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Alunos: nº USP:
Aulus Machado 11369364
Daniel Schwanke 9895951
Gabriel Amaral 11204363
Gustavo Rocha 11204370
Ismael Elvis 11204662
Pedro Baptista 10822103
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esse tratamento, foi de 40% dos casos (MANHART, et al, 2013). O antimicrobiano de
segunda linha mais utilizado é o moxifloxacino, o qual apesar de ter apresentado boas taxas
de cura, assim como os outros apresentou uma redução nessas taxas. Tal declínio foi
observado essencialmente em regiões da Ásia, onde os tratamentos falharam em
aproximadamente 30% dos casos (JERNBERG, et al, 2008). Uma enorme quantidade das
cepas de M. genitalium apresentou coincidentes mutações ocasionadores de resistência a
macrolídeos, fazendo com que as variadas opções de tratamento se tornassem escassas
(TERADA, et al, 2012). Quando azitromicina e moxifloxacino falham, é utilizada
pristinamicina, e apenas na dose máxima recomendada, posto que os pacientes estão
enfrentando a última terapia antimicrobiana conhecida (READ, et al, 2018).
Como fora descrito, os diferentes antibióticos utilizados cada vez encontram mais
barreiras para curar os quadros de infecções urogenitais causadas por Mycoplasma
genitalium, em razão do vertiginoso aumento da resistência das cepas dessa bactéria aos
antibióticos. Desta maneira, faz-se necessário a criação de fármacos que contenham outros
componentes, além dos antibióticos.
Uma das possíveis formas de atenuação da patogenicidade da bactéria é através do
enfraquecimento do biofilme formado nas regiões infectadas. Biofilmes são comunidades
organizadas e funcionalmente coordenadas de bactérias que adentram matrizes poliméricas
constituídas por si mesmas. Estes congregados começam necessariamente através da adesão
de um pequeno número de células bacterianas a uma superfície. Cada espécie de bactéria se
movimenta de uma forma específica, e uma vez que “se reconhece” contra uma superfície,
inicia um processo de síntese de material polimérico, o qual possibilitará sua adesão à
superfície e também a outras células. Essas comunidades são altamente funcionais por
diversos fatores: maior acessibilidade de nutrientes; proteção mecânica contra agentes
externos; barreira contra mecanismos e células de defesa dos hospedeiros; maior facilidade de
transferência horizontal de genes (COSTERTON, 1999).
Tal processo foi observado em um estudo realizado com a Mycoplasma genitalium,
onde concluiu-se que grande parte do biofilme formado por esta bactéria permanece
altamente inafetado pelo tratamento antibiótico, como efeito da proteção gerada pelos
componentes do biofilme (DAUBENSPECK, 2020). No mesmo estudo citado, houveram
fortes evidências de que M. genitalium possui material extrapolissacarídico composto de
PNAG (poli-N-acetil-D-glucosamina), muito presente em diversas espécies de bactérias.
Sendo formado por resíduos de GLcNAc (N-acetil-D-glucosamina) conectados por ligações β
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e parcialmente desacetilado (JOYCE, et al, 2003), a PNAG desempenha um papel essencial
na adesão intercelular e na aderência do biofilme a superfícies abióticas, assim como de
proteção contra as defesas do hospedeiro.
Em paralelo, demonstrou-se que o domínio C-terminal da enzima BpsB (proveniente
da bactéria Bordetella bronchiseptica) possui alta capacidade de hidrolisar glicosídeos,
clivando os dPNAG, componentes dos exopolissacarídeos de biofilmes. Isto coloca essa
enzima como um novo alvo das pesquisas para agentes terapêuticos focados em infecções
bacterianas com biofilme constituído deste polissacarídeo (LITTLE et al., 2015). A estrutura
da BpsB encontra-se abaixo na Figura 1.
2. OBJETIVOS
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● Elaborar um gel bioadesivo que compile o antibiótico azitromicina de efeito
comprovado contra Mycoplasma genitalium e enzimas recombinantes BpsB
com o intuito de conter a proliferação do biofilme bacteriano;
● Realizar testes de segurança para análise de toxicidade e efeitos colaterais;
● Administrar esse biogel via injeção intravaginal.
3. Materiais e métodos
Cepas isoladas de Mycobacterium genitalium serão obtidas por parceria com o laboratório
UAB diagnostic Mycoplasma (EUA). Placas de 96 poços serão mergulhadas em solução
contendo meio SP4. Em seguida, colônias de Mycoplasma genitalium serão inoculadas em
cada um dos poços, sendo que será observada a formação de biofilme nos poços. Será seguido
o protocolo descrito em DAUBENSPECK et al. (2020) para preparação de amostra para
visualização em microscópio eletrônico de varredura.
