Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Socorros
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora
Educacional S.A.
ISBN 978-85-8482-105-1
CDD 614.88
Sumário
Cabe uma ressalva que as técnicas de primeiros socorros são uma prestação de
socorro momentâneo e não excluem o atendimento médico especializado. O que
se pretende com o presente livro é instrumentalizar o profissional de segurança com
informações suficientes para tomadas de decisões e intervenções que permitam
a estabilização do acidentado/adoecido até que o profissional mais especializado
chegue para prestar atendimento especializado. Um atendimento mal feito pode
comprometer a saúde e a vida de quem está o recebendo e, segundo artigo 135
do Código Penal Brasileiro, “deixar de prestar socorro à vítima de acidentes ou
pessoas em perigo iminente, podendo fazê-lo, é crime”.
Desta forma, o presente livro tem por objetivo contribuir para a atuação do
profissional de segurança no trabalho em situações de emergência, em que a vida
deverá ser preservada e cuidada com todos os detalhes, que são diferenciais numa
situação onde a linha entre a vida e a morte é muito tênue.
PRINCÍPIOS GERAIS DE
PRIMEIROS SOCORROS
Introdução à unidade
Prezados alunos, é com satisfação que vamos apresentar a vocês nesta primeira
unidade os aspectos gerais dos primeiros socorros, a importância destas ações
que surgiram apenas para dar condições de vida a vítimas de guerra, mas que, com
a evolução das sociedades, foram sendo cada vez mais importantes no processo
de manutenção e atenção com a vida das pessoas em geral.
Veremos também que cada tipo de intercorrência que faça a vítima tem um
tipo de atendimento e processos padronizados, e que todos visam dar garantias
à vítima de que sua vida está sendo assistida e de que os esforços são para lhe
proporcionar qualidade de atendimento e segurança.
Uma boa leitura a todos e desejamos que façam bom uso destas informações.
Seção 1
1. Aspectos históricos
Existe uma máxima muito antiga que diz que viver é arriscado, e sendo uma
ação arriscada todos concordam que é uma questão instintiva a busca de meios e
métodos que possam preservar e manter as forças vitais dos indivíduos. Esta busca
visa dar suporte básico e manter a vida em condições instáveis até que seja possível
um atendimento especializado. Vamos ver que isso remonta aos primórdios da
humanidade, e até às sagradas escrituras, no livro de Mateus, capítulo 10, versículos
30 a 34. O texto refere-se a um homem que foi assaltado e os ladrões o deixaram
semimorto. Duas pessoas passaram por onde ele estava e nada fizeram, apenas
uma terceira pessoa teve uma atitude de lhe socorrer e cuidar de seus ferimentos.
Após o primeiro atendimento, deslocou-o até um lugar e lá cuidou dele. Sim, desde
essa época o instinto de sobrevivência dá ao ser humano condições de realizar
esse tipo de atendimento, entretanto, por razões muito pessoais, essa escolha não
atinge todas as pessoas.
Essa preocupação do suíço teve o auxílio de médicos que abraçaram esta causa,
são eles: Louis Appia, Théodore Maunoir, o general Guillaume-Henri Dufour e
ainda Gustave Moynier. Esse grupo de cinco pessoas formou um comitê chamado
de Comitê Internacional de Socorro aos Feridos, que mais tarde seria reconhecido
pela Convenção de Genebra e passaria ao nome de Comitê Internacional da Cruz
Vermelha, como conhecemos atualmente.
Além das técnicas que com o tempo foram sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas,
houve a necessidade de uma lei que assegurasse ao cidadão o seu direito de ser
socorrido e atendido, ou seja, de sobreviver.
É no Código Penal Brasileiro, em seu art. 135, que ficou determinado que deixar de
prestar socorro às vítimas de acidentes ou em risco eminente, mesmo que não esteja
envolvido na situação, é crime passível de punição. Vamos ver o texto na íntegra:
Com este intuito, percebemos que esse cuidado inicial com vítimas de
qualquer natureza faz parte muitas vezes apenas de um espírito de solidariedade,
uma vez que, caso a pessoa apenas solicite um resgate, já está prestando um
tipo de socorro e auxílio. Embora as técnicas de primeiros socorros devessem ser
ensinadas a todos os cidadãos, para que todos tivessem ao menos a possibilidade
de prestar ajuda neste contexto, nem todas as pessoas têm a mesma condição
psicológica para atuar nesse tipo de situação de estresse, contudo, técnicas de
primeiros socorros envolvem diversas condições que podem ser úteis no cotidiano
da vida de qualquer pessoa.
Veremos neste segundo momento como devem ser conhecidos e como estão
estabelecidos os critérios básicos do atendimento dos primeiros socorros, como
foram criados e em quais condições devem ser adotados. Esse contexto vai nos
passar informações que são fundamentais, desde o reconhecimento do risco até
ações que não devem ser tomadas em hipótese nenhuma, ou seja, vai desde a
compreensão da situação e identificação dela, passando pelas ações necessárias
e obrigatórias, culminando na execução de todas as fases importantes para a
preservação da vida.
Desta forma, o primeiro socorro é uma condição de ações criteriosas que visam
à preservação da vida em situações de risco e perigo, seja imediato ou num acidente.
Para isso, treinamento é fundamental, pois ninguém traz consigo o conhecimento
nato de atendimento a pessoas vitimadas por acidentes ou condições perigosas.
A verdade é que a maioria dos acidentes poderia ser evitada, mas como as coisas
não acontecem como gostaríamos, é importante sabermos o que fazer, pois,
geralmente, quando acontecem eventos desse tipo, eles vêm associados a fatores
como nervosismo, cenas de sofrimento, pânico, pessoas inconscientes e isso tudo
reflete no psicológico do ser humano, por isso os primeiros socorros são inúmeras
ações práticas, mas podem ser também o simples ato de acionar o socorro, quando
pessoas menos preparadas deparam-se com situações deste tipo.
• Esparadrapo.
• Gaze.
• Atadura.
• Antisséptico.
Esses itens básicos compõem um kit de primeiros socorros que deveria estar
presente em todos os ambientes onde haja fluxo de pessoas; além disso seria de
grande vantagem se todos tivessem acesso ao treinamento básico de primeiros
socorros. Acontece que estes materiais não estão disponíveis na maioria dos
lugares e ambientes frequentados por pessoas e, quando existem, as pessoas é
que não têm noção de como fazer uso adequado deles.
