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AULA 07 – Introdução a Licitação - Abrangência / Objetos

/ Conceito / Vigência / Finalidades / Princípios

LICITAÇÕES
A Administração precisa satisfazer algumas necessidades.
Algumas delas, são realizadas pelos próprios servidores. Contudo, alguns
serviços e produtos precisam ser buscados entre os particulares.

A licitação vai ser a ponte que vai ligar a Administração ao


terceiro contratado.

Diante da necessidade de contratação, surge a licitação, no


qual, é um procedimento administrativo prévio que o governo realiza
para contratação de bens e serviços, selecionando a proposta vai
vantajosa pra a Administração Pública, exigindo alguns critérios
técnicos, respeitando os princípios constitucionais e os específicos da Lei
Nº 14.133/2021.

Vejamos o que fala o artigo 37, XXI da CFRB, onde traz o dever da
Administração Pública em licitar:

Art. 37. (...)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,


serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

Como regra, sempre que a Administração Pública desejar


comprar, alienar, realizar serviços ou obras, deve realizar o
procedimento licitatório, derivado do Princípio da Indisponibilidade do
Interesse Público.

Excepcionalmente, pode ser realizada uma compra direta nos


casos previstos em lei.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as


modalidades, para as administrações públicas diretas,
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autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1°, III;

Art. 173. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa


pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços,
dispondo sobre: (...)

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e


alienações, observados os princípios da administração pública

O artigo traz que quem legisla as normas gerais é a União Federal,


trata-se de ato privativo, os Estados e Municípios podem tratar de
normas específicas que tratem de licitação. Ex. Decreto do Pregão
Municipal.

Lei Nº 14.133 de 01 de Abril de 2021


Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contratação
para as Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

ABRANGÊNCIA (Art. 1º)


Se aplica a todos os entes da federação. – U, E, DF, M

Administração Direta – Executivo, Legislativo e Judiciário.

Administração Pública Indireta – Autarquias, Fundações


Públicas.

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ATENÇÃO! Administração Pública Indireta - Empresa Pública e
Sociedade de Economia Mista também tem o dever de licitar, mas não
segue a lei Nº 14.133/2021, aqui devem ser observar a lei nº 13.303/2016
(Lei das Estatais) e, em relação a nova lei de Licitações, somente a
parte penal, nos termos do artigo 178 da Lei Nº 14.133/2021.

Atenção! Há aqui pegadinhas de concursos onde afirmam que as


Empresas Públicas e sociedades de Economia Mista não licitam, é um
erro, elas possuem o dever de licitar sim!

Fundos Especiais e Entidades Controladas – O Fundo é um


conjunto de recursos. Ex: FUNDEB, Fundo de combate ao COVID. Quem
deve fazer a licitação é o Gestor do Fundo.

Não se aplica a Lei Geral de Licitações para:

• As estatais, estas possuem a lei própria (Caixa, Banco do


Brasil...);

• Contratações que envolva recursos estrangeiros (exemplo,


UNESCO doa dinheiro para material didático, mas já possui
regras próprias para o uso deste);

• as repartições constantes no exterior (embaixada, por


exemplo);

• Reservas Internacionais (Gestão do dinheiro da União que


está alocado fora do Brasil).

OBJETOS
O que a administração deseja no futuro contrato. Pra que é
preciso licitar?

Lembre-se de: “Observe ali louco”

OB = Obras.

SERVI = Serviços.

ALI = Alienações.

LO = Locações.

CO = Compras.

Temos ainda:

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Na Concessão e Permissão de uso de bens públicos também são
necessárias uma prévia licitação, onde veremos melhor na matéria de
“Serviços Públicos”.

Contratação de Tecnologia da informação e de comunicação.


(TIC) também são objeto das contratações.

CONCEITO
“O procedimento administrativo pelo qual entidades
governamentais convocam interessados em fornecer bens ou serviços,
assim como locar ou adquirir bens públicos, estabelecendo uma
competição a fim de celebrar contrato com quem oferecer a melhor
proposta”. (Alexandre Mazza)

A lógica da Licitação é muito parecida com a lógica do


Concurso Público. O Concurso é o instrumento para a contração do
servidor, e a Licitação serve de instrumento a futura assinatura de um
contrato.

