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ROTEIRO DE ESTUDOS
PROFESSORFrancisco Lopes
DISCIPLINAFilosofia – 3º BIMESTRE SÉRIE 3ª
TURMA A, B, C, D... TURNO Vespertino/Noturno DATA 19 10 2021
Nome do aluno: ____________________________________________________ Turma:______________
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2 – Leitura:
Leia atentamente e anote em seu caderno, os pontos que lhe chamaram a atenção.
Proceda À leitura do texto
Natureza e valores para Nietzsche
Estudioso da física, da química e principalmente da biologia, Friedrich Nietzsche se baseia nelas para
compreender o homem, seu comportamento, suas ações. Interessa-lhe o ser humano partícipe da natureza,
submetido a suas forças e a suas leis, componente do mundo. Assim, não é de um homem abstrato ou idealizado
que ele fala, mas do homem real.
Esse homem real, desde o nascimento, é submetido a valores – o elemento formador
da cultura. Os valores da cultura europeia, expressos no cristianismo, no socialismo
e no igualitarismo democrático, compõem uma moral que precisa ser superada.
Essa superação, por sua vez, não pode se dar na esfera limitada pelas noções de bem
e de mal – para Nietzsche, manifestações de uma “vitalidade descendente”; deve ir
além dessa esfera, alcançando a “vitalidade ascendente”, identificada com a vontade
de viver ou vontade de potência.
O ideal do super-homem
Superar os valores significa também superar o homem submetido a eles. Preso à suposta objetividade da ciência
e ao ressentimento moral cristão, o homem está sob o domínio da “moral do escravo“, em que se prezam os
valores que Nietzsche denomina “inferiores”: humildade, bondade, piedade, satisfação, amor ao próximo.
Esses valores são falsos e, ao contrário do que se acredita, controlam o homem em vez
de libertá-lo.
A liberdade pressupõe o abandono da condição de escravo. É preciso tornar-se senhor,
tomar-se potência. E isso implica a adoção de novos valores: a personalidade criadora
no lugar da objetividade, a virtu em vez da bondade, o orgulho substituindo a
humildade, o risco e não a satisfação, o amor ao distante e não o amor ao próximo.
O homem-senhor, o homem-potência, é o que Nietzsche chama “super-homem”: aquele capaz de assumir
riscos, ser criativo, orgulhar-se de si, amar o distante e ter a virtu renascentista. A moral do super-homem,
assim, é a negação da moral do escravo.
Ele tem a moral do senhor, a vontade de potência, que abole a culpa e o castigo, que afirma e dá sentido à vida.
Nietzsche e a morte de Deus
Ao proceder à transvaloração dos valores, Nietzsche os entende como “humanos, demasiado humanos“. Isso
significa que é o homem que deve dar sentido à própria vida. Até porque, afirma o filósofo, divindades não
existem. A vida é aqui. E agora.
“Deus está morto”
“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”, escreve Nietzsche em A gaia ciência,
§ 125. E se, em seguida, pergunta “como haveremos de nos consolar” – pressupondo luto no final do parágrafo
glorifica o ato, qualificando-o como o “mais grandioso” de todos os tempos, aquele que prenuncia um futuro
melhor, “e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior
a toda a história até hoje!”.
Ao anunciar a morte de Deus, Friedrich Nietzsche (1844-1900), na verdade, afirma a morte da metafísica,
noção filosófica da qual o cristianismo se apossou e que postula a existência de outro mundo além deste, um
mundo suprassensível que seria a origem, a referência e a finalidade de tudo aquilo que vive na Terra. A
religião, ao prometer nele a redenção, segundo Nietzsche, manipula os fracos, impondo-lhes a resignação e a
renúncia.
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Em relação à filosofia, a afirmação da existência desse suposto mundo suprassensível, inacessível aos sentidos,
desqualifica os sentidos, privilegiando a pretensa superioridade da razão. A esse procedimento racional, lógico,
abstrato, Nietzsche opõe a criatividade afirmativa, a multiplicidade da vida, a vontade de potência.