Mas voltando ao nosso principal foco, que é determinar os materiais que são
importantes nas ações e nos atendimentos de primeiros socorros, devemos ter em
mente que cada situação requer um tipo de material. Além dos itens básicos de
atendimento curativo, é necessário, ou melhor, é conveniente, que se tenha em
mãos outros materiais curativos que possam auxiliar no processo de atendimento,
que são:
• Pinça.
• Algodão.
• Soro fisiológico.
• Mantas térmicas.
• Termômetro.
• Cotonetes.
• Água oxigenada.
• Colar cervical.
• Tala.
• Atadura imobilizante.
• Clorohexedine.
• Pinça cirúrgica.
• Soro fisiológico.
• Sabão bactericida.
• Compressa antisséptica.
• Cobertura de sobrevivência.
• Saquetas de hidrogel.
• Compressa esterilizada.
Seção 2
É exatamente isso que se espera das pessoas ao treiná-las para serem atendentes
ou socorristas. Os primeiros socorros são momentos cruciais onde as técnicas de
avaliação e abordagem darão à vítima a segurança de que necessita.
Tendo realizado estes três passos iniciais, manter a segurança própria é questão
indiscutível, as condições já são críticas, deve-se evitar que ocorram novos acidentes.
Esse procedimento serve para qualquer tipo de socorro que se disponha a realizar; a
partir daí, para cada acidente existe um protocolo de atendimento:
limpos para estancar o sangue, ou na falta destes, a mão também serve como
agente de pressão. No caso de uma fratura, se tiver a necessidade de locomoção
do local, primeiro faça o travamento do membro, a fim de não agravar ainda mais
o caso. O travamento se dará com um material rígido que deve ser fixado com
faixas, de maneira que a lesão fique isenta de movimento. Só movimente a vítima
se tiver certeza de que ela corre risco iminente, se não, espere o socorro, pois
pode haver lesão cervical.
Vamos ver agora como proceder com vítimas que sofreram envenenamento,
em muitos casos não só por fazerem uso de alguma substância nociva, ou picada
de algum tipo de animal venenoso, mas, às vezes, por acidente de trabalho.
• Deixe-a falar para entender como se deu o envenenamento e não a deixe sozinha.
• Coloque-a em posição lateral para que, se ocorrer vômito, ela não sufoque.
• Fase de observação.
• Entrada na água.
• Abordagem da vítima.
• Reboque da vítima.
• Atendimento.
Uma vez que a entrada é inevitável, o socorrista deve ter certeza de que a vítima
o visualiza. Faça sempre a abordagem na diagonal e, se for em piscina, da parte mais
rasa para a mais funda, mas se no mar ou rio, sempre na diagonal da correnteza.
• Náuseas.
• Vômitos.
• Distensão abdominal.
• Cefaleia.
• Dores musculares.
• Parada cardiorrespiratória.
O ideal é que seja usada uma prancha, mas pode ser improvisada uma padiola com
duas camisas, ou um paletó e duas hastes resistentes e até mesmo uma tábua larga.
lugar adequado. Poderá ser usado também o transporte de arrasto quando a vítima
estiver inconsciente ou quando o tipo de ferimento não possibilitar deambulação.
Consiste em arrastar a vítima pela roupa no sentido do eixo cranial pelo socorrista,
que utiliza a camisa ou casaco como ponto de apoio. Outra forma de arrasto
é posicionar a vítima estendida de lado, virando-a de barriga para cima sobre o
cobertor, depois é só puxar o cobertor próximo à cabeça.
• Porta.
• Cadeira.
• Cobertor.
• Tábua.
Parece um pouco estranho que materiais como esses possam ser cruciais nos
atendimentos de primeiros socorros, mas creiam, são fundamentais. Pois bem,
vamos deixar claro em quais condições temos que ter o cuidado de perceber que
o deslocamento da vítima já é um tipo de atendimento de primeiros socorros e
podemos necessitar destes materiais, aparentemente desconexos com a situação
de acidente ou de atendimento de primeiros socorros.
Vamos conhecer então as posições que são indicadas para cada tipo de acidente
ou em cada tipo de atendimento, lembrando que, se a vítima está consciente, a
própria condição é mais favorável, pois ela vai ajustando as ações conforme lhe
fiquem mais adequadas, mas, quando a vítima está inconsciente, aí sim a técnica
utilizada pelo socorrista deve ser decisiva.
Não deixe de acessar e descubra quanto mais pode ser aprendido para
um atendimento de primeiros socorros.
<http://forunsdasaude.wordpress.com/2009/11/18/como-
socorrer-3/>. Acesso em: 6 nov. 2014.
Para colocar a vítima nesta posição, alguns passos devem ser seguidos:
Passo nº 3: O braço da vítima, do seu lado, deve ser dobrado pelo nível do ombro
e colocado junto à cabeça de modo a ficar ao lado desta (Figura 1.2).
Passo nº 4: As suas mãos vão pegar nos membros do lado oposto da vítima,
colocando uma mão ao nível do antebraço, evitando fazer quaisquer rotações
deste, e a outra por debaixo do joelho, fazendo com que esta articulação fique em
flexão (Figura 3, 4 e 5).
Esta posição visa garantir estabilidade à vítima, evitar que ela sofra a flexão lateral
da região cervical, permitir uma boa condição de observação e acesso à via aérea,
garantir e manter uma boa drenagem de fluidos pela boca, além de permitir uma
boa condição de distensibilidade pulmonar.
É importante lembrar que essa técnica jamais deverá ser aplicada em caso de
acidente automobilístico, em vítimas de queda ou quando houver suspeita de
lesão na coluna.
É fundamental que, ao colocar a vítima em PLS, esta seja monitorada até que
apresente estabilidade do quadro, não devendo ser deixada sozinha, e se necessário
for, a qualquer indício de agravamento do quadro o socorrista pode desvirar a vítima
e iniciar as manobras de SBV, devendo a ação ser rápida para garantir a eficiência da
ação. Além disso, essa posição dá maior condição de conforto à vítima que aguarda
a chegada de socorro especializado.
Outra situação que devemos salientar é que, com exceção das três hipóteses
acima citadas como contraindicadas para essa posição, em todas as demais situações
de acidente com vítimas, nos procedimentos de primeiros socorros é o socorrista
que avalia as chances e possibilidades, por isso a necessidade de as pessoas serem
bem treinadas para atenderem estas situações.