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primers forward e reverse foram criados a partir do software SnapGene 5.3.1, sendo que se
acrescentaram em suas sequências sítios de reconhecimento de enzimas de restrição. A
sequência do primer forward utilizado foi 5’ TTTGGATCCCTACCTCTGCGTCGGCTC 3’
(Sequência de reconhecimento de BamHI está sublinhada, Tm = 66°C), enquanto que a
sequência do primer reverse foi 5’ TTTCATATGATGTACAAGGTGGACATGCTCCC 3’
(Sequência de reconhecimento de Ndel está sublinhada, Tm= 63°C). Foi necessário inserir
um códon de iniciação (metionina) no primer reverse. As sequências TTT, presentes nos dois
primers, são uma recomendação da SnapGene para melhorar a atividade catalítica das
enzimas de restrição. Após a amplificação do gene, separou-se o fragmento de interesse de
2,1 kb dos outros fragmentos genômicos por eletroforese em gel de agarose. Em seguida, o
produto da PCR foi digerido pelas enzimas de restrição BamHI e NdeI, de forma a conseguir
realizar a inserção no plasmídeo pET-24c(+) (http://www.addgene.org/), que foi digerido de
forma idêntica. Este plasmídeo inclui sequência His-tag, que será usada posteriormente para
purificação da enzima. Para simular a inserção do fragmento no plasmídeo utilizou-se o
software SnapGene 5.3.1. Após a clonagem obteve-se o plasmídeo
pET-24c(+)-BpsB-DA-GH, representado nas figuras 2 e 3. Para confirmar que o plasmídeo
apresenta as sequências de interesse, será feita eletroforese em gel de agarose nas condições
descritas na Figura 4. Em seguida, Escherichia coli eletrocompetentes BL21 (DE3)
receberão o plasmídeo pET-24c(+)-BpsB-DA-GH através de eletrocorporação. Serão
selecionados os clones sobreviventes em ampicilina.
A cultura submersa para a preparação dos pré-inóculos e inóculos será realizada no meio
líquido Luria-Bertani (LB, triptona 1%, NaCl 1%, extrato de levedura 0,75%) acrescido de
ampicilina 150 µg/mL. Os frascos permanecerão no agitador orbital a 37°C, sob agitação
constante de 200 rpm. Para a indução da proteína recombinante será utilizado isopropil
β-D-1-tiogalactopiranosida (IPTG, Sigma Aldrich, USA). Inicialmente, deverá ser feito um
estudo para otimizar a expressão da proteína recombinante. Para isso, os seguintes parâmetros
serão determinados: melhor momento de indução de acordo com a curva de crescimento da
bactéria, concentração de IPTG ótima, tempo de indução ótimo e temperatura de indução
ideal. Desta forma, será possível já em Erlenmeyer selecionar os parâmetros ideais para a
expressão da proteína recombinante. Estes parâmetros deverão ser escalonados para os
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biorreatores, no qual deverão ocorrer estudos da concentração ótima de oxigênio e
determinação de parâmetros de transferência de massa (KAUR; KUMAR; KAUR, 2018).
A centrifugação das células para separação do meio de cultura será realizada a 5000 g por 15
min a 4°C. Em seguida, as células serão ressuspendidas em tampão de lise fosfato de sódio
50mM e lisadas por sonicação. O debris celular será separado por centrifugação e espera-se
que a proteína esteja na fração solúvel (sobrenadante). O processo de purificação da enzima
será realizado baseado na cromatografia de afinidade por íons metálicos imobilizados
utilizando a coluna HisTrap.
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Figura 3. Simulação da criação do plasmídeo pET-24c(+)-BpsB-DA-GH através do software
SnapGene. O genoma de Bordetella bronchiseptica está omitido na figura, sendo visível somente o
gene BpsB.
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Figura 4. Simulação de eletroforese em 1,2% de agarose gerada pelo software SnapGene 5.3.1,
supondo utilização do tampão de corrida Tris/Borato/EDTA (TBE) e coração com brometo de etídio.
MW = marcador de peso molecular de DNA (1 kb DNA Ladder, New England Biolabs); 1 =
Plasmídeo pET-24c(+); 2 = Plasmídeo pET-24c(+) cortado pelas enzimas de restrição NdeI e BamHI ;
3 = Plasmídeo pET-24c(+)-Bps-DA-GH ; 4 = Plasmídeo pET-24c(+)-Bps-DA-GH cortado pelas
enzimas NdeI e BamHI; 5 = Produto da PCR de Bps-DA-GH. Baseado em (ISHIDO; ISHIKAWA;
HIRANO, 2010).
