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ENGENHARIA ECONÔMICA

PROFESSOR :
DAGOBERTO STEIN DE QUADROS
ENGENHEIRO FLORESTAL
TÉCNICO EM TRANSAÇÕES IMOBILIÁRIAS
ESPECIALISTA EM ECONOMIA INDUSTRIAL
ESPECIALISTA EM PROJETOS E VIABILIDADE ECONÔMICA
ESPECIALISTA EM FINANÇAS
MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO DE NEGÓCIOS
DOUTOR EM ENGENHARIA FLORESTAIS
dagobert@furb.br

FEV/2018
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6
2 ANÁLISE DE MERCADO ...................................................................................................... 7
2.1 Lei da Oferta e da Demanda .......................................................................................... 7
2.1.1 Curva da Demanda .................................................................................................. 7
2.1.2 Curva da Oferta ........................................................................................................ 7
2.1.3 Ponto de Equilíbrio de Mercado .............................................................................. 8
2.1.4 Deslocamentos das Curvas da Oferta e da Demanda ......................................... 9
2.1.4.1 Deslocamento da Curva da Demanda ............................................................ 9
2.1.4.2 Deslocamento da Curva da Oferta ................................................................ 10
2.1.4.3 Deslocamento da Curva da Oferta e da Demanda ...................................... 10
2.1.5 Elasticidade de Oferta e Demanda ....................................................................... 11
2.1.5.1 Elasticidade da Demanda ............................................................................... 11
2.1.5.2 Elasticidade da Oferta..................................................................................... 12
2.2 ESTRUTURAS DE MERCADO ................................................................................... 14
2.2.1 Concorrência Perfeita ............................................................................................ 14
2.2.2 Concorrência Imperfeita ........................................................................................ 14
2.2.2.1 Monopólio ......................................................................................................... 14
2.2.2.2 Oligopólio ......................................................................................................... 14
2.2.2.3 Monopsônio...................................................................................................... 14
2.2.2.4 Oligopsônio ...................................................................................................... 14
2.2.2.5 Concorrência Monopolística ........................................................................... 14
3 CUSTOS................................................................................................................................ 15
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DE PREÇOS DE VENDA ................... 15
3.1.1 Primeira Fase.......................................................................................................... 15
3.1.2 Segunda Fase......................................................................................................... 15
3.1.3 Terceira Fase .......................................................................................................... 15
3.1.4 Quarta Fase ............................................................................................................ 16
3.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................. 16
3.2.1 Conceitos Fundamentais de Custo....................................................................... 16
3.2.2 Custos e Despesas ................................................................................................ 16
3.2.3 Objetivos de um Sistema de Custo ...................................................................... 17
3.2.4 Regime de Competência e de Caixa .................................................................... 17
3.2.4.1 Regime de Caixa ............................................................................................. 17
3.2.4.2 Regime de Competência ................................................................................ 17
3.2.5 Custo Econômico e Custo Contábil ...................................................................... 18
3.2.6 Curto e Longo Prazo .............................................................................................. 18
3.2.7 Métodos de Avaliação de Estoque ....................................................................... 19
3.2.7.1 Primeiro a Entrar Primeiro a Sair ................................................................... 19
3.2.7.2 Último a Entrar Primeiro a Sair ...................................................................... 19
3.2.7.3 Método da Média Ponderada ......................................................................... 19
3.2.7.4 Próximo a Entrar Primeiro a Sair ................................................................... 20
3.2.8 Metodologias de Custeio ....................................................................................... 20
3.2.8.1 Custeio por Absorção ..................................................................................... 20
3.2.8.2 Custeio Direto ou Variável .............................................................................. 20
3.2.8.3 Custeio Padrão ................................................................................................ 20
3.2.8.4 Custeio Por Atividade - ABC .......................................................................... 20
3.2.9 Classificação de Custos ........................................................................................ 21
3.2.9.1 Custo Direto e Indireto .................................................................................... 21
3.2.9.2 Custos Fixos e Variáveis ................................................................................ 21
3.2.9.3 Custos Desembolsáveis e não-desembolsáveis .......................................... 21
3

3.3 ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE CUSTO .................................................... 22


3.3.1 Custos Diretos ........................................................................................................ 24
3.3.1.1 Matéria Prima e Embalagem .......................................................................... 24
3.3.1.2 Máquinas e Equipamentos Diretos ................................................................ 24
3.3.1.2.1 Custo de Capital ........................................................................................... 25
3.3.1.2.2 Depreciação .................................................................................................. 26
3.3.1.2.3 Manutenção .................................................................................................. 27
3.3.1.2.4 Combustível .................................................................................................. 28
3.3.1.2.5 Lubrificantes ................................................................................................. 28
3.3.1.2.6 Taxas, Seguros e Multas ............................................................................. 29
3.3.1.3 Mão de Obra Direta ......................................................................................... 29
3.3.1.3.1 Salários ......................................................................................................... 31
3.3.1.3.2 Encargos Sociais.......................................................................................... 31
3.3.1.3.3 Benefícios Sociais ........................................................................................ 32
3.3.1.4 Resumo do Custo Direto ................................................................................ 33
3.3.2 Custos Indiretos ...................................................................................................... 34
3.3.2.1 Máquinas e Equipamentos Indiretos ............................................................. 34
3.3.2.2 Mão de Obra Indireta ...................................................................................... 34
3.3.2.3 Despesas Gerais ............................................................................................. 34
3.3.3 Custo de Comercialização..................................................................................... 35
3.3.4 Definição das Taxas de Lucro ............................................................................... 36
3.3.4.1 Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization ............... 36
3.3.4.2 Lucro a Partir do Caixa ................................................................................... 36
3.3.4.3 Lucro a Partir da Análise Econômica ............................................................ 37
3.3.5 Taxa de Marcação .................................................................................................. 37
3.3.6 Preço de Venda ...................................................................................................... 37
3.4 VARIAÇÃO DA PRODUÇÃO ....................................................................................... 39
3.4.1 Análise dos Custos Fixos e Variáveis .................................................................. 39
3.4.2 Cálculo Algébrico da Variação da Produção ....................................................... 41
3.4.3 Ponto de Equilíbrio ................................................................................................. 41
3.4.3.1 Conceituação do Ponto de Equilíbrio ............................................................ 41
3.4.3.2 Cálculo Algébrico do Ponto de Equilíbrio ...................................................... 42
3.4.3.3 Gráfico do Ponto de Equilíbrio ....................................................................... 43
3.5 EXERCÍCIOS DE CUSTO ............................................................................................ 44
3.5.1 Controle de Estoques - PEPS/UEPS/PREPS/Média Ponderada ...................... 44
3.5.2 Custos Básicos ....................................................................................................... 45
3.5.3 Custos do Quilômetro Rodado de um Veículo .................................................... 46
3.5.4 Custos e Ponto de Equilíbrio ................................................................................. 47
3.5.5 Rateio de Custos .................................................................................................... 48
4 MATEMÁTICA FINANCEIRA .............................................................................................. 49
4.1 HISTÓRIA DA MOEDA ................................................................................................. 49
4.1.1 A História da Moeda no Mundo............................................................................. 49
4.1.1.1 Escambo .......................................................................................................... 49
4.1.1.2 Moeda-Mercadoria .......................................................................................... 49
4.1.1.3 Metal ................................................................................................................. 49
4.1.1.4 Moeda de Papel .............................................................................................. 49
4.1.1.5 Moeda Bancária .............................................................................................. 50
4.1.1.6 Cartões de Crédito .......................................................................................... 50
4.1.1.7 Moeda Virtual ................................................................................................... 50
4.1.2 História da Moeda no Brasil .................................................................................. 50
4.1.2.1 Real - R ............................................................................................................ 50
4.1.2.2 Mil Réis – Rs .................................................................................................... 50
4

4.1.2.3 Cruzeiro – Cr$ ................................................................................................. 50


4.1.2.4 Cruzeiro Novo – NCr$..................................................................................... 51
4.1.2.5 Cruzeiro – Cr$ ................................................................................................. 51
4.1.2.6 Cruzado – Cz$ ................................................................................................. 51
4.1.2.7 Cruzado Novo – NCz$ .................................................................................... 51
4.1.2.8 Cruzeiro – Cr$ ................................................................................................. 51
4.1.2.9 Cruzeiro Real – CR$ ....................................................................................... 51
4.1.2.10 Real – R$ ....................................................................................................... 51
4.2 CONCEITO FUNDAMENTAIS RELATIVOS À MATEMÁTICA FINANCEIRA ........ 51
4.2.1 Conceito de Fluxo de Caixa .................................................................................. 51
4.2.2 Conceito de Juros................................................................................................... 52
4.2.3 Juros Simples e Compostos .................................................................................. 52
4.2.3.1 Juros Simples .................................................................................................. 52
4.2.3.2 Juros Compostos............................................................................................. 52
4.2.3.3 Relação entre Juros Simples e Compostos.................................................. 53
4.2.4 Taxa de Juros e Taxa de Desconto ...................................................................... 53
4.2.4.1 Taxa de Juros .................................................................................................. 53
4.2.4.2 Taxa de Desconto ........................................................................................... 53
4.2.4.3 Relação entre Taxa de Juros e de Desconto ............................................... 53
4.2.5 Juros Nominais e Reais ......................................................................................... 54
4.2.5.1 Taxa de Juro Nominal ..................................................................................... 54
4.2.5.2 Taxa de Juro Real ........................................................................................... 54
4.2.5.3 Relação entre Juros Nominais e Reais ......................................................... 54
4.2.5.4 Deflacionamento .............................................................................................. 54
4.2.6 Relação entre Juros Diários, Mensais e Anuais .................................................. 54
4.2.7 Sistemas de Amortização ...................................................................................... 55
4.2.7.1 Sistema Francês de Amortização - SFA ....................................................... 55
4.2.7.2 Sistema de Amortização Constante - SAC ................................................... 55
4.2.8 Relações de Equivalência ..................................................................................... 56
4.2.8.1 Relação entre Valor Presente e Valor Futuro............................................... 56
4.2.8.2 Relação entre Valor Futuro e Valor Presente ............................................... 56
4.2.8.3 Relação entre Valor Presente e Série Anual Finita ..................................... 56
4.2.8.4 Relação entre Valor Futuro e Série Anual Finita .......................................... 56
4.2.8.5 Relação entre Valor Presente e Série Periódica Finita ............................... 57
4.2.8.6 Relação entre Valor Futuro e Série Periódica Finita.................................... 57
4.2.8.7 Relação entre Valor Presente e Série Anual Infinita ................................... 57
4.2.8.8 Relação entre Valor Presente e Série Periódica Infinita ............................. 57
4.2.9 Exercícios de Matemática Financeira ...................................................................... 59
4.2.9.1 Taxa de Juros Real e Nominal ........................................................................... 59
4.2.9.2 Princípios de Matemática Financeira ................................................................ 60
4.2.9.3 Matemática Financeira Aplicada a Engenharia Florestal ................................ 61
5 ANÁLISE DE INVESTIMENTO ........................................................................................... 62
5.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ................................................................................... 62
5.2 TAXA DE MÍNIMA ATRATIVIDADE - TMA ................................................................. 63
5.2.1 Caderneta de Poupança no Brasil ........................................................................ 64
5.2.2 Modelo de Precificação de Ativos Financeiros – MPAF ..................................... 64
5.2.3 Weighted Average Capital Cost – WACC ............................................................ 65
5.3 FLUXO DE CAIXA EM EMPREENDIMENTOS.......................................................... 65
5.3.1 Determinação do Investimento Fixo ..................................................................... 66
5.3.2 Determinação do Investimento de Giro................................................................ 67
5.3.2.1 Determinação do Investimento de Giro em Empresas em Andamento ..... 67
5.3.2.2 Determinação do Investimento de Giro em Projetos Empresariais............ 68
5

5.3.3 Investimento Total .................................................................................................. 69


5.3.4 Custos/Receitas/Lucro ........................................................................................... 70
5.3.4.1 Custos............................................................................................................... 70
5.3.4.2 Receitas............................................................................................................ 70
5.3.4.3 Lucro ................................................................................................................. 70
5.3.5 Fluxo de Caixa Padrão .......................................................................................... 70
5.3.6 Projetos com Diferentes Tempos de Análise ...................................................... 71
5.4 MÉTODOS DETERMINÍSTICOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO..................... 71
5.4.1 Rentabilidade .......................................................................................................... 71
5.4.2 Payback Time - PB ................................................................................................. 72
5.4.3 Payback Descontado - PBD .................................................................................. 72
5.4.4 Razão Benefício/Custo – RB/C ............................................................................. 73
5.4.5 Valor Presente Líquido - VPL ................................................................................ 73
5.4.6 Valor Anual Uniforme Equivalente - VAUE .......................................................... 74
5.4.7 Valor Futuro Líquido - VFL .................................................................................... 74
5.4.8 Taxa Interna de Retorno - TIR .............................................................................. 74
5.4.9 Good Will ................................................................................................................. 75
5.4.10 Valuation ............................................................................................................... 75
5.5 ANÁLISE DE RISCO ..................................................................................................... 75
5.5.1 Fatores de Risco .................................................................................................... 76
5.5.2 Classificação de Risco ........................................................................................... 77
5.6 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE .................................................................................... 77
5.7 EXERCÍCIOS ANÁLISE DE INVESTIMENTO ........................................................... 79
5.7.1 Capital de Giro - Sem Considerar Juros .............................................................. 79
5.7.2 Capital de Giro – Considerando Juros ................................................................. 80
5.7.3 Análise de Investimento – Exercícios Básicos .................................................... 85
5.7.4 Análise de Investimento – Com Estruturação do Fluxo de Caixa ..................... 86
5.7.5 Substituição de Equipamento................................................................................ 87
6 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 88
7 ANEXOS ................................................................................................................................ 91
7.1 Encargos Sociais no Brasil ....................................................................................... 91
7.2 As Três Grandes Abordagens Sobre Encargos Sociais ........................................ 92
6

1 INTRODUÇÃO

A formação dos profissionais da Engenharia necessita de livros textos em


diversas áreas e, certamente, a Engenharia Econômica é uma delas. Assim sendo, este
livro se propõe a apresentar os preceitos econômicos básicos, porém necessários, à
atuação do profissional formado nos Cursos de Graduação de Engenharia do
CCT/FURB.

Este livro visa o apoiar didaticamente as diversas disciplinas ligadas à área de


economia junto aos cursos de graduação de Engenharia. De certa forma livros de
Economia, de Custos, de Administração Financeira, de Engenharia Econômica e de
Análise de Investimento, preenchem esta lacuna.

Assim sendo, procura-se apresentar os preceitos básicos de economia e enfocar


as análises de custos de produção, da matemática financeira, da estruturação de fluxos
de caixa e da análise de investimento.

Em termos de metodologia, procura-se apresentar os temas de forma simples e


direta, de forma a instrumentar os acadêmicos de Engenharia e os profissionais da área
como um todo.

Por fim, registra-se que esta publicação visa unicamente o apoio às disciplinas
de Engenharia Econômica dos Cursos de Graduação em Engenharia, e, portanto, não
tem por objetivo encerrar a apresentação de qualquer dos temas a seguir apresentados.
7

2 ANÁLISE DE MERCADO
2.1 Lei da Oferta e da Demanda
A lei da oferta e da demanda é uma das leis econômicas mais conhecidas da
humanidade, talvez seja uma das mais perfeitas, simplesmente por que expressa a ação
dos agentes econômicos na sua plenitude.

2.1.1 Curva da Demanda


Comumente conhecido como “procura”, a demanda é definida como a relação
que dá as quantidades de produtos (bens e serviços) que os compradores estariam
aptos e dispostos a adquirir a diferentes preços.

Escala de Demanda
Preço (P) Quant. Dem. (QD)
4,00 400
6,00 200
8,00 100
10,00 50

Curva de Demanda

A demanda é função do nível do Preço. As variações da demanda são


inversamente proporcionais às variações dos níveis de preço.
- Quanto (> P) ↔ (< QD)
- Quanto (< P) ↔ (> QD)

A curva da demanda é decrescente por dois motivos:


- Efeito Renda - A diminuição de preço de um produto proporciona ao
consumidor a possibilidade de disponibilizar menos renda para adquirir igual
quantidade do produto.
- Efeito Substituição – Quando um produto diminui o preço, de forma a ficar mais
barato que outros produtos, os consumidores passarão a substituir o consumo
pelos produtos mais baratos.

2.1.2 Curva da Oferta


Relação que dá as quantidades de produtos (bens e serviços) que os
vendedores serão aptos e dispostos a oferecer a diferentes preços.
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Escala de Oferta
Preço (P) Quant. Dem. (QD)
4,00 150
6,00 200
8,00 240
10,00 260

A Oferta é função do nível de Preço. As variações da Oferta são diretamente


proporcionais às variações nos níveis de preço.
- Quanto (> P) ↔ (> QD)
- Quanto (< P) ↔ (< QD)
A curva da demanda é crescente porque os produtores (empresários) tomam
suas decisões de produção com o objetivo de maximizar o lucro, assim sendo, os
produtores comparam a receita a ser obtida com o aumento da quantidade de produção
com o custo a ser obtido com este mesmo aumento da quantidade de produção. Como o
preço recebido por uma unidade de produção a mais é maior que o custo de produção
desta mesma unidade, quando cresce a produção, cresce o lucro do produtor. Por este
motivo a curva da oferta tem uma relação direta entre o preço e a quantidade de
produção.

2.1.3 Ponto de Equilíbrio de Mercado


Em um mercado de concorrência perfeita, a oferta e a demanda conduzem a
fixação de um preço que harmoniza os interesses de produtores e consumidores. Este
preço de equilíbrio ajusta os interesses dos que realizam a oferta e dos que exercem a
procura.
Quando parte-se da hipótese de que o mercado está submetido a uma situação
de concorrência perfeita, o preço de equilíbrio será determinado pela livre manifestação
das forças da oferta e da procura, deste modo, no ponto de equilíbrio o preço agrada
tanto os ofertantes como os consumidores.
Na análise gráfica abaixo se pode observar que o ponto de equilíbrio ocorre na
intersecção das curvas da oferta e procura. De modo geral, qualquer preço inferior ao de
equilíbrio, ocasionará excesso de procura, que por sua vez ocasionará escassez do
produto o que fará com que o preço aumente. Por outro lado, qualquer preço acima do
de equilíbrio, haverá um excesso de oferta, o que ocasionará a formação de estoque do
produto na economia, e, assim ocorrendo, o preço tenderá a baixar.
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Escala de Oferta e Demanda


Preço (P) QO QD Relações
4,00 150 400 QO < QD Escassez
6,00 200 200 QO = Q D Equilíbrio
8,00 240 100 QO > Q D Excedente
10,00 260 50 QO > Q D Excedente

2.1.4 Deslocamentos das Curvas da Oferta e da Demanda


2.1.4.1 Deslocamento da Curva da Demanda
Existem fatores que determinam a curva da procura, estes fatores determinantes
da procura são constituídos por um conjunto de elementos que podem alterar a posição
da curva, deslocando-a positiva ou negativamente. Os fatores com mais capacidade de
ocasionar variação da curva da demanda, dentre outros, são:
- variação do poder aquisitivo, ou seja, o aumento de renda pode provocar o
deslocamento da curva da procura à direita, ou seja, para um mesmo preço, há
agora uma maior procura por um determinado produto. O inverso é verdadeiro,
com a diminuição da renda, a curva da procura tende a se deslocar para a
esquerda;
- a preferências dos consumidores por um produto, desloca a curva da demanda
por este produto;
- o aumento no preço de um produto substituto, pode provocar o deslocamento
da curva do produto básico (a ser substituído).
As alterações, individual ou coletiva, das variáveis supracitadas implicam no
deslocamento da curva da procura.
10

2.1.4.2 Deslocamento da Curva da Oferta


De modo geral, os fatores abaixo são considerados os de maior irrelevância no
deslocamento da curva da oferta, quais sejam:
- oferta dos recursos de produção;
- preços dos recursos de produção;
- mudanças tecnológicas;
- perspectivas sobre a evolução da procura, principalmente, quando
relacionados a produtos sazonais;
- número de produtores aptos e dispostos a produzir;
- perspectivas relacionadas ao comportamento dos preços.

2.1.4.3 Deslocamento da Curva da Oferta e da Demanda


As curvas da oferta e da demanda deslocam-se durante o tempo, isto ocorre
devido às modificações do mercado, pois preços e quantidades sofrem variações ao
longo do tempo.. Estas curvas devem se deslocar – preferencialmente - para a direita
do gráfico, de forma que ocorra um aumento da quantidade ofertada e demandada,
desta forma a economia cresce.
11

2.1.5 Elasticidade de Oferta e Demanda


A observação do comportamento dos consumidores e dos produtores,
considerando os preços e as quantidades dos bens e serviços consumidos e ofertados,
permite a definição da elasticidade da oferta e da demanda dos diferentes produtos
(bens e serviços) da economia. Assim sendo, para que se tenha êxito no lançamento de
um produto no mercado deve-se pesquisar sobre a elasticidade de oferta e demanda
deste produto, ou seja, deve-se levar em consideração as perspectivas de consumo
para as várias possibilidades de preços possíveis. Resumidamente, deve-se tentar saber
a previsão de consumo, e por consequência de produção, para cada classe de preço do
produto a ser lançado.

2.1.5.1 Elasticidade da Demanda


É a relação entre as variações das quantidades procuradas, em função das
alterações verificadas em seus respectivos preços. É o grau de sensibilidade da
demanda em relação à variação do preço
 0 0 Qd
D 
 00 P
Onde:
ED: Elasticidade da demanda
%Qd: Variação percentual da quantidade demandada
%P: Variação percentual do preço

Demanda de Elasticidade Unitária


Ocorre quando o coeficiente de elasticidade da demanda é igual a 1, ou seja,
quando a expansão relativa das quantidades procuradas é rigorosamente igual à
redução dos preços.

ΣD = 1

Qd
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Demanda Elástica
Ocorre quando o resultado do coeficiente de elasticidade da demanda é maior
que 1, ou seja, quando a variação da quantidade demandada é maior que a variação
dos preços.

ΣD > 1,0

Qd

Demanda Inelástica
Ocorre quando o resultado do coeficiente de elasticidade da demanda é menor
que 1, ou seja, a expansão relativa das quantidades procuradas é menos do que
proporcional à redução relativa dos preços.

ΣD < 1,0

Qd

Demanda Perfeitamente Inelástica


P

ΣD = 0

Qd

Demanda Perfeitamente Elástica


P

ΣD = α

Qd

2.1.5.2 Elasticidade da Oferta


É a relação entre as diferentes quantidades ofertadas, em função das alterações
verificadas em seus preços. É o grau de sensibilidade da oferta em relação à variação
do preço
 0 0 Qo
 
 00 P
Onde:
EO: Elasticidade da oferta
%Qo: Variação percentual da quantidade ofertada
%P: Variação percentual do preço
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Oferta de Elasticidade Unitária


Ocorre quando o resultado do coeficiente de elasticidade da oferta é igual a 1,
ou seja, ocorre quando a expansão relativa das quantidades ofertadas é rigorosamente
igual à expansão relativa dos preços.

ΣO = 1

Qd

Oferta Elástica
Ocorre quando o resultado do coeficiente de elasticidade da oferta é maior que
1, ou seja, ocorre quando a expansão relativa das quantidades ofertadas é mais do que
proporcional à expansão relativa dos preços.

ΣO > 1,0

Qd

Oferta Inelástica
Ocorre quando o resultado do coeficiente de elasticidade da oferta é menor que
1, ou seja, ocorre quando a expansão relativa das quantidades ofertadas é menos do
que proporcional à expansão relativa dos preços.

ΣO < 1,0

Qd

Oferta Perfeitamente Inelástica


P

ΣO = 0

Qd
Oferta Perfeitamente Elástica
P

ΣO = α

Qd
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2.2 ESTRUTURAS DE MERCADO


Os mercados de bens e serviços são estruturados em função de dois principais
fatores, o número de produtores e a homogeneidade ou diferenciação dos produtos. A
análise da estrutura de mercado permite ao produtor adequar a sua formação de preço,
bem como definir a quantidade ofertada.

2.2.1 Concorrência Perfeita


Um mercado em concorrência perfeita possui as seguintes premissas:
- possui um grande número de produtores;
- possui um grande número de compradores;
- os produtos são similares;
- não há uma instituição que controle os preços de venda;
- pode-se dizer que é livre a entrada ou a saída do mercado.
Pode-se dizer que não existe um produto, ou segmento econômico, que esteja
em concorrência perfeita. A literatura traz o exemplo dos produtos hortifrutigranjeiros
como sendo o que mais se aproxima da concorrência perfeita.

2.2.2 Concorrência Imperfeita


Ocorre quanto um produtor ou consumidor, ou um pequeno grupo de produtores
ou consumidores tem o poder de influenciar os preços dos produtos (bens ou serviços),
isto por que tem o poder de oferta ou de demanda em determinado tipo de mercado.

2.2.2.1 Monopólio
Ocorre quando apenas uma empresa possui toda a oferta de um produto. Por
não haver concorrência, este produtor pode definir o preço de venda de seus produtos.
Estes produtores, normalmente, são os que têm o maior lucro no mercado.

2.2.2.2 Oligopólio
Mercado com as mesmas características do monopólio, porém a oferta dos
produtos é feito por um pequeno grupo de produtores. Estes produtores dominam o
mercado de forma que estes definem o preço de venda seus produtos. Os produtores
em oligopólio costumam movimentar os preços de venda, para cima ou para baixo, em
conjunto, ou seja, estes produtores trabalham em comum acordo de preços de venda.
Em muitos casos, estes movimentos de preços podem ser considerados crimes, como é
o caso da formação dos cartéis.

2.2.2.3 Monopsônio
Quando há apenas um comprador no mercado, o monopsonista. Este tem o
poder de mercado, devido ao fato de poder influenciar os preços de determinado
produto, variando apenas a quantidade comprada.

2.2.2.4 Oligopsônio
Quando há poucos compradores, os oligopsonistas, que também tem o poder de
mercado, devido ao fato de poderem influenciar os preços de determinado produto,
variando apenas a quantidade comprada.

2.2.2.5 Concorrência Monopolística


Esta estrutura de mercado ocorre quando existem elementos da concorrência
perfeita e do monopólio no mesmo mercado. Neste mercado existe um grande número
de compradores e de vendedores, cada produtor produzindo um produto diferenciado,
no entanto, todos são substituíveis entre si.
15

3 CUSTOS
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DE PREÇOS DE VENDA
Santana (2005 apud THEISS, 1997, p. 25) apresenta um histórico da evolução
estratégica de custos nas empresas brasileiras, com a consequente formação dos
preços de venda. Salienta que este histórico destaca a necessidade de o empresário
brasileiro utilizar as ferramentas de gestão de custos a partir de uma análise de
viabilidade econômico-financeira. O estudo é apresentado em quatro fases.