Por quanto tempo devemos continuar nossos esforços? Não existe uma
regra fixa. Cada caso deve ser pensado em particular, considerando
o lapso temporal entre o evento e o início das manobras, o ritmo de
parada, as condições do atendimento inicial, o tipo de patologia, a
chance de recuperação, a idade etc. A experiência clínica e de vida nos
dará o limite. A sociedade brasileira de cardiologia admite que paremos
os esforços após 30 minutos de manobras realizadas em sua plenitude.
Diversas são as causas e sintomas que podem levar as pessoas a terem uma
parada cardiorrespiratória, vejamos :
• Acidentes.
• Infecções generalizadas.
• Infecção respiratória.
• Falta de oxigênio.
• Desequilíbrio de potássio.
Esses são os fatores mais comuns que levam a uma parada cardiorrespiratória,
independente se a vítima está ou não dentro de uma unidade de tratamento de
saúde, ninguém está livre de sofrer uma parada cardiorrespiratória, contudo, nestes
fatores acima apresentados, as possibilidades são bem maiores.
• Dispneia.
• Sudorese.
• Tonturas e desmaio.
Passemos então a conhecer como deve ser essa primeira fase de socorro de
uma vítima de parada cardiorrespiratória. Imaginamos que a vítima não só parou de
respirar como também não tem pulsação, mas como verificar isso ao deparar-se
com a vítima inconsciente? As técnicas de aproximação devem ser metodicamente
e rigorosamente seguidas para que se tenha a certeza dos procedimentos que
devem ser adotados. Vejamos então o passo a passo para este tipo de atendimento,
que vai ser crucial para a vida da vítima.
1º Passo: é necessário que ela esteja em superfície reta e rígida. Inicie inclinando
a cabeça da vítima para trás e erguendo o queixo. A posição inclinada para trás
deixa livre a passagem de ar.
6º Passo: deste ponto, dois dedos à esquerda, apoie a parte plantar da mão
com os dedos pra cima, com a outra mão sobreponha a mão apoiada no tórax
e entrelace os dedos. Com os braços esticados na posição vertical, inicie as
compressões que devem deslocar o tórax em torno de dois centímetros.
• Posicione seu queixo mais para cima, para facilitar a entrada de ar.
• Deitar a criança numa superfície dura e posicionar seu queixo mais para
cima para facilitar a ventilação.
• Apoiar uma das suas mãos no peito da criança, entre os mamilos, em cima
do coração.
Com crianças todo cuidado é pouco, neste sentido, fique por dentro de
tudo que podemos fazer para aumentar as chances de socorro.
<http://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/Comunicacao/volume_53_-_
reanimacao_crianca_profissionais.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2014.
Referências
Sugestões de leitura
ACIDENTES E CONDIÇÕES
DE RISCO À SAÚDE DO
TRABALHADOR
Título da unidade
U2
Introdução à unidade
Caro aluno, nesta unidade vamos entender como algumas das situações de
acidentes encontradas em ambientes de trabalho podem ocorrer, especificamente
aquelas relacionadas com a presença de corpos estranhos no corpo humano, as
situações de desmaios e suas relações com convulsões e, por fim, discutiremos os
diferentes tipos de hemorragias e como elas podem influir no estado de choque.
Seção 1
Por esta razão compreender o que são corpos estranhos, como estes materiais
causam danos ao nosso organismo e como se deve proceder para remoção
destes corpos, é fundamental para garantir a segurança dos trabalhadores, tanto
no que diz respeito a prevenção de acidentes como saber quais medidas devem
ser tomadas nos casos em que estes acidentes aconteçam.
Vale a pena chamar a atenção para o fato de que o imediato atendimento às vítimas
de acidentes é função da Segurança do Trabalho, tornando importante o conhecimento
dos diversos tipos de acidentes e como proceder para socorrer o acidentado.
Os olhos são os órgãos responsáveis pelo sentido da visão e, por esta razão,
apresentam tecidos que permitem a passagem da luz e capazes de reconhecer a
presença da luz. Esses tecidos são agrupados de maneira específica que permite
a formação da imagem na retina. Essa informação é transmitida ao nervo óptico e
interpretada pelo cérebro.
A estrutura dos olhos pode ser dividida em várias partes. Internamente, na parte
mais posterior do olho, nós encontramos a ligação com o nervo óptico (Figura
2.1a), responsável por levar as informações captadas pelo olho até o cérebro para
serem interpretadas; o nervo óptico se abre em uma cavidade que é completamente
preenchida com um líquido denominado humor vítreo; na parede posterior desta
cavidade, ligada ao nervo óptico, encontra-se a retina formada por células capazes
de reconhecer a luz; na porção anterior, a cavidade do humor vítreo é delimitada
por uma estrutura denominada cristalino, que tem a função de agir como lente
desviando a luz em direção à retina; anterior ao cristalino, encontramos uma porção
de tecido denominada íris, que é responsável por diminuir ou aumentar a abertura da
pupila permitindo que a luz entre com maior ou menor intensidade; à frente da íris
Tabela 2.1 | Natureza dos corpos estranhos superficiais em pacientes com trauma ocupacional.
Natureza do corpo
nº de pacientes %
estranho
Madeira 81 11,36
Areia 23 3,22
Pólvora 11 1,54
(continua)
Aço 9 1,26
Vidro 9 1,26
Cerâmica 8 1,12
Outros 29 4,06
O procedimento correto para estas lesões é fechar o olho lesionado, ou ambos, com
curativo oclusivo, e solicitar que o acidentado não esfregue ou pressione o local, pois tal
ação poderia lesionar ainda mais a superfície do olho.
Embora não descritos nesta seção por se tratarem de acidentes menos frequentes,
porém mais graves, a perfuração da região da cavidade orbital (cavidade onde o olho
está inserido) com perfuração ou não do olho, pode ocorrer em ambientes de trabalho.
Nestes casos, o acidente é considerado de gravidade extrema e só pode ser manipulado
pela equipe do SESMT, mais especificamente pelo enfermeiro e médico do trabalho,
que procederão com um curativo oclusivo (Figura 2.5) (diferente daquele mencionado
anteriormente) até que o acidentado seja transportado para local especializado no socorro.
equilíbrio do corpo (Figura 2.6). O ouvido pode ser dividido em ouvido interno,
local onde se encontram as estruturas responsáveis pelo reconhecimento
do som e pelo equilíbrio; ouvido médio, local do ouvido onde podem ser
encontrados os ossos que compõem o aparelho auditivo (estribo, martelo e
bigorna); e por fim o ouvido externo, separado das outras regiões do ouvido
pelo tímpano (membrana em forma de cone que transmite as vibrações do
ar que chegam pelo ouvido externo para os ossículos do ouvido médio), esta
região é formada pelo pavilhão auditivo (a orelha) e pelo canal auditivo externo
(ou meato acústico externo).
De acordo com Pinna (2008), a etiologia (origem da doença) dos corpos estranhos
pode ser dividida em voluntária, na qual o corpo estranho é propositalmente inserido
pelo próprio indivíduo, ou involuntária, constituindo os casos onde o corpo estranho
se aloja sem o consentimento do acidentado, como por exemplo, no caso de
insetos. Os sintomas da presença de corpos estranhos no ouvido são, portanto,
determinados de acordo com a etiologia (Quadro 2.1), sendo que os principais são
surdez, desconforto, dor e zumbido (principalmente para insetos vivos).
A maioria dos corpos estranhos encontrados nas narinas pode ser removida
através de procedimentos simples. O próprio acidentado ou quem estiver
prestando o socorro deve pressionar a narina não obstruída e pedir para o
acidentado assoar pela narina obstruída. É importante que o procedimento de
assoar não seja realizado com força excessiva, pois o corpo estranho pode
lesionar a lateral da cavidade nasal (BRASIL, 2003). Com esse procedimento o
ar impelido dos pulmões empurra o corpo estranho para fora.
Caso este procedimento não seja suficiente para remover o corpo estranho
será necessário buscar socorro médico.
Os principais corpos estranhos que podem ser encontrados nesta região são
moedas, pequenos objetos, próteses dentárias, espinhas de peixes, ossos de
galinhas, alimentos com maior rigidez em geral e, em certos casos, até mesmo
saliva (BRASIL, 2003).
1.5.2.1 Tapotagem
• O procedimento deve ser repetido várias vezes seguidas, até que o corpo
estranho seja eliminado ou o acidentado fique inconsciente.
Compressão
• A pessoa que está prestando o socorro deve ajoelhar-se por cima das duas
pernas do acidentado.
Seção 2
Desmaios e convulsões
Introdução à seção
Dessa forma, podemos definir o desmaio, segundo Brasil (2003, p. 105), como
“[...] a perda súbita, temporária e repentina da consciência, devido à diminuição de
sangue e oxigênio no cérebro”.
Existem diferentes causas para o desmaio, mas podemos listar as três principais,
conforme Porcides (2006): 1) Síncope Vasogênica ou Vasovagal, que corresponde
ao funcionamento irregular do coração juntamente com uma pressão arterial
baixa; 2) Síncope Metabólica, desencadeada por irregularidades no metabolismo
do indivíduo, em geral associado a doenças, como por exemplo, diabetes e
hipoglicemia; 3) Síncope Neurogênica, desencadeada por dano direto no sistema
nervoso central, causado por trauma físico, intoxicações exógenas entre outros,
que resultam em mau funcionamento cardíaco e controle errado da constrição e
dilatação dos vasos sanguíneos provocando a queda de pressão.
Classificação Características
“Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida” (BRASIL, 2003, p. 17).
Nesse sentido, os principais sinais indicadores do estado de funcionamento do corpo
de uma pessoa são: temperatura corporal, pulso, respiração, pressão arterial.
O corpo humano tem uma temperatura média que varia de 35,9 a 37 °C. A variação
da temperatura abaixo desse valor pode indicar hipotermia, e valores superiores, o
estado febril. A temperatura pode ser verificada pela posição do termômetro, na
boca (36,2 a 37°C), axila (36 a 36,8 °C) ou ânus (36,4 a 37 °C). Em ambientes de
trabalho, é comum a verificação da temperatura da axilar ou oral.
O pulso pode ser medido apalpando a artéria de várias regiões do corpo. As mais
comuns são na articulação da mão (pulso radial) e no pescoço (pulso carotídeo)
(Figura 2.16).
Após a verificação dos sinais vitais do indivíduo, algumas medidas podem ser
tomadas para garantir a recuperação ou a manutenção das condições do acidentado.
2.2 Convulsão
Fase tônica
Fase clônica
Não jogue água para tentar despertá-lo, e muito menos tente forçá-lo a beber.
Durante a crise convulsiva a vítima não consegue controlar suas ações, e após o
término, muitas pessoas perdem a consciência. Nestes casos, a vítima deve ser
posicionada em decúbito lateral (Figura 2.20).
Seção 3
Introdução à seção
1 – Pelo tipo de vaso sanguíneo que se rompe (Figura 2.22) (SANTOS et al.,
1999; BRASIL, 2003; PORCIDES, 2006):
a) Hemorragia arterial.
b) Hemorragia interna.
c) Hemorragia venosa.
Classificação Consequências
• Náusea e vômito.
• Choque.
Após uma lesão externa com rompimento dos tecidos sempre ocorrerá
uma hemorragia. Nestes casos, independente do tipo de vaso sanguíneo, é
importante que o sangue coagule para interromper o extravasamento. Mas,
como as lesões nestes casos deixam aberturas grandes e a pressão arterial, no
início da hemorragia, ainda tende ser forte, o coágulo não se forma.
Uma técnica que pode contornar estas situações é a pressão direta sobre
o ferimento. Para a realização da técnica, usa-se uma compressa estéril,
pressionando-a com firmeza sobre o ferimento por 10 a 30 minutos, realizando,
em seguida, sua fixação com bandagens (PORCIDES, 2006) (Figura 2.23). Em
hemorragias arteriais não há tempo de localizar uma bandagem estéril, então,
a compressão deve ser feita com a própria mão, desde que com luvas. Junto
a esse procedimento, pode-se elevar o membro lesionado acima do nível do
coração para diminuir o fluxo sanguíneo com ajuda da gravidade.
a) Técnica
2.4.3 Torniquete
Caro aluno, você deve ter percebido que durante a leitura desta
unidade, bem como do livro, que os acidentes de trabalho
podem ocorrer de formas e graus variados. Conhecer os
principais tipos de acidentes, e os procedimentos corretos de
abordagem do indivíduo acidentado permite traçar programas
de prevenção a acidentes ocupacionais com maior eficácia.
Você pode aprofundar seus estudos nos assuntos abordados
nesta unidade consultando manuais de primeiros socorros, bem
como conhecendo as características fisiológicas.
Referências
CLIFF, J.; MARIANO, A.; MUNGUAMBE, K. Onde não há médico. Londres: TALC,
2009.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
LEAL, F. A. M. et al. Trauma ocular ocupacional por corpo estranho superficial. Arq
Bras Oftalmol. São Paulo, v. 66, p. 57-60, 2003.
PEIXOTO, N.H. Segurança do trabalho. E-Tec Brasil, 2011. Disponível em: <http://
redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_ctrl_proc_indust/tec_autom_ind/
seg_trab/161012_seg_do_trab.pdf>. Acesso em: 10 out. 2014.
ROSENWASSER, T.L.; POTTER, J.W.; PARR, R.B. Vision losses prevented by using
protective eyewear. Occup Health Saf., Waco Texas USA, v. 54, p. 63-6, 1985.
SANTOS, R.R. et al. Manual de socorro de emergência. São Paulo: Atheneu, 1999.
ACIDENTES E LESÕES
Introdução à unidade
Outro fator crucial nestes acidentes mencionados é que nos ambientes laborais
estes conhecimentos e técnicas sejam repassados e todos os envolvidos sejam
treinados e capacitados para prestar ajuda não só aos colegas, mas a quem necessite.
Seção 1
Fraturas e lesões das articulações
1. Definições
FRATURAS
A fratura é uma ruptura dos ossos, é uma descontinuidade óssea, causada por
diversos fatores. Após uma fratura, o osso pode dividir-se em dois ou mais fragmentos.
As fraturas têm várias condições, ou melhor, podem ser de diversas formas, por
exemplo: encurtamento ou torção, completa ou incompleta, de impacto, oblíquas,
epifisárias e penetrantes, por fadiga, fechadas ou abertas. Vejamos:
lesão provocada por um impacto num osso plano. Os ossos mais comuns para este
tipo de lesão são: crânio, omoplata, costelas ou nos metatársicos.
Ainda neste contexto, as fraturas podem se apresentar sob dois outros aspectos: as
fraturas traumáticas possuem esta característica devido à sua causa, no caso, aplicação
de uma força sobre a estrutura óssea maior do que ela pode suportar; e as fraturas
patológicas, que são causadas por acontecimentos mínimos e banais, mas sob uma
estrutura óssea fragilizada por doenças como osteoporose ou tumores ósseos.
Ainda temos a distensão ou torção, outra variação das lesões, que se caracteriza
por um trauma indireto, que é um movimento além do limite articular. Se este tipo
de lesão produzir somente o estiramento dos ligamentos, a articulação conserva
sua estabilidade e o movimento embora limitado é preservado, caso os ligamentos
se rompam, caracteriza-se as subluxações. As contusões são lesões articulares
causadas pelo trauma direto, a articulação fica edemaciada e apresenta hematoma,
a movimentação é dolorida.
1.1. Sintomas
Em aspectos gerais os sintomas bem típicos e comuns da fratura podem ser: dor
intensa, incapacidade de mexer o membro fraturado, ferimento no local da fratura,
inchaço e deformação do membro fraturado, embora possam existir fraturas que
não apresentem estes sintomas. Assim sendo, caso haja suspeita de fratura, nunca
se deve tentar endireitar uma fratura ou colocar o osso no lugar.
Vejamos alguns sintomas que podem ser úteis na identificação das fraturas de
diversas partes do corpo, uma vez detectada a fratura os primeiros socorros devem
ser direcionados e de acordo com a situação. Ter conhecimento destes sintomas
pode ser crucial.
• Fratura na coluna:
• Fratura no cóccix:
- Dor intensa no cóccix, dor ao sentar e para levantar, dor para evacuar, inchaço
ou saliência na região do cóccix.
• Fratura no pé:
• Fratura da costela:
• Fratura no crânio:
• Fratura no braço:
• Fratura de fêmur:
• Fratura em joelho:
• Fratura na bacia:
- Dor intensa na bacia, parte inferior das costas ou virilhas; incapacidade em colocar-
se de pé; urina com sangue; sensação de que o corpo se partiu em duas partes.
• Fratura no nariz:
• Se possível, deixar a área da fratura livre, ou seja, tirar roupas que estejam
sobre o local, sapatos e meias.
Acessando o link abaixo você saberá mais sobre fraturas, não deixe de
ampliar seu conhecimento.
<http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/urgencia/livro1/
cap/cap38.htm>. Acesso em: 07 nov. 2014.
Nos idosos, o próprio avançar da idade faz com que os reflexos diminuam, muitas
vezes, associados às fraquezas musculares e ao envelhecimento osteoarticular, estas são
algumas das causas que possibilitam o aumento deste tipo de fratura neste grupo. Outras
doenças relacionadas à idade, tais como hipertensão, hipoglicemias, diabetes, labirintite,
alterações neurológicas também cooperam para a queda do idoso, que é o mais sério
e frequente acidente doméstico que ocorre, mas qualquer queda aparentemente boba
pode causar uma fratura óssea importante e trazer outras complicações.
ao fato do idoso ter que ficar acamado, várias são as implicações, como: a infecção
generalizada e o desenvolvimento de doenças como trombose, pneumonia e
embolia pulmonar, podem ocorrer devido à necessidade de permanência no leito
por longos períodos.
1.4. Tratamento
Necessitamos entender que para cada tipo de fratura não tem só um atendimento
de primeiros socorros diferenciado, mas a recuperação e o tratamento também
diferem. Vejamos os procedimentos mais utilizados e em quais situações são mais
adotados:
Seção 2
TÉCNICAS
- aquecer a vítima;
• Apenas inclinar a cabeça da vítima para trás pode abrir as vias aéreas.