O eterno retorno
A doutrina do eterno retorno, em Nietzsche, a transvaloração dos valores, insere-se no contexto da cosmologia
nietzschiana. Para o filósofo, só há um mundo: este. E ele é eterno e infinito. Todavia, as forças que o compõem
são finitas. Como o tempo é infinito, só duas possibilidades se abrem: “ou o mundo atingiria um estado de
equilíbrio durável ou os estados por que ele passasse se repetiriam”.
No sistema do filósofo, porém, a força é dinâmica: busca tomar-se ainda mais forte a cada instante. Por isso,
não pode haver equilíbrio nem estabilidade. O que há é o combate incessante, com a vontade de potência
impulsionando a força ao domínio sobre as demais. Diante desse quadro, resta a alternativa da repetição.
Todos os dados são conhecidos: finitas são as forças, finito é o número de combinações entre elas, mas o
mundo é eterno. Daí se segue que tudo já existiu e tudo tomará a existir. Se o número dos estados por que passa
o mundo é finito e se o tempo é infinito, todos os estados que hão de ocorrer no futuro já ocorreram no passado.
Ao homem — que pela doutrina do eterno retorno está condenado a viver repetidas vezes, “sem razão ou
objetivo” — não cabe reclamar desse destino, mas aceitá-lo e amá-lo. Nietzsche chama essa aceitação
de amor fati (amor ao destino), pelo qual o ser humano, ciente de que não há poder transcendente que o
ampare, dá sentido à própria vida. Isso implica amar cada momento como ele se apresenta, “eternizando” o
presente.
3 - Atividade:
Com base na leitura do texto, proceda à resolução dos exercícios seguintes:
1 – No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem” em reação
ao que para ele era a crise cultural da época. Na década de 1930, foi criado nos Estados Unidos o Super-
Homem, um dos mais conhecidos personagens das histórias em quadrinhos. A diferença entre os dois “super-
homens” está no fato de Nietzsche defender que o super-homem
a) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, desprezando as noções de “bem”, “mal”, “certo” e “errado”, típicas
do cristianismo.
b) agiria de modo coerente com os valores pacifistas, repudiando o uso da força física e da violência na
consecução de seus objetivos.
c) expressaria os princípios morais do protestantismo, em contraposição ao materialismo presente no herói dos
quadrinhos.
d) representaria os valores políticos e morais alemães, e não o individualismo pequeno burguês norte-
americano.
e) totalizaria o tempo de vida mantendo a ilusão deque tudo mesmo parecendo logico, nada tem a ver com a
realidade.
2 - De acordo com a discussão que Nietzsche realiza sobre a origem dos valores morais, pode-se afirmar que:
a) a filologia mostra que as palavras usadas para designar a nobreza social adquiriram progressivamente o
sentido de nobreza de espírito;
b) a moral escrava tem sua origem no cristianismo, religião na qual a oposição entre bem e mal foi
primeiramente constituída;
c) na avaliação reativa, os fracos primeiro avaliam a si mesmos como bons e daí decorre a avaliação do outro, o
forte, como mau;
d) os gestos úteis foram inicialmente valorados como bons, tendo se tornado hábito passar a considerá-los como
bons em si;
e) os pontos marcantes da existência do bem e do mal são os mesmos no sentido da origem e dos fins.
3 - O pensamento de Nietzsche (1844 – 1900) orienta-se no sentido de recuperar as forças inconscientes, vitais,
instintivas, subjugadas pela razão durante séculos. Para tanto, critica Sócrates por ter encaminhado, pela
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primeira vez, a reflexão moral em direção ao controle racional das paixões. Nietzsche faz uma crítica à tradição
moral desenvolvida pelo ocidente. Marque a alternativa que indica as obras que melhor representam a crítica
nietzschiana.
a) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos
b) Microfísica do poder, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos
c) Memorias Póstumas de Brás Cubas e A Moreninha.
d) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, Anatomia do tempo.
e) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos