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A interface interativa
O Mathematica é um sistema computacional extremamente versátil, podendo ser operado como um simples
processador de textos ou até mesmo como uma poderosa ferramenta de programação utilizando linguagem
de alto nı́vel.1 Em parte, esta versatilidade é devida ao tipo de interface empregada, onde o usuário interage
com o programa através de documentos interativos, independentes do tipo de plataforma, denominados
notebooks. Estes documentos não faziam parte das primeiras versões, e nas versões 2.x ainda eram
relativamente “primitivos.” Foi apenas a partir da versão 3 do Mathematica que os notebooks tomaram a
forma que é utilizada atualmente. Ao longo da última década, os notebooks tornaram-se um modelo para
a confecção de material didático e relatórios, e mais recentemente estes vêem emergindo como um padrão
para publicação de documentos técnicos.
Este capı́tulo tem como objetivo introduzir ao usuário novato os notebooks, apresentando a estrutura
em que estes são organizados, assim como mostrar como trabalha-se com estes documentos interativos,
incluindo uma breve descrição da utilização do menu. Ademais, será discutido como interagir com o
Kernel do sistema — responsável por todas computações efetuadas.
Os notebooks são documentos interativos, capazes de mesclar dados de input e output, com texto, gráficos,
tabelas, hyperlinks ou até som. Podendo ser utilizados para executar computações, como material didático,
ou até como meio de apresentar ou publicar resultados, os notebooks tornaram-se uma poderosa ferramenta
para solução e análise de qualquer problema onde há matemática envolvida. A figura 2.1 exibe um tı́pico
notebook, contendo texto, gráficos e cálculos (i.e. input e output).
Todos os notebooks são estruturados, sendo organizados em uma seqüência de células. Estas, por sua
vez, constituem unidades fundamentais nas quais os notebooks são subdivididos. Na maioria dos casos,
cada célula conterá dados de um mesmo tipo — i.e. texto, gráficos, sons ou quaisquer outras expressões
do Mathematica.2 Além disto, uma célula pode conter outras células, e nesta ocasião a primeira incluirá
somente células.
A figura 2.1 apresenta um exemplo de um tı́pico notebook. As células são demarcadas por colchetes
(normalmente azuis) posicionados à margem direita da janela. Repare que o exemplo inclui células de
1
Entende-se por linguagem de alto nı́vel, uma linguagem interpretativa, mais distante da linguagem de máquina.
2
Entende-se por expressão do Mathematica qualquer tipo de dado utilizado pelo programa.
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6 Capı́tulo 2: A interface interativa
texto, cálculos, resultados, e gráficos, as quais podem ser diferenciadas pelas distintas fontes e formatação
utilizadas. Note também que há células que contém outras células, como descrito anteriormente.
Ao abrir o programa Mathematica, um notebook vazio aparece na tela (portanto não possuindo ne-
nhuma célula). Assim que os primeiros caracteres são digitados, uma primeira célula é automaticamente
criada, contendo exatamente a informação digitada. Para criar uma segunda célula basta clicar no espaço
vazio abaixo da primeira e novamente digitar qualquer informação. Seguindo este procedimento, criam-
se diversas células em ordem consecutiva. Se desejar-se inserir uma célula em qualquer posição, basta
posicionar o cursor no ponto escolhido (no espaço entre duas células) e, de maneira similar, teclar alguns
caracteres.3 A nova célula será então incluı́da exatamente no local selecionado. Deve-se observar que
ao clicar no espaço vazio entre duas células, ou após a última célula do notebook, uma linha horizontal
aparece.4
Ao trabalhar em um notebook é possı́vel movimentar-se livremente pelo seu conteúdo, sendo desneces-
sário seguir uma determinada ordem. Pode-se editar o conteúdo de uma célula em qualquer localidade
do documento simplesmente posicionando o cursor “dentro” desta — clicando com o botão esquerdo do
mouse sobre a área entre o colchete à direita e a margem esquerda — e modificando o desejado. O uso
do mouse torna a “navegação” pelo notebook prática e eficiente. Ademais, além de utilizar o mouse, as
setas do teclado são extremamente úteis para movimentar-se pelo documento. Quando deseja-se executar
qualquer tipo de operação que não envolva a edição da informação contida nas células (como copiar,
3
Com exceção de caracteres especiais.
4
Isto pode ser visto na figura 2.3.