A administração quando quer comprar alguma coisa precisa de


um procedimento prévio, chamado licitação. Garantindo assim a
IMPESSOALIDADE!

Sem a Licitação, o Gestor Público faria a contratação dos mais


próximos a ele, e assim, não haveria necessariamente a contratação da
proposta mais vantajosa para a Administração.

Por fim, pode se afirmar que a LICITAÇÃO é um procedimento


administrativo prévio que o governo realiza para contratação de bens e
serviços, inclusive alienação de bens moveis e imóveis.

VIGÊNCIA (artigos 190 a 194)


A nova lei de licitações já entrou em vigor de imediato, ou seja,
desde o dia 01 de Abril a Lei está valendo no nosso ordenamento.

Vale ressaltar, que a antiga lei continua válida pelo prazo de dois
anos.

Após isso, será revogada a antiga lei por força da Lei Nº


14.133/2021, que instituiu esse prazo para que haja adaptação pela
Administração Pública, podendo nesse prazo utilizar tanto a antiga
como a nova.
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ATENÇÃO! Os crimes da antiga lei já foram revogados em virtude dos
novos crimes trazidos pela Lei Nº 14.133/2021.

FINALIDADES (art. 11)


A Licitação tem como finalidade ou objetivos viabilizar a melhor
contratação possível para o poder público, sempre buscando a
proposta mais vantajosa ao Estado, evitar contratações com
sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e
superfaturamento na execução dos contratos, buscar incentivar
inovações e o desenvolvimento nacional sustentável, bem como
permitir que qualquer pessoa tenha condições isonômicas de participar
das contratações públicas, desde que preencha os requisitos legais,
consoante disposição do art. 11, da Lei Nº 14.133/21.

A administração é responsável pela governança das


contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de
gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar
os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de
alcançar os objetivos estabelecidos na lei.

Além disso, deve promover um ambiente íntegro e confiável,


assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento
estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e
eficácia em suas contratações.

ISONOMIA:

Tratamento igualitário entre os licitantes, não deve haver


favorecimento, deve haver uma justa competição. Qualquer um pode
contratar com a Administração Pública.

Ex: Você pode verificar as licitações Municipais e Estaduais do Ceará


pelo site: https://licitacoes.tce.ce.gov.br/

ou https://pncp.gov.br/

SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA

Gera o resultado mais vantajoso, eficiência, melhor maneira


possível. Se ela pode ter a melhor proposta, não pode abrir mão e
contratar uma pior.

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Atenção ao ciclo de vida do objeto e ao custo de manutenção e
gastos na utilização – A proposta mais vantajosa deverá atender
também aos custos durante a vigência do Contrato.

EVITAR SOBREPREÇO e SUPERFATURAMENTO e PREÇO INEXEQUÍVEL

A Administração Pública considera um preço inexequível quando


a proposta está bem abaixo do esperado.

No caso de obras e serviços de engenharia, serão consideradas


inexequíveis as propostas cujos valores forem inferiores a 75% (setenta e
cinco por cento) do valor orçado pela Administração. (Art. 59, §4º)

A lei não define em outros casos que não sejam obras e serviços,
mas deverá ser adotada a razoabilidade em relação aos demais casos.

Ex: Água Mineral orçada em R$ 5,50 e chega uma proposta de uma


Água pelo valor de R$ 0,99.

Quando a proposta está muito abaixo (mas não manifestamente


inexequível), gerando dúvidas na administração ela pode exigir uma
garantia adicional, vejamos o que reza o artigo 59, § 5º:

Nas contratações de obras e serviços de engenharia, será


exigida garantia adicional do licitante vencedor cuja proposta
for inferior a 85% (oitenta e cinco por cento) do valor orçado
pela Administração, equivalente à diferença entre este último
e o valor da proposta, sem prejuízo das demais garantias
exigíveis de acordo com esta Lei.

A proibição ao SOBREPREÇO, incide diretamente no orçamento


realizado pela Administração Pública.

EX: A Administração faz um orçamento para compra de teclados para


computador e coloca que o valor médio é de R$ 100,00.

Em simples consulta no mercado verifica-se que o teclado, nos


parâmetros adotados, custa R$ 25,00, então restou consignada um
sobrepreço no orçamento.