3.1.1 Primeira Fase


O autor lembra que, de modo geral, até 1990, os preços de venda no Brasil eram
formulados a partir seguinte equação:

Custo + Lucro = Preço de Venda

De modo geral, nesta época o custo era calculado, o lucro era arbitrado e o
preço de venda imposto de forma unilateral, ou seja, definido pelo empresário a partir da
soma do custo com o lucro. Na época, o país encontrava-se com altas taxas de inflação,
assim como com uma abertura econômica considerada como muito fraca. Destaca-se
que, portanto, sobre esta ótica a empresa sofria pressão do mercado fornecedor e,
talvez, o mais importante: o lucro era arbitrado.

3.1.2 Segunda Fase


Seguindo o raciocínio do autor, registra-se que, em decorrência do acirramento
da concorrência, entre 1990 e 1995, passou a vigorar uma nova equação baseada no
preço de venda imposto pela competição, sobretudo a internacional. Tal equação assim
se caracterizava:

Preço de Venda (Qi)(A) – Custo = Lucro

Deve-se entender que “Qi” significava qualidade padrão internacional e o “A”


representava o atendimento. Neste período a inflação estava relativamente controlada e
a abertura econômica estava se iniciando. A concorrência passou a exigir uma nova
postura e, assim sendo, o produto passou a ser melhor, mais barato e ter mais respeito.
Sobre esta ótica, há pressão do mercado consumidor, bem como do mercado
fornecedor, neste caso o lucro se apresenta como sendo o resultado.

3.1.3 Terceira Fase


Entre 1995 e 1996, ocorre o surgimento da verdadeira equação dos negócios,
assim definida:

Preço de Venda (Qi)(A) – Lucro = Custo

Tal formatação derivou da exigência dos investidores, atendendo a uma nova


realidade que determinava: preço adequado, menos lucro adequado para manter a
viabilidade da empresa, era igual ao desafio de operar com custo adequado. Desta
forma o custo, que era variável dominante, passou a ser variável dependente. Nesta
16

época, tinha-se a inflação relativamente controlada e o acirramento da concorrência


externa.
Portanto, a empresa que trabalhava sob esta ótica sofria a pressão do mercado
consumidor e do mercado financeiro.

3.1.4 Quarta Fase


O estudo de Santana (2005 apud THEISS, 1997, p. 25) permite-nos apresentar
algumas constatações:
- a primeira é a de que os preços de venda são, na atualidade, definidos pelo
mercado consumidor;
- a segunda é a de que o custo é definido pelo mercado fornecedor;
- a terceira é que o lucro é definido pelo mercado financeiro, ou seja, existe um
lucro necessário a ser obtido pelas empresas.
Assim sendo tem-se:

Preço de Venda (Qi)(A) – Custo – Lucro = 0

Sobre esta forma de atuação, a partir da pressão do mercado financeiro, o lucro


passa a ser calculado como sendo o lucro necessário.

3.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS


3.2.1 Conceitos Fundamentais de Custo
Custo é o gasto monetário e não monetário que ocorre na produção de um bem
ou de um serviço.
Pode-se afirmar ainda que custo é o estudo analítico com a consequente
valoração monetária do que ocorre na produção.
Para MARTINS (1996) “custo é o gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na
produção de outros bens ou serviços”.
O custo pode ser utilizado para representar:
- o custo das mercadorias vendidas em uma empresa comercial;
- o custo dos serviços prestados em uma empresa de serviços;
- o custo de fabricação de um produto em uma indústria;
- o custo de produção agrosilvopastoril em uma empresa rural.
Os custos devem representar o sistema de produção e de administração de
cada empresa. Um sistema de custo deve “vestir” o sistema de produção e de
administração de uma empresa, incluindo, no que couber, as áreas de análise de
mercado, projeto, fabricação/execução, além das áreas administrativas, bem como
apresentar os impostos.

“A definição dos custos de uma atividade de forma exata é uma utopia”

3.2.2 Custos e Despesas


Deve-se registrar que na contabilidade os custos representam os gastos na
produção da empresa, os custos de produção são aqueles que ocorrem até a fabricação
do produto. Já as despesas representam os gastos que ocorrem na administração das
empresas (são os gastos que ocorrem além das áreas de produção, tais como nas áreas
de compras, marketing, vendas, financeira, dentre outras), ou seja, as despesas ocorrem
do término da fabricação até a complementação da venda.
17

A definição contábil aponta que custos são gastos associados ao processo de


fabricação de produtos, enquanto as despesas são associadas ao exercício social e
alocadas para o resultado geral do período.
No presente trabalho optou-se por não mais distinguir os custos de despesas,
passa-se, portanto, a partir deste item, passa-se a denominar de custos, tanto os custos
propriamente ditos como as despesas.

3.2.3 Objetivos de um Sistema de Custo


Dentre vários objetivos que um sistema de custo pode possuir, enumeram-se
alguns, quais sejam:
- conhecer os custos para que os mesmos possam ser minimizados de forma
eficiente;
- disponibilizar informações para a maximização dos resultados da empresa;
- mensuração dos estoques de matéria-prima, produtos semiacabados e
produtos acabados;
- controle das operações e atividades, por produto e por setor;
- acompanhar temporalmente as variações dos custos e resultados;
- fornecer dados básicos para o planejamento da empresa;
- auxiliar da determinação do preço de venda.

3.2.4 Regime de Competência e de Caixa


3.2.4.1 Regime de Caixa
Segundo Hoji (2004) a administração financeira adota o regime de caixa para
planejar e controlar as necessidades e sobras de caixa e apurar o resultado financeiro
(superávit ou déficit de caixa). Pelo regime de caixa, as receitas são reconhecidas no
momento do efetivo recebimento e as despesas no momento do efetivo pagamento. Já
para Iudícibus e Marion (2000) o regime de caixa é uma forma simplificada de
contabilidade, ou seja, é geralmente aplicado nas microempresas ou nas entidades sem
fins lucrativos. As regras básicas para a contabilidade por este regime são:
- a receita será contabilizada no momento de seu recebimento, ou seja, quando
entrar dinheiro no caixa (encaixe);
- a despesa será contabilizada no momento do pagamento, ou seja, quando sair
o dinheiro do caixa (desembolso).
Di Agustini (1999) menciona que no regime de caixa praticamente não há
sentido em fazer o balanço patrimonial e a demonstração de resultado, porque não
oferecem utilidade prática; sendo que neste caso seria melhor a adoção de uma planilha
como o fluxo de caixa da empresa, contendo as programações e projeções de
pagamentos e recebimentos no tempo é muito mais importante para a gestão do capital
de giro.
Nesse tipo de análise não são levadas em consideração as despesas ainda não
pagas ou as receitas ainda não recebidas.

3.2.4.2 Regime de Competência


Segundo Iudícibus e Marion (2000) o regime de competência é universalmente
adotado, aceito e recomendado e evidencia o resultado da empresa (lucro ou prejuízo)
de forma mais adequada e completa. As regras básicas para quem adota este regime
são:
- a receita será contabilizada no período em que for gerada, independentemente
do seu recebimento;
- a despesa será contabilizada como tal no período em que for consumida,
incorrida, utilizada, independentemente do pagamento.
18

De acordo com Di Agustini (1999), o regime de competência está associado ao


princípio contábil da competência do exercício, para ele muitos profissionais confundem
a utilização desses regimes, principalmente nas decisões gerenciais, em que todo
processo de apuração do resultado (lucro ou prejuízo) contábil e de posições
patrimoniais (ativos e passivos) está ligado ao regime de competência, distinto do
regime de caixa, em que o impacto dos acontecimentos sobre o ativo, o passivo e o
resultado é reconhecido nos períodos em que os respectivos fatos geradores ocorrem, e
não quando se recebe ou se paga.
A contabilidade adota o regime de competência para apurar o resultado
econômico e medir a rentabilidade das operações, sendo que por esse regime, as
receitas são reconhecidas no momento da venda, e as despesas, quando incorridas.
Este regime coincide ao o ciclo econômico, sendo este o regime utilizado na
determinação dos custos, da receita e do lucro (HOJI, 2004).
Resumidamente pode-se afirmar que o Regime de Competência caracteriza-se
por ser o regime em que são imputados os custos à produção, ou seja, é o regime em
que são usados os fatores com o objetivo de produzir determinada quantidade de
produção em um determinado tempo. O regime de caixa por sua vez é o regime em que
são realizados os pagamentos e os recebimentos, estes não têm relação direta com a
produção do período do pagamento ou do recebimento.

3.2.5 Custo Econômico e Custo Contábil


A definição de custo econômico e de custo contábil é muito importante em
qualquer trabalho relacionado com a área de custos, pois envolve um conceito
fundamental, o de custo de oportunidade, que se caracteriza por ser a remuneração do
investimento de um determinado projeto, se utilizado para outra função, ou seja, quanto
o investidor receberia, no sistema financeiro, por exemplo, pelo capital investido no
negócio.
Pindyck (1994, p.257) evidencia esta afirmação afirmando que:

Tanto contadores como economistas incluem os desembolsos realizados,


denominados custos explícitos, em seus cálculos. Os custos explícitos abrangem
remunerações de mão-de-obra, salários e custos de materiais e de locação de
propriedades. Para os contadores, os custos explícitos são importantes porque
envolvem pagamentos diretamente feitos pela empresa a outras empresas e
pessoas com as quais faz negócios. Tais custos são relevantes para o
economista pelo fato de que os custos de mão-de-obra e de materiais
representam uma quantia que poderia ter sido despendida de forma útil em outro
lugar.

Os custos implícitos, por sua vez, são decorrentes do custo de capital, ou do


custo de oportunidade de capital, que é incluído somente nas análises de custo em que
se trabalha através do conceito de custo econômico PINDYCK (1994, p.31). Assim
sendo, a diferença entre o custo e econômico e custo contábil está baseado exatamente
neste fato, ou seja, ao se calcular um custo através do conceito de custo econômico,
leva-se em consideração o custo de oportunidade e quando se calcula um custo através
do conceito de custo contábil, não se leva em consideração o custo de oportunidade.

3.2.6 Curto e Longo Prazo


Vasconcellos (1999, p. 59) destaca que a análise microeconômica considera
dois tipos de relações entre a quantidade produzida e a quantidade utilizada dos fatores:
- na função de produção, quando alguns fatores são considerados fixos e outros
variáveis, identifica-se o que a teoria denomina uma situação de curto prazo;
19

- quando todos os fatores da função de produção são considerados variáveis,


identifica-se de longo prazo.
Já, Wessels (1998, p. 265) afirma que no curto prazo a firma pode elevar ou
reduzir alguns insumos – mas não todos – para aumentar ou reduzir a produção. No
curto prazo a firma responde a um aumento de demanda contratando mais mão-de-obra
e comprando mais matérias-primas, mas suas instalações e equipamentos continuam os
mesmos. No longo prazo, a firma pode alterar todos os insumos, inclusive o tamanho
das instalações e equipamentos.
Resumidamente pode-se dizer que no curto prazo tem-se custos fixos, já no
longo prazo não existem custos fixos, ou seja, todos os custos são variáveis.

3.2.7 Métodos de Avaliação de Estoque


O controle dos estoques é uma importante ferramenta administrativa e
econômica das empresas. Assim sendo, a determinação do estoque, tanto físico como
econômico deve ser considerado na formação dos custos e este, o estoque, deve ser
estudado com especial atenção devido a sua relevante participação na formação do
preço de venda.
A determinação do custo de estoque de mercadorias em estoque ou vendidas e
de matérias-primas em estoque ou em processo, não está relacionado com a
movimentação física delas, e sim, com a ordem cronológica de entrada dos preços de
aquisição na empresa. Para a determinação do custo dos estoques são utilizados os
seguintes métodos:

3.2.7.1 Primeiro a Entrar Primeiro a Sair


O método PEPS de avaliação de estoque pressupõe que o preço das primeiras
unidades adquiridas deverá ser o preço a ser levado em consideração para determinar o
custo das primeiras unidades vendidas, ou seja, quando ocorre uma venda ou uma
retirada do estoque, o preço a ser utilizado é o preço da mercadoria que está a mais
tempo em estoque.
Em síntese, pode-se dizer que o preço das primeiras unidades adquiridas deverá
ser o preço a ser levado em consideração para determinar o custo das primeiras
unidades vendidas ou saídas do estoque.

3.2.7.2 Último a Entrar Primeiro a Sair


O método UEPS é o inverso do método PEPS. O UEPS é baseado no fluxo de
custos, onde os últimos custos incorridos são os primeiros a serem considerados para
determinar o custo das primeiras mercadorias vendidas ou saídas de estoque.
Independentemente da ordem que as mercadorias saem de estoque, este
método assume que os custos dos últimos produtos que foram comprados são os custos
dos primeiros a serem vendidos.

3.2.7.3 Método da Média Ponderada


O método de avaliação de estoque pelo custo médio é calculado através da
média ponderada em relação as diferentes quantidades de mercadorias ou matérias
primas adquiridas. O custo médio ponderado das unidades é determinado pela divisão
do valor total do custo pelo total das unidades, levando-se em consideração, portanto, a
proporção da quantidade de cada lote de aquisição.
20

3.2.7.4 Próximo a Entrar Primeiro a Sair


O método do PREPS consiste em se tomar como referência para a
determinação do custo o valor da matéria-prima a ser adquirida, ou seja, o valor que
será pago pela matéria-prima no futuro.

3.2.8 Metodologias de Custeio


Para formar preços de venda de forma correta é essencial a existência de um
sistema de informações de custo. Normalmente escolhe-se este sistema a partir dos
objetivos da empresa, ao que se pretende do sistema de custeio e dos propósitos das
análises de resultados.
Os sistemas de custo dependem das fontes de informações físicas e
operacionais e de informações contábeis e financeiras. O desenvolvimento das
atividades produtivas fez com que surgissem sistemas de custeio.

3.2.8.1 Custeio por Absorção


É o sistema que direciona os custos para os produtos produzidos pela unidade
de produção (indústria, comércio e serviços). O maior problema deste sistema é que ele
sofre com os problemas de definição dos custos indiretos nos produtos (bens e
serviços).

3.2.8.2 Custeio Direto ou Variável


É o sistema de custeio tem por objetivo só absorver ao custo do produto, a
despesa que é identificável. Todos os custos indiretos, que normalmente são difusos,
não entram na análise de custo.

3.2.8.3 Custeio Padrão


Este método se baseia no estabelecimento de um custo padrão para cada
unidade produzida. Serve para comparações entre um período de análise e outro, assim,
pode-se medir o rendimento e a eficiência produtiva. Esse método é baseado nas
técnicas de tempos e métodos, ou seja, na determinação do tempo necessário para a
produção de um produto nas diversas seções da produção.
Invariavelmente, define-se qual o custo total por minuto de cada seção de
produção, depois se determina quantos minutos leva-se em cada seção para produzir
determinado produto. A soma dos custos totais, dos minutos de cada seção origina o
custo total do produto. Não se deve esquecer que este é o custo de transformação, não
abrangendo, portanto, matéria-prima, impostos, por exemplo. O custo padrão serve de
base de análise e quando ocorrem desvios estes devem ser investigados.

3.2.8.4 Custeio Por Atividade - ABC


Denominado de “Activity Based Constine - ABC” ou simplesmente de “Sistema
de Custo Baseado em Atividade”. Este método parte do princípio que são as diversas
atividades da empresa é que consomem os recursos, sendo então os produtos, os
consumidores das atividades.
A análise parte do princípio que se determina as atividades que agregam valor
ao produto e as que não agregam valor aos produtos. Os custos que não agregam valor
ao produto devem ser eliminados, já os custos que agregam valor ao produto devem ser
minimizados. Esta metodologia serve para o planejamento da empresa, para a gestão
da produção e para a redução dos custos.
Este método visa propiciar transparência e a definir quais são os custos, onde se
deve focar o esforço para gerenciar o custo e quais atividades, processos ou eventos
geram tais custos. O método também objetiva medir as atividades e utilizar a capacidade
21

instalada de forma eficiente, pois informa detalhadamente as diversas atividades da


empresa, discriminando as que agregam valor e as que não agregam valor ao produto.

3.2.9 Classificação de Custos


São muitas as classificações de custo existentes na literatura. A seguir
apresenta-se apenas três classificações de custos, quais sejam:

3.2.9.1 Custo Direto e Indireto


Os custos diretos são imputados por medições objetivas da produção, por
controles individuais, sempre de forma direta ao processo produtivo, normalmente são
compostos pela matéria prima, pela mão de obra direta e pelos custos das máquinas e
equipamentos diretos.
Já os custos indiretos são imputados aos produtos de forma indireta, pois não há
uma relação direta destes custos com o sistema de produção, ou seja, não há como
apropriar estes custos de forma objetiva e individualizada ao processo produtivo.
Theiss (2005) conceitua os custos diretos como sendo as parcelas dos custos e
despesas, sejam estas fixas ou variáveis, que se relacionam diretamente com cada um
dos produtos e serviços produzidos ou comercializados. Já os custos indiretos são
conceituados por este mesmo autor como sendo as parcelas dos custos e despesas que
apenas de forma indireta, se relacionam com os produtos ou serviços.
Alguns custos podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver
uma medida de consumo, estes são os custos diretos. Outros custos realmente não
oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser
feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária, estes são os custos indiretos.
Portanto, a classificação de custo direto e indireto é definida com relação ao produto
feito ou serviço prestado, e não à produção no sentido geral ou aos departamentos
dentro da empresa (MARTINS, 2003, p. 49).
Para finalizar, deve-se ressaltar a importância em se apurar corretamente os
custos indiretos, especificamente os relacionados às máquinas e equipamentos
indiretos, a mão de obra indireta e as despesas gerais, pois estes são normalmente
negligenciados, o que acarreta em grandes problemas na determinação dos custos nas
empresas.

3.2.9.2 Custos Fixos e Variáveis


Os custos fixos são os custos que não tem relação com os volumes produzidos
ou vendidos. Ocorrem mesmo quando não ocorrem a produção. Resumidamente, pode-
se conceituar o custo fixo como sendo o custo que não varia mesmo quando varia a
produção, logicamente deve-se observar que esta variação de produção se dá no
tempo, pois somente no tempo a produção pode variar.
Logo os custos variáveis são os custos que variam de acordo com a variação da
produção ou da venda. São inexistentes quando o volume de produção ou venda for
igual a “Zero”. Resumidamente pode-se conceituar o custo variável como sendo o custo
que varia de acordo com a variação da produção, não esquecendo que esta variação da
produção se dá no tempo.

3.2.9.3 Custos Desembolsáveis e não-desembolsáveis


Com pouca referência bibliográfica, pode-se afirmar que esta classificação é
muito importante, pois os custos podem ser considerados como custos desembolsáveis
quando há um pagamento, ou seja, quando há saída de valores monetários do caixa da
empresa.
Por outro lado, os custos podem ser considerados como não-desembolsáveis,
ou seja, quando o custo ocorre em determinado período de tempo, porém, o desembolso
22

não ocorre, ou seja, os custos não são naturalmente “pagos”, não havendo, portanto,
saída de caixa.

3.3 ESTRUTURAÇÃO DE UM SISTEMA DE CUSTO


Bernardi (1998, p. 31) afirma que um sistema de formação de preços relaciona-
se diretamente com informações de custo e delas depende. Para que o sistema de
formação de preços seja desenvolvido, há a necessidade de informações precisas,
detalhadas e em tempo do custo, seus elementos, composição e tratamento, para que
as diversas variáveis de ordem econômica sejam corretamente consideradas e a
decisão seja de boa qualidade.
O mesmo autor continua afirmando que os custos contábeis apresentam
defasagens monetárias, em função de variáveis externas, incontroláveis pela empresa;
portanto, sua utilização para formação do preço de venda deve considerar ajustes nos
níveis de inflação e reposição, o que em nenhuma hipótese invalida seu uso como base
no processo, deve considerar ainda o custo do investimento, ou seja, o custo de
oportunidade do capital.
Buscando um pouco dos conhecimentos do marketing, Kotler (1995), a este
respeito, afirma que “a demanda é a grande responsável pela fixação de um teto para o
preço que a empresa pode cobrar por seu produto e os custos estabelecem o piso. A
empresa deseja cobrar um preço que cubra os custos de produção, distribuição e venda
do produto, incluindo um retorno justo por seu esforço e risco.”
Bernardi (1998) afirma que a política de preços está em função dos seguintes
quesitos:
a) Em função dos Objetivos da Empresa:
- Penetração no mercado: preços baixos para o crescimento;
- Aumento de participação: preços baixos para conquistar fatias;
- Preço de exclusividade: preços altos pela inovação;
- Recuperação do caixa: preço para rapidamente recuperar investimento;
- Maximização dos resultados: preço para maximizar lucro e resultado;
- Promoção: preços promocionais em determinada linha;
- Preço/Qualidade: estabelecer em função de qualidade superior;
- Preço/Oportunidade: estação, moda, necessidade.
b) Em Função da Demanda:
- Discriminação de preço: diferenciados para clientes, época, local e
momento.
c) Em Função da Concorrência:
- Preço médio praticado: posição passiva;
- Preços mais altos ou mais baixos;
- Preço competitivo: elaborado de fora para dentro.
Theiss (2005, p. 21) ressalta que:
Toda organização empresarial, dentro de um regime de mercado de cunho
capitalista, visa certamente um resultado positivo para seus esforços, ou seja, o
lucro. Este resultado positivo, por seu turno, refere-se diretamente à formação do
preço sugerido de venda do bem, produto ou serviço o qual, por sua vez, deriva
de fórmulas acuradas de apuração de custos e despesas. É, portanto, um
conjunto de variáveis que influenciam na tomada de decisão gerencial, quando
se trata de definir as estratégias comerciais da organização.

Drucker (1995, p. 67) explica o entendimento das questões econômico-financeiro


nas empresas baseando as análises na base histórica, afirmando que “uma ‘base de
dados’, por maior que seja, não é informação. Ela é minério de informação. Para que a
matéria-prima se transforme em informação, ela precisa ser organizada para uma tarefa,
dirigida para desempenho específico, aplicada a uma decisão. Já Newman (2000, p. 08)
23

a este respeito afirma que na tomada de decisões em engenharia, uma fonte importante
de dados costuma ser o conjunto de registros contábeis da própria firma. Esses dados
devem ser examinados cuidadosamente.
Newman (2000, p. 08) ainda enfatiza que:
A contabilidade financeira e a contabilidade de custos visam a exibir valores
contábeis e o fluxo de dinheiro – especificamente custos e benefícios – nas
operações de uma companhia. Onde os custos estão diretamente relacionados
com operações específicas, não há dificuldade; mas há outros custos que não se
relacionam com operações específicas. Esses custos indiretos, ou custos gerais
indiretos, costumam ser rateados pelas operações e produtos de uma
companhia segundo um método arbitrário. Para fins de contabilidade de custos,
os resultados em geral são satisfatórios, mas podem não ser confiáveis para uso
na análise econômica.

Theiss (2005, p. 9) ainda a respeito de análise de custos observa que somente


conseguirá calcular os custos e preços sugeridos de venda, quem tiver conhecimento
dos ciclos que envolvem a produção, administração e comercialização dos produtos,
mercadorias ou serviços vendidos. Deve ainda possuir conhecimentos mínimos sobre
matemática financeira, tributos (IPI, ICMS, ISS, PIS, COFINS, Imposto de Renda Pessoa
Jurídica, Contribuição Social sobre Lucros e ou SIMPLES) e encargos sociais e
trabalhistas.
Para calcular custos, Theiss (2005, p. 11) faz a seguinte referência:
Este trabalho requer a observância de duas regras básicas: (1º) o refinamento
contínuo dos cálculos de custos, despesas e preços sugeridos de venda e (2º) o
seu monitoramento ininterrupto. Entretanto, o ideal é que já nos primeiros
cálculos se consiga apurar valores confiáveis e realísticos.

De forma precisa e direta, Theiss (2005) apresenta duas conceituações de custo


de produção, esta define que quanto à identificação dos insumos os custos podem ser
diretos ou indiretos e quanto à relação com as quantidades produzidas podem ser fixos
ou variáveis.
Deste modo o sistema de custo apresentado neste trabalho será baseado,
inicialmente, em dois grandes grupos:
- Custos Diretos;
- Custos Indiretos.
Os custos diretos foram divididos nos seguintes custos de produção:
- matéria-prima, constituídos de todos os itens relacionados aos materiais
consumidos na produção do produto;
- máquinas e implementos, constituídos de custos de capital, depreciação,
reparos e manutenção, combustível, lubrificantes, taxas, seguros e multas;
- mão de obra, constituídos de salários, encargos e benefícios sociais,
alimentação, EPI e EPC.
Como custos indiretos foram considerados os seguintes custos relacionados à
administração:
- máquinas e implementos, constituídos de custos de capital, depreciação,
reparos e manutenção, combustível, lubrificantes, taxas, seguros e multas;
- mão de obra, constituídos de salários, encargos e benefícios sociais,
alimentação, EPI e EPC;
- despesas administrativas, incluindo-se os serviços contábeis, advocatícios, de
engenharia, bancários, telefone fixo e móvel, energia, alvará, aluguéis de
escritório, dentre outros;
- despesas governamentais, compostos principalmente pelos impostos sobre a
venda, além de marketing, comissão de venda, provisão para devedores
duvidosos.
24

Após a estruturação dos custos diretos e indiretos acima especificados, e em


uma classificação subsequente, classifica-se os custos em:
- Custos Fixos;
- Custos Variáveis.
Deve-se destacar ainda que o sistema de custo apresentado a seguir é baseado
na definição do preço de venda a partir da soma dos custos ao lucro, ou seja, a partir da
primeira versão dos estudos de Santana (2005 apud THEISS, 1997, p. 25).
Diante do exposto, a seguir apresenta-se uma apuração analítica, através da
valorização monetária do que ocorre em uma empresa que produz um único produto
hipotético. O sistema a seguir apresentado é apenas uma ferramenta para que se possa
iniciar a análise de custos e que servirá para a tomada de decisão.

3.3.1 Custos Diretos


3.3.1.1 Matéria Prima e Embalagem
A matéria prima pode ser conceituada como um produto natural ou
semimanufaturado que, submetido a um processo produtivo, pode tornar-se um produto
acabado. Pode-se afirmar ainda que a matéria prima é um conjunto de produtos
necessários em diversos processos de produção. As matérias primas podem ser obtidas
a partir de florestas nativas, produção agrosilvopastoril, exploração mineral, dentre
outros.
O custo de matéria prima compreende os materiais utilizados na fabricação de
um produto e que fazem parte dele, ou seja, são os materiais integrantes do produto
acabado. Normalmente os custos de embalagem são definidos pelos mesmos
procedimentos de cálculos, ou seja, são calculados a partir do custo dos materiais
utilizados na embalagem.
Para melhor entender o procedimento de definição dos custos de matéria prima,
apresenta-se um exemplo na tabela XX.

Tabela XX – Definição do Custo de Matéria Prima e Embalagem.


Custos de Matéria Prima e Embalagem
Especificação Quantidade Unidade R$/Unidade R$/Quantidade
MP A 150g Kg 1,40 0,21
MP b 200,00l m3 0,15 0,03
Sub-Total 0,24
Emb. A 1 dezena 4,50 0,38
Emb. B 1 dezena 1,00 0,10
Emb. C 1 dezena 0,50 0,05
Emb. D 1/12 unidade 4,80 0,40
Sub-Total 0,93
Total Geral 1,17

Estes custos estão calculados para uma única Unidade de Produção (UP).
Deve-se observar ainda que a planilha que segue esta estruturada para uma produção
padrão de 1.000UP/mês.

3.3.1.2 Máquinas e Equipamentos Diretos


Inicialmente deve-se distinguir máquina de equipamento, a primeira refere-se a
um objeto que possuí propulsão própria (utiliza energia própria para atingir um objetivo
pré-determinado). O equipamento não possui propulsão própria, ou seja, necessitam de
25

energia externa para funcionar, são utilizados para equipar, instrumentar, compor uma
máquina ou uma pessoa.
Para calcular os custos das máquinas e equipamentos deve-se identificar a
especificação destas quanto à quantidade, o modelo e o ano de fabricação, além do o
valor de aquisição, do valor residual e da vida útil. Posteriormente deve-se definir as
horas trabalhadas e a produtividade de cada hora trabalhada. Em seguida fez-se os
cálculos dos custos das máquinas e implementos a partir dos subitens que seguem.

3.3.1.2.1 Custo de Capital


O custo de capital é a forma de remunerar o detentor do patrimônio da empresa
através de uma taxa de juro, portanto, um custo que não envolve desembolsos
monetários. Representam os valores dos insumos que pertencem à empresa e são
usados no processo produtivo. Esses valores são estimados a partir do que poderia ser
ganho na menor alternativa de rendimento. Por este motivo o custo de capital também é
denominado de custo de oportunidade ou de custo de oportunidade de capital.
Newman (2000, p.31) destaca que:
O dinheiro é um ativo bastante valioso – tão valioso que uma pessoa se dispõe a
pagar para ter dinheiro disponível. O dinheiro pode ser alugado [...] o custo de
sua utilização é chamado juro, e não aluguel. A importância do juro é
demonstrada pelos bancos e pelas instituições financeiras, que continuamente
oferecem o pagamento de juro pela utilização do dinheiro das pessoas.

Vasconcellos (1999, p. 70) esclarece que o custo de oportunidade não é


contabilizado no balanço das empresas, pois:
- o capital permanece parado na empresa: o custo de oportunidade é o que a
empresa poderia estar ganhando se aplicasse esse capital no mercado
financeiro;
- quando a empresa tem prédio próprio, ela deve imputar um custo de
oportunidade correspondente ao que pagaria se tivesse de alugar um prédio.
MARTINS (2000, p. 28), discorrendo sobre as diversas formas de mensuração
do patrimônio e do lucro de uma empresa, afirma que os únicos fatores que, no longo
prazo, podem fazer divergir a mensuração do lucro são a inflação e custo de
oportunidade. O autor prossegue expondo que:
o não uso desses dois fatores continua sendo falha imperdoável de nós,
Contadores. Para o primeiro, dispomos de metodologias simplificadas e
complexas (modelo “societário” e correção integral, por exemplo). Já para o
segundo, isto é, o custo de oportunidade, não temos sequer aplicado o Juro do
Capital Próprio, e muito menos aquela parcela relativa ao risco, apontando
realmente que a situação é mais complexa.

Observa-se a sinceridade do grande autor supracitado, atribuindo à sua


profissão, a de contador, a falha imperdoável.
Esta citação remete-nos a destacar a importância do custo de capital na
avaliação dos resultados de uma empresa. Deste modo, o lucro econômico deveria ser
obtido a partir da receita deduzida de todos os custos envolvidos em sua obtenção, ou
seja, a mensuração de resultados deveria ter como pré-requisito a consideração de
custos de oportunidade. O lucro deveria ser calculado apenas depois de atribuir ao
capital certa remuneração, o custo de capital.
Reforçando a observação acima, não bastasse, MARTINS (2000, p. 33) ainda
adverte afirmando que:
A não consideração do custo de oportunidade na Contabilidade é uma mentira
com a qual convivemos. Dizer, por exemplo, que uma empresa lucrou porque
obteve um resultado que foi de apenas 2% sobre o valor do patrimônio líquido
investido quando qualquer alternativa, inclusive a aplicação nos títulos de maior
liquidez e menor risco produz mais do que isso, não é dizer a verdade. A
26

consideração do custo do capital próprio como sendo nulo é algo insustentável


conceitualmente, é cegueira que parece nos pegar de nascença.

As discussões a respeito da utilização do “custo de capital” como um dos custos


das máquinas e equipamentos nos processos produtivos são muito polêmicas, no
entanto, o cálculo deste custo, baseados na utilização de uma taxa de juros mínima
encontra adeptos na literatura.
Martins (2003) define a seguinte fórmula para determinar o custo de
oportunidade do capital:
CO  VA . i
Onde:
CO: Custo de oportunidade (R$/mês);
VA: Valor presente do bem (R$);
I: Taxa de juros (% ao mês).

3.3.1.2.2 Depreciação
Segundo Hirschfeld (2000, p. 408) a depreciação pode ser real ou contábil. A
depreciação real é a diminuição efetiva do valor de um bem resultante do desgaste pelo
uso, ação da natureza ou obsolescência normal, já a depreciação contábil é a
diminuição do valor contábil de um bem, resultante do decurso do prazo decorrido desde
a sua aquisição até o instante atribuído ao desgaste físico, ao uso ou à obsolescência.
Contabilmente, qualquer gasto de dinheiro de uma empresa somente pode ser
considerado despesa se ele se referir à aquisição de objetos ou serviços, tendo
finalidades dirigidas ao Objeto Social. Se tal aquisição for de utilização relativamente
curta (material de escritório, matéria-prima no estoque, mão-de-obra periódica, etc.), seu
lançamento contábil, como despesa, é realizado concomitantemente com seu
pagamento. Entretanto, se a aquisição referir-se a um bem de utilização relativamente
longa (compra de equipamento, de automóvel, de propriedade de instalação da
empresa, etc.), o gasto de dinheiro realizado para sua aquisição será contabilizado como
despesa durante tantos meses quantos forem os meses de sua depreciação, mesmo
que seu pagamento tenha sido feito a vista (HIRSCHFELD, 2000, p. 407).
Habitualmente define-se depreciação como uma “diminuição do valor”. Não se
trata de uma definição plenamente satisfatória, pois valor admite vários significados. No
contexto da engenharia econômica, valor pode referir-se ou ao valor de mercado – ou
seja, o valor monetário que as pessoas atribuem à propriedade – ou ao valor para o
proprietário. Temos, assim, duas definições de depreciação – uma diminuição do valor
de mercado ou uma redução do valor para o proprietário. (NEWNAN, 2000, p. 234)
Sobre este aspecto Newnan (2000, p. 234) destaca que:
Uma máquina pode depreciar-se (sofrer uma diminuição de valor) porque se
desgasta e já não desempenha suas funções tão bem como quando era nova.
Essa situação é chamada deterioração. Outro aspecto da depreciação é o
causado pela obsolescência. Uma máquina é considerada obsoleta quando sua
função pode ser desempenhada de uma maneira melhor.

A depreciação de um bem se dá durante um prazo chamado vida útil, a qual


pode ser real se resultar de pesquisa científica realizada para o bem específico
analisado, e pode ser contábil, se, além de pesquisa científica, houver eventualmente
algumas aproximações de ordem prática determinadas pela Receita Federal
(HIRSCHFELD, 2000, p. 407).
Como se pode observar os contadores definem a depreciação ainda de uma
terceira maneira, pois para eles a depreciação é a alocação do custo de um bem dividido
por sua vida útil, ou depreciável. Tem-se, assim, três definições distintas de depreciação:
27

- Declínio do valor de mercado de um bem;


- Declínio do valor de um bem para o seu possuidor;
- Alocação sistemática do custo de um bem dividido por sua vida depreciável.
Para entender as complexidades da depreciação, o primeiro passo é
examinarmos os fundamentos dos respectivos cálculos. A depreciação é a alocação do
custo de um ativo ao longo de sua vida depreciável (NEWNAN, 2000, p. 235).
O regulamento do Imposto de Renda estabelece que a quota de depreciação
seja registrada contabilmente como custo ou despesa operacional (HIRSCHFELD, 2000,
p. 409).
A forma mais comum de depreciação é a linear, na qual o valor do bem diminui
em taxas constantes ao longo de sua vida útil. (SILVA, 2002, p. 120)
Em longa data, Speidel (1966, p. 50) já enfatizava que a depreciação surge pelo
uso dos bens que não são consumidos durante um ano. Há três razões principais da
depreciação: Desgaste, e/ou decorrer do tempo, e/ou desatualização dos bens. Este
renomado autor ainda segue dizendo que “no fim de sua vida, estes investimentos têm
um valor de resto (R), que às vezes pode ser zero. A diferença entre o valor de
aquisição (V) e o valor do resto (R), deve ser distribuída sobre todos os anos da vida
(n).” Daí resulta a seguinte fórmula:

V R
Depreciaçã o D
n
Onde:
V: Valor de aquisição
R: Valor do resto
N: Duração do investimento em anos ou horas de uso
As taxas de depreciação são normatizadas pelos órgãos fiscais oficiais, no
entanto, pode-se afirmar que as taxas mais comuns de depreciação são: 20% (5 anos
de depreciação) para veículos; 10% (10 anos de depreciação) para equipamentos,
máquinas, móveis, utensílios e instalações, 4% (25 anos de depreciação) para edifícios
e construções (HIRSCHFELD, 2000, p. 409).
As taxas de depreciação consideram um turno de 8 horas diárias de operação.
Se tais horas forem 16 (dois turnos) ou 24 (três turnos), a depreciação poderá ser
considerada acelerada, adequando-se as taxas aos valores resultantes da utilização dos
coeficientes redutores 1,5 e 2,0, respectivamente (HIRSCHFELD, 2000, p. 409).

3.3.1.2.3 Manutenção
Fontes e Cardoso (2002) definem, dentre outras, como sendo três as principais
formas de manutenção: a corretiva, a preventiva e a preditiva. A primeira é definida
como o conjunto de operações a serem realizadas após a ocorrência de uma falha na
máquina, a fim de restaurá-la para as condições originais. A segunda, a preventiva, pode
ser definida como um conjunto de ações realizadas de acordo com um quadro de
programações estabelecido em função do tempo de uso ou de índices de funcionamento
da máquina. Já a manutenção preditiva é definida como sendo um conjunto de ações
que são realizadas de acordo com as informações recebidas durante a monitoração dos
parâmetros indicativos da falha da máquina.
Observando-se os conceitos acima, pode-se afirmar que os custos de
manutenção podem variar de máquina para máquina e de empresa para empresa, de
acordo com a metodologia de manutenção empregada em cada caso. No entanto, os
custos de manutenção referem-se basicamente às peças de reposição e aos custos de
28

horas de trabalhos de mecânicos, eletricistas, programadores e outros profissionais


especializados na manutenção de máquinas e equipamentos.
Normalmente, calcula-se a manutenção a partir da seguinte fórmula:

CM  V . CfM
Onde:
CM: Custo de Manutenção (R$/mês)
V: Valor de aquisição (R$)
CfM: Coeficiente de Manutenção (%)
Deve-se ressaltar que nos casos em que a empresa tiver os valores históricos
médios gastos com a manutenção deve-se utilizar-se estes valores na análise.

3.3.1.2.4 Combustível
Hildebrand (1995, p. 47) aponta que:
Para se determinar a quantidade consumida, a empresa dispõe de duas
alternativas. A primeira é controlar o consumo, o que normalmente demanda
uma grande quantidade de trabalho, não justificada em função dos pequenos
valores envolvidos. A segunda é trabalhar com indicadores médios de consumo,
que podem ser determinados com base em uma série histórica, obtidas através
de pesquisa e/ou informações técnicas do fabricante.

A mesma autora ainda aponta que em média, os custos de lubrificantes são


estimados em 20% dos custos do combustível consumido.
Normalmente utiliza-se a seguinte fórmula para o cálculo do combustível:

CC  C . V . Q
Onde:
CC: Custo de combustível (R$/mês)
C: Consumo/hora (l/h)
V: Valor do litro de combustível (R$/L)
Q: Quantidade de horas/mês (h/mês)

Nas empresas em que se têm os valores históricos, estes valores devem ser os
utilizados nas análises do custo de combustível.

3.3.1.2.5 Lubrificantes
Os custos de lubrificantes são normalmente calculados a partir dos valores
efetivamente gastos em cada caso. Para facilitar as análises utiliza-se, normalmente, a
fórmula abaixo:

L  C . 0,10
Onde:
L = Custo de lubrificantes (R$/mês)
C = Custo de combustível (R$/mês)
0,20 = índice de lubrificante em relação ao consumo de combustível

Nos casos em que as empresas possuírem os valores históricos médios


desembolsados com os lubrificantes deve-se utilizar estes valores nas análises de custo.
29

3.3.1.2.6 Taxas, Seguros e Multas


Hildebrand (1995, p. 49) se referindo ao custo de licenciamento e seguro
obrigatório de veículos afirma que “este custo representa o total pago para licenciamento
e seguro obrigatório, que são tabelados e invariáveis no ano, divididos nos doze meses
do período a que se referem”. Utiliza-se, normalmente, a fórmula apresentada por
Hildebrand (1995), para calcular os custos das taxas, seguros e multas:

CTx / S / M  (Tx  S  M ) / 12
Onde:
CTx/S/M: Custo de Taxas, seguros e multas (R$/mês)
Tx: Taxas e Licenciamento anual (R$/ano)
S: Seguros (R$/ano)
M: Multas (R$/ano)

Estes custos também podem ser calculados a partir de dados históricos.

Máquina “A”
Va  Vr 2000  1000
- Depreciação   200,00
Vu 5
- Manutenção  170,00
- Peças de Reposição  240,00
- Combustível / Lubrificantes  820,00
- Taxas / Impostos / Seguros / Multas  120,00
Total Geral 1.550,00

Máquina “B”
Va  Vr 2000  1000
- Depreciação   200,00
Vu 5
- Manutenção  110,00
- Peças de Reposição  40,00
- Combustível / Lubrificantes  220,00
- Taxas / Impostos / Seguros / Multas  20,00
Total Geral 590,00

3.3.1.3 Mão de Obra Direta


Inicialmente deve-se entender que a mão de obra direta diz respeito a mão de
obra envolvida no processo produtivo em si e a mão de obra indireta considera a mão de
obra envolvida no processo administrativo. Apresenta-se aqui alguns conceitos que são
fundamentais para o entendimento do estudo aqui proposto.
O objetivo do presente capítulo é fazer uma abordagem conceitual do assunto
“custos de mão de obra”. A carência de material didático específico agregado a uma
complexa legislação relacionada ao tema contribui para as dificuldades desta revisão
bibliográfica.
Rocha (1992) conceitua o custo de mão de obra como sendo “todos os gastos,
que vão desde os de recrutamento, seleção e admissão, até os necessários ao
desligamento do empregado, por ocasião de sua saída da empresa. Todos esses gastos
estão relacionados ao ciclo de vida de determinado ‘funcionário’ na empresa...”
A importância do assunto é tanto maior, quanto maior for à participação do custo
da mão de obra direta no custo total da empresa.
30

Pastore (1997) coloca que “a Constituição de 1988 elevou os custos do trabalho


industrial em cerca de 40%. O Brasil tornou-se um dos países em que o trabalhador
menos ganha e mais custa para a empresa.” O autor complementa sua declaração
destacando que “na situação brasileira, o empresário pensa duas vezes antes de
contratar um novo empregado, especialmente na hora da recessão. Por isso, ele prefere
demandar horas extras dos seus trabalhadores em lugar de contratar novos.”
Sautter (1994) lembra ainda que os trabalhadores rurais obtiveram direitos
igualitários aos trabalhadores urbanos após a promulgação da Constituição Federal de
1988. O mesmo autor segue afirmando que “aos trabalhadores rurais passaram a ser
assegurados os mesmos direitos conferidos aos trabalhadores urbanos.”
A definição que Neves e Viceconti (2000, p. 63) utilizam para mão-de-obra direta
é “o gasto relativo ao pessoal que trabalha diretamente na produção, sendo possível a
averiguação de tempo despendido na elaboração do produto e, portanto, é um gasto
cujo valor é apropriável a este sem necessidade de qualquer rateio”. Logo, a mão-de-
obra direta pode e deve ser incluída como um custo direto ao produto ou serviço.
A relevância que é dada a este custo dependerá única e exclusivamente do tipo
de empresa. Garrison e Noreen (2001; p. 28) afirmam que, “em algumas companhias, a
mão-de-obra tornou-se elemento de custo tão inexpressivo, que já desapareceu como
categoria isolada”. Porém, os mesmos autores comentam que, nas empresas fabris e de
serviços, isto não acontece devido a sua representatividade.
Para conseguir identificar os custos que estão envolvidos na mão-de-obra, é
imprescindível saber quais itens o compõem. Alguns estudiosos, por motivos didáticos,
separam a mão-de-obra direta dos encargos sociais, todavia a maioria concorda que
este custo está diretamente ligado à mão-de-obra direta e não deve ser visto como algo
à parte, além do fato de que o Brasil chega a ser considerado um dos países que possui
os maiores encargos sociais do mundo (CHIAVENATO, 1999, p. 241).
Entende-se como custo da mão de obra direta, o valor total dos desembolsos
que a empresa tem em relação a mão de obra envolvida na produção, salienta-se aqui
que a base deste cálculo deve ser o da competência em que ocorre, ou seja, em que
esta mão de obra foi consumida, admitindo que a forma de pagamento pode variar no
tempo, assumindo, portanto, uma posição de caixa que varia no tempo.
No Brasil atribui-se no custo de mão de obra o valor contratual mais o valor dos
encargos sociais; tal procedimento pode ser aceitável num país como esse, onde tais
encargos normalmente são grandes e, o que é importante, nem sempre dependem
diretamente do valor da própria mão de obra. Assim sendo, os encargos sociais
assumem um caráter mais de custo variável do que de fixo, por serem mais uma função
do valor pago pelos salários, pois são totalmente dependentes do pagamento feito,
tornando-se tais encargos um custo variável com relação à própria variação do valores
salariais pagos à mão-de-obra.
MARTINS (1992) enriquece o tema afirmando que “Ao se optar pela inclusão
dos encargos sociais no próprio montante da mão-de-obra, precisa-se calcular para
cada empresa (ou setor, se houver variações significativas entre eles) qual o valor a ser
atribuído por hora de trabalho. Sabe-se que estes valores resultam da legislação e do
contrato de trabalho, dos repousos semanais remunerados, das férias, do 13º salário, da
contribuição ao INSS, da remuneração dos feriados, das faltas abonadas, além de vários
outros direitos garantidos por acordos ou convenções coletivas de trabalho das diversas
categorias profissionais".
Os custos de mão de obra são calculados, normalmente, através de três itens
principais, quais sejam: salários, encargos sociais e benefícios sociais.
31

3.3.1.3.1 Salários
Conceitualmente salário é a remuneração do trabalho. O termo salário se refere,
portanto, à remuneração paga direta e indiretamente ao trabalhador, normalmente o
salário é pago de forma fixa mensal, podendo também ser pago por produção ou por
tarefa, sendo assim, de forma variável. Pode-se ainda ter casos de remunerações
mistas, ou seja, parte da remuneração pode ser fixa e outra parte variável.
O valor do salário não é o valor que o trabalhador recebe na forma monetária,
sobre ele existe o desconto da Previdência Social, assim sendo, o trabalhador brasileiro
contribui diretamente com a Previdência Social. Esta contribuição varia de acordo com o
valor do salário percebido pelo trabalhador, as menores contribuições ficam em torno de
7,65% e as mais altas em torno de 11,00%.

3.3.1.3.2 Encargos Sociais


Ao se discutir o “custo de mão de obra” o tema “encargos sociais” é o mais
controvertido, seja no meio acadêmico, empresarial ou sindical, devido a sua relevância
enquanto componente dos custos empresariais.
Os encargos sociais exigíveis na CLT – Consolidação da Legislação do
Trabalho, como os mais básicos são:
- Férias;
- Adicional de férias;
- 13º salários;
- Aviso Prévio.
Theiss (2005, p. 43) aponta que os encargos sociais são exigíveis por legislação
específica e pela garantia do tempo de serviço do trabalhador. Incluem-se neste
conceito - dentre outros - os seguintes valores:
- INSS mensal;
- INSS sobre o 13º salário;
- INSS sobre as férias;
- FGTS mensal;
- FGTS sobre o 13º salário;
- FGTS sobre as férias;
- Multa sobre o FGTS.
Enquadram-se também diversos outros tipos de encargos trabalhistas e sociais,
que não podem ser dimensionados por uma única taxa uniforme para todos os tipos de
atividade, pois se incluem ainda as incidências de cota-parte do empregador em vale-
transporte, auxílio-doença, licenças paternidade e casamento, doação de sangue, faltas
justificadas e abonadas, entre outros. Todas estas inclusões variam caso a caso.
Os encargos sociais nas empresas são de incontestável interesse não só pelas
implicações nos custos de mão de obra, como pela influência que exercem na
economia, uma vez que interferem no mercado de emprego e na estrutura das
empresas. Note-se que seus percentuais vêm sendo modificados frequentemente,
através de legislações específicas, tendo-se que tomar o cuidado de buscar atualização
constante neste tema. O custo dos encargos sociais no Brasil segue, na maioria dos
casos, os índices abaixo especificados:
Silva (2002, p. 119) ressalta que os encargos sociais estão diretamente ligados
aos custos de salários e se destinam a promover segurança e bem-estar social. Podem
representar entre 50 e 100% do valor do salário, sendo esta variação devida ao tipo de
atividade da empresa e aos benefícios oferecidos aos funcionários.
Pastore (1997) já afirmou que o percentual de encargos sociais era de 102,02%
em 1997, Neves e Viceconti (2000) afirmam que o mínimo deste percentual seria de
98,5%, Bruni e Famá (2002) definiram o valor de 101,47%, já Martins (2003) diz que o
32

percentual fica próximo dos 101,4%. Theiss (2005, p. 45) apresenta o percentual de
112,03% de encargos sociais (ANEXO 01).
Como se podem observar os percentuais de representatividade dos encargos
sociais não são unânimes e dependem única e exclusivamente de cada empresa. A
literatura existente sempre deve servir como parâmetro para esses cálculos.

3.3.1.3.3 Benefícios Sociais


Benefícios sociais são aquelas conveniências, vantagens e serviços que as
empresas oferecem aos seus empregados, no sentido de poupar-lhes esforços e
preocupação. Podendo ainda ser financiados, parcial ou totalmente, pela empresa.
Constituem meios indispensáveis na manutenção de força de trabalho dentro de um
nível satisfatório de produtividade. Estes benefícios não são, na maioria dos casos,
obrigações legais, ou seja, a empresa fornece o benefício, não por força legal, mas por
vontade própria.
Pode-se enquadrar como benefícios sociais, já que não são exigidos por lei, os
seguintes itens, quais sejam:
- Gratificações;
- Seguro de Vida em Grupo;
- Refeições;
- Transporte Total;
- Empréstimos;
- Assistência Odonto-Médica-Hospitalar;
- Complementação de Aposentadoria.
O grande problema da matéria refere-se a dificuldade em se mensurar ou
quantificar estes valores.
Theiss (2005, p. 46) ressalta que, em muitos casos, os benefícios sociais são
utilizados para maquiar salários e os consequentes encargos sociais, pois:
este custo tem levado algumas empresas a pagar remunerações (total ou
parcialmente) sem fazê-las transitar pela folha de pagamento. O que fazem, em
nosso entender, é apenas escolher um momento diferente para pagar os
encargos. Tal momento ocorrerá quando houver fiscalização ou quando o
empregado requerer os direitos na justiça e sem dúvidas serão devidos ainda os
juros e multas.

De um modo geral e tomando-se por base os salários, encargos sociais e


benefícios sociais, os custos com funcionários são de difícil identificação, uma vez que,
todo mês o empresário paga os salários aos seus funcionários, já os encargos
trabalhistas (ou encargos sociais) merecem uma atenção maior, visto que são muito
complexos e difíceis de serem calculados, pois normalmente ocorrem em um período e
são pagos em outro, ou seja, a base temporal é muito diversa. A falta de atenção e/ou
de conhecimento sobre estes encargos trabalhistas traz a tona outro grande problema,
pois as dívidas rescisórias não pagas, multas e reclamatórias trabalhistas, caem sobre a
empresa contratante, pois estas são solidárias, segundo a legislação. Desta forma a
importância dada ao tema pode fazer grande diferença no cálculo dos custos da
empresa, influenciando diretamente em sua lucratividade e até viabilidade.
Por último cabe mencionar que Pastore (1997) destaca que o Brasil desenvolveu
ao longo de várias décadas um imenso cipoal de leis e sentenças trabalhistas como
tentativa de organizar o mercado de trabalho, evitar e resolver os conflitos entre as
partes.
A questão é complexa e controversa, nos parece que a discussão se dá em
termos político-ideológico, mas que é simples em termos matemáticos. ROCHA (2000)
(ANEXO 02) demonstrou que existem três abordagens sobre o tema, em todas elas
chega-se a valores idênticos quando se calcula o custo total da mão de obra, pois a
33

diferença fundamental de interpretação se dá na “base temporal” da análise, juntamente


com a definição de salários.
Assim sendo, a definição dos custos de mão de obra de produção (direta) e
administração (indireta) deve ser realizada em cada etapa da produção e para cada
funcionário da administração. Em primeiro lugar devem ser identificados os cargos
existentes na prestadora de serviço, o número de funcionários e o salário mensal de
cada funcionário. A partir da definição dos salários definiram-se os encargos sociais
(valores gastos sobre o salário que é exigido por lei) e os benefícios sociais (valores
gastos sobre os salários que não são exigências legais).
Em cada um dos cálculos de custo de mão de obra deve-se considerar os custos
de salários, encargos e benefícios sociais. A fórmula abaixo foi utilizada para o cálculo
do custo de mão de obra por trabalhador:

CMO  Nf . S . ES . BS

Onde:
CMO: Custo de mão de obra (R$/mês)
Nf: Número de funcionários (unidade)
S: Salário mensal (R$/mês)
ES: Percentual de encargos sociais (%)
BS: Percentual de benefícios sociais (%)

Após estes cálculos, deve-se definir os valores mensais de custo de alimentação


e de Equipamentos de Proteção Individual - EPIs e de Equipamentos de Proteção
Coletivo - EPCs.
- Folha de Pagamento mensal
Funcionário 1 = 733,00
Funcionário 2 = 733,00
Funcionário 3 = 733,00
2.199,00
- Encargos Sociais Mensais (102,20%) = 2.249,98
- Benefícios Sociais Mensais (15,00%) = 329,85
Total do Custo da Mão-de-Obra Direta 4.777,83

- Folha de Pagamento mensal


Funcionário 1 = 640,00
Funcionário 2 = 830,00
Pró-Labore = 4.000,00
5.470,00
- Encargos Sociais Mensais para Funcionários (102,20%) = 1.499,40
- Encargos Sociais Mensais para Pró-Labore (15,00%) = 600,00
- Benefícios Sociais Mensais para funcionários (15,00%) = 220,50
Total do Custo da Mão-de-Obra Indireta 7.789,90

3.3.1.4 Resumo do Custo Direto

Custo p/ UP Custo p/ Mês


Custo de Matéria Prima e Embalagem 1,17 -x-
Custo de Mão-de-Obra Direta -x- 4.777,83
Custo de Máquinas e Equipamentos -x- 1.550,00
34

Total dos Custos Diretos 1,17 6.327,83

3.3.2 Custos Indiretos


Nos custos indiretos estão incluídos todos os custos que não puderam ser
incluídos nos custos diretos. Estes são os custos identificados como os custos de
administração.