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3.2 Antibiótico
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característica que pode ser de grande utilidade para formulação de géis para sistemas de drug
delivery, como os citados neste trabalho.
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Figura 5. Fluxograma representativo das vantagens da administração vaginal de fármacos (SILVA et
al., 2020).
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Figura 6. Curva de viscosidade em relação a temperatura de diversas formulações do gel (LIU et al.,
2009).
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- A concentração de enzima BpsB no gel deve ser entre 0,8 µM - 1,2 µM, conforme
previsto segundo ensaios de redução de biomassa de biofilme de diferentes espécies
(LITTLE et al., 2015).
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inflamatórios, caso o tratamento inicial recomendado não seja eficaz.
Como descrito anteriormente, o patógeno além de gerar desconfortos e inflamações na
região genital em ambos os sexos, pode gerar sangramentos e febre particularmente a
mulheres, gerando uma grande sensação de mal-estar. Assim, o bioproduto e o tratamento
proposto visam melhorar a saúde sexual e o bem-estar geral dos pacientes.
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bioproduto não cause problemas ou perca sua efetividade ao longo de sua fabricação e venda.
Resumindo, as etapas de surgimento de novos fármacos se encontram na Figura 7.
4. RESULTADOS ESPERADOS
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por PNAG para que as bactérias percam o fator de proteção que provém do biofilme -
incrementando a capacidade da azitromicina de atacar a bactéria (LITTLE et al., 2018).
Pode ser que o corpo forme anticorpos contra BpsB recombinante e, desta forma,
inviabilize a eficácia do bioproduto. Para contornar este problema, poderiam ser feitas
mutações nos epítopos da superfície de BpsB que são reconhecidos por células do sistema
imune. Desta forma, a concentração de anticorpos anti-BpsB diminuiria substancialmente.
Este procedimento deve ser feito com cautela, para não afetar a atividade catalítica da enzima
(MAZOR; KING; PASTAN, 2018).
No que se refere a aplicação de teste clínicos e pré-clínicos de segurança, serão
avaliados os possíveis efeitos colaterais e toxicológicos e espera-se que o bioproduto seja
aprovado pela Anvisa. Essa seria uma imprevisão da elaboração do bioproduto, visto que não
se sabe exatamente o comportamento do antibiótico e da enzima dentro do gel.
E por fim, imagina-se que, após a aplicação do gel, em pouco tempo suas
propriedades comecem a agir, já que a liberação dos fármacos começa muito rapidamente,
resultando no desaparecimento dos sintomas em poucos dias e, consequentemente, no retorno
da normalidade na vida dos até então infectados.
Vale ressaltar que se trata de uma tecnologia inovadora mas que, no entanto, possui
custo relativamente baixo, fazendo com que seja um tratamento mais acessível para a
população. E no Brasil, por exemplo, isso é de suma importância, visto que o sistema único
de saúde (SUS) possui uma verba anual fixa a ser destinada para tratamentos e medicamentos
para a população. Desta forma, trata-se de um projeto que visa contribuir, também, para a
democratização dos medicamentos e tratamentos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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enzima recombinante PgaB, capaz de desfazer biofilmes formados por essa bactéria, evitando
maior resistência patogênica. Logo, é um projeto com grande potencial, que utiliza técnicas
biotecnológicas modernas e inéditas para o tratamento da infecção por M. genitalium.
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5.3. Esquema visual da Produção do Gel Intravaginal
6. BIBLIOGRAFIA
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BACHARELADO EM BIOTECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
NOME: Biogel conjugado com enzima anti-biofilme para o tratamento alternativo de infecção por
Mycoplasma genitalium
OBJETIVO Padronizar o design dos géis bioadesivo contendo azitromicina e BpsB recombinante.
2. Antibiotico azitromicina
Procedimentos Riscos
a) Comprar azitromicina Aplicação: náuseas, dores de
cabeça, dores no abdômen
Referências
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E. coli: Roadblocks and reinforcements. International Journal of Biological Macromolecules, v.
106, p. 803–822, 2018;
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and in vivo sustained-release properties. European Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 37, n.
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SHERIF, A. Y.; M., Gamal Mohamed; ALANAZI, Fars Kaed. Novel in-situ gel for intravesical
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