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Disciplina: Linguagem e oralidade.

Nome: Amanda Gusmão RA: 728250


Nome: Guilherme Teixeira RA: 728261
Nome: Gustavo Diniz RA: 728263

O que podemos logo a primeira vista é dizer que o debate na Rede de Televisão
Bandeirantes entre Lula Inácio da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) para discutir o plano
do governo federal para os anos de 2007 a 2010 foi acirrado e tenso, percebemos que as trocas
de argumentos entre os dois candidatos oscila entre dois principais tópicos discursivos: o
primeiro aponta a privatização e a falta de programas sociais no governo de São Paulo e o
outro desqualifica a presidência anterior por causa dos escândalos nacionais de corrupção.
Além disso, observamos qual é a bagagem que cada um dos candidatos traz para essa
eleição: Alckmin governador do Estado de São Paulo várias vezes não só retoma questões de
seu mandato desde 2003 mas cita em inúmeras ocasiões Mario Covas, anterior governador de
São Paulo e também seu antigo colega de partido; por sua vez, Lula usa com grande empenho
como exemplo sua postura como Presidente da República nos quatro anos anteriores.
Quando se trata da troca de turnos conversacionais em um debate político existem
regras pré-definidas que não ocorrem em uma conversa cotidiana. Isso porque o contexto
conversacional exige que o tempo de fala de cada candidato seja limitado e se tratando desse
debate de 2006 especificamente Geraldo Alckmin acaba excedendo esses limites diversas
vezes por perder a calma em variados momentos, o que acaba fazendo ele perder certos níveis
de credibilidade.
Lula também ganha vantagem nesse debate por ser mais experiente em discursos
públicos, esse aspecto fica mais claro quando se analisa a construção de enunciados dos dois
candidatos. O petista tem uma maior facilidade em construir sentenças, usando a seu favor e
de maneira consciente a coordenação e a subordinação entre as frases, enquanto Alckmin
mostra mais dificuldade em transmitir ideias mais longas e aposta para frases curtas e de
impacto como, por exemplo, chamar o seu adversário de mentiroso, parafraseando essa
acusação de maneira indireta em diferentes subtópicos tratados durante o debate.
Transcrição do debate