3.3.2.1 Máquinas e Equipamentos Indiretos


Os custos de máquinas e implementos indiretos estão incluídos os custos das
edificações (notadamente os custos com escritórios), infraestrutura de apoio, veículos
administrativos e outras máquinas e equipamentos que porventura são utilizados pela
administração da empresa. Os custos de máquinas e implementos indiretos, seguem as
mesmas definições e determinações para o cálculo dos custos relativos aos custos de
máquinas e equipamentos diretos.

3.3.2.2 Mão de Obra Indireta


Nestes custos estão inclusos os custos mão de obra indireta, os custos
administrativos, principalmente os custos de pró-labore, salários, encargos e benefícios
sociais. Os custos de mão de obra indireta seguem as mesmas determinações de
cálculo de custos apresentadas nos itens relativos aos custos mão de obra direta.

3.3.2.3 Despesas Gerais


As despesas gerais são determinadas, geralmente, a partir do histórico da
empresa, não possuindo, portanto, um parâmetro percentual da receita bruta, sendo
necessário ser auferido caso a caso.
Nestes custos estão inclusos os seguintes e principais itens:
- serviços de contabilidade;
- serviços jurídicos;
- serviços de engenharia;
- alvarás;
- assinatura digital (e-CPF);
- assinatura digital (e-CNPJ);
- registros em órgãos públicos;
- telefonia;
- energia elétrica;
- materiais de expediente;
- anuidade sindical;
- assinatura de revistas especializadas;
- seguros patrimoniais;
- vigilância eletrônica;
- serviços de copa;
- expedição de correspondência;
- taxas cartoriais;
- propaganda e publicidade;
- etc...

- Água  50,00
- Energia  400,00
- Telefone Móvel  600,00
- Telefone Fixo  350,00
- Contador  800,00
- Aluguel 1.600,00
35

- Propaganda / Marketing 1.200,00


- Assinatura de Jornal  60,00
- Assessoria Jurídica  450,00
- Alvará  50,00
- Segurança Patrimonial  350,00
Total Geral 5.910,00

3.3.2.4 Resumo do Custo Indireto

Custo p/ UP Custo p/ Mês


Custo de Mão-de-Obra Indireta -x- 7.789,90
Custo de Máquinas e Equipamentos Indiretos -x- 590,00
Despesas Gerais -x- 5.910,00
Total dos Custos Diretos -x- 14.289,90

3.3.3 Custo de Comercialização


Aqui são abrangidos os custos necessários à comercialização dos produtos. São
basicamente compostos pelas comissões de venda, gastos com divulgação, provisão
para devedores duvidosos, bem como, e principalmente, pelos impostos sobre a venda.
Os impostos que incidem sobre as atividades operacionais das empresas no
Brasil são normalmente calculados sobre o faturamento das empresas e são
basicamente os seguintes:
- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;
- Programa de Integração Social - PIS;
- Contribuição Financeira Social - COFINS;
- Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI;
- Imposto de Importação - II;
- Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS;
- Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN;
- Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ.
Os impostos incidem, normalmente, incidem mensalmente nas empresas,
exceção se .faz ao Imposto de Renda que é, normalmente, calculado anualmente. Os
impostos são custos desembolsáveis, portanto, devem ser considerados no fluxo de
caixa.
Cada um destes impostos tem sua regulamentação, suas alíquotas e formas de
incidência. O emaranhado legal, tanto federal, como estadual e municipal, aliado a
normatização emitida pelos órgãos públicos responsáveis pela aplicação da legislação
tributária, faz do sistema tributário brasileiro um dos mais complexos e mais caros do
planeta. Portanto, a nós engenheiros cabe o respeito aos profissionais da contabilidade
que atuam nesta área e, principalmente, nos cabe consultar estes profissionais.
Newnan (2000, p. 264) assinala que:
Provavelmente, a maneira mais direta de entender o papel dos impostos de
renda federais é considerar o governo como sócio em toda atividade de negócio.
Como sócio, o governo participa do resultado de todo empreendimento lucrativo
e, de modo um tanto mais complexo, participa também das perdas de
empreendimentos não-lucrativos.

A simples menção de imposto de renda sugere dúzias de cálculos elaborados e


complexos. E há algo de verdade nisso, pois podem surgir complexidades de todo tipo
no cálculo do imposto de renda. Mas parte dessa dificuldade pode ser eliminada se
definirmos o imposto de renda simplesmente como outra forma de desembolso. [...]
lidamos com todo tipo de desembolso: custos de operação, custos de manutenção, mão-
36

de-obra e material etc. Agora, simplesmente acrescentamos mais um tipo de


desembolso – o Imposto de Renda. (NEWNAN, 2000, p. 264)
A vasta e turbulenta discussão sobre a incidência de impostos no sistema
produtivo brasileiro remete a questão - fundamentalmente – sobre as três principais
formas de tributação existentes e em funcionamento no Brasil hoje, quais sejam:
- Lucro Real;
- Lucro Presumido;
- Simples Nacional,

Comercial  Comissão de Venda  2,00%


 Provisão para Devedores Duvidosos  1,50%
Tributária  ICMS *(Crédito/Débito)  17,00%
 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido  2,88%
 Imposto de Renda (Lucro Presumido)  2,40%
 PIS  1,65%
 COFINS  7,65%
 36,08%

3.3.4 Definição das Taxas de Lucro


O lucro corresponde à diferença entre as receitas auferidas num determinado
período e os correspondentes custos e despesas incorridos no mesmo período
necessários a realização dessas receitas (THEISS, 2005, p. 14).
É importante destacar o que Theiss (2005, p. 22) ainda coloca referente a este
termo:
A realidade de lucro comprimido pertence, com preponderânica, às sociedades
empresariais classificadas como micro, pequenas e/ou médias. Estas se
defrontam com os desafios de impostos elevados, dificuldade de financiamentos
para fins tecnológicos e de captação de recursos de capital de giro, enquanto
que ao restrito segmento das grandes companhias lhes é assegurada a
possibilidade de alcançar lucros mais elevados [...]”.
Existem diversas formas de se calcular o lucro de uma empresa. A seguir
apresenta-se algumas delas:

3.3.4.1 Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization


O EBITDA também conhecido por LAJIDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos,
Depreciação e Amortização) define o lucro operacional da empresa, ou seja, este cálculo
de lucro é realizado de forma a desconsiderar os custos e despesas com juros,
impostos, depreciação e amortizações.
Vasconcelos (2002) apresenta a seguinte fórmula para o cálculo do EBITDA:

EBITDA  ( R  CTo )
Onde:
EBITDA: Lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações
R: Receita
CTo: Custo total operacional menos os juros, impostos, depreciações e
amortizações

3.3.4.2 Lucro a Partir do Caixa


Para analisar o “lucro a partir do caixa”, retiraram-se do custo total, os custos
não desembolsáveis, ou seja, os custos de capital e de depreciação dos custos de
37

máquinas e equipamentos diretos e indiretos. Para calcular o lucro a partir do caixa


utilizou-se a seguinte fórmula:
Lcaixa  ( R  CTcaixa )

Onde:
Lcaixa: Lucro a partir do caixa
R: Receita
CTcaixa: Custo total menos o custo de capital e depreciações

3.3.4.3 Lucro a Partir da Análise Econômica


O lucro econômico foi calculado a partir do custo total da empresa, assim
definido por Pindyck; Rubinfeld (1994):

Leconômico  ( R  CTeconômico )
Onde:
Leconômico: Lucro econômico
R: Receita
CTeconômico: Custo total (inclui custo de capital e depreciações

3.3.5 Taxa de Marcação


A taxa de marcação é a forma matemática de calcular o percentual do custo de
comercialização e de lucro sobre o preço de venda e a partir do somatório dos custos
diretos e indiretos. A taxa de marcação pode ser calculada a partir da seguinte fórmula.

100  (TxC  TxL)


TxM 
100
Onde:
TxM: Taxa de Marcação
TxC: Taxa de Comercialização
TxL: Taxa de Lucro

Taxa de Comercialização  36,08%


Taxa de Lucro  12,00%
48,08%

100  48,08
Taxa de Marcação =
100

Taxa de Marcação = 0,5192

3.3.6 Preço de Venda


A definição de preço de venda é bastante complexa. Pode-se dizer que
atualmente a definição do valor de um bem ou de um serviço na economia é definida
pelo mercado, assim sendo, o preço de venda é o valor pago por um bem ou serviço
pelo mercado. THEISS (2005, p. 23) complementa este conceito afirmando que a
precificação, ou seja, a determinação de preço de venda é uma relação que se funde,
em que um contribui para o sucesso do outro.
Seguindo o raciocínio de Theiss (2005, p. 23) observam-se duas abordagens:
Uma abordagem responde à pergunta ‘Qual preço cobre nossos custos com uma
margem razoável’, a outra se preocupa em verificar ‘Qual é o preço permitido
38

pelo mercado?’. Portanto, são duas maneiras distintas de se ver a estruturação


do preço: uma, voltada a uma visão preponderantemente financeira, onde,
embora acertada em termos, parece privilegiar apenas custos fixos; enquanto a
outra, canaliza sua análise à estruturação de uma política de preços que revela
com maior ênfase o mercado e a prática de preço por parte dos concorrentes.

Theiss (2005, p. 23) segue afirmando que:


Ambas pecam em diversos aspectos, embora, em suas essências, estejam
preocupando-se com variáveis relativamente corretas – os custos em geral e a
prática concorrencial, respectivamente. Poder-se-ia afirmar que um mix de
ambas atenderia melhor a uma precificação mais acertada.

1.000,00UP/mês
Custo p/ UP Custo p/ Mês
Custo de Matéria Prima e Embalagem 1,17 1.170,00
Custo de Mão-de-Obra Direta 4,78 4.777,83
Custo de Máquinas e Equipamentos 1,55 1.550,00
Custo de Mão-de-Obra Indireta 7,79 7.789,90
Custo de Máquinas e Equipamentos Indiretos 0,59 590,00
Despesas Gerais 5,91 5.910,00
Total dos Custos Diretos e Indiretos 21,79 21.787,73

Preço de Venda = 21,79


0,5192

Preço de Venda = 41,97


39

3.4 VARIAÇÃO DA PRODUÇÃO


A variação de produção também é comumente chamada de “Custo-Volume-
Lucro”, na realidade são os estudos das relações entre receitas (vendas), despesa
(custos) e renda líquida (lucro líquido), bem como, as relações destas variáveis com as
variações de produção.
Segundo Martins (2003, p. 49), “outra classificação usual (e mais importante que
todas as demais) é a que leva em consideração a relação entre o valor de um custo e o
volume de atividade numa unidade de tempo que divide basicamente os custos em fixos
e variáveis.” Este autor destaca que “todos os custos podem ser classificados em fixos
ou variáveis e em diretos ou indiretos ao mesmo tempo.”
As planilhas de custos apresentadas nos itens anteriores foram elaboradas
levando-se em consideração apenas os conceitos de Custo Direto e de Custo Indireto e
a partir deste item serão inseridos na análise os conceitos de Custo Fixo e de Custo
Variável.

3.4.1 Análise dos Custos Fixos e Variáveis


Antes de se discutir propriamente e com mais propriedade os conceitos de
custos fixos e de custos variáveis lembra-se que todos os custos acima definidos como
custos diretos ou como custos indiretos, serão a seguir também definidos como custos
fixos ou como custos variáveis, pois trata-se de duas caracterizações não excludentes,
ou seja, parte-se do princípio que todo e qualquer custo direto ou indireto, também é um
custo fixo ou variável.
Martins (2003, p. 49) reforça o afirmado acima informando que outra
classificação usual (e mais importante que todas as demais) é a que leva em
consideração a relação entre o valor de um custo e o volume de atividade numa unidade
de tempo que divide basicamente os Custos em Fixos e Variáveis. (MARTINS, 2003, p.
49) É de grande importância notar, portanto, que a classificação em custos fixos e
variáveis leva em consideração a unidade de tempo, o valor total de custos com um item
nessa unidade de tempo e o volume de atividade. Não se trata, como no caso da
classificação de custos diretos e indiretos, de um relacionamento com a unidade
produzida (MARTINS, 2003, p. 50).
Martins (2003, p. 51) com referência ao colocado acima afirma que “todos os
custos podem ser classificados em Fixos ou Variáveis e em Diretos ou Indiretos ao
mesmo tempo. Assim, a matéria-prima é um custo Variável e Direto; o seguro é Fixo e
Indireto e assim por diante.”
Motta (2000, p. 9) oportunamente menciona que:
Estes dois tipos de custos são definidos de acordo com sua variação em relação
ao volume de produção admitindo-se um período de tempo fixo. O custo é
determinado como Variável se o total variar em proporção direta com o volume
de produção. Um custo é denominado como Custo Fixo quando seu total não
varia com o volume de produção.
O mesmo autor segue afirmando que “Partindo-se destas definições, e
considerando-se o curto prazo sem modificações na capacidade produtiva [...]”.
Depreende-se desta afirmação que só se pode trabalhar com a definição de custos fixos
e de custos variáveis no curto prazo, pois no longo prazo todos os custos são variáveis,
visto que – normalmente – as unidades de produção variam de tamanho, o que faz com
que varie os custos fixos.
A este respeito Vasconcellos (1999, p. 59) esclarece que:
Fatores de produção variáveis são aqueles cujas quantidades utilizadas variam
quando o volume da produção varia. Por exemplo: quando aumenta a produção,
são necessários mais trabalhadores e maior quantidade de matérias-primas.
Fatores de produção fixos são aqueles cujas quantidades não variam quando o
40

produto varia. Por exemplo: as instalações da empresa e a tecnologia, que são


fatores que só são alterados a longo prazo.

A divisão em custos fixos e variáveis também tem outra característica


importante, pois considera a relação entre período e volume de atividade, o autor
salienta que não se está comparando um período com outro. Esse fato é de extrema
importância na prática para não se confundir custo fixo com custo recorrente (repetitivo)
(MARTINS, 2003, p. 50).
Interessante observar aqui que Martins (2003, p. 50) detalha uma importante
observação:
Podem-se subclassificar os Custos Fixos em Repetitivos e Não-Repetitivos em
valor, isto é, custos que se repetem em vários períodos seguintes na mesma
importância (caso comum do pessoal da chefia da fábrica, das depreciações
etc.) e custos que são diferentes em cada período (manutenção, energia etc.).

Assim sendo, é importante observar em termos de características dos custos


fixos é que eles não são, necessariamente, repetitivos, não possuem, portanto
eternamente o mesmo valor. Sempre há pelo menos duas causas para sua modificação
que são a mudança em função de variação de preços, de expansão da empresa ou de
mudança de tecnologia (MARTINS, 2003, p. 50).
De forma direta e precisa, Speidel (1966, p. 67) assegura que “quando se
considera a produção total, os custos fixos sempre são iguais, sem influência do volume
da produção, enquanto os custos variáveis são proporcionais ao volume da produção.”
Speidel (1966, p. 67) ainda reforça o pensamento acima exemplificando:
Quando consideramos a produção de uma unidade (hora, hectare, metro cúbico,
metro, etc.), devemos distribuir os custos totais por cada unidade produzida, quer
dizer, devemos dividir os custos totais pelo número de produção (hora, hectare,
metro cúbico, etc.). Então, com uma produção total crescente, obteremos custos
decrescentes por unidade. A tendência decrescente dos custos totais por
unidade de produção é causada pela distribuição do custo fixo no número
aumentado, enquanto normalmente os custos variáveis não podem contribuir
para esta tendência.

Cada empresa deve ser continuamente informada sobre a composição e a


importância dos valores que ela está manejando e administrando. Conhecimentos
exatos sobre isto são indispensáveis, por exemplo, para a verificação da rentabilidade, a
determinação do valor de quaisquer prejuízos e a análise econômica da empresa, que é
a base para a racionalização (SPEIDEL, 1966, p. 68).
Theiss (2005) complementa conceituando e exemplificando: Os custos fixos são
as parcelas que se mantêm constantes, independentemente dos volumes de produção
ou vendas, um exemplo clássico é o aluguel do prédio que abriga a indústria, a loja ou o
escritório. Os custos variáveis são as parcelas que apresentam variabilidade de acordo
com os volumes físicos de produção ou vendas. Na produção é a matéria-prima e a
mão-de-obra direta que varia, enquanto que nas vendas são os tributos e as comissões
de vendas que servem de exemplo.
Como exemplo de custos fixos temos o aluguel de edificações, o custo de
oportunidade das máquinas e implementos, a depreciação, a mão de obra de produção
e administração (salários, encargos sociais e sociais, alimentação e EPI/EPC) e as
despesas administrativas. Já como custos variáveis pode-se exemplificar como sendo os
custos de reparos e manutenção, combustível, lubrificantes das máquinas e
implementos, as despesas governamentais e outras. Registra-se que em tratando-se de
custos fixos e variáveis, cada caso deve ser observado individualmente, pois as
especificações de custo em uma empresa pode ser totalmente diferente em outra
empresa.
41

Para finalizar, é importante esclarecer que os conceitos de custos fixos e de


custos variáveis se baseiam na variação da produção, assim sendo, se baseiam no
tempo, pois a variação da produção só ocorre na base temporal, não ocorrendo,
portanto na unidade de produção.

3.4.2 Cálculo Algébrico da Variação da Produção

80% (800UP/mês) 100% (1.000UP/mês) CF


P/UP P/mês P/UP P/mês CV
Matéria Prima e Embalagem 1,17 936,00 1,17 1.170,00 CV
CD Mão-de-Obra-Direta 4,77 3.822,26 4,78 4.777,83 CV
Máq. e Equip. Diretos 1,94 1.550,00 1,55 1.550,00 CF
Mão-de-Obra Indireta 9,74 7.789,90 7,79 7.789,90 CF
CI Máq. e Equip. Indiretos 0,74 590,00 0,59 590,00 CF
Despesas Gerais 7,39 5.910,00 5,91 5.910,00 CF
Taxa de Com. (36,08%) 15,14 12.114,22 15,14 15.142,78 CV
Lucro (10,00%) 1,08 864,00 5,04 5.036,40
Preço de Venda/Receita 41,97 33.576,00 41,97 41.970,00

OBSERVAÇÕES:

Na análise supra considerou-se os Custos de Matéria Prima e Embalagem, de Mão-de-


Obra Direta e os Custos de Comercialização como Custos Variáveis, os demais custos
foram considerados como fixos. Ressalta-se que os Custos de Matéria Prima,
Embalagem e de Comercialização sempre deverão ser considerados como Custos
Variáveis, os demais podem ser considerados tanto como Fixos como Variáveis.
Deve-se observar que na posição de plena capacidade instalada (100,00%) utilizou-se a
Taxa de Marcação, derivada da Taxa de Comercialização e da Taxa de Lucro, para
calcular o Preço de Venda e a Receita, no entanto, na posição não padrão apresentada
(80,00% da capacidade de produção e 20,00% de capacidade ociosa) o lucro é um
resultado, pois deriva da subtração que deve existir entre o Preço de Venda e o Custo
Total Unitário, ou entre a subtração entre a Receita e o Custo Total Mensal.
Na análise considerou-se ainda que o Preço de Venda não variou, consequentemente a
Receita varia conforme varia a produção.

3.4.3 Ponto de Equilíbrio


3.4.3.1 Conceituação do Ponto de Equilíbrio
A literatura relacionada à gestão de custos traz inúmeros estudos que distam
sobre a análise de custo/volume/lucro, estas análises se baseiam na alteração do
volume de produção e às consequências que estas alterações causam aos custos da
empresa.
“A análise de equilíbrio tem como objetivo a verificação de um ponto em que
duas alternativas, funções de um mesmo parâmetro e comparadas em idênticas
condições de instantes e prazos, apresentam o mesmo valor. Tal ponto é chamado
ponto de equilíbrio (breakeven point).” HIRSCHFELD (2000, p. 366)
O ponto de equilíbrio é, portanto, o nível de operação da empresa no qual o
custo total se iguala a receita total, resultando no lucro zero. Qualquer produção acima
deste ponto a empresa terá lucro, abaixo terá prejuízo.
Viceconti e Neves (1998) registram a existência de três tipos de ponto de
equilíbrio:
42

- Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC): é o ponto onde há equilíbrio entre a receita


total e a soma dos custos e despesas relativos aos produtos vendidos;
- Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE): caracteriza-se pela igualdade da receita
total com a soma dos custos e despesas somados, ainda, à remuneração
mínima sobre o capital investido pela empresa. Permite, por exemplo, comparar
a rentabilidade gerada pela empresa, com a remuneração que se poderia obter
caso o capital tivesse sido aplicado no mercado financeiro;
- Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF): é a quantidade que iguala a receita total
somada aos custos e despesas que representam desembolso financeiro para a
empresa, ou seja, excetuando-se a depreciação.

3.4.3.2 Cálculo Algébrico do Ponto de Equilíbrio


Para entendermos o conceito de ponto de equilíbrio inicialmente apresenta-se
uma tabela em que aparecem os custos fixos, custos variáveis, custos totais e as
receitas para a produção de 100,00% e 80,00% da capacidade instalada.

80% 100%
Custo Fixo 15.839,89 15.839,89
Custo Variável 16.872,49 21.090,61
Custo Total 32.712,38 36.930,50
Receita 33.576,00 41.970,00

Para calcular o ponto de equilíbrio através do método algébrico, parte-se da


fórmula universal de custos e do princípio de que no ponto de equilíbrio o lucro é “0”. A
partir destes pressupostos desenvove-se a seguinte lógica matemática:

CT + L = R

(CF + CV) + L = R

CF + (CV/UP x Qp) + Zero = (PV x Qp)

15.839,89 + (21,09 x Qp) = (41,97 x Qp)

Qp = 15.839,89
(41,97 – 21,09)

Qp = 758,61

Onde:
CT: Custo Total
L: Lucro
R: Receita
CF: Custo Fixo
CV: Custo Variável
Qp: Quantidade de Produção
CV/UP: Custo Variável por Unidade de Produção
PV: Preço de Venda (por Unidade de Produção)

Vários estudos trazem a fórmula do ponto de equilíbrio, com aplicação direta,


Martins (2003) utilizou-se da fórmula abaixo descrita:
43

CF
PE  . 100
( PV  CVun)
Onde:
PE: Ponto de equilíbrio (%);
CF: Custo fixo (R$/mês);
PV: Preço de venda (R$/unidade);
CVun: Custo variável unitário (R$/unidade).

3.4.3.3 Gráfico do Ponto de Equilíbrio


Para confeccionarmos o gráfico do Ponto de Equilíbrio tomar-se-á como base os
valore de Custo Fixo, Custo Variável, Custo Total e Receita tanto da produção de
80,00% como 100,00%, a partir destes valores obtém-se o seguinte gráfico.

PONTO DE EQUILÍBRIO
UNIDADES MONETÁRIAS

45.000,00
40.000,00
Custo Fixo
35.000,00
30.000,00 Custo Variável
25.000,00 Custo Total
20.000,00 Receita
15.000,00
10.000,00
5.000,00
0,00
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

QUANTIDADE DE PRODUÇÃO
44

3.5 EXERCÍCIOS DE CUSTO


3.5.1 Controle de Estoques - PEPS/UEPS/PREPS/Média Ponderada
Uma empresa tem uma previsão de produção de 10.000 unidades de produção para o
mês de janeiro, sabendo que em cada unidade de produção é consumido 1,00 Kg de
matéria prima, a empresa comprou 10.000,00 kg de matéria prima a vista e pagou o
valor de R$ 1,00/kg, no entanto, a produção deste mês de janeiro foi de apenas 8.000
unidades de produção. A partir destas premissas defina para o mês de janeiro:
- o custo mensal de matéria prima;
- o estoque no final do mês;
- o valor do estoque no final do mês.
Através das metodologias do UEPS, PEPS, Média Ponderada e PREPS, qual será o
consumo e o estoque mensal, bem como seus valores se:
- neste mês a empresa tiver uma previsão de produzir 9.500 unidades de produção;
- o preço do produto que era de R$ 1,00/Kg agora subiu para R$ 1,20/Kg e no próximo
mês terá um valor de R$ 1,44/kg;
- a produção do mês de fevereiro foi de 8.500 unidades de produção.