2.2. Avaliação de expressões 7
apagar, mover, unir ou dividir uma ou mais células), deve-se antes selecioná-las. Isto é feito com um
simples clique sobre os colchetes que demarcam as células. Para selecionar um grupo de células basta
manter o botão do mouse pressionado e percorrer uma a uma. Após selecionadas, as operações acima
mencionadas podem ser feitas através dos menus Edit (copiar, cortar e colar) e Cell (unir e dividir). Para
remover uma célula basta selecioná-la e teclar DELETE.
Um último ponto que deve-se mencionar nesta seção é relativo aos diferentes nı́veis de magnificação em
que é possı́vel trabalhar com um notebook. Em todas as figuras apresentadas neste capı́tulo, à esquerda
da barra de rolamento horizontal, no rodapé da janela, pode-se observar o número 125%. Isto significa
que nestes notebooks a magnificação de 125% foi utilizada. Aparentemente, a utilização de diferentes
magnificações parece trivial, porém esta flexibilidade torna-se muito útil, especialmente quando trabalha-
se com diferentes resoluções de vı́deo. Para modificar o nı́vel de magnificação, basta clicar com o botão
da esquerda do mouse sobre o percentual aparente e selecionar o valor desejado.
como mostra a figura 2.3. Ainda nesta figura, repare, na margem direita da janela, que as células estão
agrupadas. Na realidade, isto sempre ocorre com as células de input e output. Sempre que uma célula de
input, ao ser avaliada, produzir outra de output a última estará agrupada com o seu respectivo input.
Em notebooks maiores, além de input, output e simples texto, é comum ter-se toda uma organização
hierárquica incluindo capı́tulos, seções e outras subdivisões — cada uma representada por um grupo de
células. A extensão de cada grupo é delimitada por uma célula maior (demarcada por um colchete mais
externo), envolvendo todas as menores células. Como mencionado anteriormente, esta célula só irá conter
outras células. A figura 2.4 apresenta um exemplo de notebook com subdivisões. Nesta figura, pode-se
observar que tanto a fonte quanto o espaçamento entre células varia para diferentes células. De fato,
isto ocorre porque cada célula foi configurada com um determinado estilo. O estilo de uma célula é a
caracterı́stica que especifica a sua função no notebook e, como pode ser observado neste exemplo, é o que
determina o agrupamento de células.6
Há uma variedade de estilos para células, os quais são escolhidos a partir do menu Format. Células
novas são criadas automaticamente no estilo Input, pois estas são as mais utilizadas. Lembre-se que o
conteúdo a ser executado pelo Kernel deve estar sempre em uma célula deste estilo. A maioria dos demais
estilos irão conter apenas texto, fazendo parte de uma hierarquia de células contendo tı́tulos, seções, e
simples texto. Para modificar o estilo de uma célula basta selecioná-la e fazer tal alteração pelo menu, em
Format/Style. Alternativamente, as células podem ser criadas já nos estilos desejados, utilizando atalhos
com o teclado, os quais podem ser encontrados no apêndice B.1. Na figura 2.5, pode-se visualizar um
6
Automaticamente são os estilos das células que determinam o agrupamento.
2.3. Organização hierárquica em notebooks 9
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Ou seja, maximizados ou minimizados.
10 Capı́tulo 2: A interface interativa
ou Cell/Cell Grouping/Close All Subgroups. Deve-se salientar que ao dividir um notebook em capı́tulos e
seções o trabalho no Mathematica é facilitado significativamente.
Especialmente interessante é a seção The Mathematica Book, onde é possı́vel acessar, integralmente, o
livro do Mathematica [1]. Pode-se até copiar células de input diretamente da versão eletrônica do livro
apresentada para ser utilizada em um notebook. Entretanto, nas versões estudantis, esta facilidade não
está disponı́vel. Mesmo assim, apesar desta desvantagem, ainda há uma grande diversidade de recursos
de ajuda nas versões estudantis.
2.5 Exercı́cios
2.1: Tente reproduzir notebooks iguais ou semelhantes aos presentes nas figuras 2.1–2.5. Dicas: (a)
regule a magnificação para que o tamanho das fontes esteja na mesma proporção dos apresentados
nas figuras deste capı́tulo; (b) comece pelos notebooks mais simples.
2.2: Digite qualquer número e inicialize o Kernel avaliando o input digitado. Observe o que ocorre com
a numeração das células de input e output a medida que nova informação é avaliada.
2.3: Uma vez que o Kernel tenha sido carregado, encerre-o através do menu, e re-inicialize-o com qualquer
outra avaliação.
2.4: Acesse o menu Help e verifique se a versão utilizada inclui o livro do Mathematica.