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1.

Explique detalhadamente as vantagens e desvantagens relativas da microscopia óptica


e eletrônica. Como você poderia visualizar melhor: (a)uma célula viva da pele; (b)uma
mitocôndria de levedura; (c)uma bactéria; (d) um microtúbulo. (5,0 pontos)

O microscópio surgiu na chamada “Revolução Científica'', assim como o telescópio, e


consiste em um instrumento capaz de ampliar objetos que, na maioria das vezes, não é
perceptível a olho nu. Por este motivo, o microscópio trouxe um novo olhar para a vida e
transformou a ciência. A palavra “microscópio” se origina da junção de duas palavras gregas,
“mikrós”, que significa pequeno, e “skopein”, que significa “olhar”. Apesar de muito se discutir
a respeito da origem do microscópio, registros apontam que Hans e Zacharias Janssen (1580-
1638) foram os seus precursores.
Ao longo dos anos, o microscópio foi sendo aperfeiçoado por diversos cientistas,
incluindo Robert Hooke (1635-1703), um cientista inglês que foi o responsável por diversas
contribuições científicas. Entretanto, uma que vale a pena destacar é a observação da
estrutura da cortiça que, mais tarde, em sua obra “Micrographia” nomeou tais estruturas de
“células”. Semelhantemente, no século XVII, Antony van Leeuwenhoek (1632-1723),
continuou a aperfeiçoar o instrumento e utilizou uma lente de vidro que lhe possibilitou um
aumento de até 300 vezes, permitindo-lhe assim estudar os glóbulos vermelhos do sangue e
constatar a existências dos espermatozóides, além de descobrir a existência dos
microrganismos (SCIELO, 2009).
Contudo, apesar de grande parte das descobertas na biologia terem sido realizadas a
partir de microscópios mais rudimentares, muitos avanços científicos não teriam sido
possíveis sem o seu auxílio. Os aprimoramentos realizados para chegar aos microscópios
que conhecemos hoje foram executados, principalmente, no sistema de iluminação e no tipo
de luz que passam pelos objetos de estudo. No geral, dois tipos de microscópios se destacam,
os ópticos e os eletrônicos. Os microscópios ópticos são considerados os parentes mais
sofisticados daqueles desenvolvidos por Robert Hooke. Os eletrônicos são ainda mais
recentes, desenvolvidos pelo um físico alemão Ernst Ruska em 1931, que possibilitou a
observação das estruturas de vírus e moléculas orgânicas (LEIPERT,
2021).
O limite de resolução de imagens a olho nu é da ordem de 0.2mm, sendo insuficiente
para visualizar objetos de estudo da microbiologia. Aqui entram os microscópios, os ópticos e
os eletrônicos, os quais são equipamentos laboratoriais que auxiliam nessa visualização. O
uso destes equipamentos varia de acordo com a finalidade do estudo e da amostra analisada.
Percebe-se, portanto, diferenças entres esses microscópios sendo necessário
destacá-las. Elas se diferem na fonte que possibilita a formação da imagem; nos ópticos é a
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luz visível. Nos eletrônicos são usados feixes de elétrons. Comparando os comprimentos de
onda dessas fontes de luz ou energia pode-se notar que nos feixes o comprimento de onda é
menor influenciando, assim, numa potente ampliação dos eletrônicos. Podendo analisar
material biológicos e/ou até outros tipos de materiais como partes de pedras preciosas,
cerâmicas etc. Entretanto, não é possível observar material vivo neles.
Dessa forma, os eletrônicos possibilitaram um avanço significativo na observação
pormenorizada dos microrganismos. Os mais difundidos são o microscópio eletrônico
de transmissão e o microscópio eletrônico de varredura. No site do NUEPE, Núcleo de Ensino,
Pesquisa e Extensão do Departamento de Biologia Celular da UFPR, traz vídeos explicando
sobre o papel desses microscópios em seus trabalhos de estudo.
Leva-se em consideração, nos microscópios de transmissão, a ampliação aproximada
é 1.000.000 x, analisando as estruturas internas de células de animais, vegetais e, além disso,
é muito útil para o estudo de vírus e vírus animais que causam doenças hoje. As observações
das amostras são feitas como “cortes” nas células resultando em imagens de alta resolução.
Já o microscópio de varredura a ampliação aproximada é 10.000 x dando uma alta resolução,
porém uma resolução da superfície da célula, como uma varredura da superfície dando uma
ideia tridimensional.
Nos microscópios ópticos o funcionamento é mais simples e seu poder de ampliação
chega até 1000 vezes. Esse número é resultado da multiplicação do poder de resolução das
lentes objetivas com a potência 10 da lente ocular. Esse conjunto de lentes - objetivas e
oculares - estão localizadas em extremidades opostas no microscópio.
Em uma dessas lentes, na objetiva, ocorre a formação da imagem. Entretanto, o
processo não para por aí. Sendo assim, é necessário entender o processo de formação da
imagem: uma luz incide no condensador atravessando a amostra e é encaminhada para o
canhão de lentes convergentes, a objetiva e a ocular. Quando o feixe luminoso atravessa a
lente objetiva, se forma uma imagem aumentada. Após isso, a lente ocular funciona como
uma lupa, ampliando e produzindo a imagem final. E o que permite o movimento do conjunto
objetiva-ocular é o tubo/canhão, o qual leva na aproximação ou afastamento.
Após este apanhado do funcionamento de cada tipo de microscópio agora será
descrito em qual tipo a observação das amostras abaixo pode ser possível:
(a)Uma célula viva da pele: Da mesma forma que os átomos são essenciais para as
estruturas químicas, as células são fundamentais para os seres vivos. A vida está moldada
nas células e elas podem ser classificadas em duas categorias: Procariontes e Eucariontes.
As células procariontes pertencem a organismos do Reino Monera (Bactérias e Algas Azuis),
já as células eucariontes fazem partes de todos os outros reinos. A diferença entre essas duas
categorias se deve, principalmente, pela presença da membrana nuclear. Enquanto as células
procariontes possuem nucleoides que permanecem em contato direto com o resto do
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protoplasma, as células eucariontes possuem um núcleo bem delimitado por um envoltório