2.2. Afogamento
Vamos apresentar alguns números para você perceber como este tipo de
acontecimento impacta na sociedade, por isso a importância de se adotar posturas
de prevenção. Cerca de 500 mil pessoas no mundo inteiro morrem afogadas, as
principais vítimas são as crianças, dando entrada nos hospitais crianças de 1 a 14
anos, e a cada 35 uma vai a óbito. Um dado curioso é que no Brasil o afogamento
de crianças é a segunda causa de morte na faixa etária de 1 a 9 anos, a terceira
causa de morte na faixa de 10 a 19 anos e a quarta causa de morte na faixa de 20 a
25 anos. É de fato uma situação alarmante se não fosse só lastimável.
Vamos ver então que podem ocorrer dois tipos de afogamento típico, e que de
forma distinta e peculiar têm um final trágico em ambos os casos:
• Náuseas.
• Vômitos.
• Distensão abdominal.
• Hipotermia.
• Hipotensão arterial.
Além disso, outra condição importante deve ser considerada: o que fazer
quando se depara com um afogamento, deixando o estado de susto e histeria
que por vezes algumas pessoas possam apresentar. Saber o que fazer já é um
bom indício de que podemos ser úteis para ajudar a preservar e até mesmo salvar
uma vida. Vamos apontar aqui algumas dicas que devem ser de conhecimento de
todos:
• Para retirar a vítima da água, utilize algum objeto que flutue, como boia,
um pedaço de madeira, uma corda e puxe-a para local seguro para retirá-la da
água.
• A menos que não haja outra pessoa, o resgate nunca deve ser feito por
uma única pessoa.
• Quando o resgate for feito por pessoas que não tenham habilitação
específica, no caso de salva-vidas, chamar o socorro imediatamente, para que o
atendimento possa ser agilizado e o transporte da vítima providenciado.
Esses são alguns cuidados e informações que devem ser muito bem assimilados
por todos de forma indistinta, pois qualquer pessoa pode passar por situação
similar.
2.3. Queimaduras
• Abdômen = 9%
• Perna direita = 9%
• Perna esquerda = 9%
• Dois braços = 9%
• Não passe nada no local atingido pela queimadura, a pele queimada fica
excessivamente sensível e sujeita a infecções por bactérias, fungos e vírus presentes
nesses produtos, já que a barreira natural do organismo foi destruída. Mesmo os
produtos adquiridos em farmácias podem causar reação, uma vez que a pele está
danificada.
• Use muita água, é preciso resfriar o local, utilize água corrente de preferência,
mas pode também colocar água em um recipiente e mergulhar o membro que
está queimado; outra possibilidade, caso não tenha água à disposição, é utilizar
compressas molhadas, não utilize gelo, ele pode agravar ainda mais a queimadura.
• Use muita água, é preciso resfriar o local, utilize água corrente de preferência,
mas pode também colocar água em um recipiente e mergulhar o membro que
está queimado; outra possibilidade, caso não tenha água à disposição, é utilizar
compressas molhadas, não utilize gelo, ele pode agravar ainda mais a queimadura.
• Não faça pressão sobre o local, é comum áreas como dedos ficarem
grudados.
• Não retirar a roupa da pessoa caso ela tenha sido atingida pelo fogo.
• Leve a vítima o mais rápido possível até uma unidade de atendimento médico.
A insolação – síndrome causada pela ação direta dos raios solares sobre
o corpo humano, principalmente quando se apresenta com a cabeça
desprotegida – manifesta-se pelo aparecimento de irritabilidade,
cefaleia intensa, vertigens, transtornos visuais, zumbidos e mesmo
colapso e coma.
Neste contexto, veremos que a eletricidade é uma invenção que trouxe grande
avanço à humanidade, e que também é responsável por causar muitos acidentes
e alguns fatais. Contextualizando e conhecendo o que ora podemos chamar de
amigo e ora inimigo, a eletricidade é um fluxo de elétrons de um átomo, para
que ela cause algum efeito, ou melhor, atenda à sua finalidade, é necessário um
condutor, que pode ser um material de cobre, alumínio, água ou outros que tenham
boa condutibilidade. Uma vez que esse fluxo passa pelo condutor, é possível que
ocorra o choque elétrico, por outro lado, existem materiais que são chamados
isolantes, pois por suas características próprias não permitem que a eletricidade
passe através deles, são eles: borracha, vidro, madeira.
2 - CHOQUE ELÉTRICO: este não costuma ser fatal, é causado por uma
corrente elétrica que passa pelo corpo, o valor mínimo de uma corrente que uma
pessoa pode receber sem causar dano é 1 mA, com uma corrente de 10 mA a
pessoa tem sua musculatura contraída, sendo difícil desvencilhar-se do material
condutor, uma corrente acima de 10 mA a pessoa perde o controle muscular,
ainda assim, o pior choque é quando a corrente entra por uma mão e sai pela
outra, pois passa pelo tórax, podendo causar dano ao coração e pulmão, o choque
com menor consequência é aquele em que o circuito elétrico é estabelecido entre
o dedo indicador e polegar ou entre uma mão e um pé.
a) Corpo seco: 120Volts equivale a 100.000 Ohms= 1,2 mA, nesse caso a
pessoa recebe um leve choque.
b) Corpo molhado: 120 Volts equivale a 1.000 Ohms= 120 mA, nesse caso a
voltagem é suficiente para causar um ataque cardíaco.
c) Pele rompida: 1000 volts equivale a 500 Ohms= 2 A, nesse caso a parada
cardíaca é inevitável e danos sérios e por vezes irreversíveis aos órgãos internos.
Figura 1.6 | Imagem de uma pele lesionada por uma queimadura de descarga elétrica
e uma queda proveniente de choque.
Para não se tornar parte da triste estatística de acidentes fatais ou com graves
sequelas por causa da energia elétrica, algumas medidas são necessárias para
trazer a eletricidade a favor e em benefício da vida, não como algoz. Vejamos
algumas dicas:
• Não toque em fios que estão caídos e ligados a rede elétrica, você não
conhece a voltagem que passa na rede.
2º São as correntes de alta intensidade, ou seja, alta tensão, neste caso será
possível que ocorra o chamado efeito térmico, que são as queimaduras externas e
internas no corpo humano.
• Se não for possível cortar a fonte de energia, afaste-a da vítima, utilize para
isso materiais que sejam isoladores, como madeira, borracha, pano grosso, papel
jornal dobrado, estes materiais devem ser avaliados para que você não se torne
uma segunda vítima, certifique-se de que o pano é grosso o suficiente, o jornal está
em quantidade suficiente, a madeira não tem nenhum material de metal.