[Lula]: Deve... olhar pra cara do povo e dizer um pouco a verdade. Sessenta e nove
pedidos de CPI foram engavetados. A que preço, eu não sei. Eu sei que a maioria do
governo permitiu que nenhuma. Ao contrário do meu governo, que não movimentei um
dedo pra impedir nenhuma CPI – e se quiser vim fazer mais, podem fazer. Porque eu
sou de uma formação pobre, mas uma formação de que quem não deve, não teme. A
verdade é que o Barjas Negri foi secretário... secretário do CDHU que movimentava
mais de um bilhão de reais. Tem cento e duas condenações provisórias do Tribunal de
Contas do Estado. E uma das empresas contratadas é de um senhor chamado Abel, que,
segundo informações da imprensa, estava lá pra comprar o dossiê. Mesmo assim, o
governador disse que não sabia. O governador sabe que, se tem um brasileiro que não
tinha interesse...
[Jornalista]: Seu tempo, candidato...
[Lula]: ...nisso, era eu.
[Jornalista]: Eu quero solicitar à plateia, em benefício do debate, que ela não se
manifeste, pelo menos durante as respostas, tréplicas e réplicas. Agora mais um minuto
para o candidato Alckmin.
[Alckmin]: Quanta mentira. Quanta mentira. Como o Lula mudou. Veja, as CPIs só
saíram porque o Roberto Jefferson falou pro Brasil, contou a verdade pro Brasil; senão
ninguém estaria ficando sabendo. Saiu em todos os jornais, todas as revistas: “Crise no
PT”, porque alguns deputados do PT, inclusive o senador Suplicy, tinham assinado o
pedido de CPI. O governo foi derrotado, derrotado. Por isso que saíram as CPIs, e
saíram pela força dos fatos. [Inaudível] todos os fatos comprovados. O mensalão.
Milhões e milhões de reais, dinheiro vivo, dinheiro na conta, Valérioduto, BMG. Aliás,
o BMG, estranhamente, o primeiro banco da rede bancária a receber crédito consignado,
uma verdadeira articulação...
[Jornalista]: Seu tempo, candidato...
[Alckmin]: Em detrimento do dinheiro [inaudível]
[Jornalista]: No próximo bloco, continuaremos. Candidato pergunta para candidato.
Fique com a gente. Eleições 2006: debate. Você decide na Band.
[Jornalista]: Voltamos com o primeiro debate do segundo turno entre os candidatos à
Presidência da República. Participam desta transmissão ao vivo, da Band, a TV Band
News, as rádios Bandeirantes e BandNews FM. Neste bloco, candidato pergunta para
candidato. Acompanhe as regras.
[Regras do debate]
[Jornalista]: O primeiro a perguntar neste bloco, seguindo a ordem definida em sorteio,
é Luís Inácio Lula da Silva. Candidato, quarenta e cinco segundos.
[Lula]: Eu vou perguntar outra vez, porque o governador não respondeu. Governador, a
obrigação de um governante é mandar apurar toda denúncia que recebe. Foi o que
sempre fiz e a prova está aí. Nunca deixei nada sem apurar, doa a quem doer. O senhor
vive dizendo que o presidente tem obrigação de saber de tudo que se passa ao seu redor,
mas, quando era governador, o senhor ficou sabendo de fatos graves e impediu que a
sociedade soubesse sobre eles, como também evitou que fossem apurados. Eu quero
dizer o seguinte, governador: por que que nenhuma das sessenta e nove CPIs foram
implantadas? Pode ser que meia dúzia delas não valesse nada, mas certamente a da
FEBEM, a do CDHU e a do Rodoanel valeria a pena, governador.
[Alckmin]: Olha, primeiro eu queria dizer que, em relação à questão... é... do bloco
anterior, a questão do dinheiro, não precisa, candidato, fazer tortura pra saber de onde
veio o dinheiro, dinheiro da corrupção. É só perguntar pro PT. O dinheiro foi pego em
quarto de hotel com membros do PT, que foram presos e que disseram com quem eles
falaram. É só perguntar, não precisa haver tortura. Claro que eles sabem, só chamar os
seus amigos, amigos de trinta anos, e perguntar. Em relação à questão das CPIs, quem
escreveu aí -- o candidato tá lendo --, esqueceu de dizer pra ele, quando fosse ler a
questão da CPI, que na assembleia legislativa de São Paulo, desde 1988 o regimento
interno da Assembleia Legislativa do estado, ela estabelece (que) tem que votar em
plenário pedido (de) CPI. Faz quase vinte anos que é assim. Eu não... Aliás, a maioria
das CPIs... era CPI do Apito, CPI do Ibope, CPI de Juiz de Futebol. Sobre Rodoanel, é a
obra mais barata do país: doze milhões por quilômetro. A Bandeirante é treze, Ayrton
Senna é 18, a Carvalho Pinto é 24. Obra Rodoanel Mário Covas, obra feita pelo Mário
Covas e por mim, e, aliás, estamos fazendo agora o Rodoanel Sul sem um centavo do
Governo Federal. O governo do Lula é contra o Rodoanel, não ajuda o nosso estado.
Nenhum centavo do Governo Federal. Nós temos um... um governo aprovado, sessenta
e nove por cento de ótimo e bom. Aliás, eu quero, sim, comparar os nossos governos
porque, aqui em São Paulo, onde nós dois somos conhecidos e fomos comparados, eu
tive mais de quatro milhões de votos.
[Jornalista]: É o tempo, candidato. Um minuto para a réplica do candidato Lula.
[Lula]: [Inaudível] Tudo menos porque não permitiu as CPIs. Agora o Supremo
Tribunal Federal, parece que vai decidir esse assunto. Eu queria dizer ao governador
que eu gostaria de comparar, porque é verdade que possivelmente não tenhamos
colocado um centavo pra fazer a segunda parte do Rodoanel; mas é verdade que quem
cuida das políticas sociais daqui no Estado de São Paulo somos nós. Inclusive, no
Programa Dose Certa, que o governador faz tanta propaganda, sessenta e quatro milhões
do dinheiro do Dose Certa é do Governo Federal, embora o Governo Federal não seja
sequer citado. Eu queria dizer ao governador: nós nos conhecemos há muito tempo. Não
sei se você tem alguma coisa contra ler, porque eu não tive tempo de ficar decorando
pergunta. Parece que o senhor fez algum curso de psicodrama, esses dias, para ficar
decorando. Mas não se preocupe com a minha leitura, não. Não se preocupe, isso não
pode lhe incomodar. O que eu quero é que fale concretamente sobre a diferença dos
nossos governos...
[Jornalista]: O tempo, candidato...
[Lula]: [Inaudível] ...social.
[Jornalista]: A tréplica agora, com um minuto.
[Alckmin]: A primeira diferença é de caráter. O Mário Covas dizia: “Se, no meu
governo, alguém errar, fui eu que errei, porque eu que o pus lá. Assumir
responsabilidade. Eu não me omito, eu não jogo nas costas dos amigos os problemas do
governo, eu assumo responsabilidades. As responsabilidades do meu governo são
minhas e eu as assumo. E queria dizer que, em relação... voltando às políticas sociais.
Aqui em São Paulo, quem faz Saúde é o Governo do Estado. Nós fizemos dezenove
hospitais. Governo Lula, zero. Zero, zero. Aliás, a fábrica de hemoderivados, o que ele
fez foi criar uma estatal, a Hemobrás, e o Brasil... Pros amigos do PT... E o Brasil
continua importando hemoderivados do Instituto Pasteur na França. Propus criar fábrica
de hemoderivados, mas o que saiu foi mais uma empresa...
[Jornalista]: Candidato...
[Alckmin]: Hemobrás.
[Jornalista]: Agora a pergunta do candidato Geraldo Alckmin. Quarenta e cinco
segundos.
[Alckmin]: O meu adversário sempre costuma dizer: “Nunca antes, na história do
Brasil...” E nunca antes, na história do Brasil, nós tivemos cinco ministros denunciados
pelo procurador da república, indiciados pela polícia ou denunciados por corrupção.
José Dirceu, pelo procurador-geral, chefe da quadrilha. Ministro Luiz Gushiken,
condenado, denunciado no escândalo do Mensalão... Aliás, continua no seu governo,
recebendo dinheiro público. Humberto Costa, nos Vampiros. Palocci, na violação do
sigilo do caseiro. Anderson Adauto, no Valérioduto.
[Jornalista]: Tempo.
[Alckmin]: Cinco ministros. Não sabia, candidato?
[Lula]: O estranho... O estranho não é ter um ministro envolvido, o estranho é ter um
governo que pune os ministros que comete erro. Porque, antigamente, o que se fazia
nesse país era levantar o tapete e jogar.

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