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AS FASES DO CRESCIMENTO ECONÓMICO ESTRUTURAL

PORTUGUÊS
A economia portuguesa apresenta hoje um dos níveis de rendimento
mais baixos do conjunto das economias da Europa Ocidental.

É possível distinguir 4 fases diferentes em matéria de crescimento


económico no longo prazo para as chamadas economias desenvolvidas:

1ª fase 1820 – 1913 – Denominada pela industrialização e o atrase


da economia portuguesa

 Encontra-se um conjunto de países envolvidos no processo de


crescimento económico moderno desencadeado pela revolução
industrial (RU e regiões vizinhas)

 Neste período assiste-se a uma quebra acentuada do produto por


habitante português, face ao das economias desenvolvidas (os 10
países europeus considerados), em cerca de 50%

 O nível do PIB português per capita caíu em 1913 para um valor entre
38 e 39%.

Razões do empobrecimento relativo da economia portuguesa

 Revolução Industrial Grupo 10


Os países do Norte e Centro da Europa envolveram-se num conjunto
de transformações económicas e sociais e o nível de produtividade
desses países e consequentemente o nível do PIB per capita
sofreram um grande incremento. Portugal não participou neste
processo de industrialização devido a diversos factores:
o Dominação informal da Inglaterra
Conduziu a uma politica alfandegária demasiado liberal face a
este pais e, por aí, a uma especialização da economia
portuguesa no sector primário, sector onde as produtividades
eram baixas e difíceis de elevar o que levou ao retardamento.
Portugal também assinou com Inglaterra o Tratado de
Methween em que definia que Portugal exportaria vinho e
importaria têxtil de Inglaterra. Os produtos com beneficio
alfandegário eram importados ao abrigo do pagamento do
apoio politico e militar concebido pela Inglaterra durante as
invasões francesas.

 Indisponibilidade em abundância de recursos naturais


Ferro, carvão, tipo de clima e os solos.

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 Deficiente qualidade dos recursos humanos
Pouca instrução formal da população e aptidões empresariais.

 Enquadramento institucional e legislativo de tipo tradicional e pouco


favorável ao crescimento.

2ª: Fase 1913 – 1950 – Época das GM e da crise de 1929

 O crescimento económico processou-se de forma mais irregular e a


taxas mais lentas relativamente ao período anterior.

 Ligeira perda, ou mesmo a uma estabilidade, do diferencial em matéria


de PIB por habitante

 O “melhor desempenho” deve-se às dificuldades por que passaram a


maioria das economias dos países do grupo doa 10 que estavam mais
abertos ao exterior e sendo assim claramente prejudicadas pela crise de
1929
 Portugal apenas participou na 1ª GM e dai a fraca performance de 1913-
1929
 Portugal ainda era nesta altura um país essencialmente agrícola com
50% da sua população activa no sector primário.

3ª Fase: 1950 – 1973 – Anos dourados (Cresceu 16%)

 A economia portuguesa vai começar a recuperar do atraso, período de


crescimento bastante rápido e estável.

Até aos anos 60: Cresce muito lentamente (1%)

- Emergência do processo de industrialização por substituição de


importações: Portugal em vez de importar produzia os bens e concebia
medidas políticas para tal (p.exemplo a criação da Lei do
Condicionamento industrial que protegia os sectores que produziam em
território nacional não dando possibilidade de abrir empresas novas com
sector igual (concorrência)).

- Intervenção do Estado: criou empresas e participou no seu capital e


financiou a criação de novas empresas através dos seus dois grandes
bancos.

- Importante programa de investimentos públicos (enquadrados numa lei):

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LEI DO FOMENTO E DA ROEGANIZAÇÃO INDUSTRIAL (1945) –
grandes desenvolvimentos nas industrias pesadas à produção de bens
intermediários e bens de equipamento.

Depois dos anos 60: A subida é bastante mais importante e sustentada


(15%)

- Abertura da economia portuguesa ao exterior e alteração radical da


lógica do processo de industrialização – industrialização extrovertida: o
crescimento rápido foi principalmente pelos mercados externos, nos
sectores onde Portugal possuía vantagens comparativas face ao
exterior.

- Adesão à EFTA (1959) e acordo de cooperação com a CEE (1972).

- Crescimento do IDE.

- Emergência das actividades turísticas.

- Contributo das remessas de emigrantes.

4ª Fase: 1973 - …

 Crescimento irregular e mais lento na sequência do forte aumento do


preço do petróleo a partir dos finais de 1973 e dos problemas resultantes
do desaparecimento do sistema de pagamentos internacionais
estabelecida nos acordos de Bretton Woods (que gerou instabilidade co
comércio internacional).

 Revolução 25 de Abril de 1974 introduzirá um período de grande


instabilidade e transformações.

Evolução 1973-1985:

o Nacionalizações e desarticulação dos principais grupos


económicos privados;
o Descolonização (autonomia politica da Angola e da Guiné;
acolhimento dos retornados com custos elevados; as nossas
exportações eram viradas para as colónias e após
descolonização tivemos que nos virar para a Europa);
o Liberdade sindical (surgiram sindicatos que faziam exigências
salariais e de preços);
o Reforma Agrária;

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o Crescimento dos preços do petróleo, crise internacional e
endividamento externo.

Evolução 1985 – 1995:

o Adesão de Portugal à CE em 1986 – crescimento e


convergência até 1992:
o Crescimento da procura externa em resultado das melhorias
na conjuntura internacional e queda dos preços do petróleo
com benefício para a economia portuguesa.
o Afluxo de recursos da CE provenientes dos fundos estruturais.
o Implementação de um conjunto de reformas que conduziram à
criação de um enquadramento mais favorável da economia
portuguesa.
o Maior atracção do IDE, em particular no período de 1986-
1991.

Conclusões

 No começo da 1ª fase a posição da economia portuguesa em termos do


rendimento per capita aproxima-se da dos outros 10 países da Europa
(excepto RU e Bélgica).

 A partir dos princípios do séc. XIX, Portugal não conseguiu acompanhar


a revolução industrial e vai passar por um processo de empobrecimento
até às vésperas da 1ª GM.

 Entre 1913 e 1950, durante o período das GM e da crise de 1929, o


processo de empobrecimento evoluiu de forma mais positiva, mais por
efeito das dificuldades suportadas pela grande maioria das economias
europeias. Portugal mantém-se como país essencialmente agrícola.

 O avanço da industrialização da economia portuguesa a parir dos anos


50, com o apoio e intervenção decisiva do Estado e a abertura ao
exterior permitiram ganhos significativos em termos de convergência,
durante os 13 anos que vão de 1950 a 1973.

 Finalmente o novo período que se abre com a adesão à CE em 1986,


permitiu à economia portuguesa recuperar das perdas registadas
durante a fase de divergência que durou de entre 1973 a 1985 no
seguimento dos “choques petrolíferos”, do desaparecimento da ordem
em matéria de sistema de pagamentos internacionais criada nos
acordos de Bretton-Woods e pelos efeitos da revolução do 25 de Abril.

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