O estado de choque pode ter outras causas que não só o choque elétrico:
hemorragias, infarto, taquicardia, queimaduras graves, traumatismos cranianos,
traumas de tórax e abdômen, envenenamentos, afogamento, picadas de animais
venenosos, mudança brusca de temperatura e infecção.
• Fraqueza.
• Pupilas dilatadas.
• Agitação.
• Muita sede.
• Visão nublada.
• Náuseas e vômitos.
• Confusão mental.
Quando a vítima apresentar estes sintomas não deve ser dado nada a ela,
deve-se antes proporcionar-lhe uma acomodação adequada onde seja possível
monitorá-la e atendê-la até que se recupere. Vítimas com ferimentos na cabeça
devem permanecer deitadas e com os ombros posicionados para cima para que
sua cabeça fique num nível acima do corpo, já para um ferimento grave de face,
a vítima deve ser colocada deitada de lado para que fluidos possam drenar sem
comprometer as vias aéreas.
• Eleve as pernas da vítima para que fiquem em posição mais elevada que
o corpo com a ajuda de almofadas ou outro objeto, certifique-se que não haja
fraturas.
Ligue para a emergência. Deixe claro que a vítima está sofrendo um choque
elétrico; ligue para o 192 (SAMU) e peça para trazerem um desfibrilador.
Também diga ao operador do 192 se você não for capaz de retirar a vítima
ou desligar a fonte de energia.
Temos ainda outros tipos de choque que devemos conhecer, pois podemos
nos deparar também com estes na nossa vida laboral e pessoal:
Referências
Sugestões de leitura
CONDIÇÕES DE RISCOS E
RESGATES
Introdução à unidade
Seção 1
Envenenamentos e intoxicações
Introdução à seção
Para começarmos a discutir sobre este tipo de acidente é preciso conhecer algumas
definições. A primeira e mais importante é entender a diferença entre “intoxicação”
e “envenenamento”. Vamos entender melhor isso. Por definição intoxicação
corresponde às alterações funcionais e/ou anatômicas, causadas pela introdução de
qualquer substância química, no organismo, ou nele formada (BRASIL, 2003), ou seja,
é a manifestação dos efeitos tóxicos, através de um processo patológico causado
por estas substâncias (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Com essa definição
podemos subdividir as intoxicações em: “exógenas”, que são aquelas originadas a partir
de substâncias que vêm de fora do organismo; e “endógenas”, aquelas originadas a
partir de substâncias produzidas pelo próprio organismo.
Cada um destes sinais pode ser percebido isoladamente, mas é comum que se
manifestem em conjunto. De acordo com Brasil (2003), os principais sintomas que
podemos encontrar em casos de envenenamento estão listados no Quadro 4.1.
Sintomas Sintomas
Paralisia
Fonte: Brasil (2003)
Figura 4.2 | Anatomia interna do corpo delgado (Figura 4.2). Assim, um dos
humano – canal digestório. métodos para tratar a intoxicação de
substâncias ingeridas, em até quatro
horas, é provocar a êmese (vômito).
Antes de descrevermos o
procedimento, um aviso importante,
o vômito não deve ser provocado
em pessoas inconscientes, pois pode
atingir as vias aéreas e causar asfixia.
A pele, por ser uma região da superfície do corpo com uma quantidade de
células mortas e queratinizadas, tende a resistir mais às lesões e à absorção de
substâncias tóxicas. Entretanto, é a porção mais exposta do corpo e por isto entra
em contato com substâncias tóxicas com maior facilidade.
Por outro lado, as mucosas não possuem essa camada queratinizada e, portanto,
absorvem as substâncias tóxicas com maior rapidez. Por essa razão, acidentes que
envolvem a região das mucosas devem ter atenção redobrada. Em especial os
olhos, que em contato com substâncias tóxicas podem sofrer irritação intensa e
até perda da visão (BRASIL, 2003).
destas formas físicas e químicas que podem, por vezes, provocar intoxicações ou
envenenamento”.
É importante que nos casos de suspeita de intoxicação por inalação, ao prestar o socorro,
utilize equipamentos de proteção individual, evitando assim sua própria contaminação.
Como já discutimos
nesta seção, os efeitos das
substâncias tóxicas podem
levar um tempo para aparecer.
Por esta razão, deve-se manter
o acidentado imóvel, aquecido
Fonte: Shuterstock (2014). e sob observação constante.
Por fim, quando socorremos um indivíduo intoxicado por via oral, é importante
removê-lo para longe de fumaça, vapores ou gases, mesmo que estes não sejam
tóxicos. Isso porque o acidentado já está, provavelmente, sofrendo com problemas
para respirar, e a presença destes compostos podem competir pelo espaço do
oxigênio no pulmão, levando o acidentado a asfixia.
Seção 2
Caro aluno, nesta seção discutiremos as medidas de socorro que devem ser
tomadas nos acidentes com animais peçonhentos e venenosos. Os acidentes com
esses animais no ambiente de trabalho são variados e dependem muito do tipo
de função que é desenvolvida, mas, em geral, todos os ambientes de trabalho
possuem risco de ocorrerem acidentes deste tipo.
c) d)
Os animais venenosos, por outro lado, são aqueles que, apesar de produzirem
veneno, não são capazes de injetá-los em outros organismos. Os acidentes com
esses animais estão relacionados ao contato com a pele ou ingestão. Dentre
estes animais, podemos citar diversos animais marinhos que, após ingeridos na
alimentação podem provocar intoxicação (BRASIL, 2003).
Redondas ou em
Pupilas Em fenda Redondas
fendas
1.3 Aracnídeos
1.3.1 Araneísmo
dor intensa com irradiação, podendo ou não ocorrer sudorese. Sintomas como
câimbras, mialgias, hiperreflexia e náusea. Em casos mais graves podem ocorrer
complicações como vômitos, edema pulmonar agudo, choque neurogênico (ver
Unidade 2), sudorese fria, agitação, salivação, broncorreia, priapismo, taquicardia e
arritmias respiratórias (BRASIL, 2003; RODRIGUES, 2009).
