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SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTE

GOVERNO DO ESTADO DO ACRE


E. E. E. FUNDAMENTAL E MÉDIO PROFESSORA NAZIRA ANUTE DE LIMA

ROTEIRO DE ESTUDOS
PROFESSORFrancisco Lopes
DISCIPLINAFilosofia – 3º BIMESTRE SÉRIE 3ª
TURMA A, B, C, D... TURNO Vespertino/Noturno DATA 19 10 2021
Nome do aluno: ____________________________________________________ Turma:______________

Aula 05 A Filosofia de Nietzsche


Duração: 60 minutos
Caro Estudante!
Nosso objetivo neste encontro com o conhecimento é introduzir as noções básicas do pensamento do filósofo
alemão Friedrich Nietzsche. Explicitar o que Nietzsche compreende como vida e de que maneira está evidente a
mesma noção em algumas de suas obras filosóficas. Compreender o que é vontade de potência na filosofia de
Nietzsche, e entender moral e ética em seu pensamento, por meio da sua obra “A genealogia da moral”.
Apresentando Nietzsche
Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) chegou à filosofia por meio da leitura de Arthur Schopenhauer, o
que, com a admiração por Richard Wagner e a paixão pelo mundo grego, determinou, em boa
parte, seus primeiros escritos.
Nietzsche se propõe a fazer uma crítica dos valores morais que compõem a cultura. Mais do que
isso, ele coloca em questão esses valores e sugere transformá-los por completo.
Sua filosofia constitui uma exaltação de todos os valores vitais e é uma crítica da cultura, especialmente da
tradição filosófica e do cristianismo — que, segundo ele, levaram o homem à submissão e impediram-no de se
desenvolver como um “espírito livre”.
Centralizou sua doutrina em quatro pontos fundamentais: a vontade de potência, o super-homem, a auto
superação da moral e o eterno retorno.
A obra de Nietzsche supôs um ponto de inflexão na história da filosofia, uma vez que deu lugar ao
desenvolvimento de uma corrente de pensamento que teve uma enorme importância no século XX.
Em tomo desse núcleo ele desenvolveu um pensamento demolidor em relação à tradição, em todas as suas
manifestações: moral, religiosa, científica, filosófica. Para Nietzsche, todas elas deram sua contribuição
para oprimir o ser humano das mais diversas maneiras.
Suas críticas à tradição não se limitaram, porém, ao conteúdo da filosofia que produziu. Elas também se
apresentam no aspecto formal dessa produção.
Nietzsche não elaborou um sistema filosófico no sentido tradicional do termo. Seus textos, de reconhecido
valor literário, são, em parte, fragmentados. Pode-se dizer que Nietzsche fala por aforismos, sem a preocupação
de elaborar conceitos e encadeá-los.
Mas esses fragmentos compõem uma unidade, uma filosofia de novo tipo, liberada das amarras do
encadeamento de razões.
Comentário (opcional): ............................................................................................................................................
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2 – Leitura:
Leia atentamente e anote em seu caderno, os pontos que lhe chamaram a atenção.
Proceda À leitura do texto
Natureza e valores para Nietzsche
Estudioso da física, da química e principalmente da biologia, Friedrich Nietzsche se baseia nelas para
compreender o homem, seu comportamento, suas ações. Interessa-lhe o ser humano partícipe da natureza,
submetido a suas forças e a suas leis, componente do mundo. Assim, não é de um homem abstrato ou idealizado
que ele fala, mas do homem real.
Esse homem real, desde o nascimento, é submetido a valores – o elemento formador
da cultura. Os valores da cultura europeia, expressos no cristianismo, no socialismo
e no igualitarismo democrático, compõem uma moral que precisa ser superada.
Essa superação, por sua vez, não pode se dar na esfera limitada pelas noções de bem
e de mal – para Nietzsche, manifestações de uma “vitalidade descendente”; deve ir
além dessa esfera, alcançando a “vitalidade ascendente”, identificada com a vontade
de viver ou vontade de potência.
O ideal do super-homem
Superar os valores significa também superar o homem submetido a eles. Preso à suposta objetividade da ciência
e ao ressentimento moral cristão, o homem está sob o domínio da “moral do escravo“, em que se prezam os
valores que Nietzsche denomina “inferiores”: humildade, bondade, piedade, satisfação, amor ao próximo.
Esses valores são falsos e, ao contrário do que se acredita, controlam o homem em vez
de libertá-lo.
A liberdade pressupõe o abandono da condição de escravo. É preciso tornar-se senhor,
tomar-se potência. E isso implica a adoção de novos valores: a personalidade criadora
no lugar da objetividade, a virtu em vez da bondade, o orgulho substituindo a
humildade, o risco e não a satisfação, o amor ao distante e não o amor ao próximo.
O homem-senhor, o homem-potência, é o que Nietzsche chama “super-homem”: aquele capaz de assumir
riscos, ser criativo, orgulhar-se de si, amar o distante e ter a virtu renascentista. A moral do super-homem,
assim, é a negação da moral do escravo.
Ele tem a moral do senhor, a vontade de potência, que abole a culpa e o castigo, que afirma e dá sentido à vida.
Nietzsche e a morte de Deus
Ao proceder à transvaloração dos valores, Nietzsche os entende como “humanos, demasiado humanos“. Isso
significa que é o homem que deve dar sentido à própria vida. Até porque, afirma o filósofo, divindades não
existem. A vida é aqui. E agora.
“Deus está morto”
“Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”, escreve Nietzsche em A gaia ciência,
§ 125. E se, em seguida, pergunta “como haveremos de nos consolar” – pressupondo luto no final do parágrafo
glorifica o ato, qualificando-o como o “mais grandioso” de todos os tempos, aquele que prenuncia um futuro
melhor, “e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste ato, de uma história superior
a toda a história até hoje!”.
Ao anunciar a morte de Deus, Friedrich Nietzsche (1844-1900), na verdade, afirma a morte da metafísica,
noção filosófica da qual o cristianismo se apossou e que postula a existência de outro mundo além deste, um
mundo suprassensível que seria a origem, a referência e a finalidade de tudo aquilo que vive na Terra. A
religião, ao prometer nele a redenção, segundo Nietzsche, manipula os fracos, impondo-lhes a resignação e a
renúncia.