nuclear, onde ocorrem as trocas nucleocitoplasmáticas. As células possuem uma dimensão
de 10 a 50 μm, sendo pequenas demais para serem observadas a olho nu, por este motivo
são utilizados equipamentos com poderosas capacidades de resolução. No caso de uma
célula viva da pele, é possível observá-la com o microscópio óptico, pois o seu alcance se
limita a 0,2 μm. Entretanto, algumas subestruturas celulares são ainda menores e exigem
equipamentos com um maior nível de observação, como os microscópios eletrônicos.
(b) uma mitocôndria de levedura: A mitocôndria é uma organela membranosa, pois
é delimitada por uma membrana externa e uma membrana interna, denominada cristas
mitocondriais, além disso, ela possui DNA próprio e ribossomos 70s. A mitocôndria é
responsável pela respiração celular, pois consome oxigênio e libera dióxido de carbono. Além
do mais, ela é a responsável pela produção de energia obtida através da oxidação de
moléculas de alimentos e produz trifosfato de adenosina, conhecido como ATP. Por fim, as
leveduras são fungos unicelulares, usados nos processos de fermentação, tanto para
produção de vinho, cerveja, quanto para o crescimento de pães. São seres eucarióticos,
porém são mais simples, com uma rápida reprodução e de fácil manipulação genética. Os
seus tamanhos variam de 1 a 5 µm de diâmetro, por isso a melhor maneira de visualizar uma
mitocôndria de levedura é por meio do microscópio eletrônico, porque permite uma maior
ampliação.
(c) uma bactéria: são grupos de seres procariontes que são classificados de acordo
com o tamanho, morfologia e arranjo. Variam de 0,3 por 0,8 até 10 por 25 micrômetro. Em
sua morfologia podem ser esféricas, cilíndricas ou espiraladas. Em seus arranjos podem ser
cocos ou bacilos. A sua importância está direcionada a várias áreas da vida dependendo de
qual grupo pertencem: são recicladoras de matéria orgânica, fixam nitrogênio, produção de
vinagre, produção de antibióticos e doenças. Podem ser visualizadas tranquilamente pelo
microscópio óptico dependendo de seu poder de resolução. Se for o de 1000 x, bactérias de
25 micrômetros podem ser observadas com a resolução de 25mm. Com esse raciocínio,
bactérias de 0,3 micrômetro podem ser observadas com resolução de 0,3 mm.
(d) microtúbulos: são estruturas alongadas no formato de cilindro que exercem a
função predominantemente esquelética da célula mantendo sua forma. Apresentam
diâmetros externos de 25nm e comprimentos, que podem chegar a atingir vários micrômetros.
Podem ser encontradas no citosol livres ou constituindo estruturas mais organizadas sendo
verdadeiras organelas microtubulares, como é o caso dos flagelos e centríolos. Com essa
descrição conclui-se que a visualização mais detalhada e pormenorizada dessas estruturas
pode ser feita no microscópio eletrônico de transmissão, pois, será necessário fazer um “corte”
na célula para observá-los. Esses microscópios tem um poder de ampliação que chega até
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1.000.000 x e quando analisamos essas estruturas tubulares de 25 nm passa a ter resolução


de 25 mm.

Referências

De Robertis, E. M. F., 1947 Biologia celular e molecular / Edward M. De Robertis, José Hib;
tradução Iara Gonzalez Gil, Maria de Fátima Azevedo. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.

LEIPERT. S. DW:Made for Minds. 1931: Físico alemão cria microscópio eletrônico. 09 mar
2021. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/1931-f%C3%ADsico-alem%C3%A3o-cria-
microsc%C3%B3pio-eletr%C3%B4nico/a-1136122>. Acesso em: 21 ago 2021.

SCIELO.J Bras Patol Med Lab. v.45, n.2. 2009. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/jbpml/a/4tVxPRqDwPZgjYyCcg5QVPd/?format=pdf&lang=pt#:~:text=A%20i
nven%C3%A7%C3%A3o%20do%20microsc%C3%B3pio%2C%20atribu%C3%ADda,obser%2D%2
0va%C3%A7%C3%A3o%20de%20seres%20vivos.>. Acesso em: 20 ago. 2021.

UFF. Plataforma de Microscopia Eletrônica. Qual a diferença entre microscópio ótico e


eletrônico?. Disponível em: < http://www.meib.uff.br/?q=content/qual-diferen%C3%A7a-entre-
microsc%C3%B3pio-%C3%B3tico-e-eletr%C3%B4nico>. Acesso em: 21 ago. 2021.

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