Resultado líquido do exercício


Resultado apurado pela empresa, que pode ser lucro ou prejuízo.

Lucro
Quando as receitas são superiores às despesas.

Prejuízo
Quando as despesas são superiores às receitas.

As contas de resultado, ainda que não estejam evidenciadas no Balanço Patrimonial,


estarão nesta demonstração, pois o resultado apurado na Demonstração do Resultado do
Exercício será apresentado no Patrimônio Líquido, seja por meio das contas de reservas
de lucros e/ou destinações propostas ou por meio da conta de Prejuízos Acumulados.

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Síntese

Nesta unidade, você aprendeu quais os critérios de reconhecimento e mensuração de itens


patrimoniais, compreendendo o que são os grupos Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Além disso,
você pôde conferir a classificação entre itens do Ativo e do Passivo em Circulante e Não Circulante.

Os itens do Ativo são aqueles os quais a entidade possui controle, que decorrem de eventos
passados e dos quais esperam-se benefícios econômicos futuros. Os estoques de mercadorias
são, portanto, itens de Ativo.

Os itens do Passivo, por sua vez, consistem em obrigações da entidade que também decorrem
de eventos passados, as quais espera-se que a liquidação demande saída de recursos que
gerem benefícios econômicos. É representado pelo Capital de Terceiros. Uma obrigação de
pagar um fornecedor, que resulte de uma compra a prazo, é um exemplo de Passivo.

O Patrimônio Líquido, por fim, é a diferença entre os Ativos e os Passivos da entidade. O


Patrimônio Líquido é representado pelo Capital Próprio da entidade e a conta mais conhecida
deste grupo é o Capital Social.

Você aprendeu, nesta unidade, que há um conjunto de demonstrações contábeis previstas


pelas normas, sendo elas: Balanço Patrimonial ao fim do período; Demonstração de Resultado
do período; Demonstração do Resultado Abrangente do período; Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido do período; Demonstração dos Fluxos de Caixa do período e Notas
Explicativas, compreendendo as políticas contábeis significativas e outras informações
elucidativas e informações comparativas.

Os estudos foram focados em duas demonstrações principais no que diz respeito à posição
econômico-financeira e ao desempenho: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício.

Ao evidenciar conjuntamente os itens de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, você tem o Balanço
Patrimonial, certo? Você viu que o BP apresenta a posição econômico-financeira de uma empresa
em um determinado momento do tempo. Costuma-se dizer que o BP é uma fotografia de todo o
patrimônio da empresa: reflete tudo o que a empresa tem em um momento específico.

As operações habituais da empresa resultam em lucro ou prejuízo, que é apurado mediante


o confronto entre as receitas auferidas e as despesas incorridas por uma empresa em um
determinado período, geralmente um exercício social. Quando as receitas superam as despesas,
a entidade obtém lucro; quando as despesas são superiores às receitas, a entidade obtém
prejuízo. A existência do lucro gera obrigações tributárias, com o reconhecimento de despesas
com tributos que incidem sobre o lucro, como o imposto de renda e a contribuição social.

Em síntese, nesta unidade, você pôde compreender como é demonstrado o patrimônio


de uma entidade e, para percebê-lo, você aprendeu a apurar o resultado e evidenciá-lo na
Demonstração de Resultado.

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Referências

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades


por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L6404consol.htm>. Acesso em: 16 nov. 2018.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico nº 00


– R1 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro. Brasília, DF, 2011a. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/
Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2018.

______. Pronunciamento Técnico nº 26 – R1 – Apresentação das


Demonstrações Contábeis. Brasília, DF, 2011b. Disponível em: <http://static.
cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2012.pdf>. Acesso em: 16
nov. 2018.

FERREIRA, R. J. Contabilidade básica. 14. ed. Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2016.

RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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