Mês C/C/E Físico Preço Unitário Financeiro


Compra
Janeiro
Consumo

Estoque

Compra
Fevereiro - PEPS
Consumo

Estoque

Compra
Fevereiro - UEPS
Consumo

Estoque

Compra
Fevereiro - Méd. Pond.
Consumo

Estoque

Compra
Fevereiro - PREPS
Consumo
Estoque
45

3.5.2 Custos Básicos


a) Calcule o custo de matéria prima de um produto que consome 4 tipos de matéria
prima, sabendo-se que: consome-se 5,7 Kg/unidade de produção de MP-A, 15,00
g/unidade de produção de MP-B, 30 unidades/unidade de produção de MP-C e 3,50
litros/unidade de produção de MP-D; o custo da MP-A é de R$ 400,00/Kg, da MP-B é de
R$ 700,00/TON, da MP-C é de R$ 80,00/milheiro e da MP-D é de R$ 6,00/litro.

b) Uma determinada empresa produz serviços e possui uma equipe de Mão de Obra
Direta de 43 funcionários, um deles é engenheiro de produção (proprietário da empresa)
e tem um salário mensal de R$ 5.700,00, quatro são técnicos de produção e têm um
salário de R$ 1.150,00/mês, os outros funcionários são auxiliares de produção e
percebem um salário de R$ 760,00/mês. Sabendo-se que os encargos sociais sobre o
pró-labore são de 20,00% e sobre os salários dos funcionários são de 112,06%, qual o
custo médio da mão de obra direta por hora, se cada um dos 43 membros da equipe
trabalhar e a empresa vender 165 horas/mês?

c) Qual a depreciação linear mensal de uma máquina que tem um valor de aquisição de
R$ 56.000,00, sabendo-se que esta depreciar-se-á em 5 anos e terá no final deste
período um valor residual que corresponde a 20% do valor da aquisição?

d) Uma máquina foi adquirida hoje a um valor de R$ 100.000,00. Utilizando a


depreciação contábil, qual o valor desta máquina no final do terceiro ano se esta tiver
uma taxa de depreciação de 20% ao ano?

e) Se você tem que produzir um produto que tem um custo direto mais indireto de
R$_2.760,00/unidade de produção e uma taxa de comercialização de 16,85%, qual a
taxa de lucro ou prejuízo se o bem for vendido por R$ 3.700,00/unidade de produção?
46

3.5.3 Custos do Quilômetro Rodado de um Veículo


Você é profissional liberal e possui um veículo que tem um valor atual de R$ 38.000,00,
supondo que você vai fazer um serviço e cobrar o valor da quilometragem rodada junto
com os seus honorários, quanto você cobraria (adicionalmente aos honorários) por
quilometro rodado deste veículo caso você rode, em média, 3.000 km/mês? Faça
também um cálculo baseando sua análise na hipótese de você rodar, 1.000 e 5.000
km/mês.
Considere na análise que o veículo:
- tem uma autonomia de 13 km/litro de gasolina;
- que a gasolina custa R$ 2,59/litro;
- gasta R$ 220,00 de manutenção e peça de reposição para cada 1.000 km rodados;
- gasta R$ 197,49/ano de Licenciamento;
- tem um custo anual de R$ 54,60 de Seguro Obrigatório;
- tem um custo anual de R$ 235,84 de IPVA e taxas de despachante;
- faz uma troca de óleo lubrificante e filtros a cada 5.000km e que esta troca custa R$
46,00;
- gasta R$ 766,00/ano de seguro;
- que – em média – o veículo recebe duas multas anuais que perfazem um valor total de
R$ 272,00;
- considere que você vai ter que colocar o valor cobrado pelo deslocamento (aqui
calculado) juntamente com os teus honorários na Nota Fiscal de Serviço e que sobre
esta NF incidem um percentual de 16,33% de impostos;
- considere que você quer uma remuneração sobre o capital investido (valor atual do
veículo) equivalente ao juro da Caderneta de Poupança no Brasil (0,50% ao mês).
Utilize na sua análise a depreciação linear, considerando um valor residual do veículo
daqui a 5 anos de 20,00% do valor atual.

CUSTO DE UM VEÍCULO Quilometragem


CF/CV Descrição 1000 2000 3000 4000 5000
CF Veículo (preço atual) 38000,00
CF Depreciação mensal (R$/mês) 506,67 506,67 506,67 506,67 506,67 506,67
CF Juros/capital investido (0,50%a.m.) 190,00 190,00 190,00 190,00 190,00 190,00
CV Combustível (R$/Km) 0,20 200,00 400,00 600,00 800,00 1.000,00
CV Manutenção (R$/mês) 0,22 222,00 444,00 666,00 888,00 1.110,00
CF Licenciamento (R$/mês) 16,46 16,46 16,46 16,46 16,46 16,46
CF Seguro obrigatório (R$/mês) 4,55 4,55 4,55 4,55 4,55 4,55
CF IPVA + Taxas (R$/mês) 19,65 19,65 19,65 19,65 19,65 19,65
CV Troca de óleo (R$/Km) 0,01 9,20 18,40 27,60 36,80 46,00
CF Seguro (R$/mês) 63,83 63,83 63,83 63,83 63,83 63,83
CF Multas (R$/mês) 22,67 22,67 22,67 22,67 22,67 22,67
Total despesas 1.255,03 1.686,23 2.117,43 2.548,63 2.979,83
Taxa de marcação 0,84
Custo de comercialização 0,16 244,95 329,10 413,26 497,42 581,58
CF Preço "venda" 1.499,97 2.015,33 2.530,69 3.046,05 3.561,40
Custo total/km rodado (R$) 1,50 1,01 0,84 0,76 0,71
47

3.5.4 Custos e Ponto de Equilíbrio


a) Uma empresa produz um único tipo de produto e na sua capacidade máxima produz
1.000 Unidades de Produção por mês (UP/m). Considerando os dados abaixo, qual o
preço de venda deste produto?
Matéria Prima: R$ 32,00/UP
Mão de Obra Direta: R$ 160.000,00/mês
Máquinas e Equipamentos Diretos: R$ 12.000,00/mês
Mão de Obra Indireta: R$ 25.000,00/mês
Despesas Gerais: R$ 15.000,00/mês
Taxa de Comercialização: 26,50%
Taxa de Lucro: 12,00%
UP = Unidade de Produção

b) Considerando que a MP e o CC são custos variáveis e os demais custos como fixos,


qual é o ponto de equilíbrio desta empresa?

c) Considerando a questão 1 e 2, que o preço de venda não varia mesmo quando varia
a produção, que a MP e o CC são custos variáveis, qual o lucro ou o prejuízo obtido em
um mês que a empresa operar com 23% de capacidade ociosa?

d) Considerando a questão 1 e 2, bem como a produção de 1.000 UP/m para quanto vai
o lucro da empresa se o preço de venda tiver um aumento de 25%?

e) Considerando a questão 1 e 2, como fica o Ponto de Equilíbrio desta empresa se toda


a Mão de Obra Direta for terceirizada, ou seja, passar a ser considerada Custo Variável
ao invés de ser considerada Custo Fixo?

f) Considerando os dados das questões 1 e 2, como fica o lucro ou prejuízo em um mês


que a empresa produz 83% da capacidade instalada? Considere ainda que o preço de
venda teve um aumento de 15%.

g) Considerando os dados das questões 1 e 2, qual o lucro ou o prejuízo obtido em um


mês que a empresa produzir com 88% da capacidade instalada? Considere ainda que a
MOD e MOI tiveram um aumento real neste mês de 11,36%, considere ainda que o PV
teve um aumento de 10%.

h) Considerando as questões 1 e 2, como fica o resultado de uma empresa (lucro ou


prejuízo) obtido em um mês que a empresa produzir 87,30% da capacidade instalada?
Considere que o preço de venda teve um aumento de 7,00% e que a MOD e a MOI teve
um aumento real de 11,00%. Considere ainda que o custo de comercialização (taxa de
comercialização) aumentou para 29,50%.
48

3.5.5 Rateio de Custos


Uma empresa produz 3 produtos e possui um custo indireto mensal de
R$_10.000.000,00, os custos diretos e preço de venda são os seguintes:

PRODUTO A:
- Produção padrão de 10.000 unidades de produção/mês
- Matéria prima: R$ 50,00/UP
- Mão de obra direta: R$ 6,50/UP
- Máquinas e equipamentos diretos: R$ 27,00/UP
- Preço de Venda: R$ 200,00/UP

PRODUTO B:
- Produção padrão de 2.000 unidades de produção/mês
- Matéria prima: R$ 80,00/UP
- Mão de obra direta: R$ 20,00/UP
- Máquinas e equipamentos diretos: R$ 2,00/UP
- Preço de Venda: R$ 375,00/UP

PRODUTO C:
- Produção padrão de 20.000 unidades de produção/mês
- Matéria prima: R$ 300,00/UP
- Mão de obra direta: R$ 40,00/UP
- Máquinas e equipamentos diretos: R$ 50,00/UP
- Preço de Venda: R$ 1.350,00/UP

Considerando ainda que a empresa possua uma taxa de comercialização de 26,50%.


Qual o lucro por produto quando se analisa o rateio do custo indireto pela quantidade de
produção de cada produto, pelo custo de matéria prima mensal, pelo custo da mão de
obra mensal, pelo custo direto total mensal e pela receita mensal?

UP = Unidade de Produção
49

4 MATEMÁTICA FINANCEIRA
4.1 HISTÓRIA DA MOEDA
O sistema monetário atual é o resultado de uma longa evolução. A partir da
exposição da história da moeda no sitio do Banco Central do Brasil, apresenta-se,
resumidamente, as seguintes fazes da evolução da moeda.

4.1.1 A História da Moeda no Mundo


4.1.1.1 Escambo
No início praticava-se a troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência
de valor. Esta forma de comércio ocorreu no início da civilização, no entanto, em alguns
casos ainda é utilizada nos dias atuais.
As mercadorias utilizadas no escambo normalmente se apresentam no seu
estado natural, variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades
desenvolvidas pelo grupo.
O grande problema derivado do escambo era a falta de medida padrão, ou seja,
a falta de um referencial de valor, pois não havia uma medida comum de valor entre as
mercadorias permutados.

4.1.1.2 Moeda-Mercadoria
Devido a sua alta utilização, algumas mercadorias passaram a ser mais
procuradas do que outras. Estas eram aceitas pela maioria da população e então,
assumiram a função de valor referência, o que ocasionou a sua circulação como sendo a
mercadoria que era trocada pela maioria das outras mercadorias.
Estas mercadorias padrão eram as moedas–mercadorias. O sal e o gado são os
exemplos mais conhecidos de moeda–mercadoria. No Brasil circularam o pau-brasil, o
açúcar, o cacau e o tabaco.
As oscilações dos valores das moedas-mercadorias tornaram-se inconvenientes
às transações. As moedas-mercadorias tinham dois problemas principais: eram de dificel
fracionamento e perecíveis.

4.1.1.3 Metal
Surge o metal como padrão monetário. Estes tinham as características de serem
armazenáveis, divisíveis, serem raros, transportáveis e serem perenes. O metal passa a
ser o principal padrão de valor, inicialmente o metal era trocado em seu estado natural,
para depois ser trocado em barras ou na forma de objetos.
O metal passa a ser pesado e a sua pureza avaliada. Diante destes controles, o
metal ganhou forma e peso determinado, além do aval do estado, o que agilizou as
transações e deu inicio a uma nova fase no sistema monetário. O ouro, prata e bronze
foram os primeiros metais utilizados na fabricação de moedas. O ouro era utilizado nas
moedas de maior valor, ficando a prata e o bronze destinado às moedas de menor valor.

4.1.1.4 Moeda de Papel


Surge na idade média o costume de guardar os metais (moedas) com os
ourives, este, como garantia, entregava um recibo, um papel, que passaram a ser
utilizados como moedas de papel.
Com o passar dos anos, o estado passou a conduzir a emissão de cédulas,
controlando as falsificações e garantindo o valor dos mesmos. Hoje a maioria das
nações possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e
moedas.
50

4.1.1.5 Moeda Bancária


A moeda escritural, ou cheques, consistem nos depósitos à vista nos bancos,
normalmente movimentados por intermédio de cheques, instrumento de circulação da
moeda bancária. Estes são originados em entrega de dinheiro pelo cliente (depósito
originário) ou originados em operação de créditos (depósitos contábeis).
A utilização do cheque apresenta muitas vantagens, pois facilita a movimentação
de grandes somas, além de diminuir a possibilidade de roubos.

4.1.1.6 Cartões de Crédito


Os cartões de plástico são, indiscutivelmente, o caminho que está sendo trilhado
na atualidade. Instituições financeiras, bancos e lojas oferecem a seus clientes cartões
que podem ser utilizados nas operações de compra, inclusive em lojas virtuais através
da internet. Os cartões não são dinheiro real, eles tem a função de registrar a intenção
de pagamento do consumidor.
O smart card, o cartão inteligente, talvez seja o grande caminho a ser trilhado,
atualmente estes são utilizados para a realização de pequenas compras, o portador
abastece o cartão com um valor e a medida que vai gastando, seu saldo vai sendo
eletronicamente descontado.
As moedas surgiram, a cada época, devido a sua necessidade e sua evolução
conjectura a necessidade de adequar seu instrumento monetário à realidade da
economia de sua época.

4.1.1.7 Moeda Virtual


As moedas virtuais ou criptomoedas, ou ainda as redes de pagamentos
mundiais são as novidades junto ao sistema financeiro internacional. Mais conhecidas
como Bitcoin, Litecoin, Peercoin, Feathercoin, Terracoin, dentre outros denominações,
vem paulatinamente transitando no vocabulário cotidiano e, muito provavelmente,
passaram a estar presentes em nosso dia a dia.
O termo “coin”, em inglês, significa moeda e “bit” comumente representa algo
relacionado com computadores. O bitcoin surge como a denominação mais comum para
a moeda virtual.

4.1.2 História da Moeda no Brasil


Diferente da maioria dos países, o Brasil já teve diversas unidades monetárias.
O escambo foi utilizado pelos portugueses desde o início da colonização do Brasil e
diversas mercadorias, especiarias e até animais foram utilizados. Pode-se dizer que o
pau-brasil foi a primeira moeda brasileira, pois os indígenas utilizavam esta madeira
como sua moeda de troca. De forma resumida a historia da moeda no Brasil se deu da
seguinte forma:

4.1.2.1 Real - R
Utilizada conjuntamente com diversas outras moedas, assim como com o
escambo, foi a primeira moeda brasileira, tendo validade desde o período colonial até 07
de outubro de 1833.

4.1.2.2 Mil Réis – Rs


O Decreto Lei Nº 59, 08 de outubro de 1833, instituiu o Mil Réis, com a paridade
de Rs 2$500 ter o mesmo valor que 1/8 de ouro de 22K.

4.1.2.3 Cruzeiro – Cr$


Criado em 05 de outubro de 1942, o Cruzeiro entrou em vigor somente em 01 de
novembro de 1942. A alteração da moeda partiu de uma razão de Rs 1$000 (1 Mil Réis)
51

ter o mesmo valor que Cr$ 1,00. Esta moeda teve os centavos extintos em 01 de
dezembro de 1964.

4.1.2.4 Cruzeiro Novo – NCr$


Esta moeda foi criada em 13 de fevereiro de 1967, a partir da eliminação de três
zeros da moeda antecessora, assim Cr$ 1.000,00 passou a valer NCr$ 1,00.

4.1.2.5 Cruzeiro – Cr$


Criada em 15 de maio de 1970, o Cruzeiro Novo passa a ser denominado de
Cruzeiro, sem a ocorrência de conversão quantitativa de valores, pois NCr$ 1,00 passa
a valer Cr$ 1,00.

4.1.2.6 Cruzado – Cz$


Em 28 de fevereiro de 1986 o Cruzeiro é convertido em Cruzado na proporção
de Cr$ 1.000,00 para Cz$ 1,00. Nesta data os centavos voltaram a ter validade.

4.1.2.7 Cruzado Novo – NCz$


Em 16 de janeiro de 1989 a moeda brasileira passa, novamente, por mais uma
transformação a partir da retirada de três zeros da moeda antecessora. Assim Cz$
1.000,00 passou a valer NCz$ 1,00.

4.1.2.8 Cruzeiro – Cr$


Na data de 16 de março de 1990 a moeda brasileira volta a ser chamada de
Cruzeiro, sendo que NCz$ 1,00 passa a ser denominado de Cr$ 1,00, não havendo,
portanto, conversão quantitativa de valores. Neste caso só houve alteração da
denominação da moeda.

4.1.2.9 Cruzeiro Real – CR$


Já em 01 de agosto de 1993 há, novamente, a diminuição milesimal da moeda
brasileira, pois Cr$ 1.000,00 passa a valer CR$ 1,00.

4.1.2.10 Real – R$
Mais recentemente, em 01 de julho de 1994, a moeda nacional passa a ser
denominada de “Real”, a partir da conversão de CR$ 2.750,00 para R$ 1,00. Esta
conversão foi feita a partir da variação do indexador econômico designado de Unidade
Real de Valor – URV na data de referência de 30 de junho de 1994.

4.2 CONCEITO FUNDAMENTAIS RELATIVOS À MATEMÁTICA FINANCEIRA


4.2.1 Conceito de Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa é a demonstração das entradas e saídas de valores
monetários nos períodos de tempo em que ocorrem os recebimentos e os pagamentos.
Normalmente em um fluxo de caixa, considera-se a existência de uma taxa de juro. As
decisões são tomadas a partir de análises econômicas baseadas nos instantes
presentes, intermediários e futuros.
O fluxo de caixa pode ser estruturado conforme demonstração abaixo. No eixo
horizontal representa-se o tempo, as entradas de caixa (valores positivos) são
representados com flechas “para cima” e as saídas de caixa (valores negativos) são
representados com flechas “para baixo”.

A A A A A A

+
52

VP i i i i i i
VF
d d d d d d n
-

Onde:
VP: Valor Presente
VF: Valor Futuro
A: Série Uniforme
N: Número dePperíodos
i: Taxa de Juro do Período
d: Taxa de Desconto do Período

4.2.2 Conceito de Juros


O juro é a remuneração do capital.
Em outras palavras juro é o pagamento pela oportunidade de poder dispor de
um capital durante determinado tempo. Alguns autores afirmam que o juro é decorrente
de três variáveis, quais sejam:
- juro como remuneração de capital;
- juro como derivado do risco envolvido na operação;
- juro como derivado da correção monetária.
Este entendimento gera muitas discussões, sendo que nestas pode-se ter o
entendimento de que de uma forma ou de outra, os juros podem ser calculados da
mesma forma, logicamente a partir de valores diferentes.

4.2.3 Juros Simples e Compostos


4.2.3.1 Juros Simples
Quando são cobrados juros simples apenas o principal rende juros, isto é, os
juros são diretamente proporcionais ao capital emprestado. Pode-se dizer ainda que
quando a remuneração do valor aplicado é diretamente proporcional ao seu valor e ao
tempo de aplicação, tem-se o juros simples.
Para calcular o valor futuro de um valor que está no presente utiliza-se as
seguintes fórmulas:

VF = VP + (i * n * VP)

ou

VF = VP * (1 + (i * n))

Onde:
VF: valor futuro
VP: valor presente
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros

4.2.3.2 Juros Compostos


Os juros compostos são os famosos “juros sobre juros”, ou seja, neste caso,
após cada período de capitalização, os juros são incorporados ao principal e passam a
render juros também. Pode-se dizer ainda que quando o juro gerado pela aplicação for
incorporado à mesma, passando a participar do cálculo do juros do período seguinte,
tem-se o cálculo de juros compostos.
53

A fórmula básica dos juros compostos é a seguinte:

VF = VP * (1 + i)n

Onde:
VF: valor futuro
VP: valor presente
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros

4.2.3.3 Relação entre Juros Simples e Compostos


Abaixo apresenta-se a Tabela XX, que demonstra de forma suscinta a diferença
existente no cálculo de juros simples e compostos, onde observa-se que no cálculo do
juro simples os valores dos valores futuros aumentam de forma linear, enquanto que no
cálculo do juro composto os valores futuros aumentam de forma exponencial.

Tabela XX – Tabela Comparativa de Juros Simples e Compostos


Final do Mês Montante F
i simples i compostos
1 100 100
2 100 + (1*0,05 * 100)=105 100+(0,05 * 100)=105
3 100 + (2*0,05 * 100)=110 105+(0,05 * 105)=110,25
4 100 + (3*0,05 * 100)=115 110,25+(0,05 * 110,25)=115,7625
5
6
7
8
9
10
11
12 160 179,5856
Importante lembrar que no Brasil utiliza-se somente os cálculos de juros através
da metodologia dos juros compostos, portanto, a partir deste item, só se tratará de juros
compostos.

4.2.4 Taxa de Juros e Taxa de Desconto


Em muitos casos estas taxas são utilizadas como se fossem uma única taxa.
Pode-se dizer que existe uma conflito de denominações entre estes dois termos, porém,
ambos possuem uma diferença conceitual básica.
4.2.4.1 Taxa de Juros
De modo geral, esta taxa trata das movimentações de valores monetários de
valores que estão no presente e são transferidos para o futuros, ou seja, é uma taxa que
transfere valores sentido do tempo.
4.2.4.2 Taxa de Desconto
A taxa de desconto trás um valor, ou valores, do futuro para o presente, ou seja,
é uma taxa que trabalha no sentido inverso do tempo.
4.2.4.3 Relação entre Taxa de Juros e de Desconto
Importante salientar que para um mesmo valor no presente e um mesmo valor
no futuro, temos diferenças entre as taxas de juro e desconto.
Partindo-se de um exemplo tem-se: Um valor presente está sendo tranferido
para um valor no futuro, a diferença temporal é de uma unidade de tempo:
- Valor Presente = 100,00 Unidades Monetárias
54

- Taxa de Juros = 25,00%


- Valor Futuro = 125,00 Unidades Monetárias
Invertendo-se a análise, tem-se:
- Valor Futuro = 125,00 Unidades Monetárias
- Taxa de Desconto = 20,00%
- Valor Presente = 100,00 Unidades Monetárias
Note-se um aumento de 25,00% nos valores monetários quando se utiliza a taxa
de juro, do valor presente para o valor futuro. O cálculo inverso, para mesmos valores
presente e futuro, nos apresenta uma taxa de desconto de 20,00%.
Ressalta-se a importância para o fato, talvez esteja aqui uma das premissas
mais importante para o entendimento da matemática financeira.

4.2.5 Juros Nominais e Reais


4.2.5.1 Taxa de Juro Nominal
É a taxa corrente de juros, nesta estão incluídos os valores advindos da
correção monetária (inflação).

4.2.5.2 Taxa de Juro Real


É o cálculo de juros em que a correção monetária (inflação) é desconsiderada,
ou seja, o juro real é o juro efetivamente pago ou recebido em uma operação financeira.

4.2.5.3 Relação entre Juros Nominais e Reais


A equação abaixo elucida os conceitos acima apresentados:

(1 + Txi nominal) = (1 + Txi real) x (1 + CM)

Onde:
Txi Nominal: Taxa de Juro Nominal
Txi Real: Taxa de Juro Real
CM: Correção Monetária

4.2.5.4 Deflacionamento
Através da utilização de um índice previamente determinado, o deflacionamento
tem por objetivo retirar dos preços nominais o efeito da inflação, transformando estes
valores nominais em valores reais, que, estando deflacionados, podem ser comparados
mesmo tendo origens temporais diferentes.
Para realizar estas operações deve-se primeiro padronizar a moeda convertendo
qualquer outra unidade monetária na moeda corrente, posteriormente, deve-se converter
o valor antigo em valor novo através da variação do índice em questão. No ANEXO XX,
apresenta-se as variações de moeda ocorridas no Brasil.

4.2.6 Relação entre Juros Diários, Mensais e Anuais


È muito comum a necessidade de se transformar juros diários em mensais ou
anuais, bem como, outras transformações temporais. Para tanto, utiliza-se a seguinte
fórmula para a análise da equivalência:

1  iaa 1  (1  ias ) 2  (1  iaq ) 3  (1  iat ) 4  1  iam 12  1  iad 360

Onde:
iaa: Taxa de juros ao ano
55

ias: Taxa de juros ao semestre


iat: Taxa de juros ao trimestre
iaq: Taxa de juros ao quadrimestre
iam: Taxa de juros ao mês
iad: Taxa de juros ao dia
Registra-se que são inúmeras as relações de equivalências entre juros,
procurou-se apresentar acima as equações mais utilizadas, porém, destaca-se que a
partir destas, pode-se resolver a maioria dos cálculo de matemática financeira, basta
utilizar os conceitos acima apresentados.