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Em relação à filosofia, a afirmação da existência desse suposto mundo suprassensível, inacessível aos sentidos,
desqualifica os sentidos, privilegiando a pretensa superioridade da razão. A esse procedimento racional, lógico,
abstrato, Nietzsche opõe a criatividade afirmativa, a multiplicidade da vida, a vontade de potência.
O eterno retorno
A doutrina do eterno retorno, em Nietzsche, a transvaloração dos valores, insere-se no contexto da cosmologia
nietzschiana. Para o filósofo, só há um mundo: este. E ele é eterno e infinito. Todavia, as forças que o compõem
são finitas. Como o tempo é infinito, só duas possibilidades se abrem: “ou o mundo atingiria um estado de
equilíbrio durável ou os estados por que ele passasse se repetiriam”.
No sistema do filósofo, porém, a força é dinâmica: busca tomar-se ainda mais forte a cada instante. Por isso,
não pode haver equilíbrio nem estabilidade. O que há é o combate incessante, com a vontade de potência
impulsionando a força ao domínio sobre as demais. Diante desse quadro, resta a alternativa da repetição.
Todos os dados são conhecidos: finitas são as forças, finito é o número de combinações entre elas, mas o
mundo é eterno. Daí se segue que tudo já existiu e tudo tomará a existir. Se o número dos estados por que passa
o mundo é finito e se o tempo é infinito, todos os estados que hão de ocorrer no futuro já ocorreram no passado.
Ao homem — que pela doutrina do eterno retorno está condenado a viver repetidas vezes, “sem razão ou
objetivo” — não cabe reclamar desse destino, mas aceitá-lo e amá-lo. Nietzsche chama essa aceitação
de amor fati (amor ao destino), pelo qual o ser humano, ciente de que não há poder transcendente que o
ampare, dá sentido à própria vida. Isso implica amar cada momento como ele se apresenta, “eternizando” o
presente.

3 - Atividade:
Com base na leitura do texto, proceda à resolução dos exercícios seguintes:
1 – No século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem” em reação
ao que para ele era a crise cultural da época. Na década de 1930, foi criado nos Estados Unidos o Super-
Homem, um dos mais conhecidos personagens das histórias em quadrinhos. A diferença entre os dois “super-
homens” está no fato de Nietzsche defender que o super-homem
a) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, desprezando as noções de “bem”, “mal”, “certo” e “errado”, típicas
do cristianismo.
b) agiria de modo coerente com os valores pacifistas, repudiando o uso da força física e da violência na
consecução de seus objetivos.
c) expressaria os princípios morais do protestantismo, em contraposição ao materialismo presente no herói dos
quadrinhos.
d) representaria os valores políticos e morais alemães, e não o individualismo pequeno burguês norte-
americano.
e) totalizaria o tempo de vida mantendo a ilusão deque tudo mesmo parecendo logico, nada tem a ver com a
realidade.

2 - De acordo com a discussão que Nietzsche realiza sobre a origem dos valores morais, pode-se afirmar que:
a) a filologia mostra que as palavras usadas para designar a nobreza social adquiriram progressivamente o
sentido de nobreza de espírito;
b) a moral escrava tem sua origem no cristianismo, religião na qual a oposição entre bem e mal foi
primeiramente constituída;
c) na avaliação reativa, os fracos primeiro avaliam a si mesmos como bons e daí decorre a avaliação do outro, o
forte, como mau;
d) os gestos úteis foram inicialmente valorados como bons, tendo se tornado hábito passar a considerá-los como
bons em si;
e) os pontos marcantes da existência do bem e do mal são os mesmos no sentido da origem e dos fins.

3 - O pensamento de Nietzsche (1844 – 1900) orienta-se no sentido de recuperar as forças inconscientes, vitais,
instintivas, subjugadas pela razão durante séculos. Para tanto, critica Sócrates por ter encaminhado, pela
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primeira vez, a reflexão moral em direção ao controle racional das paixões. Nietzsche faz uma crítica à tradição
moral desenvolvida pelo ocidente. Marque a alternativa que indica as obras que melhor representam a crítica
nietzschiana.
a) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos
b) Microfísica do poder, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos
c) Memorias Póstumas de Brás Cubas e A Moreninha.
d) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, Anatomia do tempo.
e) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos

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