Este gênero é um dos que menos apresentam acidentes com seres humanos,
entretanto, a toxicidade do veneno torna importante os acidentes com essas
aranhas. Os sintomas derivados da picada desta aranha são variados e dependem do
tempo de ação sem o tratamento. Os principais sintomas incluem, localmente, dor
tipo alfinetada com intensidade variável, com sensação de queimadura, com área
eritematosa ao redor da picada com edema e hiperestesia. A sudorese, contraturas
musculares generalizadas, mialgia e rigidez muscular podem estar presentes em
alguns casos. Os sintomas sistêmicos incluem sialorreia, priapismo, bradicardia,
hipotensão, febre, arritmias e psicoses (BRASIL, 2003; RODRIGUES, 2009).
Apresenta coloração marrom claro por todo o corpo, com pernas finas e quase
sem pelos (BRASIL, 2003) (Figura 4.9).
As aranhas marrons são abundantes em todo o Brasil, mas não são agressivas.
No entanto, picam se são espremidas, o que resulta em um total de 20% de casos
dentre aqueles registrados no Brasil. Podem ser encontradas nos estabelecimentos
atrás de móveis, em cantos de parede, sob pilhas de tijolos e telhas. As picadas
ocorrem com maior frequência na região da coxa e tronco (BRASIL, 2003).
O socorro para a picada da aranha marrom, assim como para os outros gêneros
incluem o tratamento dos sintomas como compressas frias no local da picada,
analgésicos. Nos casos mais graves, deve-se administrar o soro antiaracnídico.
Caso não seja possível remover a vítima imediatamente, por trabalho em local
isolado, por exemplo, uma característica importante que a pessoa que for prestar
os primeiros socorros deve possuir é saber identificar o tipo de picada para tomar
medidas imediatas ou para poder pedir instruções específicas para o socorro.
1.3.2 Escorpionismo
Bothriurus
Escorpião preto Preto Baixa toxicidade
bonariensis
Fonte: Brasil (2003)
Os acidentes com escorpiões, assim como nos casos de araneísmo, têm maior
incidência no período noturno (período em que o animal se alimenta) e nas épocas
mais quentes do ano (período de reprodução). Entretanto, os acidentes podem
ocorrer também durante o dia. Neste período, esses animais se escondem em
pequenos buracos, ou sob material empilhado, em lugares escuros e úmidos.
Ao movimentar esses locais, o escorpião tenta fugir e se defende utilizando um
aguilhão localizado na extremidade posterior do corpo. Os membros superiores
e inferiores (70% dos casos) são os principais locais acometidos pela picada do
aracnídeo (BRASIL, 2003).
do veneno do escorpião, que tende a ter ação neurotóxica: dor local (de leve a
intensa) com parestesia; dor irradiada; sudorese abundante; hipotermia; sialorreia;
rinorreia; lacrimejamento; náuseas e vômitos; cólicas e diarreia; agitação e tremores
seguido de astenia e sonolência; taquipneia; bradicardia e edema pulmonar agudo;
hipertensão ou hipotensão; choque e, nos casos mais graves, convulsões.
• Dor generalizada.
• Prurido intenso.
• Fraqueza.
• Cefaleia.
• Insuficiência respiratória;
• Edema de glote;
• Broncospasmo.
• Hipertensão arterial.
• Insuficiência renal.
• Edema generalizado.
O ataque com poucas picadas é o mais frequente e está associado a defesa dos
insetos em situações isoladas, onde o acidentado não tinha intenção de perturbar
e os insetos se encontram em enxames. Nestes casos, os danos são apenas locais
devido à ação do veneno.
Todas as pessoas que já foram picadas por esses insetos desenvolvem uma resposta
imune para destruir o veneno, parte desta resposta forma a memória imunológica.
Isso significa que se formos picados novamente pelo mesmo inseto, que injetará o
mesmo veneno, nosso corpo se lembrará e a resposta imune será ativada mais rápida
e com mais força. Portanto, após a primeira picada dizemos que um indivíduo está
sensibilizado contra o alérgeno, que neste caso é o veneno do inseto (BRASIL, 2003).
Seção 3
Introdução à seção
1.3 Resgate
1.3.1 Extricação
estáveis e que não corram perigo não é recomendada e não deve ser realizada a não
ser por equipe especializada.
Existem vários tipos de transportes que podem ser utilizados. A escolha dependerá
das condições do local, número de pessoas socorrendo o acidentado, peso do
acidentado e equipamentos de resgate disponíveis. Nesse tipo de resgate, dependendo
da situação, o segundo trauma é iminente, pois, para garantir a sobrevivência do
indivíduo, existe a necessidade de movimentação da coluna cervical.
É importante frisar, como aponta Brasil (2003, p. 52), que “[...] o acidentado de
fratura na coluna só pode ser transportado, sem orientação médica ou de pessoal
especializado, nos casos de extrema urgência ou iminência de perigo para o
acidentado e para quem estiver socorrendo-o”.
Outro procedimento importante, que deve ser adotado para vítimas conscientes,
é a transmissão para esta de todos os procedimentos que serão realizados, pois,
desta forma, o acidentado não causará empecilhos durante a realização dos
procedimentos (PORCIDES, 2006).
O arrastamento com apoio tem o mesmo princípio que a técnica anterior, com a
diferença de que nesta é preciso movimentar o acidentado para cima de um tecido
grande o bastante para que caiba o corpo do indivíduo. Geralmente são utilizados
Outro modo de realizar a técnica é descrita a seguir (BRASIL, 2003, p. 56) (Figura 4.14):
Este tipo de transporte também pode ser realizado por um único indivíduo, e
consiste no tipo mais simples de transporte. Entretanto, para realizar este transporte
é preciso avaliar corretamente o limite de peso que o socorrista pode suportar para
que não caia sob o peso do acidentado. Para realizar este transporte, o indivíduo
que está prestando os primeiros socorros passa um dos braços sob os joelhos
do acidentado e outro é colocado apoiando firmemente as costas elevando a
vítima. Neste caso deve-se atentar à maneira correta para levantamento de objetos
(SANTOS et al., 1999; BRASIL, 2003). Caso o acidentado esteja consciente, pode
passar o braço atrás do pescoço do socorrista.
Este tipo de transporte deve ser realizado com pelo menos dois indivíduos
Referências
CLIFF, J.; MARIANO, A.; MUNGUAMBE, K. Onde não há médico. Londres: TALC,
2009.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
SANTOS, R.R. et al. Manual de socorro de emergência. São Paulo: Atheneu, 1999.