4.2.7 Sistemas de Amortização


4.2.7.1 Sistema Francês de Amortização - SFA
Este sistema tem por objetivo calcular as prestações de forma que estas tenham
o mesmo valor a ser pago ao longo do financiamento. Observa-se, no entanto, que o
valor da amortização a ser paga aumenta e o juro diminui ao longo do período de
pagamentos. Este sistema é também denominado de Sistema Price ou Sistema de
Prestações Constante, ou ainda, Sistema de Pagamentos Constantes.
A Tabela XX apresenta o cálculo das prestações a partir do Sistema Price:

Tabela XX – Uso do Sistema Francês de Amortização


Saldo
Ano Amortização Juros Prestação
Devedor
0 100.000,00
1 86.708,02 13.291,98 9.000,00 22.291,98
2 72.219,76 14.488,26 7.803,72 22.291,98
3 56.427,56 15.792,20 6.499,78 22.291,98
4 39.214,06 17.213,50 5.078,48 22.291,98
5 20.451,35 18.762,71 3.529,27 22.291,98
6 -0,01 20.451,36 1.840,62 22.291,98
Soma 100.000,01 33.751,87 133.751,88

4.2.7.2 Sistema de Amortização Constante - SAC


Este sistema tem por objetivo calcular as prestações de forma que estas tenham
o valor da amortização constante ao longo do financiamento, em contrapartida, o valor
do juro a ser pago diminui ao longo do período de pagamento, tendo, por consequência
os valores das prestações diminuídas ao longo do tempo. Este sistema também é
conhecido pela denominação de Sistema Hamburguês.
A Tabela XX apresenta o cálculo das prestações a partir do Sistema de
Amortização Constante:

Tabela XX – Uso da Tabela de Amortização Constante


Saldo
Ano Amortização Juros Prestação
Devedor
0 100000,00
1 83333,33 16666,67 9000,00 25666,67
2 66666,66 16666,67 7500,00 24166,67
3 49999,99 16666,67 6000,00 22666,67
4 33333,32 16666,67 4500,00 21166,67
5 16666,65 16666,67 3000,00 19666,67
6 -0,02 16666,67 1500,00 18166,67
Soma 100000,02 31500,00 131500,02
56

4.2.8 Relações de Equivalência


4.2.8.1 Relação entre Valor Presente e Valor Futuro
Para se realizar a análise de equivalência entre um Valor Presente e um Valor
Futuro, utiliza-se a mesma fórmula básica do juro composto, qual seja:

VF  VP (1  I ) n

Onde:
VF: valor futuro
VP: valor presente
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros

4.2.8.2 Relação entre Valor Futuro e Valor Presente


A análise de equivalência entre um Valor Futuro e o Valor Presente, utiliza a
mesma fórmula básica do juro composto, porém de forma inversa, qual seja:

VF
VP 
(1  i ) n
Onde:
VP: valor presente
VF: valor futuro
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros

4.2.8.3 Relação entre Valor Presente e Série Anual Finita


Para realizar a análise de equivalência entre um Valor Presente e a Série Anual
Finita, utiliza-se a fórmula abaixo:

 1  i n  1
VP  A n 
 i1  i  
Onde:
VP: valor presente
A: valores uniformes
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros

4.2.8.4 Relação entre Valor Futuro e Série Anual Finita


A análise de equivalência entre um Valor Futuro e a Série Anual Finita, utiliza-se
a fórmula abaixo:

 1  i n  1
VF  A 
 i 
Onde:
VF: valor futuro
A: Valores uniformes
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros
57

4.2.8.5 Relação entre Valor Presente e Série Periódica Finita


A análise de equivalência entre um Valor Presente e uma Série Periódica Finita
(onde os valores da série se apresentam a intervalos de tempos iguais entre si, porém
diferentes da unidade ), utiliza-se a fórmula abaixo:

VP 

A 1  i   1
nt

1  i   11  i 
t nt

Onde:
VP: valor presente
A: Valores uniformes
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros
t: intervalo de pagamentos
nt: horizonte de tempo

4.2.8.6 Relação entre Valor Futuro e Série Periódica Finita


A análise de equivalência entre um Valor Futuro e uma Série Periódica Finita,
utiliza-se a fórmula abaixo:

A(1  i )  1 nt

VF 
(1  i)  1 t

Onde:
VF: valor futuro
A: valores uniformes
i: taxa de juros
n: número de períodos de juros
t: intervalo de pagamentos
nt: horizonte de tempo

4.2.8.7 Relação entre Valor Presente e Série Anual Infinita


A análise de equivalência entre um Valor Presente e uma Série Anual Infinita,
utiliza-se a fórmula abaixo:

A
VP 
i
Onde:
VP: valor presente
A: Valores uniformes
i: taxa de juros

4.2.8.8 Relação entre Valor Presente e Série Periódica Infinita


A análise de equivalência entre um Valor Presente e uma Série Periódica
Infinita, utiliza-se a fórmula abaixo:
58

A
VP 
(1  i)  1
t

Onde:
VP: valor presente
A: Valores uniformes
i: taxa de juros
t: intervalo de pagamentos
59

4.2.9 Exercícios de Matemática Financeira


4.2.9.1 Taxa de Juros Real e Nominal
a) Qual a taxa de juros nominal anual se tivermos uma taxa de juro real de 6,5%aa e
uma inflação de 5,67%aa no mesmo ano?

b) Qual a taxa de juros reais se em um ano tivemos uma taxa de juro nominal de
17,23%aa e uma inflação de 7,22%aa?

c) Qual a taxa de inflação ocorrida em um ano sabendo-se em que a taxa de juro


nominal foi de 21,37%aa e a taxa de juros real foi de 8,00%aa?

d) Qual o valor de um bem daqui a 90 dias se este bem custa hoje (a vista) o valor de
105.000,00UM, considere a seguinte estimativa de inflação no período:
Taxa de inflação do primeiro mês: 1,0235%am
Taxa de inflação do segundo mês: 0,8851%am
Taxa de inflação do terceiro mês: 1,2189%am

e) A exatamente 4 anos atrás pagamos por um terreno o valor de 4.500,00UM/hectare,


quanto vale este terreno hoje se as taxas de inflação anuais foram as seguintes:
Taxa de inflação do primeiro ano: 4,42%aa
Taxa de inflação do segundo ano: 5,22%aa
Taxa de inflação do terceiro ano: 5,87%aa
Taxa de inflação do quarto ano: 5,66%aa
- Qual a variação total da inflação no período?
- Qual a variação média da inflação no período?

f) Quanto teríamos que cobrar por um terreno hoje se este foi comprado pelo valor de
650.000,00UM a exatos 6 anos atrás, considere na análise uma taxa de mínima
atratividade de 12,00%aa e as seguintes taxas de inflação anuais:
Taxa de inflação do primeiro ano: 9,15%aa
Taxa de inflação do segundo ano: 9,58%aa
Taxa de inflação do terceiro ano: 10,35%aa
Taxa de inflação do quarto ano: 10,99%aa
Taxa de inflação do quinto ano: 12,65%aa
Taxa de inflação do sexto ano: 14,58%aa
60

4.2.9.2 Princípios de Matemática Financeira


a) Qual é o juro anual da caderneta de poupança considerando que o juro é de
0,50%am?
b) Quanto você pagará no final de 18 meses por um bem que custa a vista
R$40.000,00? Considere um juro de 54,65%aa.
c) Considerando que você tem que comprar um equipamento que custa a vista
R$500.000,00, quanto você pagará por este bem no trigésimo sexto mês (36). Considere
um taxa de juro anual de 135,55%.
d) Uma máquina custa R$100.000,00 a vista, quanto estaremos pagando de juro ao mês
se pagarmos esta máquina em duas parcelas iguais de R$60.000,00, sendo que uma
das parcelas é paga a vista e a outra em 30 dias?
e) Qual o valor de cada uma das cinco prestações mensais a serem pagas sobre um
bem que custa a vista R$50.000,00, se a taxa de juro for de 2,89% ao mês e se dermos
uma entrada de R$15.000,00?
f) Um bem está sendo vendido por R$51.600,00 com um prazo de pagamento de 01
mês (30 dias), considerando que você pode pagá-lo em 18 prestações mensais
postecipadas e iguais a um juro de 16,57% ao ano, qual o valor de cada uma destas
prestações se a primeira for paga em 30 dias?
g) Se você for fazer um financiamento de um bem que custa R$600.000,00 a vista,
quanto custará cada uma das 12 prestações postecipadas e mensais se você pagar a
vista R$200.000,00? Considere que o juro é de 3,64% ao mês e que você pagará a
primeira das parcelas no final do terceiro mês (90dias).
h) Qual o valor das prestações a serem pagas no seguinte financiamento:
Valor do Bem a Vista= R$280.400,00
Entrada= R$30.000,00
Número de Prestações Mensais= 36
Taxa de Juros= 66,35% ao ano postecipado
Carência: 1 ano (360 dias)
i) Um bem foi financiado em 12 prestações mensais, postecipadas e iguais de R$
3.200,00/mês, a uma taxa de juro de 1,45% ao mês. Você necessita refinanciar este
mesmo bem em 36 prestações mensais postecipadas e iguais, considerando a mesma
taxa de juros, qual o valor de cada uma destas prestações?
j) Quanto teremos que pagar mensalmente e no final de cada mês durante os 60 meses
de um financiamento de um bem que custa hoje R$120.000,00 se no final de cada ano
(12º, 24º, 36º, 48º e 60º mês) serão pagos - a titulo de reforço - um valor de R$4.000,00?
Considere um juro de 35,49% ao ano e que a primeira das parcelas vence em 30 dias.
k) Se você fosse fazer um plano de aposentadoria próprio para resgatar R$2.500,00 por
mês postecipadamente (entre 60 e 75 anos de idade), quanto você teria que depositar
por mês postecipadamente considerando que você está com 22 anos de idade?
Considere que todo o sistema será calculado com uma base de juros compostos e
postecipadamente uma taxa de juros de 0,50% ao mês.
61

4.2.9.3 Matemática Financeira Aplicada a Engenharia Florestal


a) Você comprou 12 TON de adubo hoje para pagar daqui a 36 meses a um valor de
R$6.000,00, quanto vale este adubo hoje se o juro real for de 12%a.a.?

b) Você comprou 4 pneus de um trator hoje ao valor de R$2.200,00/unidade, quanto


valerá estes pneus daqui a 12 meses se o juro real for de 0,85%a.m.?

c) Qual o valor presente de 24 pagamentos mensais de R$2.500,00 cada a um juro de


1,28%a.m.?

d) Qual o valor futuro de 48 depósitos mensais de R$650,00 cada a um juro de


0,77%a.m.?

e) Uma floresta nativa sob regime e manejo florestal produz a cada 10 anos uma receita
de R$4.000,00/ha. Qual o valor presente do fluxo de caixa se a taxa de juros for de
6,17%a.a.? O horizonte de tempo é de 50anos.

f) Uma fazenda florestal produz R$5.000,00 a cada 10 anos, se o plano de manejo desta
fazenda for projetado para 50 anos, qual o valor futuro destas produções, considere o
juro de 12%a.a.?

g) Um projeto de reflorestamento de palmito produz anualmente um lucro líquido de


R$650,00/ha. Se você deseja vender a área pelo valor presente, qual o valor de cada
hectare considerando uma taxa de juros de 6,17%a.a.?
62

5 ANÁLISE DE INVESTIMENTO
A análise de investimento é uma ferramenta administrativa e administrar em
tempos de grandes mudanças, segundo DRUCKER (1995, p. 17) requer muita
habilidade, pois “a incerteza – na economia, na sociedade, na política – ficou tão grande
que tornou inútil, senão contraproducente, o tipo de planejamento ainda praticado pela
maioria das empresas: previsão baseada em probabilidades”. Mais adiante o mesmo
autor continua seu pensamento afirmando que “os executivos tem de tomar decisões
que comprometem para o futuro recursos correntes de tempo e dinheiro.”
Pode-se afirmar, então, que o planejamento do dinheiro no tempo é de
fundamental importância no gerenciamento de empresas e é neste ponto que os
empresários devem concentrar o seu foco e é a partir desta premissa que se apresenta
o presente capítulo.
A viabilidade de um empreendimento é examinada dentro de um prazo de
interesse no qual se deseja saber se o esforço produtivo a ser realizado vale mais do
que a simples aplicação dos valores envolvidos a taxas mínimas de atratividade.
(HIRSCHFELD, 2000, p. 183). Ressalta ainda que para existir a viabilidade é necessário
que, nos tempos de análise, os benefícios resultantes sejam superiores aos custos
empregados.
Em síntese, pode-se conceituar a análise de investimento como a forma de se
prever economicamente o futuro de um empreendimento, ou ainda, pode-se conceituar a
análise de investimento como o conjunto de técnicas que permitem a comparação entre
fluxos de caixa diferentes.
A análise de investimento leva em consideração alguns fatores:
- as entradas do fluxo de caixa;
- as saídas do fluxo de caixa;
- os lucros auferidos;
- os juros do mercado;
- o tempo de análise.
Sempre que se trabalha com análise de investimento, deve-se levar em
consideração os objetivos da empresa e/ou do negócio analisado, se é o de obter o lucro
em uma única negociação ou em uma base temporal única (mês ou ano) ou de se obter
máximos ganhos num horizonte de tempo de longo prazo, ou seja, as políticas de longo
prazo das empresas fazem com que esta não tenha como objetivo único o lucro, mas
sim o lucro no longo prazo, agregado a rentabilidades satisfatórias.

5.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


A análise de investimento segue alguns princípios básicos, sem os quais a
análise torna-se difícil e, às vezes, impossível, quais sejam:
- os fluxos de caixa são, habitualmente, anuais;
- os fluxos de caixa devem ser expressos em valores monetários;
- todos os valores utilizados na análise devem estar na mesma base temporal e,
preferencialmente, no presente;
- quando se analisa fluxos de caixa no passado, pode-se fazer os cálculos de
correção monetária a presente;
- quando se trabalha com fluxos de caixa a futuro, estes devem estar com todos
os valores no presente, ou seja, deve-se evitar projeções que considerem
inflações futuras;
- matematicamente, somente as diferenças entre os fluxos de caixa são
relevantes;
- deve-se, preferencialmente, projetar múltiplos cenários de investimento;
- sempre existe uma taxa de juros entre dois períodos de investimento (sempre
deve-se reconhecer o valor do dinheiro no tempo);
63

- só se podem comparar alternativas homogêneas no tempo (quando se analisa


investimentos com vidas diferentes, deve-se fazer a equivalência temporal
através do mínimo múltiplo comum entre os tempos diferentes);
- deve-se compreender e aceitar que toda Taxa de Mínima Atratividade é uma
taxa de juro média de um período, pois as taxas de juros variam diariamente,
quanto mais anualmente;
- quando a análise envolver financiamento, os juros sobre este financiamento e
as amortizações devem ser considerados na análise.

5.2 TAXA DE MÍNIMA ATRATIVIDADE - TMA


Invariavelmente se utiliza como sinônimo da Taxa de Mínima Atratividade os
termos: Custo de Oportunidade do Capital e Taxa de Desconto. A seguir apresenta-se
estes três conceitos, quais sejam.
- Taxa de Mínima Atratividade é a taxa de juros que representa o mínimo que um
investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento. É a taxa de juros mínima, a
partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos adicionais;
- Custo de Oportunidade do Capital é a taxa de juro a ser obtida nas alternativas
de investimento alheias ao investimento em análise, ou seja, o quanto já se tem como
remuneração sobre o capital em outro investimento, que não o da análise. A ABNT NBR
14653-3:2004, define o Custo de Oportunidade do Capital como sendo a “maior taxa de
juros auferível no mercado em outras oportunidades de investimento concorrentes, em
termos de montante investido e prazo, a um dado nível de risco e liquidez.”
- Taxa de Desconto é a taxa de juros que varia de acordo com a variação do
risco inerente ao fluxo de caixa em análise, esta taxa de juros é tanto menor, quanto
menor for o risco do investimento e tanto maior quanto maior for o risco do investimento.
Embora estes conceitos sejam realmente muito semelhantes, e por este motivo
são comumente utilizados sem distinção, nota-se que há diferenças sutis entre os
mesmos e estas devem ser levadas em consideração em cada análise de investimento.
A análise de investimento necessita da utilização de uma taxa de mínima
atratividade como referência de análise. De modo geral, para que um empreendimento
seja viável, este deve proporcionar uma taxa de juros maior que o rendimento do
empreendimento ou da aplicação financeira corrente e cada análise deve ser
considerada com suas peculiaridades. A este respeito Damodaran (1997, p. 123) já
afirmava que:
“O princípio primaz que governa a estimativa de fluxos de caixa é o de equiparar fluxos
de caixa às taxas de desconto – fluxos de caixa do acionista ao custo do patrimônio
líquido, fluxos de caixa da empresa ao custo do capital, fluxos de caixa antes da
tributação a taxas antes do pagamento de impostos, fluxos de caixa após a tributação a
taxas pós-tributação, fluxos de caixas nominais a taxas nominais, e fluxos de caixa reais
a taxas reais.

Infelizmente, tem-se que registrar aqui que as formas de definição da TMA não é
uma ciência exata. Alguns autores afirmam que a taxa de juros a ser usada pela análise
de investimento é a taxa de juros equivalente à maior rentabilidade das aplicações
correntes e de pouco risco. Outros autores afirmam que a TMA deve representar o custo
de capital investido na proposta em questão, ou ainda, o custo de capital da empresa
mais o risco envolvido em cada alternativa de investimento. Entendendo-se por custo de
capital a média ponderada dos custos das diversas fontes de recursos utilizadas no
projeto em questão.
Normalmente a TMA advém da comparação com alguns parâmetros:
- Taxas de juros dos bancos comerciais ou de investimento;
- Valorização dos títulos públicos;
- Rentabilidade da própria empresa;
64

- Rentabilidades obtidas em bolsas de valores;


- Rentabilidade da caderneta de poupança.
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p. 233) “a parcela inesperada da taxa
de retorno, aquela que decorre de surpresas, é o risco autêntico de qualquer
investimento. Afinal de contas, se já tivéssemos conseguido o que esperávamos, não
poderia haver qualquer risco ou incerteza”.
Hoji (2004) registra que o risco existe em todas as atividades empresariais,
portanto tudo que é decidido hoje, visando a um resultado no futuro, está sujeito a algum
grau de risco; somente o que já aconteceu esta livre de risco, pois é fato consumado.
Até aqui a redação acima apresenta as premissas conceituais que devem ser
levadas em consideração em todas as análises de investimento. No entanto, até o
presente momento não se caracterizou a forma de se obter os valores da Taxa de
Mínima Atratividade. Para tanto, de modo geral, segue-se três maneiras básicas para
determinar esta taxa.
A primeira se refere ao menor rendimento em aplicações financeiras em um
país, ou seja, no caso brasileiro, poder-se-ia utilizar a Caderneta de Poupança no Brasil.
A segunda se refere a definição do custo de capital próprio de um empreendimento, de
uma empresa para definir a taxa de juros da análise. A terceira maneira se refere a
determinação do custo médio ponderado de capital utilizado na empresa, ou seja, este
método considera o custo de capital dos acionistas e o custo médio do capital dos
terceiros.

5.2.1 Caderneta de Poupança no Brasil


A remuneração da caderneta de poupança no Brasil, que é uma aplicação
financeira a que qualquer cidadão tem acesso, pode ser tratada como um parâmetro de
mensuração de uma taxa de juros mínima. Segundo a CEF (2007) a definição acima
esta referendada no fato de o Decreto no 2.723, de 12 de janeiro de 1861, que criou a
Caixa Econômica da Corte (atualmente Caixa Econômica Federal), nesta data também
definiu que a taxa de juro no Brasil seria de, no mínimo, 6,00% ao ano. Esta
remuneração passou por inúmeras alterações, sendo que, atualmente, a Caderneta de
Poupança rende – além da inflação - 0,50% ao mês, perfazendo (através do cálculo do
juro composto) um total de 6,17% ao ano. Valor este que pode ser utilizado atualmente
como taxa mínima para remunerar o capital investido nas empresas.

5.2.2 Modelo de Precificação de Ativos Financeiros – MPAF


Também conhecido como Capital Asset Pricing Model – CAPM, é um método
para definir o custo do capital próprio, também conhecido como Método de Sharpe.
Trata-se do custo de oportunidade dos acionistas por estarem investindo no projeto em
questão e não em ativos mais ou menos rentáveis, portanto, o custo do capital próprio é
uma medida subjetiva.
O primeiro passo para calcular esta taxa de juros é levantar diferentes fontes de
capital de terceiros viáveis e os seus respectivos retornos, preferencialmente ao ano.
Depois, deve-se calcular o custo do capital próprio utilizando o prêmio de risco
entre os ativos calculados na tabela anterior e o retorno do ativo de menor risco do
mercado. Geralmente, é utilizada uma taxa de juros “padrão de mercado” como ativo
livre de risco.
Geralmente é calcula-se o custo do capital próprio a partir da seguinte fórmula:

- rE: Custo de equidade Custo de capital aos acionistas (representa o retorno


esperado de um certo ativo, significa que o retorno esperado de um ativo será a
65

taxa livre de risco (Rf) mais o prêmio; por unidade de risco [E(Rm)−Rf], medido
pelo β);
- rF: Taxa livre de risco (representada por taxa de 10 anos do Tesouro dos
EUA)Retorno do ativo livre de risco;
- : Beta é o risco no negócio (é o coeficiente beta, que representa a
sensibilidade dos retornos do ativo em relação aos do mercado. O beta é uma
medida da volatilidade dos retornos de uma ação em relação aos retornos de
ações do mercado global;
- rM: Retorno esperado do mercado;
- (rM – rF): Prêmio de risco de mercado, representa a diferença entre a taxa de
retorno esperada do mercado e a taxa de retorno livre de riscos.

5.2.3 Weighted Average Capital Cost – WACC


Também conhecido como Custo Médio Ponderado de Capital – CMPC é um
indicador da Taxa de Mínima Atratividade na análise de investimento. O Custo Médio
Ponderado do Capital é a média ponderada da participação relativa do capital de
terceiros e do capital próprio na empresa.
As seguintes são considerações importantes ao calcular WACC:
- o WACC deve incluir uma média ponderada dos custos de todas as fontes de
capital da empresa;
- o WACC deve ser calculado após retirada as taxas de impostos;
- o WACC deve ser ajustado pelo risco sistemático assumido por cada
investidor;
- ao calcular a média ponderada dos retornos esperados por vários investidores,
deve-se utilizar pesos para cada elemento de financiamento (

Utiliza-se a seguinte fórmula para calcular o WACC:

Onde:
E: Custo de mercado do capital próprio (patrimônio líquido ou equity)
D: Custo de mercado da dívida (capital de terceiros ou debt)
P: Custo de mercado das ações preferenciais
rE: Custo de capital próprio (dos acionistas)
rD: Custo da divida (custo do financiamento por terceiros)
rP: Custo de ações preferenciais
t: Taxa de imposto marginal

5.3 FLUXO DE CAIXA EM EMPREENDIMENTOS


O fluxo de caixa em projetos empresariais é a reprodução das entradas e saídas
de valores ao longo de um período de tempo, é a representação da realidade financeira
de uma empresa ao longo do tempo.
Para prever o desempenho das empresas, adquirem-se informações, faz-se
projeções e inferências para projetar tendências futuras. No entando, há fatores
limitadores na análise devido a disponibilidade, atualidade, formato e integridade das
informações.
No seu estudo Boff (2006) explica que este tipo de pesquisa é caracterizado
como um estudo de campo, de natureza qualitativa, realizada em duas fases distintas. A
primeira refere-se a um estudo exploratório das atividades dos analistas de investimento,
66

a segunda consistiu na realização de um estudo quase-experimental que representa o


processo de análise de uma empresa.
Theiss (2005) assinala genericamente que o termo investimento está associado
a quaisquer aplicações de recursos. Portanto, são desembolsos que pela natureza não
são consumidos diretamente no processo, tampouco representam despesas. Por
exemplo, se for adquirida uma máquina para a indústria, trocamos os recursos
financeiros que estavam em caixas/bancos, por este bem.
Sob o aspecto teórico, “investimento é gasto em bens de capital” (REZENDE,
2001, p. 167).
A análise econômica de um investimento envolve o uso de técnicas e critérios de
análise que comparam os custos e as receitas inerentes ao projeto, visando decidir se
este deve ou não ser implementado (REZENDE, 2001, p. 167). O teste de viabilidade
econômica consiste em verificar se as receitas inerentes ao projeto superam os custos
necessários (REZENDE, 2001, p. 171).
Investir em um projeto significa aplicar recursos durante algum tempo, na
expectativa de obter produtos nos períodos subsequentes. Dessa forma, quase sempre
se olvida o fato de que só se faz sentido analisar um, ou uma sequencia de
investimentos, dentro de um período de tempo ou horizonte de planejamento
determinado (REZENDE, 2001, p. 172).
O tempo em que se pode correr risco de fazer previsões para o projeto depende
das circunstâncias particulares de cada caso. O autor complementa a afirmação acima
dizendo que não há regras para determinar o horizonte do tempo e segue afirmando que
o horizonte de dados refere-se ao período de tempo no qual é possível prever, com uma
probabilidade estabelecida, o fluxo de caixa futuro de um projeto (REZENDE, 2001, p.
173).
Casarotto (1985, p. 178) a este respeito explica que “para se efetuar uma análise
econômica de um investimento, é necessário um perfeito levantamento dos custos e das
receitas adicionais, decorrentes deste investimento.” O mesmo autor classifica o
investimento como fixo e giro e ainda conceitua o investimento fixo como o que
representa “os equipamentos, as instalações industriais para operação deste
equipamento [...], a montagem e o projeto quando houver, as construções civis
necessárias e outros investimentos como móveis e transportadores.” Já o investimento
em giro é caracterizado por este autor como sendo “o capital de giro adicional
necessário para a operação do equipamento ou da nova fábrica, sendo constituído
principalmente pelo estoque de matérias primas e componentes, e os recursos
necessários para sustentar as vendas a prazo.”
O fluxo de caixa em projetos empresariais deve representar os investimentos
necessários, tanto fixos como de giro, o sistema de custo/volume/lucro e o tempo de
análise. A seguir apresentam-se estes conceitos.

5.3.1 Determinação do Investimento Fixo


O capital fixo é determinado a partir da soma dos valores presentes das
máquinas, equipamentos, projetos, edificações, instalações (redes de energia, água,
vapor, ar comprimido), montagem, móveis e utensílios.
Na análise de investimento considera-se que no final do fluxo de caixa o capital
fixo deve ser considerado como sendo vendidos, por um valor residual estimado, neste
quesito deve-se levar em consideração os cálculos de depreciação. Terrenos urbanos e
rurais não sofrem depreciação, portanto, salvo casos específicos, retornam como
positivo no final do fluxo de caixa e com igual valor.
67

5.3.2 Determinação do Investimento de Giro


Todo empreendimento precisa, no seu dia-a-dia, usufruir de liquidez e
rendimentos, necessitando manter um saldo diário de caixa suficiente para cumprir com
suas obrigações, porém, por outro lado, não é aconselhável que tenha excedentes de
caixa, pois este, muito provavelmente, terão rendimentos financeiros menores que os
seus próprios rendimentos.
Zdanowicz (2000, p. 22) elucida o enunciado acima afirmando que:
Na prática, ao analisar-se a evolução de uma empresa, desde a sua constituição
como micro, até a sua transformação em pequena, média e grande organização,
constata-se que, mesmo não tendo apresentado a melhor viabilidade econômica
em sua trajetória e não dispor de tecnologias sofisticadas, via de regra, exibiu
constante viabilidade financeira.

Um grande número de empresas vai à falência devido a não possuírem nenhum


tipo de controle de suas entradas e saídas de recursos, por mais que o negócio seja
lucrativo. Por outro lado têm-se empresas que possuem crescimento contínuo, mesmo
não possuindo uma boa lucratividade, somente trabalhando seus recursos de forma
planejada e controlada.
O fluxo de caixa é um instrumento que relaciona as futuras entradas e saídas de
recursos financeiros, a fim de prever se haverão faltas ou sobras de caixa. Ele pode ser
elaborado em curto prazo para atender a definição do capital de giro.
Segundo Zdanowicz (1998) através da elaboração do fluxo de caixa, pode-se
conciliar a manutenção da liquidez e do capital de giro da empresa, para que possam
ser honradas as obrigações assumidas perante terceiros na data do vencimento, bem
como a maximização dos lucros sobre os investimentos realizados pelos proprietários.
Frezatti (1997, p. 14) complementa com a seguinte explicação:
No que se refere ao instrumento fluxo de caixa, é importante entender que
dispor de recursos técnicos que permitam tomar o nível de acerto do fluxo
é algo importante e que traz benefícios a toda a organização; contudo, o
sucesso na gestão só será atingido se o fluxo de caixa for considerado um
instrumento gerencial da empresa e não apenas do tesoureiro. Significa
dizer que não só a área financeira deverá saber fazer a leitura do fluxo de
caixa, mas também a das demais áreas operacionais.

O estudo do capital de giro é fundamental para a administração financeira,


porque a empresa precisa recuperar todos os custos e despesas, incorridas durante o
ciclo operacional e obter o lucro desejado, por meio de venda do produto ou prestação
do serviço (HOJI, 2004).
Portanto, o investimento de giro deve representar o capital indispensável para a
operacionalização do negócio. São os recursos necessários para sustentar as vendas a
prazo em detrimento do pagamento dos custos, que são, geralmente pagos
anteriormente aos custos. Ao final da vida do empreendimento o investimento de giro
será desativado, ou seja, deve ser considerado como um valor de entrada de capital. A
seguir apresenta-se duas formas de se calcular o investimento de giro.

5.3.2.1 Determinação do Investimento de Giro em Empresas em Andamento


O investimento de giro pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:

IG  Cx  Ests  CR  CP

Onde:
IG: Investimento de giro
Cx: Valor monetário no caixa da empresa
68

Ests: Valor monetário dos estoques


CR: Contas a receber
CP: Contas a pagar

5.3.2.2 Determinação do Investimento de Giro em Projetos Empresariais


Em projetos empresariais, a definição do investimento de giro deve seguir uma
metodologia simples. Para tanto, a partir do sistema de custo e receita mensal, deve-se
definir as formas de compra e venda, bem como os prazos de pagamento e
recebimentos destas mesmas compras e vendas.
Deve-se, portanto, passar do regime de competência (custos/receitas) passar
estes valores para o regime de caixa. A Tabela XX apresenta as previsões de caixa,
definindo-se as formas de compra e venda e os prazos de pagamento e recebimento.

