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A borboleta

Esta é uma história que eu adoro. É uma história da natureza. Eu a vi pela primeira
vez, terapeuticamente, no livro dos Lanktons, A resposta interior, um pouco diferente da
versão que vocês verão aqui; acrescida de detalhes que eu coloquei.
Acho que ela cabe bem no início e no final de uma terapia, como mostra que toda
mudança é possível, mas necessita de esforço e, às vezes, causa até dores necessárias.
Coloco-a em casos em que a pessoa precisa de um estímulo para acreditar que lá
dentro dela existe uma “pessoa linda” que pode aparecer, se ela se esforçar.
Por exemplo, pessoas deprimidas, obesas e com síndrome de pânico têm dificuldades
para acreditar que vão melhorar.
Você pode incluir inúmeros outros casos, sempre que você quiser dar a mensagem de
que toda mudança é possível, de que dentro de nós há sempre uma grande surpresa, um
reservatório de riquezas, habilidades, mas, para mudar, são necessários sacrifícios, tempo e
mudança (a terapia).
Eu tenho observado que, se eu coloco os valores da pessoa, as características da
pessoa, esta história toca fundo o coração e ajuda as mudanças.
Esta é a história de uma lagartinha (veja lá se a pessoa não tem fobia a lagartas!) que
rastejava pelo chão, chorando porque era “gorda, feia, sem emprego, triste”; tinha medo de
os homens a pisotearem; ficava sentida porque as flores e as plantas a rejeitavam, pois ela
queria comer suas folhas.
Mal sabiam elas que um dia esta lagarta as ajudaria em sua polinização e reprodução.
Mas ela chorava muito, achava que não tinha saída e ficava ali, isolada, com seu problema.
Até que uma coruja, sábia e amiga, disse-lhe que não precisava
chorar, porque lá dentro dela morava uma linda borboleta, bastava que ela se prontificasse a
fazer as mudanças e ela se transformaria em uma linda borboleta.
A lagarta, cheia de esperança, perguntou como. A coruja disse-lhe que bastava que ela
se fechasse em um casulo e já sofresse as transformações necessárias para as asas crescerem,
porque- na natureza
nada se cria, nada se perde, mas tudo se transforma (lei de Lavoisier)...
E ela poderia se transformar...
A lagarta pergunta: Mas, como criarei asas?
A coruja continua dizendo-lhe que bastava que ela se imaginasse de asas bem
coloridas, voando um voo de liberdade, pousando nas flores, sendo bem aceita pelos homens,
pulando de um jardim a outro, indo e vindo para onde quisesse, a favor do vento, contra o
vento...
Mas tudo com asas de liberdade que a fizessem olhar longe, leve e feliz... Isto bastaria
para que as asas começassem a crescer.
Viriam dores... Dores apenas necessárias para as mudanças.
Mas toda vez que, lá fechada em seu casulo, pensasse em suas asas, elas iriam crescer
(um pensamento é um ato em estado nascendi, lembrando Freud).
E assim, muito mais depressa do que ela poderia imaginar, tudo seria diferente, ela
sairia do casulo com asas, livre, voando, vendo o mundo lá do alto... Bem diferente de como
via antes...

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