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Faculdade de Veterinária
Patologia Veterinária Especial – 2020/02
Prova 4a área (17/05/2021)
Nome: Fabrício Pereira Mattos Cartão UFRGS: 232879
2. Como deve ser feita a coleta e a remessa de material para diagnóstico de um bovino com
doença neurológica que se suspeite de raiva.
As amostras de cerebelo, telencéfalo, medula espinhal e tálamo devem ser refrigeradas ou
congeladas (caso o laboratório seja longe ou se as amostras não serão enviadas rapidamente ao
laboratório), e deverão ser enviadas para o laboratório para realização de imunofluorescência
direta. Os demais órgãos coletados, incluindo o restante do sistema nervoso, devem ser
armazenados em solução de formol 10% e enviados para o laboratório de patologia, para realizar
o restante das avaliações patológicas.
4. Quais as regiões do sistema nervoso central são mais acometidas e devem ser
amostradas em casos de listeriose em bovinos e mieloencefalite por Sarcocystis neurona
em equinos?
Listeriose em bovinos: a bactéria ascende pelos nervos trigêmeo(V) e facial (VII) até o tronco
encefálico, através de lesões orais, causando meningoencefalite. A região mais acometida é a do
tronco encefálico. Portanto, devem ser coletados e amostrados: rombencéfalo (ponte e medula
oblonga) e mesencéfalo.
Mieloencefalite por Sarcocystis neurona em equinos: as regiões acometidas são tronco encefálico
e medula espinhal dos equinos, sendo essas regiões importantes serem coletadas e amostradas.
7. Cite três possíveis doenças neurológicas que podem ocorrer em suínos na fase de
creche e como diferenciá-las (achados de necropsia/histopatológicos).
Circovirose Suína: no SNC a lesão clássica é presença de petéquias no cerebelo e podendo ser
observado petéquias na medula espinhal. Há também o definhamento do animal.
Meningite Estreptocócica: o agente leva a uma meningite bacteriana e por isso os achados no
SNC serão depósito de fibrina, hiperemia das leptomeninges, acúmulo de material purulento no
sistema ventricular, levando a ependimite. Ainda pode ser observada pericardite e artrite.
Doença do edema de suínos: na necropsia é possível observar edema de cavidades (ascite,
hidrotórax), edema de subcutâneo, e como lesão patognomônica o edema da parede do
estômago. No SNC ainda é possível ver tumefação do telencéfalo e discreto achatamento das
circunvoluções.
Para diferenciar as doenças devemos levar em consideração os achados de necropsia como
edema da parede do estômago na doença do edema, na lesão por circovirose não iremos ter
presença de fibrina, ao contrário de uma lesão por bactéria no caso da meningite estreptocócica.
8. Descreva o aspecto das lesões no encéfalo de um gato com infecção por Cryptococcus
sp. e de um bovino com infecção por herpesvírus bovinos tipo-5.
Infecção por Cryptococcus: no aspecto macroscópico é possível observar lesões granulomatosas
nodulares e expansivas no SNC, de aspecto gelatinoso e com pouca inflamação;
Herpervírus bovino tipo-5: no aspecto macroscópico é possível observar como lesão
característica, malácia em córtex frontal e hemorragia, e ao decorrer da cronicidade da lesão é
possível ver perda de neurópilo de córtex frontal. As lesões são mais concentradas em substância
cinzenta, atingindo o cérebro de fora para dentro, ao decorrer do tempo da lesão podendo atingir a
substância branca.
12. Clostridium chauvoei causa qual doença? Por que afeta animais jovens não vacinados
de grande desenvolvimento muscular?
Carbúnculo sintomático. A bactéria fica na musculatura na forma esporulada, permanecendo
dormente até a ocorrência de algum trauma ou alteração que facilite a proliferação da bactéria, ao
criar um ambiente de anaerobiose. As toxinas produzidas pela bactéria causam uma necrose e
inflamação fibrinonecrótica aguda, causando bastante edema no local. Essa doença afeta, em
geral, bovinos de até 2 anos de idade. Quanto maior o desenvolvimento muscular do animal maior
potencial para desenvolver um local de anaerobiose no meio dessa musculatura.
14. Cite duas fontes de contaminação em animais por toxina botulínica. Existem alterações
na necropsia? Quais?
A primeira relacionada a deficiência de fósforo em bovinos, muito comum antigamente por causa
da ingestão de ossos na falta de sal. Havia muita toxina botulínica nesses ossos pois eles eram
resultado da degradação de animais que morreram e não foram enterrados. Essa forma é vista
basicamente em criações extensivas, com apresentação clínica esporádica. A segunda é a
ingestão da toxina no alimento ou água, uso de cama aviária com matéria orgânica de pintinhos
se decompondo. Nessa situação geralmente há surtos. Na necropsia não há lesão macroscópica.
Também não tem lesão microscópica. Para fechar o diagnóstico pode-se realizar ensaio biológico
em camundongos. Esse teste é bom somente pra aves, pois camundongos são mais resistentes
que bovinos para botulismos. Normalmente, se o animal tem a clínica, epidemiologia de botulismo
e não tem lesão micro nem macro, consideramos como botulismo mesmo sem dosar a toxina.
15. Cite as principais causas infecciosas de abortos em bovinos.
Trichomonas fetus: o agente habita o trato genital dos bovinos sendo uma doença venérea,
transmitida do macho para a fêmea. No macho a doença é assintomática já na fêmea, além de
outros sinais, o T. fetus pode levar ao aborto. O diagnóstico baseia-se no isolamento e
identificação do agente a partir dos fetos abortados.
Neospora caninum: o cão é o hospedeiro definitivo eliminando os oocistos no ambiente. Os
bovinos então se infectam através da ingestão dos oocistos, onde a forma mais importante de
transmissão é a transplacentária, levando a interrupção da gestação principalmente entre o 4º e 6º
mês de gestação. O diagnóstico se dá através da técnica de imunohistoquímica, dos tecidos dos
fetos abortados, e provas sorológicas, para identificação do protozoário.
Outros agentes podem ser causador de abortos em bovinos: bactérias (Brucella abortus,
Leptospira spp., Campylobacter spp.), bem como outras bactérias oportunistas (E.coli,
Streptococcus spp., Salmonella spp.). Vírus: vírus da diarreia viral bovina e rinotraqueite
infecciosa dos bovinos. Fungos: Aspergillus spp.