Tabela XX – Previsão de formas de compra e venda e prazos e pagamento e


recebimento
Custos e
Prazos de Pagamentos e
Receitas Forma de Compra e Venda
Recebimentos
(R$/mês)
MOD 14778,00 Para 30 dias 5º dia do mês subseqüente
MED 802,75 Mensal 15 dias após mês
MOI 2424,00 Para 30 dias 5º dia do mês subseqüente
DG 3700,00 Mensal 10 dias após mês
MEI 2537,00 Mensal 15 dias após mês
CC 4192,46 Mensal 20 dias após mês
L 3159,36 Mensal 30 dias após mês
PV/R 31593,57 A cada 10 dias 45 dias após venda

A partir das definições acima, e por motivos didáticos, apresenta-se o desenho


do fluxo de caixa na Figura XX. Neste observa-se os retângulos como os meses e as
flechas para cima (positivas) e para baixo (negativos) os valores, respectivos, de custos
e receitas.

Figura XX – Fluxo de Caixa Mensal pelo Regime de Caixa

+ R/3 R/3 R/3 R/3 R/3 R/3 R/3 R/3 R/3

MOD e I DG CC DIV

- MED E I

A partir do desenho ilustrativo acima apresentado, pode-se calcular o


investimento de giro a partir da seguinte sequência:
- lançar os valores de pagamento e recebimento nas datas previstas;
- calcular os saldos acumulados diários;
- o maior saldo acumulado negativo que se repetir é o investimento de giro;
O lucro deve ser considerado como pagamento, pois a empresa deve pagar
os lucros aos sócios na forma de dividendos. Em uma análise mais detalhada deve-se
69

considerar as evoluções de produção/venda da empresa, o que torna a análise mais


complexa.
A seguir demonstrar-se a Tabela XX, que demonstra os cálculos que definem
o investimento de giro.

Tabela XX – Fluxo de Caixa para Definição do Investimento de Giro


Negativo Positivo Saldo Diário (Dia) Saldo Diário (Acumulado)
0 - - - -
30 - - - -
35 -14778 -2424 - -17202 -17202
40 -3700 - -3700 -20902
45 -802,75 -2537 - -3339 -24241,75
50 -4192,46 - -4192,46 -28434,21
55 - 10532,51 +10532,51 -17901,7
60 -3159,36 - -3159,36 -21061,06
65 -14778 -2424 10532,51 -6669,49 -27730,55
70 -3700 - -3700 -31430,55
75 -802,75 -2537 10532,51 +7192,76 -24237,79
80 -4192,46 - -4192,46 -28430,25
85 - 10532,51 +10532,51 -17897,74
90 -3159,36 - -3159,36 -21057,1
95 -14778 -2424 10532,51 -6669,49 -27726,59
100 -3700 - -3700 -31426,59
105 -802,75 -2537 10532,51 +7192,76 -24233,83

Como os valores projetados foram baseados em valores de uma mesma


produção, ou seja, os meses foram baseados em uma mesma competência, os valores
de custos e receitas são sempre iguais, mês a mês. Como também não se alterou as
formas e prazos de pagamento e recebimento, fica fácil identificar que o saldo
acumulado, obtém-se um fluxo de caixa que em dado momento acaba se repetindo, ou
simplesmente, acaba por formar um ciclo.
Define-se então, como sendo o investimento de giro o maior valor negativo
obtido no ciclo financeiro junto a coluna do saldo acumulado. Este investimento de giro
deve ser entendido como parte do investimento inicial, e sendo assim, colocado na
empresa na sua abertura, no instante zero, somado ao investimento fixo, pois desta
forma o ciclo ocorrerá, sem nunca ficar negativo.
Obviamente que se deve fazer a estabilização do fluxo de caixa acima posto
como exemplo, ou seja, deve-se fazer a administração financeira do fluxo de caixa. No
entanto, lembra-se que o exemplo foi apresentado com o único propósito didático.

5.3.3 Investimento Total


O investimento total é, simplesmente, a soma do investimento fixo e do
investimento de giro. Lembra-se que ambos os valores devem ser lançados
positivamente no final do período de análise, ou seja, no último dos períodos. Lembra-se
que o investimento fixo retorna como valor residual, ou seja, como valor positivo (valor
de venda dos investimentos fixos depreciados). Já o investimento de giro retorna,
também de forma positiva, sem ser depreciado, ou seja, com o mesmo valor.
70

5.3.4 Custos/Receitas/Lucro
5.3.4.1 Custos
Na análise de investimento devem-se fazer os lançamentos dos custos do
período, estes devem ser considerados anualmente, não se deve considerar os juros
existentes entre os meses e, assim sendo, os valores mensais são simplesmente
multiplicados por doze.

5.3.4.2 Receitas
Normalmente deve-se considerar a receita como o resultado da quantidade de
produção multiplicada pelo preço de venda. Esta advém do sistema de custo
apresentado em capítulo anterior.

5.3.4.3 Lucro
O lucro deve ser lançado em cada ano, da mesma forma como os custos e
receitas, os lucros mensais são multiplicados por doze para se chegar ao lucro anual.
Pode-se fazer análises de investimento baseando-se as mesmas nos diversos tipos de
lucro apresentados nos itens anteriores.

5.3.5 Fluxo de Caixa Padrão


HIRSCHFELD (2000, p. 367) afirma que “de modo genérico, um fluxo de caixa
apresenta as seguintes contribuições: investimento inicial, receitas operacionais,
despesas operacionais e valores residuais dos equipamentos.” A Figura XX elucida de
forma clara a caracterização acima.

IG
VR

R R R R R

L L L L L

CD CD CD CD CD

CI CI CI CI CI
IF CC CC CC CC CC

IG
Figura XX – Fluxo de Caixa em Empresas

Onde:
R: Receita
L: Lucro
IF: Investimento fixo
IG: Investimento giro
CD: Custo direto
CI: Custo Indireto
CC: Custo de Comercialização
VR: Valor residual do investimento fixo
71

5.3.6 Projetos com Diferentes Tempos de Análise


Quando se necessita fazer a análise entre duas ou mais alternativas de
investimento e estas possuem tempos de análise diferentes, deve-se inicialmente igualar
os tempos das alternativas de investimento, para, somente posteriormente, fazer a
análise de investimento dos projetos. Para se igualar os tempos de análises, faz-se o
mínimo múltiplo comum dos entre os tempos e, assim, tem-se um mesmo tempo de
análise.

5.4 MÉTODOS DETERMINÍSTICOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO


Após a classificação dos projetos tecnicamente corretos é imprescindível que a
escolha considere aspectos econômicos. E é a engenharia econômica que fornece os
critérios de decisão, para a escolha entre as alternativas de investimento.
De posse de todas as informações de custos e receitas, bem como do lucro
advindo da comparação entre custos e receitas, procede-se então à avaliação
econômica. Quando a análise leva em conta custos e receitas apenas do ponto de vista
privado é conhecida como “Avaliação econômica ou financeira de projetos” (REZENDE,
2001, p. 165).
Os critérios ou métodos mais recomendados para apurar a viabilidade
econômica são:
- Valor Presente Líquido (VPL);
- Taxa Interna de Retorno (TIR);
- Custo (ou Benefício) Periódico Equivalente (CPE ou BPE);
- Custo Médio de Produção (CMPr);
- Razão Benefício/Custo (B/C);
- Tempo de Recuperação do Capital (REZENDE, 2001, p. 165).
Já para Casarotto (1985) são três os métodos básicos da análise de
investimentos:
- Método do Valor Anual Uniforme Equivalente;
- Método do Valor Presente;
- Método da Taxa Interna de Retorno.
Segundo Casarotto (1995, p. 79) o Método do Valor Anual Uniforme Equivalente
- VAUE “consiste em achar a série uniforme anual equivalente ao fluxo de caixa dos
investimentos à Taxa de Mínima Atratividade (TMA), ou seja, acha-se a série uniforme
equivalente a todos os custos e receitas para cada projeto utilizando-se a TMA.” Já o
Método do Valor Presente Líquido - VPL, segundo o mesmo autor, “é tão simples quanto
o VAUE. A única diferença reside em que ao invés de se distribuir o investimento inicial
durante a sua vida (custo de recuperação do capital), deve-se agora calcular o valor
presente dos demais termos do fluxo de caixa e somá-los ao investimento inicial de cada
alternativa.” Já o Método da Taxa Interna de Retorno - TIR “consiste em calcular a taxa
que zera o valor presente dos fluxos de caixa das alternativas”, sendo que os
investimentos com TIR maiores que a TMA são considerados rentáveis e são passíveis
de análise.
A análise de investimento é realizada a partir de métodos determinísticos, a
seguir apresentam-se os principais métodos.

5.4.1 Rentabilidade

Este método não é ajustado ao conceito de custo de recuperação de capital,


pois não leva em consideração o custo do dinheiro no tempo (juro) sobre o investimento
total do empreendimento.
72

O cálculo da rentabilidade é a análise realizada sobre um período de tempo e


consiste na divisão do lucro de um período pelo investimento total necessário para
operacionalizar o sistema. A rentabilidade é calculada a partir da seguinte fórmula:

LA
R
IT

Onde:
- R: Rentabilidade
- LA: Lucro Anual
- IT: Investimento total

Os problemas deste método são:


- este método não é adequado quando o empreendimento necessitar de mais de
um período para que possa atingir a capacidade instalada;
- este método não leva em consideração a vida do investimento no longo prazo;
- este método não considera o juro na análise.

5.4.2 Payback Time - PB


Também conhecido como o Tempo de Recuperação do Capital Investido. Este
método também não considera o juro na sua análise, apesar deste grande problema, é
um método muito utilizado, por isto é aqui apresentado. A fórmula utilizada para calcular
o PayBack Time é a seguinte:

IT
PB 
LA

Onde:
- PB: Payback time
- IT: Investimento total
- LA: Lucro Anual

Os principais problemas no uso deste método são:


- a recuperação do fluxo de caixa no período de investimento;
- a provável existência de fluxos de caixa posteriores ao período de análise, ou
seja, não considera a vida do empreendimento;
- é difícil de aplicação quando o investimento inicial ocorre em mais de um
período de análise, que normalmente é anual;
- este método não considera o juro na análise.
Este método mede, portanto, o tempo necessário para que o somatório das
parcelas anuais seja igual ao investimento inicial.

5.4.3 Payback Descontado - PBD


Também conhecido como o Tempo de Recuperação do Capital Investido
Descontado, este método é adaptado ao conceito de custo de recuperação de capital.
De certa forma este método resolve o principal problema do “Payback Time”,
pois insere na análise a taxa de juros.
Este método mede o tempo necessário para que o somatório das parcelas
descontadas seja, no mínimo, igual ao investimento inicial e é calculado quase que da
mesma forma que o método do Payback time, a única mudança é que os valores das
lucratividades futuras, são descontadas a valor presente, para, somente depois, calcular
73

o payback descontado. A fórmula básica para o cálculo do Payback Descontado é a


seguinte:

IT
PB D 
LAD

Onde:
- PBD: Payback time
- IT: Investimento total
- LAD: Lucro Anual Descontado

5.4.4 Razão Benefício/Custo – RB/C


Também conhecido como Índice Benefício Custo – IBC, este método é calculado
a partir da razão entre o valor presente das receitas e o valor presente dos custos. O
empreendimento é economicamente viável se a Razão B/C for maior que 1.
VPRe ceitas
RazãoB / C 
VPCustos(TMA)

Onde:
- Razão B/C: Razão Benefício/Custo
- VPReceitas: Valor Presente das Receitas
- VPCustos(TMA): Valor Presente dos Custos a Taxa de Mínima Atratividade

Importante ressaltar que este método é um indicador relativo que mede a


expectativa de retorno para cada unidade de capital investido.

5.4.5 Valor Presente Líquido - VPL


O Valor Presente Líquido - VPL é o valor de todo fluxo de caixa do
empreendimento calculado a presente, a partir do desconto dos valores futuros do fluxo
de caixa a uma taxa de mínima atratividade.
O VPL tem três características básicas:
- utiliza fluxos de caixa;
- utiliza todos os fluxos de caixa do projeto;
- desconta os fluxos de caixa corretamente.
Normalmente este método é utilizado para análise de investimentos isolados que
envolvam o curto prazo ou que tenham baixo número de períodos. A fórmula abaixo
permite o cálculo do VPL:

LFP1 LFP2 LFP3 LFPn


VPL(TMA)  ITT     ... 
(1  TMA) (1  TMA)
1 2
(1  TMA) 3
(1  TMA) n

Onde:
- VPL(TMA): Valor Presente Líquido determinada Taxa de Mínima Atratividade
- TMA: Taxa de Mínima Atratividade
- ITT: Investimento Total
- LFP: Lucro Futuro Projetado
74

5.4.6 Valor Anual Uniforme Equivalente - VAUE


O Valor Anual Uniforme Equivalente – VAUE consiste em achar a série uniforme
equivalente a todos os investimentos, custos e receitas para cada projeto e a partir de
uma taxa de mínima atratividade.
Este método é adequado em análises que envolvam atividades “operacionais”
da empresa, com investimentos que “possam repetir-se”. Uma das grandes utilidades do
método é a determinação da vida econômica de equipamentos.
Para calcular o VAUE, inicialmente calcula-se o VPL e depois, calcula-se o
VAUE, tudo à mesma taxa de mínima atratividade:

VPL(TMA)
VAUE (TMA) 
 (1  TMA) n  1 
 TMA(1  TMA) n 
 

Onde:
- VAUE(TMA): Valor anual Uniforme Equivalente determinada a Taxa de Mínima
Atratividade
- VPL(TMA): Valor Presente Líquido determinada a Taxa de Mínima Atratividade
- TMA: Taxa de Mínima Atratividade

5.4.7 Valor Futuro Líquido - VFL


Representa o fluxo de caixa líquido no futuro, ou seja, neste método os valores de
receitas e custos, assim como do investimento total, são capitalizados ao futuro, ou seja,
ao último período de análise. Neste caso, deve-se utilizar uma taxa de mínima
atratividade para realizar o cálculo do VFL, qual seja:

VFL(TMA)  ITT (1  TMA) n  LFP1 (1  TMA) n1  LFP2 (1  TMA) n2  .......  LFPn

Onde:
- VFL(TMA): Valor Futuro Líquido determinado a Taxa de Mínima Atratividade
- TMA: Taxa de Mínima Atratividade
- ITT: Investimento Total
- LFP: Lucro Futuro Projetado

5.4.8 Taxa Interna de Retorno - TIR


A Taxa Interna de Retorno - TIR é a taxa que anula o valor presente do fluxo de
caixa. A este respeito Hirschfeld (2000) afirma que a TIR é a taxa de juros que torna nulo
o valor presente líquido é a taxa de retorno. É nesta taxa que o somatório das receitas,
isto é, dos benefícios, se torna exatamente igual ao somatório dos dispêndios, ou seja,
dos custos.
Define-se a taxa interna de retorno como a taxa de juro pago sobre o saldo
devedor de um empréstimo, de tal modo que o esquema de pagamento reduza a zero
esse saldo quando se faz o pagamento final (NEWNAN, 2000, p. 144). A taxa interna de
retorno é a taxa de juro ganho sobre o investimento não-recuperado, de tal forma que o
esquema de pagamento reduza a zero o investimento não-recuperado no final da vida
do investimento (NEWNAN, 2000, p. 145).
Complementarmente, Newnan (2000, p.145) ainda esclarece que:
Embora as duas definições de taxa de retorno sejam formuladas de maneiras
diferentes – uma em termos de um empréstimo e outra em termos de um
investimento -, há apenas um conceito fundamental em jogo, a saber, que a taxa
interna de retorno é a taxa de juro à qual os benefícios são equivalentes aos
75

custos. Como estamos lidando com situações em que os fundos permanecem


dentro do investimento durante toda a vida, a taxa de retorno resultante é
descrita como a taxa interna de retorno.

O método da taxa interna de retorno é provavelmente a técnica exata de análise


mais utilizada [...] suas vantagens superam em muito as dificuldades eventuais. A
principal vantagem é permitir-nos calcular uma cifra única de real valia e que é
prontamente entendida (NEWNAN, 2000, p. 151).
Na visão de Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p. 127):
A ideia básica por trás da TIR é a de que se procura calcular um único número
que sintetize os méritos de um projeto. Esse número não depende da taxa de
juros vigente no mercado de capitais. É por isso que é chamada de taxa interna
de retorno; o número calculado é interno e intrínseco ao projeto, e não
depende de qualquer outra coisa além dos fluxos de caixa do projeto. (Grifo
nosso)
O número calculado é o do projeto, depende única e exclusivamente do projeto.
Normalmente se aceita o projeto se a TIR for maior que a Taxa de Mínima Atratividade –
TMA e rejeita-se o projeto, se a TIR for menor que a Taxa de Mínima Atratividade - TMA.
A TIR apresenta alguns problemas, pois quando os projetos forem independentes
(não há relação de um projeto com o outro), fica difícil comparar os mesmos, pois os
valores de investimento, muito dificilmente, serão iguais. Outro problema é quando os
projetos forem mutuamente excludentes, ou seja, quando não se pode aceitar ambos.

LFP1 LFP2 LFP3 LFPn


ZERO  ITT     ... 
(1  Txi) 1
(1  Txi) 2
(1  Txi) 3
(1  Txi) n

Onde:
- ITT: Investimento Total
- LFP: Lucro Futuro Projetado
- Txi: Taxa de Juros
A Taxa Interna de Retorno pode ser calculada a partir da “regra de tentativa e
erro”, para tanto, segue-se a seguinte regra geral:
- estruturação do fluxo de caixa;
- arbitrar uma taxa de desconto;
- calcular valor presente do fluxo de caixa;
- se o valor presente for positivo, aumentar a taxa;
- se o valor presente for negativo, diminuir a taxa;
- repetir os dois últimos passos até se obter o resultado igual a zero;
- o valor que zerar o fluxo de caixa é o valor da Taxa Interna de Retorno.

5.4.9 Good Will

5.4.10 Valuation

5.5 ANÁLISE DE RISCO


Análise de risco é o estudo de informações disponíveis que permitem definir a
provável ocorrência de um evento e suas consequências econômicas.
Na avaliação de investimentos pode-se ter uma situação de risco ou uma situação
de incerteza, sempre existirão riscos e incertezas em situações relacionadas ao futuro. A
diferença básica entre uma situação de incerteza e de risco está no fato de que, no
risco, é possível se estimar a probabilidade de ocorrência, enquanto na incerteza não,
ou seja, a condição de incerteza é caracterizada quando os fluxos de caixa associados a
uma alternativa não podem ser previstos com exatidão.
76

Sobre o risco, Gitman (1997, p.202) resume: "O risco, em seu sentido
fundamental, é definido como a possibilidade de um prejuízo financeiro". Já Ehrlich
(2009, p.89) define risco como sendo a possibilidade de um evento desfavorável no
decorrer de um certo período de tempo.

Para Gitman (2010, p. 203) o risco é “a probabilidade de perda financeira ou, mais
formalmente, a variabilidade dos retornos associados a um dado ativo”.
Reilly e Norton (2008, p. 24) definem risco como “a chance de não se atingir as
metas de investimento em razão da incerteza do retorno no tempo, [...] o risco decorre
da volatilidade esperada dos retornos dos ativos no tempo”.
Platt (2002) define risco, no contexto de avaliação de negócios, como o grau de
certeza ou incerteza da concretização de retornos esperados, destacando que, incerteza
se refere à magnitude e momento de realização dos retornos esperados. Portanto,
quanto menos certeza o investidor tem em relação a quanto irá receber e qual o valor
dos seus recebimentos, maior é o risco assumido por esse investidor.
Uma plantação de floresta pertencente a uma empresa com fins lucrativos pode
ser considerada como um projeto de investimento. Para Ross et al (2008) a maioria dos
projetos de investimento envolve fluxos de caixa com risco e devido a isso, deve ser
empregada uma taxa de desconto adequada ao risco do projeto. Os autores explicam
ainda que o risco é a parcela inesperada do retorno, sendo aquela parcela que resultaq
de surpresas.
Risco Diversificável – quando a parte do risco de um ativo que é atribuível a
causas aleatórias e específicas à empresa pode ser eliminado por meio de diversificação
(também chamado de risco não sistemático).
Risco Não Diversificável – atribuíveis a fatores de mercado que afetam todas as
empresas (também chamado de risco sistemático).
Uma das formas de medir o risco de uma empresa é a determinação do seu beta
(B). Gitman (2010, p. 222) define o coeficiente beta como uma “medida relativa do risco
não diversificável. È um indicador do grau de variação do retorno de um ativo em
resposta a uma variação no retorno de mercado”
Brigham et al (2001) definem o conceito de Beta mais detalhadamente da
seguinte forma:
A tendência de uma ação se mover para cima ou para gbaidxo com o mercado está
refletida em seu coeficiente beta, B. Beta é um elemento-chave do CAPM. Uma ação
de risco médio é definida como aquela que tende a se mover para cima e para baixo
em sincronia com o mercado em geral, tal qual medido por algum índice como o Dow
Jones Industrial, o S&P 500, ou o Índice do New York Stock Exchange. Tal ação terá,
por definição, um beta, b, de 1,0, que indica, em geral, que, caso o mercado suba em
10%, a ação, da mesma forma, cairá em 10% (BRIGHAM et al, 2001, p. 192-193).

Não temos no Brasil um índice específico do setor florestal. Uma alternativa seria
a criação de um índice utilizando-se o retorno das ações das empresa florestais ou de
todas do setor agropecuário listadas na BM&FBovespa.

5.5.1 Fatores de Risco


Existem fatores que proporcionam a existência de mais ou menos risco, o
entendimento destes fatores é fundamental para a análise dos mesmos, pode-se citar
alguns:
- Risco Climático – aqui se inclui os riscos relacionados a todos os fenômenos
climáticos. Os que podem causar riscos no curto prazo, normalmente são: a
ocorrência de ventos, granizo, neve, geadas e outras intempéries. Também pode-
se ter o risco climático de longo prazo, estes advém das mudanças climáticas
globais;
77

- Risco Biológico – neste item se incluem riscos originários de danos que podem
ser causados por bactérias, fungos, insetos, animais silvestres e exóticos;
- Risco Tecnológico – aqui se apresentam os riscos advindos da evolução
tecnológica de bens e serviços. O desenvolvimento tecnológico, normalmente,
influencia no processo produtivo de bens e serviços similares ou substitutos;
- Risco Econômico/Financeiro – as variações cambiais, as variações em bolsas
de valores, os aumentos de impostos, as variações inflacionárias, caracterizam
este risco. Aqui se inclui ainda as mudanças na situação econômica nacional e
internacional;
- Risco de Gestão – as formas de gerenciamento em termos de processo
produtivo, marketing, administração de recursos humanos, planejamento
estratégico, são exemplos que caracterizam o risco de gestão;
- Risco Jurídico – as mudanças legais em termos de legislações e normatizações
internacionais, federais, estaduais e municipais, podem apresentar grande risco
aos empreendimentos analisados;
- Risco de Mercado – a natureza do produto e suas variações sazonais; a entrada
e saída de concorrentes e a entrada e saída de produtos complementares ou
substitutos, são exemplos que podem fazer com que ocorram riscos.

5.5.2 Classificação de Risco


Pode-se classificar os risco em sistemático e não sistemático. O primeiro refere-
se ao risco que pode afetar um grande número de empreendimentos, estes riscos
normalmente são os relacionados à macroeconomia, tais como as variações cambiais,
as variações em bolsas de valores, os aumentos de impostos, as variações
inflacionárias e variações de taxas de juro, como exemplos. Já o segundo, o risco não
sistemático, é o risco que afeta especificamente um único empreendimento, como
exemplo pode-se citar a descoberta de um novo produto, um ataque de praga ou
doença, a entrada de um novo produto concorrente no mercado. Para melhor
entendimento, deve-se observar a Figura XX abaixo.

Figura XX – Gráfico do Risco Sistemático e Não-Sistemático

Risco
Total

Risco Não Sistemático

Risco Sistemático No de Títulos da


Carteira

FONTE: xxxx

5.6 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE


A análise da sensibilidade serve para avaliar as condições de risco e incerteza, a
distribuição da probabilidade de indicadores de viabilidade econômica, como Valor
Presente Líquido – VPL e Taxa Interna de Retorno - TIR. Para tanto, o método mais
utilizado para analisar-se o risco de um empreendimento, passa a ser a análise de
sensibilidade, ou seja, a análise do volume de produção, por exemplo, e os efeitos desta
variação de produção nos resultados econômicos de um projeto de empreendimento são
de enorme importância na gestão de projetos.
Horngren; Foster e Datar (2000) conceituam a análise de sensibilidade como a
técnica de simulação que examina como um resultado varia se os dados previstos não
forem alcançados ou se variar em uma ou mais hipóteses fundamentais.
78

Para Atkinson et al (2000) a análise de sensibilidade é uma ferramenta analítica


que envolve variar, seletivamente, estimativas-chave de um plano ou orçamento, o autor
continua afirmando que a análise de sensibilidade é a investigação do efeito de uma
mudança em um parâmetro sobre uma decisão.
Neste sentido, Kaplan e Atkinson (1989) mencionam que diversas decisões
gerenciais requerem a análise atenta do comportamento de custos e lucros em função
das expectativas do volume de vendas. No curto prazo, a maioria dos custos e preços
dos produtos da empresa podem, em geral, serem determinados. A principal incerteza
não está relacionada com custos e preços dos produtos, mas com a quantidade que irá
ser vendida. Concluem, ainda, que a análise custo/volume/lucro aponta os efeitos das
mudanças nos volumes de vendas na lucratividade da organização.
O objetivo básico do estudo de análise de sensibilidade é o de determinar a
sensibilidade dos valores do Valor Presente Líquido – VPL e da Taxa Interna de Retorno
a partir da variação de parâmetros de entrada como custos, volume de produção e
receitas.
79

5.7 EXERCÍCIOS ANÁLISE DE INVESTIMENTO


5.7.1 Capital de Giro - Sem Considerar Juros
Calcule o Investimento de Giro necessário durante a vida de uma empresa que operará
sem alterar as condições de pagamento e recebimento, prazos e custos/receita durante
toda a sua vida. As especificações estão abaixo caracterizadas.