Segundo o Art. 6º, LVI, o sobrepreço é preço orçado para


licitação ou contratado em valor expressivamente superior aos preços
referenciais de mercado, seja de apenas 1 (um) item, se a licitação ou

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a contratação for por preços unitários de serviço, seja do valor global
do objeto.

O resultado deste orçamento não deve ser superior aos preços de


mercado.

O SUPERFATURAMENTO é quando houver um dano ao patrimônio


público, aqui a Administração Pública já está pagando o valor acima
do mercado. No caso de obras, quando houver medições irregulares,
deficiência na execução ou que gere um desequilíbrio econômico
financeiro em desfavor da Administração Pública.

DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL

Produtos nacionais, não agressão ao meio ambiente. Privilégios


para microempresas. Incentivar a Inovação.

O desenvolvimento sustentável foi definido pela Comissão


Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Brasil, 2001, p. 38)
como sendo o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades”.

Segundo FIORILLO (2018), o desenvolvimento sustentável exige um


papel ativo estatal, com a finalidade de atingir um ponto de equilíbrio
entre o desenvolvimento social, econômico e utilização de recursos
naturais, devendo coexistirem, de modo que não anulem um ao outro.

Pressupõe um equilíbrio entre ser humano, natureza, economia e


relações de consumo, interligados entre si, proporcionando a satisfação
das necessidades das sociedades, através da utilização correta dos
recursos naturais, garantindo uma boa qualidade de vida e de
consumo para as gerações presente e futuras.

PRINCÍPIOS
O procedimento licitatório deve observar os princípios
constitucionais aplicáveis à Administração Pública, sejam os princípios
expressos no art. 37, caput, e demais dispositivos da Constituição
Federal, sejam aqueles implícitos no ordenamento jurídico, além dos
princípios específicos que serão abordados doravante.

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Dessa forma, todos os princípios aplicáveis à atuação do Estado
devem ser observados na realização de licitações públicas. Na nova lei
os princípios são expostos no artigo 5º. Vejamos:

Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios


da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade
administrativa, da igualdade, do planejamento, da
transparência, da eficácia, da segregação de funções, da
motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo,
da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade,
da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do
desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942
(Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).

“JoVeM, Sempre Licite Com Planejamento Pro País Desenvolver


Sustentável”

Vejamos abaixo a análise dos princípios aplicáveis de forma direta


às licitações públicas.

Julgamento Objetivo - O ato convocatório tem de conter critérios


objetivos de julgamento que não fiquem a margem das escolhas dos
julgadores. Portanto, o administrador não se deve valer de critérios que
não estejam previamente definidos no edital para definição do
vencedor do certame.

Pouco importa o sentimento pessoal do julgador, o julgamento


deve ser feito de acordo com os termos do instrumento, devem existir
critérios objetivos previamente fixados. Veda-se o que for sigiloso,
secreto, o reservado, o subjetivo.

EX: imagina uma licitação ocorre no tipo menor preço, e houve um


empate nas propostas de duas empresas com o mesmo valor. Esse
desempate pode ser feito de forma subjetiva? Qual o julgador achar
melhor? Na Lei há os critérios de desempate que deverão ser
observados.

EX: A Administração deseja adquirir através de licitação, uma Carro flex,


com AR CONDICIONADO, no tipo menor preço.

Temos 3 propostas.

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A) WW Gol 1.0, flex, com AR – R$ 30.000,00

B) Fiat Palio 1.0, flex, sem ar, R$ 25.000,00

C) Ford KA 2.0, flex, com ar, vidro elétrico – R$ 30.000,00

Quem ganhou licitação?

Se você disse “b”, errou, faltou um requisito do objeto da contratação.


O tipo é o “menor preço” desde que respeite os critérios mínimos do
objeto.

Então, quem ganhou a licitação?

Agora você vai dizer provavelmente “C”, a proposta mais vantajosa.

Vamos raciocinar juntos.

Não podemos admitir no meio da licitação que sejam criados novos


requisitos. Não podemos mudar as regras no meio do jogo. Se “A”
soubesse ele teria entregue uma proposta que incorporasse o mesmo
que “C” trouxe. Ele não trouxe porque ninguém pediu.

O que aconteceu aqui, foi um empate entre “A” e “C”.

Sugiro a leitura do artigo 60! Continuamos na próxima aula.

LEMBRE-SE

“Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se


propriedade do público.” - Thomas Jefferson

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