Custo/Receita Tipo de Aquisição Prazo de Pagamento


Matéria prima R$ 1.600,00/mês Compra p/ 15 dias 30 dias após compra
MOD R$ 2.100,00/mês Mensal 5 dias após o mês
MOI R$ 500,00/mês Mensal 5 dias após o mês
MEI R$ 1.000,00/mês Mensal 10 dias após o mês
Despesas Gerais R$ 200,00/mês Mensal 20 dias após o mês
Custo comercialização. R$ 600,00/mês Mensal 10 dias após mês
Dividendo R$ 800,00/mês Mensal 60 dias após mês
Receita R$ 6.800,00/mês Quinzenal 45 dias após venda

Sabe-se que a venda será realizada a cada 15 dias e que a receita desta venda será de
R$3.400,00, o recebimento será creditado na conta da empresa 45 dias após cada uma
das vendas quinzenais.
Considere que os pedidos e recebimentos das mercadorias tem a mesma data.
Para facilitar o cálculo utilize sempre meses de 30 dias.
80

5.7.2 Capital de Giro – Considerando Juros


Você é proprietário de uma empresa e está preocupado com o caixa de sua empresa, ou
seja, com as entradas e saídas de dinheiro da conta corrente. Como você não entende
muito bem destas “coisas econômica/financeiras”, afinal você é Engenheiro, resolve pedir
ajuda aos amigos, que também são Engenheiros, assim vocês estudam o caso e
apresentam uma solução, para tanto, organizam a seguinte pergunta:

Como se comporta o fluxo de caixa da empresa em um tempo de 150 dias? Considerem


que a empresa trabalhará neste período em pleno emprego (100,00% da produção) com
os custos e receitas abaixo, bem como com as formas de compra e venda e com os
prazos de pagamento e recebimento:

Custo/Receita Forma Prazo


ESPECIFICAÇÃO
R$/mês Compra/Venda Pagamento/Recebimento
MP/E 100.000,00 p/ 15 dias 15 dias após a compra
MOD 80.000,00 mês 5 dia útil do mês subs.
MED 70.000,00 mês 10 dias após o mês
MOI 30.000,00 mês 5 dia útil do mês subs.
MEI 20.000,00 mês 10 dias após o mês
DG 40.000,00 mês 15 dias após o mês
CC 60.000,00 mês 10 dias após o mês
LUCRO (dividendo) 100.000,00 mês Não retirado por 6 meses
RECEITA 500.000,00 a cada 15 dias 45 dias após a venda

Considere que você deverá retirar da análise os seguintes custos não-desenbolsáveis:


- a MED possui um custo de capital e de depreciação de R$ 20.000,00/mês;
- a MEI possui um custo de capital e de depreciação de R$ 5.000,00/mês.

Considere ainda na análise as seguintes taxas de juros:


- juro mensal de empréstimo de 2,65% ao mês;
- juro mensal de aplicação de 0,85% ao mês.

Resolução exercício Capital de giro

Calcular o investimento de giro necessário durante 24 meses em e


que uma empresa que operará sem alterar as condições de pagamento
e recebimento, prazos e custos / receita que estão abaixo caracterizados:

Custo Tipo de Prazo de


(R$/mês) aquisição pagamento
Matéria-
prima 1.600,00 Compra para 15 dias 30 dias após compra
MOD 2.100,00 Mensal 5 dias após o mês
Custo
indireto 1.700,00 Mensal 5 dias após o mês
CC 600,00 Mensal 10 dias após o mês
Dividendo 800,00 Mensal 30 dias após o mês
Receita 6.800,00 Quinzenal 45 dias após venda

Obs: Sabe-se que a venda será realizada a cada 15 dias e que a receita desta venda será
de R$ 3.400,00, o recebimento será creditado na conta da empresa 45 dias após cada
uma das vendas quinzenais. Considere que os pedidos e recebimentos das mercadorias tem a
81

mesma data. Para facilitar o cálculo utilize sempre meses de 30 dias.

Situação sem investimento de giro


Saldo
Dia Entrada (+) Saída (-) Saldo do dia Acumulado
0 0 0 0
15 0 0
30 800 -800 -800
35 3800 -3800 -4600
40 600 -600 -5200
45 800 -800 -6000
60 3400 1600 1800 -4200
65 3800 -3800 -8000
70 600 -600 -8600
75 3400 800 2600 -6000
90 3400 1600 1800 -4200
95 3800 -3800 -8000
100 600 -600 -8600
105 3400 800 2600 -6000
120 3400 1600 1800 -4200
125 3800 -3800 -8000
130 600 -600 -8600
135 3400 800 2600 -6000
150 3400 1600 1800 -4200
155 3800 -3800 -8000
160 600 -600 -8600
165 3400 800 2600 -6000
180 3400 1600 1800 -4200
185 3800 -3800 -8000
190 600 -600 -8600
195 3400 800 2600 -6000
210 3400 1600 1800 -4200
215 3800 -3800 -8000
220 600 -600 -8600
225 3400 800 2600 -6000
240 3400 1600 1800 -4200
245 3800 -3800 -8000
250 600 -600 -8600
255 3400 800 2600 -6000
270 3400 1600 1800 -4200
275 3800 -3800 -8000
280 600 -600 -8600
285 3400 800 2600 -6000
300 3400 1600 1800 -4200
305 3800 -3800 -8000
310 600 -600 -8600
315 3400 800 2600 -6000
330 3400 1600 1800 -4200
335 3800 -3800 -8000
340 600 -600 -8600
345 3400 800 2600 -6000
360 3400 1600 1800 -4200
365 3800 -3800 -8000
370 600 -600 -8600
82

375 3400 800 2600 -6000


390 3400 1600 1800 -4200
395 3800 -3800 -8000
400 600 -600 -8600
405 3400 800 2600 -6000
420 3400 1600 1800 -4200
425 3800 -3800 -8000
430 600 -600 -8600
435 3400 800 2600 -6000
450 3400 1600 1800 -4200
455 3800 -3800 -8000
460 600 -600 -8600
465 3400 800 2600 -6000
480 3400 1600 1800 -4200
485 3800 -3800 -8000
490 600 -600 -8600
495 3400 800 2600 -6000
510 3400 1600 1800 -4200
515 3800 -3800 -8000
520 600 -600 -8600
525 3400 800 2600 -6000
540 3400 1600 1800 -4200
545 3800 -3800 -8000
550 600 -600 -8600
555 3400 800 2600 -6000
570 3400 1600 1800 -4200
575 3800 -3800 -8000
580 600 -600 -8600
585 3400 800 2600 -6000
600 3400 1600 1800 -4200
605 3800 -3800 -8000
610 600 -600 -8600
615 3400 800 2600 -6000
630 3400 1600 1800 -4200
635 3800 -3800 -8000
640 600 -600 -8600
645 3400 800 2600 -6000
660 3400 1600 1800 -4200
665 3800 -3800 -8000
670 600 -600 -8600
675 3400 800 2600 -6000
690 3400 1600 1800 -4200
695 3800 -3800 -8000
700 600 -600 -8600
705 3400 800 2600 -6000
720 3400 1600 1800 -4200

Observando a tabela acima, observamos que os valores se repetem na coluna do saldo


acumulado. Com isso, percebemos que existe um valor que deve ser aplicado inicialmente
(investimento) para que a empresa possa reverter este quadro.
Assim, o valor do investimento deve ser de R$ 8600,00, conforme tabela abaixo:

Situação com investimento de giro


Dia Entrada (+) Saída (-) Saldo do dia Saldo
83

Acumulado
0 8600 0 8600 8600
15 0 0 0 8600
30 0 800 -800 7800
35 0 3800 -3800 4000
40 0 600 -600 3400
45 0 800 -800 2600
60 3400 1600 1800 4400
65 0 3800 -3800 600
70 0 600 -600 0
75 3400 800 2600 2600
90 3400 1600 1800 4400
95 0 3800 -3800 600
100 0 600 -600 0
105 3400 800 2600 2600
120 3400 1600 1800 4400
125 0 3800 -3800 600
130 0 600 -600 0
135 3400 800 2600 2600
150 3400 1600 1800 4400
155 0 3800 -3800 600
160 0 600 -600 0
165 3400 800 2600 2600
180 3400 1600 1800 4400
185 0 3800 -3800 600
190 0 600 -600 0
195 3400 800 2600 2600
210 3400 1600 1800 4400
215 0 3800 -3800 600
220 0 600 -600 0
225 3400 800 2600 2600
240 3400 1600 1800 4400
245 0 3800 -3800 600
250 0 600 -600 0
255 3400 800 2600 2600
270 3400 1600 1800 4400
275 0 3800 -3800 600
280 0 600 -600 0
285 3400 800 2600 2600
300 3400 1600 1800 4400
305 0 3800 -3800 600
310 0 600 -600 0
315 3400 800 2600 2600
330 3400 1600 1800 4400
335 0 3800 -3800 600
340 0 600 -600 0
345 3400 800 2600 2600
360 3400 1600 1800 4400
365 0 3800 -3800 600
370 0 600 -600 0
375 3400 800 2600 2600
390 3400 1600 1800 4400
395 0 3800 -3800 600
400 0 600 -600 0
84

405 3400 800 2600 2600


420 3400 1600 1800 4400
425 0 3800 -3800 600
430 0 600 -600 0
435 3400 800 2600 2600
450 3400 1600 1800 4400
455 0 3800 -3800 600
460 0 600 -600 0
465 3400 800 2600 2600
480 3400 1600 1800 4400
485 0 3800 -3800 600
490 0 600 -600 0
495 3400 800 2600 2600
510 3400 1600 1800 4400
515 0 3800 -3800 600
520 0 600 -600 0
525 3400 800 2600 2600
540 3400 1600 1800 4400
545 0 3800 -3800 600
550 0 600 -600 0
555 3400 800 2600 2600
570 3400 1600 1800 4400
575 0 3800 -3800 600
580 0 600 -600 0
585 3400 800 2600 2600
600 3400 1600 1800 4400
605 0 3800 -3800 600
610 0 600 -600 0
615 3400 800 2600 2600
630 3400 1600 1800 4400
635 0 3800 -3800 600
640 0 600 -600 0
645 3400 800 2600 2600
660 3400 1600 1800 4400
665 0 3800 -3800 600
670 0 600 -600 0
675 3400 800 2600 2600
690 3400 1600 1800 4400
695 0 3800 -3800 600
700 0 600 -600 0
705 3400 800 2600 2600
720 3400 1600 1800 4400
85

5.7.3 Análise de Investimento – Exercícios Básicos


a) Qual a taxa interna de retorno, o valor anual uniforme equivalente e o valor presente líquido
no seguinte fluxo de caixa?
Lucratividade (1o ano) = 45.000UM
Lucratividade (2o ano) = 45.000UM
Lucratividade (3o ano) = 45.000UM
Lucratividade (4o ano )= 45.000UM
Taxa de Mínima Atratividade = 6,17% ao ano
Investimento de Giro = 80.000UM
Investimento Fixo = 40.000UM
Considere que o investimento de giro retorna de forma integral no final do fluxo de caixa e que o
valor residual do investimento fixo no final do fluxo de caixa é de 20.000UM

b) Qual a taxa interna de retorno, o valor anual uniforme equivalente, o valor presente líquido do
seguinte fluxo de caixa?
Lucratividade (1o ano) = 25.000UM
Lucratividade (2o ano) = 35.000UM
Lucratividade (3o ano) = 45.000UM
Lucratividade (4o ano) = 55.000UM
Lucratividade (5o ano) = 65.000UM
Valor Residual (5o ano) (Investimento Fixo) = 25.000UM
Taxa de Atratividade = 9,00% ao ano
Investimento de Giro = 125.000UM
Investimento Fixo = 75.000UM
Considere que o investimento de giro retorna de forma integral no final do fluxo de caixa.

c) Considerando o fluxo de caixa abaixo em 5 anos, qual a Taxa Interna de Retorno e o Valor
Presente Líquido da referida empresa?
Investimento fixo: R$ 135.000,00
Investimento de giro: R$ 145.000,00
Lucro do 1º Ano: R$ 45.000,00
Lucro do 2º Ano: R$ 85.000,00
Lucro do 3º Ano: R$ 85.000,00
Prejuízo do 4º Ano: R$ 5.000,00
Lucro do 5º Ano: R$ 135.000,00
Valor Residual do investimento fixo 5º ano: R$ 75.000,00
Considere no 5º ano o retorno do capital de giro ao fluxo de caixa no valor de R$ 145.000,00.
Taxa de Atratividade: 9,00%

d) Considerando o fluxo de caixa abaixo em 9 anos, qual a Taxa Interna de Retorno e o Valor
Presente Líquido da referida empresa?
Investimento fixo: R$ 100.000,00
Investimento de giro: R$ 145.000,00
Lucro do 1º Ano: R$ 45.000,00
Lucro do 2º Ano: R$ 85.000,00
Lucro do 3º Ano: R$ 85.000,00
Lucro do 5º Ano: R$ 95.000,00
Lucro do 6º Ano: R$ 105.000,00
Lucro do 8º Ano: R$ 105.000,00
Lucro do 9º Ano: R$ 115.000,00
Valor Residual: R$ 75.000,00
Considere no último ano o retorno do capital de giro ao fluxo de caixa no valor de R$ 145.000,00.
Taxa de Atratividade: 9,00%
86

5.7.4 Análise de Investimento – Com Estruturação do Fluxo de Caixa


a) Qual a TIR de uma empresa quando esta for analisada em quatro anos, sabendo-se
que quando a empresa opera em plena capacidade instalada (100%) tem os seguintes
custos e receitas:
Custo de Matéria-prima e embalagem: 60.000,00UM/mês (Custo variável)
Custo de Mão-de-obra direta: 8.000,00UM/mês (Custo fixo)
Custo de Mão-de-obra indireta: 4.000,00UM/mês (Custo variável)
Custo de Máquina e Equipamentos: 2.500,00UM/mês (Custo fixo)
Custo de comercialização: 17% (Custo variável)
Lucratividade: 12%
Produção em 100%:1.000UP/m
Investimento Fixo: 45.000,00
Investimento de Giro: 32.000,00
Valor Residual do Investimento Fixo: 15.000,00
Valor Residual do Investimento de Giro: 32.000,00
Considere que a empresa estará nestes quatro anos operando com 90% da capacidade
instalada.

b) Uma empresa que opera em plena capacidade instalada (100%), com uma produção
de 10.000 unidades de produção por mês, possui os seguintes custos e receitas:
Custo de Matéria-prima e embalagem: 10.000,00UM/mês (Custo variável)
Custo de Mão-de-obra direta: 5.000,00UM/mês (Custo variável)
Custo de Mão-de-obra indireta: 3.000,00UM/mês (Custo variável)
Custo de Despesas Gerais: 3.000,00UM/mês (Custo fixo)
Custo de Máquina e Equipamentos: 12.000,00UM/mês (Custo fixo)
Custo de comercialização: 27%
Lucratividade: 16%
Faça a análise considerando que a empresa estará operando nos 2 primeiros anos com
75% da capacidade instalada, nos próximos 2 anos com 87,50% da Capacidade
Instalada e no quinto ano com 90% da Capacidade Instalada, qual a Taxa Interna de
Retorno obtida neste cenário? Considere ainda:
- o Investimento Fixo de 100.000,00UM;
- o Investimento de Giro de 250.000,00;
- o Valor Residual do Investimento Fixo de 40.000,00;
- o Valor Residual do Investimento de Giro de 250.000,00.
87

5.7.5 Substituição de Equipamento


SITUAÇÃO ATUAL
Qual o preço de venda, o ponto de equilíbrio, a taxa interna de retorno e o valor
presente líquido de uma empresa quando esta for analisada em seis anos?
Considere que a empresa operará durante estes anos em plena capacidade
instalada (produção de 10.000 Up/mês). Nesta posição a empresa possui a
seguinte configuração de custos, receita e investimentos.
Custo de matéria-prima e embalagem: R$ 6,00/UP (Custo variável)
Custo de Mão-de-obra direta: R$ 80.000,00 (Custo Fixo)
Custo de Máquinas e Equipamentos Diretos: R$ 150.000,00/mês (Custo fixo)
Custo de Mão-de-obra Indireta: R$ 40.000,00/mês (Custo variável)
Custo de Máquinas e Equipamentos Diretos: R$ 20.500,00 (Custo fixo)
Despesas Gerais: R$ 25.000,00/mês (Custo fixo)
Custo de Comercialização: 17,00% (Custo variável)
Taxa de Lucro: 12,00%
Invetimento Fixo: R$ 255.000,00
Invetimento de Giro: R$ 80.000,00
Valor Residencial (sexto ano): R$ 25.000,00
Taxa de Mínima Atratividade: 6,17% ao ano

SITUAÇÃO PROPOSTA
Considerando a situação anterior e que a empresa encontra-se no instante “zero”,
como fica a situação da empresa em termos de ponto de equilíbrio, taxa interna
de retorno e valor presente líquido, sabendo-se que ela tem que substituir um
equipamento velho por um equipamento novo. Considere que a substituição deste
equipamento terá as seguintes características:
- o equipamento novo terá um custo de R$ 150.000,00;
- o equipamento usado será vendido por um valor residual de R$ 56.000,00;
- o equipamento novo terá um custo adicional de manutenção e peças de
reposição de R$ 25.000,00/mês;
- o equipamento novo terá um custo adicional de mão de obra de R$
10.000,00/mês;
- considere que os custos fixos continuam como fixos e os custos variáveis como
variáveis;
- considere que o valor residual das máquinas e equipamentos terão um valor
adicional de R$ 30.000,00;
- considere que o preço de venda terá um aumento real de 12,50% em relação ao
calculado na situação anterior e que este preço não se altera mesmo quando a
produção se altera;
Para a referida análise considere que a empresa operará nestes seis anos com
90% da capacidade instalada.
88

6 BIBLIOGRAFIA
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91

7 ANEXOS
7.1 Encargos Sociais no Brasil
ENCARGOS SOBRE A REMUNERAÇÃO NORMAL
GERENCIAL
[A] Obrigações incidentes diretamente sobre a folha de pagamento Horista
Encargos (1) %
INSS 20,00%
SESI/SESC/SEST 1,50%
SENAI/SENAC/SENAT 1,00%
INCRA 0,20%
SEBRAE 0,60%
SALÁRIO EDUCAÇÃO 2,50%
SAT (Seguro Acidente Trabalho) 3,00%
FGTS 8,50%
TOTAL 37,30%
[B] Parcelas agregadas a remuneração e pagas diretamente ao empregado %
Parcelas agregadas (1) e (3)
DSR (Descanso Semanal Remunerado = 48 dom: 275 dias/ano) 17,45%
Férias (26 dias em média: 275 dias/ano) 9,45%
Adicional de 1/3 Férias (9,45%: 3) 3,15%
Feriados (12 dias por ano: 275 dias/ano) 4,36%
Acidentes no Trabalho (15 dias: 4 anos de 275 dias/ano) 1,36%
Décimo Terceiro Salário (30 dias: 275 dias/ano) 10,91%
Licença Paternidade (5 dias : 4 anos de 275 dias/ano) 0,45%
Licença Remunerada (4 dias : 275 dias/ano) 1,45%
TOTAL 48,58%
(365 dias do ano - 52 domingos - 52 1/2 sábados - 12 dias feriados : 275 dias úteis ano)
[C] Benefícios e encargos que não incidem sobre os demais encargos: %
Benefícios e encargos (1)
Aviso Prévio Indenizado (30 dias: 275 dias/ano x 50% dos empregados) 5,45%
Multa 50% do FGTS nas rescisões (50% x 8,5% x 50% dos empregados) 2,12%
Lei 6.708 art 9 (8,5% do Aviso Prévio 0,46%
Indenizado)
Contribuição do 0,00%
Sindicato
Seguro de Vida (parte do custo absorvido pela empresa) 0,00%
Alimentação (parte do custo absorvido pela empresa) 0,00%
Transporte (parte do custo absorvido pela empresa) 0,00%
Outros custos (parte absorvida pela empresa) 0,00%
TOTAL 8,03%
[D] Incidências Cumulativas [A x B] %
Incidências Cumulativas [A x B] 18,12%
TOTAL GERAL DOS ENCARGOS 112,03%
( 1 ) = ajustar segundo as realidades da empresa.
( 2 ) = foi estimado que a cada 4 anos ocorre o evento.
( 3 ) = ajustar também as % considerando a previsão de reajustes da remuneração durante o ano.

FONTE: THEISS, 2005, p. 45.


92

7.2 As Três Grandes Abordagens Sobre Encargos Sociais


Inicialmente deve-se salientar que se deve entender e aceitar as três vertentes
que lideram a discussão sobre o cálculo dos encargos sociais no Brasil, apresentadas
aqui por ROCHA (2000). Mesmo sabendo que ambas afirmam que o registro da Carteira
de Trabalho do trabalhador aumenta o custo da mão de obra. Logicamente que em
percentuais diferentes dependendo da vertente ser mais voltada para o sindicato dos
trabalhadores ou do sindical patronal.
A questão é complexa em termos político-ideológico, mas simples em termos
matemáticos, pois como demonstrou ROCHA (2000) nos três casos chega-se a valores
idênticos quando se calcula o custo total da mão de obra no Brasil, pois a diferença
fundamental de interpretação se dá na “base temporal” da análise, juntamente com a
definição de salários, vejamos:

AS TRÊS ABORDAGENS
Primeira Abordagem
Nesta abordagem considera-se apenas dois dos três grupos do custo de mão de
obra, quais sejam:
- a remuneração (salário, férias e 13o salário);
- as contribuições (previdência social, fundo de garantia e seguro contra
acidentes).
Considera-se neste enfoque o salário como a base de cálculo e todas as demais
rubricas como encargos, assim sendo, o percentual de encargos engloba as férias, o
13o salário e as contribuições.
Nesta abordagem, o salário é considerado como a base de cálculo e, assim
sendo, os repousos semanais, feriados, etc., faz parte do salário e não dos encargos
sociais. Pode-se dizer que os defensores desta abordagem utilizam-se do conceito de
salário mensal “cheio”, o que faz com que o percentual de encargos sociais nesta
abordagem seja menor, como verá mais adiante.

Segunda Abordagem
Esta é uma metodologia que pode ser considerada como uma variação da
primeira abordagem, porém com implicações relevantes. No valor do salário mensal
estão incluídas ausências (repousos semanais e feriados) remuneradas. Porém, nesta
abordagem, o objetivo é considerar como base não o salário total, mas apenas a parte
relativa ao tempo em que o empregado permanece à disposição da empresa, então
todas as ausências remuneradas serão computadas como encargos sociais.
ROCHA (2000) é muito eficaz quando afirma que “é exatamente neste ponto
que se encontra o ponto da discórdia: as pessoas que afirmam que o percentual
de encargos sociais é superior a 100% tomam como base de cálculo apenas a
remuneração relativa ao tempo em que o trabalhador fica a disposição do
empregador. Consideram encargo social o pagamento de domingos e feriados e o
de outras ausências remuneradas, como aquelas cujo motivo é doença, gala ou
nojo (além, é claro, de férias, 13º salário e contribuições relacionadas ao
pagamento de todas as ausências citadas).”
Então esta segunda abordagem considera que:
- salário é apenas o valor pago pelo empregador ao empregado pela
contraprestação do serviço;
- todos os valores pagos sem a correspondente contraprestação de serviços são
encargos sociais;
93

- por consequência, todas as ausências remuneradas são encargos sociais


(repousos semanais, feriados, etc.).

Terceira Abordagem
Esta abordagem considera não só os repousos semanais e os feriados como
parte do salário, como também as férias e o 13º salário, pois todos estes valores são
pagos diretamente ao empregado e não a entidades públicas ou paraestatais.
Assim sendo, a base de cálculo é a remuneração total, incluindo férias e 13o
salário, como se pode perceber nas seguintes considerações:
- todo e qualquer valor pago diretamente aos empregados é salário, e não
encargo social;
- por consequência, encargos sociais são apenas as contribuições, recolhidas
aos cofres governamentais ou paraestatais, como INSS, SESI, SENAI, INCRA,
etc.;
- é esta a abordagem adotada pela Organização Internacional do Trabalho –
OIT.
ROCHA (2000) destaca que “é fácil perceber que o valor e o percentual de
encargos sociais, quando encarados dessa maneira, serão os menores, pois
incluirão apenas as contribuições sociais recolhidas aos cofres públicos, com
base na folha de salários (inclusos, nessa folha, as férias e o 13o.”

ANÁLISE MATEMÁTICA
ROCHA (2000) em outro estudo relacionado com as três abordagens acima
caracterizadas fez uma análise matemática do processo de mensuração do custo da
mão de obra e dos encargos sociais.
O autor fez um estudo baseado em um trabalhador que recebe um salário básico
mensal de $1.200,00, durante uma base temporal de um ano, baseando-se em valores
históricos e moeda da mesma data. Assim sendo, considerou os seguintes gastos totais
para o empregador durante um ano:
- Salários: 11meses x $1.200,00 = $13.200,00
- Férias: $ 1.200,00
- 13º salário: $ 1.200,00
- Adicional de férias: $ 400,00
Sub-total $16.000,00
- Contribuições de 36,8% $ 5.888,00
Total $21.888,00
Como base de cálculo o autor utilizou os seguintes valores para cada
abordagem:

1ª Abordagem
- Base de Cálculo: Salário ($13.200,00)
- Encargos Sociais: Férias, 13º Salário e Contribuições
- Cálculos:
- Gastos Totais: $21.888,00
- Base de Cálculo: $13.200,00
- Encargos Sociais: $8.688,00
- Percentual de Encargos Sociais: 65,82%

2ª Abordagem
- Base de Cálculo: Remuneração do tempo à disposição ($10.800,00)
- Encargos Sociais: Repousos, Feriados, Férias, 13º Salário e Contribuições
94

- Cálculos:
- Gastos Totais: $21.888,00
- Base de Cálculo: $10.800,00
- Encargos Sociais: $11.088,00
- Percentual de Encargos Sociais: 102,67%

3ª Abordagem
- Base de Cálculo: Salário, Férias e 13o Salário ($16.000,00)
- Encargos Sociais: Contribuições
- Cálculos:
- Gastos Totais: $21.888,00
- Base de Cálculo: $16.000,00
- Encargos Sociais: $5.888,00
- Percentual de Encargos Sociais: 36,80%

ROCHA (2000) conclui seu estudo afirmando que “de tudo o que foi exposto
nesta série, conclui-se que há, basicamente, três pontos de vista diferentes sob os quais
podemos calcular o peso dos encargos sociais para os empregadores.”.

A ESCOLHA DO MODELO
ROCHA (2000) finaliza afirmando que “independentemente de quem esteja com
a razão, uma coisa é certa: para efeito de se calcular o custo efetivo de cada hora ou de
cada dia trabalhado – e, consequentemente, o custo a ser considerado em cada produto
fabricado (ou serviço prestado) -, esta segunda abordagem é a correta.”, ou seja, a
abordagem que considera como base de cálculo apenas a remuneração do tempo
à disposição do empregador.
Parece que o autor está com toda razão, pois na maioria das vezes que se tem
que calcular o custo/hora de uma atividade deve-se levar em consideração as horas
disponíveis que o trabalhador está contratado para exercer esta atividade, e
logicamente, o custo desta disponibilidade como consequência deve, portanto ser a
base de cálculo.

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